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BIANCA MADUREIRA DE CASTRO BORGES LER E DORT EM CIRURGIÕES-DENTISTAS

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BIANCA MADUREIRA DE CASTRO BORGES

LER E DORT EM CIRURGIÕES-DENTISTAS

Aquidauana – MS

2011

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BIANCA MADUREIRA DE CASTRO BORGES

LER E DORT EM CIRURGIÕES-DENTISTAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família.Orientador (a): Prof. Edilson José Zafalon

Aquidauana – MS

2011

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BIANCA MADUREIRA DE CASTRO BORGES

LER E DORT EM CIRURGIÕES-DENTISTAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,

como requisito para conclusão do Curso de Pós Graduação à nível de Especialização em

Atenção Básica em Saúde da Família

COMISSÃO ORGANIZADORA

_______________________________________________

Prof. Edilson José Zafalon

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu esposo Wolney, pelo incentivo constante de todas as horas, fortificando, iluminando o meu caminho e fazendo manter os meus ideais de vida. Aos meus filhos, Willian e Vitória, pela compreensão nas minhas ausências, dedico com amor e carinho este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todas as coisas que Ele tem me concedido.

Ao Prof. Edilson José Zafalon, que com seu apoio e orientação propiciou a realização

deste trabalho.

Aos professores e coordenadores do Curso de Especialização em Estratégia de Saúde

da Família, pelos conhecimentos transmitidos no transcorrer do curso.

Aos colegas de turma, pela convivência alegre, mesmo que distante e pela amizade

que tornaram este curso inesquecível.

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RESUMO

Os Cirurgiões-Dentistas compõem uma categoria em relação à qual são referidos

vários problemas que podem ocorrer no sistema musculoesquelético. Alterações,

principalmente, nos membros superiores e coluna vertebral são frequentes entre dentistas,

muitas vezes se manifestando através de sinais e sintomas que podem interferir negativamente

na capacidade funcional desses profissionais. As Lesões por Esforço Repetitivo (LERs) ou

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) são doenças que podem ter

caráter ocupacional e que atingem principalmente os membros superiores (mãos, cotovelos,

ombros). A Odontologia, como profissão e ciência, vem evoluindo muito, principalmente nas

últimas décadas. No entanto, a prática odontológica proporciona um desgaste físico

considerável para o profissional e isso faz com que o mesmo fique bastante vulnerável a

vários problemas. Existem fatores que contribuem para esta existência, como: estresse físico e

mental, falta de intervalos entre atendimentos, falta de alongamentos e repousos, longa

jornada de trabalho, a pressão sobre o profissional por resultados, falta de exercícios físicos e,

principalmente, postura inadequada para execução das tarefas laborais. O objetivo deste

trabalho é discutir as causas e conseqüências destas lesões em Cirurgiões-Dentistas, cuja

prevalência tem se elevado cada vez mais.

Palavras-chave: Cirurgiões-Dentistas; LERs e DORTs; causas; conseqüências

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ABSTRACT

The Dental Surgeons make up a category for which they are mentioned several

problems that can occur in the musculoskeletal system. Changes mainly in the upper limbs

and spine are common among dentists, often manifesting itself through signs and symptoms

that may negatively influence the functional capacity of these professionals. The Repetitive

Strain Injury (CTD) or Work-Related Musculoskeletal Disorders (WRMDs) are diseases that

may have occupational and affecting mainly the upper limbs (hands, elbows, shoulders).

Dentistry as a profession and science has evolved greatly, especially in recent decades.

However, the dental practice provides a considerable physical wear to work and that makes it

become very vulnerable to many problems. There are factors that contribute to their existence,

such as physical and mental stress, lack of breaks between sessions, lack of stretching and

homes, long working hours, the pressure on for professional results, lack of exercise and,

especially, poor posture for execution of work tasks. The aim of this paper is to discuss the

causes and consequences of these lesions in Dental Surgeons, whose prevalence has risen

even more.

Key words: Dental Surgeons; CTD and WRMDs; causes; consequences.

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SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................9

Revisão da Literatura...........................................................................................11

Metodologia.........................................................................................................34

Discussão.............................................................................................................35

Conclusão............................................................................................................38

Referências Bibliográficas...................................................................................39

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INTRODUÇÃO

O trabalho traz alegrias, satisfações, sustento e dignidade ao ser humano. Em alguns

casos, quando é realizado sem método e em busca de resultados rápidos, pode trazer prejuízos

para a saúde. Fatores como estresse, tempo insuficiente para o lazer e descanso, são alguns

dos vilões que podem ocasionar doenças crescentes em nossa época: as LER e DORT. LER é

a sigla para Lesão por Esforço Repetitivo e DORT a sigla para Doenças Osteomusculares

Relacionadas ao Trabalho, são estas síndromes a segunda maior causa de afastamento do

trabalho no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Estas resultam

da superutilização do sistema músculo-esquelético sem tempo para recuperação dessas

estruturas, causando sofrimento e dor. Pode, ainda, incapacitar as pessoas para o trabalho em

alguns casos, se não tratada adequadamente. Estas lesões podem ser observadas nas mais

diversas atividades ocupacionais, incluindo músicos, atletas, dançarinos, operadores de

máquinas, digitadores, donas de casa, entre outros.

Os cirurgiões-dentistas (CDs) encontram-se inseridos no grupo de risco para o

acometimento destas lesões, pois a atividade desenvolvida exige, em muitas situações,

esforços oriundos de posturas inadequadas, uso de força excessiva, repetição e muitas vezes

associados ao estresse e ao estilo de vida. (Langoski, 2001)

Vários trabalhos a respeito de DORT em CDs descrevem sintomas de dor e

desconforto em diferentes regiões do segmento superior do corpo e colocam os profissionais

de Odontologia entre os primeiros lugares em afastamentos do trabalho por incapacidade

temporária ou permanente, respondendo por cerca de 30% das causas de abandono prematuro

da profissão. (Filho & Barreto, 2001)

Inicialmente, as LER e DORT eram relacionadas como consequência da intensa

repetição de movimentos, exclusivamente. Porém, vários estudos demonstraram que existem

outros fatores de risco para o desenvolvimento dos distúrbios. Entre eles podemos citar a má

postura ao trabalhar, o mobiliário e o ambiente de trabalho desconfortáveis, excesso de força

em movimentos, a vibração, a não utilização de princípios ergonômicos entre outros.

(Trindade & Andrade, 2003)

Assim, problemas como degeneração dos discos intervertebrais da região cervical da

coluna, bursites, inflamação das bainhas tendinosas e artrite das mãos passaram a ser

relacionadas com patologias comumente encontradas entre os cirurgiões-dentistas. (Nogueira,

1985)

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A discussão sobre um problema de tão grande relevância ainda é incipiente no país.

Acreditamos que seja um importante campo de investigação, e a descrição da realidade sob

este aspecto, permitirá a identificação de possíveis problemas de saúde e de medidas de

prevenção e de tratamento. Este é o intuito deste trabalho, identificar as causas e

consequências das LER e DORT em cirurgiões-dentistas, procurando salientar seu tratamento

e as formas de prevenção de forma que possa esclarecer à classe odontológica que trabalha

nas ESFs do município de Aquidauana/MS, quais as melhores formas de identificar e prevenir

as LER e DORT.

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REVISÃO DA LITERATURA

A sociedade moderna tem sido cada vez mais vítima das chamadas doenças do

trabalho. O excesso de horas de trabalho seguidas, a pressão para atingir resultados cada vez

melhores e a repetição constante de alguns movimentos pode levar a problemas sérios de

saúde. A maioria das pessoas não se dá conta de todos esses fatos, e só vão perceber seu

resultado quando se encontram em um estado avançado, com as chamadas Lesões por Esforço

Repetitivo, ou, como são mais conhecidas, LER. Outra definição para as Lesões por Esforço

Repetitivo que vem sendo bastante utilizada é DORT – Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho. Este estudo pretende mostrar as causas e conseqüências destas

lesões na vida particular e profissional dos Cirurgiões-Dentistas, formas de diagnóstico,

tratamento e formas de prevenção das lesões.

Segundo Novaes (2000) o termo LER é a abreviatura de Lesões por Esforços

Repetitivos e consiste em uma entidade, diagnosticada com doença, na qual movimentos

repetitivos, em alta frequência e em posição ergonômica incorreta, podem causar lesões de

estruturas do Sistema Tendíneo, Muscular e Ligamentar. Ela é descrita em diversos outros

países com outra denominação, CTD (Cumulativo Trauma Depordes) – Repetitive Strain

Injury (RSI) etc.: em 1998 o INSS introduziu o termo DORT – Doenças Osteoarticulares

Relacionadas ao Trabalho equiparando-a á LER. Ao usar a definição do Instituto Nacional de

Serviço Social, o autor que: “Segundo a norma técnica do INSS sobre DORT (Ordem de

Serviço no. 606/1998), conceituam-se as lesões por esforços repetitivos como uma síndrome

clinica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não e alterações objetivas, que se

manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e / ou membros superiores, em

decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos. O diagnóstico

anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente em casos subagudos e crônicos, e

o nexo com o trabalho tem sido objeto de questionamento, apesar das evidencias

epidemiológicas e ergonômicas”. Ora, á partir do instante que existe a definição da

caracterização da doença como em decorrência do trabalho,a equiparação entre LER e DORT

depende do fato de se comprovar que o trabalho foi à causa da doença e não outro fator. O

autor uso exemplos: Caso 1 – Imaginemos uma criança de 12 anos, aficionada por vídeo game

e que possui um joy stick onde é utilizado com grande frequência a alavanca do polegar. Esta

criança em seu período de férias chega a ficar 4 a 5 horas jogando o seu vídeo game e num

período de uma semana desenvolve um quadro de Tendinite de Abdutor do Polegar. Sem

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dúvida, estamos diante de um quadro inflamatório de um tendão, um típico caso de LER que,

no entanto, não é uma DORT, uma vez que se trata de uma criança e que não trabalha.

Imaginamos o mesmo caso em que o pai da criança, operador de painel, ao sair do trabalho, à

noite, para uma maior aproximação com seu filho, também vai jogar o mesmo vídeo game.

Por possuir uma faixa etária maior, e não estar acostumado com os controles, assume uma

posição viciosa e desenvolve em curto espaço de tempo a mesma doença do filho. Em virtude

do fenômeno doloroso se afasta do trabalho, pois adquire uma dificuldade de operar o painel e

neste afastamento é emitido um atestado com CID específico. Ainda neste caso estaríamos

diante de uma LER, porém por ter sido adquirida fora do ambiente de trabalho não seria uma

DORT. A DORT só é caracterizada quando o fator gerador da doença LER tenha sido o

trabalho para comprovar a existência da tríade lesão, nexo e incapacidade. Caso 2-

Imaginemos um engenheiro que possui como hobby jogar tênis no final de semana e que sua

função no trabalho seja de gerenciamento. Imaginemos que por ter se iniciado no esporte

tardiamente, não adquire movimentos ergonômicos corretos durante a partida de tênis. Ao

disputar um torneio de final de semana no clube passa por uma seletiva, uma semifinal e uma

final onde executa inúmeros “back hand” errados. Como consequência, desenvolve um

quadro de Epicondilite de difícil tratamento e é afastado do trabalho. Estamos novamente

diante de um quando de LER, mas que não é uma DORT. Caso 3 – Imaginemos um servente

da diretoria de uma empresa que possui como tarefa básica fazer e servir café à diretoria bem

como água, refrigerantes etc. Imaginemos ainda, a possibilidade desta servente em virtude do

seu salário não ter chance de possuir alguém que lhe auxilie no serviço da sua casa e na roupa

dos seus três filhos. Assim sendo, ao sair do seu serviço inicia sua segunda jornada que

consiste em lavar, passar, cozinhar e arrumar a casa. Pelo fato de exercer a dupla jornada, ter

seu varal de casa em uma altura não correta desenvolve um quadro inflamatório em ambos os

ombros que lhe causam incapacidade e a obrigam a afastar do trabalho. Mas uma vez

estaremos diante de um caso de LER, porém, como o trabalho executado por ela, no trabalho

registrado, do ponto de vista ergonômico, não desenvolveria tal afecção, não é ela uma

DORT. Para o mesmo caso, se houvesse no trabalho registrado e formal, o mesmo tipo de

atividade que obrigasse a empregada a elevar o braço em posição anti-ergonômica, com a

possibilidade de desenvolvimento da lesão poder-se-ia tentar traçar uma correlação de causa e

efeito e neste caso LER poderia ser também uma DORT. Assim sendo, podemos conclui que

uma mesma alteração músculo tendínea desencadeada por micro traumatismo de repetição ou

posição viciosa ou não ser uma LER equiparada a uma DORT. O diagnóstico de DORT só

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deverá ser firmado quando houver comprovação que o trabalho executado e regido pela CLT,

for o causador da lesão.

Segundo Lopes (2000-1), as atividades modernas são muito pobres em qualidade de

movimentos. À medida que evolui, o trabalho torna-se mais dependente da técnica, o que

aumenta de forma assustadora o número de acidente e doenças profissionais. Cada profissão

tem implicações características que podem trazer àqueles que a exercem patologia específica,

as doenças ocupacionais. Certas atividades exigem dos trabalhadores a ação dos mesmos

grupos musculares por meses ou anos a fio, podendo levar ao desenvolvimento de lesões. A

autora afirmou ser o cirurgião-dentista um trabalhador que usa e depende a cada dia mais da

técnica, além de ter que enfrentar uma competição cada vez mais acirrada por mercado de

trabalho. As exigências do mundo moderno e as particularidades da prática odontológica são

fontes geradoras de estresse, que é outro fator para o desenvolvimento das LER e DORT.

Estes distúrbios relacionados ao trabalho causam inicialmente dor, e podem evoluir, se não

diagnosticadas, para a incapacidade temporária ou mesmo permanente. Para conceituar e

exemplificar a etiopatogênia das lesões osteomusculares, a autora afirmou que o episódio

inicial de uma lesão ocasionada pelo trabalho repetitivo consiste numa reação inflamatória do

tendão e das sinóvias que o envolvem. Com repouso do segmento afetado, imobilização e

tratamento medicamentoso, em pouco tempo a inflamação desaparece, normalmente sem

sequelas. Caso contrário, cada episódio inflamatório é seguido de outro, formando-se um

circulo vicioso que leva a casos crônicos de lesões, a espessamento irreversível de tendões e

sinóvias, com incapacidade permanente. Nas situações normais do dia-a-dia, ocorre uma

reparação celular nos tendões, que os mantém sadios e lhes proporciona sempre uma

determinada reserva funcional, para responder a eventuais sobrecargas crônicas, as estruturas

miotendíneas sofrem desgaste. É por isso, inclusive, que a quase totalidade dos distúrbios

músculo-esquelético ocupacionais ocorre em torno de áreas articulares. A contração

prolongada dos músculos envolvidos, por sua vez, produz uma miosite tencional. Esta cria

pressão intramuscular, especialmente na contração isométrica (contração sem encurtamento) e

em menor grau na isotônica (contração com encurtamento), levando a processos de isquemia

que, se perdurarem, como no caso de postura defeituosa ocupacional, gera processo

inflamatório com reação fibrótica intramuscular e tecidos adjacentes. O sedentarismo, a perda

natural da elasticidade muscular por desuso, a adiposidade e a perda da elasticidade das

estruturas articulares, somados as doenças degenerativas, ajudam a agravar a situação. Essa

tendência se acentua com o passar da idade, uma vez que no indivíduo jovem as fibras gastas

são rapidamente substituídas, restaurando-se de imediato a integridade anatômica da área

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afetada. No idoso, porém, esse processo é mais lento, abrindo maiores espaços para lesões,

principalmente nas atividades repetitivas e fora de condições ergonômicas adequadas, que são

fatores causais do DORT. Após discorrer sobre os estágios do DORT, suas manifestações

clínicas, seus fatores organizacionais e / ou psicossociais, a autora apresentou algumas formas

de diagnosticar as lesões, baseando-se na anamnese ocupacional, o histórico da doença, um

apurado exame físico e acompanhado de exames complementares, que podem fechar no tipo e

estágio da doença. Para o tratamento das LER/DORT, os fatores causais não podem ser

parcialmente abrangidos. Este exige ação de uma equipe multiprofissional, para que o

problema possa ser avaliado sob várias perspectivas, o que é fundamental para a cura. Assim

sendo, o médico identifica a alteração e coordena o tratamento; o fisioterapeuta aplica

exercícios para reabilitar os movimentos comprometidos, empregando recursos que variam da

eletroterapia ao ultrassom, drenagem linfática e gelo; o terapeuta ocupacional molda o local

de trabalho ao tipo físico da pessoa, indicando adaptações de borracha ou espuma aos móveis

e equipamentos, e orienta quais atividades podem e devem ser modificadas para prevenir e

solucionar o problema; um psicólogo ou psiquiatra detecta a causa de fatores como angústia e

ansiedade no ambiente de trabalho e finalmente o uso de terapia medicamentosa, terapias e

exercícios de relaxamento e cirurgias podem levar à cura. Mas, como fator mais importante, a

autora foi enfática em eleger a prevenção como principal forma do profissional não adquirir

doenças do trabalho. Para prolongar o seu tempo de vida útil, este deve se cuidar desde jovem,

já que recuperar a saúde é muito mais difícil do que mantê-la. Uma vida saudável tem que se

basear em uma alimentação balanceada, boas condições de trabalho, equilíbrio psicológico e

atividades físicas. A adoção de algumas medidas preventivas pode evitar o surgimento das

lesões. Dentre elas a autora recomendou repouso entre o atendimento de um paciente e outro,

alongamentos e exercícios para mãos e dedos (para repouso dos músculos e tendões), exames

médicos periódicos e a diminuição do ritmo de trabalho tão logo surja qualquer sintoma, que

são excelentes aliados contra esse mal.

Lopes (2000) afirmou ser o cirurgião-dentista um trabalhador que usa e depende a

cada dia mais da técnica, além de ter que enfrentar uma competição cada vez mais acirrada no

mercado de trabalho. As exigências do mundo moderno e as particularidades da prática

odontológica são fontes geradoras de estresse, que é outro fator do desenvolvimento das

LER/DORT. Estes distúrbios relacionados ao trabalho causam inicialmente dor, e podem

evoluir se não diagnosticados, para a incapacidade de realizar movimentos, de forma

temporária e ou mesmo permanente. A autora disse ser importante que a classe odontológica

conheça as alterações patológicas e suas causas, pois este é o passo inicial para preveni-las e

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tratá-las o mais cedo possível, preservando assim estruturas anatômicas fundamentais para a

continuidade da profissão, além da saúde mental. Também discorreu a autora sobre o histórico

das LER/DORT, classificando-as como uma doença antiga, pois Bernardino Ramazzini, o pai

da Medicina do Trabalho, em 1713 descreveu os sinais e sintomas da tenossinovite dos

escribas e notários, sendo o primeiro estudioso a estabelecer correlação entre doenças e

ocupação das pessoas. As manifestações do DORT podem variar de paciente para paciente.

Nem todos apresentam sinais visíveis dos distúrbios, mais alguns sinais e sintomas são

comuns a todos. O primeiro sinal é a dor, que pode se iniciar com pontadas intermitentes por

curtos períodos, podendo ser acompanhada de fadiga muscular ou desconforto, que se

recuperam com curtos períodos de repouso. Caso os fatores agressivos não sejam removidos,

a dor que no principio é leve ou moderada e sempre ligada ao movimento, passa a ser

continua ou semicontínua, muito intensa, irradiada e difusa, com períodos de exacerbação

quando são executados determinados movimentos, ao final da jornada de trabalho ou mesmo

quando fora deste. Uma das queixas mais frequentes neste estagio é a dor noturna e de

remissão demorada, que impede o sono e promove significativos desgastes psíquicos. Ao

observar a etiopatogenia a autora disse que o episódio inicial de uma lesão ocasionada pelo

trabalho repetitivo consiste numa reação inflamatória do tendão e das sinóvias que o

envolvem. Com repouso do segmento afetado, imobilização e tratamento medicamentoso, em

pouco tempo a inflamação desaparece, sem sequelas. Caso contrário, cada episódio

inflamatório é seguido de outro, formando-se um circulo vicioso que leva a casos crônicos de

lesões, a espessamento irreversível de tendões e sinóvias e incapacitação permanente. Suas

manifestações clínicas podem ocorrer num grupo heterogêneo de doenças, algumas bem

definidas e outras mais difusas. Dentre elas a mais conhecida é a Tenossinovite (inflamação

do tecido que reveste os tendões), mas há outros distúrbios associados: Bursite (inflamação

das bursas, pequenas bolsas que se situam entre os ossos e os tendões das articulações dos

ombros), Síndrome de De Quervain, Miosites (inflamação dos músculos), Cistos Sinoviais,

dor miofascial (contração dolorosa dos músculos), Tendinite (inflamação dos tendões),

Epicondilite (inflamação das estruturas do cotovelo), e síndromes compressivas, como:

Síndrome do Túnel do Corpo (compressão do nervo mediano ao nível do punho), Síndrome

do Túnel Ulnar (compressão do nervo ulnar no nível do punho), Síndrome do Redondo

Pronador (compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo), Síndrome Cérvico-

Braquial (compressão dos nervos ou tendões muscular da coluna cervical) Síndrome do

Desfiladeiro Torácico (compressão do plexo braquial: vasos e nervos), Síndrome do Ombro

Doloroso (compressão de vasos e nervos da região do ombro). Não há uma causa única e

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determinada para a ocorrência de DORT. Vários são os fatores agressivos existentes no

ambiente de trabalho odontológico, e que podem concorrer para a ocorrência destes

distúrbios, sem que, na maioria dos casos, o dentista os conheça. Para que tais fatores sejam

considerados de risco, a autora observou a sua intensidade, duração e frequência. As origens

das DORT são normalmente as atividades que exigem força excessiva com as mãos, posturas

incorretas dos membros superiores, repetitividade de um mesmo padrão de movimentos e

compressão mecânica das estruturas dos membros superiores. No trabalho do dentista,

podemos encontrar este aspecto na raspagem coronorradicular; na confecção de aparelhos

ortodônticos fixos e móveis; nas manobras de instrumentação manual dos condutos

radiculares na Endodontia e de polimerização das restaurações em resina; na realização de

preparo durante a confecção de prótese fixas; nos movimentos contínuos do pescoço e de

membros superiores (paciente – ferramenta de trabalho – paciente – equipamento – paciente –

matéria prima), durante os procedimentos realizados. As constantes flexões, extensões e

desvio laterais de punho são movimentos de risco. Quando a autora discutiu sobre as formas

de diagnóstico, observou que por não terem um substrato anatômico evidente e diante da falta

de objetividade dos recursos diagnósticos disponíveis para avaliação dos quadros clínicos

apresentados, o diagnóstico dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

tornou-se mais complexo, sendo essencialmente clínico. Baseia-se em uma anamnese bem

conduzida que contemple a história profissional, a história da doença e um exame físico

detalhado, estabelecendo relação entre os sintomas e queixas apresentados e o trabalho que

profissional executa. Os exames complementares, laboratoriais e de imagem não são

obrigatórios, devendo ser solicitados apenas quando for justificável, como por exemplo, em

quadros altamente inespecíficos. Para o sucesso do tratamento os fatores causais não podem

ser abrangidos parcialmente, pois uma terapia moderna exige a ação de uma equipe

multiprofissional, para que o problema possa ser avaliado sob várias perspectivas, o que é

fundamental para a cura. O grande problema relatado por médicos que cuidam das doenças do

trabalho é que os sintomas podem aparecer de forma lenta, e o paciente ir se “acostumando”

com as dores, dormências, inchaços, etc., de maneira que quando procura um médico, o

sucesso do tratamento pode estar comprometido. Quando mais demorar a ser identificada e

tratada, mais a dor crônica passa a prejudicar as atividades diárias, o lazer, o sono e até o

apetite, chegando até mesmo à incapacitação permanente. Algumas sugestões de tratamento

apresentados pela autora foram a terapia medicamentosa, as terapias e exercícios de

relaxamento e como último recurso, a terapia cirúrgica. Mas, como unanimidade, a autora

elegeu a prevenção como a melhor forma de evitar os distúrbios. Segundo ela, a prevenção e o

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diagnóstico precoce são as maiores armas de que dispomos para prolongar o tempo de vida

útil do profissional. Existem vários fatores que influenciam no surgimento das DORT e

devem se observados no momento em que se procura prevenir seu aparecimento: os fatores

ligados ao ambiente de trabalho, que deve ser planejado de forma a assegurar ao cirurgião-

dentista condições adequadas de conforto e segurança; fatores ligados à organização do

trabalho, devendo satisfazer os requisitos técnicos e organizacionais, bem como as

necessidades sociais e pessoais dos indivíduos que trabalham nesse sistema e por fim foram

feitas recomendações sobre as atividades domésticas, que devem ser evitadas, principalmente

caso o profissional já esteja apresentando sinais e sintomas da DORT: crochê, tricô, lavar

roupa, ter contato com água fria, bater bolo, entre outros. A autora conclui seu estudo

relatando que a Odontologia, pelas próprias características da profissão, é uma atividade que

expõe seus praticantes a Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho e, uma vez

negligenciadas atitudes que possam prevenir o desenvolvimento da patologia, esta pode

causar incapacidade temporária ou mesmo permanente. É necessário que o cirurgião-dentista

seja visto como um todo e, a partir daí, consiga despender algum tempo para a prevenção da

sua vida útil.

Maemo et al. (2001) discorreram de forma clara sobre a definição de LER, Lesões

por Esforço Repetitivo e de DORT, Distúrbio Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho,

além de sua frequência em outros países e no Brasil. Historicamente, sabe-se que apenas por

ocasião da Revolução Industrial é que os trabalhadores começaram a adquirir importância

sócio-econômico e seu adoecimento começou a ser objeto de estudo por parte da ciência. No

caso das LER/DORT, a partir da segunda metade deste século proliferaram as descrições de

populações de trabalhadores com problemas músculo-esquelético relacionados ao trabalho.

Os autores responderam algumas questões polêmicas, como se seria a ocorrência de

LER/DORT decorrente das características individuais dos pacientes, preconizando que as

causas encontram-se fundamentadas nos mecanismos intra-psíquicos dos indivíduos, levando

em conta secundariamente os fatores biomecânicos, ambientais e a organização do trabalho. A

teoria psicossomática visa entender o modo pelo qual os fatores psíquicos atuam nas afecções

orgânicas, considerando o ser humano como uma unidade indissociável corpo-psiquismo.

Então, questionaram os autores, existiria uma propensão a adquirir a doença? Trabalhadores

com “aparelho psíquico normal” teriam sua saúde física protegida. Já trabalhadores com

“aparelho psíquico atípico”, quando submetidos a atividades repetitivas, reagiriam fazendo

uso apenas de pensamentos concretos, em detrimento dos pensamentos abstratos

(neutralização do pensamento), o que os impediria de resolver mentalmente os conflitos,

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restando-lhes a “opção” de resolvê-la por meio do desenvolvimento de quadros clínicos com

expressão física. As LER/DORT seriam fruto, portanto, da reação de um “aparelho psíquico

atípico” a determinadas condições de trabalho. Mas, voltam a questionar os autores, seria

possível que todas as pessoas acometidas pelas lesões tivessem um “aparelho psíquico

atípico”? Chegaram à conclusão que, um dos motivos que os levaram a descartar a explicação

psicossomática para a ocorrência de LER/DORT, é a falta de consistência dessa teoria, com

base em estudos populacionais, restando apenas o caráter especulativo na construção de

conceitos.

Em 2003 o Corpo Editorial da Revista Saúde em Movimento (2003), publicou um

artigo intitulado “Saiba mais sobre Lesões por Esforço Repetitivo”, no qual foram abordados

os aspectos causais da doença, mostrando que o uso excessivo de determinadas articulações

do corpo, em geral relacionado a profissões como o cirurgião-dentista, pode levar a

determinadas doenças ocupacionais. Os autores relataram existir várias doenças que podem

ser enquadradas nesse grupo de LER, cada uma delas com características diferentes, mais que

irão levar no final aos sintomas de dor, fraqueza e fadiga das articulações, impedindo a pessoa

de trabalhar normalmente. Alguns dos principais tipos de lesões por esforços repetitivos

citados foram:

1- Síndrome do Túnel do Carpo: trata-se de uma forma bastante comum de LER,

provocada pela compressão do nervo Mediano, que vem do braço e passa pelo punho, numa

região chamada Túnel do Carpo. Devido ao uso excessivo dos dedos e punhos, começa haver

uma inflamação e inchaço das estruturas que passam pelo Túnel do Carpo, resultando na

compressão do nervo mediano. Como resultado, esse nervo passa a ficar enfraquecido,

provocando a sensação de formigamento e amortecimento dos dedos das mãos,

principalmente dos dedos polegar, indicador e médio. Caso seja necessário, poderá ser feito o

teste de Eletro miografia para medir a condução do nervo mediano e o tratamento baseia-se no

uso de antiinflamatório para aliviar a dor, bem como a inflamação das estruturas envolvidas.

Também o uso de munhequeiras ajuda a manter a articulação dos punhos fixa, aliviando a dor.

Repouso, com o paciente sem trabalhar as articulações para diminuir a inflamação também é

recomendado. Em casos mais severos, com comprometimento do nervo mediano, uma

cirurgia é recomendada para descompressão do mesmo, com melhora em 95% dos casos. Para

prevenir a lesão, é importante evitar usar as articulações durante muito tempo, fazendo

paradas nos serviço para relaxar a musculatura das mãos e dedos.

2- Tendinites dos Extensores dos Dedos: o termo tendinite significa inflamação nos

tendões, em geral causada por uso excessivo da articulação envolvida. Pode ocorrer em

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qualquer articulação, mas é mais comum nos punhos, nos joelhos, ombros e cotovelos.

Devido à inflamação, a pessoa apresenta dor quando movimenta as articulações envolvidas. O

diagnóstico e basicamente clínico, baseado na queixa do paciente, com dor, fraqueza ou

queimação. O tratamento é feito com uso de antiinflamatório e repouso da articulação

envolvida. Para prevenir a lesão é preciso tomar cuidado com a posição de trabalho, os

punhos devem ficar sempre em posição confortável, evitando o desalinhamento com o braço.

Também são necessários descansos entre as atividades para relaxar a musculatura e os

tendões.

3- Tenossinovites dos Flexores dos Dedos: os tendões flexores dos dedos estão

presentes na parte da palma das mãos. Esses tendões estão recobertos por uma bainha

chamada sinovial, que faz com que a contração do músculo fique mais suave. Quando ocorre

a inflamação dessa bainha sinovial, usa-se o termo tenossinovite, no caso dos tendões que

fazem a flexão dos dedos. Devido à inflamação da bainha, quando houver contração do

músculo para movimentar os dedos, aparecerá o sintoma de dor local, e o movimento das

mãos não será bem realizado. O paciente, durante o diagnostico, irá se queixar de dor e

inflamação na parte interna da mão, principalmente quando fizer o movimento de flexão dos

dedos. Para o tratamento, usam-se antiinflamatórios para aliviar a dor e a inflamação, bem

como é indicado o repouso das articulações envolvidas.

4- Tenossinovite Estenosante (Dedo em Gatilho): esta doença envolve os tendões

flexores dos dedos das mãos, que possam por túneis dentro dos dedos. Se houver a formação

de nódulos sobre os tendões ou ocorrer um inchaço na bainha que o cobre, ele então se tornará

mais largo, ficando comprimido nos túneis por onde ele passa. Conforme a pessoa mexe os

dedos, ela irá sentir um estalo ou escutar um barulho na articulação envolvida, principalmente

no meio dos dedos. O diagnóstico pode se feito através dos sintomas apresentados, bem como

referência de que a pessoa trabalha com movimentos repetitivos e por longos períodos. O

tratamento mais indicado para este problema é o uso de antiinflamatórios e repouso das

articulações. Na tentativa de prevenir o problema deve-se evitar o uso repetitivo das

articulações.

5- Epicondilite Lateral: também conhecida de como “cotovelo de tenista”, é causada

pela inflamação das pequenas protuberâncias dos ossos do cotovelo, os epicôndilos. Alguns

músculos que promovem a retificação do punho e dos dedos são presos pelos tendões no

epicôndilo lateral do cotovelo. Quando houver um uso excessivo dessas estruturas, começará

a se desenvolver uma inflamação das mesmas, iniciando os sintomas de dor. Para que se possa

fechar o diagnóstico, deve-se observar se o paciente queixa de dor aguda quando roda o

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Page 20: BIANCA MADUREIRA DE CASTRO BORGES - … · Web viewEm casos mais severos, com comprometimento do nervo mediano, uma cirurgia é recomendada para descompressão do mesmo, com melhora

antebraço. Normalmente a pessoa nota o aumento gradativo da dor conforme o uso das

articulações. Em geral o tratamento é feito com repouso e uso de antiinflamatórios. São úteis

também os exercícios de alongamento do antebraço e músculos das mãos. Poderá ser usado

um suporte para o antebraço, para reduzir a pressão na área afetada. Em casos mais graves,

podem ser injetados corticóides no local afetado. Caso não haja melhora, poderá se indicada

cirurgia para alívio dos sintomas.

Bianchi et al. (2003) relataram ser as LER, Lesões por Esforços Repetitivos, uma

síndrome de dor nos membros superiores, com frequente queixa de incapacidade funcional,

causada pelo uso das extremidades superiores em tarefas que envolvem movimentos

repetitivos ou postura forçada. Quando a origem da lesão por esforço repetitivo for resultante

de uma atividade ocupacional, denominam-se DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado

ao Trabalho. Os autores afirmaram que, atualmente, uma das profissões de maior risco

quando ao aparecimento das LER/DORT é a do cirurgião-dentista, em consequência das

extensas jornadas de trabalho, sob vários tipos de pressão e muitas vezes sem as devidas

precauções relacionadas à ergonomia de seu ambiente de trabalho e sua postura física durante

os atendimentos. Os movimentos repetitivos fazem parte do dia-a-dia do odontólogo e é

compreensível que seu trabalho, quanto mais especializado, rápido e repetitivo for, devido aos

movimentos constantes dos dedos, maior a probabilidade de aparecimento de uma lesão

inflamatória em algum tendão ou ligamento entre a mão e o punho, nos dedos, cotovelo ou

pescoço. Há uma maior incidência das lesões em cirurgiões-dentistas especialistas em

Periodontia, Endodontia e Cirurgiões Buco-Maxilo-Faciais. Após a realização dos estudos, os

autores ressaltam que algumas medidas deveriam ser adotadas pelos cirurgiões-dentistas para

preservar sua saúde sem comprometimento da sua produtividade, entre elas a de adotar como

hábito exercícios de alongamento antes, durante e depois da jornada de trabalho; estruturar

uma boa organização do trabalho, planejando a agenda com intuito de alternar procedimentos

com exigências posturais diferentes; praticar atividades físicas, preferencialmente

alongamentos e aeróbicas; manter um peso adequado, um condicionamento físico básico e

praticas de relaxamento muscular, além da prevenção e controle do estresse psicossocial.

Dessa maneira, é de suma importância, segundo os autores, que se desenvolva a preocupação

com o aparecimento de doenças ocupacionais e de difundam as maneiras de preveni-las.

Motta Filho et al.(2004) discorreu a respeito especificamente da Epicondilite Lateral

do Cotovelo, uma das doenças mais frequentes no cirurgião-dentista. Segundo os autores, a

Epicondilite Lateral ou cotovelo de tenista é uma condição comum. Desde que foi descrita,

em 1882, já houve várias discussões sobre o diagnóstico e o tratamento desta condição. A

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articulação do cotovelo é local frequente de lesões devido a movimentos crônicos de

repetição, sendo uma queixa corriqueira a dor neste local. O termo Epicondilite sugere

inflamação, embora a análise histológica tecidual não demonstre um processo inflamatório. A

maioria dos casos se resolve com tratamento conservador, que inclui repouso e analgésicos,

sendo de exceção o procedimento cirúrgico. Infiltração local de corticóide na área dolorosa é

um método comum de tratamento incruento, porém existe pouca evidência científica de que

este tratamento seja melhor do que o uso de antiinflamatório apenas. O tratamento cirúrgico é

recomendado nos casos que não respondem ao tratamento incruento. Objetivo deste

procedimento é a ressecção da área patológica de tendinite que mais frequentemente inclui a

origem do tendão extensor radial curto do corpo. As complicações relacionadas ao tratamento

cruento são raras. Está relatada instabilidade iatrogênica, então o ligamento colateral lateral

deve ser protegido pelo cirurgião. O procedimento cirúrgico, naqueles pacientes em que

persistirem a sintomatologia, por não menos de nove meses, deve ser considerado, pois

apresenta 95% de resultados de bons a excelentes. O que causou estranheza aos autores é que

uma afecção tão frequente tenha tão pequeno número de trabalhos que respeitem os critérios

científicos recomendados atualmente, permitindo estabelecer protocolos específicos para o

tratamento da Epicondilite lateral.

Barbosa et al. (2004) realizou um estudo sobre a prevalência de Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho em cirurgiões-dentistas do município de Campina

Grande – PB. Foi um estudo observacional, prospectivo, que utilizou uma abordagem indutiva

com procedimentos estatístico-descritivos e comparativos. Os dados foram obtidos através da

observação direta extensiva, utilizando um questionário como instrumento para a coleta de

informações. O universo pesquisado foi composto por cirurgiões-dentistas com atividades em

consultórios privados. Este questionário continha 19 questões subjetivas e objetivas,

abordando dados sociais, informações relativas ao ritmo e a jornada de trabalho diária, bem

como a presença de sintomatologia dolorosa e as regiões do corpo mais afetadas. Ao analisar

o ritmo do trabalho diário, os autores verificaram que a maioria dos profissionais, (64,4%)

qualificou como moderado o seu ritmo de trabalho, 28,9% avaliaram como rápido e somente

6,7% dos CDs estimaram os seus ritmos de trabalho como de natureza pesada. Um percentual

68,9% dos dentistas apresentaram queixa de dor músculo-esquelético, após a jornada diária de

trabalho, em uma ou mais regiões do corpo. Ao concluir seu estudo os autores observaram

que a maioria dos pesquisados pertence ao gênero feminino, tem entre 41 e 50 anos, exerce a

profissão há mais de 21 anos, possui dominância destra e trabalha com auxiliar, a jornada

média de trabalho foi de 8,3 horas diárias e um terço dos profissionais qualificaram como

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pesada sua carga de trabalho diária. A sintomatologia dolorosa indicativa de distúrbios

osteomusculares foi relatada pela maioria dos dentistas, sendo a regiões do pescoço, costas,

ombros, mãos e dedos, joelhos e braços as áreas do corpo mais acometidas. A Endodontia foi

a especialidade mais acometida e a região lombar a área mais afetada. Portanto, diante do fato

de que os cirurgiões-dentistas, muitas vezes, trabalham em ambientes ergonomicamente

desfavoráveis, atendendo um número excessivo de paciente, faz-se necessário a realização de

estudos específicos voltados a essa categoria profissional, permitindo estimar o percentual de

CDs acometidos por sintomatologia dolorosa indicativa de LER/DORT, possibilitando a

adoção de programas preventivos concomitante à melhoria das condições de trabalho.

Ferreira et al (2005) realizaram um estudo com objetivo de avaliar a presença de

sintomas de lesões por esforço repetitivos em cirurgiões-dentistas do serviço públicos da

cidade de Patos – PB onde as LER e / ou DORT, doenças que podem ter caráter ocupacional,

ocorrem principalmente atingindo os membros superiores. Segundo os autores, os cirurgiões-

dentistas são constantemente submetidos a fatores de risco para o aparecimento dessas lesões

que são de difícil estudo e diagnóstico. Entre as consequências deste fenômeno, estão as

dificuldades que se estabelecem para o exercício da atividade profissional, como o ritmo de

trabalho que tem chamado a atenção. Foram aleatoriamente admitidos para participar deste

estudo 20 profissionais de ambos os sexos, que trabalham na Secretaria Municipal de Saúde

da Cidade de Patos – PB. Estes responderam um questionário auto-explicativo, composto por

12 questões objetivas, com perguntas como idade, sexo, carga horária de trabalho diário,

tempo de profissão, realização de atividades físicas regulares, tipo de instituição onde

trabalha, presença de dor durante a atividade profissional, local de acometimento da dor,

tempo de presença da sensibilidade. Este estudo apresenta um inquérito epidemiológico da

queixa de dor osteomuscular no seguimento superior em cirurgiões-dentistas no nosso meio,

trazendo uma exploração inicial dos fatores associados a essas queixas. Observa- se a

presença de sinais de LER/DORT em diversos indivíduos pesquisados no estudo dos autores,

principalmente nos do sexo feminino, em acordo com os achados na literatura científica. Os

principais locais de aparecimento da dor foram a coluna lombar, mão e o punho e o antebraço,

podendo indicar uma excessiva sobrecarga de trabalho sobre esses seguimentos corporais,

bem como uma má utilização dos mesmos por parte dos entrevistados. Os resultados obtidos

pelos autores do estudo indicam a necessidade de estudos futuros que aprofundem a

abordagem da queixa por região, incorporando entrevista, exames clínicos e complementares

e realizando uma exploração longitudinal da história ocupacional e de outras exposições

relevantes. Os resultados deste estudo são relevantes para os cirurgiões-dentistas,

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incentivando e orientando o debate sobre as LER/DORT, na categoria e a discussão de

medidas de prevenção.

Uma revisão da literatura sobre as doenças de caráter ocupacional em cirurgiões-

dentistas foi realizada por Costa et al (2006) e teve por objetivo discutir as principais

patologias de caráter laboral, através de estudos descritos na literatura. A prática profissional

odontológica apresenta como uma de suas principais características o risco ocupacional em

virtude de hábitos, posturas e patologias advindas da profissão. Doença profissional é

qualquer manifestação mórbida que surge em decorrência das atividades ocupacionais do

indivíduo. A odontologia apresenta riscos operacionais que podem levar à doença, à invalidez

e, mesmo, à morte. O seu trabalho requer dos cirurgiões-dentistas ações que exigem

coordenação motora, raciocínio, discernimento, paciência, segurança, habilidade, delicadeza,

firmeza e objetividade. Essas ações em conjunto exigem muito do profissional. Por opção

metodológica, este trabalho foi abordado pelos autores apresentando o conceito, a descrição

clínica e os resultados de estudos realizados das patologias LER – Lesões por Esforço

Repetitivo e DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho. São lesões

musculares e / ou tendões de fascias e / ou nervos dos membros superiores, cintura escapular e

pescoço, ocasionadas pela utilização biomecanicamente incorreta dessas estruturas,

acompanhadas ou não por alterações objetivas e que resultam em dor, fadiga, queda de

desempenho no trabalho, incapacidade temporária, e, conforme o caso, pode evoluir para uma

síndrome dolorosa crônica, nesta fase agravada por todos os fatores psíquicos, no trabalho ou

fora dele, capazes de reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do indivíduo. Os autores

afirmaram ser o cirurgião-dentista pertencente ao um grupo profissional exposto a um risco

considerável de adquirir algum tipo de LER/DORT, desde que certos fatores das tarefas

profissionais estejam presentes. Entre eles: força excessiva, postura incorreta, alta

repetitividade de um mesmo padrão de movimento e compressão mecânica dos tecidos,

aliadas às características individuais dos profissionais. Na tentativa de melhor compreender as

causas das lesões, os autores fizeram suas considerações finais ao observar que a organização

do trabalho no consultório odontológico é importante para a obtenção da melhoria da

qualidade de vida do profissional, além de render uma melhor produtividade. A padronização

do atendimento é um passo para que ocorra a diminuição do risco profissional. Deve-se

reconhecer a importância dos conhecimentos ergonômicos originando uma prática

profissional saudável; o incremento tecnológico optando por equipamentos ergonomicamente

desenvolvidos e os fundamentos da Odontologia a quatro mãos. Em último caso, houve a

sugestão aos cirurgiões-dentistas da adoção de medidas preventivas, como a realização de

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consultas com duração de até uma hora e a adoção de exercícios de alongamento entre os

atendimentos, como o intuito de minimizar os danos causados pelo exercício profissional.

Regis Filho et al. (2006) discorreram sobre as Lesões por Esforços Repetitivos/

Distúrbios Osteomusculares Relacionado ao Trabalho em Cirurgiões-Dentistas, ao realizarem

um estudo onde estas patologias tiveram suas causas e características observadas. Vários

aspectos foram citados, entre eles: os estudos revelaram presença de associação significativa

entre os dois sexos e as lesões, onde o sexo feminino apresenta mais lesões que o masculino;

ombro e/ ou braço, punho e/ ou mão e o pescoço são as regiões mais afetadas e as tarefas

profissionais cotidianas estão expondo os profissionais a um risco considerável de adquirir

LERs/DORTs. O trabalho dos autores utilizou um estudo epidemiológico transversal para

buscar evidências da existência de relação entre as tarefas executadas pelo cirurgião-dentista e

as LER/DORTs. Utilizou-se para a coleta de dados um protocolo denominado “Inquérito

Sócio/Sanitário”, objetivando pesquisar as manifestações sentidas ou não, passadas ou

presentes, relacionadas as LERs/DORTs, provocadas pelo trabalho do cirurgião-dentista. A

partir da conclusão da fase de pesquisa, foi feita a análise estatística que pode agrupar a

distribuição dos casos de LERs/DORTs em quatro grupos, com características bastante

evidentes, e com distribuição mais ou menos harmônica dos casos, em relação à severidade.

Foram divididos desta forma: primeiro grupo, com casos de baixa severidade, predomínio de

sexo masculino, ausência de sinais, tratamento e impedimento funcional, apresentando dor

fraca e de duração fugaz; segundo grupo, média severidade, sexo feminino, sem impedimento

funcional, apresentando dor de intensidade média, duração constante e durante a palpação, e

com presença de sensibilidade; terceiro grupo, de alta severidade, tem impedimento funcional,

apresentando dor forte e intermitente, presença de vários sinais de limitação e perda do

controle dos movimentos e edema, tratamento fisioterápico e longo tempo de exercício

profissional; quarto grupo, alta severidade, predominância do sexo masculino, apresenta as

mesmas características do terceiro grupo, tratamento cirúrgico necessário. Os quatro grupos

mostram uma característica da profissão, onde os cirurgiões-dentistas permanecem

trabalhando, mesmo apresentando evolução da patologia para os graus de alta severidade. Os

resultados obtidos pelos autores indicam que a maioria dos profissionais, em virtude da

utilização de instrumentos que não obedecem aos requisitos ergonômicos, esta sendo

submetidos a condições adversas de trabalho, onde dor e desconforto estão presentes.

Finalizando, sugeriram que mais pesquisas devam ser realizadas com a finalidade de

aprofundar os conhecimentos no assunto e melhorar a prevenção das doenças.

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Os autores Graça et al. (2006), realizaram um trabalho de pesquisa a cerca das

desordens musculoesqueléticas que podem afetar os cirurgiões-dentistas. Disseram eles que,

no Brasil, a denominação inicialmente adotada para essas desordens foi de Tenossinovite

ocupacional, depois LER (lesão por esforço repetitivo) e por fim DORT (distúrbios

osteomusculares relacionados com o trabalho). Correspondem a um conjunto de afecções

heterogenias que acometem músculos, tendões, sinóvias, articulações, vasos e nervos, de que

podem ser vítimas trabalhadores submetidos a determinadas condições de trabalho. Há certos

fatores de risco para que estas desordens músculo-esqueléticas relacionados com o trabalho

ocorram. Entre eles os fatores biomecânicos e a sobrecarga músculo-esquelética estática, os

fatores organizacionais e a sobrecarga músculo-esquelética dinâmica e os fatores

psicossociais e estresse. Os autores afirmaram que foi encontrada maior frequência dos

sintomas dessas desordens entre os cirurgiões-dentistas, quando comparados à população em

geral ou com outros profissionais de saúde. Estas doenças implicam agravos frequentes,

presentes na vida do profissional, e muitas vezes, interferem na capacidade funcional desse

trabalhador de saúde. É necessário que os trabalhadores da Odontologia se conscientizem

quanto aos cuidados de seu próprio corpo. Pausas para descanso entre os atendimentos,

adoção de métodos preventivos, como, exercícios regulares, massagens, boa alimentação,

cuidados com a postura, são algumas das alternativas que podem ser adotadas a fim de

prevenir e/ou minimizar os possíveis problemas musculoesqueléticos, advindos da profissão,

considerada uma das mais estressantes na área da saúde.

A autora Zuffo (2006), disse que, inicialmente, acreditava-se que as LER/DORT

eram causadas somente pela intensa repetição de movimentos. Mas, após a realização do

projeto de intervenção para os desequilíbrios posturais e sintomatologias dolorosas nos

cirurgiões-dentistas, seus estudos demonstraram que existem outros fatores de risco para o

desenvolvimento de distúrbios. São eles: má postura, mobiliário e ambiente de trabalho

desconfortáveis, excesso de força em movimentos, vibração, uso de instrumentos

inadequados, não utilização de princípios ergonômicos, uso cumulativo do aparelho motor,

repouso insuficiente, alto grau de estresse e insatisfação profissional e pessoal. Durante a

realização das atividades diárias do profissional, são utilizados grupamentos musculares

específicos para cada movimento. Quando há fadiga e isquemia muscular localizadas, devido

à contração estática, repetitiva e por posturas inadequadas, ocorrem algias. A autora enfatizou

o histórico da ergonomia dentro da Odontologia, com os aspectos iniciais, quando os

cirurgiões-dentistas ainda trabalhavam de pé ao lado da cadeira. Foram enumerados os

problemas de saúde ocasionados por esta postura e enfatizados a melhoria que vieram após a

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introdução das modernas práticas posturais: uso do mocho, cadeira odontológica anatômica,

ajuda de um auxiliar e a técnica de sucção de alta potencia. Quando o profissional apresenta

pelo menos um dos fatores descritos abaixo por um período continuo, significa que está

começando a desenvolver os primeiros sintomas de LER/DORT: sensações de dor,

desconforto, peso e dormência em áreas especificam que podem ir e voltar durante o trabalho,

inchaço, dificuldade de movimento e cansaço. Caso não se comece um tratamento, os

sintomas evoluem para dor maior durante o repouso, perda de sensibilidade e da força

muscular, impedindo a continuidade da atividade profissional. Foram citadas algumas das

lesões mais comuns associadas às LER/DORT: Síndrome do Túnel do Corpo, Tenossinovite

dos extensores, Epicondilite, Dedo em Gatilho, Cervicalgia e Síndrome dolorosa miofascial.

Foram feitas pela autora algumas recomendações quanto aos aspectos biomecânicos, que

podem ajudar sobremaneira quando da prevenção do aparecimento das lesões. São elas:

realizar atividades físicas, no mínimo 3 vezes por semana por pelo menos 30 minutos, (buscar

atividades que fortaleçam os membros superiores); reeducar a postura durante a realização do

tratamento, buscando sempre que possível manter a coluna reta e apoiada no encosto do

mocho, a cabeça ligeiramente fletida, os cotovelos a 900 próximos do corpo e /ou apoiados, a

nuca do paciente na altura do abdômen, o tronco o mais próximo possível da cadeira do

paciente, os pés totalmente apoiados no chão, a altura do mocho ajustada de forma que o

ângulo formado pela coxa e perna fique entre 90 e 120°, evitar exagerar as torções,

inclinações laterais e flexões do corpo e procurar realizar atividades de relaxamento,

alongamento e consciência corporal.

Foi observada no trabalho de Oliveira (2007), a importância da Ginástica Laboral na

prevenção de Doenças Ocupacionais, num país como o nosso, onde a solução das questões

relacionada com a adequação econômica dos ambientes de trabalho ainda está longe de ser

uma realidade. Apenas algumas empresas e entidades estão preocupadas em oferecer aos seus

empregados condições ideais em seu ambiente de trabalho, não estando, a grande maioria,

preocupada em investir na melhoria da qualidade de vida, mas apenas com o que os

trabalhadores podem produzir. As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tem origem ocupacional, decorrendo, de

forma combinada ou não, do uso repetido da força de grupos musculares e da manutenção de

postura forçada. Os primeiros registros da prática de Ginástica Laboral são de 1925, na

Polônia, onde operários se exercitavam com uma pausa adaptada a cada ocupação particular.

No Brasil, surgiram as primeiras manifestações de atividades físicas entre funcionários em

1973, com a Fábrica de Tecidos Bangu, a pioneira, e a Banco do Brasil, com a criação da

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Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB). Segundo o autor, o conceito de Ginástica

Laboral compreende exercícios específicos de alongamento, de fortalecimento muscular, de

coordenação motora e de relaxamento realizado em diferentes setores ou departamentos do

local de trabalho, e tem como objetivo principal prevenir e diminuir os casos de LER e

DORT. O cirurgião-dentista, como um dos profissionais que mais correm risco de

desenvolver estas lesões, também podem e devem recorrer da ginástica laboral, pois é sabido

que é mais fácil, rápido e econômico prevenir do que tratar as doenças ocupacionais. Esta

modalidade de ginástica pode ser classificada em quatro tipos: preparatória, realizada antes de

se iniciar o trabalho, aquecendo e despertando o trabalhador; compensatória, que tem por

objetivo fazer trabalhar os músculos correspondentes e relaxar os músculos que estão em

contração durante a maior parte da jornada de trabalho; de relaxamento, praticada no final do

expediente, tem como objetivo relaxar o corpo e extravasar tendões; corretivas, visa fortalecer

os músculos fracos e alongar os músculos encurtados, visa combater e atenuar as

consequências das posições inadequadas no ambiente de trabalho. Por fim, o autor conclui

que as evidências demonstram a importância da Ginástica Laboral na prevenção de doenças

ocupacionais, tais como as LER/DORT, na redução dos acidentes de trabalho e das faltas, no

aumento da produtividade, na diminuição dos gastos com assistência médica e num maior

retorno financeiro para as empresas. Todos estes aspectos estão também diretamente

relacionados ao trabalho do cirurgião-dentista, sendo importantes para sua qualidade de vida e

diminuição do absenteísmo.

Uma das síndromes que mais acometem o cirurgião-dentista, a Síndrome do Túnel

Carpal (STC), foi estudada por Botelho et al. (2008), de forma que evidenciou ser a principal

causa de perda de horas de serviço, trazendo inúmeras complicações profissionais e alto custo

de tratamento. A Síndrome do Túnel do Carpo ou Túnel Carpal, é uma combinação de sinais e

sintomas característicos da compressão do nervo mediano ao nível do canal do carpo. O canal

é formado por rígidas e estreitas estruturas, por onde passa o nervo mediano, na altura do

punho. Por estas características, este é um local vulnerável à compressão nervosa e a zona

mais comum de lesão e afecções deste nervo. A sintomatologia manifesta-se depois de um

trabalho intenso e repetitivo de mãos e dedos. Dor difusa, adormecimento e fadiga muscular,

evoluindo até alterações das funções sensitivas, motoras ou tróficas. O adormecimento e a

parestesia geralmente se localizam na porção distal do braço ou punho, irradiando para os

dedos médios e o polegar. O dedo indicador é o mais atingido. É comum a sensação de

formigamento (hiopoestesia) nas mãos à noite. A força de preensão vai se tornando cada vez

menor. Os autores observaram uma estreita e perigosa relação entre a STC e a comunidade

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odontológica, provando serem as doenças ocupacionais uma realidade para os profissionais

que trabalham no ambiente da clínica dentária. A comunidade odontológica pode estar

comprometendo sua saúde ocupacional e sua capacidade profissional, se não buscar

alternativas para melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Afirmaram os autores serem

necessárias campanhas de instrução aos profissionais da Odontologia, para garantir uma

maior longevidade profissional e melhor qualidade de vida.

Num segundo estudo feito por Regis Filho et al. (2009), as LER/DORT são

apresentadas como patologias com sinais e sintomas de inflamações dos músculos, tendões,

fáscias e nervos dos membros superiores, cintura escapular e pescoço. Este aspecto tem

chamado a atenção não só pelo aumento de sua incidência, mas por também existir evidências

de sua associação com ritmo de trabalho. O estudo dos autores utilizou uma análise

biomecânica, através da cinemetria e da eletromiografia, de quatro tarefas executadas

cotidianamente por cirurgiões-dentistas generalistas, objetivando obter dados sobre os

componentes neuromusculares determinantes desses movimentos humanos e os fenômenos

mecânicos dos segmentos corporais envolvidos com as LERs/DORTs. No presente estudo

apresentado pelos autores, a análise dos dados cinemáticos revelam que as principais

atividades realizadas pelos cirurgiões-dentistas submetem duas ou mais regiões do corpo a

posturas consideradas de risco médio e alto para ocorrência de LERs/DORTs, bem como a

análise dos sinais eletromiográficos indicou um grande comprometimento dos grupamentos

musculares flexores e extensores do carpo e do trapézio, o que explica a maioria das

incidências das lesões em ombro/braço e punho/mão. A análise biomecânica permitiu

comprovar que os cirurgiões-dentistas formam um grupo profissional exposto a risco

considerável de adquirir alguma doença ocupacional, desde que certos fatores inerentes às

tarefas profissionais fossem considerados, como: força excessiva, postura incorreta, alta

repetitividade de um mesmo movimento e compressão mecânica dos tecidos, aliado às

características individuais, estejam presentes. Os resultados indicaram que a maioria dos

profissionais, em virtude da utilização de instrumentos que não obedecem a critérios

ergonômicos e da realização de tarefas inadequadas, enfrenta condições adversas de trabalho

onde dor e desconforto estão presentes. Para finalizar, os autores sugerem que pesquisas mais

intensas devam ser realizadas com a finalidade de aprofundar o debate, abordando os fatores

psicossociais, culturais e de organização temporal das tarefas, a fim de possibilitar a

confecção de instrumentos e equipamentos mais adequados às dimensões corporais dos

profissionais brasileiros e também utilizar a dinamometria para mensurar a força e a pressão

exercidas sobre os instrumentos de uso frequente na pratica odontológica.

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O artigo publicado por Kalafatás (2010) enfoca que as Lesões por Esforços

Repetitivos (LER), também conhecidas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

Trabalho (DORT), são enfermidades de caráter ocupacional, que podem acometer tendões,

sinóvias, nervos, fascias e ligamentos, que comprometem principalmente membros superiores,

região escapular e o pescoço. A incidência de casos de LER/DORT tem aumentado

significativamente em todo mundo, o que mostra uma realidade semelhante, sendo que os

casos de LER/DORT contribuíram com 70% dos casos de doenças ocupacionais reconhecido

pela Previdência Social. A odontologia é uma profissão que pode trazer muita satisfação

pessoal para os cirurgiões-dentistas, contudo, o trabalho exige concentração e precisão, o

campo de atuação é restrito, existe um contato do trabalhador com fluidos corporais e com

materiais tóxicos. Por estes motivos, no desenvolver da atividade profissional, pode haver o

comprometimento da saúde profissional. Distúrbios provocados por hábitos inadequados, no

desenvolver da atividade, raramente são enfatizados e os profissionais muitas vezes os

desconhecem. Estes distúrbios (como as LER/DORT) quando acometem os cirurgiões-

dentistas são de prevenção negligenciada, pois os sintomas e sinais serão percebidos ao longo

dos anos, muitas vezes quando os profissionais se encontram com algum estágio irreversível.

Dentistas apresentam mais reclamações de dor e desconforto no pescoço, membros

superiores, e costas, quando comparados com trabalhadores em geral com ganhos

equivalentes. Dentre os fatores de risco de acometimento das LER/DORT encontrados nos

consultórios odontológicos, podem-se citar repetitivamente de movimentos, uso de força,

posturas estáticas e antinaturais, longas jornadas de trabalho, fatores relacionados à

mobiliários, ferramentas e equipamentos, fatores organizacionais e psicossociais, condições

individuais do trabalhador e o estresse. Esses fatores agem de forma somatória e inespecífica,

contudo não são conhecidos os mecanismos de como estes fatores atuam e interagem entre si,

ou o porquê que entre trabalhadores que executam a mesma função alguns padecem de

LER/DORT enquanto outros não. As manifestações clínicas das LER/DORT são bastante

numerosas, variam desde patologia bem definidas e que proporcionam um diagnostico rápido,

até síndromes dolorosas crônicas de aspectos multifatoriais, muitas vezes coincidindo com

aspectos psicológicos importantes e diversos sintomas não funcionais (parestesias, cefaléia,

cansaço, sensação de inchaço, dificuldade de concentração e de memória, etc.); que podem

dificultar o diagnóstico. Este é baseado no exame clínico, sendo imprescindível uma correta

anamnese que contemple a história profissional, história da doença e um exame clínico

detalhado. Somente nas fases mais avançadas da doença é que se evidenciam sinais como

inflamação, crepitação, perda de sensibilidade e perda de movimentos da região afetada.

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Sendo assim, os exames laboratoriais, ultrassonografia, entre outros, são considerados exames

complementares, que poderão facilitar a identificação da patologia específica que o paciente

está acometido. Em muitas situações, estes exames podem dar um resultado inalterado, porém

pode haver um quadro inicial de lesão. As LER/DORT acarretam incapacidades parciais ou

mesmo invalidez. O tempo necessário para a recuperação é variável e vai depender da lesão

que o trabalhador esta acometido, do estágio que se encontra, e também das mudanças

referentes aos aspectos causais. As estratégias de tratamento adequadas são raramente

aplicadas durante o aparecimento dos sintomas, que seria o momento ideal para a intervenção,

dando uma especial importância ao correto diagnóstico no menor espaço de tempo possível.

Uma das primeiras medidas para o tratamento é o afastamento do trabalho, até o

desaparecimento dos sintomas, pois isto significa afastamento dos aspectos de risco. Vários

recursos terapêuticos são utilizados no tratamento das LER/DORT, entre eles pode-se citar o

uso de medicamentos (antiinflamatório, analgésicos), fisioterapia, acupuntura, exercícios de

relaxamento, imobilização do membro afetado, tratamento associados à psicoterapia,

cirurgias, entre outros. Porém, a autora enfatizou que promoção da saúde no trabalho seria a

solução para os problemas músculo esqueléticos. A intervenção ergonômica no trabalho é de

grande importância para identificar fatores predisponentes de problemas músculo

esqueléticos, bem como adequar o trabalho diminuindo os riscos ocupacionais. Acredita-se

que a disponibilização de informação precisa sobre o assunto pode ser considerado um fator

importante dentro da prevenção, isto no sentido de que quanto mais se explore o assunto, mais

serão definidos os fatores causais e mais facilmente se poderá interceptá-los. Também é

importante que as populações de risco tomem conhecimento deste fato, possibilitando a

tomada das medidas preventivas adequadas. Alterações no ambiente no aspecto físico, tais

como: substituição de ferramentas e equipamentos para propiciarem posturas confortáveis

representam atitudes preventivas, porém estas mudanças isoladas são insuficientes. Medidas

relacionadas à organização do trabalho são capazes de causar maior impacto, dentre elas:

a) introdução de rodízios nos procedimentos, para propiciar diversidade de tarefas

com o intuito de diminuir o efeito da repetitividade;

b) introdução de períodos de descansos e /ou ginásticas de pausas em atividades que

exigem movimentos repetitivos e posições estáticas;

c) respeito à capacidade individual;

d) redução dos fatores estressantes do trabalho, como mudança na organização para

diminuir a pressão e o aumento do controle sobre seu próprio trabalho pelo trabalhador.

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As atividades físicas regulares também são apontadas como fatores preventivos, pois

aumentam a capacidade física, além de ajudar no controle do estresse. Algumas atividades

domésticas como lavar roupa, carregar sacolas pesadas, fazer tricô ou crochê, bater bolo, entre

outras, devem ser evitadas.

Concluindo, a autora observou ser a desinformação um dos principais agravantes

quando se tratam de doenças ocupacionais. No caso das LER/DORT, em que os dentistas

pertencem ao grupo de risco, tem-se esta confirmação preocupante, pois a tomada da

consciência deste risco é fundamental para a adoção das atitudes preventivas. Sendo que as de

grande efetividade focam-se nas medidas relacionadas à organização racional do trabalho.

Raramente os acometidos pelas lesões, por desconhecerem a gravidade das consequências,

procuram auxílio nos estágios iniciais da doença, quando o prognóstico é mais favorável. A

qualquer sinal ou sintoma deve-se procurar auxílio médico para interceptação mais breve

possível.

Segundo Ferrarini (2010) a sociedade moderna tem sido cada vez mais vítima das

chamadas doenças do trabalho. O excesso de horas de trabalho seguidas, a pressão para

atingir resultados cada vez melhores e a repetição constante de alguns movimentos podem

levar a problemas sérios de saúde. A maioria das pessoas não se dá conta de todos esses fatos,

e só vão perceber seus resultados quando se encontram em um estado avançado com as

chamadas Lesões por Esforço Repetitivo, ou, como são mais conhecidas, LER. As LER,

como o próprio nome diz, são lesões nos músculos e articulações causadas por uma má

postura durante o trabalho ou por realizar movimentos repetitivos durante um longo período

de tempo, sem intervalo. Outra definição para as Lesões por Esforços Repetitivos que vem

sendo bastante utilizada é DORT- Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. O

termo DORT foi adotado pelo INSS em 1998 e é mais preciso para se referir a esse tipo de

doença ocupacional, já que abrange um número maior de casos não só os que já se

transformaram em lesão por apresentarem um estágio avançado. Muitas pessoas,

erroneamente referem-se aos DORT e as LER como se fossem sinônimos. Os DORT referem-

se a qualquer distúrbio ocasionado pelo trabalho, são mais brandos que as LER e, se

diagnosticados na fase inicial, possuem grandes chances de serem curados. Caso não sejam

tratados, os DORT podem evoluir para uma LER, que já é mais difícil de ser tratada devido a

sua severidade. Ao fazer um breve histórico, a autora escreveu que as doenças ocupacionais

vêm sendo retratadas na literatura desde o século XVIII, quando houve a Revolução

Industrial. Em 1713, Bernardino Ramazzini, considerado por muitos o pai da medicina

ocupacional, publicou o livro “Doença dos Trabalhadores”. Foi a primeira publicação sobre o

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assunto. A tendência era que o problema aumentasse com o passar do tempo, o que realmente

aconteceu. Entre os anos de 1960 e 1980 houve uma epidemia de LER no Japão e, na segunda

metade da década de 1980, ela já era considerado o maior problema de saúde publica

australiano. No Brasil não poderia ser diferente. A terminologia foi introduzida em 1986 e,

através da Portaria n° 3751 de 13 de novembro de 1990 foi reconhecida como doença do

trabalho. As Lesões por Esforços Repetitivos costumam atingir os profissionais das mais

diversas áreas. Com relação ao sexo, as mulheres costumam sofrer mais com as doenças

ocupacionais. Uma das possíveis causas seriam o fato das mulheres apresentarem uma menor

densidade e tamanho dos ossos e uma musculatura mais frágil, além de utilizarem

anticoncepcionais e realizarem tarefas domésticas após o trabalho. Estudos mostram que

praticamente 70% dos profissionais da Odontologia queixam-se de algum tipo de dor. As

áreas mais afetadas são o pescoço, as costas e o ombro. De início, parece um problema não

muito grave, apenas uma dor constante no pescoço, nas mãos, nas costas. Com o passar do

tempo, a dor começa a incomodar, chegando a impedir o profissional de exercer seu trabalho.

E é somente nesse momento que é procurada ajuda, estando já em estágio avançado. Os

primeiros sintomas causados pelas LER/DORT são sensação de peso, dormência, perda de

sensibilidade, formigamento, perda de força e inchaço local. As LER/ DORT englobam

diversos distúrbios e lesões. Na classe odontológica, os problemas mais frequentes oriundos

do esforço repetitivo e da má postura são a Síndrome do Desfiladeiro Torácico, Ombro

Doloroso, Síndrome do Túnel do Carpo, Tenossinovite, entre diversas outras. As LER/DORT

são consideradas, hoje, a segunda maior causa de afastamento do trabalho, segundo dados do

INSS. O profissional fica incapacitado de exercer sua profissão e acaba sendo afastado de

suas funções. LER/ DORT é vista como um problema do trabalhador, e não do trabalho,

fazendo com que ele se sinta culpado por estar doente e não poder mais exercer aquela função

como antes. As doenças ocupacionais podem ser tratadas e têm cura em muitos casos. O

método e tempo de tratamento estão intimamente relacionados com o grau da doença quando

diagnosticada e dependem da resposta de cada um ao tratamento. O primeiro passo para o

tratamento das lesões por reforços repetitivo e dos distúrbios osteomusculares é agir

justamente na causa do problema. É preciso encontrar soluções ergonômicas para o local de

serviço como cadeiras mais confortáveis, que não obriguem o profissional a trabalhar com

uma postura incorreta. Depois, é necessário tratar a lesão e fazer com que o músculo ou

articulação em questão voltem ao funcionamento normal ao mais próximo dele. Existem

quatro métodos de tratamento e, quanto antes o problema for diagnosticado e tratado,

melhores são os resultados e as chances de cura:

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* Medidas gerais: são recomendados repouso e dieta, além de alguns exercícios com

as articulações afetadas;

* Medidas terapêuticas: utilização de analgésicos e relaxantes musculares para aliviar

a dor e diminuir o processo inflamatório;

* Medidas ortopédicas: exercícios e fisioterapia que visam a correção de postura e

outras anormalidades que venham a ocorrer;

* Medidas cirúrgicas: a cirúrgica só é indicada em último caso, quando não há outra

medida para se diminuir a dor e restituir a capacidade funcional do músculo ou articulação em

questão.

A maneira mais fácil e eficaz de se combater doenças ocupacionais como as

LER/DORT é a prevenção. Algumas atitudes simples, como praticar exercícios de

relaxamento e alongamento antes e depois da jornada de trabalho ou adotar medidas

ergométricas na clínica ou empresa, já surtem um efeito positivo. A prevenção das

LER/DORT também implica uma mudança na relação dentista-trabalho, ou seja, mudar

hábitos que sempre foram rotineiros e prejudicavam a saúde do dentista sem que ele se desse

conta. A aquisição de móveis e aparelhos ergonomicamente indicados é um bom começo, pois

ajudam o CD a permanecer em uma postura correta durante o trabalho. Entretanto, mesmo

com móveis ergonômicos, é necessário um cuidado especial com a postura. A postura durante

um atendimento depende, entre outros, do procedimento a ser realizado e da região da arcada.

Independente disso, é recomendável manter as articulações em uma posição neutra, com os

membros próximos ao corpo. Também é importante que o profissional execute paradas,

mesmo que curtas, com certa frequência. É importante que o cirurgião-dentista procure

intercalar a execução de procedimentos, que não marque seguidamente em sua agenda

pacientes com a mesma necessidade de tratamento, para não ser obrigado a realizar os

mesmos movimentos.

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METODOLOGIA

Este Trabalho de Conclusão de Curso será realizado na forma de revisão da literatura

existente sobre o assunto escolhido: LER e DORT em Cirurgiões-Dentistas, recuperando

obras científicas que darão fundamentação teórica ao trabalho. Esta revisão dará isenção às

informações obtidas e trará informações valiosas aos profissionais da área da Odontologia,

referente aos problemas ocupacionais a que possam vir a desenvolver, como tratar e evitar

estes males.

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DISCUSSÃO

As afecções músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, que no Brasil

tornaram-se conhecidas como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Doenças

Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho (DORT), representam o principal grupo de agravos à

saúde, entre as doenças ocupacionais em nosso país.

Temos o início de nossa discussão sobre o assunto LER e DORT em Cirurgiões-

Dentistas, suas causas e consequências, observando ser o conceito de LER e DORT uma fonte

de confusão. As definições e aplicações das doenças são específicas: as LER tem origem num

esforço errado e repetitivo, que geraram dor e inflamação em músculos e tendões, as quais

podem ser originadas em qualquer atividade constante. Já as DORT são as LER com origem

em atividades laborais, voltadas à profissão do trabalhador. (Novaes, 2000).

Como consequência de seguidos episódios inflamatórios nas regiões do corpo

propensas às LER/DORT, forma-se um círculo vicioso que leva a casos crônicos de lesões,

espessamento irreversível de tendões e sinóvias, levando a um quadro de possível

incapacidade permanente. (Lopes, 2000).

Considerando a Odontologia, pelas próprias características inerentes à profissão,

uma atividade que expõe seus praticantes a doenças ocupacionais, a gênese destas doenças

será encontrada no trabalho exercido em más condições ergonômicas, com limitada

diversificação de movimentos, com alta repetitividade e esforço, por longas jornadas de

trabalho e utilização de ferramentas inadequadas, além de fatores como tensão e estresse.

(Lopes, 2000).

Já a possibilidade de que as LER/DORT fossem decorrentes das características

individuais dos pacientes, preconizando que as causas encontram-se fundamentadas nos

mecanismos intra-psíquicos dos indivíduos, levando em conta secundariamente os fatores

biomecânicos, ambientais e a organização do trabalho, foram aventadas durante o estudo. A

teoria psicossomática, que visa entender o modo pelo qual os fatores psíquicos atuam nas

afecções orgânicas, considera o ser humano como uma unidade indissociável corpo-

psiquismo. (Maeno, 2001).

Uma forma de evitar os males das doenças ocupacionais seria a adoção, pelos

Cirurgiões-Dentistas, de algumas medidas preventivas, que preservariam sua saúde sem

comprometer sua produtividade. Entre elas a adoção do hábito de exercícios regulares de

alongamento antes, durante e depois da jornada de trabalho; estruturar uma boa organização

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no trabalho; praticar atividades físicas; manter peso adequado além de prevenir e controlar o

estresse emocional. (Bianchi, 2003, Costa, 2006, Graça, 2006).

O esforço, repetitivo e anti-ergonômico, nas estruturas orgânicas mais exigidas

durante as atividades laborais, pode levar a uma série de doenças ditas ocupacionais. Entre

elas temos: a Síndrome do Túnel do Carpo, as Tendinites dos Extensores dos Dedos, as

Tenossinovites dos Flexores dos Dedos, as Tenossinovites Estenosantes (Dedo em gatilho) e a

Epicondilite Lateral. Cada uma destas doenças tem características diferentes, mas todas irão

levar aos sintomas de dor, fraqueza e fadiga das articulações, impedindo a atividade

profissional. (Editorial C, 2003, Motta Filho, 2004).

Ao observar o resultado de estudo realizado e diante do fato de que os Cirurgiões-

Dentistas muitas vezes trabalham em ambiente ergonomicamente desfavorável, faz-se

necessária a realização de mais estudos voltados a essa categoria profissional, permitindo

estimar o número de dentistas acometidos por sintomatologia dolorosa indicativa de LER e

DORT, possibilitando a adoção de programas preventivos concomitantes à melhoria das

condições de trabalho. (Barbosa, 2004, Ferreira, 2005).

Observou-se uma associação significativa das LER/DORT entre os dois sexos, onde

o sexo feminino apresenta mais lesões do que o masculino; ombro e/ou braço, punho e/ou

mão e o pescoço são as regiões mais afetadas. Também as tarefas cotidianas laborais estão

expondo os profissionais a um risco considerável de adquirir doenças ocupacionais. (Regis

Filho, 2006, Ferrarini, 2010).

Algumas formas de prevenção das posições erradas de trabalho ajudam sobremaneira

a evitar lesões. Temos como exemplo a reeducação da postura, mantendo a coluna reta, a

cabeça fletida e os cotovelos próximos ao corpo; a nuca do paciente na altura do abdômen; o

tronco o mais próximo possível da cadeira odontológica; os pés totalmente apoiados no chão;

o ângulo coxa/perna do profissional entre 90 e 120º; evitar exagerar nas torções, inclinações

laterais e flexões do corpo. (Zuffo, 2006).

Para todas as categorias profissionais o exercício físico se mostra importante. Para o

Cirurgião-Dentista, ele é prioritário. A Ginástica Laboral é uma das formas mais importantes

de se evitar as lesões por LER e DORT. Infelizmente isto está longe de ser uma realidade nos

nossos ambientes de trabalho. Apenas algumas empresas e entidades estão preocupadas em

oferecer aos seus empregados condições ideais, mas apenas se preocupam com o que seus

funcionários podem produzir. (Oliveira, 2007).

A síndrome do Túnel do Carpo (STC) foi considerada a doença que mais acomete os

Cirurgiões-Dentistas, em se tratando de LER/DORT, de forma que evidenciou ser a principal

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causa de perda de horas de serviço, trazendo inúmeras complicações profissionais e alto custo

de tratamento. (Botelho, 2008).

A análise biomecânica permitiu comprovar que os Cirurgiões-Dentistas formam um

grupo exposto ao risco de adquirir alguma doença ocupacional, desde que certos fatores

inerentes às tarefas profissionais fossem considerados, entre eles uma força excessiva, postura

inadequada, alta repetitividade de um mesmo movimento e compressão mecânica dos tecidos.

Tudo isso, aliado às características individuais, levam às LER e DORT. (Regis Filho, 2009).

Foi proposto que as lesões por atividade laboral pudessem ser tratadas de diferentes

formas; com medidas gerais, incluindo repouso e dieta, além de exercícios para as áreas

afetadas; medidas terapêuticas, analgésicos e antiinflamatórios; medidas ortopédicas,

fisioterapia e medidas cirúrgicas, como último recurso para restituir a capacidade funcional do

músculo ou articulação afetado. (Kalafatás, 2010).

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CONCLUSÃO

De acordo com a revista da literatura estudada, podemos concluir que, as Ler –

Lesões por Esforço Repetitivo e as DORT – Doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho

possuem os seguintes aspectos:

• A Odontologia é uma atividade que expõe seus praticantes a distúrbios relacionados

à atividade profissional.

• Uma vez negligenciadas atitudes que possam prevenir o desenvolvimento destas

patologias, estas podem causar incapacidade temporária ou mesmo permanente, ocorrendo em

uma idade de alta capacidade de produção profissional.

• Seu diagnóstico é essencialmente clínico, e os exames complementares ajudam,

mas não são conclusivos.

• Alguns dos principais tipos de lesões são: Síndrome do Túnel do Carpo, Tendinites,

Tenossinovites, Epicondilite Lateral e Doença de Quervain.

• Deve-se reconhecer a importância dos conhecimentos ergonômicos originando uma

prática profissional saudável e incremento tecnológico, optando por equipamentos

ergonomicamente desenvolvidos e os fundamentos da Odontologia a quatro mãos.

• A Ginástica Laboral é eficiente na prevenção das doenças ocupacionais, na

melhoria da qualidade de vida do trabalhador e na diminuição do absenteísmo.

• É necessário que o cirurgião-dentista seja visto como um todo e, a partir daí,

consiga despender algum tempo para a prevenção da sua saúde, prolongando com qualidade a

sua vida útil.

• São necessárias campanhas de conscientização e programas de instrução aos

profissionais de Odontologia.

Pelo concluído recomenda-se a observação, para os trabalhadores da saúde bucal,

ergonomia, atividade física, conhecimento das doenças ocupacionais e tentativa de melhora da

qualidade de vida.

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