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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL - PUCRS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA - FACE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS - MAN BIANCA CASTRO DA SILVA MARANINCHI RICCI A FORMA DE APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS EM EMBALAGENS DE ALIMENTOS E O IMPACTO NA DECISÃO DE COMPRA DOS PAIS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL - PUCRS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA - FACE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS - MAN

BIANCA CASTRO DA SILVA MARANINCHI RICCI

A FORMA DE APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS EM EMBALAGENS DE ALIMENTOS

E O IMPACTO NA DECISÃO DE COMPRA DOS PAIS

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A FORMA DE APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS EM EMBALAGENS DE ALIMENTOS

E O IMPACTO NA DECISÃO DE COMPRA DOS PAIS

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do grau de Mestre em Administração e Negócios pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Orientador Prof. Dr. Vinícius Brasil

Porto Alegre, agosto de 2016.

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“The aim of marketing is to know your costumer so well that when your prospects are

confronted with your product, it fits them so exactly that it sells itself”.

- Peter Drucker

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo é preciso agradecer.

Agradecer a Deus pela minha vida, minha saúde e pela força que ele me deu sempre que pedi

– e mesmo quando não pedi – para seguir em frente. Aos seus anjos e guias e também aos

amigos do mundo espiritual que me iluminaram, inspiraram e protegeram.

Agradecer aos meus pais pela minha vida, pela educação que sempre me proporcionaram,

pelos ensinamentos, por sempre incentivarem o meu crescimento em todos os sentidos, por

todo o amor que me dão desde sempre e pelo colo carinhoso sempre que precisei.

Agradecer a minha tia Tanyra por sua generosidade e amor, proporcionando a realização deste

sonho. Por todas as orações e palavras de incentivo.

Agradecer ao meu marido, Leonardo, pela compreensão, paciência, carinho e apoio ao longo

destes 30 meses de mestrado.

Agradecer aos meus irmãos, Fernando e Marcelo, pelo incentivo e por serem grandes

exemplos que me inspiram a sempre buscar ser melhor. Agradecer aos dois ainda mais pelo

auxílio nas revisões e traduções, contribuindo com a qualidade deste trabalho.

Agradecer ao meu orientador Vinícius por ter me escolhido e confiado no meu potencial.

Agradecer aos professores Stefânia e Damacena, membros da banca, pelas valiosas

contribuições que fizeram com que chegasse a esse resultado.

Agradecer a cada um dos professores que compartilharam conhecimento comigo, que

orientaram meu aprendizado e mesmo aqueles que preferiram me fazer aprender por meus

próprios meios.

Agradecer aos meus anjos da guarda Amanda Dreger, Letícia Stocker e Clécio Araujo que

dedicaram horas e horas do seu tempo ao meu lado, me encorajando, me orientando, me

ajudando.

Agradecer a todos os meus colegas pela troca enriquecedora. Agradecer especialmente

aqueles que tornaram esta experiência ainda mais prazerosa, mais leve e mais fácil: Grazi,

Plínio, Márcia, Daiane, Ioná e Rafael.

Agradecer a Stela e ao Daniel, amigos que foram generosos e atenciosos ao me ajudar com as

artes das embalagens para as pesquisas, pelo carinho e agilidade.

Agradecer aos diversos amigos que me ajudaram na divulgação do link a fim de chegarmos

rapidamente no número necessário.

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Agradecer as mães e pais que se dispuseram a responder a pesquisa de forma atenta e sincera,

resultando em um trabalho interessante e pertinente.

Agradecer aos meus sogros, Margareth e Paulo, pelas orações.

Agradecer aos meus tios e padrinhos Ronaldo e Rosana, as minhas primas Júlia e Laura e ao

padrinho Gilberto, pela acolhida carinhosa em Porto Alegre.

Enfim, agradecer a todos que colaboraram para a realização deste sonho.

Foram dois anos e meio de estrada. Pelo menos 540km por semana para ir da minha casa, em

Pelotas, até a PUC para as aulas. Madrugadas dormindo no ônibus para conseguir assistir aula

à noite em Porto Alegre e trabalhar pela manhã em Santana do Livramento. Dias seguidos em

que a estrada Porto Alegre – Santa Cruz era diária, conciliando trabalho e estudo. Família,

marido, casa, mestrado, trabalho, amigos e um mínimo de dedicação a mim mesma. O

revezamento de atenção se fez necessário, para que nada fosse deixado de lado. Nada poderia

ser. Sinto-me vitoriosa por ter conseguido chegar até aqui e conquistar o tão desejado título de

mestre.

Muito obrigada a todos vocês!

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RESUMO

A rotulagem nutricional ganhou importância estratégica com o aumento do

conhecimento dos consumidores acerca da importância da alimentação para a promoção da

saúde e prevenção de doenças. Com isso, a atenção de pesquisadores na área do marketing

vem se voltando ao impacto das embalagens de alimentos no processo de decisão de compra.

O presente estudo busca identificar se as diferentes formas de apresentação da informação

nutricional (também chamados sistemas de informação) no painel frontal dos rótulos de

alimentos têm impacto na percepção de saudabilidade e na intenção de compra. Para isso,

foram avaliados os fatores “características individuais” e “conhecimento nutricional”

categorizados por Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005); “atitude geral para com os sistemas

de informação”, categorizada por Kaltcheva, Patino e Leventhal (2013); e “percepção de

saudabilidade” e “simpatia do consumidor”, conforme proposta de Feunekes et al. (2008). Foi

realizado um levantamento do tipo survey, on line, de natureza descritiva, contendo variáveis

quantitativas, com uma amostra de pais de crianças com idade entre 2 e 12 anos. O resultado

identificou diferenças significativas na percepção de saudabilidade e na intenção de compra

diante de diferentes formas de apresentação da informação nas embalagens de alimentos. A

inclusão de uma informação nutricional ao painel frontal aumenta a percepção de

saudabilidade dos pais em relação ao produto. As embalagens que reúnem mais informações

foram apontadas como de maior credibilidade, de mais fácil compreensão, que mais agradam,

percebidas como de produtos mais saudáveis e ainda aumentam a intenção de compra. O

trabalho discute minuciosamente os resultados encontrados, implicações acadêmicas e

gerenciais, bem como sugere avanços para pesquisas futuras.

Palavras-chave: decisão parental; painel frontal da embalagem; processo de decisão de

compra; rotulagem nutricional; formatos de informação ao consumidor.

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ABSTRACT

Nutrition labeling has become strategically important with the increasing awareness of

consumers about the importance of nutrition for health promotion and disease prevention. The

attention of researchers in the marketing area is thus turning to the impact of food packaging

in the purchase decision process. This study seeks to identify whether the different forms of

presentation of nutrition information (also called information systems) on the front panel of

food labels have an impact on the perception of healthiness and purchase intent. For this, we

evaluated the factors "individual characteristics" and "nutritional knowledge", categorized by

Drichoutis, Lazaridis and Nayga (2005); "General attitude toward information systems,"

suggested by Kaltcheva, Patino and Leventhal (2013); and "perception of healthiness" and

"user friendliness", as proposed by Feunekes et al. (2008). An online descriptive survey, with

quantitative variables, has focused on parents with children aged from 2 to 12 years. The

results show significant differences in the perception of healthiness and purchase intent based

on different information systems used in food packaging. The results, academic and

managerial implications are thoroughly discussed and improvements for future research are

suggested.

Keywords: parental decision; front-of-package labeling; decision-making processes; nutrition

labels; consumer information format

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11 2 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................. .....15 3 OBJETIVOS .........................................................................................................................20 3.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................20 3.2 Objetivos Específicos .........................................................................................................20 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES..........................22 4.1 Consumo e hábitos de alimentação saudável......................................................................22 4.2 Efeitos das informações nutricionais na avaliação de compra .........................................23 4.3 Embalagens e a Comunicação Empresa-Consumidor .......................................................27 4.4 Rotulagem Nutricional ...................................................................................................... 29 4.5 O impacto do painel frontal nas decisões de compra .........................................................34 4.6 HEALTH CLAIMS vs NUTRITION CLAIMS.................................................................. 39 4.7 Sistemas de Informação Nutricional ..................................................................................41 4.8 Decisão parental.................................................................................................................47 5. MÉTODO DE PESQUISA ..................................................................................................51 5.1 Elaboração do instrumento de coleta .................................................................................52 5.2 Validação do Instrumento de coleta ...................................................................................57 5.3 População e amostra...........................................................................................................57 5.4 Coleta de dados ..................................................................................................................58 5.5 Procedimentos de análise dos dados .................................................................................58 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS.........................................................................................61 6.1 Caracterização da amostra .................................................................................................61 6.2 Importância e conhecimento das informações nutricionais ..............................................66 6.3 Percepção de saudabilidade das embalagens ....................................................................79 6.4 Simpatia do Consumidor ...................................................................................................86 6.5 Intenção de compra ...........................................................................................................93 6.6 Informações nutricionais e mudança de percepção ..........................................................97 6.7 Modelo de regressão para a intenção de compra dos produtos ........................................100 7. CONCLUSÕES .................................................................................................................105 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................110 ANEXO 1: Tipos de sistemas de informação no painel frontal e exemplos de referência...119 APÊNCICE A: Embalagens utilizadas no estudo...................................................................121 APÊNDICE B: Instrumento de coleta de dados ...................................................................128

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Estrutura Conceitual - Adaptação Modelo Da Hierarquia Dos Efeitos FIGURA 2: Modelo teórico fatores que afetam o uso das informações nutricionais FIGURA 3: Modelo de Processo de Compra

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1 INTRODUÇÃO

A preocupação com alimentação saudável, bem-estar e qualidade de vida é crescente no

mundo todo (CHRYSOCHOU, 2010; SIRÓ et al., 2008; VERBEKE, 2005; MARCHI et al.,

2016). No Brasil, percebe-se um número cada vez maior de opções de produtos nos

supermercados com a finalidade de conquistar a escolha e a preferência dos consumidores que

buscam uma alimentação mais saudável. A comprovação científica cada vez maior das

relações existentes entre saúde e alimentação é citada por Hasler (2000) como uma das razões

para a mudança de hábito do consumidor e o consequente aumento da oferta pelos fabricantes.

Estilo de vida e fatores demográficos e econômicos também são causas que levam os

consumidores a associarem a promoção e manutenção da saúde à ingestão de alimentos

saudáveis (MOORMAN; MATULICH, 1993; FRAZAO; ALLSHOUSE, 1995). A base de

dados sobre o impacto dos rótulos nutricionais é grande e crescente, incluindo sete revisões de

literatura entre os anos de 1991 e 2011.

Diversos pesquisadores observaram que a mudança de padrão de estilo de vida e

comportamento alimentar, bem como alteração das atividades físicas e cognitivas, tornaram-

se a causa de doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes

(WHO, 2010; DIEPEVEEN et al., 2013; ZAFAR, HASHIM e HALIM, 2016). Esse aumento

dos riscos de doenças causadas pela alimentação tornou os consumidores mais conscientes e

exigentes em relação à ingestão de produtos saudáveis. Tradicionalmente os critérios de

seleção de um alimento por parte do consumidor estavam baseados no sabor e no preço ao

invés de considerar questões nutricionais (LALOR et al., 2011).

As tendências de consumo alimentar mudaram rapidamente na ultima década devido

ao aumento do interesse do consumidor sobre o que ele está comendo, já que ele está mais

consciente que suas escolhas alimentares podem afetar potencialmente a sua saúde

(CHRYSOCHOU, 2010; MARCHI et al., 2016). Estudos sobre ‘time preferences’ também

vem analisando o comportamento humano em relação ao que os consumidores valorizam

mais: utilidade presente ou benefício futuro, e de que forma isso impacta nas suas atitudes,

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comportamentos e hábitos de consumo (ADAMS, 2012; HERPEN e TRIJP, 2011; MARCHI

et al., 2016).

Somente em 2007 mais de 269 mil produtos foram lançados no Brasil, uma média de

aproximadamente 22,5 mil a cada mês, dos quais 80% fracassaram. Os dados são do

Laboratório de Monitoramento Global, pertencente ao Núcleo de Estudos da Embalagem da

ESPM. Por conta de tantas novidades no mercado, ações de marketing milionárias

movimentam o setor. É a capacidade de compreender e atender adequadamente as

necessidades de clientes e consumidores finais o que leva a bons resultados (SANTOS;

CASTRO, 1998; AHMED; AHMED; SALMAN, 2005). Nesse cenário de oferta abundante,

não apenas os alimentos que se apresentam como saudáveis, mas também os sem qualquer

apelo nesse sentido se utilizam de ferramentas de comunicação nas embalagens para mostrar

suas características de forma clara e objetiva.

Para que os consumidores possam fazer escolhas mais saudáveis é preciso que estejam

aptos a distinguir os produtos saudáveis dos menos saudáveis. Isso é possível se as indústrias

alimentícias tornarem a composição nutricional dos produtos mais clara através dos rótulos.

Diversos estudos indicam que a adição de um símbolo no painel frontal da embalagem,

somado a tabela nutricional presente no verso, é mais eficaz em ajudar os consumidores a

fazerem escolhas saudáveis do que a embalagem somente com a informação nutricional na

parte de trás (GEIGER, WYSE, PARENT & HANSEN, 1991; SCOTT & WORSLEY, 1994).

Isso porque a maioria dos consumidores acha a tabela nutricional, normalmente posicionada

no verso das embalagens, confusa, especialmente a informação numérica e as terminologias

utilizadas (BYRD-BREDBENNER, WONG & COTTEE, 2000; COWBURN &

STOCKLEY, 2005; SADLER, 1999; SCOTT & WORSLEY, 1997; SHANNON, 1994;

SHINE, O´REILLY & O´SULLIVAN, 1997; WANDEL, 1997).

Todo marketing de alimentos ou bebidas (incluindo os rótulos dos alimentos) que

utiliza informações de nutrição ou saúde além das exigências mínimas (composição, tabela

nutricional, validade, entre outros) é conhecido como ‘marketing nutricional’ (COLBY et al.,

2010). O painel frontal das embalagens é um dos principais alvos do marketing nutricional,

pois apresenta de forma objetiva alegações de saúde e nutrição definidas pelos profissionais

da área como de maior impacto na decisão de compra de seu target (ANSELMSSON e

JOHANSSON, 2007; CHANIOTAKIS et al., 2010; GABAY et al., 2009; LEBEL e COOKE,

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2008; MATHER et al., 2005). De fato, pesquisas recentes demonstram que os consumidores

frequentemente limitam sua busca de informação à parte frontal da embalagem, por ser mais

acessível e reduzir o tempo de escolha (KALTCHEVA, PATINO e LEVENTHAL, 2013).

Segundo os autores, no entanto, essas informações podem ser apresentadas de diversas

formas, visto que cada fabricante define o formato que lhe parece mais adequado. Essa prática

pode causar confusão no momento da decisão de compra, quando o consumidor compara

produtos da mesma categoria a fim de identificar o que melhor atende suas expectativas ou

que lhe parece mais saudável.

O processo de decisão de compra hoje pode envolver uma longa consulta às

embalagens dos alimentos. Além da composição e modo de preparo, as tabelas nutricionais e

claims (alegações em destaque) vêm ganhando importância na decisão por determinado

alimento em detrimento de outro. Muitas marcas ganharam reconhecimento em função do

posicionamento alinhado a esse cenário. A compra em função de um diferencial de qualidade

nutricional é opção não apenas entre aqueles que contêm restrições alimentares (celíacos,

diabéticos, alérgicos, intolerantes à lactose), mas a todos que buscam uma vida equilibrada,

saudável e longa, para si ou para sua família. Hoje não apenas o que compõe, mas também o

que não está contido nos alimentos tem grande importância para que um produto ganhe a

atenção e a mesa dos consumidores.

Isso é válido para o comprador enquanto consumidor, e para as situações em que

desempenha papel de decisor para outros membros de sua família, como no caso dos pais em

relação aos filhos. Devido à preocupação geral com o bem-estar dos filhos, os pais procuram,

cada vez mais, disponibilizar produtos que eles apreciem, mas que, ao mesmo tempo,

possuam atributos considerados saudáveis.

É na intersecção entre esses elementos (informações nutricionais no painel frontal das

embalagens e decisão de compra dos pais para seus filhos) que este trabalho se desdobra.

Compreendendo o universo que permeia essa relação, e diante de um cenário com poucos

estudos no Brasil sobre o tema, propõe-se verificar se no cenário brasileiro a forma de

apresentação das informações nutricionais nos rótulos dos alimentos impactam a percepção de

saudabilidade e a intenção de compra quando pais avaliam alimentos para seus filhos.

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Apresentam-se, a seguir, a delimitação do tema e a definição do problema de pesquisa.

No capítulo 3, serão expostos os objetivos do trabalho e, em seguida, o capítulo 4 expõe a

fundamentação teórica que embasará a pesquisa, revisando conceitos e conhecimentos

pertinentes aos tópicos relacionados ao tema principal, como embalagem, formas de

exposição das informações nutricionais no painel frontal e decisão parental de compra.

O capítulo 5 expõe a metodologia utilizada e o detalhamento da pesquisa aplicada.

Dentro deste mesmo capítulo, subtópicos tratarão sobre a elaboração e validação do

instrumento de coleta, população e amostra, coleta e procedimento de análise dos dados.

No capítulo 6 são apresentados e discutidos os resultados e o 7º e último capítulo traz

as conclusões, implicações acadêmicas e gerenciais, limitações e sugestões para pesquisas

futuras na área.

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2 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Ao longo da última década tem crescido o interesse dos consumidores sobre questões

relacionadas à saúde, impactando a escolha dos alimentos que irão consumir. Problemas

relacionados a alergias, intolerâncias, doenças relacionadas à alimentação, sobrepeso e

obesidade vem crescendo rapidamente (Comissão Européia, 2007 apud BANTERLE,

CAVALIERE E RICCI, 2013). Uma série de episódios divulgados pela mídia envolvendo

intoxicações alimentares, também torna os consumidores mais atentos. Além disso, médicos,

nutricionistas e as próprias indústrias vêm divulgando sobre a importância da alimentação

para a promoção da saúde e prevenção de doenças e de que forma diferentes alimentos podem

contribuir com a qualidade de vida.

Com esse aumento no interesse do consumidor em relação ao conhecimento

nutricional e diante de um mercado inundado de opções de produtos, a embalagem ganha

status estratégico para a comunicação das características nutricionais. Segundo alguns

estudos, a rotulagem pode apoiar os clientes na tomada de decisões relacionadas com as suas

preferências em termos de características qualitativas, reduzindo a assimetria de informações

e melhorando a eficiência econômica (VERBEKE e WARD, 2006; GREBITUS et al., 2010;

MENAPACE et al., 2011).

Atualmente o FDA (Food and Drug Administration), nos Estados Unidos, a ANVISA,

no Brasil, e outros órgãos competentes em cada país, regulamentam as informações de

rotulagem, orientando e exigindo informações consideradas obrigatórias, bem como

restringindo o que pode – e como pode – estar contido na embalagem dos produtos, de forma

a contribuir com a organização da rotulagem nutricional e assegurar certa credibilidade aos

consumidores em relação ao que é comunicado.

Os painéis frontais (ou parte frontal do rótulo nas embalagens) são o primeiro e

principal ponto de contato com o comprador e por isso é nele que são colocadas as

informações que o fabricante deseja destacar. Campos, Doxey e Hammond (2011) sugeriram

novas pesquisas a fim de examinar a eficácia de usar símbolos, imagens e diferentes layouts

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no painel frontal, já que há uma evidencia crescente sobre a simpatia do consumidor em

relação aos símbolos usados pela indústria alimentícia, bem como o maior impacto das

informações expostas no painel frontal dos rótulos das embalagens em comparação com o

back. A exposição no painel frontal é mais bem vista pelos consumidores em parte porque a

informação nutricional está mais acessível e em parte porque há um desejo generalizado de

mais informação que identifique um alimento mais saudável entre as opções menos saudáveis.

Diversos estudos vêm abordando aspectos que relacionam a decisão de compra às

informações contidas nas embalagens (WILLIAMS, 2005; HIGGINSON et al., 2002;

WANDEL, 1997; MIKLAVEC et al., 2015; BORGMEIER E WESTENHOEFER, 2009;

VYTH ET AL, 2010; SACKS, RAYNER E SWINBURN, 2009). No que diz respeito à

relação criança-consumo, há abordagens sobre o conflito entre pais e filhos no ponto de venda

(KIRCHLER et al., 2001; GRAM, 2014), compra com fins em dietas para crianças obesas

(MURPHY et al., 2012; VERBEKEN et al., 2014) e a influência da criança no processo de

decisão de compra (BEREY e POLLAY, 1968; JENKINS, 1979; CARUNANA e

VASSALLO, 2003; LABRECQUE E RICARD, 2001; BAKIR, ROSE E SHOHAM, 2006;

FLURRY, 2007; NORGAARD et al., 2007; KERRANE, HOGG E BETTANY, 2012;

PETTIGREW, 2013).

A literatura especializada também conta com estudos sobre as variáveis que podem

impactar na decisão de compra, bem como experiências (CARDOSO et al., 2015), atitudes

(CANNOOSAMY, PUGO-GUNSAM e JEEWON, 2014; TIU WRIGHT, 1997;

GARRETSON e BURTON, 2001), informações no painel frontal (KELLER et al., 1997;

ROBERTO, 2012 a e b), comparações entre formas de exposição de informações e claims

(HERPEN e TRIJP, 2011; BIALKOVA e TRIJP, 2010), entre outros.

Em 2013, Kaltcheva, Patino e Leventhal publicaram o artigo “Front-of package

product labels: influences of varying nutritional food labels on parental decisions” (que pode

ser traduzido como ‘Painéis-frontais das embalagens: influências de diferentes variações nos

rótulos de alimentos na decisão dos pais’) com o objetivo de examinar os efeitos das

diferentes formas de exposição das informações nutricionais no painel frontal das embalagens

na escolha parental de alimentos para crianças. Os autores tratam de três formas distintas de

apresentação da informação nutricional no rótulo da embalagem, chamadas por eles de

“sistemas de informação” e identificadas pelo Institute of Medicine, Food & Nutrition Board

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(2010) como as mais amplamente utilizadas no mercado. São eles: sistema específico de

nutrientes; sistema de informação por grupo de alimento; e sistema indicador resumido. Com

base nestes três sistemas distintos, os autores propuseram uma pesquisa a fim de comparar o

impacto das três formas de apresentação das informações no painel frontal na escolha de

alimentos por parte dos pais, para seus filhos.

Pesquisas estimam que crianças com idade entre 2 e 12 anos influenciam diretamente

em US$320 bilhões sobre o valor de compra das famílias (MCDONALD e LAVELLE, 2001;

BAKIR, ROSE e SHOHAM, 2006), sinalizando a importância de se ampliar os estudos que

considerem decisões parentais de compra.

A escassez de pesquisas examinando as interseções de painéis frontais com

informações nutricionais na decisão parental de compra (KALTCHEVA, PATINO e

LEVENTHAL, 2013) e o consenso na literatura em torno da necessidade de mais estudos

sobre o impacto da rotulagem nutricional na decisão de compra envolvendo símbolos e

diferentes layouts de informação representam um amplo campo para pesquisas e tornam este

estudo interessante e oportuno tanto para o âmbito acadêmico quanto para o empresarial.

As categorias de produto mais comumente observadas em pesquisas sobre

informações nutricionais no rótulo são iogurtes e cereais matinais (LALOR et al., 2010;

PRAVST et al., 2013; ZAFAR, HASHIM e HALIM, 2016). Em função do único estudo

realizado com pais encontrado na pesquisa bibliográfica realizada tratar de cereais matinais,

optou-se por explorar esta categoria. A ela, incluiu-se também biscoito recheado, de forma a

se ter uma categoria teoricamente ‘não-saudável’ para comparação de resultados.

Estudos sobre rotulagem nutricional analisam também outros sistemas de informação,

como o ‘Healthier Choice Tick’, ‘Stars’, ‘Smileys’, ‘Health Protection Factor’, ‘Wheel of

Health’, ‘Guideline Daily Amounts (GDA)’, ‘Traffic-Lights’ (BORGMEIER e

WESTENHOEFER, 2009; FEUNEKES et al., 2008; ANDREWS, BURTON e KEES, 2011),

que serão explicados na fundamentação teórica, ao se tratar da rotulagem nutricional. A

quantidade de formas de apresentação da informação tratadas na literatura estrangeira reflete

o quanto o mercado americano e europeu, principalmente, encontra-se a frente do Brasil em

termos de exploração do painel frontal e o quanto os consumidores por lá estão mais

avançados em termos de leitura e compreensão dos rótulos. Por isso, para fins deste estudo

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considerou-se os sistemas identificados no mercado brasileiro, optando-se pelo sistema GDA

(Guideline Daily Amounts), alegações nutricionais (os nutrition claims) e o ‘sistema de

informação por grupo de alimento’.

Diante de tantos cenários tanto em relação à informação nutricional quanto sobre sua

forma de apresentação, torna-se necessário que o consumidor, cada vez mais, tenha algum

conhecimento nutricional, o que vem a facilitar o uso das informações expostas nos rótulos

de alimentos, devido à facilidade de identificar e interpretar os benefícios oferecidos por um

alimento (MOORMAN, MATULICH, 1993; KIM, NAYGA E CAPPS, 2001; CAVALIERE,

DE MARCHI E BANTERLE, 2015; GRUNERT, WILLS E FERNÁNDEZ-CELEMÍN,

2010; FEUNEKES et al., 2008).

O conhecimento nutricional é apenas um dos fatores que afetam o uso das informações

nutricionais. O modelo de Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005) inclui também características

individuais, situação, atitude e comportamento, envolvimento com a classe do produto e

motivação.

As características individuais, particularmente idade, sexo e grau de escolaridade são

relatados na literatura em relação ao impacto – ou não – na leitura das informações

nutricionais constantes nos rótulos dos alimentos (DRICHOUTIS, LAZARIDIS E NAYGA,

2005; MANNELL et al., 2006; GIEHL, 2008; CAVALIERE, RICCI E BANTERLE, 2014;

MIKLAVEC et al., 2015).

Em relação à situação, atitude e comportamento, tempo para fazer as compras,

renda e profissão são fatores que aparecem como moderadoras no uso das informações

nutricionais (SHINE, O´REILLY, O´SULLIVAN, 1997; MANNELL et al., 2006; GIEHL,

2008).

Dentre os fatores de envolvimento com a classe do produto foi analisado se atributos

como sabor, nutrição e marca impactam ou não no uso das informações nutricionais

(NAYGA, 1996; 1999; 2000; DRICHOUTIS, LAZARIDIS E NAYGA, 2005).

Já a motivação, investigada como variável moderadora no efeito do uso das

informações nutricionais presentes nas embalagens dos alimentos na intenção de compra

(KELLER et al., 1997; KIM, NAYGA E CAPPS, 2001, GIEHL, 2008), não foi medida no

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presente estudo, visto que em razão do estudo ter um foco parental, e a análise considerar a

compra de produtos para os filhos, seria inadequado.

No escopo da atitude geral em relação aos sistemas de informação nutricional foi

medida considerando o estudo de Kaltcheva, Patino e Leventhal (2013).

Também foram analisadas a ‘simpatia do consumidor’ e a ‘percepção de

saudabilidade’ como preditoras da intenção de compra. A ‘simpatia do consumidor’

compreende as variáveis compreensão, credibilidade e gosto, utilizadas no estudo de

Feunekes et al. (2008). A ‘percepção de saudabilidade’, considerada em diversos estudos

como Kaltcheva, Patino e Leventhal (2013), considerou os parâmetros dos mesmos estudiosos

(FEUNKES et al., 2007).

Campos, Doxey e Hammond (2011) sugeriram para pesquisas futuras examinar a

eficácia de usar símbolos, imagens e diferentes layouts no painek frontal, já que há uma

evidencia crescente sobre a simpatia do consumidor para com os símbolos usados pela

indústria alimentícia, bem como o maior impacto das informações expostas no painel frontal

dos rótulos das embalagens em comparação com o verso. Por isso, o presente estudo utilizou

três diferentes formas de apresentação da informação nutricional para comparação de efeitos.

Para medir a intenção de compra dos pais em relação aos produtos apresentados, foi

utilizada escala de medida tipo Likert de cinco pontos assim como nos estudos de Andrews,

Burton e Kees (2011), Giehl (2008), Burton e Pearse (2002), Onyango, Nayga e Schilling

(2004), Baker e Mazzocco (2005) e Sen, Bhattacharya e Korshun (2006).

Tomando por base os modelos conceituais mencionados, buscou-se identificar se

apresentar uma informação nutricional de diferentes maneiras altera a percepção de

saudabilidade em relação ao produto, bem como a intenção de compra sobre ele. Para isso,

apresenta-se a seguinte pergunta de pesquisa: a forma de apresentação da informação

nutricional impacta a percepção de saudabilidade e a intenção de compra dos pais em

relação a um alimento para seus filhos?

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3 OBJETIVOS

Para responder a questão problema dessa pesquisa são propostos os seguintes objetivos:

3.1 OBJETIVO GERAL

Examinar os efeitos de diferentes formas de apresentação das informações nutricionais

em painéis frontais da embalagem de alimentos na decisão de compra dos pais.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A partir do objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos:

1. Identificar o entendimento dos pais em relação às informações nutricionais;

2. Identificar se a informação nutricional é utilizada pelos pais como fator decisório para a

escolha de um alimento para seus filhos;

3. Identificar a relação entre o entendimento e a importância dada às informações

nutricionais;

4. Verificar a relação entre as formas de apresentação da informação nutricional e a

intenção de compra por parte dos pais;

5. Verificar como a forma de apresentação da informação influencia a percepção de

saudabilidade dos produtos por parte dos pais;

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6. Identificar a percepção dos pais sobre cada uma das formas de apresentação da

informação testadas (nutrition claims, ‘sistema de informação por grupo de alimento’ e

Guideline Daily Amount - GDA);

7. Verificar se a percepção de saudabilidade e a simpatia em relação à forma de

apresentação da informação utilizada predizem a intenção parental de compra de um produto.

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo do trabalho são apresentados os temas que embasam teoricamente esta

dissertação. Inicialmente trata-se sobre consumo e hábitos de alimentação saudável. A seguir,

fala-se sobre a embalagem e seu papel enquanto meio de comunicação entre a empresa e o

consumidor. Após, são abordadas questões referentes à rotulagem nutricional, as diferenças

entre health claims e nutrition claims, bem como sua utilização no Brasil, e diferentes formas

de apresentação da informação utilizadas no painel frontal das embalagens de alimentos. Por

fim, aborda-se a questão da decisão de compra de alimentos por parte dos pais e sua natureza

de alto envolvimento por considerar a responsabilidade em relação a seus filhos, permeando

os aspectos relacionados à decisão parental, visto que a pesquisa foi direcionada a pais.

4.1 CONSUMO E HÁBITOS DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Comportamentos de compra e hábitos alimentares estão intimamente relacionados

(FAUPEL et al., 2014). As pessoas compram de acordo com suas preferências, gostos e estilo

de vida.

Existem robustas evidências de que a dieta está relacionada a doenças crônicas não-

transmissíveis como problemas cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC), obesidade,

diabetes e câncer (LOPEZ et al., 2006; ASTRUP, 2001; KROMHOUT et al., 2002; WHO,

2010). A estimativa é de que aproximadamente 30% dos casos de câncer sejam causados pela

má alimentação. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2010

aproximadamente 1,6 bilhões de adultos estavam com sobrepeso e mais de 400 milhões

obesos. No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2011 indicou que

48,5% da população está acima do peso. Este excesso de peso gera um problema de saúde

pública, pois desencadeia outros problemas tal como a depressão, desordens respiratórias,

problemas do sono e limitações funcionais, gerando bilhões em investimentos dos governos.

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Sal, açúcar, gorduras saturadas e gorduras trans consumidos em excesso são os principais

responsáveis por este cenário.

Diante disso, há uma recomendação da OMS para que as indústrias reduzam os níveis

destes componentes na formulação dos alimentos e informem mais claramente sobre a

composição dos alimentos. Há, também, um interesse das empresas que contam com

alimentos saudáveis em seu mix de produtos de destacar tais diferenciais nos rótulos e

também em toda a comunicação sobre o produto (anúncios, sites, redes sociais, ações em

pontos de venda e/ou eventos) e até mesmo de lançar opções com tais características. E há,

cada vez mais, uma preocupação do consumidor em promover um estilo de vida mais

saudável e escolher alimentos mais saudáveis (CHRYSOCHOU, 2010; SIRÓ et al., 2008;

VERBEKE, 2005; MARCHI et al., 2016).

A percepção dos consumidores sobre a saudabilidade dos alimentos pode ser

considerada como um dos principais determinantes dos padrões de comportamento alimentar

(PROVENCHER, POLIVY E HERMAN, 2009). Durante o processo de avaliação para

conseqüente escolha dos alimentos, o uso das informações da embalagem é afetado pela

atitude nutricional dos consumidores, que avalia qual a utilidade do alimento em sua dieta.

(SHINE; O’REILLY; O’SULLIVAN, 1997; FEICK; HERRMANN; WARLAND, 1986).

Conforme suas necessidades alimentares, os consumidores buscam por nutrientes específicos

nos rótulos dos alimentos (BENDER; DERBY, 1992). Quanto maior o nível de conhecimento

nutricional, maior a busca por informações nas embalagens (MOORMAN e MATULICH,

1993; GUTHRIE et al.,1995; SZYKMAN, BLOOM e LEVY, 1997; KIM, NAYGA e

CAPPS, 2001).

4.2 EFEITOS DAS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS NA AVALIAÇÃO DE COMPRA

DO CONSUMIDOR

A informação no rótulo, especialmente aquelas relacionadas a propriedades

nutricionais, podem levar o consumidor a escolhas mais saudáveis (DRICHOUTIS et al.,

2007; BARREIRO-HURLÈ et al., 2010; COWBURN & STOCKLEY, 2005).

Mantimentos são comprados com freqüência e de forma impulsiva. O processo é feito

rapidamente e impulsivamente, ou seja, produtos já conhecidos são frequentemente

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recomprados e decisões são feitas geralmente sem muito esforço de comparação (KOTLER e

BLIEMEL, 1995; KROEBER-RIEL et al. 2009).

Os atributos que mais comumente influenciam as escolhas dos consumidores são a

marca e o preço. De acordo com estudos empíricos de Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005) e

Fearne et al. (2001), os consumidores que atribuem grande importância ao preço são menos

propensas a utilizar a informação nutricional e alegações relacionadas a garantia de qualidade.

Famílias com crianças normalmente consideram a marca como um fator importante no

processo de compra e tendem a prestar mais atenção na qualidade do alimento do que no

preço (REVOREDO-GIHA et al., 2011 apud BANTERLE, CAVALIERE e RICCI, 2013).

Em geral, os consumidores encontram utilidade nos rótulos nutricionais (KLOPP e

MACDONALD, 1981; HAWTHORNE et al., 2006; BYRD-BREDBENNER; WONG &

COTTEE 2000; VERBEKE et al., 2007), embora alguns relatem um desejo por uma forma

mais simples de apresentação das informações (HEIMBACH e ORWIN, 1984; CRAWFORD

e BAGHURST, 1990; BITZIOS et al., 2011), como é o caso dos consumidores nos Estados

Unidos e Austrália, que têm dificuldade de entender e interpretar a informação devido a

utilização de uma linguagem mais técnica por parte dos fabricantes.

O conhecimento nutricional está positivamente relacionado ao uso do rótulo, ou seja,

os consumidores que tem mais conhecimento sobre propriedades nutricionais são mais

propensos a consultar as informações presentes nos rótulos das embalagens (DRICHOUTIS,

LAZARIDIS E NAYGA, 2006; CAVALIERE, DE MARCHI e BANTERLE, 2015). Os

consumidores têm menos interesse nas informações nutricionais de produtos indulgentes

(Directorate General for Health & Consumer Protection, 2005 apud GRUNERT, WILLS e

FERNÁNDEZ-CELEMÍN, 2010).

Segundo Higginson et al. (2002b), mesmo quando os consumidores procuram por

opções saudáveis, o ‘uso’ da rotulagem nutricional muitas vezes envolve simplesmente olhar

para as informações disponíveis, sem processá-las. Parece que essa falta de atenção pode ser

um importante gargalo no contexto das informações nutricionais nas embalagens de alimentos

(VAN TRIJP, 2009). As evidências encontradas nos resultados da pesquisa feita por Campos,

Doxey e Hammond (2011) mostraram uma relação consistente entre o uso da rotulagem

nutricional e dietas mais saudáveis. A causa natural desta associação é bidirecional: a

rotulagem nutricional pode promover dietas mais saudáveis, enquanto que indivíduos com

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dietas mais saudáveis são mais propensos a procurar pelas informações nutricionais nos

rótulos.

Com a ascensão dos supermercados ao posto de um dos mais importantes canais de

distribuição de auto-serviço, a embalagem ganha maior importância, ao adquirir o papel de

vendedor silencioso (GURGEL, 2007). Ela representa todo o esforço de marketing: simboliza

o produto como um todo, por ser o objeto visual e tangível que representa o que está se

tentando vender (GERSHMAN, 1987). Novos conceitos e significados são originados a partir

da troca de mensagem entre produtor/produto/consumidor, que dão origem a reações

positivas, caso o conjunto de informações contidas nas embalagens se apresente de maneira

clara, objetiva e ao alcance do entendimento do consumidor (BORDENAVE, 2002). É através

do contato entre o comprador e a embalagem que as informações que a empresa fabricante

deseja transmitir têm a oportunidade de comunicar e impactar o consumidor para uma

percepção positiva que irá gerar a compra.

Segundo Chernatony (1991), o consumidor faz pouca pesquisa externa em busca de

informações adicionais. Enquanto compram, os consumidores ativam a memória para indicar

quais produtos conhecem e que informações são relevantes. De toda a informação disponível

no ponto de venda, Jacoby, Speller e Kohn (1974) detectaram que os consumidores não

prestam atenção em mais do que cinco atributos do produto, o que representa apenas 2% da

informação disponível. Estudos indicam que quanto mais tempo o consumidor gasta

escolhendo um novo produto, mais eles estão propensos a consultar as informações nos

rótulos (CAVALIERE, DE MARCHI e BANTERLE, 2015b). Ou seja, quando os

consumidores não experimentam restrição de tempo, eles estão mais dispostos a obter

informações através de rótulos e a selecionar os produtos que estão mais de acordo com suas

preferências.

Segundo o Departamento de Ciências da Saúde, o rótulo é o instrumento mais

importante para promover hábitos alimentares saudáveis, pois fornece aos consumidores

informações sobre o alimento no momento da compra. As informações nutricionais no rótulo

são, segundo o Departamento de Biociência da Faculdade de Ciência da Universidade de

Mauritius, uma ferramenta atrativa porque ao mesmo tempo em que apoia o objetivo de

comer saudavelmente, os consumidores mantêm sua liberdade de escolha. Segundo Santos e

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Castro (1998), a embalagem cria uma imagem para a marca, posiciona o produto frente aos

concorrentes e pode contribuir com o aumento do lucro. Portanto, rótulo e embalagem

fornecem grande vantagem competitiva por representarem um fator de diferenciação entre

produtos semelhantes. Mas não basta que os consumidores apenas observem e processem as

informações nutricionais contidas no rótulo, eles também precisam compreender essas

informações (HERPEN e TRIJP, 2011).

FIGURA 1 – Estrutura conceitual - Adaptação Modelo da Hierarquia dos Efeitos

Fonte: Grunert, Will e Fernández-Celemín , 2010

De acordo com Grunert, Wills e Fernández-Celemín (2010), a fim de que as

informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos tenham qualquer efeito, os

consumidores devem ser expostos a elas e devem estar cientes delas. O efeito será então

mediado pela compreensão do consumidor, que por sua vez será afetada pelo conhecimento

nutricional do próprio consumidor. Baseado no seu conhecimento, consumidores devem então

usar as informações da embalagem para fazer inferência sobre a saudabilidade do produto, o

qual junto com outras informações (por exemplo, sobre o sabor do produto) pode afetar a

avaliação e eventualmente a decisão de compra em relação ao produto.

A escolha dos alimentos tem melhores resultados quando são fornecidas informações

sobre nutrição (DAVANÇO; TADDEI; GAGLIANONE, 2004). Quanto mais bem

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informados e conscientes sobre suas necessidades pessoais, bem como em relação ao

benefício dos nutrientes e ingredientes de um alimento, melhor se dará a escolha por parte do

consumidor.

4.3 EMBALAGENS E A COMUNICAÇÃO EMPRESA-CONSUMIDOR

Segundo Ferreira (2007, p.768), embalagens são invólucros ou recipientes usados para

acondicionar mercadorias ou objetos em pacotes, fardos ou caixas, a fim de protegê-los de

risco e/ou facilitar o seu transporte. Entretanto, o papel de uma embalagem hoje vai muito

além do descrito pelo dicionário. É essencial que praticidade e conveniência sejam

combinadas com um impacto visual atraente e integrado ao cenário do ponto de venda

(PETERS, 1998; NANCARROW; WRIGHT; BRACE, 1998; SILAYOI; SPEECE, 2007).

As embalagens vêm ganhando mais importância para consumidores e compradores,

pois é onde se busca informações sobre o produto no momento da compra, o que torna

embalagem e rótulo veículos de comunicação e persuasão do cliente, assumindo um papel

similar a outros elementos de comunicação de marketing (RETTIE; BREWER, 2000;

SILAYOI; SPEECE, 2007).

As embalagens trazem informações como descrição do produto, composição, peso

líquido, modo de preparo e validade, além da tabela nutricional. A tabela nutricional fornece

tamanho da porção, peso dos nutrientes (gorduras, carboidratos, proteínas, vitaminas) por

porção e percentual diário recomendado, o que nem sempre é compreendido pelos

consumidores (BONE; FRANCE, 2009; KELLER et al., 1997; ROE et al., 1999).

O Ministério da Saúde do Brasil conta com o ‘Manual de orientação aos Consumidores’

com o objetivo de educar a população brasileira para um consumo mais saudável, aumentando

o conhecimento nutricional e facilitando a leitura e compreensão dos rótulos das embalagens.

Dentre outras informações, conta com o significado dos itens da tabela de informação

nutricional dos rótulos, conforme segue:

Valor Energético: é a energia produzida pelo nosso corpo proveniente dos carboidratos,

proteínas e gorduras totais. Na rotulagem nutricional o valor energético é expresso em forma

de quilocalorias (kcal) e quilojoules (kJ).

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Carboidratos: são os componentes dos alimentos cuja principal função é fornecer a energia

para as células do corpo, principalmente do cérebro.

Proteínas: são componentes dos alimentos necessários para construção e manutenção dos

nossos órgãos, tecidos e células.

Gorduras Totais: as gorduras são as principais fontes de energia do corpo e ajudam na

absorção das vitaminas A, D, E e K. As gorduras totais referem-se à soma de todos os tipos de

gorduras encontradas em um alimento, tanto de origem animal quanto de origem vegetal.

Gorduras Saturadas: tipo de gordura presente em alimentos de origem animal. O consumo

desse tipo de gordura deve ser moderado porque, quando consumido em grandes quantidades,

pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do coração.

Gorduras Trans: tipo de gordura encontrada em grandes quantidades em alimentos

industrializados. O consumo desse tipo de gordura deve ser muito reduzido, considerando que

o nosso organismo não necessita desse tipo de gordura e ainda porque, quando consumido em

grandes quantidades, pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do coração.

Fibra Alimentar: está presente em diversos tipos de alimentos de origem vegetal, como

frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais. A ingestão de fibras auxilia no funcionamento

do intestino.

Sódio: está presente no sal de cozinha e alimentos industrializados (salgadinhos de pacote,

molhos prontos, embutidos, produtos enlatados com salmoura) devendo ser consumido com

moderação uma vez que o seu consumo excessivo pode levar ao aumento da pressão arterial.

De acordo com Kotler e Keller (2006) uma embalagem eficaz deve atingir os

seguintes objetivos: identificar a marca; transmitir informações descritivas e persuasivas;

facilitar o transporte e a proteção do produto; fornecer orientações sobre o armazenamento em

casa; e fornecer orientações sobre o consumo do produto.

Porém, para ser eficaz no atingimento de tais objetivos, além do cuidado com as

informações textuais, a embalagem passou a se apresentar em diferentes materiais, formas e

modelos, o que permitiu um relacionamento mais próximo entre o consumidor e o fabricante

(SANTOS; CASTRO, 1998; GURGEL, 2007). Através das embalagens, as empresas

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transmitem não apenas informações sobre o produto, mas também sobre a identidade e o

posicionamento da marca. Essa personalidade assumida pelas embalagens atrai consumidores

que se identificam com elas, tanto devido a atributos estéticos como também à tentativa

inconsciente de facilitar decisões.

Estes mecanismos intuitivos visando à facilitação da decisão são chamados de processos

heurísticos. Shah e Oppenheimer (2008) colocam que o termo "heurística" foi usado para

descrever quase tudo nas pesquisas ao longo dos anos, transformando-o num termo vago. Os

autores definem a heurística segundo as palavras de Simon (1990), considerado o pai da

pesquisa sobre heurística em tomada de decisão, como “os métodos para se chegar a soluções

satisfatórias com modestas quantias de 'computação'” (SHAH e OPPENHEIMER, 2008, p.

207). Payne (1993) também sugeriu que os indivíduos buscam reduzir seu esforço cognitivo

o máximo possível, através de atalhos mentais para minimizar esforços, reduzir o tempo de

escolha e facilitar a decisão. Em pesquisa realizada em 1988 por Payne, Bettman e Johnson a

pressão de tempo é incluída como fator desencadeador dos processos heurísticos. Ou seja,

com o tempo reduzido, o sujeito estaria mais propenso a utilizar estes atalhos mentais, a fim

de cumprir sua tarefa e deixar de sofrer a pressão referida.

Segundo Shah e Oppenheimer (2008), os recursos utilizados pelos indivíduos não são

ilimitados, fazendo com que as pessoas operem não só com as limitações do ambiente, mas

também com as suas próprias. A partir disso, os autores postulam cinco razões a partir das

quais o cérebro pode optar por processos heurísticos: examinar menos pistas do ambiente ou

da situação; reduzir a dificuldade associada com a recuperação e o armazenamento dos

valores das pistas; simplificar a importância dos princípios das pistas; integrar menos

informação; e, por fim, examinar menos alternativas.

4.4 ROTULAGEM NUTRICIONAL

A rotulagem nutricional educa os consumidores sobre o que eles estão comprando e

comendo e também contribui para que seja feita uma escolha mais segura.

Feick et al. (1986) e Wandel (1997) já sinalizavam que a informação contida no rótulo

vinha ganhando grande importância como fonte de informação sobre o alimento. Estudos

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feitos em 1997 por Wandel, já indicavam que os consumidores não estão satisfeitos com a

informação que recebem no ponto de venda.

O estudo de Kasapila e Shawa (2011) indicou baixo uso e baixa compreensão da

rotulagem nutricional entre os consumidores. Segundo os autores, os consumidores não estão

familiarizados com a linguagem e as terminologias utilizadas, o que aponta para a necessidade

de educação nutricional e a utilização de sistemas de informação mais ‘simpáticos’.

As informações nutricionais no rótulo podem afetar o comportamento de compra dos

consumidores de forma significativa porque, segundo algumas evidências revelam, prestar

informações nutricionais pode permitir que os consumidores mudem o comportamento de

consumo de produtos ‘não saudáveis’ para produtos considerados ‘saudáveis’ mais facilmente

(ZARKIN e ANDERSON, 2002) e também que avaliem de forma fundamentada o valor dos

produtos (APO, 2002). Além disso, na prática, a informação nutricional fornecida na

embalagem pode ser a única fonte de informação disponível ao consumidor no ponto de

venda, por isso é importante que ele esteja apto a compreender e utilizar essa informação para

guiar a escolha de alimentos.

Compreender a informação nutricional fornecida no rótulo implica que os compradores

reconheçam e saibam o que cada termo nutricional e unidade de medida significam; e que eles

compreendam as relações entre diferentes nutrientes e o papel de cada nutriente para o

organismo e para uma alimentação saudável. Usar a informação fornecida sugere que o

consumidor pode encontrar a tabela nutricional, olhar e ler ela, e que está apto a interpretar as

informações de forma a tomar uma série de decisões sobre a compra do alimento

(BORGMEIER e WESTENHOEFER, 2009).

Pesquisas indicam que muitos consumidores têm dificuldade com informações

quantitativas presentes nos rótulos, especialmente com relação à quantidade diária

recomendada, percentual dos valores diários, quantidade por porção e outras formas de

informação quantitativa na embalagem (SHINE O´REILLY e O´SULLIVAN, 1997;

ROTHMAN, HOUSAM, WEISS et al., 2006; HAWTHORNE, MORELAND, GRIFFIN et

al., 2006; MISRA, 2007; LEVY, FEIN e SCHUCKER, 1992). Estudos têm reportado mais

eficácia em rótulos que usam gráficos e símbolos e em rótulos com o mínimo conteúdo

numérico.

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Segundo Kotler e Keller (2006) o rótulo desempenha diversas funções: identifica o

produto ou a marca, classifica, descreve o produto (quem o fez e como usá-lo com segurança)

e o promove (com cores e ilustrações que atraiam o comprador). Por isso, rótulo e embalagem

podem oferecer grande vantagem competitiva, ao estabelecer um diferencial entre vários

produtos da mesma categoria.

No Brasil, o uso de informações nutricionais obrigatórias nos rótulos de alimentos e

bebidas foi regulamentado em 2001. Estudos nesta área ainda são recentes no país

(CASOTTI; THIOLLENT, 1997; CASOTTI, 1999; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003;

SOUZA; BARBOSA; TEIXEIRA, 2006), havendo a necessidade de explorar o assunto com

maior atenção. Já nos Estados Unidos, alega-se que os rótulos nutricionais e alegações de

saúde em alimentos têm o potencial de contribuir para a melhoria da saúde pública, ajudando

os consumidores a fazer escolhas alimentares mais bem informados. Por isso, eles acreditam

que permitir que as indústrias de alimentos utilizem reivindicações verdadeiras sobre

benefícios dos produtos pode beneficiar os consumidores e aumentar a pressão competitiva

para comercializar alimentos com características mais nutritivas (MATHIOS, 1998).

Os rótulos, e os painéis frontais das embalagens em particular, são considerados uma

importante ferramenta para ajudar os consumidores a fazerem escolhas mais saudáveis (EC.,

2008). A eficácia dos rótulos nutricionais continua a ser pesquisada, porque a rotulagem

nutricional não pode ser totalmente bem sucedida até que os consumidores sejam ensinados

sobre como usá-la, e que orientações sobre informações nutricionais sejam incluídas na

legislação (SHINE, O´REILLY e O´SULLIVAN, 1997; HIGGINSON et al., 2002). A

atenção às informações nutricionais no rótulo depende dos objetivos e das limitações de

recurso que os consumidores enfrentam (HERPERN e TRIJP, 2011). Mesmo que o fabricante

prefira um rótulo simples, a lei pode exigir informações adicionais (KOTLER e KELLER,

2006).

Por outro lado, estudos sugerem que, na avaliação do produto, os consumidores

confiam mais na tabela nutricional do que nos claims do painel frontal (KELLER et al., 1997)

e afirmam que os claims não afetam as crenças gerais em relação ao quão nutritivo um

produto é (FORD et al., 1996; KELLER et al., 1997). Tais conclusões, segundo Keller et al.

(1997), não podem ser consideradas para todos os consumidores ou para todos os tipos de

claims. Alguns consumidores podem não ter vontade ou habilidade suficiente para processar

informações nutricionais detalhadas e podem ser influenciados significativamente por claims

no painel frontal da embalagem. Estudos indicam estatisticamente que há uma relação

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significativa entre conhecimento nutricional e uso das informações nutricionais contidas no

rótulo. Indivíduos com maior conhecimento nutricional consultam com mais frequência as

informações nas embalagens do que aqueles com razoável ou pouquíssimo conhecimento

nutricional (CANNOOSAMY, PUGO-GUNSAM e JEEWON, 2014).

De acordo com os resultados de um estudo feito por Cavaliere, De Marchi e Banterle

(2015b) embora a rotulagem nutricional seja eficaz em aumentar a transparência do mercado,

essa ferramenta pode não ser eficaz para mudar os padrões de consumo dos consumidores

com baixa orientação para a saúde.

A legislação para a informação dos rótulos de alimentos tem o objetivo de evitar

comportamentos oportunistas das indústrias fabricantes (BANTERLE, CAVALIERE E

RICCI, 2013). Nos Estados Unidos, o Food and Drug Administration (FDA) exigiu que os

fabricantes de alimentos processados incluíssem rotulagem nutricional que destacasse

claramente a quantidade de proteínas, gorduras, carboidratos e calorias contidas nos produtos,

assim como a quantidade de vitaminas e minerais com uma porcentagem da cota diária

recomendada (ORENSTEIN, 2003). Este mesmo órgão tomou a iniciativa de controlar

sinalizações relativas à saúde em rótulos de produtos alimentícios, movendo ações contra a

má utilização de descrições como “light”, “mais fibras” e “menos gordura” (KOTLER e

KELLER, 2006).

No Brasil, o principal órgão regulador é o Ministério da Saúde, que, através da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) elabora as legislações pertinentes à

rotulagem nutricional, realiza a inspeção dos alimentos embalados e ainda desenvolve

atividades que visam à orientação nutricional da população (FERREIRA; LANFER-

MARQUEZ, 2007). O artigo 8º da Lei n. 9782/99 atribui à ANVISA a competência de

regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde

pública, dentre eles, embalagens para alimentos.

A obrigatoriedade da declaração das informações nutricionais é efetiva para países

como Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Israel, Malásia, Nova Zelândia, Paraguai, Estados

Unidos e Uruguai, que contam com legislação que regulamenta as informações nutricionais

nas embalagens de alimentos. Países como Alemanha, Áustria, Chile, França, Itália e Japão

têm como obrigatórias somente informações nutricionais em produtos light, diet e com

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reduções de gordura ou açúcar. Já em países como China, Costa Rica e Venezuela apenas

alimentos com alguma propriedade funcional ou medicinal têm obrigatoriedade de contar com

as informações nutricionais (HAWKES, 2004).

Segundo o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90, art. 6), todo produto deve

trazer informações claras, precisas e em língua portuguesa, indicar prazo de validade,

ingredientes, nome e endereço do fabricante entre outros dados, assim como o número do

Serviço de Inspeção Federal (ANVISA, 2005; FERREIRA; LANFER-MARQUEZ, 2007).

Mas embora essas obrigatoriedades sejam necessárias e positivas, adicionar informações

opcionais pode significar uma ferramenta de diferenciação dos produtos para comunicar

atributos positivos aos consumidores (GOLAN et al., 2000 apud BANTERLE, CAVALIERE

e RICCI, 2013).

O papel principal dos rótulos nos alimentos é informar os consumidores e ajudar eles a

escolherem produtos. O marketing, inicialmente, focava a informação somente na marca,

preço de venda/ peso e qualidade e ofertas comerciais (CHEFTEL, 2005). Quando emergiu

um novo conceito relacionado ao direto do consumidor à informação, questões como a

segurança real e percebida das informações em relação aos ingredientes, preocupações éticas

e filosóficas (como o modo de produção, presença de determinados ingredientes, alimentos

geneticamente modificados), informação nutricional e declaração sobre a presença de

potenciais alergênicos começaram a ganhar importância.

A partir disso começaram a surgir as legislações relativas às informações constantes

nas embalagens e um grande número de mudanças industriais, de marketing e no perfil do

consumidor aumentou a importância do rótulo nutricional.

Pode-se dizer, então, que o sucesso de uma marca depende em parte da sua rotulagem

nutricional, pois ela facilita a decisão dos consumidores, atraindo-os para o produto

alimentício. No Brasil, pesquisa feita pelo Ministério da Saúde demonstrou que

aproximadamente 70% das pessoas consultam os rótulos dos alimentos no momento da

compra, porém mais da metade não compreende adequadamente o significado das

informações. Com a publicação das normas que tornam obrigatória a declaração do conteúdo

nutricional dos alimentos (rotulagem nutricional), as informações contidas nos rótulos passam

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a ser ainda mais complexas, exigindo maior habilidade do consumidor para interpretá-las e

entendê-las.

4.5 O IMPACTO DO PAINEL FRONTAL NAS DECISÕES DE COMPRA

Informações nutricionais no painel frontal das embalagens podem melhorar a precisão

de julgamentos sobre a qualidade nutricional dos alimentos e bebidas (ROBERTO, 2012a). O

objetivo geral do painel frontal é fornecer aos consumidores informações mais úteis do que as

das tabelas nutricionais tradicionais (Instituto de Medicina, 2010) e ajudar os consumidores a

tomarem suas decisões de compra mais bem informadas sobre os alimentos.

As informações que recebem destaque nos painéis frontais baseiam-se em um número

limitado de nutrientes específicos (normalmente sal, açúcar, gordura saturada e gorduras

totais) pelos quais os consumidores mostram maior interesse (BALASUBRAMANIAN e

COLE, 2002) e dos quais os efeitos negativos à saúde foram bem documentados (WHO,

2003). Os ‘leitores de rótulos’ indicam utilizar as informações nutricionais dos rótulos para

evitar certos nutrientes e para consultar a quantidade de nutrientes específicos, especialmente

gordura, calorias e açúcar.

Informações nutricionais no painel frontal das embalagens são percebidas como a

solução perfeita para resumir todo o perfil nutricional e tornar a compreensão mais fácil

(AZMAN e SAHAK, 2014). Indústrias e varejistas desenvolveram seus próprios sistemas de

informação nutricional no painel frontal utilizando diferentes metodologias, de forma a atingir

diferentes segmentos de consumo como idade, escolaridade, perfil socioeconômico etc.

Apresentar as informações nutricionais de forma clara e consistente contribui com os

consumidores na escolha do produto (VISWATHAN, 1994; BARONE et al., 1996;

VISWATHAN; HASTAK, 2002),assim como contar com mensagens saudáveis pode facilitar

o reconhecimento do alimento como uma opção saudável, contribuindo com o processo de

procura por alimentos que ofereçam melhores condições de saúde, segundo Bolton, Cohen e

Bloom (2006).

O painel frontal e a tabela nutricional representam duas fontes distintas a partir das

quais os consumidores poderão tirar informações para formar juízos e tomar decisões sobre

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um produto (ROE, LEVY e DERBY, 1999). Pesquisas mostram que os consumidores

frequentemente limitam sua busca por informações nutricionais e de saúde àquelas contidas

no painel frontal das embalagens, pois elas são mais facilmente acessadas (KALTCHEVA;

PATINO; LEVENTHAL, 2013). As informações nutricionais demonstradas na parte frontal

da embalagem são consideradas como uma das principais fontes de informação sobre a

confiabilidade de um produto alimentar (CANNOOSAMY, PUGO-GUNSAM e JEEWON,

2014), seja pela credibilidade da empresa e do produto ou pela confirmação das informações

contidas na tabela nutricional.

As informações nutricionais no rótulo podem afetar o comportamento de compra dos

consumidores de forma significativa. Algumas evidências revelam que prestar informações

nutricionais pode permitir que os consumidores mudem o comportamento de consumo de

produtos ‘não saudáveis’ para produtos considerados ‘saudáveis’ mais facilmente (ZARKIN e

ANDERSON, 2002) e permite também que os consumidores avaliem de forma fundamentada

o valor dos produtos (APO, 2002).

O pressuposto é que a tarefa de busca é mais fácil se as informações nutricionais se

destacam, com uma saliência maior do que outros estímulos informados na embalagem. Para

Bialkova e van Trijp (2010), a atenção é o mecanismo psicológico e neural que media a

seletividade perceptiva para ações cognitivas. Na literatura de comportamento do consumidor,

a atenção é o grau em que os consumidores se concentram em estímulos específicos dentro de

sua faixa de exposição (SOLOMON, BAMOSSY & ASKEGAARD, 2002) e acontece quando

o consumidor atribui a capacidade de processamento para o estímulo (GUIDO, 2001).

No contexto da informação nutricional, a atenção dirigida aos rótulos tem um

importante papel. Estudos recentes indicam que os consumidores confiam nos rótulos dos

alimentos quando eles têm uma razão específica (como identificar alimentos para

necessidades especiais), mas apenas quando eles têm estas razões (RAWSON, JANES, &

JORDAN, 2008, p.4). Para os consumidores em geral, que não seguem uma dieta especial ou

buscam algum nutriente específico, a atenção às informações nutricionais depende de ser

estimulada. E esse direcionamento da atenção é amplamente determinado pela saliência de

informações específicas dentro do campo visual (YANTIS, 2000).

Há, ainda, estudos que sugerem que os compradores podem simplesmente olhar a

informação nutricional, mas não a processam (HIGGINSON et al,, 2002(a); HIGGINSON et

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al., 2002(b); WYN, BOAZ e RAYNER, 1997). Falta de tempo, o tamanho das informações

na embalagem, falta de compreensão dos termos e preocupação sobre a precisão das

informações (credibilidade) são as razões dadas para não ler os rótulos.

Tornando visível o valor nutricional dos alimentos, as informações nutricionais nas

embalagens tornam a informação compreensível para os consumidores no momento da

escolha (VERBEKE, 2005). Através das informações nutricionais, os consumidores têm a

possibilidade de escolher melhor os alimentos que consomem o que depende, em parte, da

quantidade e qualidade de informações disponíveis através de uma variedade de fontes,

incluindo a tabela nutricional nos rótulos dos alimentos (CASWELL e PADBERG, 1999).

Fornecendo informações nutricionais no rótulo, se dá assistência ao consumidor para que ele

faça escolhas mais saudáveis (HWANG e LORENZEN, 2008; DRICHOUTIS, LAZARIDIS

E NAYGA, 2006; BANTERLE e CAVALIERE, 2009; BANTERLE e CAVALIERE, 2000;

COWBURN & STOCKLEY, 2005; ZARKIN e ANDERSON, 1992; BYRD-

BREDBENNER, WONG & COTTEE, 2000 e WADE e KENNEDY, 2010).

De acordo com um estudo feito por Black e Rayne (1992), os consumidores

consideram difícil fazer uma comparação nutricional entre diferentes produtos para identificar

o mais saudável. Costumam focar em apenas um dos ingredientes para a comparação se tornar

mais fácil. Porém, isso pode levar a uma escolha errada porque produtos com baixo teor de

gordura, por exemplo, podem conter altos índices de açúcar ou sal (AZMAN e SAHAK,

2014).

O impacto dos painéis frontais no comportamento do consumidor tem sido verificado

em pesquisas recentes, tanto em relação ao resultado nas atitudes, intenções de compra e

comportamento de consumo (CHANDON e WANSINK, 2007; STEENHUIS et al., 2010),

como também a forma de processamento, compreensão e avaliação do conteúdo nutricional

com base nas informações fornecidas no painel frontal (ROBERTO et al. 2012 a, b).

Segundo Bordenave (2002), a troca de mensagens via embalagem entre o produtor e o

consumidor permite a formação de novos conceitos e significados que, caso o conjunto de

informações contidas nas embalagens se apresente de maneira clara, objetiva e ao alcance do

entendimento do consumidor, originam reações positivas.

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Nem todas as informações nutricionais têm a mesma probabilidade de serem

consideradas na avaliação e escolha do produto. Os consumidores são mais propensos a

utilizar informações nutricionais quando elas abordam informações específicas que eles

precisam (VERBEKE, 2005) e/ou quando são apresentadas de uma forma fácil de processar

(MOORMAN, 1990; ROE et al., 1999). O modelo conceitual de Drichoutis, Lazaridis e

Nayga (2005) acrescenta outras variáveis que podem influenciar o comportamento de compra

a partir das informações nutricionais fornecidas.

Figura 2: Modelo Teórico – Fatores que afetam o uso das Informações Nutricionais

Fonte: Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005)

Conforme mostra a figura 2, variáveis como características individuais, situação, atitude

e comportamento, e conhecimento nutricional, bem como o envolvimento com a classe de

produto e a motivação são fatores que afetam diretamente o uso das informações nutricionais,

que por sua vez impactam nas decisões de compra. Este esquema demonstra a complexidade

do processo de utilização das informações nutricionais, em razão de suas muitas variáveis

intervenientes.

Muitos estudos têm mostrado que as variáveis relacionadas a diferenças de

características individuais, como consciência nutricional, motivação ao processamento da

informação nutricional, e conhecimento nutricional podem afetar a percepção do consumidor

e também o processamento e a avaliação da informação nutricional apresentada na

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embalagem do produto (ANDREWS, NETEMEYER e BURTON, 2009; BURTON, BISWAS

e NETEMEYER, 1994; KELLER et al. 1997; KEY et al. 1996, MOORMAN, 1996).

Consumidores com um interesse especial ou uma atitude positiva para dieta e saúde são os

que apresentam maior probabilidade de ler as embalagens.

Mathios e Ippolito (1998) relataram que fatores como idade, gênero e grau de

escolaridade têm impacto na leitura ou não das informações nutricionais expostas nos rótulos

dos alimentos. Estudos de Cowburn e Stockley (2005) indicam que homens são menos

propensos a ler as informações nutricionais nas embalagens. Em estudo de Andrews, Burton e

Kees (2011) o uso do rótulo foi mais prevalente entre a população feminina. Fatores

demográficos geralmente não são preditores causais em si, mas servem como representantes

para outra relação (GRUNERT, WILLS e FERNÁNDEZ-CELEMÍN,2010). Níveis sociais

mais altos podem levar a um maior interesse pela alimentação saudável e a um maior

conhecimento nutricional, por exemplo.

A motivação também é citada em estudos que afirmam que quando a motivação e o

conhecimento do consumidor são altos, ele fica mais disposto a se engajar no processo de

avaliação da informação (PETTY, UNNAVA E STRATHMAN, 1991; ANDREWS e

SHIMP, 1990). Em estudo sobre o efeito da motivação no uso da informação nutricional,

Moorman (1990) evidenciou que a motivação torna mais forte a qualidade das decisões de

compra.

Entender a motivação é entender a razão pela qual os consumidores fazem as suas

escolhas. De acordo com Solomon (2006), a motivação acontece quando o consumidor tem

uma necessidade e deseja satisfazê-la. No presente estudo, tratando de decisão parental,

vamos entender que a motivação está relacionada ao desejo dos pais de satisfazerem uma

necessidade básica de seus filhos (a alimentação), porém com a preocupação, pertinente aos

pais, de oferecer um alimento de qualidade nutricional e que agrade aos pequenos.

O tempo utilizado para fazer compras é visto por alguns pesquisadores como fator

limitante na busca por informações nutricionais (PARK, IYER, SMITH, 1989) e está, junto às

variáveis profissão e renda, entre os fatores categorizados por Drichoutis, Lazaridis e Nayga

(2005) como de situação, atitude e comportamento. Pessoas com renda mais alta e pessoas

que tem um nível de escolaridade mais alto são os que mais consultam os rótulos, segundo

pesquisas de Andrews, Burton e Kees (2011).

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Em relação ao conhecimento nutricional, estudos comprovam que a confiança nas

informações e claims nutricionais é afetada negativamente pelo conhecimento nutricional. Ou

seja, pessoas com mais conhecimento tendem a acreditar menos naquilo que está escrito na

embalagem. O conhecimento nutricional facilita a leitura e interpretação das informações

nutricionais, possibilitando que o consumidor identifique os benefícios do produto e ficando

apto a fazer sua própria avaliação sobre o mesmo. Logo, o conhecimento nutricional está

positivamente relacionado ao uso do rótulo, significando que quando os consumidores têm

mais conhecimento sobre propriedades nutricionais, ele tem mais boa vontade para usar as

informações contidas na embalagem (DRICHOUTIS, LAZARIDIS E NAYGA, 2006;

CAVALIERE, MARCHI E BANTERLE, 2015a).

O envolvimento com a classe do produto diz respeito à importância que os

consumidores depositam em alguns atributos, que pode envolver o preço ou mesmo a

composição nutricional. Segundo indica um estudo de Banterle, Cavalieri e Ricci (2013)

famílias com crianças normalmente consideram a marca como um fator importante no

processo de compra e tendem a prestar mais atenção na qualidade do alimento do que no

preço. Quando há uma restrição alimentar, como alguma intolerância ou alergia, por

exemplo, a identificação de produtos que atendam a esta necessidade está diretamente

relacionada ao envolvimento.

4.6 HEALTH CLAIMS vs NUTRITION CLAIMS

Claims são alegações, informações que criam expectativas (ou fazem com que o

consumidor forme uma hipótese) sobre a contribuição nutricional do produto. Os claims

normalmente vêm em destaque, como um ‘splash’ no painel frontal, e contêm uma

informação comunicada de forma objetiva. A tabela nutricional apresenta as informações que

confirmam ou contradizem a expectativa. Segundo a Comissão Européia de Regulação (EC)

apud Zafar et al. (2016), claim é qualquer mensagem ou representação que não é obrigatória,

incluindo representações pictóricas, gráficas ou simbólicas.

Diante de tantas opções no ponto de venda, os claims ajudam o consumidor a

economizar tempo e satisfazer a necessidade relacionada à saúde na escolha de alimentos

(SPILLER, 2011).

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Segundo Williams (2005), alegações sobre o conteúdo nutricional (nutrition claims)

destacam características específicas de um alimento, normalmente sobre a presença ou nível

de um nutriente (por exemplo: rico em fibras, reduzido teor de gordura, reduzido em sal, zero

açúcar). Já os health claims (ou alegações de saúde) são declarações que ligam os ingredientes

do alimento a um estado desejado de saúde. Para Lytton (2010), health claims são uma parte

do painel frontal da embalagem e a fonte primária de fornecimento de orientação nutricional

para o consumidor acessar a qualidade do alimento. De acordo com a ‘Codex Alimentarius

Commission’ os Health Claims são toda representação que afirma, sugere ou implica que há

uma relação entre um alimento (ou um de seus ingredientes) e saúde (ZAFAR, HASHIM e

HALIM, 2016).

Entretanto, alegações por si só não garantem o sucesso do produto. Biesalski et al.

(2011) apud Zafar et al. (2016) observaram que em alguns momentos a percepção em relação

apenas ao claim cria uma imagem positiva ou negativa e o consumidor esquece o real efeito

do item alimentar. Alguns estudiosos acreditam que os consumidores não estão aptos a

distinguir entre health claims e nutrition claims no ponto de venda (LAWSON, 2002). No

Brasil, a ANVISA não permite o uso de health claims. Segundo consta no Manual de

Orientação aos Consumidores, os rótulos dos alimentos não devem indicar que o alimento

possui propriedades medicinais ou terapêuticas ou aconselhar o seu consumo como

estimulante, para melhorar a saúde, para prevenir doenças ou com ação curativa.

A proibição, por alguns países, do uso de health claims no rótulo da embalagem de

produtos não tem prevenido a proliferação de um grande número de claims potencialmente

confusos e enganosos que podem ser interpretados pelos consumidores como uma alegação

implícita de saudabilidade (WILLIAMS, 2005). Isso pode ser visto, inclusive, no mercado

brasileiro onde diversas empresas criam símbolos com nomenclaturas próprias relativas à

composição do produto e comunicam como um diferencial exclusivo. É o caso, por exemplo,

do ‘DanRegularis’ da Danone, ‘SoyForce’ da Unilever, ‘PreBio’ e ‘ActiFibras’ da Nestlé.

Tanto as alegações nutricionais (nutritional claims) quanto às alegações de saúde (health

claims) são baseadas em fatores nutricionais e o consumidor tira proveito de ambas no ponto

de venda.

Pesquisas mostram que os consumidores frequentemente limitam sua busca de

informações nutricionais e de saúde àquelas contidas no painel frontal das embalagens, pois

elas são mais facilmente acessadas (KALTCHEVA; PATINO; LEVENTHAL, 2013). Embora

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seja a tabela nutricional que fornece os claims e outras informações utilizadas no painel

frontal, os destaques na embalagem fazem com que seja ignorada, pois a acessibilidade e

objetividade das informações parece mais simples ao comprador. As tabelas nutricionais

apresentam dados nutricionais em detalhes, mas nenhuma informação conclusiva sobre o

quão saudável o produto é (HERPEN e TRIJP, 2011).

Alegações nutricionais e de saúde tornaram-se uma forma reconhecida de comunicar

ao consumidor a saudabilidade de alimentos que contêm adição ou redução de ingredientes

(CASWELL, et al., 2003; PARKER, 2003). No caso de alimentos para fins específicos, como

restrições alimentares, por exemplo, o destaque para a ausência de determinados ingredientes

tem grande importância (como a ausência de glúten para celíacos, de lactose para intolerantes

e de açúcar para diabéticos, por exemplo). Quando os consumidores estão preocupados com

um nutriente específico, eles não examinam um único rótulo em detalhes, mas examinam os

rótulos de mais produtos (HERPEN e TRIJP, 2011).

Por isso, os profissionais de marketing estão cada vez mais atentos para explorar

adequadamente o espaço das embalagens, principalmente do painel frontal, para comunicar

informações nutricionais e alegações de saúde que vão além dos requisitos mínimos exigidos

por lei, de forma a diferenciar o produto em relação aos concorrentes e despertar a atenção e o

interesse do consumidor.

4.7 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Os consumidores de produtos alimentares embalados se deparam com uma variedade

estonteante de símbolos e ícones de nutrição nos painéis frontais das embalagens. Em geral, o

objetivo destes ‘sistemas de informação’ é ajudar os consumidores a fazer escolhas mais

saudáveis como passo na construção de uma dieta equilibrada, destacando de forma simples

informações nutricionais que são do interesse do consumidor.

A literatura conta com diversos estudos envolvendo diferentes sistemas de informação,

suas características e comparando a eficácia e aceitação. Entre os mais estudados, destaca-se:

- ‘Nutrition Keys’: apresenta em ícones a informação nutricional por porção de calorias,

gordura saturada, gorduras totais, sódio e açúcar.

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- ‘Nutrient-specific systems’: o sistema conta somente com um símbolo destacando um

nutriente específico do produto.

- ‘Food group information systems’: o sistema de informação por grupo de alimento conta,

além do símbolo, com uma informação textual a respeito do nutriente em destaque.

- ‘Guideline Daily Amounts’ (GDA): símbolo específico de nutrientes, que oferece uma

informação instantânea abrangendo os ingredientes geralmente de maior interesse para os

consumidores: valor energético, açúcares, gorduras totais, gorduras saturadas e sódio, a

quantidade por porção e o percentual de valores diários (%VD) correspondente a cada um.

Este sistema pode ser usado incluindo as cores do semáforo (‘colored traffic lights’) com a

informação do sistema GDA, as cores do semáforo com as informações do sistema GDA e

seus percentuais diários, e o traffic light monocromático com o GDA e percentuais, mas em

um tamanho menor. Este formato reduz as informações da tabela nutricional em um conjunto

de critérios nutricionais relevantes para a maioria dos consumidores e colocam a informação

na frente da embalagem onde é fácil de ver e acessar.

- ‘Traffic-Lights’ (TL): consiste em identificar por cores o índice de gordura, gordura

saturada, açúcar e sal nos produtos. As cores utilizadas são as mesmas do semáforo, por isso o

sistema leva este nome. A cor vermelha indica um alto nível do nutriente, a cor amarela indica

uma quantidade média e o verde é utilizado para sinalizar baixos índices do nutriente no

produto. Em março de 2006, a ‘Agência de Normas Alimentares dos Alimentos da União

Européia’ voluntariamente recomendou o uso do ‘traffic light’ em conjunto com o sistema

GDA.

- ‘Summary indicator systems’: é um indicador geral sobre o produto, a fim de destacá-lo

como uma opção saudável. O ‘smart choice’ é um exemplo de sistema indicador resumido.

- ‘Smart Choice’ (SC): Para que um alimento receba o símbolo de ‘escolha saudável’ ele

precisa atender aos níveis exigidos de atributos nutricionais positivos de fibras e vitaminas A

e C e não exceder os limites para atributos negativos como gordura, sódio e açúcar.

Para combater a confusão criada pela diversidade de símbolos no mercado americano, o

ícone ‘Smart Choice’ (escolha saudável) foi desenvolvido por uma ampla coligação entre

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indústrias, governo e academia e aparece em embalagens de empresas como Unilever, Kraft,

Coca-Cola, Pepsi e Kellog desde outubro de 2009 (LUPTON et al., 2010).

O ‘smart choice’ foi criado a partir de uma preocupação do FDA em relação aos sistemas

de informação utilizados, que se baseiam apenas em destacar o que é bom e não divulgar

adequadamente os componentes de um produto que pode não ser tão bom. A partir de então,

alguns produtos inclusive foram reformulados a fim de se enquadrarem nas exigências e

poderem fazer uso do símbolo (NEUMAN, 2009).

Grunert & Wills (2007) identificaram três grupos principais em relação a diretividade

no painel frontal, ou seja, o grau em que eles fornecem informações normativa sobre questões

nutricionais e de saúde: diretivos, semi-diretivos e não-diretivos. Os diretivos são aqueles que

reduzem o esforço dos consumidores, entregando a informação de forma que eles não

precisem recolher informações relevantes e nem construir uma avaliação global, pois ele já

entrega uma avaliação geral do produto (ex: ‘Health Tick’ e ‘Choices logo’). Os semi-

diretivos são os que ficam em posição intermediária no fornecimento de informação, como o

TL e o GDA colorido. Eles revelam os nutrientes chave para a percepção de saudabilidade, o

que ajuda os consumidores a identificar os principais nutrientes que eles precisam considerar,

e fornecem uma avaliação através do esquema de cores individual sobre cada nutriente chave,

mas deixa a avaliação geral por conta do consumidor. E, por fim, os não-diretivos que são

aqueles que apenas informam a quantidade de cada nutriente, como as tabelas nutricionais e o

GDA.

De forma geral, a intenção dos símbolos e ícones no painel frontal é ajudar os

consumidores a fazer escolhas melhores na construção de uma dieta balanceada, em função de

sua simplicidade e facilidade de uso (Food Standards Agency 2008, 2009b; SEBOLT 2008).

O ‘uso’ da rotulagem nutricional e dos sistemas de informação consiste em compreender a

informação e utilizá-la para tomar decisões.

A simplicidade de resumir as diversas informações nutricionais da tabela nutricional em

um indicador único para classificar produtos é um atributo altamente desejado pelos

consumidores. (LUPTON et al., 2010). Da mesma forma, pesquisas na União Européia

indicaram que os consumidores geralmente gostam e preferem o mais simples, como ícones

de escolha saudável no painel frontal (FEUNEKES et al., 2008).

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Os efeitos favoráveis de indicadores de saúde simplificadores são consistentes com

princípios heurísticos ou processamento por vias periféricas (EAGLEY e CHAIKEN, 1993;

PETTY e CACIOPPO 1986). Quando confrontados com um ambiente de decisão complexo,

pistas periféricas ou heurísticas podem reduzir o esforço necessário no processamento da

informação nutricional e permitir que o comprador faça julgamentos e avaliações baseado

nestas pistas simplificadas ou heurísticas (EAGLY e CHAIKEN, 1993 p. 330). Além disso, o

efeito halo é suscetível, na presença dos símbolos de nutrição no painel frontal, podem levar

os compradores a generalizar que o produto é mais favorável em outros elementos

nutricionais não explicitamente identificados nos símbolos do painel frontal (ROE, LEVY e

DERBY, 1999, p. 91).

Entretanto, trabalhos da Food Standards Agency, no Reino Unido, sugerem que ícones

mais complexos no painel frontal, como o ‘Multiple Traffic Lights’ – que informa percentual e

níveis de valores diários baseados no GDA – podem ajudar com a avaliação de muitos

nutrientes de um dado alimento (Food Standards Agency, 2008).

Fazer uma avaliação da qualidade do produto a partir da integração da informação da

tabela nutricional, dos nutrientes e das alegações nutricionais pode ser uma tarefa muito difícil

e, por isso, muitas vezes somente os consumidores mais experientes e mais conscientes

nutricionalmente, chamados por Andrews, Netemeyer e Burton (2009) de ‘elite da nutrição’, o

fazem. A maioria dos consumidores está disposta a usar a informação fornecida no rótulo,

porém a percepção de saudabilidade dos alimentos não depende necessariamente de

informações no rótulo (LEATHWOOD et al., 2007). Por isso, um indicador resumido,

idealmente, pode atuar como um sinal heurístico que reduz a complexidade e o ruído no

ambiente da embalagem minimizando assim o esforço do consumidor.

Há uma mistura de evidências em relação ao nível de detalhe ou complexidade da

informação preferida pelos consumidores. Alguns preferem a informação mais detalhada

(ABBOTT, 1997; HAGER et al., 2009; GEIGER, WISE, PARENT et al., 1991),

especialmente os que não são usuários de rótulos. Enquanto os usuários (leitores) preferem

menos detalhes (KLOPP & MACDONALD, 1981 apud CAMPOS, DOXEY E HAMMOND,

2011).

Rótulos simplificados têm sido usados para promover julgamentos nutricionais mais

precisos de produtos não saudáveis e melhoram o desempenho em tarefas relacionadas à

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alimentação, mesmo quando valores de referencia diária foram adicionados (LEVY &

SCHUCKER, 1992; GEIGER, WISE, PARENT et al., 1991, BURTON & ANDREWS,

1996).

Keller et al. (1997) mostraram que valores favoráveis de nutrientes tem um efeito

positivo na atitude e na intenção de compra, levando a idéia de que a presença de um sistema

de informação melhora a percepção em relação ao produto e aumenta a intenção de compra

em relação a ele.

Os consumidores também expressaram um desejo por informações nutricionais listadas

no contexto de uma dieta saudável, uma impressão maior e mais legível das informações,

termos mais simples, explicações dos termos ou nutrientes, uso de cor e uma aparência

consistente entre os rótulos (CAMPOS, DOXEY E HAMMOND, 2011).

Consumidores com maior conhecimento nutricional são mais propensos a reconhecer e

relacionar níveis favoráveis para nutrientes específicos (por exemplo, níveis muito baixos de

gordura, gordura saturada ou calorias) e eles podem ser um pouco menos propensos a

generalizar a partir de nutrientes negativos que alcançam os níveis mínimos que qualificam

como ‘altos’ no sistema TL-GDA (por exemplo, o que significa 20% do valor diário de

sódio).

No estudo de Andrews, Burton e Kees (2011) os resultados revelaram que a presença

do ícone SC levou a uma atitude mais favorável com o produto e aumentou a intenção de

compra em comparação com o TL-GDA. No estudo, o ícone resumido pode algumas vezes

agir como uma alegação de saúde implícita, a partir do qual inferências positivas podem

ocorrer por parte do consumidor.A presença do TL-GDA também tem uma influência positiva

na avaliação do consumidor sobre vários nutrientes. Talvez o resultado mais importante seja

que tanto a atitude quanto a intenção de compra para os produtos com qualquer dos sistemas

de informação (ícones nutricionais) foi significativamente mais alto do que em relação à

embalagem sem um sistema de informação.

Esses resultados sugerem um papel potencialmente favorável para qualquer informação

no painel frontal, isto é, no contexto do presente estudo, a intenção de compra aumentou

quando qualquer dos ícones nutricionais estava presente no painel frontal da embalagem. Esse

resultado suporta a usabilidade potencial dos ícones nutricionais nos painéis frontais de

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alimentos (de uma forma não enganosa) na comunicação de informações úteis para os

consumidores que precisam fazer avaliações e tomar decisões.

O sistema indicador resumido, um ícone de resumo mais simplista, permitiria que os

fabricantes posicionassem seus produtos de forma mais clara (ou o produto é uma opção

relativamente saudável ou a embalagem não contém o símbolo). Entretanto, isso pode

apresentar problemas para os consumidores e aumentar a análise dos defensores da saúde

pública e/ou agências reguladoras, se não houver critérios rígidos para o uso do ícone. Por

outro lado, o excesso de alegações na embalagem dos alimentos pode levar a uma situação de

sobrecarga de informação (WANSINK et al., 2004) o que representa uma potencial fonte de

ruído, e isso pode impedi-los de tomar decisões melhores.

Muitos consumidores acreditam que o tamanho da porção e as alegações de saúde são

enganosas e são céticos em relação à conformidade de rótulos com as leis reguladoras. A

credibilidade das alegações de saúde das indústrias alimentícias foi mal avaliada,

especialmente quando essas alegações contradizem informações nutricionais da tabela

nutricional ou composição do produto; entretanto, alegações de saúde ajudaram os

consumidores a escolher produtos mais nutritivos.

4.8 DECISÃO PARENTAL DE COMPRA

O processo de compra do consumidor, segundo Churchill Jr. e Peter (2005), envolve

cinco etapas: reconhecimento da necessidade; busca de informações; avaliação de

alternativas; decisão de compra e avaliação pós-compra. Segundo eles, esse processo sofre

três tipos de influências: as sociais, de marketing e situacionais. Apontam ainda que, quando

os consumidores percebem uma necessidade, a motivação é o impulso interior para atendê-la

(ver figura 1).

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Figura 3: Modelo de processo de compra do consumidor

Fonte: Churchill Jr. e Peter (2005)

Embora a tomada de decisão na maior parte das vezes não siga apenas critérios

racionais, pais fazem as compras para as suas famílias predominantemente seguindo o

clássico processo de tomada de decisão. Quando compram para seus filhos, os pais avaliam o

teor nutricional como o atributo mais importante, porém mesmo aqueles pertencentes a

classes sociais mais altas não sabem muito sobre os ingredientes em produtos infantis ou não

são capazes de compreender com facilidade a lista de ingredientes e sua aplicação no dia a dia

(HUGHNER e MAHER, 2006). E quando eles não sabem o que significa um ingrediente, eles

tendem a ignorar este ingrediente específico, não o levando em consideração (FAUPEL et al.,

2014). Se os pais estão buscando escolhas alimentares mais saudáveis, eles precisam estar

melhor informados. Os pais indicaram que ‘nutrição’ é o atributo mais importante quando

escolhem alimentos para seus filhos (HUGNER e MAHER, 2006). Entretanto, enquanto

muitos alimentos das crianças tendem a ser menos saudáveis, porque são mais processados

com níveis mais elevados de sódio, açúcar e/ou aditivos, pode ser que os pais percebam

saudabilidade não em termos de ausência de atributos negativos, mas sim em função de os

positivos como as vitaminas contidas estarem em destaque na embalagem.

Os resultados da pesquisa de Hughner e Maher (2006) apontaram para a necessidade

de mais educação do consumidor. Assim, ao invés de uma oportunidade de explorar os pais

desinformados, os fabricantes de alimentos têm a oportunidade de aumentar a fidelidade dos

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consumidores através do desenvolvimento de produtos alimentares que alcancem suas

percepções e façam reivindicações que não sejam enganosas.

As decisões de compra dentro da família nem sempre são o resultado da escolha

individual, mas sim, da influência dos membros da família uns nos outros (HAMILTON &

CATTERALL, 2006, p. 1032). Segundo o pesquisador de consumo Cartwright (1959), a

influência ocorre quando um indivíduo age de modo a alterar o comportamento de outro

indivíduo intencionalmente. O mercado infantil deve ser compreendido a partir de uma

evolução do papel da criança dentro da família e nessa visão os autores afirmam que a criança

pode assumir diferentes papéis, inicialmente influenciando quem está a sua volta, sendo essa

influência bastante poderosa, podendo ser direta ou indireta.

Diversos artigos comprovam que as crianças estão se tornando cada vez mais influentes

na tomada de decisão das famílias (BELCH, KRENTLER, e WILLIS-FLURRY, 2005;

LAWLOR & PROTHERO, 2011; WANG, HOLLOWAY, BEATTY, & HILL, 2007). Em

1998 pela primeira vez na nossa história, a maioria das crianças (53%) nasceu de mães

solteiras (ECKEL, 1999). Famílias monoparentais estão crescendo a uma taxa recorde. Nestas

casas monoparentais, as crianças estão estrategicamente posicionadas para terem igual

participação nas decisões familiares. Nesta “nova” família, as crianças se deparam com

tomadas de decisão cada vez mais cedo e estão assumindo papéis e responsabilidades nas

compras da família com cada vez menos idade (FLURRY, 2007). Forças sociais, mudanças

demográficas e mudanças nas atitudes dos pais têm trabalhado para aumentar o status das

crianças como um decisor ativo. Mesmo em decisões conjuntas entre membros da família nos

quais os papeis são claramente marcados, cada membro pode participar apenas parcialmente

dependendo do seu papel e do seu conhecimento. De fato, os filhos podem ter mais influência

na tomada de decisão do que nunca. Apesar disso, a participação na decisão em relação a

compras no supermercado, especialmente itens de alimentação, é menor. Os pais, em geral,

entendem que as crianças não têm conhecimento nutricional suficiente para opiniar em

relação a sua alimentação.

Embora o envolvimento dos filhos seja usualmente baixo na decisão de compra de

produtos alimentícios e mantimentos (BEHARRELL e DENISON, 1995; STRECKER et al.,

1996), quando lidamos com alimentos para crianças consideramos que este envolvimento é

diferente, pois os pais assumem para si a responsabilidade da escolha, o que difere em termos

de envolvimento com o produto do que quando a decisão é para consumo próprio.

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Em 2001, uma pesquisa de Donald e Lavelle estimou que as crianças com idade entre

2 e 12 anos influenciam indiretamente o valor de US$320 bilhões em compras domésticas,

além de US$29 bilhões em bens e serviços que eles compram com o próprio dinheiro

(mesadas). Em 2002, Hunter já apontava para o fato de que a influência dos filhos no gasto

dos pais aumentou 54% entre 1997 e 2002. Já naquele ano, as crianças influenciavam 80%

dos gastos da família com alimentação. Nos Estados Unidos, US$176 bilhões são gastos por

ano com crianças e outros US$74 bilhões são gastos levando em consideração a presença

delas (VELOSO; HILDEBRAND; CAMPOMAR, 2012).

Mas não apenas as crianças influenciam os pais, como também os pais têm influência

sobre seus filhos. Geralmente, a influência dos pais é mais forte nas primeiras fases do

desenvolvimento da criança. Mas mesmo na adolescência, quando a influência dos pares

cresce e aumenta ao longo dela, os pais seguem exercendo influência sobre seus filhos de

forma forte e muitas vezes medeiam a influência de outros agentes de socialização, como a

mídia e professores (KERRANE, HOGG e BETTANY, 2012). O estilo parental também afeta

a influência das crianças indiretamente, por meio das percepções de poder que as crianças têm

em relação a seus pais (BAO, FERN e SHENG, 2007).

Os pais desempenham um importante papel no desenvolvimento dos hábitos alimentares

de seus filhos (HUGNER e MAHER). Por isso, diante das sérias questões envolvendo saúde e

nutrição já relatadas, torna-se importante buscar compreender os fatores que influenciam as

decisões de compra dos pais e que força a rotulagem nutricional tem na busca de formar

gerações mais saudáveis.

Para fins deste estudo, a decisão parental deve ser compreendida como a decisão do pai

ou da mãe em relação ao sei filho, sem a que a criança opine no processo.

4.9 FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES

Diante de todos os pontos analisados, levantam-se as hipóteses expostas a seguir.

Compreendendo a percepção de saudabilidade como sendo a percepção, por parte do

consumidor, de um produto como saudável (COWBURN; STOCKLEY, 2004; HERPEN;

TRIJP, 2011), supõe-se que à medida que identifica um produto como uma opção saudável, o

consumidor terá maior intenção de compra em relação a ele.

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Hipótese 1: a percepção de saudabilidade é preditora da intenção de compra.

Uma informação nutricional exposta em destaque no painel frontal faz com que o

produto seja percebido como mais saudável.

Hipótese 2: a presença de um sistema de informação aumenta a percepção de saudabilidade

de um produto.

Segundo os estudos de Keller et al (2007), identificar valores favoráveis de nutrientes em

um alimento tem um efeito positivo na intenção de compra em relação a este produto, logo

chega-se a terceira hipótese.

Hipótese 3: consumidores terão maior intenção de compra em relação ao produto não

saudável quando expostos a uma embalagem que contém um sistema de informação

nutricional no painel frontal.

Embora conceitualmente a simpatia seja formada por três elementos (facilidade de

compreensão, percepção de credibilidade e gosto), propõe-se testar cada um deles

separadamente de forma a identificar se há impactos distintos de cada um em relação as

diferentes formas de apresentação da informação nutricional no painel frontal dos alimentos.

Hipótese 4: o consumidor tem mais simpatia pela embalagem com menos sistemas de

informação, ou seja, (a) considera mais fácil de compreender a embalagem com menos

informação; (b) percebe como mais confiável a embalagem com menos informação ; (c)

aprecia mais a embalagem com menos informação

Visto que alguns autores defendem que o excesso de informação pode causar ruídos e

acabar por confundir o consumidor, supõe-se que embalagens contendo menos informação

sejam percebidas como de produtos mais saudáveis e aumentem a probabilidade de compra.

Hipótese 5: (a) percebe como mais saudável a embalagem com menos informação e (b) tem

maior probabilidade de comprar um produto com menos sistemas de informação na

embalagem.

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5. MÉTODO DE PESQUISA

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos adotados para o

desenvolvimento da pesquisa desta dissertação, e visa alcançar o objetivo proposto de avaliar

o impacto de diferentes formas de apresentação da informação nutricional na embalagem de

alimentos na percepção de saudabilidade e na decisão parental de compra.

Quanto aos fins, pode-se dizer que a presente pesquisa é descritiva. Esse tipo de

estudo, de acordo com Gil (1999), tem como objetivo a descrição das características de

população e sua relação entre variáveis analisadas.

Quanto aos meios de investigação, foi realizada uma pesquisa tipo survey junto a pais

de crianças com idades entre 2 e 12 anos de forma a analisar as questões sobre a perspectiva

parental. A escolha da idade das crianças está embasada na idade do processo de

desenvolvimento descrito por Le Bigot e citado por Karsaklian (2000), que destaca as

primeiras solicitações da criança a partir de 02 anos de idade, e se limita aos 12 anos tendo em

vista o Estatuto da Criança e do Adolescente, que considera o ano que a infância se encerra.

Sobre a análise dos métodos quantitativos e qualitativos, Bardin (2006) explica que o

método quantitativo obtém dados descritivos através de estatísticas, sendo a análise mais fiel e

exata.

Em relação ao locus do estudo, a pesquisa foi realizada em ambiente online através do

software Qualtrics.

Esta pesquisa se caracteriza como quantitativa e online. Segundo Sampieri (2006), “o

enfoque quantitativo usa a coleta de dados para testar hipóteses com base na medição

numérica e na análise estatística para estabelecer padrões de comportamento”.

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5.1 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA

Para a elaboração do instrumento de coleta (Apêndice B), considerou-se a estrutura de

questionário dos estudos de Kaltcheva, Patino e Leventhal (2013), nos Estados Unidos,

Feunekes et al. (2008), na Holanda, Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005), na Grécia,

Mannell et al. (2006), na França, Jenkens (1979) e Hughner e Maher (2006), nos Estados

Unidos, e Giehl (2008), no Brasil. Assim, o instrumento de coleta ficou dividido em blocos

contemplando as seguintes variáveis: importância das informações nutricionais, conhecimento

nutricional, percepção de saudabilidade, simpatia do consumidor, atitude em relação aos

sistemas de informação, intenção de compra e características individuais.

No primeiro bloco, os pais respondentes foram solicitados a responder sobre a

freqüência com que verificam as informações nutricionais nos rótulos de diferentes alimentos.

Foram listadas oito categorias, entre as quais as de foco do estudo (cereais matinais e

biscoitos). Para cada uma delas, os respondentes deveriam indicar em um grau de 1 (nunca) a

5 (sempre) a freqüência com que verificam as informações nutricionais no rótulo destes

alimentos.

Na sequência, foram apresentadas quatro afirmações sobre as quais os pais deveriam

indicar o quanto concordavam ou discordavam de cada uma delas. As afirmações incluíam

questões sobre conhecimento nutricional, opinião dos filhos e percepção de saudabilidade.

Para todas elas, os pais deveriam indicar o grau de concordância entre 1 (discordo totalmente)

e 5 (concordo totalmente).

Em relação à percepção de saudabilidade, três questões foram incluídas: em relação a

categoria de produto (biscoitos recheados e cereais matinais), recém mencionada, sobre os

produtos escolhidos para análise neste estudo (Nescau Cereal e Biscoito Passatempo) e em

relação a marca Nestlé, visto que coincidentemente ambos os produtos são da mesma empresa

fabricante. As questões foram distribuídas ao longo do questionário, até o penúltimo bloco de

perguntas, quando as embalagens foram apresentadas. As duas últimas com escalas de 1 a 5,

onde 1 significava ‘nada saudável’ e 5 significava ‘extremamente saudável’.

A escolha dos cereais matinais se deu de ser a categoria de alimentos mais comumente

observada em estudos sobre informações nutricionais (LALOR et al., 2010; PRAVST et al,

2013; ZAFAR, HASHIM e HALIM, 2016). Já que a idéia é verificar as percepções no cenário

brasileiro em comparação ao já encontrado nos estudos realizados nos Estados Unidos e na

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Europa, definiu-se por utilizar esta categoria de produto e investigar se os brasileiros também

percebem cereais como alimentos saudáveis, assim como nos demais países.

A ideia de contrapor com um produto não-saudável buscou os produtos adequados em

uma pesquisa qualitativa por conveniência, com amostra de 12 mães, um alimento que elas

compram para seus filhos embora saibam que não é saudável. O biscoito Passatempo foi

indicado pela maioria das mães abordadas e a marca Nescau para a categoria cereais matinais

foi definida da mesma forma. A utilização de produtos da mesma marca serve também para

anular o efeito de marca. O uso de produtos reais para o teste traz realismo à pesquisa.

O questionário então apresentava uma lista de informações nutricionais os

respondentes foram convidados a indicar seu entendimento a respeito de cada uma das

informações, utilizando uma escala de 5 pontos variando de “nenhum entendimento” a “total

entendimento”. A lista de informações nutricionais respeitou o conjunto de itens obrigatórios

da ANVISA (valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras saturadas, gorduras trans e

sódio) e também contou com informações opcionais escolhidas de acordo com aquelas

condizentes com os produtos em análise (rico em cálcio, ferro, fonte de zinco, cereal integral,

fonte de fibras). Tanto as informações opcionais quanto as obrigatórias foram consideradas de

forma a avaliar quais são mais relevantes para os consumidores.

O bloco seguinte incluiu questões para identificar a relevância das informações

nutricionais na intenção de compra, perguntas sobre a fonte mais utilizada para buscar

informações sobre saúde e nutrição (nutricionista, médico, revistas, jornais, internet, rádio,

televisão, rótulos/embalagens de alimentos), momento de consulta às informações nutricionais

contidas nas embalagens (compra ou preparo), relevância da informação nutricional na

decisão de compra e importância das informações nutricionais.

Para identificar a importância atribuída a cada uma das informações nutricionais

dispostas no primeiro bloco (e poder comparar o entendimento e a importância de cada uma

delas), os respondentes deveriam utilizar uma escala de 5 pontos, desde “nada importante” a

“muito importante”.

A atitude geral dos pais para com os símbolos de saúde foi medida seguindo modelo

utilizado nos estudos de Silva (2003), Monteiro, Coutinho e Recine (2005), Mannell et al.

(2006) e Kaltcheva, Patino e Leventhal (2013). Os pais foram questionados sobre suas

percepções gerais em relação as informações nutricionais e sua forma de exposição nas

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embalagens dos alimentos através de diferentes adjetivos indicando extremos de percepção:

confusas/claras; de difícil leitura/ de fácil leitura; inúteis/úteis; ruins/boas;

irrelevantes/relevantes. Para cada um dos pares de adjetivos extremos, os pais respondentes

deveriam indicar em uma escala de 1 a 5 qual direção é mais condizente com suas percepções

sobre as informações nutricionais nas embalagens de forma geral.

Já no terceiro bloco, para verificar a percepção de saudabilidade, a simpatia e a

intenção de compra dos pais em relação a cada um dos sistemas de informação foram

apresentadas sete diferentes embalagens (quatro do Nescau Cereal e três do biscoito

Passatempo). As embalagens foram apresentadas de forma randômica, para tirar o

ordenamento e não criar efeito de demanda.

Para aumentar o realismo da pesquisa, ela foi feita usando embalagens de produtos

reais, encontrados no mercado (BIALKOVA E VAN TRIJP, 2010). As imagens das

embalagens foram manipuladas para que apresentassem total ou parcialmente as informações

nutricionais originalmente expressas em suas respectivas embalagens reais.

Para o produto Nescau Cereal foram apresentadas embalagens com os seguintes

sistemas de informação:

- GDA (Guide Dayly Amount): sistema que apresenta a quantidade e %VD correspondentes

ao valor energético, açúcares, gorduras totais, gorduras saturadas e sódio, contidos no

produto.

- Nutrition Claims: informações textuais destacando características da composição

nutricional.

- ‘Sistema de informação por grupo de alimento’: indica um diferencial de nutrição, utilizando

um símbolo acompanhado de uma informação relativa a ele, no caso ‘selo de garantia: cereal

integral’.

- ALL: intitulou-se ‘all’ a embalagem ‘completa’ com os três sistemas de informação descritos

acima.

Já para o biscoito Passatempo foram apresentadas três versões da embalagem:

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- Nutrition Claims: informações textuais destacando características da composição

nutricional.

- GDA (Guide Dayly Amount): sistema que apresenta a quantidade e %VD correspondentes

ao valor energético, açúcares, gorduras totais, gorduras saturadas e sódio, contidos no

produto.

- ALL: foi intitulada de ‘ALL’ a embalagem contendo ambos os sistemas anteriormente

explicados (GDA e informação textual).

No biscoito Passatempo não foi aplicado o sistema de informação por grupo de

alimento em função das características do mesmo, que neste estudo aplicado no Brasil,

visando a análise coerente com o mercado brasileiro, compreende uma mescla entre o que

Kaltcheva, Patino e Leventhal chamam de ‘sistema indicador resumido’ e que só deve ser

utilizado em produtos considerados saudáveis, visto que tem por objetivo identificar

alimentos que atendem a exigências nutricionais.

O estudo de Bialkova, Grunert e van Trijp (2013) abordou o paradigma de pesquisa

visual e contribuiu com resultados de grande valia gerencial, indicando que a captura da

atenção do consumidor é melhor e a performance é mais rápida em embalagens que contam

com o sistema monocromático, visto que o processamento de informações em diferentes cores

exige um tempo extra, pois envolve mais uma região cerebral, especialmente em relação ao

sistema GDA. Diante disso, nesse estudo utilizaremos o GDA monocromático para efeitos de

análise. Para que a posição dos sistemas de informação no rótulo não tenha interferência nas

percepções sobre cada uma das diferentes formas de apresentação, optou-se por aplicar

sempre no topo da embalagem. Isso, em acordo com orientações resultantes dos estudos de

Bialkova e van Trijp (2010) e Bialkova, Grunert e van Trijp (2013) que concluem que a

atenção é capturada mais rápido quando a informação está posicionada na parte superior do

rótulo.

Para cada uma das sete embalagens as mesmas questões eram apresentadas seguindo a

mesma ordem. Os pais foram informados que seriam apresentadas sete embalagens e que as

perguntas seguintes seriam baseadas em cada uma destas, que, por isso, deveriam ser

atentamente analisadas.

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A primeira questão, para cada uma das sete embalagens, era relativa à intenção de

compra, quando os pais foram questionados sobre a probabilidade de comprar o produto com

a embalagem em questão em sua próxima ida ao supermercado. As respostas foram indicadas

em uma escala de 5 pontos, de “muito improvável” a “muito provável”. Esta técnica seguiu o

padrão utilizado em outros estudos empíricos a fim de mensurar a intenção de compra para

diferentes configurações de produtos, tais como Burton e Pearse (2002), Onyango, Nayga e

Schilling (2004), Baker e Mazzocco (2005), Sen, Bhattacharya e Korshun (2006), Giehl

(2008) e Andrews, Burton e Kees (2011).

Logo após, os respondentes indicavam a percepção de saudabilidade em relação ao

produto, com a embalagem em questão, em uma escala entre ‘nada saudável’ e ‘extremamente

saudável’, seguindo modelo utilizado por Feunekes et al. (2008).

Registra-se que o questionário continha duas questões balizadoras, apresentadas

anteriormente, sobre a percepção de saudabilidade dos pais em relação a cereais matinais e a

biscoitos recheados, bem como em relação aos produtos específicos aqui apresentados. Tais

questões tiveram o objetivo de registrar a percepção de saudabilidade dos pais em relação as

categorias e aos produtos em análise sem a visão dos respectivos rótulos para posterior

comparação.

Por fim, a simpatia do consumidor em relação a cada um dos sistemas de informação

foi medida através das variáveis compreensão, credibilidade e gosto (‘liking’) seguindo

modelo utilizado no estudo de Feunekes et al. (2008). Todas as perguntas empregaram escalas

de classificação do tipo Likert de 5 pontos.

A compreensão foi medida pela questão “Quanto à dificuldade/ facilidade de

compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta embalagem (forma de

apresentação das informações nutricionais)?”, com extremos 1 (extremamente difícil) a 5

(extremamente fácil).

A credibilidade foi medida pela questão “Quão confiável lhe parece esta embalagem

em relação à maneira como ela informa questões nutricionais para você?”, com os extremos 1

(sem credibilidade alguma) a 5 (extremamente confiável).

No estudo original a terceira variável ‘liking’ foi traduzida aqui para ‘gosto’, referente

a quanto o sistema de informação agrada ao consumidor. Medido pela questão “De acordo

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com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto (forma com que as

informações nutricionais são apresentadas)?” com extremos 1 (“não gosto nenhum pouco

desta forma de exposição das informações nutricionais”) a 5 (“gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais”).

No último bloco foram solicitadas as informações relativas às características

individuais dos respondentes, visando uma possível comparação entre grupos formados

dentro da amostra em função de tais características. Segundo Nayga (2000) e Drichoutis,

Lazaridis e Nayga (2005), as diferenças individuais, como educação, conhecimento

nutricional, renda, idade e gênero podem afetar o comportamento de compra e, ao mesmo

tempo, a preferência por diferentes tipos de informação.

5.2 VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA

Seguindo a orientação dada por Aaker, Kumar e Day (2004) a validação do conteúdo

do questionário foi realizada junto à experts em marketing (um professor doutor e um

doutorando) em conjunto com o pesquisador, de forma a verificar se os itens investigados

estavam sendo contemplados no instrumento de coleta de dados (MALHOTRA, 2006). O

instrumento foi validado com base na revisão de literatura e sofreu adequações seguindo

orientações dos experts, bem como de ajustes verificados como necessários para uma melhor

compreensão das questões através da tradução reversa realizada por expert em língua inglesa.

Após a validação do instrumento de coleta, foi realizado pré-teste (COOPER;

SCHINDLER, 2003) com pais e mães de crianças entre 2 e 12 anos de idade a fim de verificar

se as questões estavam de fácil compreensão e identificar possíveis dificuldades. O pré-teste

foi aplicado pessoalmente em 10 pais, possibilitando a observação das reações e atitudes e

identificando pontos que precisavam ser aperfeiçoados. Todos os pré-testes foram realizados

com sucesso, indicando somente um ajuste que foi feito nas questões pós apresentação das

embalagens e resultando na adequação do questionário.

5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

População é o conjunto de elementos que contém uma característica comum a todos

(YASUDA e OLIVEIRA, 2012). A coleção de elementos que possuem a informação de

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interesse do pesquisador é, segundo BARQUETTE e CHAOUBAH (2007), o que caracteriza

a população de interesse. A população desta pesquisa, portanto, é representada por pais e

mães de crianças com idades entre 2 e 12 anos.

O levantamento realizado envolveu 414 pais de crianças com idades entre 2 e 12 anos,

residentes no Brasil, em diferentes estados e de diferentes faixas etárias.

5.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita entre os dias 22 e 28 de julho de 2016. Durante o período

de coleta, um total de 414 pessoas acessou o questionário, porém 15 destas respostas

precisaram ser descartadas por não terem concluído o preenchimento. Assim, a amostra da

pesquisa ficou totalizada em 399 respondentes considerados.

Para a realização da pesquisa foi feita uma survey, divulgada através de redes sociais,

especialmente o FaceBook. A pesquisa foi divulgada em grupos de mães e pais,

contemplando integrantes de todo o Brasil, de diferentes perfis demográficos.

Para completar a amostra, também foi realizada coleta presencial nos dias 26 e 27 de

julho de 2016, junto a pais e mães na praça de alimentação do Shopping Pelotas. Foram

abordados pais e mães que estavam com crianças (de forma a identificar facilmente pessoas

com filhos na faixa etária desejada), convidados a participar da pesquisa. Aqueles que

aceitavam recebiam um IPad para que pudessem prosseguir individualmente com as

respostas.

5.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com Malhotra (2006), a análise de dados fornece informações que ajudam

nas respostas ao problema de pesquisa. O software Qualtrics foi utilizado nesta pesquisa para

auxiliar na realização da aplicação online. Após a compilação dos dados, o software

estatístico SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences), versão 20, foi utilizado para a

análise dos dados.

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Testes de estatística descritiva, como média e desvio padrão foram utilizados para as

questões relativas à idade, tempo gasto fazendo compras, utilização da fonte de informação,

momento de consulta das informações nutricionais e entendimento e importância das

informações.

Análises de freqüência foram realizados para responder questões relativas ao gênero,

grau de escolaridade, renda, desempenho de atividade profissional, quantidade de filhos, faixa

de idade dos filhos, momento de consulta às informações nutricionais, utilização das

informações como fator decisivo, opinião dos filhos, conhecimento nutricional e percepção de

saudabilidade.

Para a verificação de diferenças entre os grupos de pais por faixa de idade no que se

refere à percepção em relação aos sistemas de informação e sobre a importância das

informações nutricionais, aplicou-se o teste de médias, desvio padrão e ANOVA, com teste

pós-hoc Sheffe.

Também foi aplicado o teste t pareado para verificar as questões relativas a percepção

de saudabilidade, simpatia do consumidor (compreensão, credibilidade e gosto) e

probabilidade de compra para cada uma das sete embalagens apresentadas.

Por fim, para verificar quais das variáveis predizem a intenção de compra, ou seja, se

há relação entre a percepção de saudabilidade, a simpatia do consumidor (compreensão,

credibilidade e gosto) e a intenção de compra, foi realizada uma regressão. A regressão vai

indicar quais variáveis predizem a intenção de compra.

Neste estudo, foi utilizada a estimação stepwise, que é um método de seleção de

variáveis para inclusão no modelo de regressão que começa selecionando o melhor preditor da

variável dependente. As variáveis independentes adicionais, neste caso, são selecionadas de

acordo com o poder explicativo incremental que podem acrescentar ao modelo de regressão

(HAIR et al., 2005).

Segundo Dancey e Reidy (2006), o modelo de regressão stepwise fornece uma sólida

avaliação do problema de pesquisa, pois fornece em diversos modelos os valores de R e R ao

quadrado. O modelo de regressão ajuda a identificar o coeficiente de regressão, que avalia a

importância relativa das variáveis individuais na previsão geral. Nesta etapa, todas as

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variáveis são expressas na mesma escala, e assim, comparações diretas podem ser feitas

(HAIR et al., 2005).

A variável dependente é aquela que está sendo prevista, enquanto as variáveis

independentes são aquelas que prevêem ou explicam a variável dependente. A seguir estão

elencadas as variáveis dependentes (Y) e as independentes (X) deste estudo.

Y1 = intenção de compra do Nescau Cereal

Y2 = intenção de compra do biscoito Passatempo

X1 = percepção de saudabilidade

X2 = facilidade de compreensão

X3 = gosto pelo sistema

X4 = credibilidade percebida

Aqui, a variável dependente é a intenção de compra enquanto as variáveis

independentes são a percepção de saudabilidade, a facilidade de compreensão, a credibilidade

percebida do sistema de informação e o gosto dos pais por eles. O B indica quanto cada

variável independente explica a variável dependente. Assim, temos o seguinte modelo a ser

testado:

Y intenção de compra = Xsaudabilidade + Xgosto + Xcredibilidade + Xcompreensão

Em função de analisar mais de uma variável, será feita regressão múltipla.

No capítulo a seguir serão feitas a apresentação, análise e discussão dos resultados

obtidos a partir desta pesquisa.

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6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo irá apresentar os resultados da pesquisa descritiva realizada a fim de

responder ao objetivo central do trabalho, avaliando desde o conhecimento nutricional dos pais

respondentes, atitudes, hábitos de consulta às informações nutricionais nas embalagens,

percepção de saudabilidade em relação ao produto em função das diferentes formas de

comunicar atributos nas embalagens, simpatia em relação aos sistemas de informação e intenção

de compra.

Os resultados foram analisados seguindo a lógica do trabalho, independente da ordem

das questões no questionário. Inicialmente ocorre a caracterização da amostra de acordo com

gênero, idade, grau de escolaridade, renda familiar, número de filhos entre 2 e 12 anos de

idade e faixa etária destes filhos. São analisados os hábitos dos respondentes em relação à

consulta aos rótulos de alimentos, momento de consulta das informações nas embalagens,

bem como as fontes utilizadas para buscar informações sobre saúde e nutrição. Além disso, a

atitude, percepção de saudabilidade e simpatia do consumidor para com cada um dos sistemas

de informação são investigados, buscando compreender o impacto de cada um na intenção de

compra.

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A análise descritiva das variáveis que compõe a caracterização da amostra está

dividida em gênero, idade, grau de escolaridade, número de filhos e faixa de idade em que se

encontram entre 2 e 12 anos (idade alvo do trabalho), renda familiar e regularidade da

atividade profissional.

A Tabela 1 apresenta a divisão da amostra pela variável gênero dos respondentes. A

maior parte dos respondentes são mulheres (78,7%), enquanto que 21,3% são homens.

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Tabela 1 – Gênero dos respondentes

Gênero N Frequência

Masculino 85 21,3

Feminino 314 78,7

Total 399 100,0

Fonte: Coleta de dados

A variável idade dos respondentes foi uma questão aberta. Após a coleta de dados foi

feita uma média das idades, chegando-se a 35,94 como a idade média dos respondentes (ver

tabela 2), com um desvio padrão de 5,90. A idade do respondente mais novo é de 18 anos e do

mais velho de 57 anos.

Tabela 2 – Idade dos pais respondentes

N Válidas 398

Faltando 1

Média 35,94

Desvio Padrão 5,904

Mínima 18

Máxima 57

Fonte: Coleta de Dados

O número 1 indicado em ‘resposta faltando’ se dá ao fato de que houve um erro de

resposta por parte de um dos pais respondentes, que indicou número inválido (567). Este

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respondente não foi desconsiderado na análise, em função de ter respondido todas as questões,

ficando apenas sua idade sem identificação no estudo.

A tabela 3, referente ao grau de escolaridade dos respondentes, mostra que 79,7% dos

respondentes têm pelo menos o ensino superior completo (considerando aqui aqueles que

responderam superior completo, especialização, mestrado ou doutorado). Apenas 1,8% dos

respondentes não possuem ensino médio completo e 8,8% possuem somente o ensino médio

completo. 9,8% dos respondentes têm ensino superior incompleto.

Tabela 3 – Grau de escolaridade dos respondentes

Grau de escolaridade Frequência Percentual

Ensino médio incompleto 7 1,8%

Ensino médio completo 35 8,8%

Superior incompleto 39 9,8%

Superior completo 151 37,8%

Especialização 130 32,6%

Mestrado 27 6,8%

Doutorado 10 2,5%

Total 399 100%

Fonte: Coleta de dados

Já em relação à renda mensal familiar, como pode ser visto na tabela 4, a maior parte

dos respondentes possui renda familiar mensal superior a R$ 3.520,01 (72,3%). Sendo que

destes, 31,8% tem os ganhos familiares entre 4 e 10 salários mínimos. As faixas consideradas

para o estudo seguiram as indicações do IBGE (2015).

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Tabela 4 – Renda familiar mensal

Renda familiar mensal Frequência Percentual

Até R$1.760,00 (2 salários mínimos) 39 9,8

De R$1.760,01 a R$3.520,00 (2 a 4 salários mínimos) 71 17,8

De R$3.520,01 a R$8.800,00 (4 a 10 salários mínimos) 127 31,8

De R$8.800,01 a R$13.200,00 (10 a 15 salários) 76 19,0

De R$13.200,01 a R$ 17.600,00(15 a 20 salários) 42 10,5

Mais de R$17.600,00 (mais de 20 salários) 44 11,0

Total 399 100,0

Fonte: Coleta de dados

Quando perguntados se estão desempenhando atividade profissional atualmente,

somente 12,8% registraram não estar trabalhando. Dos 399 respondentes, 87,2% está

trabalhando atualmente.

Tabela 5 – Número de filhos com idade entre 2 e 12 anos

Quant. de filhos entre 2 e 12 anos Frequência Percentual

1 filho 298 74,7%

2 filhos 86 21,6%

3 filhos 13 3,3%

4filhos 1 0,3%

8 filhos 1 0,3%

Total 399 100%

Fonte: Coleta de dados

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Em relação ao número de filhos com idade entre 2 e 12 anos (foco deste estudo),

74,7% dos pais respondentes tem somente um filho nesta faixa. Com dois filhos com idades

entre 2 e 12 anos, foram 21,6% dos pais respondentes, conforme mostra a Tabela 5. E

somente 3,9% dos respondentes tem 3 ou mais filhos com esta faixa de idade, o que pode

caracterizá-los como outliers.

Conforme informa a Tabela 6, 66,66% tem filhos com idade entre 2 e 6 anos, 24,8%

tem filhos com idade entre 7 e 9 anos e 18% tem filhos entre 10 e 12 anos de idade.

Tabela 6 – Faixa de idade dos filhos entre 2 e 12 anos

Faixa de idade dos filhos Frequência Percentual

Entre 2 e 6 anos de idade 266 66,6%

Entre 7 e 9 anos de idade 99 24,8%

Entre 10 e 12 anos de idade 72 18%

Fonte: Coleta de dados

Ainda no que diz respeito às características individuais dos respondentes, foi

questionado o tempo médio gasto em uma ida ao supermercado para fazer compras. Esta foi

uma questão aberta. Foi feita uma padronização das respostas em minutos (apesar da

solicitação em horas, havia uma irregularidade nas respostas fornecidas em relação a unidade

de tempo utilizada pelos respondentes) e na sequência uma média entre as respostas,

chegando-se a 90,33minutos o tempo médio utilizado pelos pais em uma ida ao

supermercado. O tempo mínimo indicado foi de 15minutos e o tempo máximo de 300

minutos.

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6.2 IMPORTÂNCIA E CONHECIMENTO DAS INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS

A fim de verificar se os respondentes têm o hábito de buscar informações nas

embalagens, foi incluída uma questão sobre fontes de informação sobre nutrição que

costumam consultar. Além dos rótulos/embalagens de alimentos, outras sete fontes foram

incluídas como opções de resposta em uma questão fechada com opções variando entre

“nunca” e “sempre” em relação à frequência com que consultam cada uma das fontes (Tabela

7).

Os pais indicaram a frequência com que utilizam cada uma das diferentes fontes para

obterem informações sobre nutrição: nutricionista, médico, revistas, jornais, internet, rádio,

televisão e embalagens/rótulos de alimentos. A média para cada uma foi calculada, de forma a

se chegar nas fontes mais consultadas. Com média de 3,8 (DP= 1,123) a internet foi a fonte

citada como consultada com mais frequência pelos respondentes, seguida de

embalagens/rótulos de alimentos (M=3,75; DP=1,113) e médico (M=3,13; DP=1,265).

Tabela 7 – Média da frequência de utilização das diferentes fontes sobre nutrição

Fonte de informação nutricional N Média Desvio Padrão

Nutricionista 399 2,68 1,359

Médico 399 3,13 1,265

Revistas 399 2,73 1,172

Jornais 399 2,39 1,135

Internet 399 3,80 1,123

Rádio 399 1,58 ,958

Televisão 399 2,49 1,254

Rótulos / Embalagens de alimentos 399 3,75 1,113

Fonte: Coleta de dados

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A indicação de que rótulos e embalagens de alimentos são frequentemente

consultados, corrobora com o estudo. No estudo de Drichoutis et al. (2007) a fonte de

informação mais consultada indicada foram os médicos e nutricionistas. Em pesquisa de Giehl

no ano de 2008 os rótulos e embalagens de alimentos também apareceram em destaque, assim

como no presente estudo.

Em relação ao momento em que as informações nutricionais são consultadas (se no

momento da compra ou no momento de preparo do produto), os pais indicaram em grau de 1

(nunca) a 5 (sempre) a frequência com que lêem as informações. Após a coleta, foi feita uma

média das respostas indicadas, concluindo que a maioria dos pais consulta tais informações no

momento da compra (M=3,55; DP=1,183).

A Tabela 8 mostra a frequência com que os pais consultam as informações

nutricionais nas embalagens no momento da compra e no momento do preparo do alimento.

56,7% dos respondentes indicam que sempre ou quase sempre lêem as informações

nutricionais no momento da compra de um alimento. Enquanto somente 38,1% indicam ler as

informações nutricionais no momento em que preparam o alimento.

Tabela 8 – Momento em que lê as informações nutricionais na rotulagem

Frequência No momento da compra do produto No momento do preparo

N Frequência N Frequência

Nunca 28 7,0% 74 18,5%

Quase Nunca 47 11,8% 72 18%

Às vezes 98 24,6% 101 25,3%

Quase sempre 128 32,1% 102 25,6%

Sempre 98 24,6% 50 12,5%

Total 399 100% 399 100%

Fonte: Coleta de dados

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Para os respondentes, portanto, o momento da compra é o de maior consulta às

informações nutricionais, assim como nos estudos de Drichoutis, Lazaridis e Nayga, 2005;

Mannell et al., 2006; Drichoutis et al., 2007 e Giehl, 2008.

Também foi investigada a freqüência com que os pais utilizam as informações

nutricionais como fator para decidir entre dois produtos no momento da compra. Segundo

Higginson et al (2002a), o objetivo mais comum dos consumidores ao utilizar a rotulagem

nutricional é fazer a comparação entre produtos. A questão utilizada para esta questão foi

“Quando você está fazendo a escolha entre dois produtos (duas marcas diferentes do mesmo

tipo de alimento), com que frequência você compara a informação nutricional para ajudar na

sua decisão?” onde 1 significa ‘nunca’ e 5 significa ‘sempre’. Conforme apresenta a Tabela 9,

50,7% dos pais sempre ou muitas vezes fazem uso das informações nutricionais para escolher

entre dois alimentos e 21,1% às vezes comparam a informação nutricional de forma a decidir

entre mais de um produto.

Nos estudos de Mannell et al. (2006) e Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005) os

respondentes já indicavam, de forma inicial, estarem incorporando as informações

nutricionais como importante fator de decisão na escolha de alimentos.

Tabela 9 – Relevância das informações nutricionais para a decisão de compra

Compara a info nutricional para decidir N Percentual

1 (Nunca) 53 13,3

2 (Raramente) 60 15,0

3 (Às vezes) 84 21,1

4 (Muitas vezes) 90 22,6

5 (Sempre) 112 28,1

Total 399 100,0

Fonte: Coleta de dados

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Diante de todos os fatores – internos e externos - que podem influenciar e motivar a

decisão de compra, a opinião da criança foi verificada no estudo se tem ou não peso sobre a

escolha dos pais.

Para avaliar a influência das crianças no comportamento de compra dos pais, elegeu-se

uma escala desenvolvida por Jenkens (1979) e utilizada posteriormente por Hughner e Maher

(2006). Da mesma forma que nos estudos citados, os pais foram convidados a indicar o grau

com que a opinião de seus filhos deve ser considerada em suas compras, a partir da frase “Os

pais devem sempre considerar a opinião da criança ao comprar alimentos para ela”, indicando

numa escala de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente) sua concordância com tal

afirmação, conforme apresentado na Tabela 10.

Tabela 10 – Opinião da criança

N Percentual

Discordo totalmente 130 32,6%

Discordo 128 32,1%

Nem discordo nem concordo 87 21,8%

Concordo 30 7,5%

Concordo totalmente 24 6,0%

Total 399 100%

Fonte: Coleta de dados

Como resultado, 64,7% dos pais indicaram discordar da frase em questão, ou seja, não

concordam que a opinião do filho deva ser considerada na escolha de alimentos, assim como

no estudo de Hughner e Maher (2006). Tal resultado corrobora com o objetivo deste estudo,

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fortalecendo o propósito de que o foco de análise para decisão de compra esteja nas

informações contidas nos rótulos e não a opinião dos filhos.

Para avaliar o conhecimento nutricional dos respondentes, foi questionada qual a

percepção deles em relação ao próprio conhecimento nutricional. Os pais tinham que indicar

em grau de 1 a 5 o quanto concordam ou discordam da frase “Estou bem informado sobre

questões de saúde e nutrição”, seguindo modelo utilizado por Feunekes et al., 2008. Para a

análise, as pontuações 1 e 2 foram recodificadas como ‘baixo’, pontuação 3 como ‘médio’ e

as pontuações 4 e 5 como ‘alto conhecimento’.

Tabela 11 – Conhecimento nutricional

Fonte: Coleta de dados

A Tabela 11 mostra que 49,1% dos respondentes consideram-se bem informado sobre

questões de saúde e nutrição. Somente 3,8% discordam totalmente da afirmação, ou seja, tem

baixíssimo conhecimento sobre questões relativas à saúde e nutrição; enquanto 36,3% nem

discorda nem concorda, podendo ser considerado grupo com conhecimento médio. Tal

resultado pode ser considerado positivo para o estudo, visto que indica que os pais, em geral,

têm algum conhecimento nutricional e, por isso, estão aptos para avaliar os produtos de

acordo com as informações nutricionais contidas nas embalagens.

N Frequência

Discordo totalmente 15 3,8%

Discordo 43 10,8%

Nem discordo nem concordo 145 36,3%

Concordo 113 28,3%

Concordo totalmente 83 20,8%

Total 399 100%

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O questionário contou ainda com uma questão relativa à percepção das informações

nutricionais e atitude geral dos pais para com os símbolos de saúde. No estudo de Silva

(2003), Monteiro, Coutinho e Recine (2005), Mannell et al. (2006) e Kaltcheva, Patino e

Leventhal (2013) estas questões também foram abordadas e corroboraram para o resultado

encontrado.

Os pais foram separados em grupos por idades em uma divisão em três grupos e as

faixas foram definidas através do método percentil. Pois a idéia era ter pais mais jovens, pais

em faixa de idade intermediária e pais mais velhos, a fim de avaliar se a idade teria alguma

diferença significativa no resultado e se haveria diferença de percepção de acordo com cada

faixa de idade. Como a maioria dos respondentes tinha a faixa de idade entre 34 e 37 anos, o

grupo do meio ficou com diferença menor entre as idades, porém dessa forma se alcançou

uma homogeneidade entre o tamanho das amostras.

Tabela 12 – Percepção em relação às formas de apresentação da informação

Percepção das

Informações

nutricionais

18 a 33 34 a 37 38 a 57 ANOVA

N Media DP N Media DP N Media DP F sig.

Confusas –

Claras

139 2,78 1,255 114 2,82 1,154 145 2,79 1,162 ,044 ,957

De difícil

leitura - De

fácil leitura

139 2,85a 1,300 114 2,75b 1,321 145 2,36ab 1,268 5,634 ,004

Inúteis – Úteis 139 3,82 1,223 114 3,96 1,272 145 4,13 1,056 2,479 ,085

Ruins – Boas 139 3,32 1,104 114 3,39 1,245 145 3,43 1,166 ,364 ,695

Irrelevantes –

Relevantes

139 3,84a 1,185 114 4,02 1,113 145 4,20a ,997 3,626 ,028

Notas: (a) diferença significativa após teste pós-hoc Sheffe entre grupo 18 a 33 e 38 a 57; (b) Diferença significativa após teste pós-hoc Sheffe entre grupo 34 a 37 e 38 a 57.

Fonte: Coleta de dados

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Conforme mostra a Tabela 12, houve diferença significativa na percepção sobre a

dificuldade de leitura entre os pais mais jovens (M=2,85; DP=1,300) e os mais velhos

(M=2,36; DP=1,268) e entre os pais da faixa intermediária (M=2,75;DP=1,321) e os pais mais

velhos (M=2,36;DP=1,268)

Também houve diferença significativa entre a percepção de relevância das informações

nutricionais presentes nas embalagens de alimentos entre o grupo de pais mais jovens

(M=3,84;DP=1,185) e o grupo de pais mais velhos (M=4,20;DP=0,997).

Não houve diferença significativa entre os pais de diferentes idades em relação às

informações serem consideradas boas ou ruins. Como a média não atingiu 4 em nenhum dos

grupos, pode-se dizer que no geral são consideradas ruins.

Em resumo, pode-se afirmar que a percepção sobre as informações nutricionais nos

rótulos de forma geral é de que são confusas e de difícil leitura (a média em nenhum dos

grupos de idade dos pais alcançou sequer 3, que indicaria uma ‘neutralidade’), porém úteis e

relevantes (em todos os grupos M>3).

Além disso, os pais foram questionados sobre seu entendimento específico em relação a

uma série de informações contidas em embalagens (vide tabela 13), de forma a relacionar se

aquelas informações que eles indicam como tendo conhecimento são as mesmas que eles

consideram importantes no momento de decidir o que comprar para seus filhos. Para a

listagem apresentada foram consideradas algumas informações obrigatórias (valor calórico,

carboidratos, proteínas, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio) e algumas informações

opcionais, escolhidas de acordo com informações contidas nas embalagens dos produtos

utilizados no estudo (rico em cálcio, ferro, fonte de zinco, cereal integral, fonte de fibras).

Foram consideradas as médias registradas para o entendimento dos pais em relação às

informações nutricionais presentes nos rótulos de alimentos.

As informações nutricionais listadas na questão respeitaram o conjunto de itens

obrigatórios da ANVISA acrescidas de informações opcionais, definidas conforme

composição dos produtos do estudo.

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Tabela 13 – Entendimento sobre as informações nutricionais

Fonte: Coleta de dados

Conforme se pode observar na Tabela 13, o sódio é indicado como o ingrediente sobre

o qual os pais consideram ter o maior entendimento entre todos os demais questionados

(M=3,81; DP=1,071). Na sequência aparece o valor calórico (M=3,68; DP=1,008) e “fonte de

fibras” (M=3,66; DP=1,089) como informações sobre as quais os pais consideram ter mais

entendimento.

Informações Nutricionais

Entendimento

N Media

Desvio

padrão

Obrigatórias

Valor calórico 399 3,68 1,008

Carboidratos 399 3,58 1,021

Proteínas 399 3,60 1,032

Gorduras Saturadas 399 3,27 1,192

Gorduras Trans 399 3,31 1,205

Sódio 399 3,81 1,071

Média do bloco 3,54 ,8978

Opcionais

Rico em Cálcio 399 3,62 1,094

Ferro 399 3,58 1,108

Fonte de Zinco 399 3,12 1,218

Cereal Integral 399 3,55 1,099

Fonte de fibras 399 3,66 1,089

Média do bloco 3,51 ,9491

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74

Já quando o questionamento é sobre a importância dada a cada uma das informações

nutricionais, o sódio segue em primeiro lugar (M=4,12; DP=1,207) seguido pelas gorduras

trans (M=3,97; DP=1,243) e saturadas (M=3,90; DP=1,251), indicados na Tabela 14.

Foi verificada a importância de cada uma das informações nutricionais (obrigatórias e

opcionais) a fim de verificar a relação entre importância e entendimento, bem como para

relacionar com as informações que os pais avaliam posteriormente nas embalagens.

Tabela 14 – Importância das informações nutricionais

Fonte: Coleta de dados

Informações Nutricionais Importância

Média DP

Obrigatórias

Valor calórico 3,57 1,311

Carboidratos 3,54 1,208

Proteínas 3,77 1,173

Gorduras Saturadas 3,90 1,251

Gorduras Trans 3,97 1,243

Sódio 4,12 1,207

Média do bloco 3,81 ,981

Opcionais

Rico em Cálcio 3,82 1,132

Ferro 3,78 1,171

Fonte de Zinco 3,50 1,223

Cereal Integral 3,71 1,125

Fonte de fibras 3,83 1,157

Média do bloco 3,73 1,010

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Também em relação à importância das informações, pode-se afirmar que todos têm

considerável importância (M>3 para todos). No geral, as informações obrigatórias têm mais

importância (M=3,81; DP=0,981) para os pais do que as informações opcionais

(M=3,73;DP=1,010).

O resultado está alinhado ao encontrado no estudo de Giehl (2008), que constatou, a

respeito das médias sobre a importância dada às informações nutricionais, que a importância

dada às informações obrigatórias se mostrou maior do que a importância dada às opcionais.

O Gráfico 1 mostra a relação entre o entendimento e a importância dados a cada um

dos nutrientes.

GRÁFICO 1 – Importância X Entendimento das informações nutricionais

Fonte: Coleta de dados

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Em termos gerais, o nível de entendimento esteve acima da posição intermediária da

escala para todas as informações questionadas (Tabela 13), denotando um entendimento de

moderado a alto tanto em relação às informações obrigatórias, quanto em relação às

informações opcionais. Comparando as médias dos blocos de informações, é possível afirmar

que os pais consideram ter mais entendimento em relação às informações obrigatórias

(M=3,54;DP=0,8978) do que em relação as informações opcionais (M=3,51;DP=0,9491).

A fim de verificar se a faixa etária dos pais tem impacto na percepção da importância

de cada uma das informações nutricionais, foi aplicada a análise de variância (ANOVA) para

detectar onde existe diferença entre os grupos. Na sequência foi aplicado o teste pós-hoc

Scheffe para indicar em quais faixas de idade há diferença significativa entre essas

informações nutricionais.

Entre as informações obrigatórias houve diferença significativa entre todas, com

exceção dos carboidratos e das proteínas, que independente da faixa de idade, os pais dão a

mesma importância para tais informações.

Já nas informações opcionais eles não percebem diferença significativa entre a

importância de cada uma das informações questionadas. Não significa que estas informações

não tenham importância para os pais. Ao contrário, todas elas têm importância, visto que a

média do grau é superior a três para todas as informações opcionais. Entretanto, não há uma

diferença significativa entre o grau de importância de cada uma, ou seja, todos têm a mesma

visão, dão o mesmo grau de importância para todas as informações.

Após a aplicação do teste pós-hoc Scheffe, identificou-se diferença significativa em

relação à importância atribuída ao valor calórico pelos pais mais jovens (M=3,34; DP=1,355)

e os pais mais velhos (M=3,79; DP=1,190), às gorduras saturadas pelos mais jovens

(M=3,68;DP=1,394) e os pais do grupo intermediário (M=4,13;DP=1,109). Em relação às

gorduras trans a diferença na importância atribuída a esta informação ao comprar alimentos

para os filhos é significativa tanto na comparação entre os pais mais jovens

(M=3,68;DP=1,409) e os pais do grupo intermediário (M=4,18;DP=1,094) como entre os pais

mais jovens (M=3,68; DP=1,409) e os pais mais velhos (M=4,07; DP=1,137). Já em relação

ao sódio a diferença de percepção é observada entre os pais mais jovens (M=3,94;DP=1,385)

e os pais do grupo intermediário (M=4,34;DP=1,029).

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Tabela 15 - Comparação importância das informações nutricionais por faixa de idade dos pais

18 a 33 34 a 37 38 a 57 ANOVA

Informações

Nutricionais N M DP N M DP N M DP F sig.

O

B

R

I

G

A

T

Ó

R

I

A

S

Valor calórico 139 3,34* 1,355 114

3,58 1,369 145 3,79* 1,190 4,201 ,016

Carboidratos 139 3,44 1,228 114 3,46 1,291 145 3,71 1,105 2,218 ,110

Proteínas 139 3,75 1,180 114 3,66 1,268 145 3,88 1,077 1,220 ,296

Gorduras

saturadas

139 3,68* 1,394 114 4,13* 1,109 145 3,93 1,182 4,145 ,017

Gorduras trans 139 3,68ab 1,409 114 4,18a 1,094 145 4,07b 1,137 6,060 ,003

Sódio 139 3,94* 1,385 114 4,34* 1,029 145 4,10 1,135 3,361 ,036

Media Bloco 139 3,64* 1,07 114 3,89 ,960 145 3,91* ,893 3,325 ,037

O

P

C

I

O

N

A

I

S

Rico em cálcio 139 3,81 1,203 114 3,85 1,107 145 3,83 1,080 ,052 ,949

Ferro 139 3,85 1,239 114 3,72 1,164 145 3,78 1,108 ,388 ,679

Fonte de zinco 139 3,50 1,282 114 3,46 1,191 145 3,54 1,196 ,167 ,846

Cereal integral 139 3,61 1,213 114 3,71 1,111 145 3,82 1,039 1,234 ,292

Fonte de fibras 139 3,68 1,280 114 3,88 1,049 145 3,94 1,101 1,854 ,158

Media bloco 139 3,69 1,095 114 3,72 ,968 145 3,78 ,953 ,309 ,734

Notas: (a, b) Diferença significativa após aplicação do teste pos-hoc Scheffe

Fonte: Coleta de dados

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Quando se analisa a importância atribuída às informações opcionais, não há diferença

significante em relação às faixas etárias dos pais.

Para avaliar com que frequência os pais fazem uso das informações nutricionais

presentes nos rótulos das embalagens de alimentos, foi apresentada uma listagem com oito

segmentos alimentícios, entre os quais biscoitos e cereais matinais, que são os de foco deste

trabalho. Os respondentes indicavam a frequência numa escala de cinco pontos, onde 1

significa nunca e 5 significa sempre. Após a coleta, foi feita uma média dos graus indicados

para cada categoria, a fim de ter uma visão geral sobre cada uma, bem como para poder

avaliar quais as categorias que os pais consultam informações nutricionais com mais

frequência.

Quando questionados sobre com que frequência verificam as informações nutricionais

presentes nos rótulos das embalagens de diferentes alimentos, os pais indicaram sucos como

os alimentos que consultam informações nutricionais com mais frequência (M=3,55;

DP=1,386) e sorvete a categoria que consultam as informações com menos freqüência (ver

Tabela 16).

Tabela 16 – Média da frequência de consulta às informações nutricionais por categoria de alimento

Fonte: Coleta de dados

N Média DP

Pães e bolos 399 2,89 1,367

Sucos 399 3,55 1,386

Laticínios (leite, iogurte, requeijão, queijos etc) 399 3,31 1,385

Biscoitos 399 3,12 1,404

Sorvetes 399 2,42 1,438

Chocolates 399 2,61 1,460

Cereais matinais (sucrilhos, achocolatados etc) 399 3,16 1,446

Refrigerantes 399 2,85 1,645

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Em relação às categorias foco deste estudo (biscoitos e cereais matinais) pode-se dizer

que o resultado desta questão corrobora com a relevância do estudo, visto que ambas tiveram

média maior do que três, indicando que são categorias que os pais têm o hábito de verificar as

informações nutricionais nas embalagens.

5.3.4 PERCEPÇÃO DE SAUDABILIDADE

Para medir a percepção de saudabilidade dos pais foi utilizada escala seguindo estudo

feito por Feunekes et al. (2008).

Antes de apresentar embalagens com diferentes formas de apresentação da informação

nutricional, os respondentes foram questionados sobre suas percepções de saudabilidade em

relação à marca Nestlé e também em relação às categorias pesquisadas (cereais matinais e

biscoitos recheados).

A Tabela 17 indica a percepção de saudabilidade em relação à marca Nestlé. Para isso,

os respondentes indicaram em grau de 1 (nada saudável) a 5 (extremamente saudável) o

quanto consideram a marca Nestlé saudável.

Tabela 17 – Percepção de saudabilidade da marca Nestlé

N Frequencia

1 (Nada saudável) 17 4,3

2 64 16,0

3 190 47,6

4 105 26,3

5 (Extremamente saudável) 23 5,8

Total 399 100,0

Fonte: Coleta de Dados

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Pode-se afirmar que a maioria dos respondentes não tem uma imagem prévia quanto a

saudabilidade da marca Nestlé, visto que 47,6% dos pais indicaram não perceber a marca nem

como saudável, nem como não saudável.

O próximo passo foi investigar a percepção de saudabilidade em relação a cada uma das

categorias analisadas: cereais matinais e biscoitos recheados.

Em relação a cereais matinais em geral, 41,9% dos pais acreditam que não são alimentos

saudáveis, 31,3% considera que se trata de categoria que não se enquadra nem em alimentos

saudáveis, nem em não-saudáveis, enquanto 26,8% percebem a categoria como saudável (ver

Tabela 18). Considerando que 58,1% dos respondentes indicaram não considerar cereais

matinais como alimentos não saudáveis, valida-se a escolha do produto para este estudo.

Tabela 18 - "Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

N Frequência

Discordo totalmente 81 20,3%

Discordo 86 21,6%

Nem discordo nem concordo 125 31,3%

Concordo 61 15,3%

Concordo totalmente 46 11,5%

Média 2,76

Desvio padrão 1,126

Fonte: Coleta de dados

Já em relação aos biscoitos recheados, conforme mostra a Tabela 19, observou-se que

94,5% dos pais não os consideram alimentos saudáveis, confirmando a escolha deste produto

como um alimento não-saudável para efeitos deste estudo.

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6.1.3 PERCEPÇÃO DE SAUDABILIDADE DAS EMBALAGENS

Na última etapa da pesquisa, foram apresentadas sete embalagens (VIDE APÊNDICE

B) aos pais: quatro delas do cereal matinal Nescau e três do biscoito recheado Passatempo.

Foi solicitado que os pais observassem atentamente cada uma das embalagens, apresentadas

separadamente e de forma randômica, e respondessem uma sequência de perguntas em

relação a cada uma delas. Cada uma das embalagens apresentada tinha diferenças em relação

à forma de apresentação da informação utilizada, com os seguintes cenários:

Nescau Cereal

a) Painel frontal somente com GDA – indicado nas tabelas como GDA_N

b) Painel frontal com GDA e ‘nutrition health’ – indicado nas tabelas como GDA_INFO_N

c) Painel frontal com GDA e sistema de informação por grupo de alimento (cereal integral)

– indicado nas tabelas como GDA_SC_N

Tabela 19 - "Considero que biscoitos recheados são alimentos saudáveis"

N Frequência

Discordo totalmente 346 86,7%

Discordo 31 7,8%

Nem discordo nem concordo 8 2,0%

Concordo 3 ,8%

Concordo totalmente 11 2,8%

Média 1,25

Desvio padrão 0,778

Fonte: Coleta de dados

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d) Painel frontal completo, com todos as formas de apresentação anteriores (GDA, sistema

de informação por grupo de alimento e ‘nutrition health’) – indicado nas tabelas como

ALL_N

Biscoito Passatempo

a) Painel frontal somente com GDA – indicado nas tabelas como GDA_P

b) Painel frontal somente com ‘nutrition health’ – indicado nas tabelas como INF_P

c) Painel frontal completo (com GDA e ‘nutrition health’) – indicado nas tabelas como

ALL_P

O sistema de informação por grupo de alimento não foi utilizado para o biscoito recheado,

visto que se trata de categoria de produto não saudável, tornando incoerente a utilização deste

indicador.

As questões eram as mesmas para cada uma das versões das embalagens, de forma a

identificar se as diferentes formas de apresentação da informação nutricional impactam ou

não a intenção de compra, a percepção de saudabilidade e a simpatia do consumidor em

relação ao produto.

Para analisar a percepção de saudabilidade, foi utilizada escala que contribuiu com

estudos anteriores semelhantes (Feunekes et al.,2008 e Kaltcheva, Patino e Leventhal, 2013).

Em primeiro lugar efetuou-se a análise das médias através do teste t pareado, uma vez

que este teste compara a diferença entre as médias da saudabilidade entre cada uma das

embalagens apresentadas, considerando toda a amostra, independente do gênero.

A tabela 20 apresenta os resultados da percepção de saudabilidade em relação a cada

uma das embalagens apresentadas de Nescau Cereal. Todas as diferenças foram significantes.

Em um cenário em que o consumidor se depara com uma embalagem na qual consta

somente o GDA (M=2,09; DP=1,078) e outra que conta com informações textuais além do

GDA (M=2,56; DP=1,146), a adição destas informações tornam a percepção de que o produto

é mais saudável.

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Fonte: Coleta de dados

Na comparação entre a embalagem somente com o GDA (M=2,09; DP=1,078) e a que

conta também com o sistema de informação por grupo de produto (M=2,42; DP=1,159), a

embalagem com o selo de garantia aumenta a percepção de saudabilidade do produto.

Já se compararmos a embalagem contendo o GDA acrescido de informações textuais

com a embalagem contendo o selo de garantia (M=2,42; DP=1,159), o melhor desempenho é

da primeira (M=2,56; DP=1,146).

O sistema por grupo de produto (selo de garantia) só é visto como relacionado a um

produto mais saudável (M=2,42; DP=1,159) em comparação com embalagem que conta

somente com o GDA (M=2,09; DP=1,078). Ou seja, quanto mais informação na embalagem,

Tabela 20 - Percepção de Saudabilidade Nescau Cereal

Media N DP teste t pareado sig.

GDA_N 2,09 399 1,078 9,666 ,000

GDA_INFO_N 2,56 399 1,146

GDA_N 2,09 399 1,078 7,173 ,000

GDA_SC_N 2,42 399 1,159

GDA_N 2,09 399 1,078 11,342 ,000

ALL_N 2,73 399 1,261

GDA_INFO_N 2,56 399 1,146 3,271 ,001

GDA_SC_N 2,42 399 1,159

GDA_INFO_N 2,56 399 1,146 3,766 ,000

ALL_N 2,73 399 1,261

GDA_SC_N 2,42 399 1,159 6,550 ,000

ALL_N 2,73 399 1,261

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mais o consumidor percebe o produto como sendo saudável. Este resultado rejeita a Hipótese

5(a).

Observa-se que a presença de mais informações (cenário completo, com as três formas

de apresentação sendo utilizadas) impactou positivamente na percepção de saudabilidade do

produto (M=2,73; DP=1,261), tendo sido a embalagem percebida como de mais

saudabilidade.

O resultado para todos os testes t pareados, indicou que comparando a embalagem

somente com o GDA e as embalagens GDA mais qualquer dos demais sistemas de

informação, a embalagem com mais informação resultou em aumento da percepção de

saudabilidade do produto em todos os casos. A embalagem contendo somente o indicador

GDA foi a que teve menor impacto na percepção de saudabilidade (M=2,09; DP=1,078). Isto,

provavelmente, em função de que as informações textuais tornam a compreensão mais clara

em relação ao conteúdo do produto, já que, conforme visto na fundamentação teórica, os

consumidores tem mais dificuldade em relação a informações numéricas e percentuais, como

são no GDA.

Caso a empresa não queira ou não possa (por questões de espaço na embalagem) fazer

uso de uma combinação de diferentes formas de apresentação da informação (ALL), o mais

indicado para aumentar a percepção de saudabilidade do produto é a combinação do GDA

com informações textuais, indicando seus diferenciais nutricionais (como por exemplo, rico

em cálcio, contém 8 vitaminas, fonte de fibras etc).

O sistema por grupo de alimento, que funciona como um selo de garantia de

qualidade, ou mesmo de saúde, não teve tanto impacto na percepção de saudabilidade em

comparação a uma forma de apresentação que pode ser considerada mais simples, por conter

somente informações textuais, como é o caso dos nutrition claims.

Para verificar a percepção de saudabilidade em relação às diferentes formas de

apresentação da informação nutricional no rótulo do biscoito foi feito o teste t pareado,

comparando as médias par a par, de forma a comparar cada uma das formas de apresentação

de informação nutricional. Todas as diferenças foram significantes, conforme mostra a Tabela

21.

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Tabela 21 - Percepção de Saudabilidade biscoito Passatempo

Media N DP

teste t

pareado sig.

GDA_P 1,72 399 ,909 4,524 ,000

INF_P 1,92 399 1,053

GDA_P 1,72 399 ,909 6,249 ,000

ALL_P 2,01 399 1,133

INF_P 1,92 399 1,053 2,266 ,024

ALL_P 2,01 399 1,133

Fonte: Coleta de dados

Para o biscoito Passatempo o resultado se repetiu: quanto mais informações na

embalagem, maior a percepção de saudabilidade em relação ao produto por parte dos pais.

Isso pode ser concluído já que a embalagem com todas as formas de apresentação (ALL_P)

foi a que apresentou maior média (M=2,01; DP=1,133) de pontos no resultado, tanto na

comparação com o GDA (M=1,72;DP=0,909) quanto na comparação com a embalagem

contendo apenas informações textuais (M=1,92;DP=1,053).

Na comparação entre e embalagem contendo o GDA (M=1,72; DP=0,909) e a contendo

um splash com informações textuais (M=1,92; DP=1,053), a com informações textuais foi a

percebida como mais saudável pelos pais.

6.1.4 SIMPATIA DO CONSUMIDOR

Com o objetivo de avaliar a simpatia do consumidor em relação a cada uma das

formas de apresentação da informação (GDA, sistema de informação por grupo de alimento,

informação textual e um cenário com a presença de todos os anteriores), foram apresentadas

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questões sobre a compreensão, credibilidade e apreciação em relação a cada uma delas,

seguindo escala utilizada por Feunekes et al. (2008).

Foi apresentado um total de sete embalagens (quatro do cereal Nescau e três do

biscoito Passatempo) com diferenças em relação a forma de apresentação da informação

nutricional (seguindo os modelos pesquisados).

A compreensão foi medida através da pergunta “Quanto à dificuldade/ facilidade de

compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta embalagem (forma de

apresentação das informações nutricionais)?” para a qual o respondente tinha uma escala de 1

(extremamente difícil) a 5 (extremamente fácil). Foi aplicado teste t pareado a fim de

comparar as médias par a par sobre a compreensão de cada uma das formas de apresentação

da informação. O teste foi aplicado primeiramente em relação ao produto Nescau cereal e,

posteriormente, em relação ao biscoito Passatempo.

Conforme mostra a Tabela 22, a embalagem indicada pelos pais como aquela em que

eles têm maior facilidade de compreensão das informações é a completa (M=3,31;

DP=1,144), que contém as três apresentações estudadas. A segunda embalagem apontada

como tendo a forma de apresentação da informação mais compreensível é a com as

informações textuais (M=3,09; DP=1,072). Ou seja, informações mais completas e textuais

são mais compreensíveis em relação aquelas que indicam quantidades por porção, percentual

de valor diário recomendado, entre outras.

Ressalta-se, ainda, que tanto o sistema de informação por grupo de alimento quanto o

GDA tiveram médias abaixo de três. Pode-se, portanto, afirmar que ambos são considerados

de difícil compreensão pelos pais.

Nenhuma das formas de apresentação foi apontada com média de escala que permita

afirmar que os pais a considerem fácil de compreender. Ou seja, ainda há muito a ser

melhorado tanto em termos obrigatórios como em termos gerenciais de marketing para tornar

as embalagens e as informações nutricionais destacadas nos painéis frontais mais facilmente

compreendidas, a fim de que elas possam efetivamente impactar na decisão de compra em

razão de seu conteúdo.

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Fonte: Coleta de dados

Em relação às embalagens do biscoito Passatempo, o resultado se repetiu: os pais

consideram que as embalagens com mais informações nutricionais (ALL_P) tornam-se mais

facilmente compreensíveis quanto à leitura nutricional. Com uma média de 3,03 para a

embalagem com ambas as formas de apresentação da informação (textual e GDA) contra 2,72

para a embalagem somente com informações textuais e 2,68 a média dos pontos dados para a

embalagem somente com o GDA (vide Tabela 23).

Tabela 22 - Compreensão da forma de apresentação da informação- Nescau Cereal

Media N DP

teste t

pareado sig.

GDA_N 2,62 399 1,114 8,584 ,000

GDA_INFO_N 3,09 399 1,072

GDA_N 2,62 399 1,114 3,790 ,000

GDA_SC_N 2,81 399 1,079

GDA_N 2,62 399 1,114 11,886 ,000

ALL_N 3,31 399 1,144

GDA_INFO_N 3,09 399 1,072 5,650 ,000

GDA_SC_N 2,81 399 1,079

GDA_INFO_N 3,09 399 1,072 4,898 ,000

ALL_N 3,31 399 1,144

GDA_SC_N 2,81 399 1,079 9,916 ,000

ALL_N 3,31 399 1,144

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Tabela 23 – Compreensão das informações Passatempo

Media N DP teste t pareado sig.

GDA_P 2,68 399 1,121 ,622 ,534

INF_P 2,72 399 1,157

GDA_P 2,68 399 1,121 6,774 ,000

ALL_P 3,03 399 1,077

INF_P 2,72 399 1,157 6,072 ,000

ALL_P 3,03 399 1,077

Fonte: Coleta de dados

Vale ressaltar que não houve uma diferença significativa quando comparadas as médias

entre a compreensão do GDA em relação ao nutrition claim. Apesar disso, ambos tiveram

pontuação média indicando que são considerados difíceis de compreender. A presença dos

dois juntos, entretanto, eleva a média da compreensão para 3,03, o que posiciona mesmo o

modelo completo neste caso no ponto médio da escala, ou seja, nem fácil nem difícil de

compreender.

A segunda variável para medir a simpatia do consumidor, a credibilidade, foi medida

pela pergunta “Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela

informa questões nutricionais para você?” com os extremos 1 (sem credibilidade alguma) e 5

(extremamente confiável).

Assim como foi feito para medir a percepção de saudabilidade, mais uma vez foi

realizado um teste t pareado, de forma a testar par a par e comparar as diferenças quanto à

compreensão de cada uma das formas de apresentação da informação (Tabela 24).

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Tabela 24 - Credibilidade das formas de apresentação da informação- Nescau

Quando comparada a percepção de credibilidade em relação ao GDA e ao nutrition

claims (informação textual), a embalagem contendo informação textual foi indicada como de

maior credibilidade (M=2,89). Ela também se mostrou mais confiável em comparação com a

embalagem com o sistema de informação por grupo de alimento, que teve média de 2,70.

A embalagem apontada como a de maior confiança, entretanto, foi a completa

contendo os três modelos estudados (M=3,06). Nenhuma delas, entretanto, teve média 4 ou

superior, o que significa que nenhuma das formas de apresentação é vista como tendo alta

credibilidade.

Media N DP teste t pareado sig.

GDA_N 2,54 399 1,113 6,911 ,000

GDA_INFO_N 2,89 399 1,107

GDA_N 2,54 399 1,113 3,586 ,000

GDA_SC_N 2,70 399 1,127

GDA_N 2,54 399 1,113 9,514 ,000

ALL_N 3,06 399 1,205

GDA_INFO_N 2,89 399 1,107 3,854 ,000

GDA_SC_N 2,70 399 1,127

GDA_INFO_N 2,89 399 1,107 3,448 ,001

ALL_N 3,06 399 1,205

GDA_SC_N 2,70 399 1,127 7,078 ,000

ALL_N 3,06 399 1,205

Fonte: Coleta de dados

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Fonte: Coleta de dados

Para o biscoito Passatempo, não houve diferença significativa entre a credibilidade do

GDA (M = 2,49; DP=1,111) e nutrition claims (M=2,45; DP=1,103 ). Somente o cenário

completo, com ambos os anteriormente citados, é que apresentou diferença significativa em

relação à credibilidade (M=2,69; DP=1,155) quando comparado com embalagens que

apresenta somente um deles (vide Tabela 25).

Na avaliação das formas de apresentação da informação no biscoito recheado, percebido

como um produto não saudável, nenhuma das formas de apresentação da informação

nutricional é vista como confiável. Pode-se afirmar isso, pois nenhuma das médias chegou a

alcançar 3 pontos na escala. Possivelmente os pais entendam que já que o produto não é

saudável, independente da forma utilizada, a presença de informações nutricionais não possui

credibilidade.

A terceira variável que compõe o construto ‘simpatia do consumidor’ é o gosto, ou

apreciação, em relação à forma de apresentação da informação. Para identificar o quanto cada

um dos sistemas de informação agrada aos pais, foi apresentada a questão “De acordo com o

seu gosto, como você avalia o indicador de saúde (forma com que as informações nutricionais

são apresentadas) nesse produto?” medida por uma escala de 1 (não gosto nenhum pouco

desta forma de exposição das informações nutricionais) a 5 (gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais).

Tabela 25 - Credibilidade da forma de apresentação da Informação- Passatempo

Media N DP teste t pareado sig.

GDA_P 2,49 399 1,111 ,679 ,497

INF_P 2,45 399 1,103

GDA_P 2,49 399 1,111 4,019 ,000

ALL_P 2,69 399 1,155

INF_P 2,45 399 1,103 5,103 ,000

ALL_P 2,69 399 1,155

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A Tabela 26 apresenta os resultados para o cereal matinal Nescau, que teve diferença

significativa no teste t pareado para todos os pares testados, ou seja, cada uma das formas de

apresentação de informações foi vista diferente pelos pais. Quando se compara a embalagem

somente com o GDA a que também contem informação textual (nutrition claims), os pais

gostam mais da que contém informações textuais (M = 2,96; DP=1,111). O mesmo ocorre

quando a embalagem somente com GDA (M=2,52; DP=1,114) é comparada àquela com o

selo de garantia (M=2,69; DP=1,120). Já na comparação entre as médias de pontos dados à

embalagem com informações textuais versus a com o selo de garantia, a que mais agrada é a

que contém informações textuais. Mas a embalagem que mais agradou em relação à forma de

apresentação das informações nutricionais foi a completa, que contem os três modelos.

Tabela 26 - Gosto/ Apreciação das formas de apresentação da informação no Nescau

Media N DP teste t

pareado sig.

GDA_N 2,52 399 1,114 8,183 ,000

GDA_INFO_N 2,96 399 1,111

GDA_N 2,52 399 1,114 3,390 ,001

GDA_SC_N 2,69 399 1,120

GDA_N 2,52 399 1,114 9,974 ,000

ALL_N 3,13 399 1,199

GDA_INFO_N 2,96 399 1,111 5,234 ,000

GDA_SC_N 2,69 399 1,120

GDA_INFO_N 2,96 399 1,111 3,814 ,000

ALL_N 3,13 399 1,199

GDA_SC_N 2,69 399 1,120 8,387 ,000

ALL_N 3,13 399 1,199

Fonte: Coleta de dados

Já em relação ao biscoito Passatempo, não há diferença significativa em relação ao

quanto os pais gostam das embalagens somente com informações textuais (M= 2,48; DP=1,147)

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e a que contém somente GDA (M=2,56; DP=1,103). A embalagem com o sistema de informação

que os pais mais gostam é a mais completa, que contém tanto o GDA quanto as informações

textuais (M=2,86; DP=1,188), conforme mostra a tabela 27.

Não houve diferença significativa (sig=0,198, que é maior do que 0,05) entre o quanto os

pais gostam do GDA e do sistema nutrition claim.

Tabela 27 - Gosto/ Apreciação das formas de apresentação da informação no Passatempo

Media N DP teste t

pareado sig.

GDA 2,56 399 1,103 1,289 ,198

INFO TEXTUAL 2,48 399 1,147

GDA 2,56 399 1,103 5,339 ,000

COMPLETA 2,86 399 1,188

INFO TEXTUAL 2,48 399 1,147 7,758 ,000

COMPLETA 2,86 399 1,188

Fonte: Coleta de dados

A forma de apresentação indicada como a mais difícil de compreender tanto para os

cereais como para os biscoitos foi o GDA, que também é a com mais baixa probabilidade de

compra.

As embalagens que reúnem todas as formas pesquisadas no estudo (all) foram

apontadas como de maior credibilidade, de mais fácil compreensão e as que mais agradam.

Ou seja, a simpatia do consumidor é maior em relação a embalagens com mais informação, o

que rejeita a Hipótese 4.

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6.1.5 INTENÇÃO DE COMPRA

Para verificar a influência das diferentes formas de apresentação das informações

nutricionais na intenção de compra dos pais em relação a alimentos para seus filhos, aplicou-

se o teste t, para cada um dos dois produtos avaliados (cereal e bolacha recheada),

comparando as diferenças de médias para a intenção de compra em relação às embalagens

com cada uma das formas de apresentação da informação, bem como em relação ao cenário

completo, com todos os formatos presentes.

Em primeiro lugar, efetuou-se a análise das médias registradas para a intenção de

compra do produto Nescau Cereal (Tabela 28).

Foi feito teste t pareado (testa par a par para ver se há diferença) comparando as

diferenças de intenção de compra entre cada uma das formas de apresenta de informação, do

mais simples (GDA_N) ao mais completo dos sistemas (ALL_N). A média foi de 2,11 no

mais simples (DP=1,228), ou seja, a intenção de compra é menor no mais simples e maior no

mais completo (M=2,60; DP=1,382 no ALL_N). A diferença é significativa entre os dois,

portanto pode-se dizer que havendo mais informação, aumenta a intenção de compra. Esse

resultado reforça o encontrado no estudo de Bialkova, Grunert e van Trijp (2013) de que a

atenção aumenta quando há uma combinação de sistemas de informação, rejeitando a

Hipótese 5(b).

Um dado interessante é que na comparação entre o sistema de informação por grupo

de alimento (selo de garantia) e o somente com informação textual (Nutrition Claims), o

resultado indica que o produto com embalagem com informação textual tem maior

probabilidade de compra do que o por grupo de produto. Isso, possivelmente, em razão do

indicador ‘selo de garantia cereal integral’ ser algo genérico e específico por produto, não

entregando credibilidade ao comprador. Na comparação entre as médias de credibilidade, a

embalagem com nutrition claims (M=2,89; DP=1,107) se mostrou com mais credibilidade do

que sistema de informação por grupo de alimento (M=2,70; DP=1,127), visto anteriormente

na tabela 24.

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Fonte: Coleta de dados

Em relação ao biscoito recheado Passatempo, a Tabela 29 apresenta o resultado das

análises. Da mesma forma que no cereal Nescau, foi feito um teste t pareado comparando, par

a par, as diferenças de intenção de compra para cada uma das formas de apresentação

nutricional na embalagem. Conforme dito anteriormente, em função do biscoito recheado não

ser classificado como saudável ele não foi testado com o símbolo indicador resumido, visto

que este formato, conforme explicado anteriormente é restrito a indicação de saudabilidade de

determinado produto.

Tabela 28 - Probabilidade de compra do produto Nescau

Média N DP

teste t

pareado sig.

GDA_N. 2,11 399 1,228 7,788 ,000

GDA_INFO_N. 2,47 399 1,309

GDA_N. 2,11 399 1,228 3,790 ,000

GDA_SC_N. 2,28 399 1,278

GDA_N. 2,11 399 1,228 8,819 ,000

ALL_N. 2,60 399 1,382

GDA_INFO_N. 2,47 399 1,309 4,997 ,000

GDA_SC_N. 2,28 399 1,278

GDA_INFO_N. 2,47 399 1,309 2,910 ,004

ALL_N. 2,60 399 1,382

GDA_SC_N. 2,28 399 1,278 7,262 ,000

ALL_N. 2,60 399 1,382

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Fonte: Coleta de dados

Também para o biscoito, a apresentação de um conjunto de informações mais

completo (ALL_P) aumenta a probabilidade de compra do produto (M=2,27; DP=1,341) tanto

em comparação com a embalagem contendo somente o GDA (M=1,94; DP=1,160), como em

relação a embalagem contendo somente informações textuais (M= 2,09; DP=1,256). Ou seja,

a intenção de compra de um produto não saudável aumenta conforme a embalagem conta com

mais informação.

Já no cenário que compara a embalagem somente com o GDA (M=2,09; DP=1,256)

ou somente nutrition claims (M=1,94; DP=1,160), a informação textual é a que se destaca

com maior probabilidade de compra, confirmando a Hipótese 3. Portanto, no caso em que a

empresa tenha restrições de espaço no rótulo para a aplicação de mais de um sistema de

informação, a utilização de nutrition claims é o mais indicado, visto que é o sistema com

maior probabilidade de compra. Embora não seja este o formato percebido como de maior

credibilidade, tampouco o que mais agrada o consumidor, ele é visto como mais fácil de

compreender.

Em resumo, a principal conclusão aqui é que quanto mais informação, maior tende a

ser a probabilidade de compra. Este resultado vai de encontro à Hipótese 5(b), que supunha

Tabela 29 - Probabilidade de compra do produto Passatempo

Média N DP

teste t

pareado sig.

GDA 1,94 399 1,160 3,466 ,001

INFO_TEXTUAL 2,09 399 1,256

GDA 1,94 399 1,160 7,189 ,000

ALL_P 2,27 399 1,341

INFO_TEXTUAL 2,09 399 1,256 4,974 ,000

ALL_P 2,27 399 1,341

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que mais informação poderia confundir o consumidor e com isso reduzir sua intenção de

compra. Logo, a hipótese 5(b) para produtos não saudáveis não foi confirmada.

Por fim, foi testada a probabilidade de compra entre cada um dos produtos com cada uma

das formas de apresentação da informação de acordo com as faixas de idade (Tabela 30), a

fim de verificar se há alguma diferença na intenção de compra devido à idade. Utilizaram-se

aqui os mesmos grupos por idade, conforme explicado anteriormente, em que se dividiu os

pais em 3 grupos (visando um grupo de pais mais jovens, outro em faixa intermediária e outro

grupo dos pais mais velhos) através do cálculo percentil para que os grupos fossem

homogêneos em relação a quantidade de pais integrando cada um deles.

Em primeiro lugar efetuou-se a análise das médias registradas para a intenção de compra

em relação a cada uma das embalagens considerando cada um dos grupos de idade de pais

(conforme técnica percentil explicada anteriormente). Na sequência, para verificação das

diferenças de médias aplicou-se o teste de ANOVA.

Tabela 30 – Probabilidade de compra / faixa de idade dos pais

18 a 33 34 a 37 38 a 57 F Sig.

N Média DP N Média DP N Média DP

GDA_Nescau 139 2,06 1,258 114 1,95** 1,155 145 2,27** 1,224 2,325 ,099

GDA_INFO_Nescau 139 2,55 1,363 114 2,28 1,300 145 2,56 1,252 1,814 ,164

GDA_SC_Nescau 139 2,33 1,390 114 2,11 1,222 145 2,37 1,201 1,505 ,223

ALL_Nescau 139 2,70 1,428 114 2,33* 1,400 145 2,73* 1,298 3,158 ,044

GDA_Passatempo 139 2,01 1,201 114 1,79 1,101 145 2,01 1,164 1,432 ,240

INF_Passatempo 139 2,25** 1,319 114 1,89** 1,236 145 2,10 1,198 2,546 ,080

ALL_Passatempo 139 2,42** 1,414 114 2,04** 1,359 145 2,31 1,239 2,624 ,074

Notas: (*) significância p < 0,05; (**) significância p < 0,10

Fonte: Coleta de dados

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O resultado da ANOVA apontou diferença marginal (entre 0,05 e 0,10) entre as médias

por faixas etárias, ou seja, a embalagem com maior probabilidade de compra não difere entre

as faixas de idade. A apresentação mais completa de informações se mantém unânime para

todas as faixas, independente do produto.

Houve diferença significativa na intenção de compra para o Nescau entre os pais do

grupo intermediário (M=1,95;DP=1,155) e os pais mais velhos (M=2,27;DP=1,224) quando

avaliam a embalagem somente com o GDA. Os pais mais velhos têm mais probabilidade de

comprar o Nescau Cereal com embalagem somente com o GDA do que os pais da faixa de

idade intermediária.

Também há diferença significativa na intenção de compra do Nescau com todas as

formas de apresentação da informação na embalagem (ALL), entre os pais com idade

intermediária (M=2,36; DP=1,400) e os pais mais velhos (M=2,73;DP=1,298).

Em relação ao produto Passatempo, há diferença significativa na probabilidade de

compra entre os pais mais jovens e os pais de idade intermediária, tanto em relação a

embalagem somente com nutrition claims, como para a embalagem com nutrition claims e

GDA. Em ambos os casos a maior intenção de compra por estes é dos pais mais jovens, com

idade entre 18 e 33 anos.

6.1.6 FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO E MUDANÇA DE

PERCEPÇÃO DE SAUDABILIDADE

A fim de verificar se houve alteração na percepção de saudabilidade do produto em

função das diferenças nos sistemas de informação utilizados, foi feito um teste t pareado,

comparando as médias em pares de cada uma das embalagens e considerando, também, as

percepções de saudabilidade indicadas anteriormente a fase de apresentação das imagens,

onde os pais informaram suas percepções gerais em relação à categoria e posteriormente ao

produto em si, independente da embalagem.

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Tabela 31- Percepção de saudabilidade cereais matinais vs Nescau Cereal vs

Nescau cereal com diferentes formas de apresentação da informação nutricional

Média N DP

Teste t pareado sig.

"Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

2,76 399 1,261 8,674 ,000

Saudável Nescau Cereal 2,25 399 1,111 "Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

2,76 399 1,261 11,095 ,000

Percepção de saudabilidade GDA_N 2,09 399 1,078 "Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

2,76 399 1,261 3,269 ,001

Percepção de saudabilidade GDA_INFO_N 2,56 399 1,146 "Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

2,76 399 1,261 5,254 ,000

Percepção de saudabilidade GDA_SC_N 2,42 399 1,159 "Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

2,76 399 1,261 ,510 ,610

Percepção de saudabilidade GDA_ALL_N 2,73 399 1,261 Saudável Nescau Cereal 2,25 399 1,111

3,055 ,002 Percepção de saudabilidade GDA_N 2,09 399 1,078 Saudável Nescau Cereal 2,25 399 1,111

6,377 ,000 Percepção de saudabilidade GDA_INFO_N 2,56 399 1,146 Saudável Nescau Cereal 2,25 399 1,111

3,083 ,002 Percepção de saudabilidade GDA_SC_N 2,42 399 1,159 Saudável Nescau Cereal 2,25 399 1,111

8,739 ,000 Percepção de saudabilidade GDA_ALL_N 2,73 399 1,261

Fonte: coleta de dados

A percepção de saudabilidade da categoria “cereais matinais” (M=2,76; DP=1,261) é

maior do que do produto Nescau Cereal (M=2,25; DP=1,111), o que significa que o produto

em estudo é visto como menos saudável do que a categoria de forma geral. Embora o produto

não seja percebido como um alimento saudável (M<3), a inclusão de uma informação no

painel frontal da embalagem, aumentou a percepção de saudabilidade dos pais em relação ao

produto em todos os casos, com exceção da embalagem contendo somente o GDA, que

reduziu a percepção dos pais sobre a saudabilidade do produto (M=2,09; DP=1,078),

confirmando a Hipótese 2. O sistema de informação por tipo de alimento, contendo o selo de

garantia, teve média 2,42. O aumento na percepção de saudabilidade foi ainda maior em

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relação a embalagem com nutrition claims (M=2,56; DP=1,146) e com a composição

contendo as três formas de apresentação testadas (M=2,73; DP=1,261).

Não houve diferença significativa entre a percepção de saudabilidade dos cereais

matinais em geral em comparação a percepção de saudabilidade do Nescau Cereal com

embalagem contando com as três formas de apresentação da informação nutricional (GDA,

informações textuais e selo de garantia).

Tabela 32 – Percepção de saudabilidade biscoitos recheados vs Passatempo

vs Passatempo com cada uma das formas de apresentação da informação

Média N DP Teste t pareado sig.

"Considero que biscoitos recheados são alimentos saudáveis"

1,25 399 ,778

7,185 ,000

Saudável Biscoito Passatempo 1,61 399 ,866

"Considero que biscoitos recheados são alimentos saudáveis"

1,25 399 ,778

8,195 ,000

Percepção de saudabilidade GDA_P 1,72 399 ,909

"Considero que biscoitos recheados são alimentos saudáveis"

1,25 399 ,778

11,326 ,000

Percepção de saudabilidade GDA_INF_P 1,92 399 1,053

"Considero que biscoitos recheados são alimentos saudáveis"

1,25 399 ,778

12,178 ,000

Percepção de saudabilidade ALL_P 2,01 399 1,133

Saudável Biscoito Passatempo 1,61 399 ,866 2,125 ,034

Percepção de saudabilidade GDA_P 1,72 399 ,909

Saudável Biscoito Passatempo 1,61 399 ,866 5,927 ,000

Percepção de saudabilidade GDA_INF_P 1,92 399 1,053

Saudável Biscoito Passatempo 1,61 399 ,866 7,349 ,000

Percepção de saudabilidade ALL_P 2,01 399 1,133

Fonte: Coleta de dados

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100

A Tabela 32 apresenta os resultados do teste comparando as percepções de saudabilidade

da categoria biscoitos recheados, do biscoito Passatempo e do Passatempo com cada uma das

formas de apresentação da informação nutricional, de forma a verificar se os resultados se

repetem em um produto não-saudável.

No caso dos biscoitos recheados, a percepção de saudabilidade por parte dos pais em

relação à categoria é muito baixa (M=1,25; DP=). O biscoito Passatempo, entretanto, é

percebido como mais saudável em relação à categoria (M=1,61; DP=0,866). No caso do

produto não-saudável, a percepção do quão saudável é o produto aumenta em todos os casos,

quando informações nutricionais são destacadas no painel frontal. O sistema GDA apresenta

média 1,72 (DP= 0,909) em relação a percepção de saudabilidade do produto. Os nutrition

claims aumentam ainda mais essa percepção (M=1,92;DP=1,053) e a embalagem contendo o

GDA e nutrition claims (ALL) é a que torna maior a percepção de saudabilidade do produto

(M=2,01; DP=1,133).

Tais resultados confirmam a Hipótese 2, de que a presença de um destaque na

informação nutricional aumenta a percepção de saudabilidade do produto.

6.7 MODELO DE REGRESSÃO PARA A INTENÇÃO DE COMPRA DOS PRODUTOS

NESCAU E PASSATEMPO

Com o objetivo de verificar se existe uma relação entre a percepção de saudabilidade e

simpatia do consumidor em relação à forma que a informação é apresentada (facilidade de

compreensão, credibilidade percebida e gosto) foi realizada uma regressão. O modelo de

regressão ajuda a identificar o coeficiente de regressão que avalia a importância relativa das

variáveis individuais na previsão geral.

Dois modelos foram criados: um para analisar tal relação no produto Nescau, e outro

em relação ao biscoito Passatempo; ambos considerando a embalagem composta por todos os

modelos de apresentação da informação estudados (all). No Modelo 1 a variável dependente é

a intenção de compra do produto Nescau e as variáveis independentes são a percepção de

saudabilidade, facilidade de compreensão, a credibilidade percebida e o gosto pelo formato

utilizado. Já no Modelo 2, a variável dependente é a intenção de compra do produto

Passatempo, com as mesmas variáveis independentes do modelo 1 (percepção de

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saudabilidade, facilidade de compreensão, a credibilidade percebida e o gosto pelo modelo

utilizado).

A fim de estimar um modelo de regressão mais apropriado para a realidade das

variáveis optou-se pela estimação stepwise (vide Tabela 33). A partir da aplicação deste

método, percebeu-se que para o produto Nescau (embalagem all) somente a variável

saudabilidade é siginificativa para a intenção de compra. Já para o produto Passatempo

(embalagem all) além da saudabilidade percebida, também a percepção de credibilidade

impactam na intenção de compra.

Tabela 33 – Modelos de regressão Stepwise

Fonte: coleta de dados

Todos os r tiveram um valor acima de 0,751; caracterizando uma correlação forte. Os

melhores modelos escolhidos pelo r apontaram as variáveis dependentes: Xsaudabilidade no

Nescau e xsaudabilidade e xcredibilidade no Passatempo. O r do modelo 1 teve valor 0,784 enquanto o

r do modelo 2 teve valor de 0,751.

Em um primeiro momento a estimação stepwise indicou que algumas variáveis

independentes (Xcompreensão, Xcredibilidade e xgosto no produto Nescau e Xcompreensão e xgosto no

produto Passatempo) estariam fora de um modelo de regressão, devido a sua baixa correlação

com as variáveis dependentes. A baixa correlação significa que há no estudo a presença de

variáveis espúrias, que não ajudam a explicar o modelo. Recomenda-se neste caso não adotá-

las no modelo de regressão.

Modelo Variável dependente

Variável independente

R

Múltiplo R quadrado

R ajustad

o

Erro padrão da

estimativa

1 Ynescau_all Xsaudabilidade ,784 ,614 ,613 ,859

2 Ypassatempo_all Xsaudabilidade, Xcredibilidade

,751 ,564 ,562 ,887

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Na Tabela, encontra-se ainda o erro padrão de estimativa que é a raiz quadrada da

soma dos quadrados dos erros dividida pelos graus de liberdade, representando uma

estimativa do desvio-padrão dos valores reais dependentes em torno da reta de regressão. O

erro do padrão da estimativa escolhido foi o menor para os dois modelos. Esta escolha se deu

pelo menor erro padrão da estimativa, sendo evidenciando o fato de estes serem os melhores

modelos adotados na análise dos dados (HAIR, 2005).

Após a realização da análise dos modelos, o próximo passo foi verificar a estimação

do modelo de regressão e avaliar as interferências das variáveis independentes. Na estimação

do modelo de regressão, a variação das variáveis explicadas se deu em proporção direta com a

variação das variáveis independentes. Para estimação dessas variações utilizou-se a Tabela 34

que descreve os pesos não-parametrizados (B) e parametrizados (β) para a variável Xsaudabilidade

junto com os valores t, de probabilidade e os limites de confiança de 95% em torno de B.

No modelo 1 pode-se inferir que o r ajustado representa 61,3% das variações ocorridas

na variável dependente, ou seja, esse valor indica o percentual de variação total de Y

(intenção de compra do Nescau) explicado por Xsaudabilidade. As variáveis compreensão,

credibilidade e gosto não foram significativas no modelo 1 de regressão stepwise.

Tabela 34 – Análise dos coeficientes – Modelo preditivo 1

Modelo 1

Coeficientes

T Sig. Não parametrizados Parametrizados

B Erro padrão Β

Constante ,261 ,103 ,784 2,543 0,0001

Saudabilidade ,858 ,034 ,784 25,142 0,0001

Variável dependente = Intenção de compra do Nescau ALL

Fonte: Coleta de dados

O valor previsto para o intercepto (constante) no caso é 0,261, sendo os outros valores

de B associados diretamente a cada variável independente. No que tange a significância todas

se mostraram apropriadas, pois demonstraram um valor menor que 0,05. Abaixo segue a

definição da equação de regressão múltipla.

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Y1 = 0,858Xsaudabilidade + 0,261

Analisando de uma maneira geral, a associação entre a variável dependente e as

independentes é forte (r múltiplo 0,784). Juntas, as variáveis independentes representam

61,3% da variância. O coeficiente de regressão para Xsaudabilidade foi de B = 0,858. No

modelo de regressão estimado 1 observa-se que a única variável que influencia a decisão de

compra é a percepção de saudabilidade do produto (Tabela 34).

No modelo 2 pode-se inferir que o r ajustado representa 56,2% das variações ocorridas

na variável dependente (vide Tabela 33), ou seja, esse valor indica o percentual de variação

total de Y (intenção de compra) explicado por xsaudabilidade e xcredibilidade. As variáveis

compreensão e gosto não foram significativas no modelo 2 de regressão stepwise.

Tabela 35 – Análise dos coeficientes – Modelo preditivo 2

Modelo

2

Coeficientes

T Sig. Não parametrizados Parametrizados

B Erro padrão Β

Constante ,348 ,115 3,023 ,003

Saudabilidade ALL_P ,828 ,048 ,700 17,344 ,000

Credibilidade ALL_P ,097 ,047 ,084 2,074 ,039

Variável dependente = Intenção de compra do Passatempo ALL

Fonte: Coleta de dados

Neste caso, o valor previsto para o intercepto é 0,348 e os outros valores de B

associados diretamente a cada variável independente (Tabela 35). No que tange a

significância todas se mostraram apropriadas, pois demonstraram um valor menor que 0,05.

Abaixo segue a definição da equação de regressão múltipla.

Y2= 0,828Xsaudabilidade + 0,097Xcredibilidade + 0,348

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Com r múltiplo igual a 0,751, pode-se dizer que de forma geral a associação entre a

variável dependente e as independentes é forte. Juntas, as variáveis independentes

representam 56,4% da variância. O coeficiente de regressão (B) para Xsaudabilidade foi de 0,828 e

para Xcredibilidade foi de 0,097.

Os coeficientes de regressão padronizados demonstram que a variável Xsaudabilidade é

mais forte do que a Xcredibilidade. Todavia, ambas as variáveis estão positivas e

significativamente relacionadas a intenção de compra. No modelo de regressão estimado 2

observa-se que as principais variáveis influenciadoras da probabilidade de compra do

Passatempo estão ligadas diretamente a percepção de saudabilidade e de credibilidade do

produto contendo as três formas de apresentação da informação no painel frontal (all).

Os resultados da análise de regressão confirmam o suposto na Hipótese 1 de que a

percepção de saudabilidade em relação a um produto prediz a intenção de compra sobre ele.

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7. CONCLUSÕES

Este capítulo final aborda as conclusões da pesquisa, suas implicações acadêmicas e

gerenciais, bem como as limitações percebidas no estudo e sugestões para pesquisas futuras.

Diante dos levantamentos feitos, este capítulo responde aos objetivos da pesquisa

examinando os efeitos de diferentes formas de apresentação das informações nutricionais em

painéis frontais das embalagens de alimentos na decisão de compra dos pais.

No Brasil, questões relativas a normas em relação à informação nutricional no rótulo das

embalagens de alimentos ainda é recente. A literatura explorada indica, entretanto, que nos

Estados Unidos e em diversos países da Europa as questões relativas a normas de rotulagem

nutricional são obrigatórias há mais de 30 anos. Em conseqüência, diversas são as maneiras

utilizadas pelos fabricantes de alimentos de destacar informações nutricionais no painel

frontal do rótulo de seus produtos, e o consumidor já possui maior facilidade na leitura e

compreensão das informações contidas nas embalagens, em função de um padrão utilizado

pelas empresas que já familiarizou os consumidores com determinados modelos, como é o

caso do GDA e do TL.

A grande relevância, na atualidade, dos temas envolvendo nutrição, rotulagem

nutricional e comportamento do consumidor, já apontados pelos grandes centros de estudos

de marketing como temas com a necessidade de mais estudos foi o que motivou este estudo.

O embasamento teórico da pesquisa buscou abarcar conceitos dentro de três grandes

temas: comportamento do consumidor, decisão de compra e rotulagem nutricional.

A intenção foi de investigar e compreender se as diferentes formas de apresentação da

informação nutricional no painel frontal das embalagens de alimentos têm impacto na

percepção de saudabilidade e na intenção de compra dos produtos por parte dos pais na

escolha de alimentos para seus filhos. Para isso, o trabalho enfatizou questões relativas a

conhecimento nutricional, decisão parental de compra, características individuais, percepção

de saudabilidade e simpatia do consumidor em relação a diferentes formas de apresentação

de informação utilizados no painel frontal dos rótulos de alimentos.

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106

Conforme abordado na fundamentação teórica, estudos envolvendo rotulagem

nutricional vêm ocupando lugar de destaque tanto nas pesquisas acadêmicas como no

ambiente empresarial, principalmente pelos profissionais de marketing. Isso por que a relação

entre alimentação e saúde está no foco de atenção em diversos setores. Diante de um cenário

onde diversas doenças causadas pela má alimentação preocupam cada vez mais os

consumidores, que vem buscando ampliar seus hábitos saudáveis, a embalagem ganha

importância na comunicação da composição nutricional na busca pela atenção e escolha do

consumidor.

Foi identificado, no estudo, o entendimento dos pais em relação à informação

nutricional bem como a relevância percebida por eles da informação para a decisão de

compra. O resultado indicou que 50,7% dos pais utilizam a informação nutricional como fator

de desempate na escolha entre dois produtos similares, corroborando com os estudos de

Mannell et al. (2006) e Drichoutis, Lazaridis e Nayga (2005). Ou seja, a informação

nutricional tem relevância para a decisão de compra de um produto.

Também foi identificada a relação entre o entendimento e a importância dada pelos pais a

uma série de nutrientes, atendendo ao objetivo proposto, e identificada a percepção dos pais

sobre cada uma das formas de apresentação da informação (nutrition health, sistema de

informação por grupo de alimento e Guideline Daily Amount - GDA) testados.

As hipóteses testadas também contribuíram com a atualização da literatura na área, bem

como com a comprovação ou não de teorias e especulações no contexto brasileiro. Conforme

apresentado na análise dos resultados, a Hipótese 1 foi confirmada, indicando a percepção de

saudabilidade como preditora da intenção de compra.

Um dado interessante do estudo é que foi comprovado que a inclusão de um ‘sistema de

informação’ (destaque a uma informação nutricional) ao painel frontal de um alimento

aumenta a percepção de saudabilidade dos pais em relação a ele, independente de qual forma

de apresentação é utilizada, e independente, também, de se tratar de produto saudável ou não

saudável. Este resultado reforça a relevância deste estudo e confirma a Hipótese 2

apresentada. A Hipótese 3, em relação a uma maior intenção de compra de produtos não

saudáveiss frente a uma embalagem contendo uma informação nutricional em destaque,

também se confirmou.

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107

Já as hipóteses 4 (a), (b) e (c) e 5 (a) e (b) em relação a simpatia do consumidor,

percepção de saudabilidade e intenção de compra frente a um produto com menos

informação, foram rejeitadas pela pesquisa. Estas hipóteses se basearam em pesquisas

anteriores indicando que o consumidor sente-se confuso diante do excesso de informação e

que esse ‘ruído’ na comunicação acaba por afetar sua percepção de saudabilidade e a intenção

de compra do produto. Porém, segundo os resultados apresentados neste trabalho, os

consumidores sentem mais confiança em rótulos com mais formas de apresentação da

informação nutricional. Isso pode acontecer porque, na dúvida em relação a uma das

informações (ou forma de comunicação da informação), a outra maneira utilizada pode

entregar a informação de forma mais facilmente compreendida, ou mesmo uma outra

informação considerada mais importante a quem analisa, agradando a diferentes perfis de

consumidores.

Os nutrition claims, muito utilizados no marketing das indústrias alimentícias no

Brasil, foi a forma de apresentação de informação percebido pelos pais como o que indica

mais saúde no alimento. A única forma percebida como de maior saudabilidade foi a

embalagem completa, que também inclui tal forma de comunicar os atributos e diferenciais

nutritivos. Tal resultado se repetiu tanto em relação aos cereais, como em relação aos

biscoitos. Os nutrition claims são informações objetivas e fáceis de compreender, que por

ressaltar qualidades nutricionais do alimento, impactam na percepção de saudabilidade de um

produto. Ao contrário, o GDA embora facilite o acesso à informação de parte da tabela

nutricional, como destaca itens não desejados (açúcar, sal, gorduras e calorias) pelo

consumidor, pode ser associado a indicar um produto não-saudável. Também por contar com

informações numéricas e percentuais, que não são do entendimento de grande parte dos

compradores, acaba reduzindo a facilidade de compreensão e a simpatia em relação a ele.

Nos estudos de Kaltcheva, Patino e Leventhal (2013), em relação à percepção do quão

informativo cada uma das formas de apresentação das informações nutricionais é, o ‘sistema

indicador por grupo de alimento’ (com símbolo e informação) foi avaliado como sendo o mais

informativo e com maior credibilidade em relação às alegações apresentadas. No presente

estudo, quando o ‘sistema indicador por grupo de alimento’ foi comparado aos demais (GDA

e nutrition claims) ele se mantém com alta credibilidade em comparação ao GDA, porém é

percebido como um sistema menos confiável quando comparado aos nutrition claims ou,

ainda, a embalagem completa, com os três modelos juntos.

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A intenção de compra dos pais foi testada para cada uma das formas de apresentação

da informação em análise (nutrition claims, GDA, selo de garantia e rótulo completo),

indicando que a maior probabilidade de compra se dá frente ao rótulo mais completo.

Outro fator importante incluído neste trabalho foi a ‘simpatia do consumidor’ pelos

‘sistemas de informação’, medida através das variáveis ‘gosto’, ‘facilidade de compreensão’ e

‘credibilidade’ percebida. Gostar da embalagem, seja por considerar que ela apresenta

informações de forma fácil de compreender e usar, seja porque os símbolos e cores utilizados

agradam, é também um efeito da percepção e do processamento de informação de um produto

(GRUNERT e WILLS, 2007).

As embalagens que reúnem todos os modelos pesquisados no estudo foram apontadas

como de maior credibilidade, de mais fácil compreensão, as que mais agradam, as que dão

maior percepção de saudabilidade e as que resultam em maior intenção de compra. Logo, na

visão dos pais, quanto mais informação, melhor.

No caso de a empresa não desejar ou não poder (por limitações de espaço) trabalhar com

várias aplicações de informação nutricional em destaque no painel frontal, o indicado é

utilizar os nutrition claims, modelo mais bem avaliado pelos consumidores quando

comparados aos demais. Tal resultado vai ao encontro dos estudos de Williams (2005) e

Feunekes et al (2008), que recomendaram um formato mais simples de informação no painel

frontal e sistemas mais detalhados no back (verso) para ajudar os consumidores a tomarem

decisões mais rapidamente, mas também fornecendo informações mais detalhadas para

aqueles que desejarem.

- Uma limitação que pode ser apontada em relação a esta pesquisa é de que parte dos

respondentes fez uso do celular para acessar o questionário, o que acaba limitando a

percepção e avaliações em relação às embalagens dos produtos. Outra limitação é em relação

a percepção de saudabilidade de cereais matinais. O produto foi escolhido por ser o mais

utilizado em pesquisas sobre rotulagem nutricional na Europa e nos Estados Unidos. Porém,

no Brasil a percepção dos cereais matinais como sendo um produto saudável, não se

confirmou (embora tenha sido válido por ser considerado mais saudável do que ‘biscoitos

recheados’). Ainda como limitações do presente trabalho, pode-se apontar a falta de mais

estudos sobre decisão parental e rotulagem nutricional de forma a melhor embasar a pesquisa

teórica e aprofundar questões de decisão de compra por parte dos pais; a impossibilidade de

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controle da amostra; e a utilização de escalas com poucos itens (o desenvolvimento de mais

itens ou a utilização de escalas com mais itens aumentaria a capacidade de mensuração de

cada escala).

Como contribuições acadêmicas, o presente estudo contribui com as pesquisas na área

de rotulagem nutricional e comportamento de compra do consumidor, especialmente a

decisão parental. Seus resultados contribuem com os estudos no cenário brasileiro, que ainda

são escassos sobre o tema.

Em relação as suas contribuições gerenciais, os resultados do presente estudo

representam valiosas contribuições para o mercado brasileiro, especialmente aos

departamentos de marketing e desenvolvimento de produto, entregando insights e

confirmações de práticas de rotulagem nutricional que não apenas atraem mais a atenção do

consumidor, especialmente pais na compra de produtos para seus filhos, como também

aumentam a simpatia do consumidor, a percepção de saudabilidade e a intenção de compra.

Ou seja, a utilização na prática dos resultados do estudo, irá contribuir para a promoção de

uma imagem de produto saudável (desde que as informações no rótulo sejam coerentes com o

que for destacado no painel frontal) bem como para o aumento das vendas.

Como sugestão para pesquisas futuras, sugiro testar as situações de rotulagem nutricional

em pais e consumidores com restrições alimentares (como intolerância à lactose, doença

celíaca e outras alergias), a fim de ver se apresentam os mesmos resultados. Também seria

interessante explorar os mesmos cenários e questões em outros produtos para ver se ocorre

naturalmente em outros alimentos ou se os resultados são válidos somente na compra de

produtos voltados para crianças. Realizar um estudo comparativo dos impactos das

informações do painel frontal em produtos extremamente saudáveis e não saudáveis, contando

com um produto extremamente saudável, também é sugerido. Questões envolvendo a posição

do sistema no painel frontal, bem como diferenças de formatos e cores também serão de

grande valia se aplicados ao cenário brasileiro.

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ANEXOS ANEXO 1 – Exemplos de referências dos tipos de sistemas de informação no painel frontal

‘NUTRITION CLAIMS’:

GDA MONOCROMÁTICO:

GDA POLICROMÁTICO:

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TRAFFIC-LIGHT:

SISTEMA DE INFORMAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO:

SISTEMA DE NUTRIENTE ESPECÍFICO:

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APÊNDICE A – Embalagens utilizadas no estudo PASSATEMPO INFO (NUTRITION CLAIMS):

PASSATEMPO GDA:

PASSATEMPO ALL (GDA + INFOS):

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NESCAU GDA:

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NESCAU ‘NUTRITION CLAIMS’

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NESCAU SISTEMA DE INFORMAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO

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NESCAU ALL (COMPLETO)

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APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados

Olá! Seja benvindo(a)! Você está acessando um questionário de pesquisa que visa avaliar opiniões e comportamentos

dos pais em relação a alimentação de seus filhos. O questionário é destinado a pais de crianças entre 2 e 12 anos e o tempo estimado de

resposta é de 15 minutos. Para que sua participação seja considerada válida, é importante que você responda até o final. Por favor, aguarde que apareça a tela de agradecimento para considerar a pesquisa encerrada.

Caso esteja respondendo via celular, sugerimos que o utilize na horizontal (deitado) para uma

melhor exibição das questões, imagens e alternativas de resposta. Os resultados serão divulgados em publicações científicas, mantendo o sigilo dos dados

pessoais fornecidos aqui.

Para responder este questionário, considere 'Informações Nutricionais' como sendo toda descrição destinada a informar o consumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento, em relação a nutrientes, ingredientes, redução de gordura ou açúcar, benefícios à saúde, características especiais entre outros. Indique com que frequência você verifica as informações nutricionais presentes nos rótulos/embalagens dos produtos relacionados abaixo:

Nunca Sempre

1 2 3 4 5

Pães e bolos

Sucos

Laticínios (leite, iogurte, requeijão, queijos etc)

Biscoitos

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128

Nunca Sempre

1 2 3 4 5

Sorvetes

Chocolates

Cereais matinais (sucrilhos,

achocolatados etc)

Refrigerantes

Como as afirmativas a seguir são válidas para você?

Discordo totalmente

Concordo totalmente

1 2 3 4 5

"Estou bem-informado sobre

questões de saúde e nutrição"

"Os pais devem sempre considerar a opinião da criança ao

comprar alimentos para ela"

"Considero que biscoitos recheados

são alimentos saudáveis"

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Discordo totalmente

Concordo totalmente

1 2 3 4 5

"Considero que cereais matinais são alimentos saudáveis"

A seguir, indique qual o seu grau de entendimento sobre cada uma das informações nutricionais listadas abaixo:

Nenhum entendimento

Total entendimento

1 2 3 4 5

Valor calórico (calorias)

Carboidratos

Proteínas

Gorduras Saturadas

Gorduras Trans

Sódio

Rico em Cálcio

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Nenhum entendimento

Total entendimento

1 2 3 4 5

Ferro

Fonte de Zinco

Cereal Integral

Fonte de fibras

Quando você está fazendo a escolha entre dois produtos (duas marcas diferentes do mesmo tipo de alimento), com que frequência você compara a informação nutricional para ajudar na sua decisão:

Nunca 1 2 3 4

Sempre 5

Indique o quanto você considera a marca Nestlè saudável:

Nada saudável

1 2 3 4

Extremamente saudável

5

Indique com que frequência você utiliza as fontes abaixo citadas para obter informações sobre nutrição:

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Nunca Sempre

1 2 3 4 5

Nutricionista

Médico

Revistas

Jornais

Internet

Rádio

Televisão

Rótulos / Embalagens de

alimentos

Ao comprar alimentos para seu filho, qual o grau de importância de cada uma das

informações nutricionais listadas abaixo constar na embalagem/rótulo desse produto:

Nada importante

Muito importante

1 2 3 4 5

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Nada importante

Muito importante

1 2 3 4 5

Valor calórico (calorias)

Carboidratos

Proteínas

Gorduras saturadas

Gorduras trans

Sódio

Rico em cálcio

Ferro

Fonte de zinco

Cereal integral

Fonte de fibras

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Você considera que, em geral, as informações nutricionais presentes nas embalagens de alimentos são:

Confusas Claras

De difícil leitura De fácil leitura

Inúteis Úteis

Ruins Boas

Irrelevantes Relevantes

Com que frequência você lê as informações nutricionais no rótulo/embalagem em cada um dos momentos citados abaixo:

Nunca Sempre

1 2 3 4 5

No momento da compra do produto

No momento do preparo do produto

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134

Indique quão saudável você considera:

Nada saudável

1 2 3 4

Extremamente saudável

5

Biscoito Passatempo

Nescau Cereal

A partir de agora serão apresentadas na sequência 7 embalagens de alimentos com perguntas relativas a cada uma delas. Por favor, analise cada uma das imagens atentamente e responda:

Analise a imagem com bastante atenção. Logo após, serão apresentadas algumas questões relacionadas a ela.

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Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua próxima ida ao supermercado?

Muito Improvável 1 2 3 4

Muito Provável 5

Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 1 2 3 4

Muito saudável 5

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136

Por favor, avalie este cereal, de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Quanto à dificuldade/facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Extremamente difícil

1 2 3 4

Extremamente fácil

5

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa questões nutricionais?

Sem credibilidade alguma

1 2 3 4

Extremamente confiável

5

De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto? (forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Fonte insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo

Muito nutritivo

Não gosto nenhum pouco desta forma de

2 3 4 Gosto muito desta

forma de exposição das

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Analise a imagem com bastante atenção e então responda as perguntas a seguir:

Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua próxima ida ao supermercado?

exposição das informações

nutricionais 1

informações nutricionais

5

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Muito Improvável 1 2 3 4

Muito Provável 5

Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 1 2 3 4

Extremamente saudável

5

Por favor, avalie este cereal, de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Quanto à dificuldade/ facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Extremamente Difícil

1 2 3 4

Extremamente Fácil

5

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa questões nutricionais?

Fonte Insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo

Muito nutritivo

Sem credibilidade alguma

1 2 3 4

Extremamente confiável

5

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De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto? (forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Observe atentamente a imagem a seguir e, logo após, responda as questões relacionadas a ela.

Não gosto nenhum pouco desta forma de exposição das informações nutricionais

1 2 3 4

Gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais

5

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Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua próxima ida ao

supermercado?

Muito Improvável 1 2 3 4

Muito Provável 5

Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 2 3 4 Extremamente

saudável

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Por favor, avalie este cereal de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Fonte insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo

Muito nutritivo

Quanto à dificuldade/facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde

utilizado nesta embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa questões nutricionais para você?

Sem credibilidade alguma

1 2 3 4

Extremamente confiável

5

De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto?

(forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Não gosto nenhum pouco desta forma de exposição das informações

2 3 4

Gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais

1 5

Extremamente Difícil

1 2 3 4

Extremamente Fácil

5

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nutricionais 1

5

Analise a imagem com bastante atenção. Logo após, serão apresentadas algumas questões relacionadas a ela.

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143

Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua próxima ida ao supermercado?

Muito Improvável 1 2 3 4

Muito Provável 5

Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 1 2 3 4

Extremamente saudável

5

Por favor, avalie este cereal de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Quanto à dificuldade/facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta

embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Extremamente Difícil

1 2 3 4

Extremamente Fácil

5

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa questões nutricionais

para você?

Sem credibilidade alguma

2 3 4 Extremamente confiável

Fonte insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo

Muito nutritivo

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1 5

De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto? (forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Não gosto nenhum pouco desta forma de exposição das informações nutricionais

1 2 3 4

Gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais

5

Observe com atenção a imagem e responda as questões relacionadas à ela:

Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua próxima ida ao supermercado?

Muito Improvável 1 2 3 4

Muito Provável 5

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Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 1 2 3 4

Extremamente saudável

5

Por favor, avalie este biscoito de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Quanto à dificuldade/facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Extremamente Difícil

1 2 3 4

Extremamente Fácil

5

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa

questões nutricionais para você?

Sem credibilidade alguma

1 2 3 4

Extremamente Confiável

5

De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto?

(forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Não gosto nenhum pouco

2 3 4 Gosto muito desta forma de

Fonte insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo

Muito nutritivo

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desta forma de exposição das informações nutricionais

1

exposição das informações nutricionais

5

Analise a imagem com bastante atenção e responda as questões relacionadas a ela.

Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua

próxima ida ao supermercado?

Muito Improvável

1 2 3 4 Muito Provável

5

Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 1 2 3 4

Extremamente saudável

5

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147

Por favor, avalie este biscoito de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Quanto à dificuldade/facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde utilizado nesta embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Extremamente difícil

1 2 3 4

Extremamente Fácil

5

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa questões nutricionais para você?

Sem credibilidade alguma

1 2 3 4

Extremamente confiável

5

De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto? (forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Fonte insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo Muito nutritivo

Não gosto nenhum pouco desta forma de exposição das informações nutricionais

2 3 4

Gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais

Page 149: BIANCA CASTRO DA SILVA MARANINCHI RICCI A FORMA DE ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/9604/1/000482324-Texto+Completo-0.pdf · 1 pontifÍcia universidade catÓlica do

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Responda as próximas questões, considerando a imagem a seguir:

Qual a probabilidade de você comprar este produto (com esta embalagem) em sua próxima ida ao

supermercado?

Muito Improvável 1 2 3 4

Muito Provável 5

Você considera que o produto parece saudável?

Nada saudável 1 2 3 4

Extremamente saudável

5

1 5

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149

Por favor, avalie este biscoito de acordo com a forma como você o percebe baseado nesta embalagem:

Fonte insuficiente de nutrientes

Excelente fonte de nutrientes

Nada nutritivo

Muito nutritivo

Quanto à dificuldade/facilidade de compreensão, como você avalia o indicador de saúde

utilizado nesta embalagem (forma de apresentação das informações nutricionais)?

Extremamente Difícil

1 2 3 4

Extremamente Fácil

5

Quão confiável lhe parece esta embalagem em relação à maneira como ela informa

questões nutricionais para você?

Sem credibilidade alguma

1 2 3 4

Extremamente confiável

5

De acordo com o seu gosto, como você avalia o indicador de saúde nesse produto? (forma com que as informações nutricionais são apresentadas)

Não gosto nenhum pouco desta forma de exposição das informações nutricionais

1 2 3 4

Gosto muito desta forma de

exposição das informações nutricionais

5

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150

Qual seu gênero?

Masculino

Feminino

Qual sua idade?

Qual seu grau de escolaridade?

ensino médio incompleto

ensino médio completo

superior incompleto

superior completo

especialização

mestrado

doutorado

Quantos filhos você tem com idades entre 2 e 12 anos?

Em que faixa(s) de idade ele(s) se encontra(m)?

Entre 2 e 6 anos de idade

Entre 7 e 9 anos de idade

Entre 10 e 12 anos de idade

Mora(m) com você?

Sim

Não

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151

Qual sua renda familiar?

Até R$1.760,00 (2 salários mínimos)

De R$1.760,01 a R$3.520,00 (2 a 4 salários mínimos)

De R$3.520,01 a R$8.800,00 (4 a10 salários mínimos)

De R$8.800,01 a R$13.200,00 (10 a 15 salários)

De R$13.200,01 a R$ 17.600,00(15 a 20 salários)

Mais de R$17.600,00 (mais de 20 salários)

Você está trabalhando?

Sim

Não

Qual o tempo médio que você gasta no supermercado para fazer as compra? (em horas)