Upload
others
View
6
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
BASES ANATÔMICAS PARA A CIRURGIA DE REJUVENESCIMENTO FACIAL
Memória apresentada à Academia Nacional de
Medicina como parte dos requisitos para concorrer
à cadeira de no
40, patronímica de Jayme Poggi de
Figueiredo, Secção de Cirurgia, em decorrência do
falecimento do Ilustre Professor doutor Acadêmico
Adib Jatene
JOSÉ HORÁCIO COSTA ABOUDIB JÚNIOR
Rio de Janeiro
2017
Dedico aos meus filhos Tatiana, Felipe,
Paula e Guilherme, e à minha mulher Ângela
e, de cujo amor retirei forças para este
desafio.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Cláudio Cardoso de Castro, amigo e companheiro constante, de toda
uma vida.
Ao professor Dr. Francisco Sampaio, meu orientador no Doutorado, colega no dia a dia
de coordenação da pós-graduação Pg-Fisiocirurgia, amigo e exemplo de Professor.
Ao professor Dr. Fernando Serra, meu querido ex-aluno, amigo e constante parceiro na
vida acadêmica.
SUMÁRIO
1
1.1
1.1.1
1.1.2
1.1.3
1.1.4
1.1.5
1.1.6
1.1.7
1.2
1.3
2
3
4
5
6
INTRODUÇÃO.........................................................................................................
Anatomia da face.......................................................................................................
Pele..............................................................................................................................
Tela subcutânea...........................................................................................................
Estrutura óssea.............................................................................................................
Nervos....................................................................................................................... ..
Vascularização............................................................................................................
Ligamentos retentores.................................................................................................
Região cervical..........................................................................................................
Anatomia aplicada às ritidoplastias........................................................................
Técnica operatória.....................................................................................................
OBJETIVOS..............................................................................................................
MÉTODO...................................................................................................................
RESSULTADOS........................................................................................................
DISCUSSÃO..............................................................................................................
CONCLUSÃO...........................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
12
13
15
15
16
16
25
25
26
28
31
35
35
36
73
77
78
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –
Figura 2 –
Figura 3 –
Figura 4 –
Figura 5 –
Figura 6 –
Figura 7 –
Figura 8 –
Figura 9 –
Figura 10–
Figura 11–
Figura 12–
Figura 13–
Principais tipos de ramificações encontradas em 350 hemifaces dissecadas
por Davis et al.Anatomia glútea – abaixo do músculo glúteo m.............................
Fáscia temporo-parietal (SMAS) rebatida contendo o ramo frontal do nervo
facial junto à sua face profunda. A fáscia temporal profunda existe como
uma única fáscia superiormente cobrindo o músculo temporal. Cerca de
2cm acima do arco zigomático esta fáscia se divide em uma camada
superficial e outra profunda, entre as quais existe um coxim gorduroso.......
Padrão de incisão intratragal com técnica tricofítica na linha de
implantação capilar........................................................................................
Processo de envelhecimento cutâneo. No sentido horário, quarta, quinta
sexta e sétima década de vida......................................................................
Pele masculina mais espessa e plexo vascular subdérmico mais exuberante................................................................................................................
Distribuição dos compartimentos de gordura da face....................................
Platismas de diferentes espessuras em dissecções de cadáveres...............
Platismas de diferentes espessuras durante o ato operatório.........................
Platisma tipo I................................................................................................
Platisma tipo II................................................................................................
Platisma tipo III...............................................................................................
Emergência do nervo facial (seta) e formação das divisões temporofaciais e cervicofaciais.Notar estruturas longas e simples presentes na divisão cervicofacial.......................................................................................................................................
Dois ramos frontais cruzam a arcada zigomática (linha branca), atingindo o
músculo frontal após anastomose entre si (rebordo orbitário assinalado por
seta branca). ..............................................................................................
Vários ramos frontais cruzam a arcada zigomática (marcada por ponto
preto). Glândula parótida rebatida por pinças..................................................
20
30
33
37
37
38
39
40
41
42
42
44
46
Figura 14–
Figura 15–
Figura 16–
Figura 17–
Figura 18–
Figura 19–
Figura 20–
Figura 21–
Figura 22–
Figura 23–
Figura 24–
Figura 25–
Figura 26–
Figura 27–
Figura 28–
Figura 29–
Figura 30–
Figura 31–
Figura 32–
Figura 33–
Figura 34–
Três ramos frontais cruzam a arcada zigomática (marcada com agulha), anastomozando-se entre si e com o ramo zigomático.....................................................
Quatro ramos frontais cruzam a arcada zigomática (marcada por agulha) e anastomosam-se entre si até alcançarem o músculo frontal........................................
Apenas um ramo frontal atravessa a arcada zigomática, seguindo até o músculo frontal. Notar o ramo frontal da artéria temporal superficial paralela e superior ao curso do nervo......................................................................................................
Visão panorâmica mostrando glândula parótida protegendo o tronco nervoso principal e as divisões cervicofaciais e termporofaciais. As partes mais distais do nervo estão fora da proteção da glândula, portanto correm risco de lesão durante uma ritidoplastia. Ponto branco marca a arcada zigomática......................
SMAS elevado (pinça) mostrando-se mais fino acima do arco zigomático (seta). Cadáver formolizado........................................................................................................
Folhetos superficial e profundo da fáscia temporal profunda. Seta mostrando passagem do nervo pelo arco zigomático, seguindo sobre o folheto superficial da fáscia temporal profunda.......................................................................................................
Ramo frontal da artéria temporal superficial apresentando curso superior e paralelo aos ramos frontais do nervo facial.........................................................................
Íntima relação entre os ramos nervosos e arteriais terminais na borda lateral do músculo frontal. Notar a presença da “veia inominada”, comunicante entre as veias superficiais e profundas do crânio..........................................................................
Ramos nervosos terminais penetrando na face profunda do músculo frontal.
Relação anatômica entre o nervo grande auricular sempre posterior à veia jugular externa...............................................................................................
Lipectomia cautelosa da gordura cervical com cânula de Pontes, evitando
ressecções demasiadas, principalmente subplastismal.................................
Detalhes do posicionamento das incisões nos homens.................................
Maior mobilização das estruturas profundas..................................................
Veia e nervo supra trocleares. Nervo supra orbitário.....................................
Músculo corrugador do supercílio..................................................................
Pré e pós operatório de 2 anos, vista frontal..................................................
Pré e pós operatório de 2 anos, vista de perfil...............................................
Pré e pós operatório de 8 anos, vista frontal..................................................
Pré e pós operatório de 8 anos, vista de perfil...............................................
Pré e pós operatório de 3 anos, vista frontal..................................................
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
58
59
61
62
64
65
66
66
67
67
Figura 35–
Figura 36–
Figura 37–
Figura 38–
Figura 39–
Figura 40–
Figura 41–
Figura 42–
Figura 43–
Pré e pós operatório de 3 anos, vista de perfil...............................................
Pré e pós operatório face e rinoplastia de 1,5 anos, vista frontal..................
pós operatório face e rinoplastia de 1,5 anos, vista de perfil.........................
Pré e pós operatório de 2 anos, vista frontal..................................................
Pré e pós operatório de 2 anos, vista de perfil...............................................
Pré e pós operatório de 2 anos, vista frontal..................................................
Pré e pós operatório de 2 anos, vista de perfil...............................................
Pré e pós operatório face e rinoplastia de 1,5 anos, vista frontal..................
Pré e pós operatório face e rinoplastia de 1,5 anos, vista de perfil................
68
68
69
69
70
70
71
71
72
72
RESUMO
ABOUDIB JR, José Horácio Costa. Bases anatômicas para a cirurgia de
rejuvenescimento facial. 2017. 83f. Memória (Academia Nacional de Medicina) –
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
A face representa a individualidade de cada ser humano e suas expressões
representam de maneira inconsciente o sentimento. A medicina desde seus
primeiros relatos demonstra preocupação com o segmento cefálico, inicialmente
com o desenvolvimento de retalhos locais para reconstruções de face e mais
recentemente com a estética. A cirurgia estética da face se desenvolveu
sobremaneira nos últimos 50 anos impulsionada por uma demanda crescente por
parte dos pacientes. Diferentes técnicas foram desenvolvidas evitando
complicações e melhorando os resultados baseando-se principalmente no
aprofundamento do conhecimento da anatomia cirúrgica da face. O objetivo deste
trabalho é determinar as bases anatômicas para a aplicação de novas técnicas ou
variações de técnicas já consagradas na literatura médica e demonstrar a
aplicação destes conceitos baseado na análise de 1000 pacientes operadas pelo
autor. Foram então dissecados cadáveres formolizados e frescos para o estudo da
anatomia específica e aplicação de novas técnicas respectivamente. A dissecção
foi dividida em função das unidades anatômicas como a pele, tela subcutânea,
sistema músculo aponeurótico da face, platisma, nervo facial, nervo grande
auricular, veia jugular externa, adiposidade cervical, diferenças de gênero e região
glabelar. Observamos variações anatômicas do músculo platisma não conhecidas
anteriormente, características físicas da pele e do sistema músculo aponeurótica
que variam com a idade e devem ter a tática operatória aplicada em função destas
alterações. Amplas variações entre os gêneros masculino e feminino que impõe
não apenas técnicas distitas mas cuidados pré e pós-operatórios particulares
também. As minúcias do trajeto do nervo facial e seus ramos foram capazes de
estabelecer as áreas de maior risco de lesão minimizando as mesmas, assim
como para o nervo grande auricular e a veia jugular externa. Na região cervical, a
descoberta das variações anatômicas do músculo platisma em associação com o
esclarecimento da relação entre os diferentes compartimentos de gordura
existentes, mudou a forma de tratar esta região e se refletiu em melhora do
resultado e aumento de sua durabilidade. Concluímos que o desenvolvimento de
bases anatômicas para a cirurgia de rejuvenescimento facial foi eficaz na redução
de complicações pós operatórias e melhoria dos resultados.
Palavras Chave: face; rejuvenescimento; lifting; plástica
ABSTRACT
The face represents the individuality of each human being and their expressions unconsciously represent the feeling. Medicine since its first reports shows concern with the cephalic segment, initially with the development of local flaps for face reconstructions and more recently with aesthetics. Face aesthetic surgery has developed over the last 50 years driven by a growing demand from patients. Different techniques were developed avoiding complications and improving results based mainly on the deepening of the knowledge of the anatomy of the face. The objective of this study is to determine the anatomical bases for the application of new techniques or variations of techniques already established in the medical literature and to demonstrate the application of these concepts based on the analysis of 1000 patients operated by the author. Formalized and fresh cadavers were then dissected to study the specific anatomy and application of new techniques, respectively. The dissection was divided according to the anatomical units such as the skin, subcutaneous tissue, aponeurotic muscle system of the face, platysma, facial nerve, greater auricular nerve, external jugular vein, cervical adiposity, gender differences and glabellar region. We observed anatomical variations of the platysma muscle not previously known, physical characteristics of the skin and the aponeurotic muscle system that vary with age and must have the operative tactic applied in function of these alterations. Wide variations between masculine and feminine genders that imposes not only different techniques but particular pre- and post-operative care as well. The minutiae of the facial nerve path and its branches were able to establish the areas of greatest risk of injury minimizing them, as well as for the large auricular nerve and the external jugular vein. In the cervical region, the discovery of the anatomical variations of the platysma muscle in association with the clarification of the relationship between the different fat compartments, changed the way of treating this region and was reflected in improved results and increased durability. We conclude that the development of anatomical bases for facial rejuvenation surgery was effective in reducing postoperative complications and improving results.
Keywords: face; rejuvenation; Lifting; Plastic
BASES ANATÔMICAS PARA A CIRURGIA DE REJUVENESCIMENTO FACIAL
1- Introdução-
A face, pela sua exposição e expressividade, é, muitas vezes, o principal
motivo que leva o paciente ao cirurgião plástico. A cirurgia do rejuvenescimento
facial não se propõe a devolver anos de juventude ao paciente, mas sim permitir-
lhe que aceite com naturalidade a sua idade, suavizando a transição entre os anos
de plena atividade adulta e a fase de mais maturidade.1
A imagem pessoal vem exercendo papel cada vez mais marcante em
nossa sociedade. Os traços de envelhecimento comprometem a aparência e,
juntamente com a valorização da juventude, implicam grande demanda pelos
procedimentos que atenuam ou eliminam a aparência envelhecida.2,3
Vários são os procedimentos, cirúrgicos ou não, que visam ao
rejuvenescimento e à melhora do aspecto facial. Há que primeiramente atentar
que os sinais de envelhecimento facial se manifestam pela queda das estruturas
da face, causando o aprecimento e/ou ascentuação dos sulcus naturais do rosto,
acúmulos de gordura, mormente cervical, perda da definição da linha mandibular,
queda das sobrancelhas, rugas frontais, rugas glabelares, excesso de pele nas
pálpebras superiores e inferiores com ascentuação das bolsas de gordura, rugas
periorbitárias e periorais, entre outras.1,3
Ritidectomia, ritidoplastia e meloplastia são diferentes denominações para o
conjunto de procedimentos cirúrgicos que visam à melhora da aparência e do
rejuvenescimento facial. A demanda para esses procedimentos tem crescido
vertiginosamente, assim como a exigência por melhores resultados, mais naturais
e duradouros. Estes resultados por sua vez dependem de uma enorme gama de
fatores tais como qualidade de pele, estrutura óssea, quantidade e distribuição da
gordura facial, idade, técnica empregada etc. Desta forma o conhecimento
detalhado da anatomia da face aplicada à cirurgia plástica é condição básica para
lograr êxito com a operação.1,3,4
1.1 Anatomia da Face-
A face é composta de uma estrutura complexa e equilibrada, construída
sobre uma estrutura de ossos e cartilagens, e sustentada por ela, moldada e
movida por uma variedade de tecidos moles e encerrada em uma cobertura
também complexa e variável, que é a pele. Com o avanço da idade, tanto o
conteúdo quanto o continente se alteram, e essas alterações modificam as forças,
o controle e o equilíbrio da estrutura como um todo. O efeito cumulativo de todas
essas alterações resulta nas características associadas ao envelhecimento da
face. As propriedades da pele mudam como avanço da idade, sofrem a ação da
gravidade e de expressões faciais, que exercem uma deformidade mecânica
sobre a face.1
Com base na cinética do envelhecimento, a face pode ser dividida nas
seguintes regiões:1,5,6
- Frontal. Habitualmente as primeiras rugas a se tornarem aparentes, são
fruto da movimentação do músculo frontal e acometem a pele da fronte em
direção horizontal.
- Glabelar. Dois grupos musculares são responseveis por rugas nesta região.
As verticais são formadas pelos músculos corrugadores, que tem função de
tração do supercílio médio inferiormente. As rugas horizontais, na base do
nariz, são formadas pela ação do músculo prócero.
- Orbital. Alterações nas estruturas órbito-palpebrais podem ser divididas em
sulcos palpebrais, evidenciados pela ação da porção superior e inferior do
músculo orbicular do olho; sulcos da rima lateral popularizados como “pés
de galinha”produzidos pela a ção do orbicular do olho e durante o sorriso;
diminução progressiva da abertura da palpebral causada por blefarocalase
e protusão trans-septal da gordura infra orbital; frouxidão lateral da
pálpebra com alterações de posição do canto lateral e frouxidão tarsal.
- Região nasal. O nariz também sofre alterações com o passar do tempo,
sobretudo pela atrofia do coxim adiposo em torno da espinha nasal anterior
e retração da columela com rotação inferior da ponta nasal e alongamento
do nariz.
- Região Geniana. Delimitada pelos sulcos nasolabial, nasojugal e bolsa de
gordura malar. O sulco nasolabial é uma prega produzida pela ação dos
músculos elevador do lábio superior e zigomático maior. Com a flacidez
progressiva dos tecidos o sulco nasolabial fica mais evidente por estar mais
aderido aos planos profundos.
- Região orolabial. Demarcada superiormente pelos sulcos nasogenianos e
inferiormente pelos sulcos mentoniano e lábio mentoniano. A contração
muscular através do músculo mentoniano ascentua a prega mentoniana e o
músculo orbicular da boca gera ruga perioral em direção vertical.
- Região cervical. As rugas cervicais, conhecidas como linhas de Vênus, se
alinham circunferencialmente, ortogonais ao platisma.
O papel da cirurgia plástica no processo de envelhecimento é paliativo e
tem como objetivo adaptar um tegumento alterado à estrutura da face.
1.1.1 Pele-
A pele não é uma estrutura de sustentação, é um órgão de cobertura que
participa do resultado de ritidoplastia na razão direta de sua qualidade e
elasticidade. Atualmente, tratamentos estéticos tem contribuído no aprimoramento
da qualidade da pele reduzindo a elastose, melhorando a quantidade, qualidade e
disposição de fibras elásticas e colágenas, assim como promovendo renovação da
epiderme e camada cornea com os diferentes peelings.5
1.1.2 Tela subcutânea
Na face, a tela subcutânea desempenha um importante papel funcional, por
conter em seu interior uma rede de fibras de tecido conjuntivo denso que conecta
os músculos da mímica facial à pele. Sendo separada em planos superficial e
profundo pelo sistema músculo aponeurótico da face (SMAS). A gordura
subcutânea, é de espessura variável e envelopa, além do SMAS, os músculos da
mímica facial, vasos superficiais e nervos. E distribuição do tecido adiposo na face
é determinada por grandes grupamentos de gordura que compõem unidades
individuais do ponto de vista do tratamento estético e volumização da face.1
1.1.3 Estrutura óssea
O esqueleto da face naturalmente será o grande responsável pelo contorno
da mesma e também sofre alterações volumétricas com o avanço da idade. O
relevo do esqueleto facial compõe muitos dos padrões de juventude como malares
bem projetados e ângulo da mandibular aparente. Ainda são fundamentais na
harmonia da face a projeção do mento e deformidades crânio maxilo faciais que
podem ser submetidas a tratamentos específicos no esqueleto para melhora
estética.2,3,4,5,7
1.1.4 Nervos
Os primeiros elementos anatômicos a gerar preocupações entre os
cirurgiões plásticos foram os ramos motores do nervo facial.
Nervo Facial
A paralisia facial periférica figura entre as principais preocupações entre os
cirurgiões plásticos após a ritidoplastia. O fato de sua causa mais frequente ser a
lesão direta, o domínio da anatomia do sétimo par craniano assim como suas
variações mais frequentes é fundamental para lograr sucesso com esta operação.
O VII par craniano ou nervo facial é um nervo que consiste de uma parte
maior, que inerva os músculos da expressão da face, e uma parte menor,
chamada nervo intermédio (ou glossopalatino), que contém fibras gustatórias para
os 2/3 anteriores da língua e fibras secretomotoras para as glândulas lacrimais e
salivares. As duas porções do nervo facial deixam o encéfalo ao nível da borda
inferior da ponte e, com o nervo vestibulococlear, entram no meato acústico
interno. O facial procede lateralmente no meato e, a seguir, entra no canal facial
do osso temporal. Acima do promontório, na parede medial do ouvido médio, o
nervo expande-se para formar o gânglio genicular ou facial, que contém as células
de origem de suas fibras gustatórias. Neste momento o gânglio genicular emite o
nervo petroso maior que contém fibras secretoras para as glândulas lacrimais e
nasais. Sua distribuição e sua função são incertas, mas algumas fibras podem
veicular sensibilidade geral da mucosa nasal e outras são fibras gustatórias dos
2/3 anteriores da língua. A seguir, o nervo facial volta-se acentuadamente para
trás e prossegue descendo rapidamente pelo canal facial. 8-12
À medida que ele desce pelo canal facial, originam-se diversos ramos:
nervo estapédio (inerva o músculo homônimo), a corda do tímpano (fibras
associadas ao gosto e à sensibilidade da língua e do palato mole; fibras
secretórias e vasodilatadoras), ramos musculares (inerva o estilo-hioídeo e o
ventre posterior do digástrico), nervo auricular posterior (inerva parte dos
músculos da orelha e o occipital).13
O nervo facial emerge do crânio pelo forame estilomastíodeo e entra na
glândula parótida, onde bifurca-se em uma divisão superior, ou temporofacial, e
uma inferior ou divisão cervicofacial.14 Estas duas divisões então arborizam-se e
formam cinco ramos principais: temporal, zigomático, bucal, mandibular marginal e
cervical.
O ramo temporal cruza o arco zigomático, com os seus dois ramos mais
anteriores suprindo os músculos frontais, orbiculares dos olhos e os
corrugadores.15 Os seus ramos posteriores contribuem com a inervação da parte
superior dos músculos frontais e dos músculos auriculares anteriores.8 Os ramos
mais anteriores do ramo temporal do nervo facial são tradicionalmente conhecidos
como ramos frontais do nervo facial.16
As primeiras referências bibliográficas concernentes à anatomia do nervo
facial e seus ramos estão relacionadas à completa remoção da glândula parótida.
Uma vez que o procedimento cirúrgico nas adjacências da glândula parótida
tornou-se comum, a atenção concentrou-se na importância da exata descrição da
anatomia do nervo facial, com especial referência às suas ramificações.
Os primeiros relatos da anatomia do nervo facial, suas ramificações e suas
relações com a glândula parótida datam de 1862, quando Luschka17descreveu a
anatomia topográfica da glândula parótida, com detalhes referentes à maneira
pela qual o nervo facial percorria através do seu parênquima, e o caráter arciforme
da distribuição periférica dos seus ramos nervosos.
Em 1867, Quain18 referiu-se às duas principais divisões do nervo facial
dentro da glândula parótidda como divisão temporofacial e divisão cervicofacial.
A anatomia do nervo facial também foi descrita por Henle19 (1873),
Sappey (1879)20, Poirier (1898)21, Testut (1912)22, Gregore (1912)23, Piersol
(1930)24, Rouvière (1924)25, Janes (1943)26 e Mc Comack (1945)27.
Dargent e Duroux (1946)28 fizeram um relato anatômico analisando a
morfologia do nervo facial dentro da glândula parótida e aludiram que o arranjo
plexiforme da divisão temporofacial era formado por inúmeras conexões
anastomóticas enquanto a divisão cervicofacial apresentava-se com uma estrutura
mais simples, às vezes como uma longa alça.
Davis et al. (1956)29 baseando-se na análise anatômica da distribuição
periférica extraparotídea do nervo facial, a partir do estudo de dissecção
cadavérica em 350 hemifaces, agruparam as peças em 6 padrões de ramificação
e anastomose. Foi demonstrado que o nervo facial e seus ramos periféricos
estavam distribuídos entre os lobos superficial e profundo da glândula parótida,
apresentando diversas conexões anastomóticas. Duas divisões primárias foram
sempre apontadas, uma temporofacial, e outra cervicofacial de onde emergiam,
em diferentes números, os ramos temporal, zigomático, bucal, mandibular e
cervical. Embora o ramo bucal possa ser descrito como um ramo da divisâo
temporofacial, na maior parte dos padrões apresentados por Davis et al.29, ele
possuía uma origem a partir da divisão cervicofacial. As diferentes disposições
das relações entre as anastomoses nervosas dos ramos da divisão temporofacial
e cervicofacial, das 350 hemifaces dissecadas, resultaram na formação de seis
padrões diferentes (Fig. 1):
Tipo I (13%) - o nervo facial é marcado pela ausência de anastomoses entre
seus ramos. Neste, a primeira divisão acontece do modo dicotômico clássico, de
onde os ramos se subdividem semelhante aos “aros de uma roda”;
Tipo II (20%) - a característica fundamental é marcada pela conexão
anastomótica entre os vários ramos da divisão temporofacial;
Tipo III (28%) - é marcado por uma única anastomose entre as divisões
temporofacial e cervicofacial
Tipo IV (24%) - é uma combinação dos tipos II e III, apresenta anastomose
entre os ramos temporal e zigomático, bem como entre a divisão cervicofacial e os
ramos zigomáticos ou bucais;
Tipo V (9%) - apresenta dois ramos em anastomose que interligam a divisão
cervicofacial a ramos da divisão temporofacial;
Tipo VI (6%) - assume um padrão plexiforme.
Figura 1. Principais tipos de ramificações encontradas em 350 hemifaces
dissecadas por Davis et al.29
Callender (1956)30 após dissecar 100 cabeças encontrou oito variações da
disposição do nervo facial e suas ramificações na seguinte distribuição:
22% - anastomose entre as principais divisões através de uma alça
anastomótica;
21% - anastomose entre as principais divisões; e, anastomose dentro da divisão
temporofacial;
13% - ausência de anastomose entre o ramo das duas divisões do nervo facial;
ramo bucal partindo da divisão temporofacial;
12% - múltiplas anastomoses dentro da divisão temporofacial e apenas uma
alça anastomótica unindo as divisões principais do nervo;
11% - ramo bucal partindo da divisão temporofacial e anastomosando-se ao
ramo zigomático. Ausência de anastomoses entre os ramos principais do nervo;
9% - múltiplas anastomoses dentro da divisão temporofacial, e desta com o
ramo bucal do cervicofacial;
7% - intensa interconexão nervosa;
5% - ramo facial apresenta-se dividido em três ramos principais
( temporofacial; cervicofacial sem o ramo bucal; ramo bucal).
Pitanguy e Ramos (1966)31 analisaram a variação anatômica do ramo
frontal do nervo facial, após dissecarem 20 cabeças, e encontraram quatro
variações freqüentes na disposição do ramo frontal, como se segue:
ramo frontal divide-se ao nível da borda palpebral, subdividindo-se antes de
penetrar no músculo frontal;
anastomoses dos ramos frontal e zigomático, seguidos por uma re-divisão dos
ramos e terminando na formação de um plexo no lugar da penetração no músculo
frontal;
ramo frontal comporta-se como um único feixe nervoso desde a sua origem até o
músculo frontal;
após uma anastomose dos ramos frontal e zigomático, o músculo frontal é
alcançado na forma de um feixe divergente.
Correia e Zani (1973)32 a partir da dissecção de 100 hemifaces descrevem o
curso de cada ramo terminal do nervo facial, sua profundidade e maneiras para
evitar lesões nervosas durante a realização de procedimentos cirúrgicos. Esta
especial atenção dada à distribuição nervosa relacionava-se à prevenção de
lesões durante a realização de procedimentos ancilares em ritidoplastia
cervicofacial.
Mitz e Peyronie (1976)33 descreveram uma estrutura anatômica na área da
parótida e da região malar que denominaram de Sistema Músculo Aponeurótico
Superficial da Face (S.M.A.S.), responsável pela transmissão do tônus muscular à
pele, que se continua acima com o músculo frontal. Através de um estudo em 15
cadáveres frescos descreveram que na área da parótida
somente os nervos sensoriais (ramos do plexo cervical anterior) estão
localizados entre a derme e o SMAS. O nervo facial e seus ramos cursariam
profundamente dentro da glândula parótida e ao perderem sua proteção
cursariam junto à face profunda do SMAS.
Baker & Conley (1979)9 baseados em experiência clínica resultante de 2000
parotidectomias relataram que há uma maior possibilidade em lesar o ramo frontal
do nervo facial quando ele cruza o terço médio do arco zigomático, onde
apresenta-se mais vulnerável. Estes autores também mencionaram que o nervo
facial dá origem a duas divisões principais: uma cranial, a divisão temporofacial e
outra caudal, a cervicofacial. Descreveram a bifurcação do nervo facial na região
parotideomassetérica, dentro da glândula parótida, e a possibilidade de ocorrer,
ainda, variações como a trifurcação, quadrifurcação, e mais raramente, a
ramificação intra-parotídea com um padrão plexiforme. Foi referido neste trabalho
que a divisão temporofacial possui entre 5 a 7 ramos, e inúmeras anastomoses
entre si; geralmente emitindo um ramo para a região frontal, dois para a região
orbital, três para a zigomática, e dois para a região bucal. O ramo bucal é o maior
e mais importante em inervaçâo, enquanto que o ramo temporal possui o menor
numero de anastomoses, sendo um ramo terminal em 85 a 90 % dos casos.
Interconexão entre as duas divisões ocorre entre 70 e 90% dos pacientes. A
divisão cervicofacial é quase sempre menor, possuindo entre 3 a 5 ramos. Um
bucal, três mandibulares, e um ramo cervical. Todos eles são aproximadamente
do mesmo comprimento. Apresentam freqüentes anastomoses, à exceção do
delicado ramo marginal da mandíbula que, segundo os autores, se anastomosa
com outros ramos em apenas 10 a 15% dos casos.9
Ozersky et al.(1980)34 apresentaram técnica para a localização percutânea
do ramo frontal do nervo facial a partir da relação entre a parede lateral da órbita,
a borda superior do arco zigomático e o tragus; sendo possível estimar a posição
do ramo nervoso quando ele cruza o arco zigomático, baseados na distância entre
o tragus e a parede lateral da órbita.
Freilinger et al. (1987)12 publicaram um importante estudo que descrevia
em detalhes a ampla rede de intercomunicações dos ramos do nervo facial e suas
relações topográficas com os músculos da mímica facial; mostraram também o
arranjo tridimensional dos músculos da mímica entre si. Topograficamente o ramo
frontal estaria situado num plano mais superficial que os demais ramos do nervo
facial. Numa seqüência craniocaudal, e de fora para dentro, as ramificações
frontal, zigomática, bucal e mandibular estariam consecutivamente posicionados
em planos cada vez mais profundos. Esta posição mais superficial e a falta de
tecido celular subcutâneo na região do ramo frontal o tornaria mais susceptível a
lesões que ramos nervosos em outras partes da face.
Hinderer et al.(1987)6 após dissecarem 25 cabeças apresentaram técnica
para localização do ramo frontal do nervo facial e suas áreas de risco, através do
traçado de sua trajetória na pele, baseados na distância entre a raiz da hélice , o
ligamento cantal lateral e o local de saída do ramo frontal de dentro da glândula
parótida.
Stuzin (1989)35 realizou dissecção de 12 cadáveres frescos, e analisou a
anatomia da região temporal com especial referência ao ramo frontal do nervo
facial e suas relações com a fáscia temporoparietal, os dois folhetos da fáscia
temporal profunda e o coxim gorduroso temporal superficial. Ele relatou que em
todas as dissecções o ramo frontal cursava em um plano constante ao longo da
face profunda da fáscia temporoparietal e era bastante superficial quando cruzava
o arco zigomático.
Ishikawa (1990)36, em outra investigação anatômica, também consistente
com a pluralidade na ramificaçâo do ramo temporal em nível do arco zigomátco,
descreveu 3 ramos temporais (anterior, médio e posterior) em 86,66% de 30
hemifaces estudadas, e observou que os ramos anterior e médio comumente
inervam os músculos frontal e orbicuIar do olho em sua porção superior, e o ramo
posterior inerva os músculos auricular anterior e temporoparietal. O autor
descreveu ainda que, ocasionalmente, um ou mais finos ramos posteriores
cruzam transversalmente a porção superior da região temporal e cranialmente ao
ramo temporaI médio para também inervar o músculo frontal.
Faivre (1992)37 ao descrever a técnica do lifting temporal profundo faz
estudo da anatomia do ramo frontal do nervo facial e refere que este nervo
constitui um perigo anatômico em decorrência de suas íntimas relações com o
arco zigomático.
1.1.5 Vascularização
O conhecimento da vascularização da face e do suprimento vascular ao
retalho cutâneo de uma ritidoplastia é fundamental para o êxito da operação. Este
retalho apresenta como suprimento vascular predominante, ramos arteriais
perfurantes fascio-cutâneos, provenientes das artérias facial transversa,
submentual, facial e temporal superficial. 1,13,22
1.1.6 Ligamentos retentores
São condensações aponeuróticas de tecido conjuntivo fibroso,
responsáveis pela comunicação e integração das fáscias superficial e profunda da
face e pela fixação de segmentos de tecidos moles ao esqueleto ou fáscia
subjacentes. Tais ligamentos suportam e mantêm os tecidos moles da face na
posição anatômica normal, resistindo às mudanças decorrentes pela gravidade.
Quando estes ligamentos são acomentidos por frouxidão decorrente do
envelhecimento, o tecido adiposo desliza entre as fáscias superficial e profunda da
face, causando ptose de tecidos moles e gerando os estigmas do
envelheciemnto.5,7
Ligamentos retentores podem ser osteocutâneo e fáscio cutaneous. Os
primeiros caracterizam-se por serem curtos e firmemente aderidos ao perióstio.
Estão presentes nas regiões orbital, zigomática, mandibular e maxilar. Os
ligamentos fáscio cutaneous, chamados de falsos ligamentos de retenção, são
aderências entre as fáscias superficial e profunda. São três, o ligamento platisma-
auricular, ligamentos massetéricos e ligamentos maxilares.7
1.1.7 Região cervical
Deformidades cervicais são as principais queixas dos pacientes que
procuram por ritidoplastias. Pacientes de diferentes idades, diferentes
deformidades e aspirações variadas tornam a cervicoplastia desafiadora. Um dos
principais responsáveis pelo contorno cervical é o músculo platisma. Delgado,
cuticular e bilateral, estes músculos situam-se nas regiões antero-laterais do
pescoço. Tem origem na tela subcutânea das regiões clavicular e acromial.
Superiormente, insere-se na musculatura cutânea da boca e na mandibula (única
inserção óssea). Na linha média as fibras dos músculos direito e equerdo se
entrecuzam de diferentes maneiras.38
O músculo platisma apresenta diversas variações anatômicas e espessuras
diferentes. Os fascículos superiores se apresentam variáveis e terminam em
diferentes alturas no terço inferior da face, porém a mais importante variação do
ponto de vista cirúrgico é a que ocorre com as inserções das fibras mediais.
Existem três tipos principais de apresentação das fibras mediais, deniminadas I, II,
e III de acordo com sua freqüência:
Tipo I- As fibras entrelaçam-se a cerca de 2cm do mento, estando
separadas na região supra-hioidéa. É a variação mais freqüente, encontrada em
cerca de 75% dos casos.
Tipo II- Observado em 15% dos casos, as fibras entrelaçam-se ao nível da
cartilagem tireóide, comportando-se como um só músculo na região supra-hióidea.
Tipo III- Encontrado em 10% dos casos, as fibras inserem-se diretamente
no mento, sem se entrecuzarem. Estão separadas na região supra-hióidea.1
Glândulas- no pescoço as glândulas submandibulares podem ser
proeminentes e ter seu contorno aparente. Estão parcialmente cobertas pela
metade posterior da base da mandibular. A hipertrofia da glândula é multifatorial e
pode necessitar de tratamento específico. Durante a ritidoplastia é frequente
observar ptose da mesma por frouxidão do músculo platisma e da fascia cervical
profunda, levando a perda do contorno da mandibular. As diferentes técnicas de
suspensão do platisma devem ser efetivas na correção desta ptose.
1.2- Anatomia aplicada às ritidoplastias
A artéria temporal superficial, o nervo facial, a fáscia temporal, o arco
zigomático e a glândula parótida estão intimamente relacionados ao acesso
cirúrgico pré-auricular para o lifting facial.39
A artéria temporal superficial, um dos ramos da artéria carótida externa, se
inicia posterior ao colo da cabeça da mandíbula, e, após emergir posteriormente
da glândula parótida, ascende cruzando lateralmente a raiz posterior do arco
zigomático em direção a superfície da fossa temporal.40 Após cruzar o arco
zigomático a artéria temporal superficial se divide nos ramos anterior (ou frontal) e
posterior (ou parietal). O ramo frontal da artéria temporal superficial (ou ramo
anterior) é um ramo terminal que nutre os músculos e a cútis da região frontal. É
muito tortuoso. Anastomosa-se com ramos da artéria oftálmica. O ramo parietal
(ou posterior) nutre a cútis e os músculos auriculares. Anastomosa-se com as
artérias auricular posterior e occipital.13
Estratigraficamente, as camadas superficiais da região temporal são as
mesmas encontradas no couro cabeludo. Sucessivamente e medialmente, elas
obedecem a seguinte ordem: pele, tecido subcutâneo denso, fáscia temporo-
parietal ou fáscia temporal superficial (uma extensão lateral da gálea
aponeurótica), tecido subaponeurótico frouxo, fáscia temporal profunda (que
consiste de uma camada superficial e outra camada profunda) , e músculo
temporal.41
A fáscia temporo-parietal (ou fáscia temporal superficial) representa a
extensão cefálica do SMAS e está em continuidade com a gálea aponeurótica
acima, o músculo frontal anteriormente e o músculo occipital posteriormente. Esta
camada fascial passa sobre o arco zigomático e envelopa o ramo frontal do nervo
facial e os vasos temporais superficiais.
Uma camada areolar frouxa separa a fáscia temporo-parietal das camadas
da fáscia temporal profunda. Este tecido areolar é o nível de dissecção
comumente usado durante as cirurgias que acometem a região temporal. A
dissecção é possível ao longo da superfície profunda da fáscia temporo-parietal
ou diretamente acima da fáscia temporal profunda.
A fáscia temporal profunda é uma camada de tecido conectivo denso e
espesso que cobre os músculos temporais. Superiormente esta fáscia existe como
uma única camada e está em íntimo contato com os temporais. Embora seja uma
única lâmina de fáscia, na sua porção caudal, a fáscia temporal profunda se divide
em duas lâminas: uma lâmina mais espessa localizada mais para fora e outra
mais fina mais profundamente.35 Esta divisão ocorre cranialmente a
aproximadamente 2,0 cm do arco zigomático. Caudalmente, estas lâminas estão
inseridas nas margens medial e lateral do periósteo que reveste o arco
zigomático. Além de uma pequena quantidade de tecido adiposo, o espaço
formado entre elas contém o ramo zigomático da artéria temporal superficial e o
ramo zigomático-temporal do nervo maxilar, ramo do nervo trigêmio, V par
craniano (Fig. 2).
Figura 2. Fáscia temporo-parietal (SMAS) rebatida contendo o ramo frontal do
nervo facial junto à sua face profunda. A fáscia temporal profunda existe como
uma única fáscia superiormente cobrindo o músculo temporal. Cerca de 2cm
acima do arco zigomático esta fáscia se divide em uma camada superficial e outra
profunda, entre as quais existe um coxim gorduroso.
Ao nível do arco zigomático, o periósteo não apenas se mescla firmemente
com a lâmina lateral da fáscia temporal, mas também, com as fáscias
temporoparietal e parotídeomassetérica. Os ramos frontal e zigomático do nervo
facial comumente cruzam lateralmente o arco zigomático ao nível da margem
anterior do côndilo temporal dentro deste tecido conjuntivo denso após emergirem
da glândula parótida.40 Em geral o ramo frontal é muito superficial no seu curso
através do arco zigomático. Ele encontra-se separado do arco zigomático pela
camada superficial da fáscia temporal profunda e por tecido areolar frouxo.
Caudalmente à região temporal, existe o compartimento parotídeo,
compreendido entre as estruturas anatômicas laterais ao ângulo e ramo da
mandíbula, caudais ao arco zigomático, póstero-laterais ao músculo masseter
para formar o leito da glândula parótida. A chamada fáscia parotideomassetérica
recobre a glândula parótida e músculo masseter a partir de sua inserção no
periósteo da margem inferior do arco zigomático. Posteriormente à margem
anterior do músculo masseter, a fáscia parotideomassetérica se divide em duas
lâminas. Uma superficial e mais espessa recobre lateralmente a glândula com
firme conexão com seu tecido interlobular. A outra lâmina mais fina a reveste
medialmente.41
SMAS- O SMAS deve ser considerado junto com o músculo platisma pois o
mesmo se trata nada mais que um prolongamento aponeurótico do músculo em
direção superior. A tração e a rotação do complexo anatômico composto pelo
músculo platisma e pelo sistema músculo aponeurótico superficial da face serão
os principais responsáveis pelo resultado após a ritidoplastia.
1.3- Técnica Operatória
Incisões- As incisões podem variar de acordo com a escolha do cirurgião e do
paciente em questão. É de grande importância pois deve estar inconspícua após a
recuperação do paciente. Maus resultados em ritidoplastias, podem ser atribuídos
às incisões como aumento da distância entre o canto lateral da palpebral e a
implantação pilosa, elevação da costeleta, apagamento ou deformações no tragus
e deslocamento do lobo da orelha. Para evitar estigmas deve-se portanto:
- Seguir o sulco que separa as unidades anatômicas da face e da orelha
para o correto posicionamento da cicatriz pré auricular;
- Acompanhar meticulosamente as curvas naturais sem aplicar incisões
retilíneas;
- As suturas pré auriculares devem permanecer absolutamente sem tensão.
Superiormente, a incisão contorna a implantação pilosa, utilizamos então a
técnica tricofítica, que consiste em incisão biselada, preservando os bulbos pilosos
abaixo da linha de incisão. Desta forma haverá crescimento capilar através da
cicatriz fazendo com que a mesma permaneça imperceptível dentro do cabelo.1
Na região do tragus, a incisão pode ser pré, na crista do tragus ou pós
tragal. Seu posicionamento não é de grande importância, entretanto a aparência
final do tragus é fundamental no resultado da operação e dependerá mais da
tração exercida do que do posicionamento da incisão. Nossa preferência é pela
incisão na crista do tragus, com desengorduramento da pele que recobrirá o
tragus e ponto de adesão pré tragal para refazer a depreção típica desta unidade
anatômica.1,4,5
Na região submentoniana, a incisão de 3 cm deve ser posicionada
ligeiramente posterior a prega submentoniana, sem retirarda de pele.1,5
Por fim a região retro auricular deve ter a incisão posicionada no sulco retro
auricular e, quando necessário, acompanhar a linha de implantação pilosa
occipital em múltiplos w com a técnica tricofítica. Sua sutura deve ser livre de
tensão na pele para evitar necroses e cicatrizes inestéticas.Fig. 3
Figura 3
–
Padrão
de
incisão
na
crista
do
tragus com técnica tricofítica na linha de implantação capilar.
Descolamento subcutâneo- Na região retro auricular e occipital, deve-se ter
atenção especial ao músculo trapézio que se apresenta superfial e sua lesão
aumenta a incidência de hematomas, assim como o nervo grande auricular,
também superficial, compõe a lesão nervosa mais freqüênte durante a
ritidoplastia. Sua lesão causará disturbios sensitivos no pavilhão auricular.
A dissecção subcutânea do terço médio da face e do pescoço deve
prosseguir no plano supra SMAS, de forma que a pele no retalho cutâneo não seja
demasiadamente delgada ao ponto de sofrer isquemias ou retrações.
SMAS platisma- A tração e rotação adequada o SMAS, pode proporcionar o
reposicionamento adequado das estruturas profundas da face, permitindo que a
pele seja reposicionada sem tração. Com isso é possível elevar o terço médio da
face, reposicionar o canto lateral da boca, definer o ângulo mandibular, corrigir
queixo duplo, eliminar a flacidez lateral e tratar a ptose do sulco naso geniano. O
tratamento do SMAS pode ser realizado através de tração simples, com plicatura
no sentido do sulco naso geniano, aplicado à pacientes com ptose discreta, ou
mediante incisão, descolamento, resecção e tração, para os casos mais severos.
As incisões no SMAS podem ser curvilíneas ou em forma de L invertido,
promovendo então o acesso ao espaço sub-SMAS que é dissecado mobilizando o
tecido de acordo com a necessidade. O vetor de tração será superior e lateral de
forma a corrigir a ptose do terço médio da face e promover aumento da projeção
maxilar. Após tração moderada o excedente de tecido (SMAS) é então ressecado
com sutura firme do retalho promovendo sustentação dos tecidos profundos da
face. O platisma é dissecado em conjunto com o SMAS e tracionado para região
retro auricular com ou sem retalho local de maneira a corrigir a flacidez
cervical.1,3,5
Durante disecção do SMAS, deve-se cuidar para não gerar lesões
nervosas, principalmente no terço anterior do arco zigomático aonde os ramos
temporofrontais tornam-se superficiais e terço médio da mandibular aonde o nervo
mandibular é mais superficial juntamente com os vasos faciais.
O conceito moderno da cirurgia plástica de face estabelece que o SMAS é
o ponto chave para o tratamento do envelhecimento, sendo a sede de todo
reposicionamento tissular, permitindo, desta forma, que a pele exerca apenas seu
papel de órgão de revestimento, sem qualquer tensão na mesma.
Pescoço e terço inferior- Habitualmente seu tratamento se inicia com
lipoaspiração moderada para delinear as estruturas cervicais e evitar retrações. A
dissecção cervical através do acesso submentoniano expõe as bandas platismais
que deves ser excisadas e suturadas na linha média. O tratamento do platisma é
então complementado com tração lateral juntamente com o tratamento do
SMAS.38
2- Objetivo
O objetivo deste trabalho é determinar as bases anatômicas para
realização do face lifting, para obtenção dos melhores resultados possíveis.
Estabelecer as diferenças anatômicas entre os gêneros masculino e feminino
assim como as associações cirúrgicas determinadas por avaliação anatômica
prévia, capazes de melhorar o resultado final.
3- Método
Trata-se de um estudo retrospectivo analítico, baseado na dissecção de
cadáveres frescos e formolizados. As dissecções avaliaram os seguintes
aspectos:
- Anatomia da pele e vascularização
- Tela subcutânea
- Sistema músculo aponeurótico da face
- Platisma e suas variações anatômicas
- Nervo facial e suas variações. Determinação das áreas de maior risco de
lesão.
- Relações entre o nervo grande auricular, veia jugular externa e platisma.
Suas variações e áreas de risco.
- Tecido adiposo cervical, tela subcutânea e gordura subplatismal.
- Resistência a tração dos diferentes tecidos da face e consequências na
durabilidade dos resultados.
- Características da face masculina e alterações técnicas necessárias.
- Características das rugas glabelares e vias de acesso para o tratamento
definitivo.
De acordo com as bases anatômicas definidas pelas dissecções de
cadáver e alterações na técnica operatória aplicadas, revisamos 1000 casos
operados ao longo de 40 anos de experiência em Cirurgia Plástica.
4- Resultados
- Anatomia da pele e vascularização
A despeito da anatomia ser bastante conhecida minúcias na gênese das
rugas e diferenças entre os gêneros masculino e feminino não são bem
estudadas. A comparação entre as diferentes idades de cadáveres feminos,
evidenciou que a espessura da derme reduz com a progressão da idade
tornando-a não apenas suscetível à formação de rugas mas também menos
resistente à tração e sujeita a menor durabilidade de resultados. Figura 4 pele
masculina mostrou-se mais espessa e o plexo vascular subdérmico mais
exuberante tornando os homens mais propensos à hematomas pós
operatório.Figura 5
Figura 4- Processo de envelhecimento cutâneo. No sentido horário, quarta,
quinta sexta e sétima década de vida.
Figura 5 – Pele masculina mais espessa e plexo vascular subdérmico mais
exuberante.
- Tela subcutânea
O tecido adiposo na face tem grande importância no processo de
rejuvenescimento. As dissecções evidenciaram atrofia e ptose progressiva
proporcionalmente a idade. A gordura na face encontra-se dividida por septos
fibrosos formando compartimentos que podem ser tratados individualmente.
Figura 6
Figura 6- Distribuição dos compartimentos de gordura da face
Fonte- Ramanadham SR, Rohrich RJ.
Newer Understanding of Specific Anatomic Targets in the Aging Face as Applied to Injectables: Superficial and Deep Facial Fat Compartments--An Evolving Target for Site-Specific Facial Augmentation. Plast Reconstr Surg. 2015 Nov;136(5 Suppl):49S-55S.42
- Sistema músculo aponeurótico da face
O SMAS é considerado a principal estrutura anatômica de
sustentação da face. Evidenciamos a continuidade do SMAS com o músculo
platsisma, portanto no ato cirúrgico estas estruturas devem ser tratadas em
conjunto. A espessura também varia com a idade e SMAS/platismas mais
espressos tendem a resistir mais a tração durante a plicatura ou retalho. Fig 7
Figura 8- Platismas de diferentes espessuras durante o ato operatório.
- Platisma e suas variações anatômicas
O platisma e seu tratamento representa um dos aspectos mais
controvertidos no tratamento para rejuvenescimento facial. Via de acesso,
modo de tração, retalhos, não há consenso quanto a técnica ideal. A dissecção
de cadáveres descreveu pela vez primeira as variações anatômicas deste
músculo quando estas foram então classificadas em três tipos:
Tipo I- As fibras mediais entrecruzam-se a cerca de 2cm abaixo do
mento e estão separadas na reião supra-hióidea (75% dos casos).
fig 9
Figura 9- Platisma tipo I
Tipo II- Entrecruzamento das fibras mediais do músculo platisma até
o nível da cartilagem tireóide, comportando-se como um só músculo
na região supra-hióidea(15% dos casos). Fig. 10
Figura 10- Platisma tipo II
Tipo III- Não há entrecruzamento das fibras mediais (10 casos). Fig
11
Figura 11- Platisma tipo III
- Nervo facial e suas variações. Determinação das áreas de maior risco de
lesão.
O nervo facial representa o aspecto de maior preocupação entre os
cirurgiões plásticos durante a ritidoplastia. Minúcias de sua anatomia com
objetivo de minimizar o risco de lesão foi um dos principais objetivos de nossas
dissecções.
Observamos que todas as glândulas parótidas dissecadas eram
compostas de duas porções unidas apenas no seu bordo posterior, permitindo a
criação de um plano de dissecção entre os lobos superficial e profundo da
glândula.
A penetração do nervo facial na face profunda da glândula parótida e a
formação no seu interior de um plexo nervoso com inúmeras anastomoses entre
as suas principais divisões, mostrou-se constante em todas as peças estudadas.
Também em todas as dissecções, a divisão temporofacial do nervo facial
apresentou-se com tamanho e espessura quase duas vezes o da divisão
cervicofacial. Seus ramos e anastomoses eram acentuadamente complexos. A
divisão cervicofacial apresentou-se com anastomoses muito menos complexas.,
mostrando-se com longos ramos de estrutura simples Fig. 12 .
As diferentes relações anastomóticas entre os ramos da divisão
temporofacial do nervo facial permitiu-nos encontrar cinco variações mais
freqüentes na disposição destas conexões. Para mais fácil entendimento,
agrupamos na Tabela 3, as variações encontradas de acordo com o número de
ramos ao cruzar a arcada zigomática e, de acordo com as anastomoses com o
ramo zigomático do nervo facial.
FIGURA 12- Emergência do nervo facial (seta) e formação das divisões
temporofacial e cervicofacial.Notar estruturas longas e simples presentes na
divisão cervicofacial.
TABELA 1 . Número de ramos nervosos cruzando a arcada zigomática
Nº de ramos cruzando a
arcada zigomática
Nº de hemiface
dissecadas
%
1 2 8,0
2 12 48,0
3 4 16,0
4 2 8,0
Vários 5 20,0
Total 25 100,0
Variações anastomóticas entre os ramos da divisão temporofacial nos
cadáveres estudados:
48,0 % (12 hemifaces) - dois ramos frontais cruzam a arcada zigomática, e após
intensa anastomose entre si alcançam o músculo frontal sob a forma de pequenos
ramos. Ausência de anastomose com o ramo zigomático Fig. 13.
FIGURA 13. Dois ramos frontais cruzam a arcada zigomática (linha branca),
atingindo o músculo frontal após anastomosar-se entre si (rebordo orbitário
assinalado por seta branca).
20,0 % ( 5 hemifaces) – vários ramos nervosos cruzam a arcada zigomática sob
a forma de uma rede anastomótica complexa e assim se mantém até entrarem no
músculo frontal. Ocorre anastomose com o ramo zigomático. Fig. 14
FIGURA 14- Vários ramos frontais cruzam a arcada zigomática (marcada por ponto
preto). Glândula parótida rebatida por pinças.
16,0 % (4 hemifaces) - três ramos nervosos cruzam a arcada zigomática,
anastomosando-se entre si e com o ramo zigomático, para alcançar o músculo
frontal sob a forma de um pequeno plexo. Fig.15
FIGURA 15- Três ramos frontais cruzam a arcada zigomática (marcada com
agulha), anastomozando-se entre si e com o ramo zigomática.
8,0 % (2 hemifaces) - quatro ramos nervosos cruzam a arcada zigomática e
apresentam intensa interconexão entre si até alcançarem o músculo frontal.
Ausência de anastomoses com o ramo zigomático. Fig.16
FIGURA 16- Quatro ramos frontais cruzam a arcada zigomática (marcada por
agulha) e anastomosam-se entre si até alcançarem o músculo frontal.
8,0 % (2 hemifaces) - apenas um ramo nervoso cruza a arcada zigomática ,
seguindo solitário até alcançar o músculo frontal quando divide-se em pequenos
ramos que irão penetrar no músculo. Ausência de anastomose com o ramo
zigomático. Fig. 17
FIGURA 17- Apenas um ramo frontal atravessa a arcada zigomática, seguindo até o
músculo frontal. Notar o ramo frontal da artéria temporal superficial paralela e
superior ao curso do nervo.
Foram feitas aferições para se apurar a que distância em relação ao tragus
o ramo frontal do nervo facial perdia a proteção da parte superior da glândula
parótida. Encontramos uma variação de 1,4 a 2,1 cm, com 12 ramos dissecados
(56 %) exteriorizando-se a uma distância de 1,7 cm do tragus. Fig. 18
FIGURA 18- Visão panorâmica mostrando glândula parótida protegendo o tronco
nervoso principal e as divisões cervicofacial e termporofacial. As partes mais
distais do nervo estão fora da proteção da glândula, portanto correm risco de
lesão durante uma ritidoplastia. Ponto branco marca a arcada zigomática.
Para se localizar o ponto de passagem do ramo frontal do nervo facial sobre
o arco zigomático, traçou-se uma linha unindo o ligamento cantal lateral ao tragus.
Verificamos que a relação anatômica entre o ramo frontal e o arco zigomático
ocorria entre 3,2 a 3,8 cm posterior à borda lateral da órbita ao nível da linha canto
tragal. As medidas da linha canto-tragal em cadáveres variou de 5,6 a 7,2 cm,
com 6,9 cm sendo a média.
O ramo frontal do nervo facial apresentou uma relação constante com o
S.M.A.S. (fáscia temporo-parietal) e com a fáscia temporal profunda. Seu trajeto
em todas as dissecções mostrou-se junto à face profunda do S.M.A.S. e acima do
folheto superficial da fáscia temporal profunda. Fig.19 e 20
FIGURA 19- SMAS elevado (pinça) mostrando-se mais fino acima do arco zigomático (seta). Cadáver formolizado.
FIGURA 20- Folhetos superficial e profundo da fáscia temporal profunda. Seta
mostrando passagem do nervo pelo arco zigomático, seguindo sobre o folheto
superficial da fáscia temporal profunda.
A artéria temporal superficial dividiu-se nos ramos anterior (ou frontal) e
posterior (ou parietal) sempre após cruzar o arco zigomático A relação do ramo
frontal da artéria temporal superficial com o ramo frontal do nervo facial mostrou-
se constante em 92 % dos espécimens dissecados (23 hemifaces): o curso da
artéria foi sempre superior e paralelo ao curso do nervo. Fig. 21
Ao nível da borda ínfero-lateral do músculo frontal, o ramo frontal da artéria
temporal superficial ofereceu, em todas as hemifaces dissecadas, um ramo
descendente para o músculo frontal que coincidia com o sítio de penetração do
nervo neste músculo. Este ramo arterial apresentou uma íntima relação com os
ramos terminais do nervo frontal ao ser “abraçado” pelos ramos nervosos
imediatamente antes deles penetrarem no músculo. A relação anatômica entre
estas duas estruturas ocorreu em 80 % das peças dissecadas (20 hemifaces) a
uma distância média de 0,6 cm da borda lateral da órbita, ao nível da linha canto-
tragal. Fig. 22
FIGURA 21- Ramo frontal da artéria temporal superficial apresentando curso
superior e paralelo aos ramos frontais do nervo facial.
FIGURA 22- Íntima relação entre os ramos nervosos e arteriais terminais na borda
lateral do músculo frontal. Notar a presença da “veia inominada”, comunicante
entre as veias superficiais e profundas do crânio.
Embora fossem extremamente variáveis as subdivisões do ramo frontal do
nervo facial, ele apresentou-se como um ramo terminal em 64% dos
cadáveres dissecados para este trabalho (16 hemifaces).
Os filetes nervosos em sua maioria visíveis a olho nu penetravam no
músculo frontal, profundamente em sua face interna, numa extensão que variou
1,5 a 4,2 cm verticalmente superior ao ligamento cantal lateral. Fig. 23
FIGURA 23- Ramos nervosos terminais penetrando na face profunda do músculo
frontal.
- Relações entre o nervo grande auricular, veia jugular externa e platisma.
Suas variações e áreas de risco.
Diversos trabalhos demonstram preocupação com lesões da veia jugular
externa como causas de hematomas, assim como injúrias do nervo grande
auricular levando a anestesia e parestesia do pavilhão auricular. Nossas
dissecções demonstraram que existe grande variação da espessura do
platisma em sua borda lateral, sem relação com a idade ou cor da pele.
Platismas demasiadamente delgados são difícies de identificar sendo mais
propensos à dissecção em plano errado. A inclinação das fibras platismais
tendem a ser mais horizontais em pacientes brevilíneos, expondo mais o
nervo grande auricular e a veia jugular externa quando comparado aos
indivíduos longilíneos. O nervo situa-se posteriormente à veia, a uma distância
média de 1,5cm. A veia é mais fácil de ser identificada e deve ser o ponto de
referência durante a operação. O nervo grande auricular é difícil de ser
identificado e não deve ser dissecado durante o ato operatório, o
conhecimento de sua íntima relação com a veia jugular externa é suficiente
para evitar sua lesão. Fig.24
Figura 24- Relação anatômica entre o nervo grande auricular sempre posterior
à veia jugular externa.
Fonte Aboudib JH, Cardoso de Castro,C. Anatomic study of relationship
between the external jugular vein, the greater auricular nerve and the platysma
muscle. Rev.Soc.Bras.Cir.Plast. 1997 v12(3);29-36. 43
- Tecido adiposo cervical, tela subcutânea e gordura subplatismal.
Alterações cervicais são a principal queixa entre os pacientes candidadtos
a ritidoplastia. A despeito do platisma ser descrito como um músculo cuticular,
encontramos comumente tecido adiposo entre a pele e o mesmo. Tal gordura
deve ser removida através de lipoaspiração aberta com cânula própria (cânula
de Pontes), para exposição e tratamento das fibras mediais do platisma.
Abaixo do músculo platisma encontra-se a gordura subplatismal, que de
acordo com os achados anatômicos não deve ser ressecada. Este coxim
adiposo preenche um espaço entre o platisma e o músculo milo-hióide, além
de permitir o deslizamento destas estruturas entre si. Sua remoção pode gerar
depressões e retrações.Fig 25
Figura 25- Lipectomia cautelosa da gordura cervical com cânula de Pontes,
evitando ressecções demasiadas, principalmente subplastismal.
Fonte: Cardoso de Castro C, Aboudib JH, Roxo ACW. Restoring the neck
contour. Clin.Plastic Surg. 2014,41;51-56.38
- Resistência a tração dos diferentes tecidos da face e consequências na
durabilidade dos resultados.
A maior parte dos artigos abordam aspectos técnicos, entretanto os
pacientes estão mais preocupados com o resultado final e sua durabilidade.
Durante nossas dissecções procuramos estabelecer parâmetros anatômicos
que nos permitissem escolher técnicas de maior durabilidade de resultados em
detrimento a outras de rápida recuperação e resultados mais fugazes. O
aspecto da pele, apesar de não ser submetida a tração excessiva na operação,
é um fator importante para a manutenção dos resultados e tratamentos
complementares à operação devem ser aplicados.
Observamos durante as dissecções que o SMAS é o tecido da face que
mais sustenta tração e será o principal responsável pelo suporte das estruturas
profundas. Trações em retalhos com descolamento do SMAS e fixação em
estruturas firmes como ligamentos, perióstio e espessamentos fasciais
mostraram-se mais duradouros que a plicatura do mesmo.
- Características da face masculina e alterações técnicas necessárias.
A pele do homem é mais espessa e a o plexo vascular subdérmico mais
exuberante, de forma que o controle da pressão arterial no homem deve ser
mais rigoroso em ordem de evitar hematomas. As principais diferenças no
gênero masculino são:
Menor tolerância aos estigmas
Maior sangramento
Maior mobilização das estruturas profundas
Maior média de idade para a ritidoplastia
Os aspectos anatômicos de maior importância durante as dissecções foram:
Preservação da distância entre a linha do cabelo e o canto lateral palpebral
é necessário contornar a costeleta com incisão tricofítica em zig-zag para
que permaneça inconspícua.
Cicatriz pré auricular- A presença da barba faz com que as cicatrizes nesta
posição sejam notadas pela mobilização da área de implantação pilosa.
Nos homens, nossa opção é pela incisão pré tragal, respeitanto o limite da
barba. Fig.26
Figura 26- Detalhes do posicionamento das incisões nos homens
As estruturas profundas, SMAS e platisma se mostraram mais espressos e
resistentes no homens, portanto é necessário maior mobilização dos
mesmos e a indicação de retalho de SMAS com descolamentos maiores é
mais frequênte. Fig 27
Figura 27- Maior mobilização das estruturas profundas
- Características das rugas glabelares e vias de acesso para o tratamento
definitivo. Figs. 28 e 29
As rugas na região glabelar são queixas frequêntes após a operação em
função de sua persistência. Sua formação se dá principalmente pela ação do
músculo corrugado do supercílio. Também atuam os músculos prócero, depressor
do supercílio e a cabeça medial da porção orbitária do orbicular do olho.
A ruga glabelar vertical tem sua gênese principalmente na ação da porção
transversa do músculo corrugador. A ruga glabelar oblíqua é formada pela ação
da porção oblíqua do corrugador associado aos demais músculos supra citados. A
miectomia do corrugador portanto, é eficaz no tratamento destas rugas. Para tal, é
importante o amplo domínio das relações anatômicas com os nervos da região,
que de acordo com as dissecções apresentaram-se:
Nervo supra orbitário- Situa-se profundamente ao músculo corrugador e
não deve ser abordado durante a miectomia.
Nervo Supra-troclear- Penetra no músculo corrugador e divide-se em três
ou quarto ramos que percorrem a face anterior do músculo. Estes devem
ser identificados e devidamente preservados durante a miectomia.
Ramos infra-trocleares- Presentes medialmente a origem do músculo, não
penetrando no mesmo.
Figura 29- Músculo corrugador do supercílio.
As figuras 30 a 43 demonstram alguns exemplos de resultados possíveis
com a aplicaçào adequada das diferentes técnicas disponíveis.
Figu
ra 30- Pré e pós operatório de 2 anos, vista frontal.
Figu
ra 31- Pré e pós operatório de 2 anos, vista de perfil.
Figu
ra 33- Pré e pós operatório de 8 anos, vista de perfil.
Figu
ra 34- Pré e pós operatório de 3 anos, vista frontal.
Figu
ra 36-Pré e pós operatório face e rinoplastia de 1,5 anos, vista frontal.
Figu
ra 37- pós operatório face e rinoplastia de 1,5 anos, vista de perfil.
Figura 38-Pré e pós operatório de 2 anos, vista frontal.
Figura 39- Pré e pós operatório de 2 anos, vista de perfil.
Figu
ra 40- Pré e pós operatório de 2 anos, vista frontal.
Figu
ra 41-Pré e pós operatório de 2 anos, vista de perfil.
Figur
a 42- Pré e pós operatório face, mentoplastia e rinoplastia de 1,5 anos, vista
frontal.
Figu
ra 43- Pré e pós operatório face, mentoplastia e rinoplastia de 1,5 anos, vista de
perfil.
5- Discussão
A preocupação com a estética facial e os primeiros procedimentos
cirúrgicos com este fim foram primeiramente descritos no Séc XIX, inicialmente
com incisões muito aparentes e posteriomente com a preocupação de produzir
cicatrizes inconspícuas. Durante muitos anos pouco se evoluiu no sentido de
prolongar os resultados, uma vez que o lifting cutâneo isolado possuem resultados
efêmeros.1
Em 1976, Mitz e Peyronie33 descreveram o sistema músculo aponeurótico
da face mudando a técnica operatória e os resultados de forma perene.
Atualmente o tratamento do SMAS e considerado padrão durante a ritidoplastia,
sendo reservada a discussão no que tange a qual técnica será empregada para
este tratamento. Nossas dissecções demonstraram que a espessura do SMAS
varia entre os pacientes de acordo com o gênero, idade e constituição corporal,
ajudando o cirurgião na decisão da melhor técnica a ser empregada a cada
paciente.
O plastisma é estudado como extensão do SMAS desde a sua descrição33,
entretanto seus tratamentos desenvolveram-se de forma independente. Durante
as últimas décadas nossos estudos ajudaram na formação do conceito de que o
tratamento da deformidade cervical se continua com o tratamento do terço médio
da face, da mesma forma que suas principais estruturas anatômicas, o SMAS e o
platisma.38 A descrição das variações anatômicas do platisma e sua classificação,
mudou a forma de enterdermos as deformidades cervicais e, naturalmente o seu
tratamento. A associação da tração medial e lateral, o tratamento das bandas
platismais mediais e abertura do submento ganharam maior importância e
precisão em suas indicações após a compreensão por completa das deformidades
cervicais a serem tratadas.
A tela subcutânea que apresentou atrofia e ptose progressivas de acordo
com o avanço da idade dos cadáveres dissecados, ganhou importância após
descrição de Rohrich42 demonstrando sua divisão em compartimentos e a
possibilidade de tratamento destes compartimentos isoladamente. Para tal
aplicam-se diferentes técnicas operatórias e tratamentos complementares como
preenchimentos e enxertos de gordura. A compartimentalização da gordura na
face, foi o ponto de partida para o conceito moderno de volumização durante o
rejuvenescimento facial. Atualmente, este conceito é respeitado durante a
operação levando-se em consideração a mobilização o SMAS e rearranjo do
volume facial perdido com o tempo de vida.
No pescoço, a gordura também foi levada em consideração. As dissecções
evidenciaram a importancia da gordura subplatismal para relação entre as
estruturas anatômicas, fortalecendo o conceito de sua preservação ou tratamento
conservador como profilaxia de retrações e bridas. Paradoxalmente a tela
subcutânea nesta região não demonstrou a mesma importância anatômica e cada
vez mais é abordada e ressecada no sentido de expor e tratar as fibras mediais do
platisma que serão mais importantes para o resultado final.
As complicações são até hoje, a principal preocupação de cirurgiões e
pacientes durante a ritidoplastia. Nossas dissecções deram grande
ênfase no desenvolvimento de técnicas e táticas para a profilaxia de lesões. O
nervo facial, mormente seu ramo temporo-frontal, demonstrou que devido ao seu
trajeto superfial e rarefação de conexões, apresenta-se entre os mais lesados
durante a operação e tem na sua lesão, maior gravidade em relação aos demais
ramos pela dificuldade para recuperação. O Nervo Grande Auricular é reportado
como o mais freqêntemente lesado na ritidoplastia em algumas series. Nossas
dissecções demonstraram os fatores de risco que favorecem sua lesão inadvertida
e, naturalmente como evita-la.43
Hematomas pós operatórios também figuram entre as principais
complicações reportadas. Os cadáveres masculinos demonstraram ter a derme
mais espessa e vascularizada além da presença dos bulbos pilosos que carregam
consigo grande vascularização. Enfatizamos então que a preocupação com o
hematoma deveria ser ainda mais intensa no caso de pacientes masculinos. Não
obstante, nas últimas décadas surgiram estudos estabelecendo as melhores
estratégias no controle da pressão arterial durante o per e pós-operatório como
aspecto fundamental para prevenção de hematomas em homens.44-47
As diferenças anatômicas demonstradas entre o gêneros, aplicadas à
ritidoplastias , deram início a uma dicotomização em relação a técnica operatória
aplicada em homens e mulheres. A análise dos pacientes operados também nos
revelou aspectos psicológicos diferentes que refetir-se-ão na forma em como
conduzirmos a operação.
Desde a descrição de técnicas menos invasivas com incisões reduzidas e
plicaturas sem retalhos ou descolamentos de SMAS, tem-se grande polêmica
sobre custo x benefício x durabilidade dos resultados. Inicialmente houve grande
movimentação entre os cirurgiões para as técnicas menos invasivas e de
recuperação mais rápida. Entretanto com o seguimento de pacientes e
observação no acompanhamento pós operatório, constatou-se que os resultados
serão produto direto da técnica empregada ,que deve ser selecionada
individualmente. As dissecções e análise das estruturas profundas já previam tal
evolução ao demonstrar que quanto maior a mobilização do SMAS maior era a
sustentação das estruturas profundas assim como resistência à tração. A busca
do objetivo dos pacientes e prioridades em relação a durabilidade dos resultados
ou recuperação rápida poderá ser alcançada com o perfeito domínio da anatomia
da face e propriedades físicas dos diferentes tecidos envolvidos na operação.
Durante as últimas décadas observamos um grande avanço na indústria
famacêutica. Os tratamentos estéticos foram revolucionados com o surgimento de
novas drogas como a toxina botulínica, potente bloqueador da placa neuro
muscular para o combate às rugas. Há cerca de três décadas olhávamos nesta
direção, em relação ao tratamento das rugas glabelares, procurando por
alternativas pouco invasivas para este fim. Com as dissecções da região glabelar
e conhecimento das relações dos nervos supra orbitário e supra troclear,
iniciamos a miectomia do corrugador em associação à blefaroplastia eliminando
com isso as rugas glabelares. Mesmo após o surgimento da toxina botulínica, a
miectomia do corrugador ainda é apresentada aos pacientes como alternativa no
tratamento destas rugas para aqueles que desejam resultados definitivos.48
O estudo da medicina se inicia pelo conhecimento da anatomia através da
dissecção de cadáveres. Para as áreas cirúrgicas, a anatomia e suas infinitas
possibilidades de variação constituem-se na pedra fundamental para o
desenvolvimento e acúmulo de conhecimento. Ao longo de toda a vida profissional
nos mantivemos ativos em dissecções de cadáveres frescos em praticamente
todos os segmentos da cirurgia plástica com o objetivo de desenvolver novas
técnicas e mesmo observar novos detalhes da anatomia do ser humano.
Especialmente no segmento cefálico, a anatomia é rica e muito variável o que nos
motivou e regozija poder trazer alguma contribuição no sentido de melhorar o
resultado final da ritidoplastia, assim como a satisfação dos pacientes.
6- Conclusão
O estudo da anatomia da face e características dos diferentes tecidos
envoldidos na operação para o rejuvenescimento facial, possibilita o cirurgião
aplicar com segurança diferentes técnicas a diferentes pacientes. Ainda em casos
semelhantes o profundo conhecimento anatômico permitiu alcançar objetivos
distintos com a operação de forma individualizada.
O desenvolvimento de bases anatômicas para a cirurgia de
rejuvenescimento facial foi eficaz na redução das complicações pós-operatórias,
principalmente de natureza nervosa e vascular ,assim como melhorar os
resultados à longo prazo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. CASTRO, C. C. Cirurgia de Rejuvenescimento Facial. Rio de Janeiro: MEDSI,
1998. Cap 4, p. 47-72.
2. PEDROZA F, PEDROZA LF, GENTRY DC, CORDOBA JG, CEPEDA GA.
Rhytidoplasty: SMAS Imbrication Vector Comparison.
3. DERBY BM, CODNER MA. Facial Plast Surg. 2016 Dec;32(6):599-
606.Evidence-Based Medicine: Face Lift. Plast Reconstr Surg. 2017
Jan;139(1):151e-167e.
4. ROHRICH RJ, NARASIMHAN K. Long-Term Results in Face Lifting:
Observational Results and Evolution of Technique. Plast Reconstr Surg. 2016
Jul;138(1):97-108.
5. ANSON, B. J.; MC VAY, C. B. Surgical Anatomy. 5th ed. Philadelphia:
Saunders, 1971. v.1, p.190.
6. HINDERER, U. T.; URRIOLAGOITIA, F.; VILDÓSOLA, R. The blefaro-
periorbitoplasty: anatomical basis. Ann Plast Surg, Madison, v.18, n.5, p. 437-453,
May. 1987.
7. FUNK W. PRESTO lift-a facelift that preserves the retaining ligaments and
SMAS tethering.
Oral Maxillofac Surg. 2017 Mar;21(1):33-39.
8. ARUN, K.; STEVEN, R.; JOHN, Y. The temporal branch of the facial nerve: How
reliably can we predict its path? Plast Reconstr Surg, Baltimore, v. 99, n.5, p.
1224-1233, Apr.1997.
9. BAKER, D. C.; CONLEY, J. Avoiding facial nerve injuries in rhytidectomy:
anatomical variations and pitfalls. Plast Reconstr Surg, Baltimore, v. 64, n. 6, p.
781-795, Dec. 1979.
10. CLODIUS, L. Selective neurectomies to achieve symmetry in partial and
complete facial paralysis. Br J Plast Surg, London, v.29, n.1, p.43 -52, Jan. 1976.
11. FAERBER, T. H.; MOSBY, E. L. Surgery of Temporomandibular joint :facial
nerve injury with modified dissection technique. J Craniomandib Disord, Lombard,
v. 4, n. 2, p. 113-119, Spring,1990.
12. FREILINGER G.; GRUBER H; HAPPAK W.; PECHMANN U. Surgical anatomy
of the mimic muscle system and the facial nerve: importance for reconstructive and
aesthetic surgery. Plast Reconstr Surg, Baltimore, v. 80, n. 5, p. 686-690, Nov.
1987.
13. GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O`RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do
corpo humano. 4a. ed. Tradução: Rogério Benevento. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 1985. cap. 57, p. 642-649.
14. MAY, M. The facial nerve. New York: Thieme, 1986.p. 21- 55.
15. JONES, N. Facial nerve. In: BANNISTER,L. H.; BERRY, M. M.; DUSSEK, E.
J.; FERGUSON, W. M. (Eds), Gray’s Anatomy. New York: Churchill Livingstone,
1995. 792, p. 1243-1248.
16. ANGRIGIANI , C.; GRILLI, D. The temporal branch of the facial nerve: How
reliably can we predict its path? Plast Reconstr Surg, Baltimore, v. 99, n.5, p.
1234-1236, Apr.1997.
17. LUSCHKA, H. Die anatomie des menschen. Tubingen: H. Laupp’schen, 1862.
v.1, abth. 1, p. 183; v.3, abth. 2, p.311, p.384.
18. QUAIN, J. Elements of anatomy. London: James Walton, 1867. Part 3, p. 814.
19. HENLE, J. Handbuch der systematischen anatomie des
menschen.Braunsweig: Vieweg, 1873. Bd. 2,p. 138.
20. SAPPEY, P. Traite d’anatomie. Paris: Adrien Delahay & CO, 1879. Tome 4, p.
83.
21. POIRIER, P. Traite d’anatomie humaine. Paris: Masson & CO, 1898. Tome 4,
Fasc. 3, p.658.
22. TESTUT, L. Trait d’anatomie. Paris: Gaston Doin, 1912. tome 4, p. 268.
23. GRÈGOIRE, R. Le nerf facial et la parotide. J Anat Physiol, Paris, v.
48, p. 437-447, 1912.
24. PIERSOL, G. A. Human Anatomy. Philadelphia: J B Lippincott, 1930. 9th Ed.,
p. 1582.
25. ROUVIÈRE, H.; CORDIER, G. Sur le developpement de la glande parotide et
les connexions qui existent entre le deux lobes de cette gland. Ann Anat Path
Norm, Paris, v. 11, p. 622,1934.
26. JANES, R. M. Surgical treatment of tumors of the salivary glands. Surg Clin N
Am, v. 23, p. 1429-1431, 1943.
27. MC CORMACK, L. J.; CAULDWELL, E. W.; ANSON B. J. The surgical
anatomy of the facial nerve, with special reference to the parotid gland. Surg
Gynecol Obstet. v. 80, p. 620-626, 1945.
28. DARGENT, M.; DUROUX, P. Donnes anatomiques concernant la morphologie
et certains rapports du facial intra-parotidien. Presse mèd, Paris, v. 54, n. 37, p.
523-524, 1946.
29. DAVIS, R. A.; ANSON, B. J.; BUDINGER, J. M. Surgical anatomy of facial
nerve and parotid gland based upon a study of 350 cervicofacial halves. Surg
Gynecol Obstetr, Chicago, v. 102, p. 385-411, Apr. 1956.
30. CALLENDER, N. Surgical Anatomy. In: Anatomia Quirúrgica. 2. ed.
Barcelona: Salvat Editores, 1956. cap. 3, p.133.
31. PITANGUY I, RAMOS A.S. The frontal branch of the facial nerve: the
importance of its variations in face lifting. Plast Reconstr Surg, Baltimore, v. 38, n.
4, p. 352-356, Octb. 1966.
32. CORREIA, P.; ZANI, R. Surgical anatomy of the facial nerve, as related to
ancillary operations in rhytidoplasty. Plast Reconstr surg, Baltimore, v. 52, p. 549-
554, Aug. 1973.
33. MITZ, V.; PEYRONIE,M. The superficial musculo- aponeurotic system (SMAS)
in the parotid and cheek area. Plast Reconstr Surg, Baltimore, v.58, n.1, p. 80-88,
Jul. 1976.
34. OZERSKY, D.; BAEK, S. M.; BILLER, F. H. Percutaneous identification of the
temporal branch of the facial nerve. Ann Plast Surg, v. 4, n. 4, p. 276-280, Apr.
1980.
35. STUZIN, J. M.; WAGSTROM, L.; KAWAMOTO, H. K. Anatomy of the frontal
branch of the facial nerve: the significance of the temporal fat pad. Plast Reconstr
Surg, Baltimore, v.83, n.2, p. 265-271, Feb. 1989.
36. ISHIKAWA, Y. An anatomical study on the distribution of the temporal branch
of the facial nerve. J Craniomaxillofac Surg, Stuttgart, v. 18, n. 7, p. 287-292, Oct.
1990.
37. FAIVRE, J.; FAIVRE, J. M. La place du lifting temporal profond dans lê
traitement chirurgical du viellissement de la face. Ann Plast Surg, Madison, v. 37,
p. 53-55, 1992.
38. CARDOSO DE CASTRO C, ABOUDIB JH, ROXO ACW. Restoring the neck
contour. Clin.Plastic Surg. 2014,41;51-56
39. KREUTZIGER, K. L. Surgery of Temporomandibular Joint I. Surgical anatomy
and surgical incisions. Oral Surg Oral Méd Oral Pathol, St. Louis, v. 58, n. 6, p.
637-646, Dec. 1984.
40. Al-KAYAT, A.; BRAMLEY, P. A modified pre-auricular approach to the
temporomandibular joint and malar arch. Br J Oral Surg, Edinburgh, v. 17, n. 2, p.
91-103, Nov. 1979.
41. TEIXEIRA, L. M. S.; REHER, P.; REHER, V. G. S. Anatomia aplicada à
odontologia. Rio de Janeiro: Ganabara-Koogan, 2001. p. 372.
42. RAMANADHAM SR, ROHRICH RJ. Newer Understanding of Specific
Anatomic Targets in the Aging Face as Applied to Injectables: Superficial and
Deep Facial Fat Compartments--An Evolving Target for Site-Specific Facial
Augmentation. Plast Reconstr Surg. 2015 Nov;136(5 Suppl):49S-55S.
43. ABOUDIB JH, CARDOSO DE CASTRO,C. Anatomic study of relationship
between the external jugular vein, the greater auricular nerve and the platysma
muscle. Rev.Soc.Bras.Cir.Plast. 1997 v12(3);29-36
44, KAOUTZANIS C, WINOCOUR J, GUPTA V, GANESH KUMAR N, SAROSIEK
K, WORMER B, TOKIN C, GROTTING JC, HIGDON KK. Incidence and Risk
Factors for Major Hematomas in Aesthetic Surgery: Analysis of 129,007 Patients.
Aesthet Surg J. 2017 Apr 7.
45. ROHRICH RJ, STUZIN JM, Ramanadham S, Costa C, Dauwe PB. Modern
Male Rhytidectomy: Lessons Learned. Plast Reconstr Surg. 2017 Feb;139(2):295-
307.
46, GIORDANO S, KOSKIVUO I, SUOMINEN E, VERÄJÄNKORVA E.Tissue
sealants may reduce haematoma and complications in face-lifts: A meta-analysis
of comparative studies. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2017 Mar;70(3):297-306.
47. BAKER DC, STEFANI WA, Chiu ES. Reducing the incidence of hematoma
requiring surgical evacuation following male rhytidectomy: a 30-year review of 985
cases. Plast Reconstr Surg. 2005 Dec;116(7):1973-85
48. ZANELLA PSM, CARDOSO DE CASTRO C, BOECHAT CEJ, ABOUDIB JH.
Glabellar wrinkles treatment through transpalpebral approach to the corrugator
supercilii muscles. Rev.Soc.Bras.Cir.Plast. 2006;21(2):97-101