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Danilo Bavaresco, personalidade representativa do pioneirismo da descendência italiana no Oeste do Paraná
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C8 - O Paraná Domingo, 2/8/2009
Bavaresco, uma saga italiana
HISTÓRIA
máquinado tempo
6 de agosto de 1963Deputado federal Lyrio Bertoliapresenta no CongressoNacional projeto de lei paracriar a Hidrelétrica Federal deSete Quedas, atual Itaipu.
A trajetória do gaúcho ‘pé-rapado’ que comprou o terreno mais valioso de Cascavel
Cascavel - Danilo Bavares-co (1939–2009) tinha umacaracterística singular: elesempre fez questão de dizerque sua família era um con-junto de famílias. Filho deAntônio Bavaresco Filho eÂngela Ferrari Bavaresco, sa-lientava que também era umFerrari e que os Bavarescosempre foram unidos a outrasfamílias, todos parentes.Quem conheceu Bavarescosabe como ele se dirigia a to-
dos: “E aí, parente?”Afinal, ele também não nas-
ceu sozinho. Vindo ao mundoem Sobradinho (RS) em 5 deoutubro de 1939, chegou emcompanhia do irmão gêmeo,Tanilo. Aportou no Oeste doParaná em 1964, para fazer adistribuição do famoso taba-co de sua cidade natal, “ar-ranchando-se” na garagem doHotel Raizer. Além do fumo,Danilo também abriu lancho-netes, uma das quais em so-ciedade com a sogra Margari-da Raizer Dalfovo e a esposaAna Maria, com quem teria osfilhos Ana Cristina, AndréaLuciana e Marcelo.
“A gente comprava umachácara por ano com a rendadessa lanchonete, que ficavajunto à antiga rodoviária”,contou Danilo. Com isso, co-meçaram a chamar ao Para-ná os parentes que viam seesgotar as perspectivas decrescimento no Sul. “Forammais de 50”, disse.
Mas ainda havia uma metaa alcançar: conseguir um va-liosíssimo terreno na avenida
Brasil, em Cascavel, a cidadeparanaense mais promissorada década de 60. Aí entra ovalor que Danilo Bavarescodá às demais famílias italia-nas pioneiras: Zeferino Sotil-
le, sogro do atual prefeito deCascavel, Edgar Bueno, com-prou o terreno junto ao pro-prietário, que residia em Joa-çaba (SC) por 70 milhões deuma moeda que hoje é atéimpossível de converter parao Real. Sotille disse a Bava-resco: “Esse lote é teu. Vocêvai pagando por mês”.
Bavaresco insistiu em assi-nar uma “letra, um papel, umcheque”. Sotille foi intransi-gente: “A palavra é que vale.É só trabalhar e você vai tercom que pagar”. O fruto des-se diálogo foi o Edifício Tre-
“Sofri durante seis meses.
Parava num quarto do prédio da
Loja César e, depois, dois anos
no Hotel Raizer, num quarto com
o dr. Nivaldo Parzianello, meu
primo, Itamar Barbegini e Elmo
Odílio. Não tinha cobertas e nem
dinheiro para comprar. Era inver-
no. No quarto havia uma cama
e dois sofás. Era preciso alter-
nar quem dormiria onde. O quar-
to não tinha janela, era muito frio
e ninguém conseguia dormir”.
Danilo Bavaresco agora já
podia contar que enquanto pas-
sava um frio terrível no quarto
sem janelas, começou a namo-
rar Ana, filha de Silvério Raizer e
sobrinha do proprietário do ho-
tel. Era o namoro escondido de
um “pé-rapado” com 17 anos e
uma moça de família tradicional.
Mas valeu o esforço. Em breve,
o fumo de corda que vinha de So-
bradinho rompia a marca das 300
Alberto Dalcanale e Bernardo
Zílio, representando os interes-
ses próprios e de um grupo de
amigos, pisaram pela primeira
vez o solo toledano em novem-
bro de 1945 para conhecer e
vistoriar a gleba da Fazenda Bri-
tânia, valendo-se do único meio
de transporte existente na épo-
ca: o lombo de burro.
Entusiasmados com o que
viram – uma imensa mata virgem
cheia de riquezas – voltaram a
Porto Alegre e logo depois Alber-
to Dalcanale seguia para Buenos
Aires em companhia de Luiz
Dalcanale Filho para juntos ne-
gociarem a compra de 11 mil al-
queires ou 270 mil hectares de
terras junto à Companhia de
Maderas del Alto Paraná.
A Fazenda Britânia media 26
quilômetros de Norte a Sul e 72
quilômetros de Leste a Oeste,
com cerca de 124 mil alqueires.
Ia da foz até a embocadura do
rio São Francisco Falso. Em decor-
rência desse projeto é que surge,
em Porto Alegre (RS), a empresa
Industrial Madeireira Colonizadora
Rio Paraná S/A (Maripá).
(A seguir: A Maripá)
Quem conheceuBavarescosabe comoele se dirigiaa todos:‘E aí, parente?’
2 de agosto de 1809
Expedição de conquista dos Campos
Gerais parte de Curitiba chefiada pelo te-
nente-coronel Diogo Pinto de Azevedo
Portugal.
2 de agosto de 1995
Trilhos da estrada de ferro Paraná–Oes-
te chegam a Cascavel.
4 de agosto de 1937
Criada a Federação Paranaense de Fute-
bol (FPF).
4 de agosto de 1954
Criado o Departamento de Fronteiras,
com autonomia administrativa, diretamente
subordinada ao Governo do Estado (seria ex-
tinto em 1961). * Extinto o Departamento
Administrativo do Oeste do Paraná.
4 de agosto de 1986
Assembleia Legislativa aprova projeto de
resolução que viabiliza a estadualização
da Universidade do Oeste.
4 de agosto de 1997
Procuradoria da República inicia ativida-
des em Cascavel, com a posse do procu-
rador Celso Antônio Três.
5 de agosto de 1915
Nasce em Marcelino Ramos (RS) o pri-
meiro prefeito de Cascavel, José Neves
Formighieri.
6 de agosto de 1890
Fundação oficial da Associação Comerci-
al do Paraná (ACP), homenageando a data
do aniversário do barão do Serro Azul,
grande vulto histórico do comércio para-
naense.
8 de agosto de 1984
Fundada a Associação de Micros e Pe-
quenas Empresas de Cascavel (Amic).
Histórias do Paraná (63)
Calendário
Anos de muito esforço
A decisão de Bavaresco ao
chegar a Cascavel foi sair cor-
rendo de volta a Sobradinho.
Mas naquele momento, na anti-
ga travessa Willy Barth, hoje Jar-
lindo João Grando, perto da atu-
al Catedral, o cansaço mandou
ficar. E realmente ficou, mas pra-
guejando muito: “Quando não
Primeiro impulso: fugir do Paranáhavia poeira, era barro”.
Por onde se olhava, meretri-
zes ofereciam os corpos diante
das crianças. Os pistoleiros não
ocultavam suas armas e o ban-
ditismo ligado ao grilo de terras
enlutava famílias a todo instan-
te. “Mas corria muito dinheiro”,
lembrou Danilo em depoimento
Na internet:
http://dihitt.com.br/Cascavel
E-mail: [email protected]
toneladas vendidas num ano, ape-
nas em Cascavel. O casamento
com Ana logo aconteceu, mas a
prosperidade ainda teria que espe-
rar: inicialmente, construíram uma
meia-água nos fundos do atual Edi-
fício Treviso e ali Danilo e Ana tive-
ram seus filhos: “Eles nasceram no
embalo das festas do Tuiuti, pois a
casa ficava nos fundos do clube”.
Suplente de vereador e presi-
dente da Liga de Futebol, Danilo
arrecadou recursos para a constru-
ção da Catedral. Viajou com Pedro
Muffato como companheiro e aju-
dante nas corridas por mais de 20
anos. E ao cabo de uma vida bem
vivida, Danilo Bavaresco disse
adeus, em 21 de julho de 2009,
pouco antes de completar 70 anos.
à história de Cascavel. A solu-
ção foi enfrentar o desafio.
viso, homenagem à região ita-liana de origem dos Bavares-co e outros parentes. Foi tam-bém entre parentes e amigosque a obra se levantou: erauma sociedade entre Bavares-co e a família de Dionísio Ru-bert. Outro descendente deitalianos, o então menino Ge-nor Cima, com seus tenros 15anos, ajudou a elaborar o pro-jeto do Edifício Treviso, ondefoi instalado o primeiro eleva-dor comercial de Cascavel.
Quando a família já estavasolidificada, começou a revo-ada de paranaenses rumo àAmazônia, que se aprofundoucom as crises da década de 80.Bavaresco também seguiu acorrente. Abriu lanchonetesem Porto Velho e PimentaBueno (RO), mas não ficou aí:entre Rondônia e o MatoGrosso, dedicou-se ao plan-tio de soja e algodão e cria-ção de gado. Era o ponto cul-minante de uma trajetóriainiciada quando um empo-eirado caminhão carregadocom fumo chegou à assus-tadora Cascavel de 1964.Zeferino Sotille: “É só trabalhar”
Danilo Bavaresco e Assis Gurgacz, em audiência com o governadorJayme Canet, no Palácio Iguaçu
Bavaresco: valor aos parentes e amigos