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Revista do Departamento de Psicologia - UFF, v. 19 - n. 1, p. 269-276, Jan./Jun. 2007 273 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA E DO EXERCÍCIO FÍSICO NA DEPRESSÃO Rudy Alves Costa ★★ , Hugo Leonardo Rodrigues Soares ★★★ , José Antônio Caldas Teixeira ★★★★ Palavras-chave: Depressão. Medicina do Exercício e do Esporte. Psicologia do Esporte. INTRODUÇÃO: Segundo as estimativas, utilizando a metodologia da Carga Global da Doença, proposta pela Organização Mundial de Saúde, para o ano de 2020, a doença isquêmica do coração e a depressão serão as duas maiores causas não só de mortalidade mas, de incapacidade sobre a população em geral. A depressão é caracterizada por tristeza, baixa da auto-estima, pessimismo, pensa- mentos negativos recorrentes, desesperança e desespero. Seus sintomas são, fadi- ga, irritabilidade, retraimento e ideação suicida. O humor depressivo pode apare- cer como uma resposta a situações reais, por meio de uma reação vivencial depressiva, quando diante de fatos desagradáveis, aborrecedores, frustrações e perdas.Trata-se, neste caso, de uma resposta a conflitos íntimos e determinados por fatores vivenciais. A depressão está associada a uma alta incapacidade e perda social. Muitos estudos apontam à possibilidade de pessoas fisicamente ativas, em qualquer idade, apresentarem uma melhor saúde mental do que sedentários. Entre as hipoteses que tentam explicar a ação dos exercícios sobre a ansiedade e depres- são, uma das mais aceita é a hipótese das Endorfinas. A teoria da endorfina sugere que a atividade física desencadearia uma secreção de endorfinas capaz de provo- car um estado de euforia natural, por isso, aliviando os sintomas da depressão. Essa idéia, entretanto, não tem consenso entre os pesquisadores. Alguns deles, por exemplo, preferem acreditar que o exercício físico regularia a neurotransmissão da noradrenalina e da serotonina, igualmente aliviando os sintomas da depressão. Outra hipótese seria a cognitiva. De natureza eminentemente psicológica, a hipó- tese cognitiva se fundamenta na melhoria da autoestima mediante a prática do exercício, sustentando que os exercícios em longos prazos ou os exercícios inten- sivos melhorariam a imagem de si mesmo e, conseqüentemente, a autoestima. Trabalho apresentado na 28ª Semana Científica da Faculdade de Medicina da UFF, de 29 de novembro a 02 de dezembro de 2005, na Associação Médica Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro. ★★ Interno da Faculdade de Medicina da UFF. ★★★ Membro da Sociedade de Medicina do Esporte do Rio de Janeiro e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. E-mail: [email protected] ★★★★ Professor de Medicina do Exercício e do Esporte e Semiologia do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. Mestre em Cardiologia pela UFF e em Educação Física pela UFRJ. Vice-presidente da Sociedade de Medicina do Esporte do Rio de Janeiro. Membro da Câmara Técnica de Medicina Deportiva do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro. Orientador do trabalho. E-mail: [email protected]

Benefícios Da Atividade Física e Do Exercício Físico Na Depressão

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Atividade física e depressão

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  • Revista do Departamento de Psicologia - UFF, v. 19 - n. 1, p. 269-276, Jan./Jun. 2007 273

    BENEFCIOS DA ATIVIDADE FSICAE DO EXERCCIO FSICO NA DEPRESSO

    Rudy Alves Costa , Hugo Leonardo Rodrigues Soares,Jos Antnio Caldas Teixeira

    Palavras-chave: Depresso. Medicina do Exerccio e do Esporte. Psicologia doEsporte.

    INTRODUO: Segundo as estimativas, utilizando a metodologia daCarga Global da Doena, proposta pela Organizao Mundial de Sade, para oano de 2020, a doena isqumica do corao e a depresso sero as duas maiorescausas no s de mortalidade mas, de incapacidade sobre a populao em geral. Adepresso caracterizada por tristeza, baixa da auto-estima, pessimismo, pensa-mentos negativos recorrentes, desesperana e desespero. Seus sintomas so, fadi-ga, irritabilidade, retraimento e ideao suicida. O humor depressivo pode apare-cer como uma resposta a situaes reais, por meio de uma reao vivencialdepressiva, quando diante de fatos desagradveis, aborrecedores, frustraes eperdas.Trata-se, neste caso, de uma resposta a conflitos ntimos e determinadospor fatores vivenciais. A depresso est associada a uma alta incapacidade e perdasocial. Muitos estudos apontam possibilidade de pessoas fisicamente ativas, emqualquer idade, apresentarem uma melhor sade mental do que sedentrios. Entreas hipoteses que tentam explicar a ao dos exerccios sobre a ansiedade e depres-so, uma das mais aceita a hiptese das Endorfinas. A teoria da endorfina sugereque a atividade fsica desencadearia uma secreo de endorfinas capaz de provo-car um estado de euforia natural, por isso, aliviando os sintomas da depresso.Essa idia, entretanto, no tem consenso entre os pesquisadores. Alguns deles, porexemplo, preferem acreditar que o exerccio fsico regularia a neurotransmissoda noradrenalina e da serotonina, igualmente aliviando os sintomas da depresso.Outra hiptese seria a cognitiva. De natureza eminentemente psicolgica, a hip-tese cognitiva se fundamenta na melhoria da autoestima mediante a prtica doexerccio, sustentando que os exerccios em longos prazos ou os exerccios inten-sivos melhorariam a imagem de si mesmo e, conseqentemente, a autoestima.

    Trabalho apresentado na 28 Semana Cientfica da Faculdade de Medicina da UFF, de 29 denovembro a 02 de dezembro de 2005, na Associao Mdica Fluminense, Niteri, Rio de Janeiro.

    Interno da Faculdade de Medicina da UFF. Membro da Sociedade de Medicina do Esporte do Rio de Janeiro e da Sociedade Brasileira de

    Medicina do Esporte.E-mail: [email protected]

    Professor de Medicina do Exerccio e do Esporte e Semiologia do Departamento de MedicinaClnica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. Mestre em Cardiologiapela UFF e em Educao Fsica pela UFRJ. Vice-presidente da Sociedade de Medicina doEsporte do Rio de Janeiro. Membro da Cmara Tcnica de Medicina Deportiva do ConselhoRegional de Medicina do Rio de Janeiro. Orientador do trabalho.E-mail: [email protected]

  • Revista do Departamento de Psicologia - UFF, v. 19 - n. 1, p. 269-276, Jan./Jun. 2007274

    OBJETIVO: Discutir a importncia da prtica regular de exerccios fsicoscomo medida de preveno e como adjuvante do tratamento da depresso, sendo oexerccio fsico uma importante abordagem no farmacolgica que contribui parao desenvolvimento da auto-estima e da confiana do indivduo.

    METODOLOGIA: Elaborao de um levantamento bibliogrfico basea-do na pesquisa de artigos, livros e no acervo eletrnico de revistas da Internet.

    RESULTADOS E CONCLUSES: A condio fsica se encontra positi-vamente ligada sade mental e ao bem estar; as depresses dos tipos moderada-grave ou grave e severa podem exigir um tratamento profissional que pode incluira prescrio de medicamentos, a eletroconvulsoterapia ou a psicoterapia, nessescasos a atividade fsica serviria de complemento; no plano clnico, opinio atualque a atividade fsica produz efeitos emotivos benficos em quaisquer idades esexos; as pessoas com um bom estado fsico que necessitam um medicamentopsicotrpico podem praticar com total segurana uma atividade fsica sob vigiln-cia mdica. O tratamento padro para depresso psicoterapia e prescriomedicamentosa extremamente efetivo, porm a prtica de atividade fsica uma terapia adjuvante altamente benfica. As pesquisas demonstram que a prticade exerccios regulares, alm dos benefcios fisiolgicos, acarreta benefcios psi-colgicos, tais como: melhor sensao de bem estar, humor e auto-estima, assimcomo, reduo da ansiedade, tenso e depresso.