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Bases neurais da emoção e razão Emoção-Conceito e Teorias Examinaremos as bases neurais da emoção e da razão. Emoções - amor. ódio, desgosto, alegria, vergonha, inveja, culpa, medo, ansiedade e assim por diante - são sentimentos que todos experimentamos em um momento ou em outro. Mas o que define precisamente esses sentimentos? Esto é um assunto complexo, pois é difícil estudar emoções utilizando-se as técnicas normalmente empregadas para o estudo dos sistemas sensorial e motor. Se você está estudando um sistema sensorial, basta apresentar um estimulo e procurar os neurônios que respondam a ele. Mas como pode esta técnica ser utilizada para se estudar as emoções? No sentido mais simples, o estudo da emoção pode ser reduzido a um problema de sinais de entrada e de saída. A maior parte dos estímulos que evocam respostas emocionais vem de nossos sentidos. Os sinais comportamentais são controlados pelo sistema motor som ático, pelõ sistema neurovegetativo e hipotálamo secretor. A questão que podemos formular é sobre como os estimulos sensoriais de entrada conduzem às respostas comportamentais e fisiológicas indicadoras da expressão emocional. ATeoria de James-Lange. (1984. psicólogo e filósofo americano William James e psicólogo dinamarqués CarI Lange). Essa teoria supunha que experimentamos a emoção em razão a alleraçôes fisiologicas em nosso organismo. exempio: sentimo-nos tristes porque choramos, e não choramos porque estamos tristes. Nossos sistemas sensoriais enviam informação acerca de nossa situação para o encéfalo como

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Bases neurais da emoção e razão

Emoção-Conceito e Teorias

Examinaremos as bases neurais da emoção e da razão. Emoções - amor. ódio, desgosto, alegria, vergonha, inveja, culpa, medo, ansiedade e assim por diante - são sentimentos que todos experimentamos em um momento ou em outro. Mas o que define precisamente esses sentimentos?

Esto é um assunto complexo, pois é difícil estudar emoções utilizando-se as técnicas normalmente empregadas para o estudo dos sistemas sensorial e motor. Se você está estudando um sistema sensorial, basta apresentar um estimulo e procurar os neurônios que respondam a ele. Mas como pode esta técnica ser utilizada para se estudar as emoções?

No sentido mais simples, o estudo da emoção pode ser reduzido a um problema de sinais de entrada e de saída. A maior parte dos estímulos que evocam respostas emocionais vem de nossos sentidos. Os sinais comportamentais são controlados pelo sistema motor somático, pelõ sistema neurovegetativo e hipotálamo secretor. A questão que podemos formular é sobre como os estimulos sensoriais de entrada conduzem às respostas comportamentais e fisiológicas indicadoras da expressão emocional.

ATeoria de James-Lange. (1984. psicólogo e filósofo americano William James e psicólogo dinamarqués CarI Lange).

Essa teoria supunha que experimentamos a emoção em razão a alleraçôes fisiologicas em nosso organismo. exempio: sentimo-nos tristes porque choramos, e não choramos porque estamos tristes. Nossos sistemas sensoriais enviam informação acerca de nossa situação para o encéfalo como resultado, nosso encéfalo envia sinais para o organismo, mudando o tonus muscular, a freqüência cardía-ca o assim por diantiv. Os sistemas sensoriais reagem a essas alteraçoes evocadas pelo encéfalo e seria esta situação que constitui a emoção.

Sabemos atualmente que para emoções fortes tipicamente associadas com mudanças fisiológicas, ha uma forte relação entre a emoção e sua manifestação fisiológica e não é obvio o que causai o qué. Entretanto isso não significa que emoções não possam ser sentidas na ausência de sinais fisiológicos óbvios.

A Teoria de Cannon-Bard (1927, fisiologo americano Walter Cannon e Philipe Bard).

Teoria propunha que a experiência emocional pode ocorrer independentemente de uma expressão emocional. Mesmo animais com a medula transseccionada (o que elimina as sensações do orgasmo) ainda expressam emoções.

Além disso não há correlação confiável entre experiençia emocional e estado fisiológico. Por exemplo, o medo é acompanhado por um aumento da freqüência cardíaca, inibição da digestãoe aumento da sudorese. Essas mesmas mudanças fisiológicas, entretanto, acompanham outras emoções, como raiva, por exemplo, e mesmo condições patológicas não-emocionais, como a febre.

Nessa teoria, a entrada sensorial é recebida pelo córtex cerebral, que, por sua vez, ativa certas mudanças no organismo. Esse circuito neural de estimo e resposta, é desprovido de emoção. Ou seja, voçe pode chorar sem estar triste. As emoções são produzidas quando sinais alcançam o tálamo, seja diretamente a partir dos receptores sensoriais, seja por estímulos corticais descendentes.

O Sistema Límbico

Estudos posteriores vem demonstrando que takvez a experiençia de algumas emoções depende de manifestações comportamentais e a experiençia de outras não. Uma das estratégias para compreender as bases neurais da emoção tem sido traçar as vias que, no encefalo, conectam as sensações (entradas) as respostas comportamentais (saídas) que anunciam uma experiência emocional. Em aulas anteriores, discutimos como a informação sensorial proveniente de receptores periféricos é processada ao longo de vias claramente definidas e anatomicamente distintas que seguem para o cortex. Os componentes de uma via constituem, coletivamente, um sistema. Há, nesse sentido, um sistema responsável pela experiência das emoções, ele vem sendo chamado de sistema límbico.

Lobo Límbico (1878, Paul Broca, neurologista frances).

De acordo com os estudos de Broca o lobo límbico consiste do córtex ao redor do corpo caloso, principalmente no giro cingulado, e o córtex na superfície medial do lobo temporal, incluindo o hipocampo. O pesquisador acreditava inicialmente que tais estruturas estavam relacionadas ao olfato, e posteriormente (1930) viu-se que elas estavam envolvidas com a emoção.

Circuito de Papez (1930, James Papez, neurologista americano). Papez supõe que o córtex estaria ligado ao hipotálamo através de algum tracto axonal que transpassava estruturas na parede medial do encéfalo. Ele acreditava que a experiençia emocional era determinada principalmente pela atividade do cortex cingulado e a expressão emocional pelo hipotálamo. A conexão entre cortex e hipotálamo se da atraves do hipocampo, área intermediarea constituída por um feixe de axônios chamado fornix. Os efeitos do hipotálamo atinguem são retransmitidos ao cortex pelos núcleos talâmicos anteriores. Tais esruturas foram conhecidas como circuito de Papez, sendo que a comunicação bidirecional entre hipotálamo e cortex significa compatibilidade entre as teorias de James Lange e Cannon-Bard.

Anatomicamente efetivamente tais estruturas estão conectadas. Lesões em áreas corticais podem causar alterações na expressão emocional (sem comprometer percepção ou inteligência). Lesões no tálamo anterior tem relações clinicas com riso ou choro espontâneo, assim como o hipocampo infectado pelo vírus da raiva pode causar hiper-responsividade emocional (agressividade ou medo exagerados).

Estamos apenas começando a aprender como a experiência e a expressão da emoção surgem no encéfalo. O termo Sistema Límbico é questionável pela dificuldade de definir um único e discreto sistema para a emoção. Há solidas evidencias de que algumas estruturas envolvidas na emoção estão também envolvidas em outras funções. Atualmente a estratégia é enfocar umas poucas e específicas emoções para as quais há fortes evidências do envolvimento de certos circuitos neurais.

Medo e Ansiedade

Quando voçe se depara com uma situação ameaçadora ou percebe algum perigo, antes de voçe apresentar uma resposta comportamental seu hipotálamo orquestra uma resposta em seu sistema nervoso vegetativo causando sudorese, aumento de frequência cardíaca e respiratória. Há fortes evidençias de que um estrutura chamada “amígdala” escondida no lobo temporal esta associada ao medo e ansiedade (entre outras emoções) .Macacos submetidos a lobotomia temporal bilateral perdiam o medo ate de predadores naturais, como serpentes.

A amígdala situa-se no polo do lobo temporal, logo abaixo do cortex, do lado medial. A amígdala é um complexo de núcleos. A informação proveniente de todos os sitemas sensoriais alimenta a amígdala. É possivel que diferentes emoções utilizem diferentes circuitos na amígdala. A amídala também parece fornecer conteúdo emocional as memórias. A amigada para a aprender a responder a estímulos associados a dor e após isso eles passam a evocar uma resposta de medo.

Raiva e Agressão

Chama-se raiva a emoção que determina o comportamento de agressão ou ataque, seja de tipo defensivo ou ofensivo. As manifestações fisiológicas são aumento da frequência cardíaca e respiratória, e portanto da pressão arterial e da oxigenação do sangue. Tanto no medo como na raiva oconem piloereção (arrepio, nos seres humanos) e sudorese.

A agressão é um comportamento multifacetado que não é produzido penas pelo encéfalo. A agressão predatória ocorre quando, por exemplo, um animal ataca outro de outra especia com o propósito de obter alimento. A agressão afetiva é para demonstração, como quando um gato chincha para um cachorro. Embora as manifestações comportamentais e fisiologicas de ambos sejam mediadas pelo sistema motor somático e sistema neuro vegetativo, as vias devem divergir em algum ponto.

A principal estrutura ligada ao comportamento agressivo é o hipolalamo. Lesões no hipotálamo anterior implicam em alterações na espressão da agressividade predatoria. Possivelmente o telencefalo inibi as respostas mais violentas.O hipotálamo também se conecta ao mesencéfalo e a amígdala para expressar agressividade afetiva.

A diminuição do nível de serotonica também aumenta a gressividade. A serotonina é um neurotransmissor sintetizado por neurônios do tronco encefálico.

Ansiedade e Estresse

O medo que discutimos até agora é provocado por estímulos repentinos que surgem diante do indivíduo ou do animal, mantêm-se durante um certo tempo e depois desaparecem. Em algumas circunstâncias, entretanto, o medo toma-se crônico, e pode pode resultar em estresse e ansiedade.

Geralmente se usa o termo estresse quando se pode identificar uma causa geradora de medo crônico. Os policiais, por exemplo, vivem sob estresse porque suas atividadesprofissionais os submetem a constante perigo de vida. O termo ansiedade é geralmente reservado a um estado de tensão ou apreensão cujas causas não são necessariamenteprodutoras de medo, mas sim da expectativa de alguma coisa (nem sempre ruim) que acontecerá no futuro próximo. É o que sentimos quando esperamos uma pessoa queridaque chegará brevemente de viagem após uma ausência prolongada.

Na ansiedade e no estresse, os ajustes fisiológicos extrapolam o âmbito do sistema nervoso autônomo e atingem o sistema endócrino e imunitário (Figura 20.9).Por isso tomam-se mais duradouros. A ativação da divisão simpática, por exemplo, que causa taquicardia, taquipneia , sudorese, piloereção e outras manifestações, causa também a estimulação da medula0 da glândula adrenal, cujas células

secretam adrenalina e noradrenalina (hormônios que vão acentuar e prolongar as manifestações fisiologicas).

O hipotálamo passa a secretar hormônios liberadores do hormônio adrenocorticotrófico, fazendo que tem uma ação anti-imunitária e anti-inflamatória, podendo provocar queda da resistência às infecções. Isso pode ocasionar úlceras gastroduodenais, aumentar a suscetibilidade do indivíduo a doenças respiratórias e cardiovasculares.

Outras emoções positivas e negativas

As emoções humanas não se restringem à raiva e ao medo. Quais seriam então as nossas emoções? Podemos identificar pares de emoções opostas, como alegria e tristeza,amor e ódio, mas também experiências únicas para as quais não há opostos claros: encantamento, agonia, desprezo, desespero, pânico, inveja e tantas outras. Pode-se dizer que algumas têm valor positivo, e por isso os comportamentos que suscitam tendem a ser repetidos. Outras têm valor negativo, e os comportamentos que provocam visam a eliminá-las.

Positivas ou negativas, as diferentes emoções podem provocar comportamentosmotivados (comportamentos alimentar, reprodutor e defensivo), o que leva alguns autores a considerarem que o único elemento comum entre elas é o reforço, isto é, um estimulo positivo (prazeroso) ou negativo (desagradável) que resulta na motivação por prolongar ou interromper a experiência emocional.

Além da sua valência (i. e., se são positivas ou negativas), pode-se classificar as emoções humanas em três grupos: as primárias ou básicas, as secundárias, e asemoções de fundo. As emoções primárias são inatas e existem em todas as pessoas, independentemente de fatores sociais ou culturais. São as emoções que Darwin relatouem seu livro, atribuindo-lhes valor adaptativo, e portanto evolutivo: alegria, tristeza, medo, nojo, raiva, surpresa. As emoções secundárias são influenciadas pelo contexto social e cultural: são portanto aprendidas, e não inatas: culpa,vergonha, orgulho.

Finalmente, as emoções de fundo são uma categoria definida pelo neurologista português António Damásio, e referem-se a estados gerais de bem-estar ou mal-estar, de ansiedade ou apreensão, de calma ou tensão. Você as sente de modo contínuo durante um certo período, e elas influenciam as emoções primárias e secundárias queaparecem simultaneamente.

A Razão

A razão envolve também muitas operações mentais difíceis de definir e classificar.Raciocínio, resolução de problemas, cálculo mental, formulação de objetivose planos de vida, ajuste social do comportamento, e muitas outras. Tudo indicaque o córtex pré-frontal é a principal região envolvida.

Uma parte dele recebe as informações correntes, armazenando-as transitoriamente como engramas operacionais (o córtex pré-frontal ventrolateral). Outra parte (pré-frontal dorsolateral) manipula as informações desse tipo de memória. Outra ainda (o córtex pré-frontal ventromedial) toma essas informações e as compara com aquelas disponíveis na memória de longa duração, como os objetivos de vida (de curto, médio ou longo prazos): o resultado é o planejamento das ações necessárias para concretizá-los.

Uma região ventral chamada córtex orbitofrontal encarrega-se do ajuste social das ações, e das emoções correspondentes. E finalmente, uma quinta parte (o córtex cingulado anterior) influi sobre as duas primeiras, de modo a focalizar a atençãocognitiva, permitindo a seleção das informações relevantes a cada passo.

Outros aspectos são necessários para o processamento cognitivo: (1) um sistema perceptual que informe sobre os mundos externo e interno; (2) um sistema mnemônicoque forneça dados sobre o passado e permita vinculá-los ao presente; e (3) um sistema atencional de supervisão.

Cap.20. Cem bilhões de Neurônios.