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Belém Revista Próxima Viagem Abril, 2008

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Matéria: Belém Revista: Próxima Viagem

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BelémRevista Próxima Viagem

Abril, 2008

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36 P R Ó X I M A | B E L É M

n a f l o r e s t a

T E X T O D E L U Í S P A T R I A N I | F O T O S D E V A L D E M I R C U N H A

F e s t a

Cercada pela selva amazônica, BELÉM é umbanquete para os sentidos. Frutas estranhas, pratos

esquisitos: nosso repórter provou de tudo

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O FRUTOBENDITOO fruto dourucum pinta devermelho o verdeonipresenteda FlorestaAmazônica emvolta de Belém.Você podeencontrá-lono MercadoVer-o-Peso

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Saem das1 200 barracas doMercadoVer-o-Pesoa base dos pratosservidos nosrestaurantes. Etambém poçõesque curam tudo

Belémimpressiona os

melhores chefs domundo. Até o

catalão Ferran Adriàjá se rendeu

ao jambu

ADMIRÁVELMUNDO NOVO

O sorvete é dearaçá, o artesanato

segue a estéticamarajoara, os

peixes têm outrossabores, seu Ladir

sobe em árvorescomo um menino:

Belém desafianossos cenceitos.

Lá de cima, um pouco antes de aterrissar no aeroporto de Belém, a cena já intriga. A capital paraense apareceem meio à selva. No solo, a pele do corpo sente a presença da floresta e da bacia hidrográfica amazônica,transpirando com a intensa umidade do ar. Mesmo cansado, um cartaz me chama atenção: “Aproveite as

delícias e os prazeres de Belém”. O estômago lembra-se de que está vivo e reclama.O amendoim servido no avião não conseguiu enganá-lo. É a vez de o cérebro

condicionado à mesmice dos pratos do cotidiano sugerir: que tal umfilé com batatas fritas e Coca-Cola? Seguem-se segundos de

dúvida. Passada a tentação, o bom senso prevalece e a pergunta é reformulada:que tal provar o pato no tucupi?

Concordo com a proposta. Belém não é só a capital do Pará, mas tambémum imenso cardápio a céu aberto de pratos típicos da Região Norte. Um

menu que, por sinal, tem despertado o interesse de incensados chefsbrasileiros e estrangeiros, como Alex Atala e o espanhol Ferran Adrià.

A questão agora é: onde provar? Lembro da dica pessoal feita por Atalae sigo para o restaurante Lá em Casa, do respeitado chef Paulo Martins.

No caminho, é fácil perceber por que esta cidade instiga tanto osestrangeiros. O táxi segue pela Avenida Castilho França. De um ladoda avenida está o leito do Rio Guajará e a Floresta Amazônica aofundo. Do outro, uma série de combalidos casarões e prédioscoloniais. A boa notícia: os proprietários podem abater o IPTU sereformarem suas fachadas. Passo pela Praça do Relógio — um dosprimeiros lugares no Brasil a ter iluminação pública! — e lembroque permaneço em falta com meu estômago.

Acelero os ponteiros. Já sentado à mesa, encaro o pato assado defrente. Ele está imerso em um caldo amarelo, o tucupi, e divide o

espaço da cuia com um tal de jambu. Enquanto avalio a comida, PauloMartins explica que o tucupi é extraído da raiz de uma mandioca nada

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O chef Paulo Martins,do Lá em Casa, éestrela em Belém. Pelosétimo ano organiza oFestival Ver-o-Peso,o maior agito dagastronomia regional

Provaro pato no tucupi

é uma experiênciaquase transcendental:

o caldo dejambu anestesia

a boca

amigável chamada brava, e que os índios tupinambás aprenderam a domar, retirando-lhe o veneno (ácido cianídrico) apóscozinhá-la por pelo menos doze horas. Os sentidos do meu corpo estão confusos. A visão não reconhece o que vê. O olfato,tampouco. Resta apenas a chance de degustar o prato. Levo o caldo misturado com jambu à boca. Além do sabor delicioso, meio

ácido e azedo, sinto os lábios tremer levemente e a língua anestesiar-se com delicadeza com os pequenoschoques que sofrera. Era o efeito do jambu, uma erva com altas doses de hortelã. Naquele

momento, compreendi por que o grupo musical Mutantes foi flagrado na década de 60mastigando jambu em busca de efeitos contraculturais.

Saciado com a transcendental experiência gastronômica proporcionadapelo menu indígena, ponho-me a andar pelas ruas da parte antiga de Belém.

Começo pelo marco zero da cidade, da época em que tudo não passava deuma vila denominada Feliz Lusitânia.

No dia 12 de janeiro de 1616, o Forte do Presépio foi erguido pelosportugueses para defender as terras paraenses dos barcos inimigos.

Os canhões no alto das muralhas remetem nossa imaginação a cenasde filmes épicos, embora saibamos que não foi nada heróico o embate

com os surpresos índios que habitavam a região. Dentro dos sólidosmuros do forte funciona agora um museu com cerâmicastapajônicas e marajoaras, além de utensílios tupinambás.

Mais de 100 anos separam o forte de seu ilustre vizinho, a Casadas Onze Janelas. Construída no século 18 como residência deDomingos da Costa Bacelar, proprietário de um prósperoengenho de açúcar, a habitação foi adquirida em 1768 pelogoverno do Grão-Pará para ser o Hospital Real. Desde 2001, abrigaum espaço de arte contemporânea, além do Boteco das Onze, um

misto de bar e restaurante que conta com dois privilégios: não só foiacolhido em um prédio histórico como também fica às margens da

bela Baía do Guajará. Detalhe: o botequim felizardo serve a deliciosa

Entre as típicas comidas paraenses, a única que não pode faltar no dia-a-dia deseu povo é o açaí. Encontrá-lo no Mercado Ver-o-Peso é missão quase impossível,se você chegar depois das 6 da matina. Entenda: o fruto é consumido pelapopulação já no café matinal. Mas esqueça o sabor pasteurizado das pastasservidas nas academias de ginástica do sudeste brasileiro. Em Belém, ele é naturalmesmo. Os cachos são colhidos de uma palmeira chamada açaizeiro, cultivada nasilhas em volta da cidade, e a casca do fruto é triturada até virar um grosso caldo.Depois, é só colocar gelo, farinha de mandioca e tomar até a última gota. Sepreferir, pode ser ingerido com peixe assado ou camarão. Mas fiquemos atentos.Os americanos estudam há algum tempo as propriedades energéticas do açaí, e játentaram pelo menos uma vez patentear nosso fruto.

O açaí é nosso

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Cruzando o RioGuamá chega-sea vilarejos típicoscomo Boa Vista

A SelvaAmazônica faz

as vezes de quintalda cidade. De lá

chegam os barcoscarregados de

iguarias exóticas

UM LONGOCAMINHO

A culinária começaainda na selva. De

lá vêm osprodutos que

estarão à vendaa granel nomercado. O

resultado final éencontrado nos

restaurantesPortinha e

Lá em Casa.

unha de caranguejo, uma espécie de coxinha empanada do crustáceo, cuja pata faz o papel do osso na galinha.Fecho o triângulo de históricas edificações coloniais, o chamado Complexo Feliz Lusitânia, visitando o Museude Arte Sacra, levantado do chão ainda na primeira metade do século 18. Formado pela Igreja de São Francisco

Xavier e pelo Colégio de Santo Alexandre, o prédio tem influências barroca e neoclássica.Lá dentro, dá para perceber a maluquice que foi a convivência entre

colonizadores e colonizados. Parte das peças sacras é o espelho dohomem europeu, alvo e esguio. Essa fração do acervo foi trazida do

Velho Continente ou, então, feita por brasileiros anônimos e talentosos. Noentanto, muitas imagens da coleção revelam traços indígenas, como a pele mais

escura e o tronco bem forte. Imagine Jesus Cristo moreno e atarracado comoum zagueiro. Ou, então, uma Virgem Maria índia. É o que acontece com

a imagem de Nossa Senhora das Mercês. Isso sem falar em uma série deesculturas com o talhe étnico de indianos e africanos. Definitivamente,

os portugueses tentaram dominar o mundo.Deixo o percurso histórico de lado e retomo o roteiro gastronômico.

Desta vez estou frente a frente com uma moqueca paraense. Oencontro acontece no restaurante Remanso do Peixe. Não acheiinformações sobre esse prato em nenhum canto da memória. Claroque conhecia a moqueca baiana e a capixaba, mas a paraense, jamais.Sem preconceito, mandei-a para dentro. Anote a receita: peixe(filhote), pata de caranguejo, camarão, pimentões e o grande astro— o tucupi. Não leva azeite-de-dendê nem leite de coco. É bem maisleve do que as concorrentes.

5h30 da manhã: o Mercado Ver-o-Peso fervilha, como acontecehá mais de três séculos. As peculiares matérias-primas, base dos

pratos que eu havia encontrado sobre a mesa dos restaurantes no diaanterior, vão daqui. Há 1200 barracas vendendo produtos amazônicos,

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Os velhosarmazéns àbeira do rio foramtransformados emponto de encontrodos descolados

Aqui, deliciososquitutes podem se

esconder por detrásde insuspeitasportinhas e os

“cheiros” curamtodos os males

com o perdão da palavra, hortifrutigranjeiros. Eles chegam de barco das 39 ilhas fluviais em volta de Belém. Xaréus, tucunarés,pirarucus e filhotes são desembarcados no cais e seguem direto para o mercado de peixe, uma construção de ferro trazida daInglaterra em meados do século 19. As exóticas e coloridas frutas que abastecem as sorveterias da cidade também estão aqui.

Na barraquinha da dona Carmelita, você encontra um monte delas. Que tal um suco de cupuaçu ou degenipapo. Esses, você conhece. Mas uxi, abricó e sapucaí não costumam entrar no nosso

repertório. A oferta não se restringe ao paladar. Na barraca de dona Clotilde o visitantepode levar uma garrafada. Não se preocupe, a simpática senhora não vai lhe acertar

a cabeça com um vasilhame, mas oferecer suas exclusivas fórmulas à base deervas preparadas para curar mazelas como solidão, falta de dinheiro

ou qualquer tipo de doença.Bastam alguns passos para sair do lado rústico de Belém, bem representado

pelo Ver-o-Peso, e entrar em sua face moderna. Há sete anos, a Estaçãodas Docas era apenas um amontoado de velhos armazéns enferrujados.

Hoje, tornou-se um descolado complexo de lojas, bares, restaurantese exposições. Os guindastes pararam de trabalhar. Viraram adorno.

Um trilho suspenso de ferro, próximo ao teto servia para transportarmercadorias. Agora é o caminho para um palco móvel, sobre o qualos músicos são deslocados de barzinho em barzinho. Não hásimilar no mundo.

De volta às ruas, meu objetivo é encontrar uma portinha naparte antiga da cidade. Portinha? Explico adiante. Por todos oscantos, ouço dizer que o lugar vende excelentes salgados. Masesqueça as tradicionais coxinhas de frango e quibes fritos. Os quitutes,aqui, são empadas com creme de jambu e queijo cuia, ou então uma

esfiha com tomate seco, mussarela de búfala e castanha-do-pará.A Portinha, eis o nome oficial do estabelecimento, fica lotada.

As invenções foram comprovadas e aprovadas. A missão desta vez

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O que não falta na Amazônia são lendas. Basta lembrar da sedução dos botos, que,irresistíveis, seriam reponsáveis pela gravidez de muitas moças. Também o tucupié cercado por uma lenda. Certa noite, Jacy (a Lua) e Iassytatassu (a Estrela-d’Alva),foram visitar Ibiapité (o Centro da Terra). Na madrugada, elas deixaram Ibacapuranga (o Céu Bonito) e desceram. Já no solo, descansaram sobre o Iupê-jaçanã (a vitória-régia).Quando se preparavam para descer o Ibibira (o abismo), Caninana Tyba mordeu a face deJacy, que derramou lágrimas amargas de dor sobre uma plantação de mandioca.Do choro de Jacy surgiu o tucupi.

Diz a lenda...

Durante oCírio de Nazaré,

a maior procissãocatólica do Brasil,2 milhões de fiéisinvadem Belém

é menos complicada. O melhor tacacá da capital é unanimidade. Fica, há 35 anos, na Avenida Nazaré, onde dona Maria do Carmo,de 60 anos, vende a iguaria de origem indígena, preparada com tucupi, e sobre o qual se adiciona goma, camarão e jambu. Serve-semuito quente, temperado com sal e pimenta.

A jornada por Belém não deixa dúvidas. A cidade orgulha-se de sua culinária inconfundível e cheia depersonalidade. Fiz o circuito inverso: comecei pelos restaurantes; depois, passei pelo mercado.

Agora era a vez de conhecer o lugar de onde vêm essas delícias : a selva. Antes de atravessaro rio, uma rápida passagem pelo Teatro da Paz, construído para aplacar os anseios

burgueses dos barões da borracha no século 19, e a Basílica de Nazaré, cujo altarabriga a imagem de Nossa Senhora, idolatrada por 2 milhões de fiéis no mês de

outubro, durante o Círio de Nazaré — a maior procissão católica do Brasil.Passada a fugaz excursão, já estou dentro do barco rumo à Floresta

Amazônica. Aqui, em Belém, ela fica logo ali, pertinho. Em meio aos furos(a ligação entre os rios), paramos na Vila de Boa Vista do Araçá, onde

conheci uma figura notável. Seu Ladir, do alto de seus 68 anos, sobe atéo topo da fina palmeira de açaí, como uma criança. Lá de cima, o velho

enverga junto com a árvore, mas não cai. Orgulhoso e faceiro, descerapidamente com três cachos na mão. O açaí não pode faltar na mesado paraense. Em solo, seu Ladir começa a mostrar seu incrívelpomar de frutas nativas. Quebra um cupuaçu na pancada. Serve apolpa molinha com farinha crocante. Depois, arranca uma folha decoré, amassa-a, cheira e diz: “O líquido é usado para fazer cachaça,mas serve para reumatismo também”. Busco, então, em meu hardwarealguma ligação da cura do reumatismo e a cachaça, mas imagino queisso poderia me levar ao campo da filosofia — de botequim. Logo

depois, meu cérebro condicionado a achar remédios na farmácia melembra de que só acreditaria no coré se viesse com bula. Resta-me

recorrer ao olfato. E não é que a dita-cuja tem cheiro de Gelol?

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Belém não conta com um grande número dehotéis modernos. Mas a situação está mudando.Até 2009, pelo menos 9 empreendimentosestarão prontos. Entre eles, 2 acessíveis, dogrupo Accor: um Ibis e outro Formule 1 — esteúltimo, com inauguração prevista para abril.

Crowne PlazaAv. Nazaré, 375, ☎ 3202-2000,www.crownebelem.com.br. Diária de R$ 410a R$ 1 100 — Com pouco mais de um ano, ohotel é o mais luxuoso de Belém. Todos os174 quartos contam com 2 saídas para bandalarga, 2 linhas telefônicas, tevê de tela plana eoutros mimos cinco estrelas. Os 170 m2 dasuíte presidencial vão além. Comportampiscina exclusiva, banho de ofurô eminicozinha. Na cobertura, a atração é umcomplexo com piscina, sauna e academia.Tudo com o Rio Guajará ao fundo.O restaurante serve comida internacionalcom toques regionais.

RegenteAv. Gov. José Malcher, 489, ☎ 3181-5000,www.hotelregente.com.br. Diária de R$ 194

Crowne Plaza: embora recente, já é — sem nenhum favor — o melhor hotel da cidade

Lá em CasaTravessa D. Pedro I, 546, ☎ 3242-4222,www.laemcasa.com — É o maior representanteda culinária paraense no Brasil. O chef PauloMartins virou referência para experts dagastronomia mundial, como o brasileiro AlexAtala e até o espanhol Ferran Adrià. O sucessodo restaurante faz sentido. Em nenhum outrolugar podem-se encontrar pratos como o patono tucupi (R$ 33) e maniçoba (R$ 24) tãosaborosos. Não deixe de provar tambémo menu paraense, composto por pirarucugrelhado, patinha de caranguejo grelhada,feijão-manteiguinha de Santarém, farofinhade pirarucu, pato no tucupi e maniçoba (R$ 35).

FICARa R$ 310 — Localizado na região central,próximo ao comércio, bares e restaurantes,este três-estrelas é ideal para se conhecerparte da cidade a pé. As suítes sãoconfortáveis e dispõem de TV a cabo,frigobar, ar-condicionado e telefone. Osserviços incluem lavanderia e internet wi-fi.O café-da-manhã é a cara da culináriaparaense: farto e variado.

Hilton BelémAv. Pres. Vargas, 882, ☎ 4006-7000,www.hilton.com. Diária a partir de R$ 262 —O charme começa pelo endereço. O hotel ficaem frente à Praça da República, a mais belade Belém, pertinho do histórico Teatro da Paz.Na parte de dentro, o Hilton tem, além deespaçosas suítes com internet wi-fi, TV a caboe frigobar, uma área com business e fitnesscenter, centro de convenções, loja desuvenires e piscina.

Expresso XXI HotelRua Pres. Pernambuco, 116, ☎ 3204-0777,www.gruposolare.com.br. Diária a partir deR$ 140 — Muito procurado, especialmentepor executivos, o hotel representa umaexcelente relação custo-beneficio. Seus 90apartamentos têm ar-condicionado, tevê telaplana, internet banda larga, frigobar ecofre eletrônico.

Até mesmo o chefAdrià reverencia otalento do colegaPaulo Martins

AGENDA DE VIAGEM | BELÉMPARA LIGAR DO BRASIL, DISQUE ANTES 91

Manjar das GarçasParque Mangal das Garças, ☎ 3242-1056 —O menu da casa é uma combinação daculinária internacional com a regional, alémde algumas misturas, como o talharine comjambu (R$ 44). No almoço, é servido um bufêcom 15 pratos quentes (R$ 33). Destaque parao muçuã de botequim, servido atualmentecom músculo de boi no lugar dos quelônios,de consumo proibido. À noite, o serviço é à lacarte. O carro-chefe da casa é o filhote assadocom amêndoas e risoto de jambu (R$ 33).

Remanso do PeixeRua Travessa Barão do Triunfo, 2590, casa 64,☎ 3228-2477 — O melhor peixe de Belémé servido numa casinha no final de uma vila.Mesmo escondido, o lugar vive cheio.A intensa procura se deve às receitas deFrancisco Santos, como a muqueca paraense,cujos ingredientes são peixe (filhote), pata decaranguejo, pimentões e tucupi (R$ 55).Detalhe: ela é mais leve que a tradicionalmuqueca baiana, já que não acompanhaazeite-de-dendê e leite de coco.

SABOREAR

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PortinhaRua Dr. Malcher, 434, ☎ 3223-0922 —Vale a pena se espremer pelas empadas detomate seco com mussarela de búfala ecastanha-do-pará, esfihas de pato, jambu etucupi, ou então, enroladinhos de pirarucu,jambu e queijo. Todos custam R$ 3.

Saldosa MalocaIlha Combu, ☎ 9982-3396 — Os motivos parair ao Saldosa (com “L” mesmo) Maloca vãoalém de seus saborosos pratos regionais.Começa pela simpatia de Maria dos Prazeres,a dona, e passa pela localização — uma ilhano Rio Guamá, em plena floresta. Prove otucunaré com farinha e jambu, acompanhadode suco de açaí. Mordomia: uma lancha vaibuscar você no cais da Praça Princesa Isabel.

Sorveteria CairuAv. Presidente Pernambuco, 524, ☎ 3224-2314(filiais no Parque da residência e Estação dasDocas) — A rede de sorveterias maisconhecida em Belém tem filiais em outrascapitais do Brasil. É fácil entender o motivo.Onde mais se podem encontrar sorvetescomo de araçá, bacaba, cupuaçu, muruci earaçá? A bola custa R$ 2,70.

Tacacá da Dona Maria do CarmoAv. Nazaré, em frente ao Colégio Nazaré —Há 35 anos, dona Maria do Carmo monta suabarraquinha no mesmo lugar e vende omelhor tacacá (R$ 7) de Belém. Já recrutouaté os netos para dar conta dos fiéis clientes.

Boteco das OnzePça. Frei Caetano Brandão, ☎ 3224-8599 —Às margens do Rio Guajará e instalado dentroda histórica Casa das Onze Janelas, o lugaré ideal para ouvir shows de jazz, deliciando-secom pratos de botequim, como a coxinha decaranguejo (R$ 5), até o sofisticado risoto decamarão com tucupi e jambu (R$ 73).

A segunda é sua dinâmica. As mercadorias(peixes, frutas, raízes e temperos) chegamda selva e dos rios amazônicos. Terceira:os personagens. O marketing pessoaldas vendedoras de ervas “milagrosas”é impagável.

Estação das DocasBoulevard Castilhos França, ☎ 3212-5525 —Restaurado há sete anos, o antigo armazémdo porto, às margens do Rio Guajará,representa a face moderna de Belém. Virouum complexo de lojas, bares e restaurantes.Os guindastes viraram adornos e um trilhosuspenso de ferro, onde antes eramtransportadas mercadorias, agora serve decaminho para um palco móvel.

Parque Emílio GoeldiRua Magalhães Barata, 376, ☎ 3219-3369 —São diversas as atrações. Elas vão desde oparque, com 500 espécies de flora e 86 defauna (algumas delas soltas, como a cotiae o tamanduá mirim) até o museu, onde sãoexpostos partes do acervo do primeiro centrode pesquisa da Amazônia, inaugurado em1886. A entrada custa R$ 2,80.

Museu de Arte SacraPça. Frei Caetano Brandão, ☎ 4009-8802 —É formado pela Igreja de São Francisco Xaviere pelo Colégio de Santo Alexandre.O templo foi construído por jesuítas eíndios entre 1698 e 1719. A arquiteturamistura influências barroca e neoclássica.O museu conta com um acervo de 320peças sacras, e chama a atenção pelasimagens com características indígenas.A entrada custa R$ 4.

Museu do Forte do PresépioPça. Frei Caetano Brandão, ☎ 4009-8828 —O lugar é o marco zero da fundação de Beléme da colonização da Amazônia. Construídodentro de um muro do Forte do Presépio,erguido pelos portugueses em 1616 paradefender o canal dos barcos inimigos, omuseu abriga artefatos de pedra e cerâmicatapajônica e marajoara, além de utensíliostupinambás. A entrada custa R$ 2.

Basílica de NazaréPça. Justo Chermont, ☎ 4009-8400 — Erguidaentre 1909 e 1953, essa monumental igrejaneoclássica é o ponto de chegada datradicional procissão do Círio de Nazaré.No alto de seu altar fica a idolatradaimagem da santa. O interior do temploé todo revestido de mármores nobrese madeiras raras.

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Taberna São JorgeRua Travessa Joaquim Távora, 438, ☎ 3224-3476— A fotógrafa Walda Marques, proprietária dobar, criou um ambiente aconchegante. Asexposições itinerantes convivem com imagense pinturas de São Jorge, além de curiosaspeças de antiquários. Às terças rolam showsde chorinho tão descontraídos quanto o lugar.Aprecie tudo isso degustando porções debolinhos de feijão (R$ 20).

Café ImaginárioRua Travessa Quintino Bocaiúva, 1086, ☎ 3230-5235. — Instalado num casarão antigo, o lugaré ideal para quem gosta de curtir shows(terça a domingo) de jazz e bluesinstrumental. De quebra, seu proprietário,o artista plástico José Simões, inventou asaborosa pizza de jambu (R$ 22,50).

Os museus são uma das principais atraçõesem Belém. Se sua estada for curta, lembre-sede que todos fecham às segundas-feiras.

Furos do Rio GuamáA Panfletur, ☎ 4008-9099, faz passeios debarco pelo Rio Guamá e seus furos (ligaçãoentre os rios), com parada na Vila de Boa Vista,onde vive uma comunidade ribeirinha, e norestaurante Saldosa Maloca. A oportunidadeé única para observar a coleta de açaí e aextração da mandioca. Preço: R$ 120.

Ver-o-PesoAv. Castilho França, s/no — Não cometa osacrilégio de ir até Belém e ignorar o MercadoVer-o-Peso. A feira já tem mais de 300 anos emuitas peculiaridades. A primeira é sualocalização. Fica ao lado do cais.

O mercado vira cozinhaEntre os dias 22 e 24 de abrilacontecerá a 7a edição do FestivalVer-o-Peso. Idealizado por PauloMartins, do Lá em Casa, o eventoreceberá 25 chefs brasileiros paraum intercâmbio culinário com oitorestaurantes de Belém. A idéia é queos experts proponham um prato desua especialidade para fazer partepor um dia do cardápio dosestabelecimentos. Em contrapartida,no último dia, terão de criar umacompanhamento para receitastípicas da região, vendidas noMercado Ver-o-Peso (foto). Ajam session gastronômica seráno Mercado de Peixe. Andréa Tinoco,Danio Braga e Alex Atalaconfirmaram presença.

PASSEAR

A Estação das Docasé imperdível. Osdecadentes armazénsviraram ponto de agito

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OS 20 LUGARES NOTA 101 Forte do Presépio; 2 Casa das Onze Janelas(Boteco das Onze); 3 Museu de Arte Sacra;4 Museu do Círio de Nazaré; 5 Mercado Ver-o-Peso; 6 Estação das Docas; 7 Pça. da República;8 Pólo Joalheiro; 9 Mangal das Garças; 10 MuseuEmílio Goeldi; 11 Teatro da Paz; 12 Basílica deNazaré; 13 Café Imaginário; 14 Crowne Plaza;15 Lá em Casa; 16 Portinha; 17 Tacacá da d. Ma

do Carmo; 18 Terminal Turístico; 19 SaldosaMaloca; 20 Taberna São Jorge

COMO CHEGARA Gol, www.voegol.com.br, e a TAM,www.tam.com.br, oferecem vôos

diários que conectam Belém às principaiscapitais brasileiras. De São Paulo, a passagemcusta, em média, R$ 1600. Partindo do Rio deJaneiro, o valor cai para a partir de R$ 1300.

MELHOR ÉPOCAApesar do clima ser sempre quentee úmido, o Pará se divide entre o

verão (de janeiro a abril), quando chovemenos, e o inverno (de maio a dezembro),época em que chove mais. De qualquerforma, o aguaceiro não comprometeconhecer todos os atrativos da região.

PACOTESA Cia. Ecoturismo, ☎ (11) 5571-2525, www.ciaecoturismo.com.br,

oferece um pacote de 8 dias para Belém eAlter do Chão. Os atrativos são um city-tourpela capital, além de passeios fluviais à Ilhados Papagaios, Icoaraci, Alter do Chão eFloresta dos Tapajós. A partir deR$ 2 567. O programa da Ambiental, ☎ (11)3818-4600, www.ambiental.tur.br, dura 10dias. Inclui Belém, Ilha de Marajó, Santaréme Alter do Chão. Na capital paraense,destaque para o Mercado Ver-o-Peso, Fortedo Castelo, Teatro da Paz, Basílica Nazaré eParque Emílio Goeldi. A partir de R$ 1850.

GUIA PRÁTICOTeatro da PazRua da Paz, ☎ 4009-8750 — É um dos símbolosdo rico ciclo da borracha vivido pelo Pará noséculo 19. Construído em 1878, revela opoder dos barões nos ornamentos de ferroinglês banhados a ouro, no lustre de cristalfrancês e no mármore italiano. O maestroCarlos Gomes administrava o teatro na épocade sua morte. A entrada custa R$ 4.

Chamma AmazôniaEstação das Docas e Shopping Iguatemy, ☎ 3081-4668 — As lojas vendem produtos de belezafeitos com matéria-prima da Amazônia. Ossabonetes (R$ 11,90) têm em comum o mel.

Os demais produtos podem variar entrecastanha-do-pará, cupuaçu, andiroba e açaí.

Pólo JoalheiroPraça Amazonas, ☎ 3344-3500 — O prédio já foiconvento no século 18, depósito de armas noséculo 19 e presídio até o ano 2000. Agora, ocomplexo engloba o Museu das Gemas (comdestaque para uma drusa de quartzo de2 toneladas e 500 milhões de anos) e a Casa doArtesão, onde as peças são lapidadas e vendidas.Há também artesanato (de R$ 7 a R$ 400)inspirado nas cerâmicas tapajônicas e marajoara.

O MAPA DOS SABORES

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Av. Gov. Magalhães Barata

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Av. Gentil Bittercourt

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C O M O V I A J A M O S

“O fotógrafo ValdemirCunha e eu estivemos emBelém a convite daParatur, órgão oficial deturismo do Pará. Nacapital paraense, além deconferir os pontos turísticos, não deixe deconhecer os habitantes desse excitante lugar.Uma boa dica é conversar com os vendedoresdo Mercado Ver-o-Peso e descobrir um poucode suas curiosas e criativas histórias.”

LUÍS PATRIANIELI

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Isso é que é mudança:um sórdido presídiovirou um museu depedras preciosas

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