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Revista Brasileira de Cartografia (2013) N 0 65/3: 591-603 Sociedade Brasileira de Cartografia, Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto ISSN: 1808-0936 S B C BASE DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL NA AMAZÔNIA Geographic Information for Municipal Environmental Management in the Amazon Carlos Souza Jr; Paulo Amaral; Marcio Sales; Rodney Salomão; Luis Oliveira Jr; Wagner Batista; João Martins Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – IMAZON Centro de Geotecnologia do Imazon – CGI Rua Domingos Marreiros 2020, Belém,PA, Brasil, CEP 66060-160 {souzajr, pamaral, marcio, salomao, luis, robertowagner}@imazon.org.br [email protected] RESUMO A demanda por informação geográfica detalhada para gestão socioambiental de municípios da Amazônia aumentou recentemente com a criação de uma lista de municípios críticos que mais desmatam as florestas da região, instituída pelo Ministério do Meio Ambiente. Duas informações são essenciais para a saída da lista crítica: o georreferenciamento de propriedades rurais e a sua inserção no Cadastro Ambiental Rural (CAR); e o monitoramento do desmatamento. Neste artigo, apresentamos os resultados da construção da base de informações geográficas de Paragominas para sua saída da lista crítica do Município e para o seu planejamento e gestão socioambiental futuro, com bases em imagens RapidEye. Três objetivos foram elencados para o estudo. Primeiro, avaliar a precisão do posicionamento geográfico das imagens RapidEye para diferentes escalas de mapeamento. Segundo, apresentar a metodologia para extração de informações geográficas de imagens RapidEye. E, por último, discutimos os desafios para ampliar essa metodologia para outros municípios da Amazônia. Os resultados apresentados são promissores e mostram que é possível desenvolver uma estratégia articulada para melhorar a cartografia e a base de informações da região. Palavras chaves: Amazônia, Informações Geográficas, RapidEye, Programa Municípios Verdes. ABSTRACT The demand for detailed geographic information for socio-environmental applications at the Municipality level has increased in the Amazon region since the creation of the critical list of deforestation by the Brazilian Environmental Ministry. Two types of information became essential in order to the municipality included in the critical list to be out: georeferenced rural properties to be included in the Rural Cadastral System (CAR – Cadastro Ambiental Rural); and deforestation monitoring. In this article, we present a geographic database built to support Paragominas Municipality to be out of the critical list and to plan their socio-environmental future, based on RapidEye images. Three objectives were defined for the study. First, assess the geographic precision of RapidEye images for different mapping scales. Second, present the methodology used to extract information from the RapidEye images. And finally, we discuss the challenges to expand this methodology to other areas in the Brazilian Amazon. The results are promising and indicate that is possible to develop a strategy to improve the cartography and information database of this region. Keywords: Amazon, Geographic Information, RapidEye, Green Municipality Program.

BASE DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA GESTÃO

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Revista Brasileira de Cartografia (2013) N0 65/3: 591-603Sociedade Brasileira de Cartografia, Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento RemotoISSN: 1808-0936

S B

C

BASE DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA GESTÃOAMBIENTAL MUNICIPAL NA AMAZÔNIA

Geographic Information for Municipal Environmental Management in theAmazon

Carlos Souza Jr; Paulo Amaral; Marcio Sales; Rodney Salomão;Luis Oliveira Jr; Wagner Batista; João Martins

Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – IMAZONCentro de Geotecnologia do Imazon – CGI

Rua Domingos Marreiros 2020, Belém,PA, Brasil, CEP 66060-160{souzajr, pamaral, marcio, salomao, luis, robertowagner}@imazon.org.br

[email protected]

RESUMO

A demanda por informação geográfica detalhada para gestão socioambiental de municípios da Amazônia aumentou

recentemente com a criação de uma lista de municípios críticos que mais desmatam as florestas da região, instituída pelo

Ministério do Meio Ambiente. Duas informações são essenciais para a saída da lista crítica: o georreferenciamento de

propriedades rurais e a sua inserção no Cadastro Ambiental Rural (CAR); e o monitoramento do desmatamento. Neste

artigo, apresentamos os resultados da construção da base de informações geográficas de Paragominas para sua saída

da lista crítica do Município e para  o seu planejamento e gestão socioambiental futuro, com bases em imagens RapidEye.

Três objetivos foram elencados para o estudo. Primeiro, avaliar a precisão do posicionamento geográfico das imagens

RapidEye para diferentes escalas de mapeamento. Segundo, apresentar a metodologia para extração de informações

geográficas de imagens RapidEye. E, por último, discutimos os desafios para ampliar essa metodologia para outros

municípios  da Amazônia.  Os  resultados  apresentados  são  promissores  e mostram que  é  possível desenvolver uma

estratégia articulada para melhorar a cartografia e a base de informações da região.

Palavras chaves:  Amazônia, Informações Geográficas, RapidEye, Programa Municípios Verdes.

ABSTRACT

The demand for detailed geographic information for socio-environmental applications at the Municipality level has

increased in the Amazon region since the creation of the critical list of deforestation by the Brazilian Environmental

Ministry. Two types of information became essential in order to the municipality included in the critical list to be out:

georeferenced rural properties to be included in the Rural Cadastral System (CAR – Cadastro Ambiental Rural); and

deforestation monitoring. In this article, we present a geographic database built to support Paragominas Municipality to

be out of the critical list and to plan their socio-environmental future, based on RapidEye images. Three objectives were

defined for the study. First, assess the geographic precision of RapidEye images for different mapping scales. Second,

present the methodology used to extract information from the RapidEye images. And finally, we discuss the challenges

to expand  this methodology  to other areas  in  the Brazilian Amazon. The results are promising and  indicate  that  is

possible to develop a strategy to improve the cartography and information database of this region.

Keywords: Amazon, Geographic Information, RapidEye, Green Municipality Program.

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Sousa Jr., C. et al.

1. INTRODUÇÃO

As altas taxas de desmatamento na Amazôniano período de 2001 a 2008 (PRODES), com média18.855 km2/ano,  levaram  o  governo  federal  acombater o desmatamento na escala municipal(BRASIL, 2007). Em 2008, com base na portaria28/2008 (BRASIL, 2008), o Ministério do MeioAmbiente  (MMA)  instituiu  a  lista  crítica  demunicípios para o combate ao desmatamento ilegal.Os municípios críticos, 43 segundo a lista de 2011,sofrem sansões econômicas como a não liberaçãode crédito rural por bancos e agências públicas defomento,  ações  estratégicas  de  fiscalização  econtrole  com  maior  frequência,  embargo  depropriedades rurais e responsabilização da cadeiaprodutiva. Como resultado, a economia dessesmunicípios ficou estagnada, levando a perda deempregos,  arrecadação  tributária  com  gravesconsequências sociais.

Contudo, é possível reverter essa situaçãosócio-econômica  insustentável  obedecendo  acritérios de regularização ambiental, definidos peloMMA. Isso foi demonstrado pelo primeiro municípioa sair da lista em março de 2010, Paragominas,localizado no nordeste paraense (GUIMARÃES etal, 2011). Os critérios para os municípios saírem dalista crítica de desmatamento incluem: i) registro depelo menos 80% da área privada, ou em algumestágio de posse, no Cadastro Ambiental Rural(CAR); ii) desmatamento menor ou igual que 40km2 no ano anterior; e iii) média do desmatamentodos dois anos anteriores inferior ou igual a 60% damédia do período de 2004 e 2006.

A disponibilidade de informações geográficascompatíveis com a escala de propriedade rurais (i.e.,e” 1:50.000) é fundamental para os municípiosatingirem os critérios para saída da lista crítica dedesmatamento. Primeiro, para atender o critério deregistro no Cadastro Ambiental Rural (CAR) éimportante que o município tenha uma base deinformações geográficas, construída segundo asregras  da  cartografia  brasileira,  para  ogeorreferenciamento do perímetro das propriedadesrurais e para identificação das Áreas de PreservaçãoPermanente  (APP)  e  de  Reserva  Legal  (RL).Segundo,  para  subsidiar  o  monitoramento  dodesmatamento que precisa ser feito em tempo quasereal, combinado com os dados do CAR. Por último,para o planejamento e gestão socioambiental domunicípio.

A escala de base cartográfica mais detalhada,para a maioria dos municípios da Amazônia é1:100.000, porém ainda existem muitos “vazioscartográficos” mesmo nessa escala (DSG, http://www.dsg.eb.mil.br). Essa escala não é suficientepara definir a malha viária, hidrografia, coberturado solo, localidades, divisão política, e outras feiçõesgeográficas do município, fundamentais para adefinição de APP (RIBEIRO et al, 2005).

A base de informações precisa estar numaescala capaz de detectar pequenos desmatamentos(< 1 hectare), não identificados pelo Prodes (INPE,2008).  Caso  contrário,  a  meta  de  redução  dedesmatamentos abaixo de 40 km2 por ano (taxasmuito baixas para a maioria dos municípios daAmazônia) poderá não ser alcançada. Por exemplo,em Paragominas, primeiro município a sair da listacrítica do MMA, os grandes desmatamentos foramcontrolados rapidamente no primeiro ano do projetoMunicípio Verde,  com dados do Prodes  e dossistemas de alerta disponíveis (GUIMARÃES et al,2011), restando pequenos desmatamentos em áreasde assentamentos e de invasões de terras, que nãopodiam ser detectados na escala 1:100.000. Acontinuidade  desses pequenos  desmatamentospoderá levar o município de volta a lista crítica.

Além da ausência de informações em escalasuficiente para o planejamento e a gestão socio-ambiental municipal, não há uma base de infor-mações georreferenciadas para  subsidiar  essasatividades. Por exemplo, o monitoramento precisaincluir classes de cobertura do solo além do desma-tamento, como, por exemplo, áreas desmatadas emregeneração, por sucessões secundárias ou porplantações florestais, e os diferentes tipos de usoda terra.

A necessidade de melhorar a escala da basede informações geográficas dos municípios daAmazônia requer alternativas técnicas para supriros altos custos dos levantamentos aerofotogra-métricos para construção de bases cartográficas.Imagens de satélite de resolução espacial muito alta(<10 m; GOFC-GOLD, 2011) podem ser umaalternativa técnica e economicamente viável parasuprir essa lacuna de conhecimento geográfico naregião. Neste estudo, apresentamos os resultadosdo uso de imagens multiespectrais RapidEye (pixelde 6,25 metros) para a construção de uma base deinformações geográficas para gestão ambientalmunicipal de Paragominas. Três objetivos foram

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Base de Informações Goeográficas para Gestão Ambiental Municipal na Amazônia

Fig 1 - Localização do município de Paragominas,região  Nordeste  do  Pará,  com  indicação  dacobertura  das  imagens  RapidEye  e  das  basescartográficas 1:50.000.

elencados para o estudo. Primeiro, avaliar a precisãodo  posicionamento  geográfico  das  imagensRapidEye para diferentes escalas de mapeamento.Segundo, apresentar a metodologia para extraçãode informações geográficas de imagens RapidEyepara compor uma base de dados para o planeja-mento e a gestão municipal socioambiental, comênfase no CAR, Licenciamento Ambiental Rural(LAR) e no monitoramento da cobertura do solo.Por último, discutimos os desafios para ampliar essametodologia para outros municípios da Amazônia.

2. ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi conduzido no município deParagominas (Fig. 1), localizado na mesorregiãoSudeste Paraense  do  Estado  do Pará,  fazendofronteira com o município Ipixuna do Pará e NovaEsperança do Piriá, ao norte; Ulianópolis, DomEliseu e Goianésia do Pará, ao sul; Ipixuna do Pará,a oeste; e leste com o Estado do Maranhão (IBGE,2007). A  sua  área  ocupa  uma  extensão  de19.341,86 km2 (193.341 hectares), e a polução em2010 é de 97.819 habitantes, segundo o InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, http://www.censo2010.ibge.gov.br). A base da economiano Município é a pecuária de corte, seguida pelamineração, e atividade madeireira. Na década de1990 foi o principal pólo madeireiro da Amazônia(VERÍSSIMO,  1992).    Mas  essa  atividadeeconômica declinou com a exaustão dos recursosmadeireiros devido a predominância de extraçãopredatória, não sustentável, típica na maioria dospólos madeireiros da Amazônia. Esse processo temsido reportado como ciclo de crescimento e colapso(boom-and-burst), onde ocorre um crescimentoeconômico expressivo nas primeiras décadas daextração madeireira predatória, seguida por umaretração  rápida  da  atividade  com  exaustão  dorecurso madeireiro (RODRIGUES, 2009).

O município de Paragominas é coberto porfloresta ombrófila densa, floresta ombrófila abertamista de cipós e palmeiras e floresta ombrófila aluvial(VELOSO et al, 1991). O relevo plano a suave-mente ondulado, com altitude média de 200 metrosem  relação  ao  nível  do  mar.  Os  solos  sãopredominantemente do tipo latossolos. O climacaracteriza-se por uma estação seca e chuvosa, commédia anual pluviométrica entre 1.800 a 2.000 mm,com a temperatura anual variado entre 24° a 26° C(CIKEL, 2001).

3. MÉTODO

As  etapas  para  elaboração  da  base  deinformações  geográficas  do  município  deParagominas estão resumidas na Fig. 2, e descritasabaixo:

3.1 Aquisição das Imagens

Utilizamos imagens RapidEye ortorretificadas(nível  3A)  para  o  mapeamento  de  feiçõesgeográficas para compor a base de informaçõesgeográficas do município de Paragominas devido avárias de suas características, descritas abaixo. Asimagens RapidEye são adquiridas por cinco satéliteslocalizados em uma órbita de 630 km de altitude,por sensores imageadores do tipo push-broom.Foram adquiridas as cinco bandas espectrais (azul:440-510 nm; verde: 520-590 nm; vermelho: 630-685 nm; red-edge: 690-730 nm; e infravermelhopróximo: 760-850 nm), na resolução espacial de 5metros, modo ortorretificado (L-3A) e nível dequantização de 12 bit (TYC et al, 2005). Um totalde 53 imagens com 25 km x 25 km de dimensãocompõem a área do município de Paragominas.

Uma  das  vantagens  da  constelação  desatélites  RapidEye  é  a  sua  capacidade  deprogramação para aquisição de dados em áreas comextensa  e  frequente  cobertura  de  nuvens.  Omunicípio de Paragominas está localizado em umaregião da Amazônia que dificulta a aquisição dedados orbitais ópticos, como os do satélite Landsat,devido a esse problema de cobertura de nuvens(ASNER, 2001). Por essa razão, solicitamos aprogramação dos satélites RapidEye para aumentar

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Sousa Jr., C. et al.

Fig.2 - Etapas para elaboração da base de infor-mações geográficas do município de Paragominasa partir de imagens RapidEye.

a probabilidade de aquisição de imagens com baixacobertura de nuvens. Para o propósito deste estudo,a cobertura de nuvens máxima aceitável foi de 10%.

3.2 Pré-processamento

Essa etapa incluiu o realce de imagens emdiversas composições de bandas e a preparaçãode mosaicos para compor as áreas das cartas naescala  1:50.000,  da  base  de  informaçõesgeográficas;  e  1:25.000  das  orto-imagens.Utilizamos  a  composição  cor  verdadeira(R=vermelho; G=verde; B=azul), e a falsa corinfravermelha, (R=infravermelho próximo; G=red-edge;  B=vermelho)  nos  mosaicos  das  cartas.Técnicas de realce por ajuste de histograma (2%linear) foram utilizadas para melhorar a qualidadevisual das imagens. Utilizamos o software ENVI 4.8para a construção dos mosaicos e aplicação derealce nas imagens.

3.3. Aquisição de Pontos de Controle

De posse dos mosaicos de imagens realça-das,  para  cada  carta  1:50.000,  conduzimos  aidentificação  de  pontos  de  controle  a  seremcoletados  no  campo  para  o  seu  georreferen-ciamento. Priorizamos o cruzamento de estradas, ede estradas com rios, para identificação dos pontosde controle e coleta de coordenadas geográficasno campo com GPS (detalhada abaixo). Um totalde 20 pontos de controle por imagem RapidEye(25 km x 25 km) foram selecionados estimar o errode posicionamento dos pixels das imagens. O errode posicionamento foi em seguida avaliado (verseção  3.4)  com  base  no  Padrão  de  ExatidãoCartográfica (PEC de 0,5 mm) para as escalas1:50.000 e 1:25.000, visando obter cartas comexatidão Classe A (erro planimétrico máximo de 25e 12,5 metros, respectivamente) (CONCAR, 1984;IBGE, 2010).

Utilizamos o GPS Geodésico do tipo TopconHiper L1/L2, composto por uma estação base,localizada em um raio máximo de 20 km do pontode controle, e uma estação remota para coleta dascoordenadas dos pontos de controle no campo. Acoleta e o processamento dos pontos de controleadotaram os seguintes procedimentos:1.  Identificação do ponto de controle na imagem;2.  Elaboração do croqui de localização do pontono local da coleta de dados com o GPS;3.  Medição das coordenadas com GPS, com tem-po  médio de rastreio de 20 minutos para garantir

uma precisão de no máximo de 1/3 do tamanho dopixel da imagem (5/3 = 1.666 m);4.  Documentação do ponto de controle incluindo:latitude e longitude preliminar (ou seja, sem correçãodiferencial); hora e tempo de coleta; número defotos; altura da antena; órbita/ponto da imagem; enome da localidade quando existente.5.  Processamento dos dados coletados com GPSpara correção diferencial, utilizando o softwareTopcon Tools do  fabricante do GPS  com ErroPadrão de 95%.

Após coleta de todos os pontos de controle,simulamos o erro de georreferenciamento em função

do número de pontos de controle por  imagemRapidEye e por mosaico. Para isso, escrevemosum programa em Matlab que lê as coordenadasUTM  (Universal Transverse Mercator)  dospontos de controle obtidos no campo com GPS e

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Base de Informações Goeográficas para Gestão Ambiental Municipal na Amazônia

nas imagens RapidEye e calcula os coeficientes dasequações de transformação geométrica de primeiraordem (i.e., polinômio de grau um), aplicando asequações  abaixo  (RICHARDS  1993,  JESEN,1996):

            x´= a0 + a

1x + a

2y                      (1)

             y´= b0 + b

1x + b

2y                     (2)

onde x e y são as coordenadas em UTM nas zonas22 ou 23 que cobrem o município de Paragominase a

k e b

k, k=0,...,2, são os coeficientes a serem

estimados.  Correções  de  segunda  ordem  pararetificar  os  efeitos de  curvatura da Terra  e  datopografia não foram aplicadas porque as imagensRapidEye já haviam sido ortorretificadas (nível 3A).

Para cada imagem RapidEye, variamos onúmero de pontos de controle e de coordenadasdas imagens aleatoriamente. Em seguida, calculamosos  coeficientes  do  modelo  descrito  acima,  eestimamos o erro de localização com os pontos decontrole não utilizados na simulação. O númeromínimo de pontos do modelo  foi 4 e o erro écalculado com no mínimo cinco pontos de controleindependentes, de tal forma que a simulação paraquando esse número mínimo é atingido. Isso significaque o número máximo de pontos de controle dasimulação é definido pelo número total de pontospor imagem menos cinco.

3.4 Correção Geométrica e Georreferencia-mento

De posse dos pontos de controles coletadosem campo com GPS geodésico, o próximo passofoi fazer a correção geométrica e o georreferen-ciamento das imagens RapidEye. Utilizamos osoftware ENVI 4.8 para essas tarefas. Todos ospontos de controles, previamente definidos (verseção  3.3)  foram  localizados  nas  imagens  noambiente de coleta de pontos de controle parageorreferenciamento do ENVI. Em seguida, ascoordenadas geográficas corrigidas, coletadas nospontos de controle de campo com GPS, foramadicionadas aos seus respectivos pontos de controlenas imagens. Pontos de controle que geram erros(RMS – Root Mean Square Error) acima de 1 pixel(i.e.,  5  m)  foram  excluídos  para  o  ajuste  dageometria das imagens. Após a entrada dos pontos

de controle e das coordenadas geográficas corri-gidas no ENVI, efetuamos a correção geométricadas imagens com o algoritmo de vizinhança maispróxima, com função polinomial de grau um (Eq.1-2). O algoritmo de vizinhança mais próxima foiselecionado para manter os valores originais dospixels, em radiância quantizada em 12 bits (DN –Digital Number) para futuro processamento digitaldas imagens (LILLESAND & KIEFER, 1994).

Como  resultado,  obtivemos  imagensgeorreferenciadas em sistemas de coordenadasUTM, e datum SAD-69.

3.5 Extração de Feições Cartográficas

As imagens RapidEye georreferenciadas,obtidas  na  etapa  anterior  (seção  3.4)  foramcombinadas em um mosaico para compor a áreatotal do município de Paragominas, visando aextração das seguintes feições geográficas: coberturado solo, estradas e drenagem.

O  mapa de  cobertura do  solo  incluiu  asseguintes categorias:

  Florestas. incluem florestas maduras, comou sem  indícios de distúrbios pela exploraçãomadeireira e/ou queimadas, sucessões secundáriasantigas (i.e., > 25 anos). Duas sub-classes forammapeadas: Floresta Degradada e Floresta DegradaAntiga,  sendo a primeira com degradação porextração madeireira e/ou queimada e, a segunda,com degradação ocorrida a mais de 10  anos e comsinais de regeneração.

Regeneração. incluindo áreas desmatadasantigas abandonadas e em processo de sucessãosecundária (> 5 anos).

Mata Ciliar. floresta ripária ao longo dosrios principais.

Desmatamento. Áreas de florestas remo-vidas  pelo  desmatamento  para  a  formação  depastagens, cultivos agrícolas e florestas secundáriasrecentes (<5 anos).

Reflorestamento.  áreas  sujeitas  aoplantio de árvores para fins comerciais.

Área Edificada. formada por perímetrourbano ou vilarejos.

Massas D´Água.  rios  largos,  lagos,açudes e represas.

Essas classes de cobertura do solo foramidentificadas a partir de interpretação visual dasimagens (R4, G5, B3) RapidEye, na escala de

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Fig. 3 - Resultado da simulação de erro de georefe-renciamento, expresso pelo RMSE para modelosde transformação geométrica de primeira (a) ordem,definidos pelas Eq. 1-2.

1:25.000. Utilizamos o software ArcGIS 10.0 paraesse propósito.

A extração de estradas foi também baseadaem interpretação visual das imagens RapidEye naescala 1:25.000, com o software ArcGIS 10.0.Utilizamos a composição colorida (R4 G5 B3), (R1G2 B3) e a banda 3 (vermelho) para realce de soloexposto pelas estradas, com base na adaptação dametodologia proposta por (BRANDÃO JR. &SOUZA JR., 2006). Além disso, utilizamos mapasde  estradas  oficiais  para  identificar  rodoviaspavimentadas e estradas de chão. Ramais (trilhas,caminhos carroçáveis, ou estradas secundárias),foram validados com base no trabalho de campo,durante a coleta dos pontos de controle.

A rede drenagem foi extraída com base eminterpretação  visual  de  um  produto  anaglifocomposto pela combinação de imagens (R4 G5 B3)RapidEye e SRTM (Space Shuttle TopographicMisssion) gerado no módulo Anagliph do softwareErdas  Imagine  versão  11  (ERDAS,  2010).  Oproduto anaglifo permite  ressaltar a drenagemintermitente e aquela em áreas florestadas. A imagemanaglifo foi exportada para o software ArcGIS 10.0para interpretação visual  na escala 1:25.000. Osintérpretes utilizaram os Óculos Anaglifo parapercepção  tridimensional do  relevo, visando adigitalização da rede de drenagem.

3.6 Reambulação

A identificação de nomes e feições geográficasfoi feita com base em informações publicadas emmapas oficiais, coleta de informações durante ostrabalhos  de  campo,  e  consulta  a  pessoas  queconhecem bem o município de Paragominas. Asfeições  identificadas  incluíram nomes de  rios,estradas, acidentes geográficos e localidades. Essasinformações foram inseridas em tabelas de atributosdos respectivos mapas seguindo a proposta doManual de Reambulação mapeamento topográficoelaborado  por  técnicos  da  coordenação  decartografia – CCAR/IBGE.

3.7 Elaboração das Cartas Articuladas

As informações geográficas foram adequadasa dois produtos cartográficos. O primeiro consisteem cartas planimétricas com informações sobrecobertura do solo, estradas, rios, localidades, naescala 1:50.000, de acordo com a articulação dascartas mostradas na Fig.4 (A). O segundo produtosão  orto-imagens,  ortorretificadas  e

georreferenciadas com base na metodologia descritana seção 3.4.

4. RESULTADOS

Nessa seção apresentamos os resultados dogeorreferenciamento  de  imagens  RapidEye  eavaliamos o erro de posicionamento do pixel dasimagens. Em seguida, apresentamos a base deinformações geográficas geradas para o municípiode Paragominas com base nas imagens RapidEye.

4.1 Simulação de Erro dos Pontos deControle

O objetivo dessa análise foi definir quantospontos de controle são necessários para melhoraro georreferenciamento de cada cena de imagensRapidEye ortorretificada (nível 3A), de 25 km x 25km, nas escalas 1:25.000 e 1:50.000, para obterPEC de 12,5 e 25 metros, respectivamente. A Figura3 mostra  o  resultado da  simulação do  erro degeorreferenciamento das imagens RapidEye.

A simulação para a transformação de primeiraordem  mostrou  que  o georreferenciamento  deimagens RapidEye com precisão PEC de 12,5metros (escala 1:25.000) pode ser alcançado com5 pontos de controle para a maioria das imagens(Fig. 3).  Isso significa que é possível gerar orto-imagens na escala 1:25.000 com PEC Classe A.

Rodamos também a simulação considerandomosaicos de imagens para as zonas UTM 22 e 23,com 9 (120 pontos de controle) e 33 (563 pontosde controle) imagens RapidEye, respectivamente.O resultado da simulação apontou RMSE variando

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(A)

(B)Fig. 4 - Exemplo decarta planimétrica (A) eorto-imagem  (B)  geradas  para  o  município  deParagominas, leste do Pará.

de  10.5  a  9  metros,  sendo  que  10  metros  foialcançado com cerca de 60 pontos para áreas muitoextensas. Esses resultados indicam que é possívelatingir PEC Classe A para as escalas 1:25.000 e1:50.000 trabalhando-se com mosaicos de imagensRapidEye, o que reduz drasticamente os custos delevantamento de pontos de controle com GPSgeodésico.

4.2 Produtos Cartográficos

Com base nos resultados da simulação doerro de georreferenciamento, decidimos adotar aescala 1:50.000 para os produtos cartográficostemáticos do município de Paragominas (Fig. 1)porque o número de pontos de controle coletadosgarantem a precisão real dessa escala, ou seja, comaquisição  de  pelo  menos  5  pontos  por  cenaRapidEye.

Foram produzidas 20 cartas planimétricas naescala 1:50.000 cobrindo 75% do território domunicípio. A Fig. 4 mostra um exemplo de cartaplanimétrica (A) e de orto-imagem (B) para a FolhaSA-23-Y-A-V-3.

A Carta Planimétrica (Fig. 4A) pode servirde base para o georreferenciamento de proprie-dades rurais do Cadastro Ambiental Rural (CAR),licenciamento ambiental rural (LAR), planejamentomunicipal,  e  para  o  zoneamento  ecológico-econômico.  Além disso, fornece informação logís-tica atualizada para diversos tipos de trabalhos,

como o acesso à comunidades, escolas, assenta-mentos, e para campanhas de controle ambiental.

As orto-imagens possibilitam um detalha-mento da cobertura do solo, além de permitir asobreposição com outros tipos de mapas digitais.Na Fig. 4B, sobrepusemos linhas de propriedadesrurais do CAR do Estado Pará, disponíveis no sítiode  internet  da  Secretaria  Estadual  de  MeioAmbiente (SEMA-PA). Com esse exercício foipossível identificar, na parte central da imagem, quehá sobreposição de linhas de propriedades rurais,além de vazios de terras entre propriedades. Issoacontece,  provavelmente,  devido  a  erros  degeorreferenciamento de vértices de propriedadesrurais, geralmente conduzidos na escala 1:100.000.

Observamos que propriedades definidas comGPS geodésico apresentaram um erro aceitável deposicionamento na escala 1:50.000. Portanto, asorto-imagens podem auxiliar no posicionamentogeográfico  de  vértices  de propriedades  ruraisquando esses estão definidos a partir de feiçõesfacilmente identificadas nas imagens como ramais,divisas de áreas de cultivos, margens de florestas, ecursos de rios. Por exemplo, propriedades ruraisque estão limitadas por esses tipos de bordas podemter seus limites e perímetro facilmente identificados

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e digitalizados diretamente nas imagens. Além disso,propriedades  rurais  que  têm  limites  com  riossinuosos podem ter um mapeamento mais precisocom a extração dos cursos desses rios a partir daorto-imagem. No geral, esses rios sinuosos não sãomapeados em detalhe com os levantamentos decampo utilizando GPS, (mesmo com geodésico)devido as dificuldades de acesso e alto custo dolevantamento dos vértices das coordenadas queformam a geometria desses rios. Portanto, combinarvértices de propriedades rurais obtidos com GPSgeodésico com feições extraídas de orto-imagenspode melhorar a qualidade e reduzir o custo domapeamento do perímetro das propriedades ruraispara ingresso no CAR.

4.3. Mapas Temáticos

Além dos produtos cartográficos descritosacima, produzimos mapas temáticos digitais deestradas, de drenagem, da cobertura do solo, e delocalidades para todo município de Paragominas,na escala 1:50.000, com base nas imagens RapidEye(Fig. 5). A classificação foi conduzida a partir deinterpretação visual.

O primeiro mapa é o de cobertura do solo einclui as seguintes classes: Floresta Degrada Antiga,Floresta Degradada, Regeneração, Mata Ciliar,Reflorestamento, Desmatamento, Área Edificada,e classe Nuvem e Sombra. Observamos que agrande  maioria  das  florestas  do  município  deParagominas  possuem  sinais  de  exploraçãomadeireira evidenciados pela presença de estradase ramais de exploração, pátios de estocagem, típicosde exploração madeireira (VERÍSSIMO, 1992).O boom da exploração madeireira em Paragominasaconteceu na década de 1990, quando o municípiofoi  considerado  o  maior  pólo  madeireiro  daAmazônia  (VERÍSSIMO,  2002).  Portanto,classificamos 11.693 km2 de florestas como FlorestaDegrada Antiga  (i.e., > 2 anos explorada e/ouqueimada). Usamos séries históricas de imagensLandsat para confirmar que as áreas haviam sidoexploradas. Sinais recentes de exploração foramclassificados como Florestas Degradadas (i.e., < 2anos  de  exploração  e/ou  queimadas)  e  issorepresentou 570 km2 (Fig. 5A).

As estatísticas oficiais de desmatamento nãoconsideram áreas em regeneração, ou seja, áreasde florestas que foram derrubadas e queimadas,usadas como pastagens ou áreas agrícolas, e depois

abandonadas  e  sujeitas  à  regeneração  natural(PRODES,  http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html). As imagens RapidEye permitiramidentificar  florestas  em  estágios  diferentes  desucessão florestal, as quais foram classificadas comoRegeneração.  Um  total  de  380  km2  forammapeados  como  Regeneração,  o  que  poderepresentar elevados estoques de carbono nessasáreas.

Por exemplo, um estudo recente de inven-tários florestais em florestas secundárias de 4 a 25anos, em Paragominas, apontou que a biomassaflorestal acumulada com a sucessão secundária podealcançar até 55 toneladas por hectare (NUNES,2011). Além da classe de Regeneração, incluímosMata Ciliar e Áreas de Reflorestamento.

A inclusão das classes de Regeneração, MataCiliar e Reflorestamento permite estimar o balançolíquido de florestas no município. Considerandosomente a perda anual de florestas, o municípiopossui  8.473,7  km2  desmatados  (PRODES).Contudo, quando incluímos as áreas desmatadasem Regeneração e Reflorestamento essa área fica6% menor (Fig. 5A).

Por último, o mapa de cobertura do soloincluiu as áreas edificadas e regiões cobertas pornuvens e solos. A maioria das áreas cobertas pornuvens e sombra puderam ser mapeadas com auxíliode imagens Landsat antigas. Dessa forma, os limitesdas classes cobertas com nuvens e sombra nasimagens RapidEye foram inferidos com a imagemLandsat mais recente desprovida de nuvens naquelaregião  para  complementar  o  mapeamento  dacobertura do solo.

O segundo mapa, importante para a gestãoambiental, gerado com as imagens RapidEye foi ode drenagem (Fig. 5B). A extração dessas feiçõeslineares  foi  feita  com  interpretação  visual  edigitalização  do  produto  de  fusão de  imagensRapidEye com modelo digital de elevação (MDE)obtido  com  imagens  da  missão  Shuttle RadarTopographic Mission  (SRTM) (NASA, 2000).Dessa forma, foi possível realçar drenagens de atéquinta  ordem.  O  padrão  de  drenagem  emParagominas  é  predominantemente  dendríticocortando extensos platôs.

Os rios mapeados podem servir de base paraa definição de Áreas de Proteção Permanente, aolongo de rios e em suas cabeceiras, seguindo asnormas do Código Florestal Brasileiro (BRASIL,

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Fig. 5 - Mapas temáticos produzidos com imagens RapidEye (A-D), propriedades registrados no CadastroAmbiental Rural (CAR; E), e modelo digital de terreno (F) do município de Paragominas.

1965). Além  disso,  o  limite  do  município  deParagominas, formado em grande parte por rios,pode ser mais detalhado na  escala 1:50.000. Damesma forma, várias propriedades rurais possuempartes de seu perímetro definidas por rios, e combase nessas informações, é possível um mapeamentomais rápido e com menor custo dessa classe desegmento do perímetro das propriedades rurais.

O terceiro mapa foi o da rede de estradas(Fig. 5C). As estradas oficiais de Paragominaspossuem uma extensão de 14.428 km, sendo que74,29 km são de estradas  federais, 121,07 kmestaduais. No entanto, a malha de estradas não-oficiais é aproximadamente 74 vezes maior. Estradasnão-oficiais não ocorrem apenas em Paragominassão  amplamente  abertas  na Amazônia  pormadeireiros e especuladores fundiários, conhecidoscomo grileiros (BRANDÃO JR. & SOUZA JR.,2006).

Em Paragominas, essas estradas não-oficiaisforam construídas principalmente por madeireirosna década de 1980 e 1990. O mapeamento dessasestradas  confirma  que  100%  das  florestas  domunicípio estão acessíveis à exploração madeireira,corroborando  o  resultado  do  mapeamento  dacobertura do solo que aponta indícios de exploraçãomadeireira em quase todas as florestas do município.

Fig. 5 - Mapas temáticos produzidos comimagens RapidEye (A-D), propriedades registradosno Cadastro Ambiental Rural (CAR; E), e modelodigital de terreno (F) do município de Paragominas.

Na  etapa  de  reambulação  dos  produtoscartográficos produzimos o quarto mapa: o delocalidades (Fig. 5D). Foram levantadas as sedesde propriedades rurais, escolas, localidades e a sedemunicipal. Para isso, utilizamos mapas disponíveis,entrevistas com lideranças locais e levantamentos

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campo com GPS. As  informações desse mapaforam validadas  em  instituições  como Emater(Empresa Assistência Técnica e Extensão Rural),Secretaria  Municipal  de  Educação,  PrefeituraMunicipal e Sindicatos. Nessa etapa o nome damaioria das localidades foram confirmados ouretificados.

Além dos mapas temáticos produzidos comas imagens RapidEye, levantamos informaçõessecundárias para compor o banco de dados de mapadigital do Município. Dois mapas se destacam paraas aplicações de controle de desmatamento, CARe  LAR:  fundiário  e  SRTM  (Figuras  5E-F,respectivamente). O mapa fundiário foi compostopor  mapas de  propriedades  rurais  do CAR  daSEMA.

Apenas  14%  do  município  não  possuiinformações sobre limites fundiários. A totalidadedessa área  pertence  a  propriedades  rurais  nãocadastradas no CAR. Contudo, mais de 80% dasterras  de  Paragominas  passíveis  de  CAR,Licenciamento Ambiental Rural (LAR) e Licençade Operação (LO) já se encontram no sistema delicenciamento da SEMA-PA.  Isso representou umgrande avanço para o controle do desmatamentoem Paragominas, o que permitiu a sua saída da listade municípios  críticos  do  Ministério do  MeioAmbiente (MMA).

O  mapa  de  elevação  obtido  com  dadosSRTM também está sendo útil para o LAR. Mesmoem escala não compatível com a dos produtosgerados  com  RapidEye, os  dados de  elevaçãopermitem a identificação de áreas com acentuadadeclividade  (>45graus)  e de  topos  de  morros,protegidas pelo Código Florestal. Entretanto, a suautilização para identificação dessas feições deve serfeita com cautela porque não é possível mapeá-lascom precisão nessa escala, havendo a necessidademapeamentos mais detalhados (RIBEIRO et al,2005).

Outros mapas estão também disponíveis paragestão  ambiental  municipal  de  Paragominas,incluindo  a  base  de  dados  do  Prodes  (INPE),Sistema  de Alerta  de  Desmatamento  (SAD,Imazon),  exploração  madeireira  (Imazon)  equeimadas (SOUZA JR. et al., 2009).

5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Imagens de satélite de resolução espacialmuito alta, como as da constelação RapidEye com

pixel de 5 metros, podem contribuir para gerarmapas temáticos digitais úteis para gestão ambientalmunicipal na Amazônia. O maior desafio parageração de produtos cartográficos confiáveis é ogeorreferenciamento  das  imagens.  Nossosresultados apontam que é preciso coletar pontosde controle com GPS geodésico para atingir PECe padrão de carta do tipo Classe A. As imagensRapidEye  3A    podem  ser  usadas  para  gerarprodutos na escala 1:25.000, com uma densidademínima de 5 pontos de controle geodésico por cena(25 km x 25 km). O uso de mosaicos de imagenspode  reduzir  o  número de  pontos de  controleconforme  resultados  da  simulação  do  erro  degeorreferenciamento  obtidos  nesse  estudo.Contudo, mesmo trabalhando com precisão naescala  1:25.000,  adotamos  a  escala  1:50.000porque não  foi possível gerar todos os produtos naoutra  escala  mais  detalhada.  Por  exemplo,  adensidade de drenagem na escala 1:25.000 nãopôde ser obtida para áreas com extensa coberturade florestas. Um segundo desafio é automatizar aclassificação das imagens RapidEye para gerarmapas de cobertura do solo. Há grande potencialpara  implementar  classificadores  automáticosconsiderando os resultados de avaliação de diversostipos de imagens que apontou melhor acurácia (90%de acurácia global) para classificar uso da terra comimagens RapidEye (RECIO et al, 2011). Contudo,estudos específicos para a Amazônia brasileiradevem  ser  priorizados  para  avaliar  comoclassificadores automáticos se comportam nessaregião.

O mapeamento do município de Paragominascom as imagens RapidEye permitiu melhorar osmapas de cobertura do solo, incluindo informaçõesadicionais sobre florestas secundárias, áreas dereflorestamento e de mata ciliar, classes não incluídasnas  estatísticas  oficiais  de  desmatamento(PRODES). Com essa informação, o municípiopode gerar estatísticas do balanço líquido de suasflorestas, além de ter um entendimento mais precisodas suas áreas desmatadas produtivas. Além disso,é possível obter melhores estimativas dos estoquesde carbono em suas florestas, para possível ingressoem mercados de carbono.

Os produtos cartográficos gerados com esseestudo auxiliam também no registro de propriedadesrurais no CAR e, preparam essas áreas para o LAR.Uma aplicação para o controle de desmatamento

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Base de Informações Goeográficas para Gestão Ambiental Municipal na Amazônia

já  vem  sendo  desenvolvida  com  sucesso  nomunicípio de Paragominas. Dados de alerta dedesmatamento do SAD, gerado mensalmente peloImazon, são repassados para a Secretaria Municipalde  Meio Ambiente  de  Paragominas  e  sãorapidamente combinados com a base do CAR paraidentificar em que propriedade rural ocorreu o alerta.O próximo passo é a verificação em situ do alerta,que passa pelos seguintes procedimentos: inclusãodas coordenadas do alerta em GPS; uso do mapade  estradas  para o  planejamento  logístico  dospontos a serem visitados, geração de mapas deapoio para trabalho de campo; e documentação doalerta.  Cerca de 95% dos alertas de desmatamentoenviados para Paragominas foram confirmados. Oscasos  confirmados  são  documentadosdetalhadamente  para  iniciar  o  processo  deresponsabilização legal e administrativa.

Outra aplicação relevante da base de mapasdigitais de Paragominas é na área de regularizaçãofundiária.  Base  cartográfica  e  temáticas  sãoapontadas  como  essenciais  para  fundamentarprocessos  jurídicos  e  acelerar  a  regularizaçãofundiária  (ROSENFELDT  &  LOCH,  2012).Recentemente, 275 pequenas propriedades rurais,que representam 14 mil hectares, foram mapeadascom GPS  e  apoio  dos  produtos  cartográficosapresentados nesse estudo. Por exemplo, rios eestradas  identificados  como  pertencentes  aoperímetro dos assentamentos foram facilmenteidentificados  e  utilizados  no  mapeamento  doperímetro das propriedades. Da mesma forma, omapa de cobertura do solo auxiliou na identificaçãodos recursos florestais de e dos limites de APP eRL  pertencentes  a  essas  propriedades  rurais,seguido da emissão de CAR.

As informações cartográficas geradas nesteprojeto precisam também ser assimiladas nas açõesde planejamento e gestão municipal. Para isso,técnicos  do  município  de  Paragominas  foramtreinados no uso de GPS, aplicativos que rodamem  smartphones  para  coleta  de  dados  (fotosgeorreferenciadas,  mensagem  de  texto  eformulários), sistema de informação geográfica(SIG) e interpretação de imagens de satélites.  Essetreinamento permitiu que os técnicos da prefeituraliderassem as análises para subsidiar as ações decontrole  de  desmatamento  e  assumissem  olicenciamento ambiental de algumas atividades.Como resultado, o Município de Paragominas foi

excluído da lista crítica de desmatamento do MMAe ingressou em um seleto grupo de municípios daAmazônia  com  potencial  para  desenvolvereconomia de base sustentável, (BRASIL, 2010).

Mesmo com os avanços reportados nesteestudo, há vários desafios para a gestão ambientalmunicipal na Amazônia, com destaque a dois queconsideramos importantes. O primeiro é ampliar asexperiências exitosas de Paragominas para outrosmunicípios da região. No Estado Pará, por exemplo,o governo lançou o Programa Municípios Verdes(PMV)  visando  acelerar  a  replicação  desseprocesso. Contudo, a base de mapas digitais, namaioria dos municípios do estado, inexiste. Asexperiências  de  mapeamento  temático  ecartográfico apresentadas nesse estudo podem guiara construção desses mapas de outros municípios,mas será necessária a disponibilidade de recursoshumanos  e  financeiros,  e  de  um  programaestratégico  de  formação  de  usuários  degeotecnologias nesses municípios. O Imazon jáiniciou esse processo de capacitação com mais de336 técnicos de 50 municípios treinados. Mas,estimamos que ainda seja necessário capacitar maisde 300 técnicos nos próximos anos.

Um segundo desafio é de caráter processualpara construção de base cartográfica para região.Atualmente, iniciamos um processo para homologaros produtos cartográficos gerados nesse projeto,mas ainda não obtivemos êxito. Mesmo seguindoas regras da cartografia nacional, estabelecidas pelaComissão Nacional de Cartografia (CONCAR,2007) e mantendo uma comunicação com o IBGEdesde  o  início  do  projeto,  o  processo  dehomologação da base cartográfica não ficou claro.Sugerimos que essa questão seja definida combrevidade pela CONCAR, visando estabelecerregras e etapas para homologação de produtoscartográficos no Brasil, incluindo o credenciamentode  instituições  que  desejam  contribuir  com  amelhoria da base cartográfica nacional. Com oadvento de crowdsourcing, que utiliza inteligênciae  recursos coletivos  através da  internet para  aprodução em larga escala de produtos e serviços, éde  se  esperar  que  várias  instituições  possamcontribuir com o mapeamento de áreas extensas,principalmente  na Amazônia  onde  o  vaziocartográfico em escala detalhada é enorme, e asdemandas  por  esse  tipo  de  informação  sãocrescentes. Dessa forma, a cartografia nacional

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poderá avançar segundo um rigoroso controle dequalidade liderado pela CONCAR.

AGRADECIMENTOS

Os autores são gratos pelos comentários dosrevisores desse artigo, e pelas sugestões do Eng.Cartógrafo Paulo Amorim sobre os resultados dogeorreferenciamento das imagens RapidEye. Esseestudo foi financiado pelo Fundo Amazônia e peloFundo Vale  e,  por  esse  apoio,  gostaríamos  deexpressar também nossos agradecimentos a essasinstituições.

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