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  • RELATRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA

    TERMINAL PESQUEIRO PBLICO DE BELM

    BELM - PAR

    AGOSTO/ 2008

    CURITIBA/PR

  • Relatrio de Impacto Ambiental RIMA Terminal Pesqueiro Pblico de Belm - Par

    Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca - SEAP Ecossistema Consultoria Ambiental 1

    SUMRIO

    1.0 IDENTIFICAO............................................................................................................... 5 2.0 INTRODUO................................................................................................................... 7 3.0 LOCALIZAO.................................................................................................................. 8 4.0 CARACTERIZAO DO EMPREENDIMENTO.............................................................. 13 5.0 ANLISE DE ALTERNATIVAS LOCACIONAIS .............................................................. 21 6.0 ASPECTOS JURDICOS................................................................................................. 25 7.0 IDENTIFICAO DAS REAS DE INFLUNCIA ........................................................... 26

    7.1 MEIO FSICO ......................................................................................................... 27 7.2 MEIO BITICO ...................................................................................................... 27 7.3 MEIO ANTRPICO................................................................................................ 27

    8.0 DIAGNSTICO AMBIENTAL DAS REAS DE INFLUNCIA ........................................ 30 8.1 MEIO FSICO ......................................................................................................... 30

    8.1.1 Geologia ......................................................................................................... 30 8.1.2 Geomorfologia ................................................................................................ 32 8.1.3 Pedologia........................................................................................................ 33 8.1.4. Hidrografia ..................................................................................................... 33 8.1.5 Hidrogeologia.................................................................................................. 36 8.1.6 Clima............................................................................................................... 40

    8.2 MEIO BITICO ...................................................................................................... 41 8.2.1 Flora................................................................................................................ 41 8.2.2 Fauna Terrestre .............................................................................................. 44

    8.2.2.1 Mastofauna ............................................................................................. 44 8.2.2.2 Avifauna .................................................................................................. 46

    8.2.3 Fauna Aqutica............................................................................................... 50 8.2.3.1 Ictiofauna................................................................................................. 50 8.2.3.2 Bentos ..................................................................................................... 51

    8.3 MEIO ANTRPICO................................................................................................ 56 8.3.1 Meio Social ..................................................................................................... 56 8.3.2 Meio Econmico ............................................................................................. 85 8.3.3 Arqueologia..................................................................................................... 87

    9.0 IDENTIFICAO E AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS ................................................................................................... 89

    9.1 MEIO FSICO ......................................................................................................... 91 9.2 MEIO BIOLGICO ................................................................................................. 98 9.3 MEIO ANTRPICO.............................................................................................. 109

    10.0 PROGNSTICO AMBIENTAL .................................................................................... 130 11.0 PROGRAMAS AMBIENTAIS....................................................................................... 134 12.0 MEDIDAS DE COMPENSAO AMBIENTAL............................................................ 149 13.0 CONCLUSES............................................................................................................ 150 14.0 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 152 15.0 ANEXOS...................................................................................................................... 156

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    LISTA DE TABELAS Tabela 01. Distncia entre o municpio de Belm e algumas capitais brasileiras................... 9 Tabela 02. Quadro Geral de reas. ...................................................................................... 14 Tabela 03. reas Fechadas e Internas. ................................................................................ 14 Tabela 04. reas Abertas ou Cobertas no Fechadas. ........................................................ 14 Tabela 05. Total da rea a ser utilizada pelo Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. .......... 14 Tabela 06. Localizao Geogrfica e Condies de Navegabilidade. .................................. 17 Tabela 07. Espcies estimadas para o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. ................... 45 Tabela 08. Nvel de escolaridade dos indivduos com 10 anos ou mais idade, residentes em

    Belm (PA) 2001.............................................................................................. 58 Tabela 09. Microrregies do Estado do Par........................................................................ 67 Tabela 10. Municpios do Estado do Par. ........................................................................... 68 Tabela 11. Praias arenosas na Costa Amaznica com afluncia turstica. .......................... 69 Tabela 12. Colnias de pescadores, associaes e movimentos sociais na Zona Costeira

    Amaznica. ......................................................................................................... 71 Tabela 13. Composio da amostra para a coleta de dados por Mesorregio e Municpio. 72 Tabela 14. Estimativa de Pessoal Ocupado no Terminal Pesqueiro Pblico de Belm na

    Fase de Operao. ............................................................................................. 86 Tabela 15. Estimativa de Pessoal Ocupado no Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. .... 114 Tabela 16. Matriz de Impactos. ........................................................................................... 121 Tabela 17. Sntese dos Impactos Adversos........................................................................ 132 Tabela 18. Sntese dos Impactos Benficos. ...................................................................... 134 Tabela 19. Programas ambientais e escopo para o Componente Social. .......................... 149

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    LISTA DE FIGURAS Figura 01. Localizao do projeto em relao Baa de Guajar e ao municpio de Belm.

    ............................................................................................................................ 10 Figura 02. Localizao do projeto em relao Baa de Guajar e ao municpio de Belm.

    ............................................................................................................................ 11 Figura 03. Ao centro da imagem, situam-se as antigas estruturas da Usina Termeltrica de

    Tapan no terreno a ser utilizado para o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.

    ............................................................................................................................ 12 Figura 04. Aspectos do terreno previsto a ser utilizado para o empreendimento, onde

    encontram-se remanescentes da infra-estrutura pertencente Eletronorte (Usina

    Termeltrica de Tapan)..................................................................................... 13 Figura 05. Croqui esquemtico do projeto do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.......... 15 Figura 06. Croqui esquemtico do projeto do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.......... 16 Figura 07. Maquete eletrnica das futuras instalaes do TPPB. ........................................ 17 Figura 08. Fluxograma dos processoas previstos para o Terminal Pesqueiro Pblico de

    Belm. ................................................................................................................. 18 Figura 09. Alternativas locacionais avaliadas para a implementao do Terminal Pesqueiro

    Pblico de Belm. ............................................................................................... 23 Figura 10. Localizao das alternativas locacionais do Terminal Pesqueiro Pblico de

    Belm. ................................................................................................................. 24 Figura 11. Diagrama de limites de influncia do TPPB, relativos ao Componente Social.... 29 Figura 12. Seo geolgica esquemtica das unidades sedimentares que ocorrem em

    Belm e arredores imediatos. ............................................................................. 32 Figura 13. Solo areno siltoso do tipo Concrecionrio, rico em xido de ferro, com grnulos

    de fragmentos de lateritas................................................................................... 33 Figura 14. Sistemas aqferos reconhecidos em Belm e arredores. .................................. 37 Figura 15. Comportamento temporal de variveis do balano hdrico. ................................ 41 Figura 16. Fitocomunidades em destaque............................................................................ 43 Figura 17. Formao rasteira ruderal, amplamente distribuda em toda a poro do terreno.

    ............................................................................................................................ 44 Figura 18. Imagem de satlite indicando os polgonos da localizao do empreendimento

    Terminal Pesqueiro Pblico de Belm (TPP) e das reas de coleta: rea

    Dragagem (D) e rea Controle (C). .................................................................... 52 Figura 19. rea de influncia direta (ADA) para o bentos do empreendimento e embarcao

    utilizada nas coletas............................................................................................ 52

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    Figura 20. Principais etapas de coleta e processamento das amostras............................... 54 Figura 21. Oligoquetas.......................................................................................................... 54 Figura 22. Poliquetas. ........................................................................................................... 55

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    1.0 IDENTIFICAO

    IDENTIFICAO DO EMPREENDEDOR Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca

    Presidncia da Repblica

    Esplanada dos Ministrios Bloco D Ed. Sede 2 andar Sala 247

    Braslia DF - CEP 70.043-900

    Fone/Fax: (061) 3218-3717

    CONSULTORA RESPONSVEL Ecossistema Consultoria Ambiental Ltda.

    Rua Dionzio Baglioli, 111

    Curitiba PR - CEP 81.510-540

    Fone/ Fax: (041) 3296-2638

    E-mail: [email protected]

    EQUIPE TCNICA Coordenao Geral

    Biloga MSc. Gisele Cristina Sessegolo CRBio 8.060-07/D

    Sub-Coordenao

    Engenheiro Sanitarista Csar Augusto Arenhart CREA 024920-7 SC S1

    Meio Fsico Gelogo Joo Nogueira CREA 231-93/D

    Meio Bitico Biloga MSc. Gisele Cristina Sessegolo CRBio 8.060-07/D

    Bilogo MSc. Celso Darci Seger CRBio 09.806-07/D

    Bilogo Dr. Vincius Abilhoa CRBio 9.978-07/D

    Bilogo MSc. Leonardo Morrissy Hostin CRBio 25.545-07/D

    Biloga MSc. Munique Maria dos Santos Neto CRBio 25.308-07/D

    Meio Antrpico Economista Peno Ari Juchem CORECON 789-7/PR

    Antroploga PhD. Lourdes de Ftima Gonalves Furtado

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    Legislao Advogado Wagner Piccinin OAB 14.465/PR

    Arqueologia Arquelogo Larcio Loiola Brochier CREA 72.663/ D-PR

    Apoio Biloga Esp. Daniele C. Pries

    Biloga Msc. Munique M. dos Santos Neto

    Bilogo Lincoln Schwarzbach

    Bilogo Andr Gustavo Campos de Oliveira

    Gegrafo Darci Paulo Zakrzewski

    Graduando em Geografia Andr Segura Tomasi

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    2.0 INTRODUO O presente Relatrio de Impacto Ambiental, documento sntese do Estudo de Imapcato Ambiental do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm, foi elaborado considerando o que dispe a Resoluo CONAMA n 237, de 19 de dezembro de 1997, Art. 3, Pargrafo nico, que preceitua que o rgo ambiental competente definir os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento, considerando como instrumento norteador as especificaes tcnicas fornecidas pela SEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado do Par, alm do Termo de Referncia do Edital Tomada de Preos n 005/SEAP/PR/2007. Segundo a Resoluo do CONAMA de n. 001, de 23 de janeiro de 1986:

    Art. 9. O Relatrio de Impacto Ambiental RIMA refletir as concluses do Estudo de Impacto Ambiental e conter, no mnimo: I Os objetivos e justificativas do projeto, sua relao e compatibilidade com as polticas setorias, planos e programas governamentais; II a descrio do projeto e suas laternativas tecnolgicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construo e operao a rea de influncia, as matrias primas, e mo de obra, as fontes de negia, os processos e tcnicas operacionais, os provveis efluentes, emisses, resduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III A sntese dos resultados dos estudos de diagnsticos ambiental da rea de influncia do projeto; IV A descrio dos provveis impactos ambientais da implantao e operao da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidncia dos impactos e indicando os mtodos, tcnicas e critrios adotados para sua identificao, quantificao e interpretao; V A caracterizao da qualidade ambiental futura da rea de influncia, compando as diferentes situaes da adoo do projeto e suas alternativas, bem como a hiptese de sua no realizao; VI A descrio do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relao aos impactos negativos, mencionando aqueles que no puderam ser evitados, e o grau de alterao esperado; VII O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII Recomendao quanto alternativa mais favorvel (concluses e comentrios de ordem geral). Pargrafo nico - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e aderquada a sua compreenso. As informaes devem ser traduzidas em linguagem acessvel, ilustradas por mapas, cartas, quadros, grficos e demais tcinicas de comunicao visual, de modo que se possa entender asd vantagens e desvantagens do projeto bem como todas as conseqncias mabientais de sua implementao.

    Segundo a Resoluo do CONAMA de n. 001, de 23 de janeiro de 1986 (artigo 2), depende da elaborao de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA), a serem submetidos aprovao do rgo estadual competente, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como, estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento, ferrovias, portos e terminais de minrio, petrleo e produtos qumicos, aeroportos, oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissrios de esgotos sanitrios, linhas de transmisso de energia eltrica acima de 230 KV, obras hidrulicas para a explorao de recursos hdricos, usinas

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    de gerao de eletricidade, qualquer que seja a fonte primria acima de 10 MW, complexos e unidades industriais e agro-industriais, distritos industriais e zonas estritamente industriais e dentre outros, aterros sanitrios. Vale aqui salientar que de acordo com o Decreto n 5.231/2004, os Terminais Pesqueiros Pblicos no so considerados portos. No entanto, ainda assim, so passveis de licenciamento ambiental, devendo ser objeto de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental. De acordo com a Resoluo CONAMA n 01/1986, o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm poderia ser enquadrado nas seguintes categorias: - Indstria de produtos alimentares e bebidas; - Transporte, terminais e depsitos. A implantao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm prev a utilizao da rea antiga da Usina Termeltrica de Tapan - Eletronorte, rea desativada h mais de 15 anos no bairro Tapan, no municpio de Belm. Considerou-se, para a anlise ambiental, o Projeto Executivo, elaborado pela Alleanza - Projetos e Consultoria Tcnica Ltda (2006a), para o referido Terminal Pesqueiro. Desta forma, o presente Relatrio de Impacto Ambiental, compreende, em relao alternativa selecionada para o desenvolvimento do empreendimento, a determinao da rea de influncia, os resultados do diagnstico ambiental dos meios abitico, bitico e antrpico, a anlise dos recursos arqueolgicos e dos aspectos jurdicos relacionados, alm de identificar os potenciais impactos a serem gerados, indicar as medidas mitigadoras e compensatrias, bem como os programas ambientais recomendados. So tambm apresentadas as relaes entre o projeto e o municpio diretamente afetado (Belm-PA) e suas potenciais conseqncias e a hiptese de no realizao do projeto. O Relatrio de Impacto Ambiental RIMA ora apresentado em volume especfico, vem disponibilizar para a sociedade a sntese dos estudos realizados e os respectivos resultados, de forma a subsidiar o conhecimento e a discusso sobre os potenciais impactos da implantao do empreendimento. Desta forma, cumpre-se o objetivo de, atendendo os requisitos legais pertinentes, subsidiar junto ao rgo competente o processo de licenciamento ambiental do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. 3.0 LOCALIZAO Com sua localizao no extremo Norte da malha rodoviria brasileira BR-316 (Nordeste), BR-010 (Belm-Braslia) e PA-150 (Ala Viria), Belm pode ser facilmente acessada por vias terrestre, area e fluvial, sendo uma das principais entradas para toda a regio norte. O acesso rodovirio, para quem vem do sul e centro-oeste do pas, feito pela Belm-Braslia at a cidade de Santa Maria do Par, entrando na BR-316 e, na seqncia, pela PA 391. Para as outras regies, o acesso feito pela BR-316, e seguindo pela PA 391. A cidade conta com o Aeroporto Internacional de Belm, alm de ser um ponto estratgico de acesso regio Norte atravs dos rios: Moju, Acar e Guam. a porta principal de entrada e sada do rio Amazonas.

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    Tabela 01. Distncia entre o municpio de Belm e algumas capitais brasileiras.

    CIDADE DISTNCIA CIDADE DISTNCIA

    Belo Horizonte / MG 2814 km Porto Alegre / RS 3931 km Braslia / DF 2134 km Porto Velho / RO 4436 km Curitiba / PR 3282 km Rio Branco / AC 4941 km

    Florianpolis / SC 3661 km Rio de Janeiro / RJ 3246 km Fortaleza / CE 1527 km So Paulo / SP 2967 km Goinia / GO 2044 km Teresina / PI 911 km

    Vitria / ES 3065 km

    Manaus / AM

    Acesso de balsa a partir de Belm

    (120h de viagem), ou de Porto Velho (96h de viagem).

    Macap / AP Acesso de balsa a

    partir de Belm (30h de viagem).

    O Terminal Pesqueiro Pblico de Belm encontra-se projetado junto Baa de Guajar, em parte do antigo terreno ocupado pela Usina Termeltrica de Tapan, sendo que o cais projetado dista cerca de 12.500 metros de onde se encontra o atual Porto de Belm. A rea prevista do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm liga-se s demais regies do municpio de Belm pela Rodovia Arthur Bernardes e pela Estrada do Tapan, interligando-se malha rodoviria brasileira atravs da Rodovia BR-316, principal eixo virio do Estado. O acesso rodovirio ao local ocorre atravs da Rodovia Arthur Bernardes, via com pista simples de 7,5 metros de largura e acostamentos laterais que se interliga com a rea do Aeroporto Val-de-Cans, o centro da cidade, Icoaraci e com a estrada do Tapan. O trfego local de mdio a pesado (carga), urbano e interurbano devido aos diversos terminais, armazns e distribuidoras existentes ao longo da rodovia e das margens da Baa do Guajar.

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    Figura 01. Localizao do projeto em relao Baa de Guajar e ao municpio de Belm.

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    Figura 02. Localizao do projeto em relao Baa de Guajar e ao municpio de Belm.

    Na Figura 03, ilustra-se a localizao do empreendimento, o qual foi projetado para utilizar parcela do terreno da Usina Termeltrica de Tapan, pertencente Eletronorte, em terreno vizinho empresa Agropalma, produtora de biodiesel.

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    Figura 03. Ao centro da imagem, situam-se as antigas estruturas da Usina Termeltrica de Tapan no terreno a ser utilizado para o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. Destaque para a rea a ser utilizada para o empreendimento (em vermelho).

    Fonte: Google Earth, 2008 Infra-estrutura existente O terreno o qual abrigava a Usina Termeltrica do Tapan dispe de acesso rede eltrica. Atualmente na rea so encontrados dois grandes alojamentos (barraces) de alvenaria, uma pequena edificao, utilizada como depsito, alguns prdios da antiga sede administrativa, bem como a prpria termeltrica desativada. Sobre o rio Guam, ainda, existe um trapiche que conta com pequeno barraco, h muito no utilizado. Alm disso, em pequena faixa, adjunta Rodovia Arthur Bernardes, o terreno contempla a existncia de modesta estrada pavimentada, conectando a entrada do terreno sede administrativa. Ainda, em outras pores do terreno so verificadas estradas de terra, altamente compactadas e uma grande bacia de conteno construda em concreto, hoje recoberta por vegetao pioneira.

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    Figura 04. Aspectos do terreno previsto a ser utilizado para o empreendimento, onde encontram-se remanescentes da infra-estrutura pertencente Eletronorte (Usina Termeltrica de Tapan).

    4.0 CARACTERIZAO DO EMPREENDIMENTO O Terminal Pesqueiro Pblico (TPP) de Belm foi projetado em rea urbana da cidade de Belm, no Bairro de Tapan, com a finalidade de servir de entreposto de recepo e comercializao de pescados da regio, bem como para beneficiamento desses produtos. Esto previstas para o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm, uma srie de infra-estruturas, distribudas da seguinte forma, conforme Alleanza (2006a):

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    Tabela 02. Quadro Geral de reas.

    CAIS - Faixa de Atracao

    Extenso 700,00 metros lineares

    Largura Mdia da Faixa do Cais 10,00 metros lineares

    Beros para Atracao (embarcaes com 20 metros) 28,00 embarcaes

    rea do Cais 5.315,00 m

    rea da Faixa de Servios 1.200,00 m

    Tabela 03. reas Fechadas e Internas.

    EDIFICAES

    rea para Armazenagem (Cmaras Frias e Frigorficas) 1.400,00 m

    rea da Fbrica de Gelo

    870,00 m

    rea de Depsitos e Suprimentos para Embarcaes 500,00 m

    rea de manipulao e Triagem de Pescados 2.900,00 m

    rea de Comercializao e Treinamento 1.800,00 m

    rea de Vestirios, Enfermaria e Refeitrio 650,00 m

    rea de Depsito Temporrio de Resduos Slidos 90,00 m

    Tabela 04. reas Abertas ou Cobertas no Fechadas.

    Estao de Tratamento de Efluentes 3.200,00 m

    Recepo e Lavagem de Pescados (coberta) 550,00 m

    Estacionamento de veculos 1.500,00 m

    Estacionamento de Caminhes 3.650,00 m

    Vias Internas 20.000,00 m

    Paisagismo e Arborizao 4.000,00 m

    Tabela 05. Total da rea a ser utilizada pelo Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. rea do Terreno 39.760,00 m

    rea do Cais (sobre gua) 5.315,00 m

    TOTAL GERAL 45.075,00 m

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    Figura 05. Croqui esquemtico do projeto do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.

    Fonte: Alleanza (2006 a).

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    Figura 06. Croqui esquemtico do projeto do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.

    Fonte: Alleanza (2006 a).

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    Em relao localizao geogrfica do Terminal e suas condies de navegabilidade, so apresentados dados na Tabela 06, a seguir. Tabela 06. Localizao Geogrfica e Condies de Navegabilidade.

    Coordenadas Geogrficas Latitude: 01 1950,71 S - Longitude: 48 2858,16 W Referncia de Nvel do Cais +3,80 m acima do zero hidrogrfico. Ventos Dominantes Os ventos dominantes sopram do nordeste com a maior

    intensidade verificada de 9,26m/s (33Km/h). Correntes Sul > Norte Temperatura Mdia Anual 25,7 C Carta de Navegao 316 da DHN Amplitude de Mar 3,22 metros (mxima de pra-mar)

    2,42 metros (mnima de baixa-mar) Canal de Acesso Largura = 100 metros - Extenso = 3.800 metros Calado Oficial 30 ps

    Descrio geral do Empreendimento O Terminal Pesqueiro Pblico de Belm ter por finalidade servir de entreposto de recepo e comercializao de pescados da regio, tendo ainda uma rea de beneficiamento do produto. Visa fornecer uma alternativa para a valorizao de pescados a partir da implementao de aes que proporcionem segurana sanitria e qualidade superior aos produtos comercializados atualmente. Figura 07. Maquete eletrnica das futuras instalaes do TPPB. esquerda apresentada a Estao de Tratamento de Efluente e, direita, a Recepo.

    Fonte: Alleanza (2006 a) A infra-estrutura prevista para a gesto do TPPB compreende um cais especialmente projetado para esta finalidade com rea total de 5.315m e instalaes para o processamento de pescados. O processo produtivo inicia pela fase de recepo onde os pescados do entrada na unidade. Na seqncia um processo de triagem permitir a segregao dos pescados em categorias, conforme a finalidade especfica.

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    Todos os pescados sero destinados a um processamento primrio, o qual compreende lavagem, a fim de remover os resduos e as impurezas resultantes do acondicionamento e armazenamento nos barcos de pesca. A partir desta fase, parte dos pescados conduzida diretamente ao resfriamento para comercializao in natura, sendo outra parte, direcionada para beneficiamento. Os pescados encaminhados para a rea de beneficiamento estaro sujeitos a processamento secundrio em rea especfica para eviscerao, corte, filetizao, embalagem e armazenamento, com rea aproximada de 1.400 m2. Figura 08. Fluxograma dos processoas previstos para o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. Estruturas de apoio sero implementadas para dar suporte ao processamento dos pescados, entre estas uma fbrica de gelo que garantir as condies para o resfriamento dos produtos, proporcionando condies sanitrias adequadas para sua posterior comercializao, alm de depsitos, estacionamento para veculos de carga e veculos utilitrios.

    Comercializao

    Resfriamento

    Embalagem

    Processamento Secundrio

    Processamento Primrio

    Triagem

    Recebimento

    Descarga de Pescados

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    Sero tambm disponibilizadas instalaes de apoio aos pescadores e pessoal lotado nas atividades de processamento, destacando-se um bloco com refeitrio, vestirios, depsitos e um prdio administrativo com aproximadamente 900 m2. Controles Ambientais Estruturas de controle ambiental sero tambm implementadas, destacando-se especialmente a Estao de Tratamento de Efluentes Lquidos e uma Central para Armazenamento de Resduos Slidos. So os efluentes lquidos e os resduos slidos que se caracterizam como os principais aspectos ambientais associados s atividades de processamento de pescados. Os efluentes lquidos so gerados na fase de processamento primrio (lavagem de pescados), no beneficiamento (eviscerao, corte e filetizao), resfriamento, acondicionamento e armazenagem. Atividades de limpeza de pisos das reas de processamento, vestirios, sanitrios e reas de trnsito em geral, proporcionam tambm efluentes a serem posteriormente tratados. Os esgotos sanitrios, resultantes de pessoal fixo lotado nas reas de processamento e aqueles gerados pela populao dita flutuante, completam os efluentes lquidos gerados na unidade. Quanto aos resduos slidos, parte ser resultante do processamento primrio e para sua remoo, sero implementados dispositivos de gradeamento. Estes resduos so pouco significativos em termos de volume e apresentam caractersticas inorgnicas e orgnicas. No processamento secundrio sero gerados resduos em maior quantidade e complexidade para seu tratamento, dada sua natureza eminentemente orgnica. So resduos de vsceras, peles, sobras de cortes e escamas, que sero tambm retidos em sistemas de gradeamento a fim de evitar que sejam direcionados Estao de Tratamento de Efluentes. Mesmo com a segregao entre os resduos slidos e os resduos lquidos do processamento, resultam em efluentes com as caractersticas orgnicas e com a presena de material slido de pequenas dimenses. Em razo dessas caractersticas dos efluentes a Estao de Tratamento de Efluentes (ETE) compreender: Tratamento primrio atravs de gradeamento fino e caixa de reteno de areia; Tratamento secundrio a partir de processo anaerbio atravs de reatores de leito fluidizado (UASB); Tratamento tercerio a partir de processo aerbio atravs de sistema do tipo LAB (Lodos Ativado por Batelada). Esta unidade de tratamento receber alm dos efluentes do processo, todos os outros efluentes lquidos gerados nas atividades diretas e indiretas do TPP. Os resduos slidos gerados, aqueles oriundos do processamento so os mais representativos em termos quantitativos, dada as suas caractersticas de alta capacidade de degradao. Portanto, so estes resduos que representam a maior preocupao em termos de gesto, haja vista a indisponibilidade na regio de alternativa que permita sua utilizao, como componentes alimentares do tipo rao ou farinha de peixe. Outros resduos potencialmente gerados compreendem os resduos sanitrios, restos de alimentos de refeitrio, materiais reciclveis (papel, papelo, plsticos diversos), resduos especiais como leo usado, embalagens contaminadas, lmpadas queimadas, baterias, lodo de ETE entre outros. Esses resduos sero adequadamente segregados, armazenados na

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    central de armazenamento e devero ser destinados disposio final adequada, conforme a disponibilidade na regio de forma a atender legislao. As aes de controle e disposio de resduos slidos encontram-se previstas no Plano de Gerenciamento de Resduos Slidos elaborado para o Terminal Pesqueiro Pblico de Belm (Alleanza, 2006 b). Infra-estrutura de Saneamento gua O abastecimento de gua na regio do empreendimento realizado pela Companhia Estadual de Saneamento do Estado do Par COSAMPA. O consumo de gua para o empreendimento ser provido parte pela companhia de saneamento e parte por explorao de guas subterrneas. Esgoto A localidade desprovida de sistema de esgotamento sanitrio coletivo, restringindo-se a solues individualizadas de tratamento. Resduos Slidos Os servios de coleta e tratamento de resduos slidos domiciliares so realizados pela municipalidade, atravs de empresa terceirizada. Os resduos industriais so coletados por empresas especializadas. Um dos limitantes para a destinao de resduos slidos compreende a indisponibilidade de alternativas tecnicamente seguras para sua destinao final. As solues regionais passariam pela transferncia de resduos para outros estados, resultando em custos significativos ao empreendimento. Drenagem Urbana A localidade dispe de uma estrutura de drenagem pluvial, porm carece de servios de manuteno, o que proporciona acmulo de resduos nas caixas coletoras e consequentemente o entupimento das linhas de drenagem. Como conseqncia, tem-se situaes de alagamento das vias, prejudicando o trfego de veculos e pedestres na localidade.

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    5.0 ANLISE DE ALTERNATIVAS LOCACIONAIS Conforme determinado pela Resoluo 001, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, um dos componentes imprescindveis para o processo de licenciamento ambiental consiste na anlise de alternativas locacionais para empreendimentos potencialmente degradadores. Assim sendo, este item consiste em uma verificao da viabilidade da adoo de reas alternativas para a implementao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm, objetivando a seleo da localidade cujo impacto seja o mnimo possvel. Para tanto, foram identificadas reas potenciais s margens do rio Guam, inicialmente atravs de imagens de satlite, as quais indicaram reas no edificadas, e, posteriormente, efetuou-se visitas de reconhecimento em campo. Contudo, em funo da proximidade da regio com o grande centro urbano de Belm, o nmero de alternativas locacionais para o projeto bastante reduzido. A alta taxa de ocupao desordenada s margens do rio Guam, confirmada por indicaes como as de Braz e Mello (2005), restringe o nmero de potenciais reas alternativas para o empreendimento. Ainda assim, foram identificadas trs alternativas locacionais nessa regio, tratadas como Localidade 1, Localidade 2 e Localidade 3. Para cada uma das mesmas, ser apresentada a seguir uma avaliao sucinta, localizao e verificao da possibilidade de utilizao para o empreendimento. Sero apontadas eventuais potencialidades e/ou impedimentos, considerando-se os potenciais impactos ambientais decorrentes da implementao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. Localidade 1 ( 12059.25 S 482841.98 W) Situada na margem direita do rio Guam, esta rea apresentou-se como alternativa locacional em funo da ausncia de edificaes e ocupao urbana. H um pequeno trapiche e estrada de terra cortando o terreno, conectando-o com rodovia paralela, a Rodovia Arthur Bernardes. O mesmo terreno, de propriedade particular, no entanto, dispe de significativo remanescente de vegetao, com inmeros indivduos arbreos. H inclusive formaes florestais aluviais em rea de Preservao Permanente (APP). Pontos favorveis: ausncia de edificaes e proximidade com rodovia, facilitando a logstica e o acesso rea. Pontos desfavorveis: existncia de bons remanescentes de Floresta Ombrfila Densa Aluvial, inclusive em rea de Preservao Permanente; rea sob domnio privado. Localidade 2 ( 12140.52 S 482846.19 W) Tambm situada na margem direita do rio Guam, esta rea no se encontra ocupada por edificaes e ocupao urbana, estando assim como a localidade anterior adjunta Rodovia Arthur Bernardes. Dispe em seu permetro de pequeno corpo dgua, o qual desgua diretamente no rio Guam. Ao longo deste corpo, encontra-se vegetao florestal remanescente, com significativa qualidade ambiental. Esto presentes um grande nmero de espcies arbreas, bem como outras formas de vida, refletindo em maior diversidade nos demais grupos biolgicos ocorrentes. Pontos favorveis: ausncia de edificaes e proximidade com rodovia. Pontos desfavorveis: existncia de bons remanescentes de Floresta Ombrfila Densa Aluvial, inclusive em rea de Preservao Permanente; presena de pequeno crrego cortando o terreno; rea sob domnio privado.

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    Localidade 3 (01 19 50,71 S 48 28 58,16 W) rea delimitada entre o rio Guam e a Rodovia Arthur Bernardes, de propriedade do Governo Federal, previamente utilizada para gerao de energia pela Eletronorte (Usina Termeltrica de Tapan). Destaca-se a condio antrpica da rea, com existncia de edificaes e vegetao nos primeiros estgios sucessionais. Solo parcialmente impermeabilizado; existncia de um pequeno trapiche sobre o rio Guam. Pontos favorveis: terreno de domnio da Unio, degradado por uso industrial anterior (Usina Termeltrica de Tapan). Proximidade da rodovia. rea para implantao de trapiche, situado em zona j de uso industrial intenso. Inexistem fragmentos significativos de vegetao nativa, bem como corpos dgua. Pontos desfavorveis: potencial existncia de passivo ambiental devido ao uso industrial anterior. Frente s observaes anteriormente apresentadas, verifica-se que a Localidade 3 representa a melhor opo locacional ao empreendimento. As duas primeiras alternativas dispem de remanescentes de vegetao nativa em melhor estado de conservao, quando comparadas Localidade 3. Essa ltima dispe de reas altamente antropizadas, tambm situadas prximas Rodovia Arthur Bernardes. O terreno da Localidade 3 conta com a vantagem de ser rea de domnio pblico, cedida ao Governo Federal pela Eletronorte, no sendo necessrio sua desapropriao e indenizao. Ainda, em funo de dispor de infra-estruras para o atracamento de embarcaes, o acesso ao terreno facilitado, tanto pela via terrestre quanto pela fluvial. Tal fato consiste em diferencial para sua seleo para implantao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.

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    Figura 09. Alternativas locacionais avaliadas para a implementao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. Localidade 1.

    Fonte: Google Earth, 2008. Localidade 2.

    Fonte: Google Earth, 2008. Localidade 3.

    Fonte: Google Earth, 2008.

    Localidade 1. Destaque para o remanescente de Floresta Ombrfila Densa Aluvial no terreno alternativo.

    Localidade 2. Destaque para a existncia de pequeno crrego cortando o terreno alternativo, bem como existncia de amplo remanescente florestal em suas bordas.

    Localidade 3. rea altamente antropizada, adjunta ao rio Guam. Inexistncia de fragmentos vegetacionais de significativa relevncia para a biota.

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    Figura 10. Localizao das alternativas locacionais do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm.

    Fonte: Google Earth, 2008.

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    6.0 ASPECTOS JURDICOS Na tentativa de implantar e utilizar efetivamente os instrumentos dispostos na Poltica Nacional do Meio Ambiente, a qual visa conciliar o bem estar e o desenvolvimento humano com a preservao do ambiente natural, inmeras tm sido as normas jurdicas brasileiras que visam tal fim. Sendo assim, o Brasil assumiu o compromisso legal de proteger e assegurar a manuteno dos diversos ecossistemas que abrange, bem como respeitar todas as formas de vida existentes, independente de suas potencialidades para a humanidade. Para tanto, desde 1981, quando a Federao instituiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente, o pas tem elaborado uma extensa legislao ambiental, bem como criado e capacitado diversos rgos e instituies responsveis pela proteo e fiscalizao dos ambientes naturais. A legislao ambiental brasileira, para atingir seus objetivos de preservao, criou direitos e deveres para todos os cidados, instrumentos de conservao do meio ambiente, normas de uso dos diversos ecossistemas, normas para disciplinar atividades relacionadas explorao e utilizao dos recursos ambientais e ainda implantar diversos tipos de reas protegidas. Como legislao ambiental entenda-se aqui o conjunto de normas jurdicas, leis, decretos, resolues, portarias, medidas provisrias e outras que estabelecem as aes necessrias execuo da poltica para o meio ambiente. Ressalta-se o enquadramento do ser humano, cidado, como pertencente ao ambiente natural, tendo este amparo legal e obrigaes para com a natureza. Dentre os direitos bsicos humanos destaca-se o direito vida, bem como o direito a um ambiente natural saudvel, visto que este ser corresponde a mais uma espcie viva no planeta. Sendo assim, a legislao postulada, ou seja, estabelecida para ordenar os variados assuntos de interesse comum da sociedade. De modo mais especfico ainda, no que tange legislao ambiental brasileira, esta composta por numerosas leis (federais, estaduais e municipais) relativamente novas. O Direito brasileiro, nos ltimos trinta anos, tem acrescentado novas concepes sobre a apropriao e uso dos bens naturais. Ainda, nos ltimos anos tem se constatado um relevante fortalecimento da legislao ambiental brasileira, com um nmero cada vez maior de profissionais fazendo uso deste instrumento. Em contrapartida, tambm, crescem as ameaas ao patrimnio ambiental brasileiro, inchando a lista de espcies e ambientes sujeitos s alteraes antrpicas. Neste contexto que passam a atuar o Ministrio do Meio Ambiente (MMA), mximo rgo legal de proteo e regulamentao do ambiente natural brasileiro, bem como instituies vinculadas, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA). Em sntese, a questo ambiental passou a ter tratamento especifico e abrangente na constituio, a qual atribuiu ao Poder Pblico a responsabilidade pela defesa e preservao do meio ambiente. Tal fato significa dizer que a administrao pblica responsvel passou a ter obrigaes constitucionais na manuteno do equilbrio ecolgico. A forma de atuao dos estados e municpios passou - ento - a abranger, necessariamente, o exerccio efetivo de suas competncias, seja protegendo o meio ambiente e combatendo a poluio, a fauna ou estabelecendo legislao de interesse. Dentre esta legislao, para o presente documento, destaca-se em funo de seu carter - aquela que faz referncia ao processo de licenciamento ambiental. Ou seja, aquela que concede licena legal para empreendimentos potencialmente causadores de degradao ou impacto ambiental.

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    Um dos mais importantes passos no processo de licenciamento ambiental foi a obrigatoriedade de estudos ambientais pertinentes, os quais avaliam os danos causados sobre o ambiente e a populao de uma determinada rea. Dentre a legislao que discorre sobre a obrigatoriedade ou no de estudos ambientais, cita-se a Resoluo do CONAMA 001/1986, a qual apresenta os parmetros e definies para a elaborao do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental: dispe sobre o EIA/RIMA. Aqui, destaca-se tal estudo em funo da necessidade do mesmo para a viabilizao do processo de licenciamento ambiental do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. A implementao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm ser objeto de um processo de licenciamento ambiental a ser conduzido pela SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado do Par, devido ao seu porte e influncia regional. Em consulta prvia realizada junto a esse rgo, confirmou-se a necessidade de elaborao do Estudo e Relatrio de Impacto Ambiental EIA-RIMA, para apresentao quando do requerimento da Licena Prvia. Aps a anlise desse estudo, em continuidade ao referido processo de licenciamento ambiental do empreendimento, outras exigncias ou documentos podero ser solicitados ao empreendedor, ouvidas as partes interessadas conforme a legislao vigente. 7.0 IDENTIFICAO DAS REAS DE INFLUNCIA O Diagnstico Ambiental um levantamento que envolve a anlise das condies ambientais atuais da rea que poder ser afetada pelo empreendimento. Por isso, tomando-se conhecimento das caractersticas do projeto e da potencial rea a ser utilizada para sua implantao, so determinadas as reas de Influncia, que so classificadas como:

    A rea Diretamente Afetada (ADA): corresponde poro territorial do projeto sujeita interferncia direta das atividades de implantao e operao do empreendimento

    sobre os diversos componentes;

    A rea de Influncia Direta (AID): envolve a rea diretamente afetada (ADA) e seu entorno imediato que vai alm dos limites da rea diretamente afetada, sujeita a ser

    impactada a partir do planejamento, implantao, operao e desativao do

    empreendimento;

    A rea de Influncia Indireta (AII): corresponde regio geogrfica real ou potencialmente afetada pelos impactos indiretos do planejamento, sua implantao,

    operao e/ou desativao do empreendimento, cuja abrangncia tem mbito regional, com

    base na distribuio dos atributos fisiogrficos presentes na rea do empreendimento.

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    7.1 MEIO FSICO

    Para a delimitao das reas de influncia do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm no que concerne ao meio fsico, foram determinados alguns critrios relativos s caractersticas fsicas do ambiente e s caractersticas do empreendimento.

    9 rea Diretamente Afetada (ADA): essa rea de influncia abrange o espao onde est prevista a implantao do Terminal Pesqueiro, ou seja, o espao que conter as

    edificaes, os atracadouros dos barcos, a rea a sofrer dragagem e o local de

    deposio do material resultante da dragagem;

    9 rea de Influncia Direta (AID): considerou-se como rea de influncia indireta a distncia de 500 metros de raio no entorno da rea de influncia direta;

    9 rea de Influncia Indireta (AII): como rea de influncia regional considerou-se uma extenso de trs (3) quilmetros de raio a partir da rea de influncia direta.

    7.2 MEIO BITICO

    A delimitao das reas de influncia do TPPB relativo ao meio bitico, considerou a qualidade ambiental da regio e as carcatersticas do empreendimento, sendo estabelecidas conforme apresentado abaixo.

    9 rea Diretamente Afetada (ADA): essa rea de influncia abrange o espao onde est prevista a implantao do Terminal Pesqueiro propriamente dito, ou seja, o espao que

    conter as edificaes e os atracadouros dos barcos;

    9 rea de Influncia Direta (AID): considerou-se como rea de influncia direta 500 metros de raio no entorno da rea de influncia direta;

    9 rea de Influncia Indireta (AII): como rea de influncia regional considerou-se uma extenso de trs (3) quilmetros de raio a partir da rea de influncia indireta. Para a

    fauna aqutica considera-se a Baa de Guajar.

    7.3 MEIO ANTRPICO

    Componente Social

    9 rea Diretamente Afetada (ADA): rea receptora e redistribuidora, referida neste texto como a rea de instalao do projeto de TPPB a regio do Bairro do Tapan;

    9 rea de Influncia Direta (AID): corresponde rea Metropolitana de Belm;

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    9 rea de Influncia Indireta (AII): corresponde s reas pesqueiras que esto fora da rea Metropolitana de Belm, ou seja, fora dos 5 municpios que a circunscrevem

    (Belm, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Brbara). Isto , as reas insulares,

    os esturios do rio Amazonas e outros menores, a zona costeira e marina dos Estados

    do Par e Amap e as reas ribeirinhas das guas interiores.

    Componente Econmico

    As reas de influncia para o componente econmico encontram-se indicadas no

    ANEXO 01:

    9 rea Diretamente Afetada (ADA): compreende a rea destinada implantao do Terminal Pesqueiro propriamente dita;

    9 rea de Influncia Direta (AID): pela insero territorial do projeto, o municpio de Belm est sendo classificado como rea de influncia direta, haja vista localizar-se ali o empreendimento em pauta;

    9 rea de Influncia Indireta (AII): esto sendo considerados os municpios que compem a assim denominada Regio Metropolitana de Belm (RMB): Ananindeua, Belm, Benevides, Marituba e Santa Brbara do Par.

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    Figura 11. Diagrama de limites de influncia do TPPB, relativos ao Componente Social.

    Convenes ADA rea do Terreno e Entorno Tapan AID Entorno rea Metropolitana de Belm AII Entorno rea Pesqueira e Mananciais ZM Zona Marinha

    Arqueologia

    Quanto ao componente arqueolgico, a definio das reas de influncia do empreendimento abrange os diferentes enfoques em termos das informaes e contextos indicadores de relevncias e potencialidades e, ainda, vem atender s demandas arqueolgicas preventivas diretamente ligadas s alteraes do meio fsico capazes de gerar impactos diretos sobre patrimnio material remanescente.

    9 rea Diretamente Afetada (ADA): essa rea de influncia abrange o espao onde est prevista a implantao do Terminal Pesqueiro, ou seja, o espao que conter as edificaes, os atracadouros dos barcos, a rea a sofrer dragagem e o local de deposio do material resultante da dragagem.

    TPPB

    AII

    ADA

    AID

    ZM

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    Com respeito caracterizao da rea de Influncia Direta (AID) foram adotados dois critrios de delimitao: 9 o primeiro, refere-se ao contexto de informaes do Patrimnio Arqueolgico e

    Histrico-Cultural, para o qual se adotou a mesma rea definida para a AII do empreendimento, ou seja, as reas dos atuais e antigos limites histrico-administrativos associados ao municpio de Belm, em razo da identificao de processos histricos comuns que cobrem igualmente a AII e a AID. No entanto procurou-se um detalhamento maior das informaes relativas s reas e localidades mais prximas ao empreendimento, notadamente a regio de Icoaraci.

    9 o segundo critrio relaciona-se ao levantamento extensivo de campo, onde a pesquisa enfocou a rea do empreendimento e um entorno de aproximadamente 1km a partir dos seus limites. Este limite foi definido, tendo em vista a necessidade de verificao de rea envoltria de bens tombados. Este valor implica em cuidados especiais quanto a possvel existncia de bens imveis de interesse histrico-cultural nos arredores do empreendimento, bem como, da maior possibilidade de ocorrerem mudanas no meio fsico, por influncia direta devido implantao do mesmo. Considera-se que esta rea (onde est inserida a ADA do empreendimento) cobre as principais alteraes no terreno promovidas pelas futuras obras, tais como abertura e melhoria de acessos, terraplenagens, movimentao de maquinrio e pessoal, alojamentos e infra-estruturas gerais, ptio de mquinas, canteiros de obras, etc.

    Com relao s reas de influncia do empreendimento, o diagnstico do Patrimnio Arqueolgico, considerou para a rea de Influncia Indireta (AII), os seguintes limites geogrficos definidos em conformidade com as diferentes reas temticas abordadas: 9 Arqueologia pr-colonial: foram consideradas as informaes arqueolgicas existentes

    na regio do baixo amazonas (desde Santarm) e baixo Tocantins incluindo a ilha de Maraj e zonas costeiras prximas a Belm. Neste sentido, as informaes sobre a arqueologia regional remetem s evidncias de ocupaes humanas por grupos caadores-coletores e horticultores, cuja mobilidade e sistemas de assentamento associam-se profundamente s caractersticas ambientais em escalas espaciais e temporais amplas.

    9 Arqueologia histrica: referem-se s informaes etno-histricas e do patrimnio material associadas ao processo de formao da cidade de Belm e localidades de entorno. Pode ser delimitado pelos atuais e antigos limites histrico-administrativos associados ao municpio de Belm.

    8.0 DIAGNSTICO AMBIENTAL DAS REAS DE INFLUNCIA

    8.1 MEIO FSICO 8.1.1 Geologia

    A rea onde se encontra a cidade de Belm est situada em posio geogrfica, junto foz de grandes rios que desembocam no mar, a qual naturalmente favorvel sedimentao de terrgenos sob influncia de retrabalhamento marinho. De fato, o subsolo de toda a regio de Belm e largas reas do entorno mostram a predominncia de espessa coluna sedimentar, acumulada desde meados do Cenozico.

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    Perfis de sondagens, em Belm e arredores, mostram colunas sedimentares assentadas diretamente sobre o Embasamento Cristalino. Unidade que por sua vez, foi reconhecida a profundidades ao redor de 350 a 400m (Koury, 2006). A comparao das caractersticas geolgicas entre cada unidade geolgica (Embasamento Cristalino, Formao Pirabs, Formao Barreiras, Sedimentos Ps-Barreiras e Sedimentos Holocnicos) revela aspectos dos sistemas deposicionais que predominaram desde o perodo Cenozico na regio de Belm. O exame da coluna sedimentar indica a materializao de um sistema regressivo, com a presena de sistemas deposicionais marinhos na base da coluna evoluindo para sistemas continentais no topo. Na rea de influncia direta a composio do substrato pode ser separada em duas pores principais:

    Nas reas permanentemente emersas, em direo ao topo da encosta, observam-se estratos de origem clstica, constitudos por sedimentos inconsolidados de composio silte arenosa, com pores argilosas subordinadas. Eventualmente, observa-se a presena de clastos maiores em meio aos sedimentos refletindo provvel origem alctone do pacote sedimentar.

    Na poro de jusante, junto ao leito ativo da Baa de Guajar, estes sedimentos so recobertos por argilas negras orgnicas, com pores arenosas, inconsolidadas. Esta composio reflete a atuao de sistemas deposicionais estuarinos, com aporte de sedimentos fluviais retrabalhados por atividades de mar. Estes processos geolgicos esto em conformidade com os ambientes predominantes na regio onde se insere o municpio de Belm. Os sedimentos reconhecidos em sondagens SPT (SERTOPLAN, 2007) indicam para a rea de influncia direta, a profundidades de at 12,45m a presena da coluna sedimentar descrita e que est inserida na unidade sedimentar Ps-Barreiras, bem como sedimentos inconsolidados Holocnicos. Os sedimentos inconsolidados Holocnicos observados em sondagens SPT e que ocorrem na rea de influncia direta, junto margem da Baa do Guajar esto caracterizados pela maior presena de matria orgnica em meio a sedimentos argilo-arenosos de colorao cinza escura a negra. Estes sedimentos podem ser classificados como Formaes Superficiais.

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    Figura 12. Seo geolgica esquemtica das unidades sedimentares que ocorrem em Belm e arredores imediatos.

    100,0m

    Formao PIRABS(sistemas deposicionais marinhos)

    Fcies conglomertica

    Fcies arenosa

    Fcies argilo-arenosa

    70,0m

    0,0m

    a Formao BARREIRAS(sistemas deposicionais continentais)

    (discordncia erosiva)

    Sedimentos PS-BARREIRAS(sistemas deposicionais continentais)

    0,0m

    a

    30,0m

    Sedimentos HOLOCNICOS(sistemas deposicionais continentais)

    0,0ma

    10,0m

    Considerando-se a coluna sedimentar observada em poos profundos no municpio de Belm, abaixo da profundidade investigada nas sondagens SPT, os sedimentos Ps Barreiras devem se estender at 50,0m. Abaixo desta profundidade devem se verificar sedimentos relacionados ao Grupo Barreiras at profundidades de 100m.

    8.1.2 Geomorfologia

    A regio de Belm, em termos geomorfolgicos, encontra-se em meio a baixos plats amaznicos e plancies litorneas. Define-se o relevo por plataforma de cumiada no nvel mais elevado do planalto tercirio, entre 15 a 30m, em terrenos escalonados com amplitudes entre 4 e 15m. Avizinham-se a baixadas inundveis, formadas por reas abaixo da cota 4,0m (Correa, 1989, apud Matta, 2002). Ao redor de 50% da rea do municpio tem o relevo derivado da dissecao de superfcies constitudas por sedimentos Ps-Barreiras e ainda por Sedimentos Recentes, ou seja, formaes superficiais. A estes a classificao da SEICOM (1995) posiciona nos terrenos que denominou reas Urbanas P.A. e reas Urbanas P.R.A.

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    O terreno da rea diretamente afetada encontra-se em cota topogrfica (em relao ao nvel do mar) que varia de 11,5m (poro mais elevada prximo via de acesso) a 0,0 m (na margem da Baa de Guajar) ao longo de uma distncia de 440,0 m. O que implica em um gradiente de 2,5 em rea que abrange 71.493,060 m, onde o Terminal Pesqueiro ocupar cerca de 32.500 m. O modelado de relevo, evidenciado pelas curvas do mapa topogrfico, mostra padro suave e relativamente homogneo, praticamente sem ressaltos no relevo, definindo uma rampa nica, situando-se a rea ao longo de uma meia encosta, que declina desde a via de acesso (montante) at as margens da Baa de Guajar (o extremo jusante). Imediatamente nas margens da Baa, uma leve proeminncia no relevo define o dique marginal do lado direito da margem continental da Baa.

    8.1.3 Pedologia Esto mapeadas no municpio de Belm, sete unidades de solo (Vieira et al., 1967; Mazzeo, 1991; IDESP, 1980): latossolo amarelo, laterita hidromrfica e concrecionrio latertico, podzol hidromrfico, hidromrfico gleizado, areia quartzosa e reas aterradas. Figura 13. Solo areno siltoso do tipo Concrecionrio, rico em xido de ferro, com grnulos de fragmentos de lateritas. Foto de terreno nas proximidades do empreendimento.

    Alm destes tipos de solo, alguns estudos indicam a presena de outros quatro tipos diferenciados (Pinheiro, 2005): gley hmico, solos de igap, solos de vrzea e solos de terra firme. Os solos observados na rea de influncia direta so tambm observados ao longo das ruas que compem o bairro onde o empreendimento est inserido. So solos arenosos, ricos em concrees ferruginosas rodeadas e ou tendo englobado gros de quartzo. Considerando-se a classificao regional para solos pode-se afirmar que na rea de influncia direta ocorre mais de um tipo de solo, sendo que parte deles foi removido para se assentar capa de aterro. Os tipos de solo podem ser apontados como: Concrecionrio Latertico (a montante) e Hidromrfico (nas margens da Baa de Guajar).

    8.1.4. Hidrografia A rea ocupada pelo municpio de Belm encontra-se em uma regio estuarina, definida pela presena do esturio de Guajar, o qual faz parte do Golfo Marajoara, que compem o sistema hidrogrfico da foz do rio Amazonas (Matta, 2005). A zona urbana de Belm foi

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    edificada em uma rea que configura uma pennsula sedimentar estuarina de desembocadura amaznica (Pinheiro, 1987, apud Pereira, 2001). Representa uma rea intensamente irrigada, com diversos corpos dgua que apresentam volumes extraordinrios de aporte de gua superficial e subterrnea e do encontro destes com as guas do Oceano Atlntico. A caracterizao como pennsula advm do fato de cerca de 60% do territrio de Belm ser ocupado por sua rede hidrogrfica, a presena da Baa de Guajar, o sistema de ilhas fluviais, e a proximidade com o Oceano Atlntico (Pereira, 2001). O esturio Guajarino formado por um sistema de drenagens continentais em regime de descarga em ambiente marinho. A Baa do Guajar localiza-se em frente parte noroeste da cidade de Belm e prolonga-se at a Ilha do Mosqueiro, a norte, onde se encontra com a Baa do Maraj, no rio Par. formada pela confluncia dos rios Acar e Guam. A margem esquerda da Baa do Guajar composta por um conjunto de ilhas e canais, sobressaindo-se as ilhas das Onas, Jararaca, Mirim, Paquet Au e Jutub. Na margem direita est localizada a cidade de Belm. Ao norte, nesta mesma margem, encontram-se as ilhas do Outeiro e do Mosqueiro.

    A movimentao das mars e a interao com as drenagens superficiais de Belm resultam na transformao dos corpos dgua superficiais em barragens hdricas naturais quando o nvel das guas elevado. Este fenmeno faz com que o processo de escoamento seja paralisado e at revertido, produzindo inundaes em cotas mais elevadas do terreno. De uma maneira geral, a rede hidrogrfica da Regio Metropolitana de Belm pode ser separada em dois grupos de bacias: as que sofrem influncia direta do rio Guam e as de influncia direta da Baa do Guajar. O rio Guam, situado a sul da zona urbana de Belm, em conjunto com o rio Moju representam as principais fontes de guas fluviais do esturio Guajar (Lima, 1956, apud Pereira, 2001). Suprimento de gua potvel O rio Guam, situado ao sul da cidade de Belm, tem participao fundamental no abastecimento de gua tratada para a populao local. Dois grandes lagos, Bolonha e gua Preta, juntamente com o bombeamento de gua do rio Guam, representam o sistema de abastecimento de gua superficial, tratada, de Belm. Este sistema se completa com guas subterrneas a partir de poos tubulares. O volume de guas bombeadas concentrado em na Estao de Tratamento So Brs a partir da qual distribuda para a rede pblica (Matta, 2002). As companhias pblicas de saneamento responsveis pelo sistema hdrico denominam-se SAAEB (Servio Autnomo de gua e Esgoto de Belm concessionrio municipal) e a COSANPA (Companhia de Saneamento do Par concessionria estadual). Caractersticas hidrodinamicas do Esturio do Guajar O regime de fluxo de movimentao das guas da Baa do Guajar se caracteriza como do tipo fluxo turbulento, conferindo um padro relativamente agitado, mesmo em condies de ventos fracos, fato verificado pela presena de ondas de at 1,5m na superfcie do esturio verificadas com mar vazante e vento geral N-NE. Este fenmeno atribudo ao das correntes de mars (Pinheiro, 1987).

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    Apesar da importncia das correntes de mar como geradora de ondas, obviamente as ondulaes na superfcie das guas do esturio provocadas por correntes areas representam um importante agente da dinmica do esturio. So fenmenos que propiciam a mistura das guas e a resuspenso praticamente constante dos sedimentos de fundo nos bancos e margens. O sistema representado pelo esturio do Guajar pode ser caracterizado como um sistema com elevada energia hidrulica onde, alm da entrada de gua no sistema, pelos canais fluviais que desguam na Baa, o ingresso da mar salina provoca alteraes nas propriedades fsico-qumicas bem como na concentrao das partculas em suspenso (Cordeiro, 1987; Pinheiro, 1987, apud Carvalho, 2002). Em relao s propriedades fsicas e fsico-qumicas das guas de qualquer esturio, h alguma dificuldade natural de caracterizao por representarem uma zona de mistura entre guas continentais e marinhas, com fenmenos sistemticos relacionados s mars. Por esta razo, a zona de influncia dos esturios apresenta limites que no podem ser estabelecidos de maneira absoluta, de modo que diversas variveis do sistema tendem para os valores extremos entre os fatores de montante (continentais) e de jusante (marinhos). Qualidade das guas superficiais As guas do esturio do Guajar representam um sistema de circulao do tipo uniforme, pois entre a preamar e a baixa mar tende a ser homogneo com baixas concentraes inicas na superfcie das guas (Pinheiro, 1987, apud Carvalho, 2002). Ao longo do ano, as guas na Baa se encontram com baixas concentraes de sais em relao s guas do oceano, com raras excees em perodos mais secos do ano, quando as guas marinhas conseguem avanar sobre o esturio (COSANPA, 1987). Carga sedimentar Pelo volume e vazo das guas do esturio, a predominncia das guas fluviais no sistema muito ampla. A permanncia de elevada turbidez, caracterizada por guas barrentas de colorao amarelo-esverdeada ao longo de todo o esturio funciona como um indicador deste fato (Lima, 1956, Pinheiro, 1987, Moura, 2006). Os valores de carga sedimentar entre a poca mais chuvosa e de estiagem, mostram variao relativamente pequena, ao redor de 20% (Moura, 2006). O aporte de sedimentos no esturio provm do transporte pelas diversas drenagens que desembocam na Baa, sendo que os principais veculos de transporte da carga sedimentar so os rios Amazonas, Tocantins e Guam. Observa-se que a Baa do Guajar pode ser considerada contaminada por chumbo. relevante a informao de que os teores de chumbo, assim como outros elementos e inclusive variveis hidroqumicas, se estabilizam na medida em que se afastam das margens, as quais carregam cargas poluentes elevadas (Pereira, 2001). Os efeitos da mar atuam de maneira a redistribuir as concentraes e reduzir os teores de metais pesados, assim como de outros poluentes. De uma maneira geral, a poluio das guas do esturio Guajarino tem origem variada, mas um dos principais responsveis est representado pelo lanamento direto, sem qualquer tratamento, de esgoto domstico provindo das residncias (IDESP, 1990, Carvalho, 2002).

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    O teor de contaminantes observado em diversos cursos dgua afeta toda a orla desde a zona urbana de Belm passando por todos os bairros voltados para a Baa de Guajar, prejudicando as atividades pesqueiras, bem como atividades de recreao em algumas praias (IDESP, 1990, Carvalho, 2002). Em virtude de algumas particularidades, os sedimentos estuarinos podem desempenhar o papel de indicadores de poluio, da sua importncia para estudos de impacto ambiental. Alm do esgoto domstico, na periferia da cidade de Belm, especialmente em bairros situados a norte da zona urbana, desenvolvem-se atividades industriais, como de papel e celulose, metalurgias, indstrias qumicas e farmacuticas, abatedouros e frigorficos, txteis, curtumes e indstrias de minerao, cujo lanamento de efluentes contribui para aumentar os ndices de contaminao na Baa de Guajar. Nas imediaes da Baa do Guajar, alm de diversas atividades com potencial poluidor, destacam-se alguns curtumes, dentre eles, destaca-se o existente ao lado do local selecionado para implantao do Terminal Pesqueiro Pblico de Belm. Dos efluentes gerados por esta atividade a partir do processo de industrializao do couro podem ser destacados alguns produtos qumicos como: sulfetos; aminas; cal; hidrxido de sdio; cromo; sulfato de amnia; cido sulfrico; cido frmico; sal; hostapal e dormascal (Pinheiro, 2005).

    8.1.5 Hidrogeologia

    O armazenamento e a circulao das guas subterrneas dependem de diversas variveis, como:

    quantidade de gua disponvel para circulao envolvendo o ciclo hidrolgico; caractersticas do relevo e do substrato; existncia e reconhecimento de sistemas aqferos; relaes entre aqferos e corpos de guas superficiais; caractersticas fsico-quimicas e bacteriolgicas das guas subterrneas.

    As caractersticas do relevo implicam na diferenciao entre relevos de morfologia ngremes ou suaves, de formato cncavo ou convexo, dobrados ou planos, etc. Caractersticas que podero indicar diferente favorabilidade para infiltrao em relao ao escoamento superficial ou vice-versa e, que, por conseguinte, tero conseqncias para recarga dos aqferos. As relaes entre os corpos dgua superficiais e subterrneos diz respeito ao fornecimento sazonal de gua de um para outro ao longo do ano. Em Belm, o balano hdrico mostrou que de janeiro a setembro ocorre um excedente de gua no solo resultando em maiores taxas de infiltrao e escoamento, indicando, por conseguinte, fornecimento de gua dos aqferos para os corpos superficiais. Entre outubro e novembro, o processo se inverte, com perda de gua do solo para o meio fazendo com que os corpos de gua superficiais forneam gua para os aqferos, pois os processos de infiltrao e escoamento se reduzem. Este processo ocorre de maneira subordinada ao primeiro. Os sistemas aqferos e a qualidade das guas subterrneas bem como os parmetros e as variveis que os envolvem so, portanto, os elementos que restam para poder se discutir o potencial das guas subterrneas na regio dos trabalhos deste estudo bem como sua importncia.

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    O termo sistemas aqferos implica em uma diferenciao do termo aqfero no apenas por induzir a um arranjo espacial coletivo, mas, principalmente por representar entidades interdependentes de um sistema com entradas e sadas. Obviamente, est se presumindo a existncia do fenmeno de conexo entre aqferos, ou seja, na circulao de gua subterrnea por diversos aqferos ao longo do tempo. Os sistemas aqferos da regio de Belm foram divididos em quatro sistemas (Koury, 2006) cada qual com caractersticas prprias: Sistema Aqfero Aluvionar, Sistema Aqfero Ps-Barreiras, Sistema Aqfero Barreiras e Sistema Aqfero Pirabs (Figura 14). Figura 14. Sistemas aqferos reconhecidos em Belm e arredores (Koury, 2006).

    100,

    0m70

    ,0m

    25,0

    m

    SIST.AQUFERO ALUVIONAR

    10,0

    m

    espe

    ssur

    a (m

    )

    pH = 3,4 a 5,7; classif.= cloratada sdica a bicarbonatada clcica;cond.= baixa; Q = 10,0m3/h; qualidade geral = boa;aquferos tipo livre; baixa distribuio em rea

    SIST.AQUFERO PS-BARREIRAS

    pH = 3,4 a 5,7; classif.= cloretada sdica a bicarbonatada clcica;cond.= baixa; Q = 5,0m3/h; teores altos de ferro; alta vulnerabilidadeaquferos tipo livre a semi-confinado; baixa distribuio em rea

    SIST.AQUFERO BARREIRAS

    pH = 3,4 a 5,7; classif.= cloretada sdica a bicarbonatada clcica;cond.= baixa; Q = 15,0 a 80,0 m3/h; teores altos de ferro; mdia vulnerabilidadeaquferos tipo semi-confinado a confinado; alta distribuio em rea

    SIST.AQUFERO PIRABS

    pH = 3,4 a 5,7; classif.= bicarbonatada clcica a alcalina;cond.= alta;Q = 100,0 a 300,0 m3/h; baixa vulnerabilidadeaquferos tipo semi-confinado a confinado; alta distribuio em rea

    Aquferos freticos Considerando-se as guas subterrneas como um grande sistema intercomunicante, onde a circulao das guas ocorre em diferentes aquferos, fundamental para o aproveitamento deste conhecimento, neste estudo, o reconhecimento das partes mais sensveis deste sistema, em relao s perspectivas de utilizao deste importante recurso, bem como do risco de contaminao daquelas guas, o que deve ser evitado a todo custo, seja por questes de proteo ambiental, seja por preservao de um bem comum. Em relao ao aproveitamento, tanto pela qualidade, como pela potencialidade, o Aqfero Pirabs o mais indicado para explotao, seguido do Aqfero Barreiras, que quando semi-confinado, tambm considerado como um aqfero menos vulnervel, apesar de eventualmente apresentar teores mais elevados de ferro. Quanto vulnerabilidade, os aqferos freticos so aqueles mais sensveis, por se encontrarem menos protegidos dos contaminantes em superfcie. Naturalmente representam os melhores parmetros de qualidade das guas subterrneas e precisam, previamente ter-se reconhecido algumas de suas caractersticas mais importantes.

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    Estes aqferos so aqueles mais utilizados pela populao de baixa renda, pela facilidade de alcanar por mtodos artesanais de perfurao (p.ex.: poos cacimba). Os aqferos freticos podem representar fontes de gua tanto nos aqferos aluvionares, como ps-Barreiras e at mesmo no Barreiras, pelo carter sub-aflorante daqueles sistemas. Ou simplesmente representam aqferos em solo ou Formaes Superficiais. Ao longo de todo o municpio de Belm, as caractersticas dos aqferos freticos iro variar enormemente, por guardarem uma relao estreita com o solo e o meio em que circulam junto superfcie do terreno. Vulnerabilidade dos aquferos O termo vulnerabilidade dos aqferos definido como a facilidade ao risco da introduo e propagao de contaminantes, desde a superfcie do terreno at o aqfero (Albinet e Margat, 1970, apud Pinheiro, 2005; Foster et al., 1988; Hirata e Rebouas, 1996, apud Matta, 2002). As seguintes variveis so utilizadas na determinao da vulnerabilidade dos aqferos: caractersticas da zona de recarga, certas propriedades dos solos e rochas (porosidade, transmissividade, condutividade hidrulica etc.), propriedades das zonas no saturada e saturada, tipo de relevo, relaes entre guas subterrneas e superficiais e a natureza da unidade aqfera (Matta, 2002). Tornam-se mais vulnerveis aqueles aqferos que apresentarem posio espacial mais aflorante e, de maneira inversa, os menos vulnerveis sero aqueles situados em maiores profundidades. Assim, conforme a coluna dos sistemas aqferos associados, apesar da gua percolar toda a coluna, a movimentao de contaminantes limitada espacialmente por reaes fsico-qumicas que reduzem a mobilidade de cada contaminante. A disponibilidade dos contaminantes prximo dos aqferos pode ser inevitvel, p.ex., tanques de postos de combustvel prximos do lenol fretico. Dos fatores apresentados, o nico que pode ser modificado o que se refere facilidade com que os contaminantes podero acessar as guas subterrneas. No caso do armazenamento de combustveis, p.ex., os sistemas de proteo exigidos por lei (Resoluo CONAMA 273/2000) devem ser exigidos pelo rgo ambiental competente. A contaminao por efluentes residenciais mais difcil de prevenir e depende da abrangncia e qualidade da captao da rede de esgoto domstico. Na regio de Belm, foi constatado em um estudo sobre as guas do lenol fretico a contaminao por coliformes totais de 77% das amostras e de 26% por coliformes fecais (Matta, 2002), implicando diretamente no risco de transmisso de doenas de veiculao hdrica. A circulao e armazenamento das guas subterrneas na rea diretamente afetada pelo empreendimento esto inseridas dentro do mesmo contexto dos aqferos regionais j mencionados. Desta forma, as variveis dos sistemas aqferos observam diferenciaes locais ao longo do empilhamento sedimentar dentro das amplitudes j estabelecidas para as mesmas variveis, tanto hidrodinmicas, como fsico-qumicas e bioqumicas. Sistema Aqfero Fretico Este o sistema por onde circulam guas subterrneas no local do empreendimento, considerado mais frgil e mais susceptvel a contaminaes superficiais, ou at mesmo, de j se encontrar contaminado. Por outro lado, tambm o meio atravs do qual pode vir a se propagarem doenas de veiculao hdrica populao local pelo contato quase direto destas guas com populaes em superfcie, especialmente nas pocas de chuvas.

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    Dos sistemas de circulao de gua subterrnea do local do empreendimento, as guas do lenol fretico so as mais sensveis a quaisquer tipo de contaminao que venha a se propagar a partir da superfcie do terreno e so aquelas que devem servir como primeiro indicador de qualidade das guas subterrneas. A profundidade da superfcie definida pelo lenol fretico, na rea diretamente afetada, segundo sondagens SPT (Sertoplan, 2007) ocorre entre 5,20m (montante na rea de acesso Rodovia Arthur Bernardes) aflorante (extremo jusante na margem da Baa do Guajar). Este desnvel medido significa, para a poca em que os trabalhos foram realizados (janeiro), um gradiente hidrulico de 1,18%. Em pocas de chuvas intensas, o escoamento superficial bem como os processos de infiltrao de gua no solo, considerando-se a ascenso da superfcie fretica, certamente torna-se prejudicado. O sentido de fluxo do lenol fretico pode ser visualizado atravs do mapa potenciomtrico produzido para a rea de influncia direta a partir dos dados das sondagens SPT. Segundo o resultado das interpolaes, a superfcie fretica acompanha aproximadamente a superfcie do terreno, vindo a aflorar junto s margens da Baa de Guajar. O fluxo calculado das guas subterrneas do lenol fretico na rea diretamente afetada aponta sentido oeste-leste. A recarga do aqfero fretico se faz diretamente a partir das guas de chuva e segundo o mapa potenciomtrico produzido, em que pese os fenmenos de infiltrao e recarga serem observados por toda a rea, o movimento de fluxo se dirige desde o setor oeste da rea diretamente afetada. Deve-se recordar que na rea do empreendimento, como no resto do municpio de Belm, o balano hdrico mostrou que de janeiro a setembro ocorre um excedente de gua no solo resultando em maiores taxas de infiltrao e escoamento. Por outro lado, entre outubro e novembro, o processo deve se inverter, com menor aporte de gua de chuva. Sistemas Aqferos Profundos Na rea do empreendimento, existe um poo tubular profundo instalado pela Eletronorte, cujo relatrio construtivo no se encontra disponibilizado. Desta forma, apesar de ter sido encontrado o poo e de ter sido efetuada coleta de amostras de gua do mesmo, no se teve acesso s caractersticas construtivas, sobre os aqferos que vinham sendo explotados, nem a respeito dos parmetros hidrodinmicos. Desta forma, apenas por correlao de perfis de poos vizinhos poder-se-ia deduzir quais aqferos esto presentes na rea. Esta correlao poderia ser realizada a partir de dois poos tubulares, que se encontram registrados no banco de dados produzido pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais in Koury, 2006) e que so as unidades, daquele cadastro, mais prximas do empreendimento. So eles: Poo n. 07, cadastro: 342, proprietrio FSESP, coordenada UTM: 780.341 e 9.853.506,

    profundidade do poo: 254,0m, data da construo: agosto/1980, vazo: 120,00m3/h. Poo n. 11, cadastro: 397, proprietrio PETROBRS, coordenada UTM: 780.256 e

    9.852.211, profundidade do poo: 270,0m, data da construo: dezembro/1969, vazo: 22,00m3/h.

    Entretanto, os dados disponveis no banco de dados, sobre estas duas unidades so apenas estes citados acima, o que impossibilita a determinao de quais aqferos foram alcanados, quais litologias foram trespassadas e nem mesmo a correlao de dados hidroqumicos torna-se possvel.

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    No obstante, considerando-se a presena dos sedimentos Ps Barreiras na rea do empreendimento e arredores, considera-se que este, o qual regionalmente atinge profundidades de 50m, com vazes geralmente inferiores a 5,0 m3/h, e que o empreendimento da Eletronorte tinha porte industrial e dependia de vazes maiores, possvel que o poo tubular existente tenha transpassado aquele sistema aqfero e tenha explotado guas do Sistema Aqfero Barreiras, o qual se extende at alm de 100m de profundidade e pode apresentar vazes entre 15,0 a 80,0 m3/h.

    Os resultados obtidos, bem como a verificao da presena no terreno de restos de transformadores ao relento sobre solo no revestido (cho batido), indicam a necessidade de se realizar Anlise de Passivo Ambiental e Anlise de Risco, com abrangncia total do terreno e vizinhanas, prioritariamente em relao a outros estudos e projetos.

    8.1.6 Clima As caractersticas climticas da rea abrangida pelo municpio de Belm incorporam propriedades da regio amaznica em conjunto com aspectos relacionados pela proximidade geogrfica com o litoral paraense. Neste particular, registra-se ainda: a baixa latitude (1283S) local, muito prxima da linha do equador, o que implica na

    influncia do sistema de circulao atmosfrico daquela regio; baixa altitude (cotas abaixo da linha at o mximo de 20m); relevo relativamente plano. Considerando-se a classificao de Kppen, a regio se enquadra no tipo Af, definido como equatorial mido, o que significa um sistema climtico caracterizado por quente, sem estao seca definida, pluviosidade elevada com mdias de 1.500 a 2.500 mm/ano. Na cidade de Belm as temperaturas oscilam acima de 18C, os ventos apresentam baixa velocidade intercalados por calmarias, altos ndices de umidade relativa do ar e precipitao atmosfrica da ordem de 2.800 a 3.150 mm/ano (Matta, 2002). A umidade relativa do ar em Belm apresenta variao mdia interanual de 86%. O fator insolao total de brilho entre 35% e 60%. Por outro lado, a nebulosidade observa variao mdia interanual de 6,6 a 6,8 dcimos (Oliveira e Souza, 1997, apud Matta, 2002). A direo dos ventos em Belm apresenta as seguintes direes principais segundo as maiores freqncias: Nordeste (29%), Norte (10%) e Leste (9%). A velocidade mdia dos ventos oscila entre 2,6 a 2,9 m/s, com perodos de calmaria de 45% ao longo de 12 meses (Servio de Meteorologia do Ministrio da Agricultura perodo medido entre 1931 a 1960, apud Matta, 2002). O balano hdrico mostra que a diferena entre a precipitao e a evapotranspirao apresenta valor positivo. O dficit entre janeiro a setembro nulo, apresentando valores mnimos entre os meses de outubro e novembro. A taxa excedente aponta valores superiores entre os meses de janeiro a maio (Figura 15).

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