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Bairros do Recife Ano 2 2 013040 031307 ANO 3 | Nº 3 | 2013 R$ 25,00

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Bairros do RecifeAno 2

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Bairros do Recife • Ano 24

Apresentação

Com mais de 1,5 milhão de habitantes e uma rotina frenética típica da cidade grande que é, o Recife guarda importantes referências históricas e patrimônios culturais em seus bairros. Nesta segunda edição do especial Algomais Tudo – Bairros do Recife a Editora SMF-TGI revela as histórias e recorda personagens ilustres, algumas vezes surpreendentes, de 23 dos 96 bairros da capital Pernambucana.

Com mais esta publicação especial, a editora mantém seu compromisso em contribuir para o fortalecimento da cidadania através da informação, disponibilizando dados até então desconhecidos pelos próprios moradores da localidade. Em cada Região Político-Administrativa (RPA) e em cada bairro poderá ser encontrado um resumo com dados demográficos, como população residente, quantidade de domicílios e rendimento, extraídos do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Estes dados poderão ajudar o leitor a dimensionar de melhor forma o bairro.

O material ainda traz uma visão geral do Recife, o mapa da cidade com a divisão por RPAs, além do hino e bandeira, símbolos desconhecidos de muitos recifenses. Ao final da edição pode ser encontrado um catálogo com contatos dos Poderes Executivos e Legislativo do município.

Boa leitura.

Causos, história e manifestações

culturais

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Bairros do Recife • Ano 26

Sumário

Expediente

48

1014

16182022

2628303234

384042444649

Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE

Fone: (81) 3126.8181www.revistaalgomais.com.br

Diretoria ExecutivaSérgio Moury Fernandes [email protected]

Ricardo de Almeida [email protected]

Diretoria ComercialLuciano Moura [email protected]

Conselho EditorialRoberto Tavarescoordenador executivo Alexandre SantosBruno QueirozDorian BessaGilberto Freyre NetoLuciano MouraRicardo de AlmeidaRivaldo NetoSérgio Moury Fernandes

CoordenaçãoSigno Comunicaçãosigno@signocomunicação.com.br

EdiçãoKássia Alcâ[email protected] TextosMário RibeiroCarlos André Silva de MouraBruna CruzEmídia Felipe

Fotos capaBanco de imagens Prefeitura do Recife• Rafael Medeiros• Carlos Oliveira• Paulo Lopes

Projeto gráficoJoão Paulo [email protected]

PublicidadeEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890Sala 808 | Boa Viagem • 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

RPA 4Engenho do MeioIlha do RetiroCordeiroIputinga

RPA 5MangueiraSan MartinTejipió

RPA 6 Brasília TeimosaIbura Ipsep

Secretarias – Prefeitura do RecifeÓrgãos - Prefeitura do RecifeGaleria de Parlamentares – Câmara Municipal do Recife

5052545658

62646668

70727476

788081

ApresentaçãoPalavra do prefeitoVisão geral do RecifeHino do Recife

RPA 1CabangaSoledade Santo Amaro

RPA 2Bomba do HemetérioArrudaPeixinhosÁgua Fria

RPA 3ParnamirimAlto José do PinhoCasa AmarelaMorro da ConceiçãoSítio dos Pintos

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Bairros do Recife • Ano 28

Palavra do PrefeitoNo mês em que comemoramos o aniversário do Recife, temos grande satisfação em poder dizer que, após pouco mais de 60 dias de gestão, a cidade já está ganhando uma outra cara. Em parceria com a população recifense, que nos aponta todos os dias o caminho a seguir, iniciamos o trabalho de reorganização e reestruturação do município, atacando com rapidez e firmeza problemas relacionados à limpeza, ao ordenamento urbano, à mobilidade, à saúde e à educação.

A operação Faxina Geral começou ainda nos primeiros dias de janeiro e passou em todas as regiões político-administrativas da cidade, com limpeza de canais e ruas, capinação e reforma de parques e de praças. O reordenamento de feiras livres e do entorno de mercados vem mudando a paisagem de bairros como Água Fria, Beberibe e Afogados, devolvendo aos cidadãos a condição de transitar normalmente por estes espaços, ao mesmo tempo em que proporciona condições de trabalho mais dignas a comerciantes e a trabalhadores informais.

Cumprindo com os compromissos registrados no programa de governo da Prefeitura, concebido a partir de amplo debate com a sociedade, foi lançado em fevereiro o edital de construção do primeiro Hospital da Mulher do Recife. Também foram identificados os terrenos de quatro Upinhas 24h e dois Compaz, espaço de aprendizado e lazer que será decisivo na prevenção da violência na cidade. Além disso, escolas e unidades de saúde estão sendo requalificadas e entregues à população, como foi o caso da Policlínica Arnaldo Marques, no Ibura, que após a reforma ampliou sua capacidade de atendimento de 600 para 10 mil consultas/mês.

O cuidado com o bem estar da população se traduz também em ações preventivas, tais como as vistorias que vêm sendo realizadas em espaços para festas e casas noturnas. São iniciativas que se somam com o objetivo principal de melhorar a qualidade de vida no Recife, e para as quais contamos com a colaboração e parceria determinantes dos governos estadual e federal, da bancada legislativa pernambucana, dos vereadores do Recife e de órgãos como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, além de representações da sociedade civil organizada, ONGs e do cidadão comum. Este último nos vem oferecendo valiosas contribuições - opinando, cobrando, sugerindo e participando, mostrando seu amor pelo Recife e nos motivando a fazer mais, todos os dias.

Geraldo JúlioPrefeito do Recife

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Bairros do Recife • Ano 210

Visão Geral do RecifeCapital de Pernambuco, o Recife constitui o centro de negócios e politico do Estado, ocupando posição de destaque no contexto regional. Atualmente, a cidade se consolida como o maior polo de serviços modernos do Nordeste, sendo núcleo da Região Metropolitana do Recife, da qual fazem parte os municípios de Olinda, Abreu e Lima, Paulista, Igarassu, Itapissuma, Ilha de Itamaracá, Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Moreno, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca.

O município concentra 41,67 % da sua população, grande parte das atividades econômicas e de fluxos de deslocamentos pendulares. O Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 contabilizou para a cidade do Recife uma população de 1.537.704 habitantes, distribuídos em um território de 218,50 km², dividido em seis Regiões Político-Administrativas (RPA 1-Centro, 2- Norte, 3-Nordeste, 4-Oeste, 5-Sudoeste e 6-Sul), que somam 94 bairros.

As RPAs foram definidas para formulação, execução e avaliação permanente das políticas e do planejamento governamentais.

1.537.704 habs

7.037,61 hab/ km²

218,50 km²

Quente e úmido

4m

0,78 % a.a.

Ocupa posição central no litoral do Nordeste do Brasil, situando-se na área central da Região Metropolitana do Recife, a 800 km das metrópoles regionais de Salvador e de Fortaleza.

Limita-se ao norte com os municípios de Olinda e Paulista; ao sul, Jaboatão dos Guararapes; a leste com o oceano Atlântico e a oeste com São Lourenço da Mata e Camaragibe.

67,43% de morros; 23,26% de planícies; 9,31% de aquáticas; e 5,58% de Zonas Especiais de Preservação Ambiental – ZEPA.

Composição da área territorial

População (2010)

Densidade Demográfica

Área

Clima

Altitude

Taxa média geométrica de crescimento da população (2000/2010)

Localização

Limites

DadosGerais

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11Causos, história e manifestações culturais

72. San Martim73. Bongi74. Mustardinha75. Mangueira76. Afogados77. Jiquiá78. Estância79. Jardim São Paulo80. Sancho81. Totó82. Coqueiral83. Tejipió84. Barro85. Areias86. Caçote87. Cohab88. Jordão89. Ibura90. Ipsep91. Boa Viagem92. Imbiribeira93. Pina94. Brasília Teimosa

Relação dos bairros

1. Recife2. Santo Amaro3. Boa Vista4. Soledade5. Santo Antônio6. Paissandu7. Ilha do Leite8. Coelhos9. Ilha Joana Bezerra10. São José11. Cabanga12. Torreão13. Encruzilhada14. Rosarinho15. Ponto de Parada16. Hipódromo17. Campo Grande18. Peixinhos19. Campina do Barreto20. Arruda21. Bomba do Hemetério22. Alto Santa Terezinha23. Água Fria24. Fundão25. Cajueiro26. Porto da Madeira27. Beberibe28. Linha do Tiro29. Dois Unidos30. Derby31. Graças32. Espinheiro33. Aflitos34. Jaqueira35. Tamarineira36. Parnamirim37. Santana38. Casa Forte39. Poço40. Monteiro41. Alto do Mandu42. Casa Amarela43. Mangabeira

44. Alto José do Pinho45. Morro da Conceição46. Alto José Bonifácio47. Vasco da Gama48. Macaxeira49. Apipucos50. Sítio dos Pintos51. Dois Irmãos52. Córrego do Jenipapo53. Nova Descoberta54. Brejo do Beberibe55. Brejo da Guabiraba56. Passarinho57. Guabiraba58. Pau Ferro59. Ilha do Retiro60. Madalena61. Prado62. Zumbi63. Torre64. Cordeiro65. Torrões66. Engenho do Meio67. Cidade Universitária68. Iputinga69. Caxangá70. Várzea71. Curado

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Font

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São Lourençoda Mata Camaragibe

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33

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7675

5

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4330

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6766

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6837

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3132

1613

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72

49

4041

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39 3438 36

14 1535

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Bairros do Recife • Ano 214

Hino do RecifeMauricéia, um clarão de vitória,A visão de tua alma produz.Toda vez que do cimo da história, Se desenhao teu nome de luz

(Coro)

Tecida de claridadeRecife sonha ao luarLendária e heróica cidade,Plantada à beira-mar(2x)

Mauricéia, um fulgor vive agora,Que da Pátria foi belo fanal.Dezessete! Que data e que aurora,Coroando a cidade imortal.

(Coro)

Tecida de claridadeRecife sonha ao luarLendária e heróica cidade,Plantada à beira-mar(2x)

E depois, com suprema ousadia,Uma voz se exaltou senhoril,Vinte e quatro! É daqui que irradia,Nova luz para o céu do Brasil

(Coro)

Tecida de claridadeRecife sonha ao luarLendária e heróica cidade,Plantada à beira-mar(2x)

FICHA TÉCNICALetra: Manoel AarãoMúsica: Nelson FerreiraMúsicos da Orquestra do Maestro Ademir AraújoVoz de Claudionor Germano

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Bairros do Recife • Ano 216

RPA 1 Centro

1

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11

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5

876

43

RecifeSanto AmaroBoa VistaSoledadeSanto AntônioPaissanduIlha do LeiteCoelhosIlha Joana BezerraSão JoséCabanga

123456789

1011

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Causos, história e manifestações culturais 17

1.537

50,82

78.114 habitantes (5,08% do total)

25.505

90,9

3

R$ 1.091,00

Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Área Territorial (Hectare)

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare):

População Residente

Domicílios (nº)

DadosGerais

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Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Bairros do Recife • Ano 218

Font

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1.151 habitantes

94,5

57,00 %

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R$ 1.986,08

19,16

Área Territorial (Hectare)

Domicílios (nº)

População Residente

Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

Cabanga

As obras do complexo Via Mangue, que vai garantir maior mobilidade para a Zona Sul da capital pernambucana, estão mudando a paisagem de algumas localidades do Recife, a exemplo do bairro do Cabanga. As intervenções vêm alterando a rotina dos moradores, que não estavam acostumados com tanta movimentação. A tranquilidade habitual do bairro, praticamente residencial, sem opções de serviços e lazer, deve começar a senti-lá ainda mais com o impacto das mudanças com a movimentação ocasionada pela instalação do Shopping Rio Mar, no Pina, e com a reocupação dos antigos armazéns do Cais José Estelita onde ser formará um novo polo empresarial e residencial da cidade.

Mas, não é a primeira vez que esse tipo de mudança acontece. A história do Cabanga está intimamente ligada aos processos de urbanização da cidade do Recife. Ele surgiu numa área denominada Sítio Cabanga, local onde existiu um pequeno forte chamado Amélia ou Emília. Consta que o nome Cabanga foi trazido por negros escravos vindos de Angola onde existia local parecido e com o mesmo nome. Por outro lado, dizem que o nome do bairro tem origem indígena e quer dizer mato entortado ou vegetação de mangue.

A região passou a ter importância urbana quando recebeu, na segunda metade do século XIX, o Matadouro do Recife, transferido para Peixinhos (Olinda), em 1922. No local foi instalada a primeira estação de tratamento de esgotos (ETE) da capital que, ainda hoje, é uma das maiores do sistema do estado. Antes da ETE do Cabanga, o Recife já havia tentado solucionar, sem sucesso, o problema do despejo dos dejetos sanitários principalmente quando a cidade foi atingida por um surto de cólera que matou mais de 300 pessoas, entre 1856 e 1859, deixando a população apavorada. Depois de passar por várias ampliações,

A implantação do projeto do

Consórcio Novo Recife influenciará

mudanças no bairro

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19Causos, história e manifestações culturais

desde o ano de 1972, atualmente o complexo é o principal responsável pela coleta, transporte, tratamento e disposi-ção final do esgoto gerado na capital pernambucana.

Foi no Cabanga que o interventor Agamenon Magalhães, na época do Estado Novo (1937-1945), deu início à sua política habitacional conhecida como “luta contra os mocambos”. Ele inaugurou, em junho de 1939, na Avenida Saturnino de Brito, a Vila Francisco Barbosa de Resende, com casas destinadas a funcionários públicos estaduais. Em 1943, a localidade recebeu melhoramentos urbanos quando ganhou uma nova vila no “Aterro da Gameleira”.

Banhado em parte pela Bacia do Pina, o bairro foi escolhi-do, em 1947, inicialmente para ser a garagem dos barcos do antigo Iate Clube do Recife, na época situado na Torre. Devido à privilegiada localização e proximidade do mar, tornou-se o tradicional Cabanga Iate Clube que hoje pro-move atividades esportivas como a vela, pesca oceânica e tênis, além de sediar eventos sociais.

Estação de Tratamento de Esgoto Cabanga

Cabanga Iate Clube

Com

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No Cabanga fica situado o 7º Depósito de Suprimento do Exército, sede do projeto Orquestra Criança Cidadã, formada há seis anos por jovens moradores da comunidade do Coque, vizinha ao bairro. Duas áreas verdes podem ser encontradas por ali, os Jardins Abelardo Rijo e Governa-dor Padre Guerra, que ladeiam os viadutos que cruzam a localidade. Ambos poderiam ser mais bem aproveitadas pela população local se houvesse uma maior sensação de segurança e se a área fosse melhor aparelhada.

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Bairros do Recife • Ano 220

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2.495 habitantes

98,2

57,04 %

2,4

R$ 3.747,16

77,06

Área Territorial (Hectare)

Domicílios (nº)

População Residente

Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

Soledade

Ao andar por trechos de ruas como Manoel Borba, Gonçalves Maia, Fernandes Vieira, das Ninfas, Gonçalves Maia e do Progresso, no centro do Recife, pouca gente sabe que está no bairro da Soledade, ainda desconhecido da maioria da população. Ele passou a ser um dos 94 bairros da cidade em 1988 e está dentro da Boa Vista, com o qual é confundido.

A Soledade começa no cruzamento da Rua do Príncipe com a Bispo Cardoso Ayres e as suas principais ruas são Soledade e Oswaldo Cruz. O nome do bairro tem origem na Igreja da Soledade, construída em 1928, que fica perto do local onde tombou, em fevereiro de 1849, o grande herói da Revolução Praieira Joaquim Nunes Machado, homenageado com o nome de uma das ruas do bairro.

Com estilo neoclássico, a decoração da igreja conta com sete vitrais que representam as sete dores de Maria. Sua estrutura foi planejada para destacar a beleza dos vitrais. Além do altar-mor, em honra a Nossa Senhora da Soledade, possui quatro altares laterais. Os tons cinza do piso e da textura sóbria que recobre a fachada do templo remetem à sepultura de Jesus.

Na esquina do seu largo ficava a Fratelli Vita, de propriedade dos irmãos de origem italiana Miguel e Francisco Vita. Fundada no Recife na década de 1920, a fábrica de refrigerantes marcou época na cidade e ainda faz parte do imaginário e da infância de muitos cidadãos recifenses. A empresa foi comprada pela Brahma em 1972, que a desativou.

Apesar de pequeno, o bairro tem prédios importantes. O Palácio da Soledade (Palácio dos Bispos ou Palácio da Boa Vista), situado na Rua Oliveira Lima, foi concluído em 1764 e serviu

Igreja de Nossa Senhora da Soledade

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21Causos, história e manifestações culturais

de residência de bispos de Olinda e Recife. O prédio abrigou a sede do Governo Provisório por ocasião da Revolução de 1817. Em 1917 ele foi vendido aos jesuítas que fundaram o antigo Colégio Nóbrega, que recebeu o nome em homena-gem ao padre português Manoel da Nóbrega. A instituição encerrou suas atividades em 2006. Hoje o prédio é sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Ao lado do casarão fica situada a Igreja Nossa Senhora de Fátima, onde foi construído o primeiro santuário em homenagem à santa fora de Portugal, inaugurado em 1935. Projetada pelo arquiteto francês Georges Mounier, tem forma de cruz latina com 26 metros de altura até o teto. Também possui uma bela estátua da Virgem do Rosário, obra do artista português Antonio da Paz. Em 2010, a igreja foi tombada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

Próximo do Palácio da Soledade também fica situado um casarão que foi o Colégio Eucarístico e onde hoje funciona a Empresa de Urbanização do Recife (URB). Ao lado da URB encontramos o famoso Beco do Estudante, que liga a Oliveira Lima à Avenida Conde da Boa Vista. O bairro tam-bém contou, a partir de 1954, com o cine Teatro Soledade, situado na Avenida Oliveira Lima.

A Praça Oswaldo Cruz é outro local importante da Soledade. Seu nome é uma referência ao sanitarista Oswaldo Cruz (1872/1917), o qual se destacou na pesquisa e combate a várias epidemias que assolaram o Brasil nos séculos XIX e XX, como a varíola e a febre amarela. No local também fica situado o Primeiro Mo-numento à Liberdade de Expressão do Brasil.

De um lado da praça fica localizado um prédio histórico construído en-tre 1920 e 1923. No local, que pos-sui larga fachada, ampla escadaria

e rampas laterais, funcionou o Pronto Socorro do Recife até que fosse transferido para o Hospital da Restauração. O prédio também sediou a Fundação de Saúde Amaury de Medeiros (Fusam) e a Secretaria Estadual de Saúde. Atu-almente, a construção abriga a Escola de Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE). Do outro lado da Praça Oswaldo Cruz encontramos o Teatro Valdemar de Oliveira, que recebeu o nome em 1971 após o falecimento de um dos pernambuca-nos que mais se dedicou às artes cênicas em Pernambuco: Valdemar de Oliveira. Inaugurado em 1971 como “Nosso Teatro”, foi idealizado e construído pelos integrantes do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Em outubro de 1980, as instalações foram destruídas por um incêndio. O espaço demorou para ser reconstruído, sendo reinaugurado em dezembro de 1987.

Fachada da Fratelli Vita

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Palácio da Soledade, antes casa dos bispos do Recife e Olinda, abriga sede do Iphan

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Bairros do Recife • Ano 222

O Rio Capibaribe margeia parte do

bairro

Santo Amaro

A Rua dos Palmares, localizada no bairro de Santo Amaro, talvez seja uma das mais em-blemáticas da cidade do Recife. Lugar de morada ou de reuniões de poetas e artistas da nossa cultura como Ascenso Ferreira, Joaquim Cardoso e Alceu Valença. Para o músico, o lugar foi onde viu passar os primeiros blocos, maracatus, bumba-meu-boi e caboclinhos, influenciando na sua produção. Nessa rua impregnada de histórias e memórias, onde as ideias não possuem raiz, mas asas, o pequeno Alceu compartilhou os momentos lúdicos da infância com a descoberta da poesia, da música e do carnaval. Entre os seus vizinhos destacavam-se: o maestro Nelson Ferreira (na casa ao lado); o poeta Carlos Pena Filho (na casa da frente); nas proximidades, a cantora lírica de rádio, Maria Parízio, que o fez viajar por um mundo de fantasias.

O visitante pode perceber que Santo Amaro é um bairro impregnado de História, com suas origens em 1681, quando a região cresceu em torno de uma capela sob a invocação de San-to Amaro das Salinas. Local de reduto de pescadores até o século XIX, a capela junto com a Cruz do Patrão servia de referência para as manobras das embarcações. A região também foi inspiração para as estórias mal assombradas dos populares, que relatam ouvir gritos e sons de correntes que dizem ser dos negros castigados durante o período da escravidão.

As lendas que remetem a um bairro “visitado” por fantasmas são complementadas com a existência de dois cemitérios. O primeiro a ser construído foi o Cemitério dos Ingleses, em 1814, pioneiro na cidade em terreno doado pelo Governo da Província ao cônsul inglês. Entre os túmulos mais visitados está o do General Abreu e Lima, enterrado em 1869 pelos ingleses por o Bispo Cardoso Ayres ter lhe negado uma sepultura canônica em cemitério

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27.939 habitantesPopulação Residente

90,5Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

55,32 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.892,10Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

73,52Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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23Causos, história e manifestações culturais

brasileiro por defender a liberdade religiosa. Além do general, estão sepultados no local Charles Bowen, James Pinches(tipógrafo) e Henry Koster.

Na Rua do Pombal está localizado o Cemitério de Santo Amaro. Sua construção foi iniciada no governo de Francis-co do Rego Barros, o Conde da Boa Vista, sendo inau-gurado em 01 de março de 1851. O cemitério tem como denominação de Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas, referência a sua capela central, projetada pelo engenheiro Mamede Ferreira e concluída em 1855. No lugar estão sepultados Joaquim Nabuco, os governadores Agamenon e Miguel Arraes, o músico Chico Science, além do túmulo da menina sem nome, um dos mais visitados em um momento de fé e devoção.

Os dois cemitérios fazem parte do roteiro “mal assombra-do” do Recife. O visitante pode realizar o passeio, com um grupo de turista, previamente agendado na Secretaria de Turismo da Cidade. Durante a caminhada são visitados espaços com lendas de assombrações, inspiradas na obra

“Assombrações do Recife Velho”, do sociólogo Gilberto Freyre. Além deste foco, são oferecidas explicações sobre o patrimônio e a história da cidade.

O Mercado de Santo Amaro é um reduto dos admiradores da cultura popular. Em suas lojas se reúnem homens e mulheres empenhados em manter viva a tradição festiva do lugar, com a formação de agremiações que tomam conta das ruas do Recife em diversos períodos do ano. Entre os grupos que se destacam, podemos citar o Grêmio Recreativo e Cultural Boi Manhoso, o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife e o Clube Carnavalesco Misto o Homem da Madrugada.

Em dias de carnaval o visitante do bairro acompanha o vai e vem dos brincantes para os desfiles nos diversos espaços culturais do bairro. Do bairro, saem alguns integrantes para o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife, fundado em 1889 no bairro de Beberibe, mas que já teve suas instalações em Santo Amaro, atualmente localiza-do em Afogados. A agremiação foi fundamental para os

A Capela de Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas

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Bairros do Recife • Ano 224

momentos de alegria que o Brasil vivenciava naquele período, o fim da escravidão e a Proclamação da República foram comemorados ao ritmo que fazia ferver aqueles que se misturavam aos passos frenéticos nas ruas e becos da cidade.

Santo Amaro é uma região do Recife onde o visitante tem a oportunidade de apreciar suas belezas arquitetônicas e culturais. As particularidades materiais do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, da Igreja de São Gonçalo, do Ginásio Pernambucano e do Conjunto Urbano da Rua da Aurora complementam as belezas da região, revelando-nos uma historicidade aos nossos olhos.

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Ginásio Pernambucano

Desfile do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas

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Bairros do Recife • Ano 226

RPA 2 Norte

TorreãoEncruzilhadaRosarinhoPonto de ParadaHipódromoCampo GrandePeixinhosCampina do BarretoArrudaBomba do HemetérioAlto Santa TerezinhaÁgua FriaFundãoCajueiroPorto da MadeiraBeberibeLinha do TiroDois Unidos

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Causos, história e manifestações culturais 27

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221.234 habitantes (14,39% do total)

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Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Área Territorial (Hectare)

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare):

População Residente

Domicílios (nº)

DadosGerais

Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Bairros do Recife • Ano 228

Gigantes do Samba, uma das grandes

campeãs do Carnaval do Recife, mantém sua sede no bairro

Bomba do Hemetério

“O viajante que chega ao Recife não é recebido por uma cidade escancarada à sua admi-ração. [...] Seu melhor encanto consiste mesmo em deixar-se conquistar aos poucos.” Tomando de empréstimo as palavras do sociólogo Gilberto Freyre iniciamos nossa jornada pela Bomba do Hemetério, primeiro destino turístico de base comunitária em área urbana no Recife, organizado dentro de uma estratégia de desenvolvimento local. A Bomba, como é carinhosamente chamada por seus moradores, é um lugar especial, com histórias singu-lares que são traduzidas em diferentes formas de expressões artísticas e culturais.

Rua do Rio, do Córrego, das Crianças, Jaciara, Olindina, Esmeraldina, Travessa do Chafariz, entre outras. Em cada ponto do bairro, o visitante vivencia uma experiência inesquecí-vel e de qualidade: encontra-se com rezadeiras, poetas, costureiras, artesãos, alfaiates, quituteiras, carnavalescos, músicos e outras tantas gentes das mais diversas procedências, credos e valores. As ruas parecem mais uma passarela de tipos populares, cada um apresen-tando uma performance. O personagem central é seu Hemetério: antigo morador, dono de uma bomba d’água, que disponibilizava o serviço aos demais moradores.

O cotidiano é marcado pela diversidade. Tentar entendê-lo sob a ótica de um único olhar, seria reduzi-lo a uma homogeneidade sem atentar para os múltiplos sentidos que ele acolhe. São crianças que brincam sem camisa de bola de gude, de pega esconde, de ama-relinha e de empinar papagaio. Homens e mulheres que, à noite, sentam-se nas calçadas e jogam conversa fora, enquanto disputam uma partida de dominó, dama ou baralho. As rodas de amigos no espetinho da esquina para assistir aos jogos televisionados é um

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43Área Territorial (Hectare)

2.350Domicílios (nº)

8.472 habitantesPopulação Residente

91,4Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

55,66 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,6Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.346,55Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

195,67Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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29Causos, história e manifestações culturais

cenário que se repete semanalmente nessa comunidade, predominantemente jovem, onde a maioria da população tem menos de 30 anos.

No período que antecede o Carnaval até os dias oficiais de Momo, a Bomba transforma-se num cenário de múltiplas cores, sons e ritmos. São caboclinhos, maracatus, afoxés, troças, clubes de frevo, boi, escolas de samba, urso. Apro-ximadamente 40 agremiações carnavalescas encontram-se sediadas na comunidade e no entorno. Atualmente, elas estão organizadas em roteiros de visitação turística dentro do Circuito Bomba Cultural, empreendido pelos grupos Walmart, Sebrae, Instituto de Assessoria para o Desenvol-vimento Humano (IADH), Ministério do Turismo e lideran-ças da região. Uma iniciativa de sucesso na cidade do Re-cife, estimulando o turismo de base comunitária, no qual a população e suas histórias de vida são os protagonistas, proporcionando uma atividade inclusiva e sustentável.

Na Bomba, cultura e educação são duas palavras que se aproximam com a mesma intimidade dos namorados. Um dos exemplos mais significativos é a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (OPBH), criada em 2002, com jovens da comunidade, sob a regência do maestro Francisco Amâncio da Silva, conhecido como Maestro Forró. A OPBH tem como característica principal a utilização de instru-mentos de sopro e percussão que apre-sentam uma nova proposta aos ritmos populares da região como coco, maraca-tu, frevo, samba, reisado, ciranda, entre outros. Como ponto de cultura (desde 2004), através da Escola Comunitária de Música, o trabalho de formação musical é ampliado com oficinas de teatro, clube de leitura, danças circulares e culinária natural, voltada às mães dos alunos.

Aqui, a gastronomia também se revela aos olhos e na boca dos moradores e daqueles que visitam a localidade. Cada prato que é servido traz a marca da diversidade dessa região. Ingredientes

de diferentes origens marcam os sabores e a estética de cada iguaria. Jabá, galinha de cabidela, sarapatel, doce de banana, caldinho de feijão e tantas outras criações, que identificam a diversidade da cozinha pernambucana.

A fé e suas diferentes formas de comunicação com o sagra-do também fazem parte da história e da memória desse bairro. Procissões para Nossa Senhora da Conceição, Santo Antônio e São João Batista dividem o cenário com as Pane-las de Iemanjá e as peregrinações dos evangélicos nas ruas estreitas e ladeiras da comunidade. Santos, altares, orixás e rezas indicam que a religiosidade é uma prática presente no cotidiano da Bomba, viva no corpo, nas palavras, no olhar e nas experiências vividas por todos.

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Maestro Forró e a Orquestra da Bom ba do Hemetério

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Bairros do Recife • Ano 230

Estádio José do Rego Maciel foi construído

na década de 1970

Arruda

Será que 50% dos tricolores que frequentam assiduamente o estádio José do Rego Maciel conhecem a história do bairro do Arruda? Se um dia alguém perguntar por que o bairro tem esse nome, será que eles saberiam responder? Certamente não. Poucos são os moradores que conhecem a história do lugar onde moram ou frequentam. O bairro do Arruda não é uma exceção. Mas por aqui a história da comunidade vai se tecendo em cada esquina, em meio a lembranças e esquecimentos. As primeiras falas remetem ao tempo das Maxambombas – uma espécie de trem que marca o progresso tecnológico das principais capitais brasileiras no início do século XX.

A Estrada Nova, como era conhecido o logradouro na época, abrigava a estação do trem, nas proximidades do estádio do Santa Cruz. A novidade trouxe o desenvolvimento para a locali-dade. Aos poucos, o cenário marcado por ruas estreitas, sem asfalto, mal iluminadas e não sinalizadas dá espaço a casas de alvenaria e um comércio variado muito promissor. É nesse contexto que o português Manuel Inácio Arruda, o “seu Arruda”, instala a sua quitanda, logo transformada em mercearia. Não demora, e a Estrada Nova passa a ser antiga, diante da identidade que assume o lugar chamado pelo sobrenome do negociante: Arruda.

Entre as décadas de 1920 e 1960, o bairro passou por significativas mudanças que alteraram a sua configuração inicial. Novas casas comerciais, consultórios médicos e, nos anos 1930, a grande novidade foi a chegada do time do Santa Cruz Futebol Clube (fundado em 3 de fevereiro de 1914, no Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista), que instalava sua sede no local. O estádio foi inaugurado somente na primeira metade dos anos 1970. O nome, José do Rego

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100Área Territorial (Hectare)

4.467Domicílios (nº)

14.530 habitantesPopulação Residente

94Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

53,54 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,2Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.234,83Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

145,56Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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31Causos, história e manifestações culturais

Maciel, é uma homenagem a um dos seus colaboradores e Prefeito do Recife (1953-55).

Nas memórias dos mais antigos, merece destaque os Cines Queimado, na esquina da Rua Alegre, e o Olímpia, na Avenida Beberibe. As festas de Carnaval e Natal também estão nas mentes e nos corações. Os ensaios dos clubes, troças, blocos, caboclinhos, ursos e maracatus, depois do mês de Sant’Ana (julho), já modificava a atmosfera do bairro. Trombones, tambores, repiques, gritos e alvoroço. No Natal, os ecos da folia dão lugar as brincadeiras de ma-mulengo, bumba-meu-boi, fandango e apresentações de bandas musicais, além da tradicional Queima da Lapinha, no dia de Reis, 6 de janeiro.

Essas práticas culturais marcaram o cotidiano do bairro ainda hoje conhecido pela tradição de suas festas e grupos culturais. É possível vivenciarmos com todo simbolismo e pompa que a ocasião permite, as procissões de São Jorge e de Santo Antônio organizadas, respectivamente, pelo Ter-reiro Pai Francisco, do Babalorixá Messias de Ogum (Rua das Moças), e pela paróquia de Santo Antônio de Pádua. Fogos de artifício, bandas de música, andores ricamente ornamentados e muitos devotos seguin-do em cortejo pelas ruas do bairro fazem parte do cotidiano há mais de meio século. Na igreja, o visitante também poderá assistir, no período da Quaresma, a Paixão de Cristo, com atores da própria comunidade. A igreja de Santo Antônio é referência para os moradores do bairro (juntamente com Água Fria) e constitui um dos principais espaços de sociabilida-de nos fins de semana.

Um dos lugares que não pode ficar de fora de uma visita ao Arruda é a Rua José Austregésilo. As fachadas das casas iden-tificam as várias temporalidades de seus diferentes estilos arquitetônicos. É uma das ruas mais antigas do bairro, onde

funcionava uma feira livre, e, segundo relatos, o primeiro núcleo urbano da área que viria a se tornar o bairro.

Outro ponto que guarda reservas de significados para os moradores é o pátio da feira, onde nos fins de semana, funciona uma feira de roupas. Durante a semana, en-contramos no entorno um movimentado comércio com variados produtos e serviços.

Pela Avenida Beberibe, a mais movimentada a cortar o bairro, dezenas de linhas de ônibus favorecem o a mobili-dade dos moradores para vários lugares da cidade. Um ba-rulho contrastante com a tranquilidade das ruas afastadas desse ponto do Arruda.

É também nessa avenida que muitos jovens se divertem nos shows que acontecem na Casa de Samba, tradicional reduto do samba e do pagode na Zona Norte do Recife. No local, a cerveja gelada e o cheiro do espetinho no ar são indícios de muita diversão e festa que entra pela madrugada.

Imagem de Santo Antônio em procissão pelos bairros do Arruda e de Água Fria

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Bairros do Recife • Ano 232

Festival de Quadrilhas Juninas movimenta o bairro

no mês de junho

Peixinhos

Por muito tempo o bairro de Peixinhos teve como principal referência o matadouro de ani-mais. No entanto, atualmente, no lugar vem se desenvolvendo um trabalho social impor-tante para os moradores da região. Com o oferecimento de cursos, apresentações culturais, de esportes e de lazer, o que era sinônimo de morte passou a ser uma esperança para a comunidade e para os bairros vizinhos.

Durante o São João é no bairro que acontecem as semifinais do acirrado Concurso de Qua-drilhas Juninas de Pernambuco. Durante dois dias, grupos disputam vagas para a grande final. Pelo “arraial” de Peixinhos passam as principais quadrilhas, desenvolvendo temas que chamam atenção do público, empolgando todos que observam o colorido das apresentações.

Caminhando pelo bairro o visitante deve ficar atento à divisão geográfica entre os bairros de Peixinhos em Olinda e no Recife. O Peixinhos recifense faz limite com a Campina do Barreto, Arruda, Campo Grande e seu homônimo em Olinda. Seu nome vem da denomi-nação oferecida por pescadores do Rio Beberibe, que se referia ao local como o lugar dos peixinhos.

Entre um dos locais que traz orgulho para a comunidade está o Centro Cultural e Despor-tivo Nascedouro de Peixinho. O espaço é resultado das reivindicações da comunidade, que solicitaram dos governantes um lugar para as práticas socioculturais da região. O visitante percebe que no Centro Cultural existe auditório, campo de futebol, quadra poliesportiva, playground e vestuário. Em 2008 foi inaugurado o Centro Tecnológico de Cultura Digital, trazendo esperança de melhores oportunidades para os moradores do bairro.

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34Área Territorial (Hectare)

1.383Domicílios (nº)

4.998 habitantesPopulação Residente

81,4Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

53,83 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,6Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 760,72Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

148,43Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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33Causos, história e manifestações culturais

O Matadouro de Peixinhos teve sua construção iniciada em 1874, sendo inaugurado em 9 de novembro de 1919. O bairro cresceu em razão do estabelecimento, que fornecia carne, couro, ossos e outros derivados para várias regiões do país. Devido ao crescimento comercial da região, várias famílias de outros estados migraram para o bairro, em busca de novas oportunidades de emprego. Devido a isso, Peixinhos passou a ser um dos mais populosos da região, contribuindo para as trocas socioculturais da cidade. Outro grande empreendimento que movimentou o bairro de Peixinhos foi a Fosforita Olinda S/A, inaugurada em 1957 com a presença do então presidente da República Juscelino Kubitschek. Para a escavação dos poços de fos-fato, foi necessário desapropriar várias casas, tendo seus moradores se deslocado para as terras onde seria formado o bairro de Águas Compridas.

O comércio informal também é uma marca de Peixinhos. O caminhante que chega ao bairro no sábado pela manhã vai se deparar com uma enorme feira. As palmas dos vende-dores anunciam as promoções: é tomate, batata, banana, coentro e cebola: tudo fresquinho para a freguesa. O concorrente grita mais a frente: laranja doce que nem mel, 10 por 1 real, tempero? aqui tem moído na hora freguesa. E assim o colorido das frutas e verduras, os cheiros e sons vão encantando quem passa pelo local, presenciando um verdadeiro pregão para a cozinha da dona de casa.

O bairro também é marcado por seus adeptos das várias religiões. Católicos, evangélicos e membros das religiões afros formam um variado conjunto de crenças e religiosi-dades. Com influência de Dona Aninha, mãe de Antônio da Costa Azevedo - dono da Fosforita Olinda S/A - foi erguida a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, que teve sua constru-ção iniciada em 1957. Ainda hoje se rende homenagens a santa, sendo uma das igrejas mais visitadas da região. São Sebastião é outro santo que tem forte devoção em Peixi-nhos. Sua procissão teve início com uma promessa feita por Seu Biu, em 1926, que tinha a esposa doente de bexiga braba. O devoto prometeu que, caso a sua mulher se curasse, realizaria uma procissão todos os anos para São Sebastião, seguindo de Peixinhos até o bairro de Jatobá.

Os membros do candomblé também ofereceram importan-tes contribuições para a formação da identidade no bairro. Próximo do pátio da feira livre funcionava o xango de Amália Rocha, frequentado por membros da elite da cidade do Recife. Na Rua da Harmonia, a casa de Jorge Nery era visitada por gente mais humilde. No entanto, no momento da devoção não havia distinção nas reverências as entida-des e na alegria durante as festas.

Não podemos nos despedir do bairro sem antes conferir o ritmo do Balé Afro Majê Molê. A ideia para a criação do grupo teve início em 1994, liderado por Glória Maria e seu marido Gilson. Os dois tinham o objetivo de organizar um balé com crianças do bairro, com a finalidade de retirá-las das diversas áreas de riscos da região. Apenas em 1997, na manhã do dia das crianças, fizeram sua primeira apresen-tação no bairro de Água Fria. A plateia ficou admirada com a garra e a resistência das meninas. Através do pai de uma das integrantes do grupo, fizeram a segunda apresenta-ção, na festa das crianças da Polícia Militar. A partir dessa festa, surgiram convites para apresentações em teatros, congressos e encontros em diversos países.

Crianças e adolescentes em atividade no Balé Afro Majê Molê

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Bairros do Recife • Ano 234

Sítio do Pai Adão é o mais antigo

xangô do Recife em funcionamento

Água Fria

Grande polo cultural existente no Recife, mas pouco divulgado. O por que deste nome, não se sabe ao certo. Muitas são as especulações, mas ficamos com a referência ao afluente do Beberibe que passa na localidade e é denominado, justamente pela temperatura de seu manancial, de Água Fria. As histórias de vida dos moradores revelam os enigmas da com-plexidade do bairro. Ouvi-los, na plenitude de suas sabedorias, é a busca do entendimento da nossa originalidade. Do maracatu ao guerreiro, do Carnaval ao Natal, do sagrado ao profano, em cada rua uma nova expressão cultural se revela. Algumas insistem em se manter como aprenderam com os seus antepassados; outras, inovam na tentativa de acompanhar a dinâmica do tempo histórico.

A visita na comunidade pode iniciar na Estrada Velha de Água Fria. Avenida que é subdivi-dida em três trechos: o primeiro corresponde à Rua Padre Roma, começando no Viaduto do Vintém, próximo ao supermercado Carrefour e se estende até a esquina da Rosa e Silva. O se-gundo é denominado de Cônego Barata, com início naquela esquina, indo até o cruzamento da Avenida Norte. O último mantém o nome Estrada Velha de Água Fria e vai da Avenida Norte até a Avenida Beberibe. O logradouro é popularizado, sobretudo, pela localização do Terreiro Iemanjá Ogunté, mais conhecido como Sítio de Pai Adão, o mais antigo xangô do Recife em funcionamento, desde o século XIX. Nesta casa religiosa, o visitante poderá conhecer a cape-la dedicada a Nossa Senhora da Conceição, o salão de festas e o irôco – árvore orixá.

A Rua das Moças é outro importante ponto de visitação do bairro. A sugestão é que se faça um passeio com o sol frio, apreciando o cotidiano que se revela aos olhos do caminhante. Quanto mais andamos, mas parece que ela nunca tem fim. Passa o cruzamento com a Refe-

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193Área Territorial (Hectare)

12.294Domicílios (nº)

43.529 habitantesPopulação Residente

90,4Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

47,03 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,5Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.189,92Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

225,38Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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35Causos, história e manifestações culturais

rino Agra, com a rua da Regeneração, no bairro do Arruda, indo até a Campina do Barreto.

A Rua Raul Pompéia também merece uma parada. Aqui funciona a residência/sede do BACNARÉ – Balé de Cultura Negra do Recife, cujo trabalho é conhecido internacional-mente. À frente do grupo estão Ubiracy Ferreira e Antônia Batista, dois nomes de referência na escrita da história das culturas populares em Pernambuco, sobretudo, as relacio-nadas ao povo de matriz africana. O ritual do Queima da Lapinha, no dia de Reis (6 de janeiro), com apresentações de pastoril, guerreiro e maracatu, e na semana que antece-de as comemorações a São João, a procissão da Bandeira e o Acorda Povo, merecem destaque na programação cultural dessa rua.

No bairro, sagrado e profano conversam o tempo todo. As tradicionais procissões de São Jorge e Santo Antônio arras-tam multidões pelas ruas do lugar. A primeira acontece no dia 23 de abril sob a organização do babalorixá Messias de Ogum, do terreiro de Umbanda, Jurema e Nagô Pai Francis-co, na Rua das Moças. Os fogos de artifício e o som estri-dente da Banda de Música anunciam de longe que o cortejo pede passagem. São baianas, cavalaria, ala das bandeiras com orixás e muitos devotos. Nas calçadas e esquinas, os curiosos se espremem para ver o santo no andor conduzido nos ombros dos homens da casa.

No mês de junho, é a vez da procissão de Santo Antônio mobilizar o bairro. Com lírios nas mãos para celebrar o santo casamenteiro, muitas devotas louvam o santo, que desde o dia 1 é agraciado com rezas e cânticos durante a trezena. Essa procissão secular sai da paróquia de Santo Antônio arrastando milhares de devotos pelas ruas do bairro, na noite do dia 13 de junho. Braços erguidos pedem bênçãos, momento de preces e adoração, mas também propícios para alimentar a boataria e para flertar.

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Os Irresponsáveis desfilam pelas ruas do bairro para encerrar o Carnaval

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Bairros do Recife • Ano 236

Fazer um circuito pelas sedes das agremiações e assistir pe-quenas mostras dos seus espetáculos é uma boa sugestão para os visitantes apreciadores da cultura popular. Em Água Fria, em qualquer época do ano, sempre tem um atrativo diferente. Aqui estão: as troças Batutas de Água Fria e Tô Chegando Agora; as Nações de Maracatu Sol Nascente, Na-ção de Luanda e Raízes de Pai Adão; os Caboclinhos Oxóssi Pena Branca e 7 Flexas (Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2008); os Ursos Cangaçá e do Vizinho; o Pastoril Estrela Brilhante; a Ciranda Dengosa; vários blocos afro, como: Oju Obá, União do Pelô, Obá Nijé; os afoxés Povo de Ogunté, Oxum Jagurá, entre outros grupos de reggae, hip hop e capoeira.

No carnaval, mais precisamente na quarta-feira de cinzas, merece destaque na comunidade o Bloco Os Irresponsá-veis de Água Fria, o qual comemorou 30 anos em 2012. A brincadeira arrasta, aproximadamente, 350 mil foliões pelas ruas do bairro, que pulam e se divertem ao som de vários trios elétricos e uma Frevioca. Um destino turístico totalmente cultural, o qual se desenvolve no contato direto com os produtores, fortalecendo, contudo, uma rede de serviços e de produtos da comunidade, garantindo a sua sustentabilidade.

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Mercado de Água Fria possui 150 boxes onde de tudo se encontra

Para aqueles que gostam de conhecer de perto o cotidiano de um lugar, o Mercado de Água Fria é parada obrigatória. No início era uma pequena feira de frutas e verduras com suas barracas de madeira conhecida como beliscada, que nos anos 1950, deu lugar ao Mercado Público. Atualmente, são mais de 150 boxes, onde podemos encontrar: frutas da terra, verduras, carne de boi, bode, peixes e crustáceos; artesanato de palha, madeira, barro; artigos religiosos. De tudo tem pra vender, é só comprar. Uma boa dica é tomar o típico café da manhã pernambucano: inhame, macaxeira, cuscuz com galinha guisada, charque ou carne de sol.

A visita à Água Fria também inclui conhecer um pouco da história das escolas Santo Antônio (hoje uma residência próxima à igreja de mesmo nome) e Professor Alfredo Freyre, mais conhecida pelos antigos moradores como Grupo Escolar Dom Sebastião Leme. Estes lugares estão nas mentes e nos corações de muitos moradores. Nesses espaços nasceram muitos talentos, principalmente aqueles ligados às artes cênicas. José Pimentel e Tibi foram alunos do Santo Antônio; Ilza Cavalcanti, Patrícia França, Adriano Macena, Marcelino Freire, Raimundo Bruno, Meia Noite, entre outros, subiram ao palco pela primeira vez com o aprendizado obtido nas salas de aula do “Sebastião Leme”.

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Bairros do Recife • Ano 238

RPA 3 Nordeste

DerbyGraçasEspinheiroAflitosJaqueiraTamarineiraParnamirimSantanaCasa FortePoço da PanelaMonteiroAlto do ManduCasa AmarelaMangabeiraAlto José do PinhoMorro da ConceiçãoAlto José BonifácioVasco da GamaMacaxeira

ApipucosSítio dos PintosDois IrmãosCórrego do JenipapoNova DescobertaBrejo do BeberibeBrejo da GuabirabaPassarinhoGuabirabaPau Ferro

30313233343536373839404142434445464748

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312.981 habitantes (20,35 % do total)

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Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Área Territorial (Hectare)

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare):

População Residente

Domicílios (nº)

DadosGerais

Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Bairros do Recife • Ano 240

O bairro abriga o Templo Mormon do

Recife

Parnamirim

Três pequenos e antigos “comércios” chamam a atenção de qualquer curioso que passe pela Praça Lula Cabral de Melo, a Praça do Parnamirim. Dividindo paredes e com arquitetura semelhante, eles são testemunhas de um tempo em que o hoje movimentado bairro era apenas um local tranquilo da Zona do Norte do Recife, com grandes casas para as famílias que pudessem e quisessem ficar longe da praticidade das áreas mais centrais. Agora esse pequenino e nobre conjunto ferve com uma infinidade de opções de comércio, serviços e entretenimento. Uma das lojinhas que resistem à modernidade é o Salão Parnamirim, que há mais de 40 anos é tocado por José Francisco de Souza. Planejando colocar uma maquineta de cartão de crédito e débito num futuro breve, ele conta que, antes dele, a barbearia já existia há muitas décadas, tantas que ele nem sabe ao certo. Mas, àquela época, as casas tinham no máximo um andar e o outro único serviço da praça era uma bomba de gasolina para os pouquíssimos carros que passavam pelas ruas de paralelepípedo. O asfalto que hoje cobre as vias esconde os trilhos de um bonde que atendia o bairro. Bem próxima à barbearia de seu Zé, está a livraria Idéia Fixa, outra testemunha do cres-cimento do bairro, porém de um modo mais ativo. Referência em lançamentos literários pernambucanos, a loja era ponto de encontro de muitos intelectuais, especialmente os que moravam, ou ainda moram, nas proximidades, como Ariano Suassuna. O ano de inaugu-ração foi 1983, quando Neidinaldo Alves, um dos sócios, preferiu a teimosia a dar ouvidos aos conselheiros daquele momento. “Diziam pra gente não colocar a livraria, que nada dava certo aqui. Mas eram outros tempos, os conselhos tinham lá alguma razão. Quando

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61Área Territorial (Hectare)

2.458Domicílios (nº)

7.636 habitantesPopulação Residente

97,7Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

43,47 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,1Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 10.712,06Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

124,30Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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41Causos, história e manifestações culturais

começamos aqui não havia nem sinal de trânsito”, conta Neidinaldo.

Ao contrário da década de 1980, atualmente Parnami-rim participa ativamente do problema de mobilidade do Recife. Por ainda manter um aspecto residencial mas, ao mesmo tempo, ter ampla variedade de comércio e serviços, o bairro é intensamente procurado por motoristas e pe-destres. Além disso, como é muito pequeno, torna-se pas-sagem para os bairros vizinhos. Mesmo assim, quem mora por lá parece satisfeito. Pelo menos a aposentada Da Paz Barros Viana, 59 anos, está. “Não tenho vontade de sair daqui. É tudo perto, supermercado, shopping, lanchonete, É muito bom”, comenta a feliz avó que leva a neta para passear à tarde nas praças e ruas calmas que ficam ocultas pelo movimento das vias principais. O shopping a que ela se refere é o Plaza, conhecido na cidade por se direcionar aos públicos das classes A e B. Mas nem só de comprar e contratar prestadores de serviços vivem os moradores e visitantes do Parnamirim. Comer, beber e ter momentos de descontração também são atra-tivos. Pontos movimentodos como o Bar do Lula e Bar do

Neno (dos mesmos sócios), o Fiteiro e o Guaiamum Gigante são passagens costumeiras de recifenses e turistas. Outro local de visitação - esse menos festivo - é o museu Murillo La Greca, inaugurado pelo pintor em 1985, depois de ele ter doado todo seu acervo à Prefeitura do Recife.

Com todas essas características, paira no bairro uma certa aristocracia. Porém, nele ainda se encontra presença popular forte através de grupos como a Associação de Ca-poeira Meia Lua Inteira, que desde 1990 oferece também artes marciais, além de servir de albergue para atletas que precisam de hospedagem quando vêm ao Recife.

Praça do Parnamirim ainda reserva o ar de tranquilidade

No Museu Murillo La Greca pode ser encontrado um dos mais importantes acervos museológicos de Pernambuco

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Bairros do Recife • Ano 242

Desfile do Maracatu de Baque Virado

Estrela Brilhante do Recife

Alto José do Pinho

O Alto José do Pinho é um dos principais celeiros culturais da cidade. Todos os dias o local é palco de invenções e reinvenções culturais, proporcionando momentos de descobertas para os moradores da localidade. Do alto do “morro”, Dona Marivalda, Dona Carnelita, Dona Tânia, tantos Joãos e Marias contribuem com as expressões culturais que formam a nossa identida-de.

Ao chegar ao Alto José do Pinho, o visitante pode se impressionar com vários becos, escada-rias que parecem intermináveis, vielas e ruas que guardam as marcas de um povo. No entan-to, são nestes lugares que acontece a arte do fazer cultura. Por falta de espaço físico, muitos grupos culturais realizam seus ensaios na rua, com os moradores a observar dos muros, dos terraços ou sentados nas calçadas.

Descobrindo os pedaços da história guardados em cada beco e esquina do bairro, chegamos à sede do Maracatu Nação Estrela Brilhante. Fundado em 16 de julho de 1910, por negros que foram escravizados, o grupo circulou por diversos bairros se estabelecendo no Alto José do Pinho. A sua frente está a Rainha e presidente Marivalda Maria dos Santos, que faz da sua casa o coração da agremiação. Dona Marivalda acompanha todas as fases por que passa o grupo até realizar sua apresentação: desenha, pinta, borda, costura, confecciona instrumen-tos, para que no dia de carnaval possa encantar seus súditos na avenida.

A Nação de Maracatu já se apresentou em diversos palcos do mundo. Em 2000 participou da “Expo 2000”, em Hannover (Alemanha), além de importantes festivais em países como França, Espanha, Portugal, Bélgica e Itália. Durante o carnaval se apresenta com centenas de

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41Área Territorial (Hectare)

3.510Domicílios (nº)

12.334 habitantesPopulação Residente

91,7Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

53,72 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,5Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.101,22Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

298,40Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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43Causos, história e manifestações culturais

batuqueiros, com o comando do Mestre Walter, que em 2001 gravou seu primeiro CD, “Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife”, com toadas que fazem parte do seu repertório.

Nas ruas apertadas do Alto, pode-se ouvir o toque do Afoxé Ilê de Egbá, fundado em 1986 por um grupo de carnavalescos e religiosos. Durante suas apresentações participam mais de 150 integrantes, com roupas nas cores vermelha, branco e amarelo, fazem referências aos orixás Xangô (patrono da Nação) e Oxum, uma das detentoras dos fundamentos do grupo. Reconhecido internacionalmente, já gravou diversos CD’s, entre eles “Pernambuco em Concerto”, “Batá” e “Nações de Candomblé”.

Ainda por lá temos a oportunidade de observar o colorido dos cocares do Caboclinho Tupã. Fundado em 1979, por Agnaldo Rodrigues de Amorim e seus familiares, durante o carnaval a tribo desfila em diversas cidades de Pernambuco com mais de 150 integrantes. A evolução e empolgação dos brincantes contagiam o público, proporcionando uma viagem por umas das principais expressões culturais do nosso Estado.

O samba no bairro fica sob a responsabilidade do Grêmio Re-creativo Cultural Escola de Samba Unidos do Escailabe. Em 2012 a escola fez parte do Grupo Especial do Concurso de Agremiações Carnavalescas da Prefeitura do Recife, empol-gando o público na arquibancada com um samba envolvente e contagiante. Com uma visita ao bairro, é possível o caminhante participar de um dos ensaios da agremiação, acom-panhando os toques dos tamboris e os belos passos do samba.

O ritmo do bairro também oferece espaço ao arrasta-pé das quadrilhas juninas. Como uma das principais representan-tes, a Quadrilha Junina Raízes do Pinho, destaca-se nos arraiais do Estado com apresentações que encantam o público. Logo no início do ano os integrantes do grupo se reúnem para decidir o tema a ser desenvolvido no arraial, dando

continuidade ao trabalho com os ensaios, escolha da trilha sonora, definição de coreografias e confecção do figurino, envolvendo mais de 500 pessoas das comunidades e bairros vizinhos.

O Rap fica por conta do grupo Faces do Subúrbio, interna-cionalmente conhecido por suas letras contestadoras. O grupo faz uma mistura de Rap e embolada, com um sotaque genuinamente brasileiro. Além da música, os integrantes se dedicam a projetos sociais, com aulas de musica e dança para as crianças carentes do bairro.

Ao caminhar pelas ruas do Alto José do Pinho, o visitante será acompanhado pelas informações da sua rádio comu-nitária. Foram nas suas apertadas instalações que alguns artistas do lugar fizeram suas primeiras apresentações, como o Devotos do Ódio, atualmente denominados apenas Devotos. Os integrantes da banda coordenam a ONG Alto Fa-lante, que busca tirar as crianças e jovens das áreas de risco do bairro, oferecendo voz às camadas excluídas da cidade.

Os projetos desenvolvidos no bairro do Alto José do Pinho é um exemplo para as comunidades, com atividades que proporcionam momentos de sociabilidade, distanciando as crianças e jovens das áreas de risco. No alto do “morro”, o morador observa a cidade, que reverencia seus batuques ao descer as ladeiras do bairro que rendeu homenagem ao senhor José do Pinho Borges.

Quadrilha Junina Raizes do Pinho

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Bairros do Recife • Ano 244

Inaugurado na década de 30, no Mercado de Casa

Amarela podemos encontrar produtos

regionais, como queijo de coalho e charque, além

de frutas, ervas e artesanato

Casa Amarela

As primeiras notícias de um povoado onde hoje está localizado o bairro de Casa Amarela se remete ao período dos holandeses em Pernambuco. Segundo Pereira da Costa, o povoado do Arraial, como era conhecido por estar próximo ao Forte do Arraial do Bom Jesus, data de 1630. No lugar se realizava um intenso comércio, principalmente de mantimento e de pescados oriundos do Rio Capibaribe.

Com os combates para a restauração política em Pernambuco no século XVII, as enchentes do Capibaribe e a falta de mercadorias para as trocas comerciais dificultaram a formação de um povoado permanente na região. Apenas no século XVIII, com a extinção dos engenhos Monteiro e Casa Forte, o espaço foi dividido em diversos sítios, possibilitando, assim, a formação de vilas permanentes.

O bairro tem este nome devido à uma casa que sempre era pintada de amarela. Ela estava localizada próximo ao terminal da estada de ferro, servindo de referência para os populares da região. O referido imóvel pertencia ao comendador Joaquim dos Santos Oliveira, que se mudou para o local em busca dos bons ares dos arrabaldes do Recife, seguindo assim as recomendações médicas da época para o tratamento da tuberculose.

Com os novos desenhos oferecidos à cidade no início do século XX, as regiões de morro pas-saram a ser ocupadas, a exemplo do Morro da Conceição, Alto Jose do Pinho, Alto da Bon-dade, dentre outros. Os terrenos onde foram construídas as novas casas eram vendidos ou alugados por donos de sítios aos menos favorecidos, que estavam sendo retirados das áreas centrais da cidade, atendendo a uma política de “limpeza” do Recife. Com o deslocamento

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188Área Territorial (Hectare)

9.296Domicílios (nº)

29.180 habitantesPopulação Residente

96,5Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

48,04 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,4Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 4.236,69Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

155,09Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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45Causos, história e manifestações culturais

populacional, no início da segunda metade do século XX Casa Amarela era o bairro com maior densidade popula-cional. Foi essa mistura de povos e raças, de experiências vindas de diversos lugares, que contribuiu com a formação cultural do lugar.

O visitante do bairro logo percebe que o Mercado de Casa Amarela dá o tempero para as suas relações sociais. No lu-gar é possível encontrar diversos utensílios, como alimen-tos, vestuário, pratos típicos pernambucanos, artesanato e materiais necessários para os grupos populares utilizarem na organização de suas apresentações.

Entre os grupos culturais que animam a região, movimen-tando-se pelos espaços de apresentação oferecidos no bairro, estão o Bloco Afro Raízes do Quilombo, as bandas de reggae, Brasáfrica e Neblina Reggae, além do grupo de Hip Hop Mago MC. Para aqueles que visitam o lugar, têm a oportunidade de conferir os espetáculos ao ar livre, princi-palmente durante as apresentações dos jovens em praças e quadras esportivas.

Entre as agremiações carnavalescas, destacam-se a Troça Carnavalesca Mista Quem Fala de Nós Não Sabe o Que Diz, Troça Carnavalesca Mista Azulão em Folia e o Maracatu Nação Tupinambá. Os grupos são presenças garantidas nas avenidas da alegria durante o carnaval das diversas cidades de Pernambuco, animando os moradores que participam de todas as etapas de formação do espetáculo.

A região de Casa Amarela é um exemplo de resistência e participação popular nas questões culturais da cidade. Durante os anos de 1960, no Sítio da Trindade foi organizado o Movimento de Cultura Popular (MCP), que tinha o objetivo de formar o cidadão preservando suas experiências culturais, possibilitando assim a consciência polí-tica daqueles envolvidos. O MCP era formado por estudantes universitários, artistas e intelectuais que trabalhavam no desenvolvimento de uma ação comunitária de educação com ênfase na cultura popular. Para isso, os projetos eram desenvolvidos

a partir de questões sociais, orientando seus envolvidos para a responsabilidade política de cada um.

No mesmo espaço onde foram desenvolvidas as atividades do MCP, hoje são realizadas as principais festividades da região norte da cidade. No carnaval, o Sítio da Trindade recebe apresentações de artistas locais, animando as fes-tividades de Momo. Durantes as festas juninas é montado um dos polos de animação do Recife, com as semifinais do Concurso Pernambucano de Quadrilhas Juninas e shows para todas as idades, momento em que o espaço adquire uma atmosfera diferente, com a venda de comidas típicas, a fogueira para esquentar os casais no frio da madrugada e as crianças a soltar os fogos, animando as homenagens aos três santos populares do Nordeste. Nas festividades de final de ano é a vez dos pastoris, com a montagem da cidade cenográfica e a famosa Queima da Lapinha.

Seja de forma institucionalizada ou em ações oriundas dos movimentos populares, o bairro de Casa Amarela se apresenta como um espaço fecundo para as manifestações culturais de todos os seguimentos. Do samba ou rock, da educação formal ou ensino popular, das apresentações do Concurso de Quadrilhas Juninas no Sítio da Trindade às ruas tomadas pela procissão que segue para o Morro da Conceição. Nesses conjuntos de “coisas miúdas”, o visitante percebe que a região se apresenta como um misto de cor-res, expressões e práticas que formam a nossa identidade.

Sítio da Trindade é um dos polos do São João no Recife

PCR

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Bairros do Recife • Ano 246

A imagem francesa da Nossa Senhora da Conceição é do início

do século XX

Morro da Conceição

Conhecer a riqueza cultural que o Morro da Conceição tem a oferecer não será possível numa única visita ao lugar. A sua atmosfera muda de acordo com as épocas do ano. As casas, os moradores, os sons, os cheiros, tudo se transforma para acompanhar cada ciclo festivo. Um dos mais significativos celeiros culturais do Recife, o Morro da Conceição tem sua história marcada por diferentes versões. Aqui, lembranças e esquecimentos fazem parte dos relatos dos moradores, quando questionados sobre a história do bairro.

O que se sabe é que os primeiros registros de que se tem notícia remontam aos tempos da Invasão Holandesa no Recife (século XVII), quando a região era chamada de Monte Bagnuo-lo, em homenagem ao general italiano, representante de Pernambuco na batalha contra os batavos.

Oiteiro da Boa Vista ou Morro da Boa Vista são outros nomes pelos quais a região ficou co-nhecida no decorrer do século XIX até a chegada da imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, construída na França, na Fundição Vale do Rio Osne (Valdosne), em Paris, em 1904. A iniciativa partiu do bispo Dom Luís Raimundo da Silva Brito, em comemoração ao cinquentenário do dogma da Imaculada Conceição no Brasil.

A chegada da imagem ao morro num vagão de trem proveniente do cais do porto e depois nos ombros de estivadores, acompanhados pelos Vicentinos (Congregação de São Vicente de Paula), autoridades e pelo povo em geral, deu início à festa que perdura até os dias hoje em homenagem à santa. De autoria do engenheiro Lafayette Bandeira, foi construído um monumento confeccionado em cimento armado, com coroamento em lanternim e flecha. A

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38Área Territorial (Hectare)

2.955Domicílios (nº)

10.182 habitantesPopulação Residente

91,2Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

50,19 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,4Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.127,11Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

265,24Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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47Causos, história e manifestações culturais

igreja ao lado do monumento data de 1906, sendo reforma-da, décadas depois, em formato de asa delta, na coordena-ção do então padre Reginaldo Veloso. Em 2008, uma ampla igreja, toda em vidro, de arquitetura moderna, foi construí-da no meio da praça.

Dos pés da Virgem, onde o bairro nasceu, saímos em dire-ção à praça – um dos principais espaços de sociabilidade. Nela, o coração do Morro pulsa mais forte, reflete a intensi-dade da vida de seus moradores. Crianças sem camisa cor-rem atrás da bola, jovens andam de skate, enquanto outros namoram nos bancos e esquinas dos becos. As brincadeiras de pião e de bola de gude ficam apenas nas lembranças dos antigos moradores. A moda agora é ficar conversando no Facebook durante algumas horas nas lan houses da região.

O comércio, aos poucos domina o entorno da praça: salão de beleza, lojinhas com imagens, terços, souvenirs e outros artigos religiosos; barraquinhas de batata frita, pastel, espetinho e bombons misturam-se às carrocinhas de CD,

de DVD e de outros tipos de comércio existentes na praça. Recentemente, o local funcionou como palco para a Roda de Samba, projeto que movimentou ainda mais o Morro, com turistas, moradores de outras localidades e músicos convidados renomados da cultura do samba.

Opção de bares é o que não falta no Morro. Em todos eles, a cerveja é gelada e o tira gosto é o que existe de mais tradicional na cozinha pernambucana: arrumadinho de charque ou carne de sol, queijo coalho, sarapatel com farinha, etc. Uma parada obrigatória é o Bar da Geralda. Aqui, o visitante irá saborear a popular galinha de cabidela, principal prato da casa.

Nessa comunidade conhecida pela pluralidade dos seus talentos, uma batalha diária é travada pelos moradores contra a violência, as drogas, a prostituição e o preconcei-to de residir em morros. O Cervac (Centro de Reabilitação e Valorização da Criança) e o movimento cultural Morro Desce a Ladeira são exemplos de iniciativas com trabalhos

Aérea do Morro da Conceição mostra a alta densidade de residencias no bairro

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Bairros do Recife • Ano 248

sociais direcionados para a conquista do poder de enunciação dos seus moradores através da arte. Destacamos a atuação de dois grupos atuantes na comunidade, com trabalhos re-conhecidos em toda a cidade: as quadrilhas juninas Origem Nordestina (1994) e Junina Tradição (2004). Esses grupos reúnem um público bastante diversificado, com faixa etária que varia entre 15 e 50 anos. São mulheres, homens, crianças, adolescentes, jovens e adultos, com destaque para o gran-de número de homossexuais, que encontra na quadrilha um espaço de respeito mútuo e valorização das suas potencialidades ar-tísticas. A cada ano novos talentos são revelados e surgem coreógrafos, projetistas, figurinistas, cenógrafos, compo-sitores, marcadores, tudo o que precisava para colocar uma quadrilha junina na rua.

Outro grupo de referência para o Morro merece ser eviden-ciado: a Escola de Samba Galeria do Ritmo, fundada em 1962. Os preparativos das fantasias, adereços e alegorias para os seus 1,5 mil integrantes e os ensaios abertos rea-lizados na frente da sede da agremiação são instrumentos de geração de renda direta e indireta, envolvendo a mão de obra local, intensificando a produção cultural do Morro. Ao lado da sede da Galeria, o Clube Acadêmico (casa de shows) faz da vida noturna do bairro ainda mais agitada e intensa.

No mês de dezembro, as ladeiras, becos, casas e moradores do Morro se vestem de azul e branco para homenagear a santa mais popular do Recife: Nossa Senhora da Concei-ção. Nesse período do ano, principalmente no dia 8, o Morro aglutina no mesmo espaço milhares de pessoas com diferentes formas de crer e celebrar publicamente. Uma verdadeira manifestação de fé em que as devoções são in-tensamente vividas e traduzidas num profundo sentimento de apropriação e participação popular.

A devoção à Nossa Senhora da Conceição é manifestada em diversas expressões de riso e de choro. Durante as come-

morações, destacam-se os pagadores de promessas: pessoas de todas as idades, vestidas com as cores da santa, sobem as escadarias ou ladeiras de variadas formas (descalços, de costas, de joelhos, rastejando), levando até a imagem jarros com flores, ex-votos, presentes, velas e muitas orações.

Para os seguidores do candomblé, a celebração também se encontra inserida na programação festiva para Iemanjá. Após a passagem pelo Morro, o próximo passo é a entrega do barco ornado com flores, presentes e outros presentes e pedidos de bênçãos e agradecimentos à rainha do Mar. “Odô ia Iemanjá!”, gritam os devotos reverenciando o ori-xá. O sagrado e o profano vivem em constante ressignifica-ção. Paralelo às missas e orações, as barracas com comidas e bebidas, os parques de diversão, os vendedores ambulan-tes e as apresentações culturais dinamizam o cenário da festa, ampliado todos os anos.

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Junina Tradição e Origem Nordestina (abaixo) realizam belo trabalho de resgate cultural

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49Causos, história e manifestações culturais

As ruas do bairro preservam o verde e a calma das áreas rurais

Sítio dos Pintos

“Isso aqui é uma maravilha! Acordo com os passarinhos”, garante, entusiasmado, o zelador Severino Nunes, 69 anos. Há uma década ele mora e trabalha em Sítio dos Pintos, bairro recifense que talvez se enquadrasse melhor como área rural, tamanha a presença de vegeta-ção, estradinhas estreitas e terrenos sem construções.

A paisagem chega a ser bucólica em alguns momentos. Pequenos bosques, árvores, barulhi-nhos de pássaros e outros pequenos animais; galinhas, vacas e cabras passando às margens da rua. Há quem afirme também que a água que brota fácil na região é mineral. Um ambien-te reforçado pelo nome de algumas vias, como a Rua do Afeto. Este isolamento campal tem atraído, inclusive, famílias abastadas que erguem casarões para fugir do estresse recifense. No entanto, a sensação de vida no campo é entrecortada pelos aglomerados de casebres e pequenos comércios populares (principalmente à beira da estrada).

Misturas sociais à parte, Sítio dos Pintos abriga pontos interessantes entre suas matas. Um deles é uma das muitas unidades pernambucanas do Vale do Amanhecer, templo espiritua-lista cristão que atrai centenas de pessoas semanalmente, em busca de amparo espiritual e da água especial servida no local. Em uma ampla estrutura com ambientes diversos e colo-ridos para receber os visitantes, o santuário e seus adeptos prestam seus serviços gratuita-mente e são conhecidos por todos no bairro.

Confundido geralmente com uma comunidade do bairro de Dois Irmãos – que tem área três vezes maior e cerca o “irmão menor” –, Sítio dos Pintos também faz divisa com o município de Camaragibe. O posicionamento geográfico talvez reserve alguma prosperidade para o “sí-tio”, que fica muito próximo a São Lourenço da Mata, onde está sendo construída a Cidade da Copa, principal investimento em Pernambuco para o Copa de 2014.

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180Área Territorial (Hectare)

2.132Domicílios (nº)

7.276 habitantesPopulação Residente

91,5Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

44,59 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,4Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.841,34Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

40,49Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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Bairros do Recife • Ano 250

RPA 4 Oeste

Ilha do RetiroMadalenaPradoZumbiTorreCordeiroTorrõesEngenho do MeioCidade UniversitáriaIputingaCaxangáVárzea

596061626364656667686970

70

69

5961

626766

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Causos, história e manifestações culturais 51

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4.213

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278.947 habitantes (18,14% do total)

86.566

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R$ 1.404,00

Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Área Territorial (Hectare)

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare):

População Residente

Domicílios (nº)

DadosGerais

Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Bairros do Recife • Ano 252

Cabeça de Touro reúne centemas de foliões nas prévias

do Carnaval

Engenho do Meio

Entre dois moinhos, havia um engenho que acabou por atrair um povoado em seu entorno. Se pudéssemos resumir a história do bairro Engenho do Meio em uma linha, seria assim. Mas há séculos entre o início e o que a área é hoje. Neste intervalo, muitas referências foram construídas na comunidade.

O engenho em questão já pertenceu ao holandês de origem judaica Jacob Stachouver. No século 17, foi comprado por João Fernandes Vieira, personagem marcante da história pernambucana e que, à época, aumentou suas posses comprando várias terras na região. O povoado se manteve e cresceu em paralelo aos bairros com os quais tem limite: Torrões, Curado, Cidade Universitária, Cordeiro e Iputinga.

Com renda média per capita pouco maior do que um salário mínimo, atualmente o bairro mescla áreas residenciais, principalmente com casas, e comerciais, com ampla variedade na oferta de produtos e serviços. O desenvolvimento imobiliário já fincou prédios na área, mas eles ainda não são maioria. “Aqui tem pizzaria, farmácia, armazém. Tem tudo. Na época do meu pai não tinha nada. Tudo era na Iputinga”, comenta a professora Marinalva Ramos Ca-valcanti, 58 anos, que insiste em colocar a cadeira na calçada à noite para conversar com os vizinhos – mesmo alertada por amigos que o bairro não é mais tão sossegado como antiga-mente. Entre as referências comerciais do bairro, a principal é o mercado. Ou a estrutura que lembra um mercado. Com alguns poucos boxes, sem muros, sem limpeza adequada e com desordem de ambulantes, se mostra improvisado e carente de atenção do poder público.

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87Área Territorial (Hectare)

3.053Domicílios (nº)

10.211 habitantesPopulação Residente

96,1Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

46,09 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.594,45Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

117,54Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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53Causos, história e manifestações culturais

Outro ponto movimentado de Engenho do Meio é a Praça Dr. Arnaldo Assunção, que também sofre com descaso e com sujeira. Mas os moradores estão, de certa forma, mais aliviados porque, até pouco tempo atrás, era o matagal que estava no lugar dos brinquedos e da parte de asfalto que se propõe a ser pista de cooper (apesar do descuido com a manutenção). É nessa estrutura também que costumam ser promovidos eventos comunitários. A praça fica na principal via do bairro, a Rua Antônio Curado.

A comunidade também conta com a agremiação carnava-lesca “Com você no coração”, fundada em 2005 por Eleny Regis da Cruz. Inicialmente, a intenção era animar as festas da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), órgão do qual foi servidora.

O grupo carnavalesco mais antigo e mais conhecido, po-rém, é a Troça Cabeça de Touro, fundada em 1986 e um dos maiores blocos de bairro do Recife. O nome veio de um gol perdido com uma cabeçada mal dada, bem debaixo da trave que não tinha goleiro, em uma das “peladas” da Praça Dr. Arnaldo Assunção.

Além disso, Engenho do Meio tem uma curiosa convivência institucional. Um dos patrimônios do bairro é o Colégio Militar, instalado no bairro em 1996, mas fundado em 1959 – antes da atual sede, passou pelo Derby e por Casa Forte. Há dois quilômetros da escola, está um presídio, a Colônia Penal Feminina do Recife. Mais conhecida como Presídio Bom Pastor, a prisão tem cerca de 700 detentas.

Bloco com Você no Coração

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Bairros do Recife • Ano 254

Estádio do Sport Clube do Recife leva

o nome do bairro

Ilha do Retiro

Muitas Regiões Políticas Administrativas (RPA’s) da cidade têm seus contornos desco-nhecidos pelos moradores. As misturas dos bairros, as longas ruas que cortam a cidade, as avenidas que nos levam de um lado a outro do Recife, fazem-nos perder em diversos caminhos que percorremos. Tal fato pode ser percebido no bairro da Ilha do Retiro, haja vista que muitos recifenses desconhecem a existência do lugar como bairro propriamente dito, relacionando a região apenas com o nome do Estádio Adelmar da Costa Carvalho, mais conhecido como a Ilha do Retiro.

Historicamente, a referência Ilha do Retiro vem do século XIX, quando a região ainda era ilhada e servia de retiro para engorda dos bois que vinham dos arrabaldes do Bongi. Os animais ficavam no lugar até atingirem o peso ideal para serem abatidos no matadouro da cidade que, no período, funcionava no bairro da Madalena. As poucas casas do lugar eram de madeira, servindo para abrigar os trabalhadores que cuidavam do gado.

Apenas em 1937, o Sport Club do Recife iniciou a construção de seu estádio de futebol. A praça de esporte foi a primeira de Pernambuco, sendo aproveitada para a Copa de 1950, após passar por algumas reformas estruturais. Devido ao nome do bairro, o complexo esportivo do time rubro-negro ficou carinhosamente conhecido como ‘Ilha do Retiro’. Nos próximos anos a antiga Ilha ceder o lugar para a Arena Sport, mais moderna.

O Sport Club do Recife foi fundado em 13 de maio de 1905, por um grupo de jovens liderados por Guilherme de Aquino Fonseca. O clube, é considerado o mais antigo time de futebol do estado, tendo ampliado sua oferta de praticas para a natação, basquete, vôlei, remo, dentre

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54Área Territorial (Hectare)

1.124Domicílios (nº)

3.740 habitantesPopulação Residente

89,2Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

45,16 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 4.771,70Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

68,75Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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55Causos, história e manifestações culturais

outros esportes. Visitando a sala de troféus do clube, o caminhante da cidade pode visualizar as suas principais conquistas, como o Campeonato Brasileiro de 1987, o Cam-peonato Brasileiro da Série B de 1990 e a Copa do Brasil de 2008, além dos vários títulos estaduais e regionais.

No entanto, não só de futebol vive o bairro da Ilha do Re-tiro. A região é uma das mais valorizadas da cidade, sendo ocupada por edifícios empresariais e residências que estão ganhando espaço desde o início dos anos 2000. Devido a isso, o lugar tem recebido obras estruturais para viabilizar o fluxo de pessoas e veículos, como a construção do Túnel Chico Science e a ponte que liga o bairro ao complexo viário de Joana Bezerra, que será integrado à Via Mangue.

No bairro está localizada a Faculdade de Administração e a Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE). As duas instituições são referências nas áreas de atuação, formando profissionais que vêm ocupando os mais im-portantes postos de trabalho oferecidos na cidade. Ainda durante a graduação, seus estudantes complementam a formação nas melhores universidades dos continentes Americano e Europeu, aproveitando as oportunidades de intercâmbio e bolsas de estudos oferecidas pelos poderes governamentais.

Na Rua Benfica, quem percorre o bairro pode visitar os casarões da segunda metade do século XIX. Atualmente ocupados por algumas repartições públicas, escolas e um

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ação

Acima, o Estádio da Ilha do Retiro em 1950. Abaixo, o projeto para a nova Arena Sport

hospital, os imóveis estão em ótimo estado de conserva-ção, sendo um belo exemplo da arquitetura da época. Du-rante a visita, é válido um passeio pelos jardins do Centro Cultural Benfica, onde também estão localizados a Livraria Benfica e o Teatro Joaquim Cardoso.

Nas semanas que antecedem o carnaval da cidade, a Sede Social do Sport Club do Recife é tomada pela alegria e irre-verência de seus torcedores e do público que procura ale-gria. O Baile Vermelho e Preto é um dos mais tradicionais, fazendo apenas uma exigência: que seus brincantes se apresentem à folia com as cores do clube. Neste instante, os resultados da campanha nos campeonatos são esqueci-dos, interessando apenas a festa que vai até o sol raiar.

A Ilha do Retiro é um lugar que, mesmo com a seriedade dos empresariais, o alto nível social dos seus moradores, a formalidade dos seus centros universitários e a grandeza de um clube, não deixa de se render às manifestações cul-turais, como os tradicionais bailes do carnaval. Mesmo com duas cores predominantes, o “Vermelho e Preto” torna-se múltiplo quando o frevo começa, animando todos aqueles que buscam alegria independente de rivalidades.

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Centro Cultural Benfica

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Bairros do Recife • Ano 256

As dezenas de pessoas que caminham todos os dias na “Praça do Forte” não se dão conta dos fatos históricos que ocorreram ali, a 200 metros da pista de cooper onde praticam atividade física e da área de lazer onde as crianças do bairro do Cordeiro curtem sua infância. No local, estão expostas as ruínas do Forte do Novo do Arraial do Bom Jesus onde funcionou, de 1646 a 1654, o quartel general das tropas luso-brasileiras que lutaram na Insurreição Pernam-bucana, resultando na expulsão dos holandeses do estado. O que resta no lugar, além dos vestígios do forte, é a coluna solitária do que sobrou da cruz de mármore erguida em 1872 pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco em reconhecimento à importância patriótica do local. O monumento é conhecido até hoje como Cruzeiro do Forte.

O espaço público onde sobrevive parte da história de Pernambuco fica situado na Estrada do Forte do Arraial Novo do Bom Jesus, a Avenida do Forte, que recebeu talvez o maior nome de rua de nossa cidade. A praça, cujo nome oficial também faz alusão ao monumento histórico, foi revitalizada em 2003 e é um dos locais mais democráticos e populares do bairro. Nela, funciona uma das primeiras Academias da Cidade e é onde fica o famoso campo do Quinze, onde jovens e adultos jogam futebol diariamente.

O Cordeiro situa-se entre os bairros do Zumbi e da Iputinga e fica a cerca de seis quilômetros do centro da cidade. O bairro vem, aos poucos, perdendo, o clima de cidade do interior. Nas áreas mais seguras, os moradores ainda conservam o hábito de sentarem e conversarem nas calçadas. Por outro lado, a localidade vem ganhando, ao longo dos anos, novos prédios baixos, conjuntos residenciais e uma multiplicidade de serviços, como academias, estúdios,

Mercado do Cordeiro

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340Área Territorial (Hectare)

12.797Domicílios (nº)

41.164 habitantesPopulação Residente

95,3Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

47,90 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,2Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.812,73Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

121,02Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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57Causos, história e manifestações culturais

supermercados, restaurantes, lojas, escritórios e escolas, gerando opções para os moradores não precisarem se des-locar para outros logradouros da cidade.

O Mercado do Cordeiro, inaugurado em março de 1937, é um excelente local para se encontrar produtos e degustar o melhor da gastronomia regional. Em setembro de 2002, ele foi municipalizado e revitalizado, ganhando boxes padronizados e uma praça de alimentação, que funciona de segunda a sábado. O local, situado na Avenida San Martin, é conhecido por oferecer uma das melhores favas do Recife. No seu entorno ocorre, todas as sextas e sábados, uma feira livre (a Feira do Cordeiro) onde podem se encontrar desde ervas medicinais a frutas e verduras.

Em frente ao mercado fica situado o Hospital Getúlio Vargas, referência no Estado na área de ortopedia, e que realiza, mensalmente, mais de dois mil atendimentos na emergência e outros 12 mil no ambulatório. Bem próximo da unidade de saúde, na Avenida Caxangá, fica situada a Paróquia de São Sebastião do Cordeiro, fundada em março de 1935. A construção ainda conserva os traços simples e as cores branca e amarela da época.

Na Rua Gregório Júnior podemos encontrar duas outras referências do bairro: a Amendolândia, uma loja especia-lizada na venda de amendoins e castanhas que ditou ten-dência no local, e a Sala de Reboco, especializada em forró, com música ao vivo de quinta a sábado. A Amendolândia funciona a mais de meio século e é referência na venda de balas e doces, além de artigos para festas, e hoje tem outras concorrentes semelhantes nas proximidades. Já a Sala de Reboco foi fundada em 1999 e continua atraindo sema-nalmente centenas de amantes do autêntico forró pé-de-serra nordestino que já foi executado, no local, por artistas consagrados como Dominguinhos, Amelinha, Arlindo dos 8 baixos, Maciel Melo, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho,

Nando Cordel, Genival Lacerda, Alcymar Monteiro, Flávio José, Santanna, entre outros.

O bairro também abriga o Parque de Exposições de Animais, cujo nome oficial é Parque Professor Antônio Coelho. O local sedia anualmente eventos ligados ao agronegócio e exposição de gado e abriga um centro de serviços, o Expresso Cidadão, além de um casarão onde fica situada a sede da Secretaria de Agricultura do estado.

Nas décadas de 1940 e 1950, os moradores desfrutavam de dois cinemas de bairro, comuns na época. Ambos estavam situados na Avenida Caxangá: o Cine Cordeiro (1940), com espaço para 465 espectadores, funcionava onde hoje fica situada uma loja da Shineray; e o Cine Brasil, com 896 luga-res, em prédio onde hoje funciona a Delidoces.

No Cordeiro também nasceram grupos que são referência na cultura pernambucana, como a escola de samba Sam-bistas do Cordeiro, o afoxé Omim Sabá, a Quadrilha Junina Arraialzinho do Cordeiro – a mais antiga em funcionamento no Recife -, o pastoril Menino Jesus da Vovó Bibia, os TCM Camisa Velha e Bacalhau em Folia e a banda de reggae Raí-zes do Bem. Já o Bloco da Saudade, agremiação tradicional que foi inspirada numa canção de Edgard Morais composta em 1962, foi criada em 1974 e seu primeiro desfile aconte-ceu naquele ano pelas ruas do bairro do Cordeiro, trazendo de volta ao carnaval do Recife e Olinda a tradição dos blocos de pau e corda, que perdura até os dias de hoje.

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Quadrilha Junina Arraialzinho do Cordeiro

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Bairros do Recife • Ano 258

Corredor leste-oeste que está em

implantação

Iputinga

A Avenida Caxangá está passando por uma grande transformação. A maior avenida em linha reta do Brasil (6,2km) está sendo reestruturada para receber o novo corredor Leste-Oeste, que vai priorizar e melhorar a qualidade do transporte coletivo na região. A mudança vem modificando a paisagem de vários bairros que são cortados pela avenida, entre eles o da Iputinga.

A localidade nasceu de terras ocupadas por engenhos que deram origem a bairros recifenses como a Várzea, o Engenho do Meio e o Cordeiro. Dos sobrados da época de ouro do açúcar ainda restam algumas ruínas, como o Casarão do Engenho Barbalho, ou sobrado do Cor-deiro, como também é conhecido. A construção do século XIX, tombada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), tem uma arquitetura sóbria, com características neoclássicas. Sua fachada possui escadarias que levam a um terraço com arcos no primeiro pavimento. Este funcionava como moradia com salas, quartos e outras dependências. O térreo destinava-se às instalações de serviços e abrigos de animais. Desde 1995, o casarão abriga a escola municipal Casarão do Barbalho.

No início, a Iputinga era chamada de Ipueira, palavra de origem Tupi que significa terreno sujeito a constantes alagamentos. Por ficar situado às margens do Rio Capibaribe, o bairro quase foi destruído em 1975 na cheia que atingiu a cidade, provocando a saída de muitos moradores. Depois disso, a calma e o silêncio da região voltou a atrair escultores, pinto-res, cantores líricos e poetas, transformando a localidade no “bairro dos artistas”, como é conhecido. Isso só foi possível porque nomes como Val Bonfim, Corbiniano Lins, Marcílio

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434Área Territorial (Hectare)

16.294Domicílios (nº)

52.200 habitantesPopulação Residente

93,3Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

51,78 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,2Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.045,08Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

120,22Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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59Causos, história e manifestações culturais

Renaux, Lenira Regueira, Waldimir Maia Leite, entre outros, reuniram-se na Sociedade Cultural Iputinga Bairro dos Artistas (SCIBA). Vários já expuseram seus trabalhos no canteiro central da Avenida Caxangá, na altura da entrada na área conhecida como “Monsenhor Fabrício”. As esculturas foram retiradas e entregues à SCIBA. Elas devem ser recolocadas no lugar após o fim da reestruturação da via. Entre as obras estão o “Mo-numento ao Talento”, escultura com três metros de altura feita por Corbiniano em homenagem ao bairro e seus artistas.

Na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, situada na Rua Virgínio Marques, existem 14 quadros do pintor Queralt Pratt que retratam a Via Sacra. Um quadro de Nossa Senhora da Conceição ladeada por dois anjos decora o altar da construção, projetada em 1952 pelo arquiteto Augusto Reynaldo, um dos responsáveis por consolidar a arquitetura moderna no Recife.

A Iputinga sempre respirou cultura. Nos anos 1950, a localidade tinha um cinema de bairro, o Cine Iputinga. Com capacidade para 340 espectadores, ele ficava na Avenida Caxangá, próximo ao Cartório de Registro Civil. Hoje, o bairro conta com o Espaço Cultural da Moeda, onde há um impressionante acervo de moedas e cédulas colecionado pelo seu fundador, Antônio Leite, falecido em 2009. Desde os sete anos de idade, ele tinha como hobby guardar moe-das. O local expõe objetos revestidos de moedas e cédulas como jarros, garrafas e uma balança. Há curiosidades como um painel com as 30 moedas que compraram Jesus Cristo e uma réplica do cofre do navio Titanic.

Outro espaço inusitado da Iputinga é Bosque Ebenézer, propriedade particular pertencente à família Gueiros, que há pouco tempo começou a ser aberto para visitas agen-

dadas. Entre cerca de mil árvores de 70 espécies – baobás, jambeiros, sapotizeiros, mamoeiros e palmeiras – é possível apreciar as 60 esculturas de material reciclável do arquiteto Marcílio Renaux. Logo na entrada, os visitantes se deparam com reproduções em ferro de Dom Quixote e Sancho Pança, personagens do romancista Miguel de Cervantes (1547-1616). Também é possível conferir um dinossauro com 19 metros de comprimento e até uma família andando de bici-cleta, entre outras cenas do cotidiano. Cada visitante tam-bém pode plantar uma muda no local, contribuindo para a manutenção da área verde, uma das poucas do bairro.

O bosque fica na Avenida Maurício de Nassau, paralela à Avenida Caxangá, que também cruza o bairro. A abertura da via, em 2004, distribuiu a circulação dos veículos e movimentou a parte mais escondida da localidade. A vizi-nhança ganhou os conjuntos habitacionais Abençoada por

Casarão do Engenho Barbalho é uma construção do século XIX, tombada pela Fundação do Patrimônio

Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe)

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Igreja da Iputinga

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Bairros do Recife • Ano 260

Deus (2008) e Dom Hélder Câmara (2009), ocupados por antigos moradores das margens do Capibaribe, no bairro da Torre. Nos próximos anos, o bairro ganhará outros sete novos habitacionais. Um deles - o Habitacional Casarão do Barbalho - que já está em andamento.

A Iputinga também conta com o Hospital Barão de Lu-cena (HBL), inaugurado em janeiro de 1958, pelo então Presidente da República Jucelino Kubitschek. A unidade é referência estadual em atendimento materno-infantil de alta complexidade.

Os moradores do bairro esperam ansiosamente a conclusão de duas obras que devem melhorar a qualidade de vida da população: a requalificação do Parque do Caiara – que faz parte do programa Capibaribe Melhor – e a construção da Refinaria Multicultural, cuja primeira etapa foi concluída há cerca de cinco anos. A obra no parque, que tem área total de 40 mil m², deve ser finalizada ainda no primeiro se-mestre deste ano. A expectativa é que ele se torne um polo esportivo da cidade. No local funcionará um Centro de Trei-

namento com dois campos de futebol, pistas de atletismo com padrão internacional, skate e quadras poliesportivas. O local também contará com estacionamento, bicicletário, quiosques para alimentação, banheiros, pista de corrida e parquinho.

Já no local onde deveriam estar sendo realizadas as atividades profissionalizantes e de ensino na área cultural da refinaria, o que se vê é apenas o esqueleto do prédio. Segundo a Empresa de Urbanização do Recife (URB), os projetos complementares que irão definir as readequações necessárias da Refinaria Multicultural tiveram sua licitação concluída e aguardam ordem de serviço. Após essa etapa, serão definidos os prazos para a continuidade das obras.

Até o fim deste ano, a Iputinga também deve ganhar uma ponte com 280 metros de extensão e duas faixas, que vai ligá-la ao bairro do Monteiro, integrando e melhorando a mobilidade entre os bairros vizinhos separados pelo rio Capibaribe.

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Projeto do futuro Parque do Caiara

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61Causos, história e manifestações culturais

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Bairros do Recife • Ano 262

RPA 5 Sudoeste

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Jardim São PauloSanchoTotóCoqueiralTejipióBarroAreiasCaçote

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Causos, história e manifestações culturais 63

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2.997

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263.778 habitantes (17,15% do total)

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Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

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Área Territorial (Hectare)

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare):

População Residente

Domicílios (nº)

DadosGerais

Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Bairros do Recife • Ano 264

Bloco Carnavalesco de Pau e Corda Flor

da Lira mantém sua sede no bairro

Mangueira

Quem chega ao bairro da Mangueira e vem pela estação do Metrô, no vai e vem de um sábado, será acompanhado por diversos trabalhadores, donas de casa que regressam da feira livre de Afogados ou dos estudantes que cumprem mais um dia de estudo. No ar, um cheiro de pipoca que vem da fábrica de Afogados, fazendo nossa imaginação se transportar até uma infância não muito distante. Essa é a atmosfera em um final de tarde no bairro, que conserva a simplicidade dos lugares que se “revelam ao desconhecido”.

Ao caminhar pelas ruas, facilmente será percebido que o lugar é de pessoas simples, daque-les que as senhoras varrem as calçadas nos finais da tarde, das crianças que vão buscar mer-cadorias na mercearia do “seu” Manoel para terminar o almoço do domingo, das conversas na porta de casa e das brincadeiras que acompanharam nossa infância.

As manifestações culturais são destaque no bairro que rendeu homenagem a uma das frutas mais conhecidas das terras recifenses. Entre as ruas da Mangueira, o caminhante pode visitar a sede do Bloco Carnavalesco de Pau e Corda Flor da Lira, que desde 1920, quan-do nasceu no bairro de Santo Amaro, anima o seu público com bailes periódicos. Com as marchas Lira Querida, Só depois da Quarta-feira, Tributo a Luiz Faustino, entre tantos outros sucessos, a agremiação já conquistou diversos campeonatos durante o Reinado de Momo em Pernambuco.

Suas apresentações são um momento de encanto e magia, com as vozes femininas acompa-nhando o ritmo que vem dos instrumentos de pau e corda. O frevo cantado anima os foliões,

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31Área Territorial (Hectare)

2.582Domicílios (nº)

8.480 habitantesPopulação Residente

91,2Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

52,50 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.161,71Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

269,45Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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65Causos, história e manifestações culturais

relembrando os carnavais de outrora, fazendo uma viagem no tempo, com crianças vestidas de palhaços e as meninas de melindrosas.

Se o assunto é carnaval, o bairro da Mangueira oferece diversas opções para vestirmos a fantasia e cairmos na avenida em um frevo rasgado, ao som do samba ou do ritmo contagiante dos caboclinhos. Para isso, seguimos para as instalações do Clube Carnavalesco Misto Pavão Misterioso, Escola de Samba Unidos da Mangueira, Tribo de Cabocli-nhos Tupi ou na Troça Carnavalesca Mista Domadores da Mangueira.

É deste modo que o bairro movimenta suas ruas em dias festivos, com uma contagiante movimentação de persona-gens que formam a paisagem cultural e social do lugar. As imagens, as cores e os cheiros se modificam com o passar dos dias. Na segunda, a alegria dos ensaios dos caboclinhos oferece lugar a seriedade dos traba-lhadores apressados e dos jovens que seguem para as diversas escolas do bairro. No entanto, no movimento da estação de metrô ou do terminal de ônibus, nos chamados “dias úteis”, já se organizam os dias de alegria na comunidade.

Para o visitante que chega ao bairro no domingo logo percebe a pressa dos jogadores de futebol de final de semana. A partir das nove horas da manhã, é o dia de se conferir, o campeonato amador nos bairros vizinhos. O principal destaque do entorno da Manguei-ra fica com o Clube Ferroviário, denominação que veio da influên-cia dos serviços ferroviários que passam pela Mangueira e Ipiran-ga. Durante a década de 1990, o clube foi um dos principais “fornecedores” de promessas do futebol para as grandes equipes da capital, sendo a esperança de muitas crianças que sonhavam com o futuro no esporte.

Os finais de semana também são animados por shows de bandas de brega, pagode e samba, com apresentações de grupos e artistas do bairro. Para os que preferem o som ele-trônico, podem conferir as atrações do Ponto G, uma boate GLS que atrai clientes de várias localidades do Recife.

Após conhecermos os encantos do bairro, não poderíamos nos despedir sem provar o “cachorro quente do sinal”, localizado no cruzamento da avenida que leva até o bairro da Mustardinha. Lugar de grande movimento todos os dias da semana, recebe pessoas que vêm de outras localidades e que são atendidas por funcionários que já sabem qual será o novo pedido. O local é um importante espaço de sociabili-dade, que reúne crianças, jovens, adultos e casais de namo-rados em um dos lugares mais procurados do bairro.

O jogo de futebol no final de semana pode ser visto em vários campinhos de terra no bairro e vizinhançaW

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Durante o Carnaval o ritmo contagiante dos caboclinhos invadem as ruas do bairro.

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Bairros do Recife • Ano 266

No São João, a Dona Matuta é o orgulho do bairro

San Martin

Bairro pacato, onde ainda é possível escutar latidos de cães nos quintais, encontrar rapazes com passarinhos engaiolados passeando pelas primeiras horas do dia e ver senhoras varren-do as folhas que a brisa da madrugada espalhou pela calçada. Na rica variedade da vida co-tidiana, outros personagens entram em cena iluminados pelas luzes dos olofotes: sapateiro, borracheiro, açougueiro, padeiro, vendedor de estrumo, de munguzá, de milho e o tradicio-nal soldador de panelas que, em outras épocas, trocava alumínios por algodão doce.

A cena dos aposentados, do passador de bicho e dos taxistas jogando dominó ou concen-trados diante de um tabuleiro de dama, divertindo-se à espera de um passageiro ou da pas-sagem mais rápida do tempo, merece uma fotografia na Praça do Giradouro. Este é o ponto onde se encontram todos os caminhos que levam até o bairro: Avenida Caxangá, Abdias de Carvalho (sentido norte); Av. 21 de Abril (sentido leste/oeste) e Avenida Recife/Perimetral (sentido sul). A Praça do Giradouro é um dos “points” mais badalados do final de semana. É aqui, onde encontramos o popular Bar do Buxexa. Espetinho, pastel e muita cerveja são os principais pedidos da noite. Quem preferir algo mais “light”, a melhor sugestão é a tigela de açaí, numa das barraquinhas do Guaraná do Amazonas.

A efervescência do comércio nesse ponto de San Martin distancia-se dos tempos dos vastos matagais e córregos, que ladeavam o único caminho de terra que levava os moradores até a Caxangá. As casas antigas dos moradores privilegiados que moravam na avenida principal do bairro (Av. General San Martin) aos poucos foram desaparecendo, perdendo espaço para as atividades do comércio.

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203Área Territorial (Hectare)

7.656Domicílios (nº)

25.414 habitantesPopulação Residente

94,6Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

43,74 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.080,85Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

125,44Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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67Causos, história e manifestações culturais

Seguindo em direção ao quartel da Cavalaria, chegamos à Praça de Eventos Noel Rodrigues, principal ponto de concentração dos moradores nas ocasiões festivas. É na fei-rinha, como o lugar é popularmente conhecido pelos mais velhos, que funciona a Academia da Cidade e a Sulanca. No mês de junho, a praça ganha a estrutura de um enorme Palhoção, onde acontece as eliminatórias do Festival de Quadrilhas Juninas promovido pela Prefeitura do Recife. Em setembro, é a vez das bandas e fanfarras se apresen-tarem para os moradores, num desfile emocionante e de apologia à pátria.

San Martin também é um bairro onde as expressões cultu-rais possibilitam mudanças nas vidas de muitos jovens. A Quadrilha Junina Dona Matuta (2006) é um bom exemplo para citar. É fato a relação de identidade que se estabe-lece entre o bairro e a quadrilha. Os ensaios nas ruas e na praça e os encontros semanais na casa do marcador (Rua Pedro Melo) são uma marca das noites dos finais de semana em San Martin, entre os meses de dezembro a junho. Na residência/sede do grupo, respira-se e vive-se São João o ano inteiro. Dança, teatro, música, costura, bordado, maquiagem e cabelo são artes cotidianamente fei-tas, num clima festivo que atravessa as madrugadas. Outras manifestações da cultura popular também fazem parte da história do bairro, a exemplo da Esco-la de Samba Sambacana, do Urso Aranha e da Troça As Catraias de San Martin.

Mas nem só de folia vive o bairro. A devoção também se faz presente no cotidia-no dos moradores. Centro Espírita, terreiros de Umbanda e Xangô, igrejas católicas, Batista, Pres-biteriana, entre outras

religiões neopetencostais estão presentes na comunidade, dando sentido à vida dos fieis. O mês de maio é marcado pelas festividades em homenagem a padroeira da comu-nidade Nossa Senhora de Fátima. Na praça principal da igreja, as gambiarras e barraquinhas do entorno animam as festividades que têm início no dia primeiro e se estendem até o dia 13. Outra procissão já esperada pelos moradores é a realizada em homenagem a São Sebastião. O santo é o padroeiro de uma das escolas particulares mais tradicionais da comunidade e arrasta muitos devotos, vestidos de ver-melho (a cor que representa o santo) e com velas nas mãos, nas noites do dia 20 de janeiro.

Fica, então, a dica após a leitura dessas páginas: descobrir você mesmo, a vida cultural e cotidiana de San Martin, se possível na presença de um morador, que o ajudará contando histórias, apresentando outros personagens e impregnando de sentidos espaços, onde talvez, a concre-tude de sua arquitetura não traduza a riqueza guardada na sua invisibilidade.

A Igreja de Nossa Senhora de Fátima é referência no bairro

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Bairros do Recife • Ano 268

O prédio da Escola Rural Alberto Torres

é tombado pelo patrimônio de Pernambuco.

Tejipió

A vizinhança sem alvoroços às margens do Rio Tejipió já observa o avanço imobiliário dos prédios residenciais que estão sendo construídos no bairro. Mas a presença deles ainda não foi capaz de alterar substancialmente a paisagem de casas e de vegetação abundante que predomina na área. Localizado à margem esquerda do rio homônimo, o bairro do Tejipió faz parte de um grupo histórico em que as raízes estão no século XVII. Já o nome que batiza rio e bairro é ainda mais antigo, uma herança indígena. De acordo com linguistas, o nome Tejipió provém de uma alteração da palavra tupi tejupió, uma corruptela de teyu’piog, que significa raiz de teju, uma planta que existia em abundância naquelas terras.

A paróquia de Nossa Senhora do Rosário é referência no bairro. Embora construída há menos de um século e com arquitetura mais moderna do que a maior parte dos templos católicos recifenses, a igreja de Teijipió é a evolução de uma capela construída em meados do século XVIII, sob as ruínas da casa de João Fernandes Vieira. Essa conhecida figura da história per-nambucana adquiriu, em 1645, toda a grande fazenda que englobava um engenho de açúcar, ponto de atração dos primeiros moradores das redondezas. Foi nesse ano também que tropas baianas se instalaram na cercania, para fortalecer a Batalha do Monte das Tabocas (onde hoje fica o município de Vitória de Santo Antão), decisiva para a expulsão dos holandeses.

Os anos e as guerras passaram e somente em 1819 foi construída uma estrada para Tejipió. Atualmente, uma das avenidas mais importantes do bairro é a Dr. José Rufino, cujo nome homenageia o ex-governador pernambucano José Rufino Bezerra Cavalcanti, que morreu enquanto comandava o Estado em 1922. Nela, fica outra referência da região: a Escola Ru-ral Alberto Torres, bem material tombado pelo Patrimônio do Estado. Erguida em meados dos anos 1930, a edificação é inspirada na corrente racionalista do movimento moderno.

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93Área Territorial (Hectare)

2.682Domicílios (nº)

8.918 habitantesPopulação Residente

96,3Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

40,99 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.118,10Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

94,63Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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69Causos, história e manifestações culturais

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Bairros do Recife • Ano 270

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Causos, história e manifestações culturais 71

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3.892

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382.650 habitantes (24,88% do total)

120.484

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Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

Área Territorial (Hectare)

Densidade Demográfica (Habitante/Hectare):

População Residente

Domicílios (nº)

DadosGerais

Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Bairros do Recife • Ano 272

Maracatu Nação Erê, do Centro de

Educação Popular Mailde Araújo

(CEPOMA), tem forte atuação no bairro

Brasília Teimosa

A dica para o visitante que chega à Brasília Teimosa é desfrutá-la nas manhãs de sol forte e voltar à noite para apreciar o reflexo prateado da lua no mar. Aqui, o encontro entre a culi-nária de peixes e crustáceos mistura-se com as histórias fantasiosas dos pescadores. Uma visão romântica diante da trajetória dessa comunidade fortemente marcada pela resistência de seu povo e embates políticos.

Localizada entre os bairros do Pina, Boa Viagem e uma área do Porto, Nova Brasília (como era conhecida no início, em alusão à capital nacional recém inaugurada), nasce das astúcias e do desejo desenfreado de famílias pobres em ter o seu próprio teto. Pescadores, pedreiros, biscateiros, costureiras, lavadeiras, carregadores de frete, entre outros trabalhadores não menos dignos de uma moradia decente protagonizaram histórias de invasão, desapropria-ção, incêndios misteriosos, prisões e mortes.

Um cenário onde as relações de poder se mostram explicitamente desde o início do século XX, quando os primeiros moradores começaram a chegar à região. As negociações nas asso-ciações do bairro e as propostas de urbanização foram intensificadas nas décadas de 1970 e 1980, desenvolvendo ações de retirada das palafitas existentes na beira mar e o desloca-mento das famílias para as vilas populares construídas. Apenas em 2004, as últimas famílias residentes naquela área foram removidas para um habitacional no bairro do Cordeiro.

Meninos vendendo picolé na praia, ou melhor, flau, na linguagem da comunidade; outros jogando bola, empinando papagaio, brincando de garrafão, de pião, de queimado. “Bons tempos que não voltam mais!”, lamentam os moradores antigos do bairro. Hoje, a especula-ção imobiliária é a principal concorrente dos bares, padarias, mercado de peixe, depósitos de bebida e outros serviços existentes no comércio local.

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61Área Territorial (Hectare)

5.464Domicílios (nº)

18.334 habitantesPopulação Residente

91,8Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

49,57 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,4Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.220,81Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

302,81Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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73Causos, história e manifestações culturais

Quando o assunto é diversão, o Buraco da Véia é uma das melhores opções para os que gostam da praia. Domingos e feriados é um verdadeiro desfile de cores e tipos populares. Aqui, caldinho de feijão, de caldeirada, sururu e ostra é o que não falta. Não importa a combinação do biquine ou sunga, muito menos a exuberância dos corpos sarados. O que de fato vale é a alegria, e entregar-se ao prazer de uma boa conversa entre amigos e muitas gargalhadas. Para os que querem degustar um bom prato de camarão ao alho e óleo, filé de agulha bem sequinho ou então se deliciar com uma panelada de siri-mole, pescado nas primeiras horas do dia, o Bar Biruta é o mais indicado. Já o Bar do Cabo é uma espécie de embaixada de Brasília Teimosa. O prato da casa é o cama-rão frito na cerveja, crocante por fora, tenro por dentro.

O universo marítimo extrapola os cheiros e sabores que saem das cozinhas das casas e dos bares e ganha os nomes das ruas da comunidade. Vários lugares são batizados por personagens da fauna marinha, encontrando, assim, ruas denominadas: Salmão, Atum, Golfinho, Delfim, Estrela do Mar, entre outros. Até mesmo o santo padroeiro do bairro é comemorado com uma procissão que tem início nas vias da comunidade, mas a culminância se dá em alto mar, onde acontece a tradicional benção dos anzóis. A festa em homenagem a São Pedro (protetor dos pescadores) há mais de meio século é realizada no dia 29 de junho, na Colônia Z-1, em meio a cânticos, rezas e muitos louvores ao santo responsável por garantir pesca abundante o ano inteiro e, consequentemente, a sustentabilidade de muitas famílias.

Já que o assunto é festa, a teimosia dessa gente também se traduz por meio da arte. Dança, música, teatro, capoeira, independente da linguagem artística, o que mais importa é a capacidade de se expressar, de protestar, de reverenciar e de vivenciar culturas diferentes. Não muito diferente de

outras localidades do país, onde as drogas, o alcoolismo e a prostituição são diariamente combatidos por meio de atividades artísticas, em Brasília Teimosa as crianças e jovens têm a possibilidade de desenvolver seus talentos em vários projetos sociais. Como exemplo, podemos citar os trabalhos desenvolvidos na sede do Balé Deveras, fundado em 1980, com o propósito de utilizar a dança como um instrumento de inclusão social. Desde a sua criação, vários espetáculos de dança foram montados com jovens da comunidade praieira.

Dentro do universo do ciclo junino, a quadrilha junina Xique Xique no Remelexe é referência para a comunidade. Formada por amigos, familiares e vizinhos; crianças, jovens e adultos, os quais encontravam na arte de dançar quadri-lha os caminhos necessários para o nascimento de novos talentos, resultando numa geração de artistas protago-nistas de espetáculos juninos reconhecidos pela crítica. Como semente desse celeiro de criatividade, registramos, entre outros nomes, os de Wilson Lapa e Fábio Andrade, este, atual presidente da quadrilha junina Lumiar, também de Brasília Teimosa e campeã de importantes títulos em campeonatos estaduais e nacionais. Ainda na comunidade, as Nações de Maracatu Filhos de Olorum, Estrela do Mar e Nação Erê do CEPOMA e o Grupo de Capoeira Malé são exemplos de expressões culturais que reforçam a identida-de guerreira da popular “Brasília.”

O bairro está localizado próximo de muitos atrativos turísti-cos: Parque de Esculturas Francisco Brennand, restaurante Casa de Banho, Galeria Joana D’Arc, Teatro Barreto Junior, Igreja Nossa Senhora do Rosário (Pina), Convento de São Félix Cantalice (onde se encontra os restos mortais do capuchinho Frei Damião e um espaço de romaria).

Brasília Teimosa fica localizado próximo de muitos atrativos turísticos da cidade.

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Bairros do Recife • Ano 274

Um dos bairros mais populosos do Recife,

o Ibura possui uma diversidade de

grupos esportivos e artístico.

Ibura

O bairro do Ibura é um dos mais populosos da Cidade do Recife, dividindo-se em Ibura de Baixo, que vai da Avenida Recife até o final da Avenida Dois Rios, e o Ibura de Cima, onde estão localizadas as Unidades Residenciais (UR’s), os bairros de Lagoa Encantada, Zumbi do Pacheco, Monte Verde, Dois, Três e Alto Dois Carneiros. Devido a sua extensão territorial, o bairro se divide entre Recife e Jaboatão dos Guararapes. A nomenclatura de Ibura é uma corruptela indígena que quer dizer “fonte de água” (y: água / bura: que brota, que arreben-ta, borbulha).

A ocupação da região acompanhou o crescimento populacional da cidade recifense. Com a chegada de famílias ao local, as terras do Engenho Ibura passaram a ser ocupadas por volta do final da década de 1930 e início de 1940. Neste mesmo período, foi construído na região um campo de pouso, que trouxe maior visibilidade para o local. Devido o tráfego aéreo e co-mercial, a povoação da região acompanhava o movimento do futuro Aeroporto Internacional dos Guararapes – Gilberto Freyre, um dos principais das Regiões Norte e Nordeste.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), soldados americanos deram dinamismo à região, construindo vilas e favorecendo a formação de um comércio de bens e prestação de serviços. Atualmente a Avenida Dois Rios se destaca com um dos principais centros comerciais do bairro, com atividades nas diversas áreas dos negócios, facilitando a vida dos moradores no sentido de não precisarem se deslocar até o centro da cidade para aquisição de produtos e contratação de serviços.

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1.019Área Territorial (Hectare)

15.078Domicílios (nº)

50.617 habitantesPopulação Residente

91,6Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

43,72 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,4Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 1.180,16Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

49,69Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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75Causos, história e manifestações culturais

Para o visitante do bairro, um dos destaques aos seus olhos no Ibura de Baixo são as ruas com nomes de rio. Rio da Prata, Rio Pardo, Rio D’ouro, Rio Nilo, atual Fernando Tomaz da Silva (antigo morador do bairro), Rio Moxo-tó, Rio Una e tantas outras, formam o conjunto de vias movimentadas do Bairro. Na Rua Fernando Tomaz da Silva o caminhante encontra a sede do Flamengo Futebol Clube, que aos domingos proporcionava momentos de diversão com os campeonatos de bairro. Seu maior rival, o Elite Futebol Clube, localizado na Rua Rio Novo Sul, coleciona vários títulos em seu histórico.

Atualmente sem um local apropriado para as competições, os clubes se mantêm do aluguel de suas sedes para as fes-tividades da comunidade. No entanto, ainda percebemos a existência de torcedores fiéis as cores dos dois times, que diariamente estão presente nas atividades ainda desenvol-vidas pelos grupos que se reúnem nas sedes.

O Clube do SESI se destaca nas atividades educacionais e de lazer. Suas piscinas, quadras e campos de futebol atraem os jovens nos finais de semana, afastando-os das ruas e do ócio. No espaço também são oferecidos cursos de formação profissional e o ensino médio da educação básica.

O bairro também é fortemente marcado por seus atrativos culturais. Entre os destaques estão o Boi de Mainha, Grupo Artístico e Cultural Boi Ta Ta, Urso Papangu, Urso Língua de Ouro, Troça Carna-valesca Mista Manhoso, Clube Carnavalesco Misto Maracangalha, Clube Carnavalesco Misto Pavão Misterioso, Quadrilha Junina Matutinho Dançante, Quadrilha Junina Pelo Avesso na Roça e na Raça e o Maracatu Nação Leão da Campina.

Na Rua Engenho da Bondade, UR-03, encontramos a sede do afoxé Omo Nilé Ogunjá. Já na Rua Vale do Cariri, UR-05, aos visitante tem a oportunidade de assistir os ensaios do afoxé Yamin Balé Gilê. Na UR-11 ,o Hip Hop do João (JP) é representativo para a manutenção da cultura afro no Ibura.

Entre os trabalhos dos moradores do bairro, o caminhante pode ter a oportunidade de conhecer as atividades desen-volvidas por Nadja Cristina de Castro, a Mãe Nadja, Rainha do Maracatu Nação Leão da Campina. Ela coordena as diver-sas atividades que envolvem a manutenção da agremiação para que durante o carnaval o grupo possa se apresentar com mais de 300 componentes, entre eles 100 batuqueiros, a frente do seu baque o filho e Mestre Hugo Leonardo.

O grupo é associado da Rede Reação – projeto que incenti-va as práticas culturais na comunidade do Ibura. Por isso, além das atividades do Maracatu, Mãe Nadja comanda em seu barracão um maracatu formado por crianças, o Nação Vunginhos, Afoxé Yamin Balé Gilê, a Companhia de Dança Afro Leões Arte e o Espaço Muzenzê, criado para discussões sobre diversidade sexual e combate à homofobia. No mes-mo local são realizadas as oficinas de dança e percussão, as quais têm por objetivo reverter o quadro de vulnerabilidade social que afeta a comunidade.

Com os projetos aqui apresentados, aqueles que desejam descobrir os encantos do Ibura, percebem que as ativida-des desenvolvidas pelos grupos culturais do bairro estão além das festas e brincadeiras, pois têm responsabilidade social com o local em que estão inseridos, transformando a realidade social do lugar.

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Bairros do Recife • Ano 276

A Praça da Mauricéia é um dos vários

espaços públicos existentes no bairro

Ipsep

Bairro de intenso movimento devido ao comércio desenvolvido ao longo da Rua Jean Emile Favre, a Vila do IPSEP começou a ser construída durante a década de 1940, no governo de Agamenon Magalhães. Seu projeto foi destinado aos funcionários do Instituto de Previdên-cia dos Servidores do Estado de Pernambuco, colaborando para o surgimento de outras vilas em torno da região: a Vila da Sudene, a Vila Mauricéia e a Vila Maria Lúcia.

Mesmo com o movimento intenso do comércio, algumas ruas da região ainda guardam con-tornos de bairros tipicamente residenciais. Caminhando pela localidade é possível o visitante perceber espaços apenas com casas, onde as crianças se reúnem na rua para jogar futebol aos domingos. As senhoras, nos dias de domingo, caminham para mais uma missa na Paróquia de Nossa Senhora da Aparecida. As praças do bairro são ótimos espaços de sociabilidade para os moradores de todas as idades. A Praça do Sargento e da Mauricéia são exemplos de lugares de trocas sociais e culturais dos moradores da região. Na Mauricéia, toda a quinta-feira acontece a “feirinha da sulanca”, onde são comercializados diversos produtos a preços populares.

O IPSEP também é conhecido por seus atrativos gastronômicos; entre eles podemos destacar a Feijoada do Vavá, localizada na rua principal do bairro, que desde a década de 1950 atrai um público fiel à procura de seu prato principal. Na Avenida Saldanha Marinho, encontra-mos o Bar e Restaurante do Luna, que há 21 anos serve seus clientes de modo especial. No estabelecimento não existe letreiros comerciais, demonstrando o ambiente caseiro, traduzi-do no clima aconchegante do lugar.

Os atrativos culturais do bairro são diversos. Em uma visita à suas ruas, podemos encontrar Quadrilhas Juninas, Troças Carnavalescas, Grupos Percussivos, Clubes de Bonecos, dentre tantos outros entretenimentos que movimentam a região durante todo o ano.

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180Área Territorial (Hectare)

7.692Domicílios (nº)

25.029 habitantesPopulação Residente

97,3Taxa de Alfabetização da População de 10 anos e mais (%)

46,77 %Proporção de MulheresResponsáveis pelo Domicílio

3,3Média de Moradores por Domicilio (Habitante/Domicílio)

R$ 2.454,22Valor do Rendimento Nominal Médio Mensal dos Domicílios

139,27Densidade Demográfica (Habitante/Hectare)

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77Causos, história e manifestações culturais

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Bairros do Recife • Ano 278

SecretariasPrefeitura do Recife

GABINETE DO PREFEITO Geraldo Júlio de Mello Filho (Geraldo Júlio)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8402/8117/8127/8043 E- Mail: [email protected]

GABINETE DO VICE-PREFEITOLuciano Roberto Rosas de Siqueira (Luciano Siqueira)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo, 925, 7º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903Fone: (81)3355.8137/8150 E-Mail: [email protected]

CHEFE DE GABINETE DO PREFEITORodrigo Mota de Farias (Rodrigo Farias)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230Fone: (81) 3355.8127/3355.8117 E-Mail: [email protected]

CHEFE DE GABINETE DE PROJETOS ESPECIAISJoão Guilherme de Godoy Ferraz (João Guilherme Ferraz )ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230Fone: (81) 3355.9059/8356 E-Mail: [email protected]

CHEFE DO ESCRITÓRIO EM BRASÍLIALauro Carvalho de Gusmão (Lauro Gomes)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230 Fone: (81) 3355.8346/8008 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃOAlexandre Rebêlo Távora (Alexandre Rebêlo)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8647/9444 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DIREITOS HUMANOSAna Rita Suassuna Wanderley (Ana Suassuna)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 6º andarBairro Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903Fone: (81) 3355.8106/8136/8135 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO URBANOAntônio Alexandre da Silva Júnior (Antônio Alexandre)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 5º andar

Bairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8151/8152/8456 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE IMPRENSACarlos Augusto Ramos Leal Filho (Carlos Percol) ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8119/8439/8417 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Carlos Frederico Gomes Fred Oliveira (Fred Oliveira)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo nº 925, 11º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230Fone: (81) 3355.8121 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE HABITAÇÃO Eduardo Jackson dos Santos Granja (Eduardo Granja)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 7º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 52030-903 Fone: (81) 3355.8710/8075 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE TURISMO E LAZERFelipe Augusto Lyra Carreras End. Com.: Cais do Apolo, 925, 7º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8125/8060/8105E- Mail: [email protected]/

[email protected]

SECRETARIO DE ESPORTES E COPA DO MUNDOGeorge Gustavo de Mello Braga (George Braga)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo nº 925, 11º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355-9223/9224 E- Mail: [email protected]/

[email protected]

SECRETARIA DE SAÚDEJailson de Barros Correia (Jaílson Correia)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 13º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.9325/9339/9318/9344 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE SANEAMENTO E PRESIDENTE DA SANEARJoão Batista de Melo Alves (João Batista)ENDEREÇO: Cais do Apolo nº 925, 5º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50230-030 Fone: (81) 3355.8581/8180 E-Mail: [email protected]

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79Causos, história e manifestações culturais

SECRETARIA DE MOBILIDADE E CONTROLE URBANOJoão Batista Meira Braga (João Braga)ENDEREÇO: Av, Cais do Apolo, 925, 12º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230 Fone: (81)3355.8123/8122 FAX: (81)3355.8851 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE CULTURALeocádia Alves da Silva (Leda Alves)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 15º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone Com: (81) 3355.8142/8143 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE PESSOASMarconi Muzzio Pires de Paiva Filho (Marconi Muzzio)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 10º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone : (81) 3355.8146/8110/8333 E-Mail: [email protected]/[email protected]

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADEMaria Aparecida Pedrosa Bezerra (Cida Pedrosa)ENDEREÇO: Rua Fernando Cesar, 65Encruzilhada, Recife/PE - CEP: 52041-170 Fone: (81) 3355.5801/5802/5830 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE JUVENTUDE E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONALMarília Valença Rocha Arraes de Alencar (Marília Arraes)ENDEREÇO: Cais do Apolo 925, 9º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903Fone: (81) 3355.9428 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE SEGURANÇA URBANAMurilo Rodrigues Cavalcanti (Murilo Cavalcanti)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo, 925Bairro do Recife, Recife/PE - 50030-230 Fone: (81) 3355.8680/8342 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E SERVÇOS URBANOSNilton Mota Silveira Filho (Nilton Mota)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo, 925, 8º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230Fone: (81) 3355.8116/8118/8177 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE ASSUNTOS JURIDÍCOSRicardo do Nascimento Correia de Carvalho (Ricardo Correia)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo, 925, 3º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230 Fone: (81) 3355.8138/8461 E-Mail: [email protected]

SECRETARIA DE FINANÇAS Roberto Chaves Pandolfi (Roberto Pandolfi)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo, 925, 14º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-230Fone: (81) 3355.8190/8114 E- Mail: [email protected]

CONTROLADORIA GERAL DO MUNICÍPIO Roberto Rodrigues Arraes (Roberto Arraes)ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 11º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8457/8306 E- Mail: [email protected]

SECRETARIA EXECUTIVA DO DIREITO DOS ANIMAISRodrigo Costa Vidal Rangel (Rodrigo Vidal)ENDEREÇO: Av. Cais do Apolo, 5º andar Bairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903Fone: (81) 3355.8180/8581 E-Mail: [email protected]/

[email protected]. br

SECRETARIA DE GOVERNO E PARTICIPAÇÃO SOCIALSileno Souza Guedes ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 11º andar Bairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8111/8348/8523/8573 E-Mail: [email protected] SECRETARIA DA MULHER Silvia Maria Cordeiro ENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 8º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8413/8055 E- Mail: [email protected]

SECRETARIA DE EDUCAÇÃOValmar Corrêa de AndradeENDEREÇO: Cais do Apolo, 925, 4º andarBairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.9192/9193 E- Mail.: [email protected]/

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Bairros do Recife • Ano 280

CODECIR COORDENADOR: Adalberto Ferreira ENDEREÇO: Rua Afonso Pena, 550Santo Amaro, Recife / PE - CEP: 50050-130 Fone: (81) 3355.2106/2113 | 0800.081.3400E-mail: [email protected]

CSURB PRESIDÊNCIA: Marcelo Côrte Real ENDEREÇO: Rua de São João, nº 531Bairro de São José, Recife/PE - CEP: 50020-150 Fone: (81) 3355.2441E-mail: [email protected]

CTTU PRESIDÊNCIA: Taciana Ferreira ENDEREÇO: Rua Frei Cassimiro, nº 91Santo Amaro, Recife/PE - CEP: 50100-260 Fone: (81) 3355.5300 | 0800 081 1078 E-mail: [email protected]

EMLURBPRESIDÊNCIA: Antônio Barbosa ENDEREÇO: Av. Gov. Carlos de Lima Cavalcanti, 09Derby, Recife/PE - CEP: 50.070-110 Fone: (81)3355-5500 | 156E-mail: [email protected]

EMPREL PRESIDÊNCIA: Eugênio José Batista Antunes ENDEREÇO: Rua 21 de Abril, 3370Torrões, Recife/PE - CEP: 50761-350 Fone: (81) 3355.7000E-mail: [email protected] | [email protected]

Fundação de Cultura PRESIDÊNCIA: Roberto Lessa ENDEREÇO: 15º andar - Prefeitura do Recife, Av. Cais do Apolo, 925, Bairro do RecifeRecife/PE - CEP: 50030-903 Fone: (81) 3355.8045 E-mail: [email protected]

Geraldão PRESIDÊNCIA: Paulo Cabral de Oliveira ENDEREÇO: Avenida Mascarenhas de MoraesImbiribeira, Recife/PE - CEP: 50100-260 Fone: (81) 3355-1204/1216

Guarda Municipal COMANDANTE: Flávio Romárico ENDEREÇO: Rua dos Palmares, s/nSanto Amaro, Recife/PE - CEP: 50.100-060 Fone: (81) 3355-1450 E-mail: [email protected]

Iasc PRESIDÊNCIA: Ana Rita Suassuna ENDEREÇO: Rua Imperial, 203São José, Recife/PE - CEP: 50090-000 Fone: (81) 3355- 2954 E-mail: [email protected]

Instituto Pelópidas Silveira COORDENADOR-GERAL: A definirENDEREÇO: Rua do Bom Jesus, 227Bairro do Recife, Recife/PE - CEP: 50030-170Fone: (81) 3355.3331 E-mail: [email protected]

Procon DIRETOR: José Neves ENDEREÇO: Rua Carlos Porto Carreiro, 156Derby, Recife/PE - CEP: 50070-090 Fones: (81) 3355.3290/3355.3282

Reciprev/ Saúde Recife PRESIDÊNCIA: Manoel Carneiro ENDEREÇO: Rua Manoel Borba, 488Boa Vista, Recife/PE - CEP: 50070-000 Fone: (81)3355.1630/1689/1632 E-mail: [email protected]

Sanear PRESIDÊNCIA: João Batista ENDEREÇO: Rua Luiz Guimarães, nº 207Poço da Panela, Recife/PE - CEP: 52.061160 Fone: (81) 3355.1917 E-mail: [email protected]

URB PRESIDÊNCIA: Nilton Mota ENDEREÇO: Av. Oliveira Lima, 867Boa Vista, Recife/PE - CEP: 50.050-390 Fone: (81) 3355.5094 E-mail: [email protected]

ÓrgãosPrefeitura do Recife

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81Causos, história e manifestações culturais

Galeria de ParlamentaresCÂMARA MUNICIPAL DO RECIFE

Endereço: Rua Princesa Isabel, 410 - Boa Vista Recife PE - CEP 50.050-450Fone (81)3301-1268 / Fax (81)3301-1262

Aderaldo PintoAerto LunaAimee CarvalhoAlfredo SantanaAline MarianoAlmir FernandoAmaro Cipriano MaguariAndré FerreiraAndré RégisAntonio Luiz NetoAugusto CarrerasCarlos GueirosDavi MunizEdmar de OliveiraEduardo CheraEduardo MarquesEriberto RafaelErivaldo da SilvaEstéfano BarbosaEurico FreireFelipe FrancismarGilberto AlvesHenrique LeiteIsabella de RoldãoJadeval de LimaJairo BritoJayme AsforaJurandir LiberalLuiz EustáquioMarco AurélioMarcos Di BriaMissionária Michele CollinsOsmar RicardoPriscila KrauseRaul JungmannRogério de LuccaRomerinho JatobáVicente André GomesWilton Brito

Vereador Partido Telefone E-mail

PRTBPRPPSBPRB

PSDBPCdoB

PSBPMDBPSDBPTBPV

PTBPHSPHSPTNPTBPTCPTCPSBPV

PSBPTNPT

PDTPTNPT

PMDBPTPT

PTCPTdoB

PSBPT

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3301-12483301-1346/12093301-1233/12323301-1331/13423301-1333/13443301-1339/1240

-3301-1276/12073301-1336/12523301-1213/12783301-1340/12693301-1197/12303301-1341/12363301-1356/1220

3301-12343301-1212/12743301-1250/13253301-1211/14353301-1272/12293301-1224/1347

3301-13623301-1277/11983301-1273/12013301-1232/12813301-1270/12393301-1282/12493301-1360/12463301-1334/1212

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Bairros do Recife • Ano 282

COM TRANSPORTEPÚBLICO DE QUALIDADE,A VIDA ANDA MELHOR.COM O PROMOB, PERNAMBUCOAVANÇA EM TODOS OS SENTIDOS.Mobilidade é um dos principais desafios nas grandes cidades

do Brasil. Em Pernambuco, não é diferente. Enfrentando o

problema com o mesmo empenho que fez melhorar a Saúde,

a Educação e a Segurança em todas as regiões, o Governo do

Estado realiza o Programa Estadual de Mobilidade Urbana, o

PROMOB. O objetivo é fazer o transporte público avançar

nas nossas cidades, com corredores exclusivos para ônibus,

modernos terminais integrados e novas alternativas de

transporte, com projetos para os ciclistas e para a

navegabilidade do Rio Capibaribe. É o Governo do Estado

trabalhando pelo bem-estar de todos, para garantir o direito

de ir e vir com rapidez, conforto e segurança.

Obras em ritmo acelerado» Ramal Cidade da Copa.» Corredores Leste/Oeste e Norte/Sul.» Terminal Integrado Cosme e Damião.» Passarela do Aeroporto à estação do metrô.

Obras já entregues» Viaduto Bajado (Corredor Norte/Sul - PE-15).» Terminais Aeroporto e Cajueiro Seco.

Pernambuco avança com o PROMOB» Ônibus climatizados e monitorados com

câmeras de segurança.

» 25 terminais integrados até 2014.

» Apenas um bilhete para ir e outro para voltar.

» Uso das bicicletas como meio de transporte.

» Navegabilidade do Rio Capibaribe.

» Integração de bicicletas, barcos, ônibus e metrô.

O FUTURO A GENTE FAZ AGORA

PRO OBPROGRAMA ESTADUAL DE MOBILIDADE URBANA

C

M

Y

CM

MY

CY

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GOV PE_AN PROMOB_41,4x27,5cm.pdf 3 09/04/13 11:36

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83Causos, história e manifestações culturais

COM TRANSPORTEPÚBLICO DE QUALIDADE,A VIDA ANDA MELHOR.COM O PROMOB, PERNAMBUCOAVANÇA EM TODOS OS SENTIDOS.Mobilidade é um dos principais desafios nas grandes cidades

do Brasil. Em Pernambuco, não é diferente. Enfrentando o

problema com o mesmo empenho que fez melhorar a Saúde,

a Educação e a Segurança em todas as regiões, o Governo do

Estado realiza o Programa Estadual de Mobilidade Urbana, o

PROMOB. O objetivo é fazer o transporte público avançar

nas nossas cidades, com corredores exclusivos para ônibus,

modernos terminais integrados e novas alternativas de

transporte, com projetos para os ciclistas e para a

navegabilidade do Rio Capibaribe. É o Governo do Estado

trabalhando pelo bem-estar de todos, para garantir o direito

de ir e vir com rapidez, conforto e segurança.

Obras em ritmo acelerado» Ramal Cidade da Copa.» Corredores Leste/Oeste e Norte/Sul.» Terminal Integrado Cosme e Damião.» Passarela do Aeroporto à estação do metrô.

Obras já entregues» Viaduto Bajado (Corredor Norte/Sul - PE-15).» Terminais Aeroporto e Cajueiro Seco.

Pernambuco avança com o PROMOB» Ônibus climatizados e monitorados com

câmeras de segurança.

» 25 terminais integrados até 2014.

» Apenas um bilhete para ir e outro para voltar.

» Uso das bicicletas como meio de transporte.

» Navegabilidade do Rio Capibaribe.

» Integração de bicicletas, barcos, ônibus e metrô.

O FUTURO A GENTE FAZ AGORA

PRO OBPROGRAMA ESTADUAL DE MOBILIDADE URBANA

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