BEJA “CIDADE SUSTENTÁVEL” CAPITAL DO BAIXO ALENTEJO COM VISTA PARA O FUTURO

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/6/2019 BEJA CIDADE SUSTENTVEL CAPITAL DO BAIXO ALENTEJO COM VISTA PARA O FUTURO.

    1/4

    Pormenores|Setembro.Outubro 201032/

    -BEJA CIDADE SUSTENTVELCAPITAL DO BAIXO ALENTEJO

    COM VISTA PARA O FUTURO

    A necessidade de apostar nas energiasrenovveis, assim como a necessidadede reduo de emisses de dixidode carbono, hoje um factoindiscutvel. Ciente desta realidade,

    e tambm da sua potencialidadeenquanto regio, o Municpio deBeja deu os primeiros passos para asustentabilidade, ao colocar emmarcha um plano integrado quecontempla a instalao de unidadesde microgerao nos edifciosmunicipais e um plano de mobilidadeelctrica que promete transformarBeja na primeira cidade sustentveldo pas.

    Texto ngela MendesFotografia Cortesia da C.M. de Beja

    [Ambiente]

  • 8/6/2019 BEJA CIDADE SUSTENTVEL CAPITAL DO BAIXO ALENTEJO COM VISTA PARA O FUTURO.

    2/4

    \33Pormenores|Setembro.Outubro 2010

    O Alentejo a regio da Europa que beneficia de

    mais horas de sol. Este facto por si s faz comque o Alentejo tenha um enorme potencial e se

    torne atractivo para investimentos na rea daproduo de energia solar. No por acaso que

    esto instaladas, no distrito de Beja, duas dasmaiores centrais de produo fotovoltaica do

    mundo: nas redondezas da Amareleja e em Serpa.Neste momento, existem sete centrais solares

    em funcionamento no distrito de Beja, mas apenas3.6% do total da potncia instalada provm

    desta fonte alternativa. A barragem do Alquevacontinua a ser o maior produtor de energia

    atravs da produo de energia hidroelctrica.

    Para alm da instalao em grande escala decentrais solares, a revoluo energtica passa

    tambm pela microgerao, com a aposta nainstalao de unidades de produo ao nvel

    domstico e principalmente com a utilizaoconsciente e regrada das energias produzidas,

    reduzindo assim no s emisses de CO2 e asconsequncias nefastas que estas acarretam,

    como a factura energtica, que no caso deorganismos como os municpios muito elevada.

    Foi com este pensamento em mente, que o

    municpio de Beja decidiu colocar em aco umplano que visa transformar Beja numa cidade

    sustentvel.O municpio de Beja tem como objectivo tornar-se

    eco-sustentvel. E isso implica intervenes emvrios domnios. Por um lado, no sentido de

    melhores prticas ambientais que levem quer reduo de emisses de CO2, quer utilizao

    mais racional da energia, e tambm a intervenesna rea ambiental que tm a ver sobretudo

    com as questes da mobilidade e da eficinciaenergtica, declara Jorge Pulido Valente,

    Presidente da Cmara Municipal de Beja.

    UNIDADES DE MICROGERAO E OS EDIFCIOSMUNICIPAIS: UMA COMBINAO DE SUCESSO

    Esto, neste momento, instaladas seis unidadesde microgerao com ligao rede em edifciospertencentes autarquia. Na primeira fase do

    projecto, foram contempladas as escolas EB1n 1 e n4, a Biblioteca Municipal, o Teatro Pax

    Jlia e a Casa da Cultura e mesmo antes de

    avanar para a prxima fase, que prev a ligao rede de mais cinco unidades de microgerao,

    j possvel afirmar que esta uma apostaganha, visto que as receitas da venda da energia

    produzida comeam j a superar os custos deproduo.

    Como frisa Jorge Pulido Valente, para alm daproduo de energia para consumo dos edifcios,

    diminuindo assim a factura energtica, estasunidades de microgerao tm tambm capacidade

    para introduzir energia na rede, o que as tornaauto-suficientes em termos de custos.

    Numa segunda fase, todos os edifcios municipais

    vo ter uma unidade de microgerao de energiasolar e a ideia da autarquia tambm a de

    incentivar os privados a aderirem a esta ideia.Ns pretendemos que esta seja uma prtica o

    mais generalizada possvel. Estamos nestemomento a estudar quais sero os incentivos

    que podermos proporcionar aos privados. Mas,desde logo, a primeira questo que se coloca

    a do acompanhamento tcnico e esse est

    garantido da nossa parte. Outro factor que

    tambm garantimos, ao nvel do licenciamentodas obras, que alis se estender tambm ao

    nvel da construo de edifcios sustentveis departiculares, refora o Presidente da C.M. de Beja

    Facilidades nos procedimentos administrativosde licenciamento de obras, acompanhamento

    tcnico desde o inicio do projecto e certificaoenergtica depois deste estar pronto, so alguns

    dos incentivos que a autarquia equaciona, paraque a populao de Beja invista no s na

    instalao de unidades de microgerao, como

    na construo de edifcios eficientes em termosenergticos e ambientais.

    A Cmara Municipal prepara-se para dar oexemplo, ao construir novas instalaes para

    os servios autrquicos, naquele que ser umedifcio sustentvel devidamente certificado:

    Estamos a ultimar o projecto do novo edifciomunicipal, que albergar todos os servios da

    Cmara de Beja. O projecto est praticamenteconcludo, nesta fase j foi feita uma avaliao

    intermdia dos nveis de sustentabilidade doedifcio, no s em termos da sua construo,

    mas tambm em termos do seu funcionamento,

    e j ultrapassa mais de 50% daquilo que so asexigncias actuais de certificao. Penso que ser,

    se no o primeiro, um dos primeiros edifciosmunicipais a ser certificado do ponto de vista

    da sustentabilidade, desde a concepo doprojecto at entrada em funcionamento,

    afirma Pulido Valente.Adoptar novas condutas no que respeita

    utilizao de energia e microgerao de energiasolar aplicada a todos os edifcios, so os

  • 8/6/2019 BEJA CIDADE SUSTENTVEL CAPITAL DO BAIXO ALENTEJO COM VISTA PARA O FUTURO.

    3/4

    Pormenores|Setembro.Outubro 201034/

    primeiros passos para que Beja se consiga tornar

    a primeira cidade sustentvel do pas.

    BEJA CIDADE CARBONO ZERO MOBILIDADEELCTRICA E O CAMINHO PARA A DIMINUIODE EMISSES DE CO2

    A meta proposta pela Unio Europeia, a do

    corte de 20% das emisses de CO2 at 2020.Beja pretende superar esta meta e para isso est

    a investir numa rede de mobilidade elctrica esustentvel, que comea a dar os primeiros

    passos j em Setembro, com a instalao doprimeiro ponto de carregamento de veculos

    elctricos na Praa da Republica.Parte integrante da rede nacional e europeia de

    cidades que tm um plano de mobilidade

    elctrica, Beja tem um plano estruturado porfases e prev, para alm da instalao de pontos

    de carregamento de veculos elctricos, arenovao gradual da frota automvel da

    autarquia e a reestruturao da rede detransportes pblicos para que seja mais eficiente

    e possa oferecer um melhor servio aos cidados.A disponibilizao de bicicletas grtis ao pblico

    tambm uma forma de incentivo ao uso demeios de transporte que no emitam Dixido

    de Carbono. O projecto de mobilidade passa asfronteiras da autarquia e conta com o apoio da

    Associao de Municpios da Regio.

    Beja uma regio relativamente plana e tem um

    grande potencial para a produo de energiasalternativas, factores que potenciam a adopo

    de meios de transporte livres de emisses de

    CO2, como as bicicletas, e a produo de energialimpa que pode ser utilizada nos veculos

    elctricos em grande escala.

    ENERGIAS RENOVVEIS E O FUTURO.

    Por um lado, os combustveis fsseis comeama escassear e os seus custos dispararam nos

    ltimos anos. Por outro, as consequncias parao meio ambiente do uso destas fontes de

    energia comeam a ser por demais evidentes. Anecessidade de adoptar novo modelos energticos

    aceite por todos, mas no entanto as mudanasso lentas, no s porque pressupem custos

    elevados, mas tambm porque no fcil lutarcontra o paradigma do petrleo e a mquina

    industrial que o rege.

    Portugal encontra-se ainda assim numa boaposio para comear e assumiu j a dianteira

    da Europa na rea das energias renovveis.A instalao de parques elicos, a construo

    de novas barragens e a expanso de centraisfotovoltaicas no Alentejo so a face mais visvel

    deste mesmo progresso.Jorge Pulido Valente acredita que esto aqui

    conjugadas uma serie de vontades que nodeixaro que este potencial seja desperdiado:

    Por um lado, o governo est a explorar com

    muita garra esta nova rea, est a colocar

    Portugal na linha da frente, quer nas energiasalternativas, quer na mobilidade elctrica, e

    tambm os municpios, nomeadamente osmunicpios com maiores aptides para este

    sector, esto tambm a investir bastante nomesmo. Por outro lado, as empresas privadas

    que esto mais ligadas a este sector de negcio

    tambm j perceberam as oportunidades queesto criadas e esto a aproveit-las. A

    administrao central, a administrao local eos privados esto a convergir no mesmo sentido,

    o que me leva a considerar que uma rea combastante potencial, e que nos prximos anos

    esse potencial ser bem explorado.Segundo o Presidente da C.M. de Beja, esto

    ainda previstas novas instalaes de centrais deproduo de energia solar na regio. E apesar de

    no excluir a produo de energia fotovoltaica,

    a aposta ser em novas tecnologias ligadas aotermossolar.

    A autarquia cria assim condies atractivas paraos privados ligados a esta rea de negcio

    investirem na regio, diminui a factura energticaglobal do municpio e promove o uso racional

    de energia. Este o caminho para se tornar naprimeira cidade sustentvel do pas e para

    libertar o ar do excesso de Dixido de Carbono.Um plano ambicioso, mas que aponta na

    direco que todos devemos tomar para ofuturo e que decerto ter muitos seguidores.

    [Ambiente]

    [P]

  • 8/6/2019 BEJA CIDADE SUSTENTVEL CAPITAL DO BAIXO ALENTEJO COM VISTA PARA O FUTURO.

    4/4

    \35Pormenores|Setembro.Outubro 2010

    ENERGIA FOTOVOLTAICA

    Esta forma de produzir energia tem a grandevantagem de ser praticamente isenta depoluio, cheiros ou rudos.

    A energia obtida atravs da conversodirecta da luz do sol em electricidade. Para

    esse efeito, utilizada uma placa solarcomposta por clulas fotovoltaicas de silcio,

    que transformam a luz do sol directamenteem energia, numa processo que se parece

    com uma fotossntese electrnica.A capacidade de produo de uma placa

    solar depende muito das condiesatmosfricas. Apesar disso, mesmo em dias

    nublados, h produo de energia; no entanto,

    produz-se em quantidades inferiores. Estesistema tem a desvantagem de no permitir

    o armazenamento de energia, pelo que seesta no for utilizada na hora, acaba por ser

    desperdiada. Para evitar este factor, devehaver um sistema de baterias que permitam,

    por exemplo, usar durante a noite a energiaproduzida de dia.

    Este meio de produo de energia temaplicaes em casos de casas isoladas em

    zonas remotas, onde a ligao rede teria

    custos demasiado elevados. Apesar dos

    custos iniciais da instalao do sistema de

    produo serem ainda um pouco elevados,

    estes comeam hoje em dia a ser investimentosseguros, uma vez que a venda de energia

    excedente rede por parte de privados juma realidade. O governo criou mesmo o

    programa Renovveis na Hora, que simplifica acriao da figura produtor/consumidor, o que

    incentiva os privados a vender a produoexcedentria das suas unidades de microgerao

    rede.Estes factores fazem com que o investimento

    feito na aquisio destas unidades de microgeraodemore cada vez menos a recuperar, sendo que

    neste momento a meta dos cincos anos a

    mais apontada.

    Para alm das aplicaes ao nvel domestico,existem centrais de produo de energiafotovoltaica de dimenso industrial que ocupam

    algumas centenas de hectares e so j capazesde produzir energia suficiente para alimentar

    localidades inteiras. Duas das maiores do mundoesto instaladas no Baixo Alentejo.

    REDE DE MOBILIDADE ELCTRICA

    So 25 os municpios que fazem parte do

    projecto-piloto e pretende-se que nestes estejam

    instalados at ao final do ano cerca de320 pontos de abastecimento pblico de

    veculos elctricos. A meta torna-se aindamais ambiciosa durante o prximo ano, que

    aponta para a instalao efectiva de 1350pontos de carregamento.

    A rede MOBI. E agrega 25 municpios,

    incluindo Beja, regulados por um decreto-lei editado no passado ms de Abril.

    Para alm de disponibilizar pontos decarregamento, esta rede pretende que a

    energia dispensada seja maioritariamenteproduzida por fontes renovveis, tornando

    a rede de carregamento sustentvel.

    O MIT - Portugal prev que o veculo elctrico

    seja introduzido no nosso pas razo de 1%do parque automvel, por ano, at 2010,

    mas a meta do Governo Portugus ter750 000 veculos elctricos a circular at

    2020.

    Muita so as marcas que avanam commodelos elctricos e prev-se que em 2015

    seja j perfeitamente vivel a utilizao deveculos automveis elctricos, apoiados

    numa rede de carregamento espalhada pelopas.