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CTI-UNESP 2011 BELEZA FUNDAMENTAL Nomes: Juliana Zulato 16 Julia O.M Figueroa 17 Karoline M. Brumatti 19 Paloma Gadani Monteiro 27 Bauru/SP 2011

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CTI-UNESP 2011

BELEZA FUNDAMENTAL

Nomes:

Juliana Zulato nº 16

Julia O.M Figueroa nº 17

Karoline M. Brumatti nº 19

Paloma Gadani Monteiro nº 27

Thais Alessandra Carvalho nº 31

Turma: 71B

Bauru/SP

2011

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Sumário

1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................6

1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................6

1.1.2. TRANSTORNOS ALIMENTARES..................................................................14

1.1.2.1. ANOREXIA NERVOSA.............................................................................14

1.1.2.2. ANOREXIA ALCOÓLICA – DRUNKOREXIA..........................................16

1.1.2.3. BULIMIA NERVOSA.................................................................................17

1.1.2.4. OBESIDADE.............................................................................................19

1.1.2.5. ORTOREXIA.............................................................................................22

1.1.2.6. VIGOREXIA..............................................................................................24

1.1.3. INFLUÊNCIA DA MÍDIA...............................................................................25

1.2. JUSTIFICATIVA..............................................................................................26

1.3. OBJETIVOS....................................................................................................26

2. QUESTIONÁRIO.................................................................................................28

3. DESENVOLVIMENTO........................................................................................30

3.1. LEGENDA.......................................................................................................30

3.2. QUAL A SUA IDADE?....................................................................................31

3.3. QUAL O SEU GÊNERO?................................................................................33

3.4. VOCÊ ACHA QUE BELEZA É FUNDAMENTAL HOJE EM DIA?.................34

3.5. SE SIM, ACHA QUE SEMPRE FOI?..............................................................35

3.6. QUAL SEU PORTE FÍSICO DE PREFERÊNCIA?.........................................36

3.7. VOCÊ GOSTARIA DE MUDAR ALGO EM SI?..............................................37

3.8. VOCÊ CONSIDERA AS PESSOAS COM AS QUAIS CONVIVE BONITAS? 38

3.9. VOCÊ JÁ SOFREU DE ALGUM DISTÚRBIO ALIMENTAR?........................39

3.10. CONHECE ALGUÉM QUE JÁ SOFREU DE DISTÚRBIO ALIMENTAR?. .40

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3.11. VOCÊ JÁ SOFREU PROBLEMAS PARA ENCONTRAR EMPREGO, POR

CAUSA DA APARÊNCIA?.......................................................................................41

3.12. VOCÊ ACHA QUE AS PESSOAS PRECISAM SER BELAS PARA SEREM

ATRAENTES?...........................................................................................................42

3.13. QUE NOTA VOCÊ DARIA A SUA PREOCUPAÇÃO COM A BELEZA?. . .43

3.14. TIPO DE CABELO FAVORITO?.................................................................44

3.15. QUAL A SUA COR DE CABELO FAVORITO?...........................................45

3.16. QUAL É A SUA COR DE OLHOS FAVORITOS?.......................................46

3.17. VOCÊ GERALMENTE SE PREOCUPA COM A OPINIÃO DOS OUTROS

SOBRE A SUA BELEZA (CORPO, ROSTO)?.........................................................47

3.18. VOCÊ JÁ TOMOU ALGUM REMÉDIO COM A FINALIDADE DE MUDAR

SUA APARÊNCIA?...................................................................................................48

3.19. QUANTO TEMPO VOCÊ DEMORA PRA SE ARRUMAR PARA SAIR(EM

MINUTOS)?...............................................................................................................49

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................50

5.DIFICULDADES / SUGESTÕES............................................................................51

6. BIBLIOGRAFIA / INFOGRAFIA............................................................................51

7. ANEXOS................................................................................................................53

8. OBSERVAÇÕES...................................................................................................73

9. Miniatura dos slides...............................................................................................74

3

“Ó beleza! Onde está tua verdade?”

William Shakespeare

4

“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar.

As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas, nos auxiliam muito."

Chico Xavier

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Beleza Fundamental

Este Trabalho de Conclusão Anual foi julgado adequado para concluir o primeiro ano

do curso de Informática Integrado e aprovado em sua forma final junto ao Colégio

Técnico Industrial Professor Isaac Portal Rondán.

Banca examinadora:

_______________________________

Rodrigo Ferreira de Carvalho

________________________________

Silmara Cavalheri Navarro Sanches

________________________________

Ricardo Bento Nogueira Pinheiro

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1.Introdução

Nos dias atuais, milhares de jovens, adolescentes e até adultos, sofrem de distúrbios

alimentares, fazem diversas plásticas e nunca estão satisfeitos com o próprio corpo.

Tudo isso porque a sociedade impõe que é necessário estar “perfeito” para

conseguir um bom futuro pessoal e até mesmo profissional.

Mas, será mesmo que a beleza é tão fundamental? Será que vale a pena enfrentar

todos esses problemas, que são causados pela busca pela perfeição? Será que a

perfeição existe? Será mesmo que essa cobrança pela tão sonhada perfeição, não é

apenas imposta pela sociedade ou pelo próprio indivíduo?

“Beleza fundamental” foi o tema que escolhemos para realizar nosso trabalho, e

através das pesquisas realizadas durante todo o projeto, tentar responder essas

perguntas.

E uma pergunta em especial: Será que Vinícius de Moraes estava correto quando

disse em seu famoso poema, Receita de mulher: “As muito feias que me perdoem,

mas beleza é fundamental.”?

1.1 Fundamentação Teórica

A beleza faz com que as pessoas pensem que precisam ser bonitas

fisicamente para serem queridas, amadas, aceitas pela sociedade. Isso

é o que gera muitos problemas, como a anorexia, bulimia, desnutrição e

obesidade, em função à procura por essa “quase perfeição”.

Esses problemas começam principalmente na fase em que as crianças

vão tentando se tornar adultas, ganhando mais responsabilidade,

olhares, atribuições e comentários das pessoas a sua volta, elas querem

sentir-se desejadas por essas pessoas, ou seja, na adolescência.

Essa busca faz com que haja cada vez mais problemas na sociedade,

conflitos, ou seja, esses distúrbios alimentares, fazendo com que mais e

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mais pessoas vão buscando isso, pois ter esses problemas, muitas

vezes, se torna “modinha”, faz parecer que as pessoas sentem um pouco

de desejo por ter isso, mas claro que não em todo e qualquer caso.

Não somente na aparência em busca do corpo perfeito, as pessoas

buscam cada vez mais fazer cirurgias plásticas no rosto, mudar sua

aparência física parece fazer que essas pessoas se sintam bem com o

que elas não são, pois é o que a sociedade quer, e elas se sentem na

obrigação de entrar nesse grande grupo, que agora abrange

praticamente toda a população universal.

Procuram também sentir-se bem vestindo roupas caras, pois hoje em dia

“a marca faz o produto”, e não mais a qualidade. Uma pessoa que

aparece sempre com roupas caras, acessórios de luxo, faz viagens para

lugares onde o dinheiro vale mais, parece para a maioria das outras,

uma pessoa mais bela, mais atraente.

Logicamente não é assim, mas todos têm um desejo dentro de si, que os

faz querer mais, mesmo que não muito, sempre querem ser melhores.

Isso não é errado, a população deve querer sempre melhorar, porém,

hoje em dia é muito normal que as pessoas queiram “puxar o tapete”

para serem melhores, ao invés de criticarem a si mesmos e se ajudarem,

elas atrapalham os outros para ficarem mais a par da fama e

popularidade.

Pessoas de baixa renda, hoje em dia, gastam tudo o que tem não no que

é necessário, mas sim no que é luxuoso, e isso causa mais transtornos

ainda nesse meio.

Os problemas com essa busca por beleza na aparência e no ego das

pessoas, não está somente na adolescência, apesar da maior parte

estar, muitas pessoas começam desde cedo, seja por ter um exemplo

próximo ou mesmo na mídia, e também adultos que sempre têm sede por

mais, em muitos casos, no trabalho.

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Na maior parte das vezes, os indivíduos procuram uma base na mídia, nos modelos,

atores, pessoas ricas e famosas, que influenciam essas pessoas a quererem

sempre mais, mas a mídia nem sempre mostra a verdade, pois por trás de toda essa

beleza, muitas vezes encontram-se mais problemas do que nela que está se

espelhando no que é para si, o ideal.

Quase ninguém acredita que isso possa acabar, pois o problema maior

das pessoas está na mente, no que as outras pensam que é o certo, sem

saber que o certo não existe, pois hoje em dia é difícil procurar dentro

de si a beleza, e não ficar horas e horas em academias, ou gastando

todo o dinheiro em roupas de marca e cirurgias plásticas.

Ouvir também as opiniões e aceitá-las a todo o momento, tentando se

modificar por isso, não resolve os problemas, pois não importa o quão

perfeito você tente ser, se você não conseguir achar um defeito, as

pessoas a sua volta procurarão e lhe dirão deste, fazendo com que a

pessoa que já procura a perfeição, sinta-se necessitada de encontrá-la e

volte novamente a tentar fazê-la, mas como podemos ver, isso é um

círculo vicioso, ou seja, nunca terá fim.

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1.1.2. Padrões de beleza

O belo não é concreto. Trata-se de uma ideia, um conceito formado a partir da

influência de muitas variáveis. Sendo assim, é impermanente. O que era

considerado belo na década passada pode não fazer sentido hoje. Mulheres de

vários países se inspiram em pessoas diferentes – possuem um padrão de beleza

diferente. Alguns exemplos de padrões de beleza em seus respectivos países são:

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Turquia

Não seguem tendências de maquiagem, gostam de pintura pesada e forte.

Hungria

O salto alto é praticamente uma extensão do corpo, assim como o silicone nos

seios.

“As turcas gostam de curvas no corpo. Tem a cor de

cabelos loiros como a favortita, porém a maioria tem

cabelo longo, liso e castanho. Muitas pintam os cabelos,

para ficarem loiras. Mas, nos últimos anos, no entanto,

algumas mulheres aprenderam a gostar dos cabelos

escuros, naturais. Por ser uma cor tão ‘contra a corrente’,

as mulheres que usam esse tom têm uma aparência

considerada mais moderna. As turcas em geral não

buscam as últimas tendências de maquiagem. Ainda

gostam da pintura pesada e forte: sombras coloridas,

lábios vermelhos e bochechas rosa. Ainda mais se os

olhos forem castanhos e com poucos e longos cílios.”

“A maioria das mulheres húngaras tem cabelos e olhos

castanhos. No entanto, o que elas desejam são os fios

loiros — por isso a descoloração é super comum. Já a

parte do corpo mais admirada são os seios. Tanto que a

cirurgia plástica (também bastante comum no país) mais

procurada é o implante de silicone. A estatura das

mulheres é mediana, mas uma altura acima de 1,75 m e a

forma longilínea são admiradas e vistas como o padrão de

beleza. Ou seja, o salto alto tornou-se quase uma

extensão do corpo, de tão usado. Algo muito semelhante é

visto na Ucrânia e na Rússia, onde todas usam saltos

altíssimos.”

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Estados Unidos

A beleza mais admirada ainda é a da loira de olhos azuis, o tipo Barbie.

Itália

Elas querem ser bem magras e altas, mas com seios grandes e pernas bem

torneadas.

“A beleza mais admirada ainda é a da loira de olhos

azuis. Melhor se os cabelos tiverem volume e ondas

macias, que transmitam a impressão de ser palpável.

Mechas loiras fazem sucesso, mas muitas preferem

clarear apenas nas pontas — o que resulta num look

praia, como se tivesse sido clareado pelo sol. Uma

mulher que personifica esse estilo é a atriz Blake Lively

(imagem ao lado). Que tem um jeito sexy

despreocupado e suas pernas longas, invejadas pelas

americanas.”

“O ideal de beleza para as italianas é bastante

seio, pouco bumbum, pernas bem torneadas e

cabelos compridos — de preferência com

mechas loiras. Os homens preferem curvas,

mas as italianas querem ser bem magras. Esse

estereótipo empurra as mulheres para as

cirurgias plásticas. Não são altas, então a

altura também é supervalorizada no país. Todo

esse ideal tem sido formado pela TV.”

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África

Traços delicados no rosto e um corpo com curvas — desde que não sejam muito

acentuadas.

México

Elas não se importam com a altura, querem curvas generosas e seios fartos.

“As sul-africanas de todas as raças sonham com

cabelos longos, lisos e volumosos. Os apliques e o

mega-hair são superpopulares. Gostam de um look

natural, então usam pouca maquiagem., dificilmente

usam sombra e batom, optam por um ou por outro.

Uma grande inspiração nesse sentido é a modelo

Lorato Moloi (imagem ao lado), o rosto da campanha

da marca Elizabeth Arden. Ela é graciosa, natural e

tem traços bem delicados. Quanto ao corpo, algumas

curvas até são apreciadas, desde que não sejam

muito acentuadas, principalmente nos quadris. O ideal

é que apenas os seios sejam fartos.”

“O padrão de beleza são mulheres com cabelos compridos

e levemente ondulados. Geralmente, são grossos e

escuros, mas no norte do país as meninas costumam pintá-

los de loiro — talvez sejam influenciadas pela proximidade

com os Estados Unidos. Isso acontece também em relação

aos olhos: mesmo que a maioria tenha olhos escuros,

muitas queriam tê-los azuis ou verdes. Quanto ao corpo, o

ideal é bem latino: valorizam curvas e seios grandes. As

mexicanas medem entre 1,50 m e 1,60 m, e não estão

preocupadas com isso, pois os homens também são

pequenos. Já o peso, sim, é importante. O sonho de todas

é manter as curvas, mas, de uma forma geral, ser magra.”

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França

As francesas admiram a leveza: corpo magro e look bem natural, praticamente sem

maquiagem.

Oriente Médio

Os apliques e megahair são um sucesso: tudo por cabelos lisos, grossos e

compridos.

“As francesas gostam de um corpo bem magro,

esguio. O ideal é 1,75 m de altura e 60 quilos, no

máximo. Preferem também um estilo mais natural,

por isso a maquiagem deve ser bem levinha. Se as

mulheres tivessem que escolher uma parte do corpo

que consideram mais sexy seriam os olhos e as

pernas, de preferência longilíneas. Quanto aos

cabelos, os mais cobiçados são os fios lisos, longos e

escuros, em tons de castanho.”

“As árabes são conhecidas por seus cabelos longos, bem pretos e muito brilhantes. Como a maioria cobre o corpo, o cabelo é o principal sinônimo de beleza. Assim, elas estão sempre ligadas nos lançamentos de tratamentos e colorações. Há, no entanto, algumas diferenças nas preferências de cores entre os países. No Kuwait, por exemplo, fazem sucesso as luzes loiras. Nos Emirados Árabes, as favoritas são as colorações de tons de castanho. Todas, no entanto, adoram apliques e megahair. Por causa das roupas compridas dá-se também muito valor aos pés e mãos, que devem estar sempre bem cuidados. A tatuagem de hena, considerada muito sensual, evidencia a beleza nessas regiões. Nos países em que o rosto também fica quase todo coberto, os olhos têm um papel importante. Por isso são muito maquiados.”

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1.1.2. Transtornos Alimentares

Em busca do padrão de beleza, muitas pessoas comentem loucuras com resultados

incalculáveis.

Algumas dessas loucuras podem ser chamadas de transtornos alimentares, e

ocorrem principalmente na adolescência, quando o jovem ainda está se

descobrindo. Os transtornos alimentares mais comuns são: Anorexia, bulimia,

ortorexia, obesidade e vigorexia.

1.1.2.1.Anorexia Nervosa

Anorexia nervosa é um distúrbio alimentar resultado da reocupação exagerada com

o peso corporal, que pode provocar problemas psiquiátricos graves. A pessoa se

olha no espelho e, embora extremamente magra, se vê obesa. Com medo de

engordar, exagera na atividade física, jejua, vomita, toma laxantes e diuréticos.

É um transtorno que se manifesta principalmente em mulheres jovens, embora sua

incidência esteja aumentando também em homens. Às vezes, os pacientes

anoréticos chegam rapidamente à caquexia, um grau extremo da desnutrição e o

índice de mortalidade chega a atingir 15% a 20% dos casos.

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Sintomas da Anorexia

* Perda exagerada de peso em curto espaço de tempo sem nenhuma justificativa.

Nos casos mais graves, o índice de massa corpórea chega a ser inferior a 17;

* Recusa em participar das refeições familiares. Os anoréticos alegam que já

comeram e que não estão mais com fome;

* Preocupação exagerada com o valor calórico dos alimentos. Esses pacientes

chegam a ingerir apenas 200 kcal por dia;

* Interrupção do ciclo menstrual (amenorreia) e regressão das características

femininas;

* Atividade física intensa e exagerada;

* Depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos;

* Visão distorcida do próprio corpo. Apesar de extremamente magras, essas

pessoas julgam-se com excesso de peso;

* Pele extremamente seca e coberta por lanugo (pelos parecidos com a barba de

milho).

Causas da Anorexia

Diversos fatores favorecem o aparecimento da doença: predisposição genética, o

conceito atual de moda que determina a magreza absoluta como símbolo de beleza

e elegância, a pressão da família e do grupo social e a existência de alterações

neuroquímicas cerebrais, especialmente nas concentrações de serotonina e

noradrenalina.

Tratamento da Anorexia

A reintrodução dos alimentos deve ser gradativa. Caso contrário provocaria grande

sobrecarga cardíaca. Às vezes, é necessária a internação hospitalar para que essa

oferta gradual de calorias seja controlada por nutricionistas.

Não há medicação específica para a anorexia nervosa. Medicamentos

antidepressivos podem ajudar a atenuar sintomas depressivos, compulsivos e de

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ansiedade. Em geral, o tratamento de pacientes anoréticos exige o trabalho de

equipe multidisciplinar.

1.1.2.2.Anorexia Alcoólica – Drunkorexia

Anorexia alcoólica, ebriorexia ou drunkorexia é um distúrbio proveniente

do alcoolismo, onde ocorre uma perda da vontade de alimentar-se devido o uso

abusivo do álcool.  Muitos jovens na faixa etária entre 20 e 40 anos trocam a

alimentação pela bebida alcoólica com a finalidade de redução das medidas

corporais e restrição às calorias.

O álcool ingerido com o estômago vazio facilita sua absorção. Atuando sobre

o Sistema Nervoso Central o álcool age primariamente como um agente euforizante

(produz depressão nos mecanismos inibitórios de controle),porém, dependendo da

quantidade ingerida torna-se um depressor. Reduz a ansiedade, causa sedação,

produz ataxia e torna a fala pastosa em toxicidade aguda.

As influências apontadas para este tipo de prática são, por exemplo, as

cantoras Amy Winehouse (1983-2011), Kirsten Dunst, Lindsay Lohan, que

frequentemente associam álcool ou drogas com falta de alimentação.

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Tratamento da drunkorexia

O tratamento é feito com terapia comportamental e acompanhamento nutricional

para controle do transtorno alimentar e do alcoolismo, o que exige trabalhos de

grupo, reuniões do Alcoólicos Anônimos e avaliações clínicas para medir e tratar os

prejuízos orgânicos do consumo.

1.1.2.3.Bulimia Nervosa

Em pacientes com bulimia, não é a magreza que chama a atenção. Às vezes, são

mulheres de corpo escultural, que cuidam dele de forma obsessiva. Vivem em dieta.

De repente, ingerem uma quantidade absurda de alimentos e depois vomitam para

evitar o ganho de peso, tomam laxantes e diuréticos e fazem exercícios físicos até

caírem extenuadas.

A diferença básica entre anoréticos e bulímicos é o estado de caquexia (extrema

desnutrição) a que podem chegar pacientes com anorexia.

Sintomas da Bulimia

* Ingestão exagerada de alimentos em curtos períodos de tempo sem o aumento

correspondente do peso corporal;

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* Vômitos auto-induzidos por inversão dos movimentos peristálticos ou colocando o

dedo na garganta;

* Uso de laxantes e diuréticos indiscriminadamente;

* Dietas severas intermediadas por repentinas perdas de controle que levam à

ingestão compulsiva de alimentos;

* Distúrbios depressivos, de ansiedade, comportamento obsessivo compulsivo, auto-

mutilação.

Causas da Bulimia

São as mesmas da anorexia. Entre elas destacam-se predisposição genética,

pressão social e familiar e valorização do corpo magro como ideal máximo de

beleza.

Tratamento

O tratamento da bulimia nervosa exige o acompanhamento de equipe

multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, nutricionistas. Medicamentos

antidepressivos podem ser úteis, especialmente se ocorrerem distúrbios como

depressão e ansiedade. O diagnóstico da doença nem sempre é fácil, porque os

sintomas não são evidentes como os da anorexia. Infelizmente, não se conhecem

métodos eficazes para prevenir patologias como a bulimia e a anorexia. Seria

necessário um empenho da sociedade na mudança de certos valores estéticos

ligados ao culto do corpo e à magreza.

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1.1.2.4.Obesidade

A obesidade é o um dos maiores problemas de saúde da atualidade e atinge

indivíduos de todas as classes sociais, tem etiologia hereditária e constitui um 

estado de má nutrição em decorrência de um distúrbio no balanceamento dos

nutrientes, induzindo entre outros fatores pelo excesso alimentar.

Sintomas da Obesidade

O excesso de gordura corporal não provoca sinais e sintomas diretos, salvo quando

atinge valores extremos. Independente da severidade, o paciente apresenta

importantes limitações estéticas, acentuadas pelo padrão atual de beleza, que exige

um peso corporal até menor do que o aceitável como normal.

Pacientes obesos apresentam limitações de movimento, tendem a ser contaminados

com fungos e outras infecções de pele em suas dobras de gordura, com diversas

complicações, podendo ser algumas vezes graves. Além disso, sobrecarregam sua

coluna e membros inferiores, apresentando a longo prazo degenerações (artroses)

de articulações da coluna, quadril, joelhos e tornozelos, além de doença varicosa

superficial e profunda (varizes) com úlceras de repetição e erisipela.

Causas da Obesidade

O peso excessivo causa problemas psicológicos, frustrações, infelicidade, além de

uma gama enorme de doenças lesivas.

O aumento da obesidade tem relação com: o sedentarismo, a disponibilidade atual

de alimentos, erros alimentares e pelo próprio ritmo desenfreado da vida atual. 

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A obesidade relaciona-se com dois fatores preponderantes: a genética e a nutrição

irregular. A genética evidência que existe uma tendência familiar muito forte para a

obesidade, pois filhos de pais obesos possuem de 80 a 90% de probabilidade de

serem obesos.

A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios que podem

ser: 

Doenças Distúrbios

Hipertensão arterial Distúrbios lipídicos

Doenças cardiovasculares Hipercolesterolemia

Doenças cérebro-vasculares Diminuição de HDL ("colesterol bom")

Diabetes Mellitus tipo II Aumento da insulina

Câncer Intolerância à glicose

Osteoartrite Distúrbios menstruais/Infertilidade

Coledocolitíase Apneia do sono

Assim, pacientes obesos apresentam severo risco para uma série de doenças e

distúrbios, o que faz com que tenham uma diminuição muito importante da sua

expectativa de vida, principalmente quando são portadores de obesidade mórbida.

Diagnóstico

A forma mais amplamente recomendada para avaliação do peso corporal em adultos

é o IMC (índice de massa corporal). Esse índice é calculado dividindo-se o peso do

paciente em quilogramas (Kg) pela sua altura em metros, elevada ao quadrado

(quadrado de sua altura). O valor assim obtido estabelece o diagnóstico da

obesidade e caracteriza também os riscos associados conforme apresentado na

tabela abaixo:

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IMC ( kg/m2) Grau de Risco Tipo de obesidade

18 a 24,9  Peso saudável Ausente

25 a 29,9  Moderado Sobrepeso (Pré-Obesidade)

30 a 34,9  Alto  Obesidade Grau I

35 a 39,9 Muito Alto Obesidade Grau II

40 ou mais Extremo  Obesidade Grau III ("Mórbida")

 

Peso normal no indivíduo adulto com mais de 20 anos de idade, varia conforme sua

altura, o que gera os limites inferiores e superiores de peso corporal para as

diversas alturas, conforme a seguinte tabela: 

Altura (cm)  Peso Inferior (kg) Peso Superior (kg)

145  38  52

150  41  56

155  44  60

160  47  64

165  50  68

170  53  72

175  56  77

180  59  81

185  62  85

190  65  91

A avaliação médica do paciente obeso deve incluir uma história e um exame clínico

detalhados e, de acordo com essa avaliação, o médico irá investigar ou não as

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diversas causas do distúrbio. Assim, serão necessários exames específicos para

cada uma das situações. Se o paciente apresentar "apenas" obesidade, o médico

deverá proceder a uma avaliação laboratorial mínima, incluindo hemograma,

creatinina, glicemia de jejum, ácido úrico, colesterol total e HDL, triglicerídeos e

exame comum de urina.

Na eventual presença de hipertensão arterial ou suspeita de doença cardiovascular

associada, poderão ser realizados também exames específicos (Rx de tórax,

eletrocardiograma, eco cardiograma, teste ergométrico) que serão úteis

principalmente pela perspectiva futura de recomendação de exercício para o

paciente.

A partir dessa abordagem inicial, poderá ser identificada também uma situação na

qual o excesso de peso apresenta importante componente comportamental,

podendo ser necessária a avaliação e o tratamento psiquiátrico.

Tratamento da Obesidade

O tratamento da obesidade envolve necessariamente a reeducação alimentar, o

aumento da atividade física e, eventualmente, o uso de algumas medicações

auxiliares. Dependendo da situação de cada paciente, pode estar indicado o

tratamento comportamental envolvendo o psiquiatra. Nos casos de obesidade

secundária a outras doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido para a

causa do distúrbio.

1.1.2.5.Ortorexia

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Quando se pensa em transtornos alimentares, imaginam mulheres esqueléticas que

forçam vômitos ou que vivem com fome, estas são imagens típicas dos habituais

tipos de transtornos alimentares, mas os especialistas descobriram um novo tipo de

transtorno alimentar e atribuíram-lhe um novo termo: ortorexia.

A ortorexia surge quando a pessoa se torna obsessiva quanto aos padrões daquilo

que come. Ao contrário da anorexia ou bulimia, a pessoa permite-se comer, mas fica

tão obcecada com o que come que todos os seus pensamentos ficam ocupados

com a dieta.

Permitem-se apenas alimentos saudáveis e escrutinam o conteúdo nutricional de

cada elemento que ingerem. Calorias, vitaminas e nutrientes tornam-se o ponto focal

da comida e qualquer coisa que contenha o mínimo vestígio do que está na lista do

“não é permitido” não é consumido.

Estas pessoas levam a obsessão com o conteúdo dos seus alimentos ao extremo, e

não se permitem, em circunstância alguma, um desvio do seu programa de tipos de

alimentos autorizados.

Causas da Ortorexia

Os ortoréxicos podem ficar seriamente afetados e a comunicação em casa pode

sofrer com isso. A pessoa pode começar a isolar-se dos seus semelhantes e tornar-

se distante à medida que se vai fixando cada vez mais nas suas regras dietéticas.

Para alguns, a capacidade de desempenhar trabalhos ou de estudar pode começar

a declinar, à medida que a sua mente se ocupa cada vez mais com a sua dieta e

com os alimentos que são permitidos, como articulá-los no seu dia-a-dia, quantas

vezes se devem mastigar e por aí fora. Há tantos fatores que envolvem estes

transtornos alimentares que os pensamentos podem ficar totalmente ocupados por

eles, deixando pouco espaço para outros rumos de idéias e a concentração e a

motivação acabam por ficar na retaguarda.

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1.1.2.6.Vigorexia

A dependência ao exercício, também chamada de Vigorexia ou Overtraining, é um

transtorno no qual as pessoas realizam práticas esportivas de forma continua, com

uma valorização praticamente religiosa (fanatismo) ou a tal ponto de exigir

constantemente seu corpo sem importar com eventuais consequências ou

contraindicações, mesmo medicamente orientadas.

A Vigorexia, mais comum em homens, se caracteriza por uma preocupação

excessiva em ficar forte a todo custo. Apesar dos portadores desses transtornos

serem bastante musculosos, passam horas na academia malhando e ainda assim

se consideram fracos, magros e até esqueléticos. Uma das observações

psicológicas desses pacientes é que tem vergonha do próprio corpo, recorrendo

assim aos exercícios excessivos e a “fórmulas mágicas” para acelerar o

fortalecimento, como por exemplo, os esteroides anabolizante.

25

1.1.3. Influência da Mídia

“Padrões de beleza” é um assunto polêmico e gerador de controvérsias. O que se vê

nos dias atuais são mulheres insatisfeitas com sua imagem e atrativos físicos.

O que ocorre é que estes padrões mexem com o psicológico das mulheres, pois fica

claro o conflito, não sabem como se valorizar pelos pensamentos e atitudes, pois

existe uma influência acirrada que impõe padrões magérrimos fazendo-as acreditar,

cada vez mais, que só serão bem aceitas pela sociedade se aproximando dos

mesmos.

Esses padrões são definidos pelas propagandas na TV e em revistas. Isto é

resultante de uma mídia capitalista que bombardeiam tantas informações de forma

que a mulher chega até mesmo a esquecer sua individualidade e a natureza da

beleza.

Os resultados desta forte influência são grandes, como a obsessão pela magreza,

as dietas, a malhação, a cirurgia plástica, a moda, os produtos de beleza, todos

vendidos pela mídia. E comprados pelas pessoas, para ficarem parecidas com a

imagem que a mídia mostra.

O que fica claro é o mito existente dentro destes padrões “vendidos”, uma vez que

estas mulheres são magérrimas, vivem em prol da beleza, ganham milhões para

terem corpos esbeltos; o que difere bastante da realidade da mulher moderna que

precisa sair para o mercado de trabalho, se desdobrar entre suas várias funções e

ainda lidar com a cobrança interna e externa exigidas por esses padrões.

Para fugir desses padrões, que às vezes agridem tanto o aspecto físico quanto o

emocional, talvez seja necessário que as pessoas resinifiquem seus conceitos de

26

beleza, priorizando seus pontos fortes a fim de descobrir sua beleza natural. E não

ficarem tão ligadas com a mídia, que forjam a beleza para as mulheres.

1.2. Justificativa

Resolvemos trabalhar o tema “Beleza fundamental” por ser algo muito amplo, atual e

que todos nós vivenciamos.

Além do mais, o tema sempre gerou muita polêmica, transtornos, opiniões, debates

e afins, por ser algo que faz parte de nossas vidas.

No dia-a-dia é comum falarmos sobre a roupa de alguém, o modo como ela fala, age

ou faz algo. Todos também já conhecemos alguém ou pelo menos ficamos sabendo

de diversos casos de bulimia, anorexia, desnutrição, obesidade e tudo mais, que são

gerados em consequência dessa busca pela beleza, busca pela felicidade numa

beleza idílica que a sociedade impõe.

Esse tema foi escolhido, pois além de ser um tema que sempre consta na mídia,

pelos problemas, soluções, causas e consequências que são gerados através do

mesmo.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo do nosso trabalho é avaliar a relação mídia-sociedade quanto à consider-

ada "beleza" atual, fornecer informações sobre a sua importância, seus padrões e o

modo como toda essa opinião afeta e influencia as pessoas, muitas vezes de modo

negativo.

Procuramos saber melhor sobre as causas e consequências geradas por essa ânsia

de querer ser melhor, tentar agradar a sociedade e os padrões que ela estabelece

sobre nós.

27

Nosso foco é também saber diversas opiniões sobre esse tema tão polêmico, tentar

investigar se as pessoas pensam que essa tal beleza é fundamental em qualquer e

todo caminho de cada indivíduo e até que ponto as pessoas chegam/chegariam para

conquistar seu lugar nesse padrão.

1.3.2. Objetivo Específico

Avaliar o grau de importância da beleza para a sociedade;

Estudar as diferentes formas que a mídia atua, influenciando os cidadãos;

Separar os pontos de vista da população sobre o assunto;

28

2. Questionário

Logo abaixo, está o questionário que foi repassado para os entrevistados.

1. Qual a sua idade?

2. Qual o seu sexo?

( )Feminino. ( )Masculino.

3. Você acha que a beleza é fundamental hoje

em dia ?

( )Sim, claro. ( )Sim, em partes. ( ) Talvez.

( )Não.

4. Se sim, acha que sempre foi?

( )Sim. ( )Não.

5. Qual seria o seu porte físico de preferência?

( ) Magro. ( ) Gordo. ( ) Mediano. ( ) Atlético .

( ) Outro porte.

6. Você gostaria de mudar algo em si?

( )Sim. ( )Não.

7. Você considera as pessoas com as quais

convive, belas?

( ) Sim, a maior parte. ( ) Sim, alguns. ( ) Poucos.

( ) Beleza não pode ser definida.

8. Você já sofreu de algum distúrbio alimentar?

(anorexia, bulimia, obesidade, ...)

( ) Sim. ( ) Não.

Se sim, qual? _________________________

11. Você acha que as pessoas precisam ser

belas para serem atraentes?

( )Sim. ( )Talvez. ( )Não.

12. Que nota você daria à sua preocupação com

a beleza?

( )0 a 2. ( )3 a 4. ( )5 a 6. ( )7 a 8. ( )9 a 10.

13. Tipo de cabelo favorito?

( )Liso. ( )Encaracolado. ( )Crespo.

( )Outro: ______________

14. Cor de cabelo favorito?

( )Preto. ( )Loiro. ( )Castanho.

( )Ruivo. ( )Outra cor: ____________

15. Qual sua cor de olhos favoritos?

( ) Azuis. ( ) Verdes. ( ) Castanhos.

( ) Pretos. ( ) Outra cor: ____________

16. Você geralmente se preocupa com a opinião

dos outros sobre sua beleza (corpo,rosto)?

( ) Sempre. ( ) Sim. ( ) Às vezes. ( ) Não.

17. Você já tomou algum remédio com a

finalidade de melhorar sua aparência?

( )Sim. ( )Não.

29

9. Conhece alguém que já sofreu?

( ) Sim. ( ) Não.

Se sim, qual distúrbio? ___________________

10. Você já sofreu problemas pra encontrar

emprego, por causa da aparência?

( )Sim. ( )Não.

18. Quanto tempo você demora para se arrumar

pra sair? (Em minutos)

( )10. ( )20. ( )30. ( )40 ou mais.

19. Qual produto de beleza mais utiliza ?

20. Tem algum ícone de beleza ? (Exemplo para

seguir)

( )Não. ( ) Sim. Se sim, quem? __________ Beleza Fundamental

30

3. Desenvolvimento

Através de dados obtidos dos 200 entrevistados que responderam o questionário de

tema “Beleza Fundamental”, composto por 20 perguntas, geramos os gráficos e

tabelas apresentados a seguir.

3.1. Legenda

Fi: Fi%: Fac: Fac%: Xi

Quantidade de

entrevistados

Porcentagem

de entrevistados

Frequência

acumulada

Frequência

acumulada em

porcentagem

Ponto Médio

31

3.2. Qual a sua idade?

32

A maioria dos entrevistados são jovens com idades entre 13 e 19 anos, pois grande

parte dos questionários foram passados em escolas de ensino médio e técnico. O

intervalo de classes se deve a distância de idade dos entrevistados que variam entre

13 e 46 anos, pois se trata de um questionário com um tema atual, que afeta

pessoas com classes sociais e idades distintas.

33

3.3. Qual o seu gênero?

Observando essa questão, podemos chegar à conclusão que a predominância dos

entrevistados é mulheres, isso se deve pelo tema do trabalho “Beleza fundamental”

chamar a atenção principalmente de garotas, que por nossas pesquisas, podemos

observar que são as que mais sofrem com distúrbios alimentares e com os padrões

de beleza.

34

3.4. Você acha que beleza é fundamental hoje em dia?

A maioria dos nossos entrevistados crê que a beleza é fundamental sim, mas em

partes, o que não foi uma grande surpresa para o grupo, pois estávamos esperando

que as pessoas estivessem cientes da força que a beleza impõe hoje em dia.

35

3.5. Se sim, acha que sempre foi?

Treze pessoas não responderam.

Essa questão surpreendeu um pouco o grupo, mostrando-nos que na opinião da

maior parte dos entrevistados que responderam “sim” na questão anterior, acredita

que essa implantação do ser “perfeito” começou nos dias atuais.

36

3.6. Qual seu porte físico de preferência?

Uma pessoa não respondeu.

Outro porte – não foi respondido qual.

Podemos que perceber que a maioria dos entrevistados prefere o porte físico

mediano, o que é bom, pois podemos constatar que não estão obcecados tanto com

o seu peso.

37

3.7. Você gostaria de mudar algo em si?

Uma pessoa não respondeu

Podemos perceber uma porcentagem agravante e muito superior para a resposta

“sim”, onde os entrevistados afirmam querer mudar algo em si. Isso se deve também

por quase todos entrevistados serem adolescentes, que é a fase em que geralmente

as pessoas tem uma mania de inferioridade e nunca estão totalmente satisfeitos

consigo mesmos.

38

3.8. Você considera as pessoas com as quais convive,

bonitas?

Uma pessoa não respondeu.

Com essas respostas podemos perceber que as pessoas estão ficando cada vez

mais adeptas e utilizando do conceito de beleza, estão julgando mais os seus

semelhantes.

39

3.9. Você já sofreu de algum distúrbio alimentar?

Essa questão nos mostra um ponto positivo, pois demonstra que o número de

entrevistados que já sofreu/sofrem com distúrbios alimentares é pequeno. Porém,

isso não elimina a preocupação de ainda ter uma parte que sofrem/sofreram.

40

3.10. Conhece alguém que já sofreu de distúrbio

alimentar?

Em contrapartida com a questão anterior, essa é extremamente preocupante, pois

mostra que metade dos entrevistados já conheceu alguém com distúrbios

alimentares.

41

3.11. Você já sofreu problemas para encontrar emprego,

por causa da aparência?

Nessa questão pudemos observar que grande parte dos entrevistados não sofreram

problemas, isso se deve também pelo fato de que a maioria dos questionários foram

passados para quem ainda não entrou no mercado de trabalho e/ou não procurou

emprego ainda.

42

3.12. Você acha que as pessoas precisam ser belas para

serem atraentes?

Podemos notar que os entrevistados não acham que as pessoas precisam ser belas,

isso é algo bom, pois não podemos levar em conta apenas a beleza para

caracterizar uma pessoa.

43

3.13. Que nota você daria a sua preocupação com a beleza?

Os entrevistados têm uma preocupação mediana com sua beleza. Isso ainda não é

uma preocupação, mas esses números estão tendendo a ficarem maiores, o que

pode ser ruim se isso for motivo para que as pessoas continuem tendo com essas

44

manias, o agravamento de problemas psicológicos e diversos distúrbios, como

atualmente.

3.14. Tipo de cabelo favorito?

A opção “crespo” foi modificado de 7% para 6%, para que a soma do total

fosse 100%.

45

Podemos notar que para o padrão de beleza, o cabelo liso é considerado como ideal

e ainda, por algum tipo de preconceito, o cabelo crespo fica ao final.

3.15. Qual a sua cor de cabelo favorito?

46

Mesmo que com uma pequena diferença, podemos notar que o cabelo loiro ganha

na preferência.

3.16. Qual é a sua cor de olhos favoritos?

47

Da mesma maneira que a questão anterior, podemos perceber que o padrão dos

olhos também continua sendo “azuis”, mas com uma diferença muito pequena se

comparado com os “verdes”.

3.17. Você geralmente se preocupa com a opinião dos

outros sobre a sua beleza (corpo, rosto)?

Duas pessoas não responderam.

48

Números agravantes, pois apenas uma pequena parte dos entrevistados

responderam “não”, o que significa que as pessoas estão ficando cada vez mais

preocupadas com a opinião de outras pessoas, que mostra também a forte

influência que os entrevistados podem ter pela visão de outros.

3.18. Você já tomou algum remédio com a finalidade de

mudar sua aparência?

Duas pessoas não responderam.

49

Ficamos despreocupadas com essa questão, pois demonstra que a maioria dos

entrevistados nunca tomou nenhum remédio para mudar a aparência, isso mostra

que eles não chegaram à atitude extrema.

3.19. Quanto tempo você demora pra se arrumar para

sair(em minutos)?

Duas pessoas não responderam.

Essas informações nos mostra preocupadamente que o nível de vaidade dos

entrevistados está elevado, pois 40 ou mais minuto para se arrumar, está na

liderança absoluta nos gráficos.

50

4.Considerações Finais

Ao decorrer deste trabalho, conseguimos observar que a beleza procurada pelas

pessoas pode trazer benefícios, como também malefícios. Pois as pessoas hoje em

dia estão procurando a beleza idílica, que é feita assim quando a mídia a molda,

mas que para seres humanos “normais”, é quase impossível de ser encontrada sem

as modificações que são oferecidas hoje em dia, mas que custam caro tanto em

dinheiro, quanto em saúde.

Durante a busca por um corpo ideal, as pessoas chegam a situações extremas,

como a anorexia, bulimia, ortorexia e vigorexia que podem levar à morte. Já no caso

contrário, alguns que por descontrole emocional ou por outros motivos, consomem

uma grande quantidade de alimentos em pouco tempo, assim tornando-se obesos.

Percebemos também durante o trabalho, que as pessoas precisam de mais

autoestima e autocontrole para não caírem nas tentações que são tão mostradas na

mídia, mas que na verdade, não existem assim como são vistas.

51

Muitas dessas pessoas que não conseguem sozinhas adquirir o conhecimento com

controle, precisam da ajuda de psiquiatras e psicólogos, pois em alguns casos que

isso não for tratado, pode levar até problemas muito mais sérios ou mesmo a morte.

O ser humano leva muito a sério a opinião de outras pessoas e deixa as vezes de

lado o seu próprio bem-estar para parecer bem fisicamente para outras pessoas,

procurando estar sempre de acordo com a moda e padrões de beleza que são

impostos pela sociedade, pensando que assim ficarão bem, que apenas isso

importa, pois as pessoas tem automaticamente o instinto de querer ser melhor e

conseguir o impossível, que no caso, é chegar na perfeição.

Com base nisso, sugerimos que todas as pessoas levem essa busca pela beleza,

como um assunto sério e delicado, pois esta pode trazer graves consequências no

futuro se não for cuidada e controlada corretamente. Por isso, busque sempre a

beleza de um modo equilibrado que possa trazer o bem e leve sempre em

consideração os limites do seu corpo e mente.

5.Dificuldades/Sugestões

Sugerimos que os próximos grupos se organizem melhor em relação às atividade do

projeto, pois essa foi uma de nossas grandes dificuldades, principalmente pela falta

de comprometimento de algumas integrantes do grupo.

E aos professores, propomos que não façam as escolhas dos grupos logo na

primeira semana de aula, pois dessa forma os alunos podem ter a oportunidade de

se conhecerem melhor.

52

6. Bibliografia/Infografia

Representações de Corpo Adolescente Feminino na Revista Capricho: Saúde,

beleza. Disponível em:

http://outrascrateras.blogspot.com/2010/08/representacoes-de-corpo-adoles-

cente.html. Acesso em 05 de agosto de 2011.

Beleza e o Poder. Revista Isto É!. Disponível em:

53

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/37888_BELEZA+E+PODER. Acesso em 27

de abril de 2011.

Entendendo os distúrbios alimentares. Revista Época. Disponível em:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG75122-5856-432-1,00-

A+COMIDA+COMO+INIMIGA+SAIBA+MAIS+SOBRE+DISTURBIOS+ALIMENTARE

S.htm. Aceso em: 24 de abril de 2011

Anorexia e Bulimia: caia fora dessa!. Revista Capricho. Disponível em:

http://capricho.abril.com.br/beleza/anorexia-bulimia-caia-fora-dessa-414217.shtml

Acesso em 29 de Abril de 2011

Transtornos Alimentares na adolescência. PsiqWeb. Disponível em:

http://gballone.sites.uol.com.br/alimentar/alimentar2.html Acesso em 29 de Abril de

2011

7. Anexos

Obs: Os textos estão idênticos aos originais, que foram copiados e colados da

internet sem nenhuma alteração, portanto se houverem erros gramaticais ou de

concordância, é por não termos corrigido, para manter o original.

Influência do padrão de beleza para adolescentes pela Revista Capricho:

Os corpos não só se tornaram mais visíveis como foram, também, tornados objetos de investigação.

Ou seja, sobre ele se criam imagens, discursos, formas de admirá-lo, de negá-lo, de representá-lo.

O corpo não é só um corpo. É também o que dele se diz.

54

Intervenções que se operam no corpo não podem ser observadas como resultantes de uma tendência

das sociedades contemporâneas.

Alterar, aperfeiçoar, punir, embelezar, cuidar do corpo são práticas recorrentes na história da huma-

nidade e expressam diferentes valores culturais.

Já não basta apenas ser saudável: há que ser belo, jovem, estar na moda e ser ativo. Há que ter um

estilo criado e valorizado consoante as possibilidades e as informações disponíveis a quem quiser

acessá-las.

A opção é individual e depende do esforço, da dedicação, da disciplina e dos cuidados de cada um/a

para construí-lo.

O “look” que se busca parece não ser apenas o de um corpo saudável mas uma forma publicitária e

instantânea, uma performance.

A cultura do consumo gera novas aprendizagem de forma a fazer com que aprendamos um modo

publicitário de falar, de vestir e de pensar, e também, nos reconhecemos através de uma estética

publicitária que localiza-se para além da venda de produtos pois também é uma pedagogia que nos

ensina valores.

Com relação à Capricho é possível verificar que ela se propõe a informar à menina sobre tudo o que

ela deve saber para se considerar uma adolescente de seu tempo sendo que a adolescente para

quem e de quem fala, é a adolescente branca, de classe média, heterossexual.

São sujeitos para quem os rumores sobre o viver a adolescência já se iniciam na família, na escola,

nos grupos de amigos e nos clubes e em diferentes espaços de convivência social.

São sujeitos para quem são endereçadas mensagens prescritivas que traduzem-se em estratégias a

produzir um determinado modo de conceber o corpo adolescente.

A mulher é valorizada pelos seus atributos físicos, observados como as suas principais qualidades.

Qualidades essas que parecem existir apenas com o objetivo de atrair o olhar do outro. (...)

Se o corpo feminino desvencilhou-se dos espartilhos e hoje exibe-se e é exibido pela televisão de

forma mais liberta, sensual e provocante, ele é também limitado por novos espartilhos: os padrões

estéticos criados para serem os modelos de representação do feminino.

Formar a adolescente feminina é, também, ensiná-la a perceber que o sucesso e a responsabilidade

para viabilizar e concretizar o empreendimento de construir um corpo aceito e valorizado pelos pa-

drões culturais de seu tempo vai depender de seu esforço pessoal. De sua vontade, disciplina e auto-

controle. Enfim, conhecidas todas as ferramentas para esculpi-los o resultado vai depender dela. Só

dela.

55

Nos textos que falam sobre a beleza e sobre o que é ser uma mulher bonita, as garotas estão sendo

educadas a entender, desde cedo, que a construção da identidade feminina passa, necessariamente,

pelo investimento corporal, traduzido nos diferentes cuidados que deve ter na conquista da beleza.

E mais, deverá fazer parte de sua rotina o investimento de energia, de tempo e de dinheiro em técni-

cas direcionadas para cuidados com o seu corpo e com o seu bem estar.

Mensagens como estas atravessam o nosso cotidiano repetidamente através de vários discursos

sendo que, muitas vezes, nem mesmo nos damos conta que essas representações nos foram e con-

tinuam sendo ensinadas, visto que parecem ser “naturais”.

Como também parece ser natural, na produção do corpo belo, um árduo esforço direcionado para

apagar alguns sinais denunciadores de falta de cuidado ou reveladores de alguns “excessos”.

Ao refletir sobre diferentes concepções de saúde presentes na sociedade moderna, Yara de Carvalho

(1995) afirma que, em vários momentos históricos e em diversos contextos culturais, os discursos que

entendem a atividade física como responsável pela melhoria da qualidade de vida, e, recentemente,

também como uma forma de remediar a doença, criam nos indivíduos uma falsa consciência, impu-

tando-lhes a responsabilidade para com seu estado de saúde.

Esta falsa consciência colabora para que se enfatize o processo saúde/doença sem considerar os

aspectos sociais envolvidos.

A saúde é representada então como uma busca individual cuja conquista se dá através de práticas

corporais que revelam o cuidado com o corpo, expresso no compromisso, reafirmado cotidianamente,

com a atividade física e com a alimentação correta. De um modo geral está centrada na capacidade

que cada sujeito desenvolve para se ajustar esta maneira de viver.

Cabe ressaltar que a lógica da matematização, metrificação e da quantificação do corpo, apesar de

serem exercidas individualmente e sobre cada indivíduo, é, acima de tudo, uma construção cultural.

Decorrente desta ênfase biológica conferia ao corpo e da forma matematizada que é medido, pesado,

avaliado e hierarquizado é possível perceber a existência de uma forma de apresentá-lo e representá-

lo onde impera a sua fragmentação.

A matematização do corpo colabora, também, para a matematização da vida. Não são poucos os

exemplo em periódicos, principalmente femininos, a explicitar o número de calorias/horas dispendidas

nas tarefas domésticas, como por exemplo, varrer, lavar roupas, passar o aspirador de pó, etc.

A universalidade do atual paradigma ou utopia da saúde pode ser constatada não apenas na

quantidade e na diversidade de atividades e práticas atualmente designadas como ‘de saúde’, mas

sobretudo na tendência a ressignificar atividades sociais vistas na cultura como atividades lúdicas de

jogo ou lazer, esporte ou recreação, estética, ou mesmo eróticas, como ‘atividades de saúde’.

56

O esporte, a dança, o namoro, as relações sexuais, o alimenta-se, o dormir, o caminhar, o trabalhar,

tudo pode e deve ser visto como prática de saúde. Ou de risco de doença, dependendo da intenção,

da intensidade, da freqüência e da quantidade com que é feito. Pois todas as atividades devem ser

praticadas com equilíbrio, comedidamente, isso é sem excessos.

Cuidar mais de si mesmo é um valor soberano que está na ordem do dia.

A exibição contínua e flutuante de tipos físicos idolatra a vitalidade e a jovialidade, anuncia técnicas e

métodos de remodelagem anatômica e mobiliza multidões, com promessas extraordinárias e exem-

plos de sucesso, muitos deles baseados no prolongamento da juventude, no revigoramento físico e

em uma vida de prazeres imediatos.

É preciso convencer a cada um de que ele é responsável pelo seu corpo e pela gestão da sua apa-

rência.

Se em um determinado momento histórico, o corpo gordo representava abundância e poder social,

hoje, com a profusão de práticas e técnicas que possibilitam enxugá-lo, a gordura está se transfor-

mando em caso de saúde pública, de desleixo social e de não pertencimento àquilo que se considera

como sendo o saudável.

Os gordos são considerados transgressores, porque violam as regras que governam o comer, o pra-

zer, o trabalho e o esforço, a vontade e o controle de si.

O corpo “obeso”, “gordo”, “opulento”, “fofo” ou qualquer denominação que apresentar não aparece

nas páginas da revista, no entanto é dele que se fala o tempo todo: o corpo antítese do que se quer

afirmar.

O look- imagem instantânea do que se vê pressupõe, para além do corpo trabalhado fisicamente,

portanto, destituído de excessos, formas “corretas” de vesti-lo e adorná-lo consoante os hits da moda.

Pressupõe, sobretudo, cuidado de si demonstração de amor próprio, visto que saber administrar ga-

nhos e perdas de calorias, malhar, cuidar da pele, enrijecer os músculos, estar na moda, enfim, ter

acesso ao corpo que desejar, são práticas representadas não apenas como uma possibilidade de

cuidado mas como o próprio cuidado, independente de condições como, por exemplo, de classe,

religião, idade, etnia.

A indústria do embelezamento apropria-se dos sentimentos vivenciados pelas garotas para a venda

dos produtos.

Sentimentos esses que são criados e tornados verdadeiros de uma forma tão expressiva pela Capri-

cho e por outros artefatos culturais que as garotas vivem um drama real ao perceber, por exemplo,

uma protuberância em seu rosto, sentindo-se diminuídas na sua aparência.

57

Uma estria, uma espinha, uma ruga, a indesejável celulite passam a ser alvo de uma verdadeira ba-

talha que, acima de tudo, garante a expansão comercial de determinados produtos e serviços

dirigidos especificamente para esse fim.

O que mobiliza minha atenção é o fato das matérias não relativizarem o que identificam como sendo

um “problema” (espinhas, celulite e estrias).

Fala-se delas como se fossem estrangeiras ao corpo e essa maneira de dizer sobre essas marcas faz

ver que sob a moral da boa forma, o corpo sarado e liso “mesmo sem as roupas, está decentemente

vestido”.

Fazer do corpo um projeto exige vigilância. Razão pela qual, a leitora não pode descansar, deve estar

sempre atenta e sempre investindo na sua beleza.

Ou seja, já não há mais um momento especial para se fazer bela já que todos os momentos devem

ser conjugados com o trabalho sobre si mesmo de conquista da beleza e de prevenção da feiúra.

Para a mulher, beleza, necessariamente, implica dedicação, em especial neste tempo presente onde

a aparência revela a identidade.

Ao falar sobre a grande e crescente necessidade que se instala no final do século XX e início do

século XXI, em relação à exposição dos corpos e da maneira como a publicidade e o consumo

investem nas imagens corporais, Denise Sant’Anna afirma que hoje tal necessidade torna-se

proporcional à vontade de criar para si um corpo inteiramente pronto para ser filmado, fotografado,

em suma, visto e admirado.

Ter um corpo saudável, magro, bonito e adornado pela moda parece ser profundamente prazeroso

para as mulheres. Saber que é possível fazer pequenas concessões alimentares, persistir no controle

de suas medidas, administrar suas atividades físicas, ou desfrutar de algumas vantagens quando

magra como ter acesso fácil às numerações de roupas das diferentes coleções, ser elogiada e ser

considerada exemplo de beleza e dedicação ao corpo, atribui-lhe grande prazer e também poder.

Educar as mulheres a agir de determinado modo e não de outro, ensinar a se comparar e emitir

julgamentos sobre seus atos, a testar seus desejos, e seus gostos; enfim, ensinar as leitoras a se

acostumarem com as constantes intervenções e modificações no corpo, apropriando-se dele e o

recriando, reproduzindo e interagindo com o universo presente das constantes inovações é uma das

tarefas da Capricho.

Ela ensina, também, o quanto é fundamental exercitar o autocontrole e a automodificação quando o

objetivo é adequar seus corpos às representações de beleza que para ele se constroem.

Nas palavras da pesquisadora feminista Susan Bordo, por meio de disciplinas rigorosas e reguladoras

sobre a dieta, a maquiagem e o vestuário- princípios organizadores centrais do tempo e espaço nos

dias de muitas mulheres- somos convertidas em pessoas menos orientadas para o social e centradas

na automodificação.

58

Induzida por essas disciplinas, continuamos a memorizar em nossos corpos e sentimentos a

convicção de carência e insuficiência e achar que nunca somos suficientemente boas.

As representações de beleza que circulam na Capricho valorizam, em sua grande maioria, uma idéia

de que as mulheres sentem uma insatisfação permanente com o seu corpo e por isso devem

aprender a investir sobre os cuidados que lhe proporcionem a beleza necessária para atender a um

padrão cujo objetivo é, entre outros, a atratividade sexual.

Para Mônica Schpun, “o caráter normativo desses textos encontra-se, antes, em seu esforço de

dissuadir toda tentativa de construção de identidade que não obedeça às determinações corporais do

trabalho sobre a beleza”.

Estratégias como estas vão desenhando modelos, impondo critérios, construindo gostos e, também,

normalidades visto que o que é representado como normal é o que está incluído na regra, no modelo,

no padrão.

Refletindo sobre todas as recomendações e, porque não pensar, exigências conferidas ao feminino e,

em especial, sobre a representação que divulgam da beleza como um atributo que lhe parece ser

inerente, cuja busca demanda uma constante peregrinação, Naomi Wolf é bastante contundente ao

afirmar que quando tornada uma obrigação, a beleza provoca dor. Seja porque não estimula as

mulheres a perceber que seus corpos são valiosos não pelo que de belo neles se pode observar, mas

simplesmente porque elas estão neles. Seja porque faz com que interiorizem uma mensagem que

afirma como mais importante não o seu desejo pelo outro, mas o desejo de ser desejada. Dói, enfim,

porque traz em si uma relação hierarquia de poderes e saberes, tanto porque interioriza vontades e

ações que são alheias a quem a carrega, como porque o faz a ponto em que essa hierarquia, muitas

vezes, não seja percebida nem reconhecida fazendo das mulheres supervisoras de sua própria

feminilidade.

Beleza e poder

Até que ponto o visual de uma presidente influi no sucesso de sua em-

presa? Algumas líderes revelam o que enfrentam pelo fato de serem

bonitas

  

Uma das obras-primas de Vinicius de Moraes é um poema chamado Receita de mulher. O primeiro

verso diz: “As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental.” Há quem enxergue na frase

59

cunhada pelo poetinha uma certa dose de machismo, mas, no mundo corporativo, ela tem se tornado

decisiva. 

Executivas em cargos elevados e de beleza indiscutivelmente fora do comum parecem saber disso

muito bem. E nenhuma nega que capricha em cada detalhe de seu visual para comparecer de modo

atraente às reuniões nas quais representa sua empresa. Em outras palavras, elas vão vestidas para

vender. 

O cliente duvidou que Mônica Ferro fosse a dona da empresa

O capricho delas é, na verdade, um complexo conjunto de escolhas que inclui roupas, penteado,

maquiagem, postura, perfume, gestos, linguagem e muito mais. Isso, queiram elas ou não, vai

despertar os sentidos de cada um dos presentes às reuniões. 

 E a expectativa, sem sombra de dúvida, é de que todo esse cuidado as ajude a atingir as metas de

suas companhias. Nessa discussão, que é quase um tabu entre as executivas, não há um consenso. 

 Patrícia Gaia, 43 anos, a presidente do grupo Armani no Brasil, tem certeza absoluta de que, no

setor em que trabalha, o da moda e do luxo, a aparência é, sim, fundamental. “A beleza ajuda muito,

sim. Não no fechamento de um negócio, mas ajuda”, afirma ela. 

 Já a empresária Gisela Mac Laren, 42 anos, presidente do estaleiro Mac Laren Oil, empresa com

faturamento de US$ 50 milhões, tem uma visão oposta. “Beleza é algo que desprezo”, diz, com uma

voz ríspida, para deixar claro que não quer ter essa imagem associada à sua empresa. 

O fato é que, independentemente da crença de cada uma, a aparência tem um papel importante tanto

para o bem como para o mal. “A beleza tem, sim, influência”, diz à DINHEIRO o economista

americano Daniel Hamermesh, professor da Universidade do Texas e da Universidade de Maastrich,

na Holanda. 

 

60

Patrícia Gaia não tem dúvida: no mundo dos negócios, beleza ajuda   

 Ele estuda isso há décadas e publicou seu primeiro trabalho sobre o assunto especialmente para o

governo americano. A pesquisa contou com a ajuda de um grupo, formado por quatro pessoas, que

classificou as fotos de 4.400 recém-formados de uma faculdade de direito em cinco categorias que

iam do feio ao belíssimo. 

 Periodicamente, esses ex-alunos informavam seu nível salarial à faculdade e, a partir dessa base, foi

possível determinar uma forte correlação entre beleza e rendimentos. “Esse fato já está

cientificamente comprovado: gente bonita ganha melhor. O que estamos estudando, agora, é como

isso está ocorrendo em diferentes profissões e o que produz esses efeitos.” 

 Se por um lado pode abrir portas, por outro a beleza cria situações constrangedoras. É o que relata

Mônica Ferro, 43 anos, dona da loja de iluminação Wall Lamps, no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Bonita e dona de um negócio que este ano pode faturar R$ 12 milhões, Mônica já apareceu em várias

reportagens. 

 Em uma delas, foi fotografada de saia. Pouco tempo depois, foi procurada por um cliente que disse

ter lido o texto e pedia uma reunião. “Eu o atendi junto com outra pessoa e, minutos depois, concluí

que ele não estava totalmente interessado nos produtos”, conta ela, rindo. “Pelo teor da conversa,

notei que aquilo não ia terminar num negócio. 

Mesmo assim, continuei a reunião, mas

houve uma hora em que ele não resistiu e

falou ‘mas a senhora tem umas pernas... ’ e

continuou a conversa. Curiosamente, nesse dia

eu usava calça comprida. 

 

61

Se perceber assédio, Renata de Abreu diz que interrompe qualquer negociação

Eu, polidamente, agradeci, e felizmente ele nunca mais voltou. Mas essas coisas são assim: os

homens jogam. Se colar, colou”, completa. Para não ter de enfrentar essas situações, a dona da

Kapeh Cosméticos, Vanessa Vilela, 32 anos, toma certos cuidados no seu dia a dia de executiva. O

primeiro é vestir-se com discrição: decotes sempre abreviados, às vezes uma echarpe no pescoço,

tailleurs e calça comprida de corte social.

Outro recurso: sempre que possível, leva sua sócia e o marido dessa sócia para as reuniões. “Um

homem que tenha quase ultrapassado os limites dos assuntos comerciais comigo deve ter sido muito

sutil. 

Em geral, são muito bem-comportados e educados”, diz Vanessa. Para reforçar sua blindagem ao

assédio, ela deixa claro que o assunto tratado é exclusivamente aquele que motivou a reunião. “O

objetivo de nossas pautas é sempre atingir as metas de qualidade e vendas da Kapeh, que este ano

deve faturar R$ 1 milhão”, diz Vanessa. 

A dona da rede Spá Mais Vida, a ex- triatleta Renata de Abreu, 32 anos, uma loira de 1,79 m de

altura, nunca se sentiu assediada: “Acho que até pela minha postura, pela minha maneira discreta de

vestir, pela seriedade nas conversas”, conta. 

Mas ela sabe que corre esse risco. “Acho que dei sorte”, diz. E sabe como se desvencilhar de uma

brincadeira de mau gosto. “Se isso acontecer, não acho que será difícil contornar. É o caso de

interromper a reunião na mesma hora, pedir licença, desconversar, adiar tudo”, completa. 

62

Por precaução, Vanessa Vilela costuma ir sempre acompanhada às reuniões

Pode parecer mero detalhe, mas a questão da beleza feminina no universo executivo,

predominantemente tomado por homens, ajuda a forjar o comportamento de algumas empresárias.

Gisela Mac Laren, que desde 2000 comanda o Estaleiro Mac Laren Oil, de Niterói, é uma delas. 

Considerada a “diva” do setor naval brasileiro, é igualmente bonita e discreta, mas quem a conhece

das reuniões de negócios sabe que nem de longe sua imagem deve ser associada a falta de

conhecimento do setor naval ou a fragilidade. 

Para deixar claro qual é sua posição, ela age com firmeza nas negociações e é conhecida por seu

aperto de mão ao estilo “quebra ossos”, como descreve um empresário dessa área. Com o tom de

voz beirando a rispidez, ela afirma que sua beleza não é vantagem alguma.

Mas, evidentemente, sabe o poder que a aparência tem sobre os interlocutores. Tanto é que, como

atua em um setor machista, criou algumas regras de conduta dentro da sua empresa. Sempre vestida

com terninhos pretos da marca americana Theory, ela instituiu tanto a cor preta quanto as roupas

discretas como obrigatórias para todas as mulheres da empresa. 

63

No estaleiro Mac Laren, as mulheres se vestem como Gisela, a presidente: o preto é obrigatório.

 Em poucas palavras, Gisela não quer nenhuma ousadia. Apesar disso, não abre mão de detalhes

pessoais, como maquiagem, joias reluzentes e tilintantes e, às vezes, um toque do Sensuelle, da

Chanel. “Não acho que a beleza traga qualquer vantagem nos negócios nem para quem trabalha”, diz

a empresária. “A elegância, a vestimenta, o comportamento, a qualidade da comunicação, o respeito,

isso sim. Tudo isso ajuda a compor a imagem pública de cada pessoa”, completa. 

 Uma funcionária como a porto-riquenha Debrahlee Lorenzana, que até agosto do ano passado

trabalhava numa agência do Citibank, em Nova York, dificilmente teria espaço na empresa de Gisela. 

 A voluptuosa moça usava roupas curtas no ambiente de trabalho. Seus trajes incluíam decotes

generosos para valorizar um busto tamanho 46, construído com duas cirurgias plásticas, e curvas

realçadas por duas lipoaspirações. Foi demitida sem explicações e, por isso, abriu um processo

contra o banco. 

 O verdadeiro motivo alega seu advogado, foi o “ambiente de trabalho hostil criado por causa do seu

estilo de vestir”. O caso de Debrahlee reflete o outro lado da moeda: entre os efeitos que a boa

aparência de uma executiva pode provocar está a incredulidade de certos homens na competência

delas. 

 

64

Debrahlee Lorenzana exagerou nos atrativos e perdeu o emprego no Citi

 

Vanessa Vilela, da Kapeh, já viu um cliente quase virar as costas por não a reconhecer, num evento,

como a dona da empresa. “Ele queria mais informações sobre os produtos e pediu para falar com

alguém ‘superior’, embora eu já estivesse ali”, conta. 

 A situação é idêntica à enfrentada por Mônica Ferro em uma reunião com um arquiteto: “Ele achou

que eu era um bibelô, que estava na reunião só de enfeite, e disse à minha vendedora que queria

falar com alguém mais graduado. Bem, aí eu tive de dizer quem eu era. Na hora ele abaixou a cabeça

e ficou bem sem-graça”, comenta. “Em certos casos, acho que os homens querem passar por cima

da gente”, diz. 

 A consultora de etiqueta e comportamento Cláudia Matarazzo faz questão de salientar que, num

primeiro momento, a beleza ou a ausência dela são cruciais. “Você leva apenas 20 segundos para

formar sua impressão sobre uma pessoa. Dentro dessa impressão, a imagem representa 60%.

Depois, vem o tom de voz, com mais uns 30%. Nos 10% que faltam está o restante dos aspectos”, diz

a consultora. “E, quando essa primeira impressão é boa, pode até mascarar qualidades ruins da

pessoa.” Mas não por muito tempo. 

 

65

 De acordo com Patrícia Gaia, da Armani, o resultado pode ser desastroso. “Uma pessoa que não

seja bonita e também não seja capacitada é perdoada. Mas uma pessoa bonita e não capacitada é

considerada uma ‘boba’”, afirma. É mais ou menos o que pensa a psicóloga Adriana Gomes,

coordenadora de pós-graduação da faculdade ESPM, de São Paulo. “A beleza não permeia a

decisão. Pode ser um facilitador no início das negociações, mas não no seu final. E a competência da

pessoa deve ser consistente”, afirma. 

 Renata de Abreu, do Spa Mais Vida, sabe disso e usa sua aparência como um cartão de visita.

“Como vendo, tenho de ser o exemplo”, admite. “Do mesmo modo, ninguém iria se animar com um

personal trainer fora do peso.” Ela tem resultados para mostrar: este ano, seus spas vão faturar R$ 6

milhões, em sete endereços, e até 2012 ela deve abrir outras 27 filiais. “É inegável que a beleza de

uma mulher influencia o mundo do trabalho”.

66

Não quer dizer que essa beleza torne as coisas mais fáceis. “Mas a verdade é que aspectos

subjetivos como esse têm um peso muito maior do que os executivos gostariam de reconhecer”,

garante o consultor Boanerges Freire, da Boanerges & Cia. “Todos falam de objetividade nos

negócios e nas reuniões, mas as relações comerciais acontecem entre as pessoas. Somos

influenciados por aspectos subjetivos”. 

 O cirurgião plástico Alexandre Senra, de São Paulo, que diariamente atende executivos de ambos os

sexos, revela quanto essa questão aflige as pessoas. Uma de suas pacientes, executiva bonita que

se aproximava dos 40 anos, resolveu investir numa plástica para defender sua posição na empresa. 

 “Ela estava em uma companhia que iria ser absorvida por outra. Pelo que me contou, ela corria o

risco de ser demitida por causa da idade assim que isso acontecesse”, diz Senra. Afinal de contas,

profissionais mais jovens estavam a caminho. “O que a moça fez: veio ao meu consultório e optou por

uma plástica. Até onde eu sei, depois da fusão ela continuou na equipe, não foi dispensada”, afirma.

67

Entendendo os distúrbios alimentares

Em desfiles de moda, no Brasil ou no exterior, a cena é a mesma: sobre as passarelas, modelos

exibem corpos tão magros que mais parecem cabides a exibir os figurinos da alta costura. O clima

glamouroso, mas ao mesmo tempo raquítico, hipnotiza jovens que acabam seduzidas a seguir um

padrão irreal de beleza. Muitas simplesmente param de comer. Outras comem compulsivamente e

aliviam o peso na consciência vomitando tudo logo em seguida.

Com a ajuda da psicóloga Silvana Martani, da Clínica de Endocrinologia do hospital Beneficência

Portuguesa, de São Paulo, ÉPOCA Online mergulha nesse lado obscuro da vaidade, que mata cerca

de 20% de seus pacientes.

O que é a anorexia?

A anorexia é uma doença psiquiátrica grave que se caracteriza pela falta de apetite induzida pelo

próprio indivíduo, que se recusa a comer. Geralmente é acompanhada de uma disfunção da imagem

corporal: o indivíduo acha que seu corpo é de 10 a 15 vezes mais gordo.

Quem são os principais pacientes?

A doença ocorre principalmente entre garotas na fase da puberdade.

Como o distúrbio aparece?

Normalmente a anorexia se manifesta depois de várias tentativas frustradas de dieta. Pessoas com

tendência a depressão e com baixa autoestima são mais propensas a sofrer com a doença.

Como é o tratamento?

O ideal é que a doença seja tratada por uma equipe: um psiquiatra para tratar a depressão gerada

pelo distúrbio, um médico endocrinologista para trazer a pessoa de volta ao mundo dos alimentos e

um psicólogo para dar apoio terapêutico. O tratamento pode durar de 2 a 3 anos.

Identifique os sintomas

- O anoréxico escolhe os alimentos que vai comer por, no máximo, uma ou duas vezes ao dia.

- Sempre diz que já comeu e está satisfeito.

- A relação interpessoal é afetada, o paciente sempre se acha gordo.

- Sente-se deprimido, angustiado e irritado, além de negar a doença o tempo inteiro.

- Tem pesadelos constantes.

- Há comprometimento do trato gastrointestinal - o indivíduo pára de evacuar e tem dores constantes

no estômago por falta de alimentação.

- A pele perde a viscosidade.

68

- Nas mulheres, acontece um déficit hormonal intenso, podendo provocar até a interrupção da

menstruação.

A mídia contribui para este tipo de comportamento?

Totalmente. Todo mundo se preocupa de alguma maneira com a estética, em especial na

adolescência, quando os hormônios estão a mil por hora. Nessa fase, os indivíduos precisam se

enquadrar de qualquer jeito em algum grupo. É uma idade complicada. A partir do momento em que a

mídia começa a divulgar imagens anoréxicas, nas quais as modelos têm infinitamente menos peso e

todo mundo diz que é legal, a necessidade das pessoas muda. Uma menina com um corpo normal se

torna gorda, ossos aparecendo passam ser considerados bonitos. Enquanto o padrão de beleza

continuar assim, os adolescentes tentarão se enquadrar, gerando mais transtornos alimentares.

O que difere a anorexia da bulimia?

A bulimia é uma doença que ataca pessoas mais velhas, a partir dos 18 anos. O indivíduo perde a

noção dos alimentos ingeridos e chega a comer por horas seguidas. Arrependido, se vale de um

comportamento purgativo para eliminar tudo o que comeu. Usa laxantes, diuréticos, vomita ou faz

exercícios físicos exaustivamente. Em geral, a bulimia é conseqüência da anorexia.

Que sinais podemos notar em uma pessoa bulímica?

Como a pessoa tende a manter um peso normal, é mais difícil detectar esse comportamento. No

entanto, uma coloração esverdeada nos dentes e na boca, devido ao ácido estomacal pode ser

percebida. Idas constantes ao banheiro após as refeições também indicam que algo está errado.

Anorexia e bulimia: caia fora dessa!

Você deve conhecer alguém assim. Aquela amiga que só fala em comida, que sabe todas as

novidades da dieta, que fica mandando todo mundo comer enquanto ela belisca um tiquinho e diz que

está estourando.

Ou que, quando come, fica se lastimando, reclamando, jurando que amanhã vai ficar só na água ou

vai se matar na academia. Ai, fala sério: ninguém merece!

Além de ficarem muito chatas, meninas assim correm um grande risco: o de desenvolver doenças

relacionadas à alimentação, chamadas de transtornos alimentares.

Os mais conhecidos são a bulimia e a anorexia. Apesar de serem bem diferentes, essas doenças

têm como origem comum a preocupação excessiva com o corpo. É aquele medo enorme de engordar

que transforma a relação com a comida na coisa mais importante do mundo.

As anoréxicas simplesmente param de comer e continuam se achando gordas mesmo depois de

estarem esqueléticas. É um distúrbio de imagem. A menina fica pura pele e osso, mas quando se

69

olha no espelho tem a sensação de que precisa emagrecer mais, explica Vanessa Pinzon, psiquiatra

do Projeto Interdisciplinar de Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares na

Infância e Adolescência (Protad), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Já as bulímicas, colocam o dedo na garganta para provocar o vômito, passam horas a fio suando na

academia, tomando laxante ou ficando o dia inteiro em jejum para não engordar. E nos momentos de

compulsão elas comem tanto que acabam engordando mais do que se tivessem comido normalmente

durante o dia, explica Vanessa.

O que é normal?

Isto é normal: Olhar-se no espelho e achar que está com uma barriguinha meio saliente. Prometer-

se que amanhã vai começar a fazer ginástica, sem deixar de lado o sorvete com a amiga.

Isto não é normal: Olhar-se no espelho e achar que está com uma barriguinha horrorosamente

grande. Ligar para a amiga, desmarcar o sorvete e correr para a academia.

Isto é normal: Exagerar no lanche com as amigas e comentar: Putz, comi demais!

Isto não é normal: Exagerar no lanche com as amigas e pensar “Comi demais!”, logo, correr para o

banheiro vomitar tudo.

Isto é normal: Controlar-se para não exagerar nos doces durante a semana. Assim você pode se

esbaldar no almoço na casa da sua avó no domingo.

Isto não é normal: Esbaldar-se no almoço da sua avó no domingo e, por isso, passar o resto da

semana a água e alface, falando a cada minuto eu sou uma gorda, eu sou uma gorda.

Isto é normal: Saber quais alimentos fazem bem à sua saúde e quais engordam. Tentar, dentro do

possível, maneirar nos doces e frituras.

Isto não é normal: Conhecer as calorias de todos os alimentos e recusar veementemente qualquer

coisa que possa engordar.

Isto é normal: Querer ter um corpo bonito.

Isto não é normal: Achar que é impossível ser feliz se não for magérrima.

70

Isto é normal: Escolher aquela mousse de chocolate deliciosa de sobremesa. À tarde você se

controla mais.

Isto não é normal: Ver aquela mousse de chocolate que você adora e preferir a taça de gelatina diet.

Transtornos Alimentares na Adolescência

Atualmente já se descreve o que poderia ser chamado de comportamento de risco para desenvolver

um distúrbio alimentar. Em geral, os pacientes bulímicos ou anoréticos, muito antes da doença

estabelecida, já apresentavam alguma alteração emocional e do comportamento.

Emocionalmente esses pacientes de risco apresentavam alguma crítica constante a alguma parte do

corpo, insatisfação com o peso, enfim, alguma alteração na percepção corporal (Dismorfia) com

diminuição gradativa de suas atividades sociais.

Comportamentalmente, apresentavam hábito de fazer dieta mesmo quando o peso estava

proporcional à estatura e, mesmo ao perderem peso, continuavam com a dieta.

É importante lembrar que todas essas modalidades de comportamento são de avaliação muito difícil

quando se trata de adolescente, visto que nessa faixa etária, o isolamento, os problemas de

relacionamento, a preocupação e vergonha com o corpo, a distorção da autoimagem, aumento do

apetite, modismos alimentares, etc., são característicos e esperados, fazendo parte da chamada

Síndrome da Adolescência Normal.

Na psiquiatria, diferentemente do que acontece na obstetrícia, onde a pessoa ou está ou não está

grávida, podemos encontrar alterações em graus variados. É como se a pessoa pudesse estar muito

grávida ou pouco grávida. E assim acontece com as alterações da autoimagem corporal.

Sabemos que para se desenvolver a Anorexia Nervosa e a Bulimia é necessário que o paciente

experimente antes a Dismorfia Corporal. A característica essencial da à Dismorfia Corporal é uma

preocupação com algum aspecto na aparência, sendo este aspecto obsessivamente imaginado ou,

se realmente houver algo presente, a preocupação sobre isso é acentuadamente excessiva e

desproporcional. Essa preocupação exagerada causa sofrimento significativo ou prejuízo no

funcionamento sócio-ocupacional.

Mas, como vimos antes, sendo a psiquiatria uma área caracteristicamente pautada em graus de

variações em suas alterações, a Dismorfia Corporal pode ser leve, moderada e grave. Para

alterações na Conduta Alimentar é necessário que a pessoa tenha uma autoimagem alterada

quantitativamente ou qualitativamente. Pode estar se achando muito gorda, quando na realidade seria

apenas “cheinha”, pode estar se vendo apenas gorda, quando na realidade é normal ou até magra,

enfim, pode estar se vendo (e sentindo) distante de algum padrão ideal de configuração.

71

"Você gostaria de estar mais magra?” Suas conversas costumam girar em torno de dietas e das

calorias de determinados alimentos? Por conta disso, você se arrisca a fazer dietas sem orientação

médica?

Se suas respostas foram sim, pode integrar o grupo de pessoas sob o risco de adquirir transtornos

alimentares, anorexia nervosa ou bulimia, cuja incidência está crescendo entre jovens.

A anorexia que acomete 1% da população de adolescentes e ocorre principalmente por volta dos 14

anos- caracteriza-se pela acentuada perda de peso auto-induzida, pelo medo de engordar e pela

alteração da imagem corporal.”.

“Trecho da matéria Distúrbios alimentares crescem entre jovens e ganham exposição na TV”,

da Folha On-Line de 25/03/2002

A psiquiatria - onde não deve ser absolutamente obrigatória a concomitância entre o bem estar

emocional e a adequação estética - quer saber se as pessoas podem estar vivendo numa cultura

altamente estimulante para o desenvolvimento de transtornos emocionais, numa sociedade que faz

crer a todos que o preço da não conformidade aos valores estéticos vigentes é obrigatoriamente a

angústia e infelicidade. E até que ponto essa angústia e depressão levariam aos Transtornos da

Conduta Alimentar.

O conceito ideal atual a se perseguir incessantemente é ser belo(a), jovem e magro(a). As pessoas

em geral, e os adolescentes em particular, costumam crer que modelos, artistas de cinema e de

televisão sejam protótipos a serem copiados. A questão estética deixa, assim de ser harmonia e

passa a ser imposição.

Na cultura ocidental atual, o conceito de beleza está associado à juventude, como se o belo fosse,

necessariamente, igual a ser jovem. Talvez por isso nossa era vive batendo recordes na cirurgia de

rejuvenescimento e no consumo de medicamentos para emagrecer.

A investigação nos Transtornos da Conduta Alimentar tem constituído um foco de atenção em

psicologia e psiquiatria nessas três últimas décadas De concreto, temos que as investigações

epidemiológicas vêem mostrando um aumento considerável no número de pessoas acometidas de

Bulimia Nervosa e Anorexia Nervosa nos últimos anos Calcula-se, de fato, que a prevalência desses

transtornos oscila entre o 0,5 e o 4% Concretamente, o DSM-IV assinala a prevalência da Anorexia

Nervosa na população adolescente e juvenil feminina entre o 0,5 e o 1%, e a da Bulimia Nervosa

entre o 1 e o 3%.

O tema tem sido predominantemente tratado em assuntos da adolescência por que se estima que

50% dos casos de Bulimia Nervosa ocorra antes dos 18 anos, porém como seu diagnóstico não tem

sido fácil nessa faixa etária, tem-se a impressão de sua incidência ser maior acima dessa idade.

A média de idade do início da Bulimia Nervosa foi de 16,3 anos, variando de 13 a 19 anos Sua

principal característica são os episódios de comer-compulsivo (binge-eating) e esse comportamento é

72

caracterizado por ingestão de alimentos muito calóricos, de forma compulsiva até o limite da

capacidade gástrica e num espaço de tempo inferior a duas horas.

Nessas crises chega-se a ingerir até 20.000 calorias, depois das quais sobrevém um sentimento de

culpa e uma tentativa de compensar o pecado com horas de exercício físico exaustivo ou,

literalmente, por livrar-se da comida através do vômito, laxantes e/ou diuréticos.

Em 30% dos casos de Bulimia há provocação de vômitos. Alguns usam diuréticos ou laxativos e uma

porcentagem pequena usa medicação indicada para hipotireoidismo. Esses episódios ocorrem com

freqüência de até 3 vezes por semana. Os pacientes bulímicos estão sujeitos a grande variação de

peso, com ganhos e perdas freqüentes.

Outros comportamentos impulsivos podem estar presentes nesses pacientes como: roubar, gastar

desmesuradamente, abuso de drogas, e promiscuidade (Practice Guideline for Eating Disorders,

1993). Uma história de abuso sexual pode estar presente em até 50% dos casos.

Por outro lado, a severidade na distorção da percepção da imagem corporal, extremamente grave nos

pacientes com Anorexia e Bulimia, pode ser um sério fator de risco no desenvolvimento de

Transtornos da Conduta Alimentar. É neste sentido que vários estudos têm ressaltado a relevância da

insatisfação com a própria imagem corporal e sua relação com os Transtornos da Conduta

Alimentar,alguns propondo até sua inclusão como uma nova categoria de diagnóstico. Com esta

referência, Manuel de Gracia Blanco, David Ballester Ferrando, Josefina Patiño Masó e Carmen

Suñol Gu apresentaram importante trabalho relacionando a prevalência de Transtornos da Conduta

Alimentar e sua associação com a insatisfação corporal, numa mostra representativa da população de

adolescentes.

Na linha de recentes investigações, a porcentagem de mulheres adolescentes que, numa primeira

fase apresentam risco potencial de sofrer algum tipo de Transtorno da Alimentação se situa em

17,3% da mostra estudada, contra 0,6% nos homens adolescentes. Por outro lado, as adolescentes

que manifestam maior sintomatologia própria dos Transtornos da Alimentação, também apresentam

maior insatisfação com a própria imagem corporal associada. Falta-nos, entretanto, levantar dados

para saber quais são, exatamente, os elementos culturais atrelados à valorização do próprio corpo.

Que tipo de tirania cultural tem vitimado as pessoas a se sentirem insatisfeitas com o próprio corpo

(portanto, consigo mesmas).

Do ponto de vista da prevalência dos Transtornos da Conduta Alimentar, outros estudos recentes têm

mostrado uma tendência similar. Um desses estudos, com 816 adolescentes de ambos sexos,

estudantes do curso secundário, encontrou 7,7% das mulheres e 1,1% dos homens com riscos

potenciais de desenvolver Transtornos da Conduta Alimentar. Essa diferença entre os sexos se

repete em outros trabalhos.

73

Sintomas Comuns Anorexia e Bulimia

Na Anorexia o esquema

corporal é deturpado pela

submissão aos padrões

estéticos: a moça pensa e

crê que é gorda.

  Anorexi

a

Bulimi

a

A. Recusa em manter o peso

na proporção normal para

idade e estatura 

X

X

B. Medo intenso de engordar,

mesmo que com peso abaixo

do normal 

X

X

C. Auto-avaliação alterada do

peso e forma do corpo 

X

X

D. Amenorréia  X .

E. Episódios recorrentes de

comer-compulsivo

.

X

F. Comportamento

compensatório inadequado:

Vômitos, laxantes, diuréticos,

jejum, exercícios

.

X

G. Episódios com ocorrência

média de ao menos 2 x /

semana, por 3 meses

X

X

H. Autoestima influenciada

pelo peso e forma corpo

X

X

74

8. Observações

Nas questões com total inferior a 200 entrevistados, consideramos que o

entrevistado preferiu não responder a questão.

8.1. Fórmulas

75

9. Miniatura dos slides

76

’’’’’

77

78

79

80

81

82

83

“A beleza é um proveito para os outros.”

Bion

84

“Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo.”

Confúcio