41
UNIVERSIDADE ABERTA Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecção Licenciatura em Ciências da Informação e da Documentação António José Estêvão Cabrita SEMINÁRIO Docente: Carlos Castilho Pais Setembro 2013

Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

  • Upload
    vannga

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

UNIVERSIDADE ABERTA

Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecção

Licenciatura em Ciências da Informação e da Documentação

António José Estêvão Cabrita

SEMINÁRIO

Docente: Carlos Castilho Pais

Setembro 2013

Page 2: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

2

António José Estêvão Cabrita

Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecção

Licenciatura em Ciências da Informação e da Documentação

Trabalho final de SEMINÁRIO

Sob orientação do Professor Doutor Carlos Castilho Pais

Page 3: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

3

ÍNDICE

ÍNDICE ...................................................................................................................................... 3

ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................................. 4

ÍNDICE DE GRÁFICOS ................................................................................................................ 5

SIGLAS ...................................................................................................................................... 6

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... 7

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9

2. O ESTUDO ..................................................................................................................... 11

2.1. OBJECTO DE ESTUDO ....................................................................................................... 11 2.2. PROBLEMA PRINCIPAL A RESOLVER ..................................................................................... 11 2.3. CAUSAS DO PROBLEMA .................................................................................................... 12 2.4. OBJECTIVOS GERAIS DO PROJECTO ..................................................................................... 12

3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................................................................ 13

3.1. A BIBLIOTECA MUNICIPAL PÚBLICA ................................................................................... 13 3.2. O ACESSO LIVRE ............................................................................................................. 14 3.3. A GESTÃO DA COLECÇÃO ................................................................................................. 15 3.4. A AVALIAÇÃO DA COLECÇÃO ............................................................................................. 16 3.5. O DESBASTE.................................................................................................................. 16 3.6. AS TECNOLOGIAS ........................................................................................................... 18

4. ACTIVIDADES E METODOLOGIA .................................................................................... 21

4.1. O INQUÉRITO ................................................................................................................ 21 4.2. RECOLHA DE DADOS........................................................................................................ 22 4.3. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................................................. 22

4.3.1. Recursos tecnológicos .......................................................................................... 23 4.3.2. Características, políticas e procedimentos ........................................................... 25 4.3.3. O Registo e controlo ............................................................................................. 27

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 31

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 33

APÊNDICES ............................................................................................................................. 35

APÊNDICE A - FORMULÁRIO INQUÉRITO EM LINHA ............................................................................ 36

Page 4: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

4

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Dimensão das populações nos municípios .................................................... 23

Tabela 2 - Possui Sistema de Informação e de Gestão Documental? ............................. 24

Tabela 3 - Possui dispositivos electrónicos de registo? .................................................. 24

Tabela 4 – Utilização de meios electrónicos .................................................................. 24

Tabela 5 - Disponibiliza Catálogos ou pesquisas em linha? .......................................... 24

Tabela 6 - Disponibiliza aos utilizadores ligações Wi-fi à Internet? .............................. 24

Tabela 7 - A biblioteca funciona em regime de livre acesso? ........................................ 25

Tabela 8 - Bibliotecas com Políticas de Desenvolvimento de Colecção ........................ 25

Tabela 9 - A colecção é submetida a avaliação? ............................................................ 26

Tabela 10 - O processo de desbaste é regular e sistematizado? ..................................... 26

Tabela 11 - Registo dos pedidos de utilizadores sobre documentos não existentes na

colecção ....................................................................................................... 27

Tabela 12 - Diferenciação entre o registo de empréstimos domiciliários e das consultas

locais ............................................................................................................ 27

Tabela 13 - Registo sistematizado das consultas locais ................................................. 27

Tabela 14 - Contribuição do registo para a gestão da colecção...................................... 28

Tabela 15 - Processo de controlo das consultas locais ................................................... 28

Tabela 16 - Forma de controlo manual ........................................................................... 28

Tabela 17 - Referências para o controlo manual ............................................................ 29

Page 5: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

5

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - População nos Municípios ........................................................................... 23

Gráfico 2 - Utilização de meios electrónicos.................................................................. 24

Gráfico 3 - Politicas próprias de Gestão da Colecção .................................................... 25

Gráfico 4 - Avaaliação da colecção ................................................................................ 26

Gráfico 5 - regularidade no processo de desbaste .......................................................... 26

Gráfico 6 - Processo de controlo das consultas locais. ................................................... 28

Page 6: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

6

SIGLAS

BMP - Bibliotecas Municipais Públicas

CDU – Classificação Decimal Universal, o mesmo que UDC em inglês

IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions

INE – Instituto Nacional de Estatística

PDC - Política de Desenvolvimento da Colecção

RNBP - Rede Nacional de Bibliotecas Públicas

RFID - Radio-Frequency Identification

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

Wi-Fi - Wireless Fidelity

Page 7: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

7

AGRADECIMENTOS

Dedico este projecto a todos colegas de trabalho que me aturaram, me ouviram

(por vezes até com alguma atenção), me incentivaram e por várias vezes me

substituíram nas minhas tarefas permitindo-me certos desafogos.

Às bibliotecas cuja colaboração e disponibilidade em responder ao inquérito

permitiu reunir a informação necessária para este trabalho.

Não posso deixar de agradecer aos profissionais da Biblioteca Municipal do

Seixal que ao longo desta licenciatura me deram todo o apoio necessário e pelo que com

eles aprendi.

Às colegas que nas praxes de Setúbal me endereçaram uma serenata e que

comigo percorreram todo o trajecto académico que, mesmo sendo de outros cursos,

preservaram o espírito académico.

Aos colegas que comigo partilharam este espaço, na aprendizagem e nalguns

infortúnios – coisas de gente crescida – mas sobretudo pelo inesgotável espírito de

entreajuda apesar das distâncias que nos separam. Estou certo que se criaram amizades e

carinhos inesquecíveis com todos e entre todos. De entre eles, um carinho especial por

três que aturaram, impacientaram e motivaram – não que os restantes não tenham

também sido vítimas.

Aos professores que nos acompanharam e estiveram sempre presentes e

souberam motivar. Devo assim especial atenção aos Professores Doutores Carlos

Castilho Pais, Ana Isabel Vasconcelos e Helena Bárbara por se destacarem neste

constante apoio e pelas palavras encorajadoras que nos endereçaram.

Por fim, mas não por último, à família, à minha filha Marta e à minha mulher

Nela que fizeram vários adiamentos e pacientemente esperaram para que me fosse

possível concluir este percurso.

A todos deixo a minha amizade.

Page 8: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

8

Põe quanto És no Mínimo que Fazes

Fernando Pessoa

Page 9: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

9

1. INTRODUÇÃO

Com o trabalho que agora se apresenta pretende-se apurar algumas das práticas

levadas a cabo pelas Bibliotecas Municipais Públicas e alertar para algumas das

consequências do não controlo e registo das consultas locais para a gestão da colecção,

em particular as das bibliotecas públicas municipais de maior dimensão, em termos de

colecção, e das que possuem um maior número de utilizadores;

Dos recursos tecnológicos já existentes e das tecnologias que o mercado

disponibiliza, quais poderão ser adoptadas para que a eficácia na gestão da colecção

aumente, através do registo e controlo das consultas locais, tornando mais fluido e

coerente todo o processo de avaliação da colecção quer pelos processos de selecção e

aquisição mas também pelos de desbaste.

Não sendo do interesse de uma biblioteca, nem para o seu público, a manutenção

de uma colecção, ou parte dela, sem benefício para os utilizadores, importa considerar

«qu’un livre se trouve dans telle bibliothèque n’est pas une justification pour y rester

définitivement»1 e, simultaneamente e como consequência, «qu’un livre ne soit quasi

jamais demandé signalerait son inadéquation à la curiosité générale du public»2 pelo

que, é de primordial importância conhecer a efectiva utilização de que os documentos

são alvo, em particular, as que são feitas na consulta local pelos utilizadores em

circulação.

Para o efeito foi elaborado um inquérito em linha destinado às bibliotecas

municipais públicas que nos permitirão avaliar algumas das práticas e recursos.

Da observação dos dados recolhidos verificam-se várias formas de actuação por

parte das Bibliotecas Municipais Públicas que, apesar de dotadas de recursos idênticos,

algumas não os utilizam na sua plena capacidade. Observámos também, em proporções

semelhantes, a não existência de políticas e procedimentos próprios o que, de alguma

forma, poderá comprometer, ou não agilizar, o cumprimento dos objectivos e da sua

1 Commission d’élagage du Réseau central de Liège, 2008: 24

2 Ibid, 19

Page 10: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

10

missão mas também correr o risco de não cativar os utilizadores e de não se valorizar

perante estes.

Observados os dados e feita a sua análise são apresentadas algumas soluções

baseadas em tecnologias mais ou menos avançadas e a relação custo-beneficio entre elas

que poderão auxiliar na promoção de mais serviços e de melhor qualidade.

São apresentadas como conclusões os benefícios de algumas das tecnologias

disponíveis mas também do valor que boas politicas e procedimentos adequados podem

trazer à biblioteca, aos seu profissionais e aos seus utilizadores.

Page 11: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

11

2. O ESTUDO

De acordo com o trabalho a que nos propusemos realizar, descrevemos agora as

causas, motivos e objectivos do projecto.

2.1. Objecto de estudo

O estudo a que nos propomos pode ser aplicado a todas as bibliotecas em regime

de livre acesso. Contudo, atendendo à dispersão geográfica nacional, ao número de

obras que disponibilizam, ao número de utilizadores que acolhem e pela universalidade

que as caracterizam a selecção incidiu sobre as Bibliotecas Municipais Públicas,

doravante BMP.

Assim, o presente trabalho incide sobre as BMP, nas quais as suas colecções se

encontram na totalidade, ou em grande parte, em regime de livre acesso, isto é, a

maioria dos seus documentos estão disponíveis nas prateleiras para que os utilizadores

os possam consultar sem a necessidade de intervenção dos profissionais que ali

trabalham.

2.2. Problema principal a resolver

Na falta de um sistema de controlo sistemático e eficaz dos documentos

consultados, as bibliotecas de todo o tipo, mas em particular as de maiores dimensões,

que funcionam em regime de livre acesso, não podem conhecer em detalhe a real

utilização das suas colecções.

Esta realidade impede a avaliação da pertinência do acervo o que contribuirá,

certamente, para a não satisfação das necessidades de informação ou lazer dos

utilizadores.

Esta circunstância, o não conhecimento da utilização efectiva dos vários

documentos, nos mais variados suportes, dificulta o trabalho de gestão da colecção,

Page 12: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

12

independentemente das políticas e objectivos da biblioteca, bem como o escrutínio dos

documentos que, ao abrigo da política de desbaste, deveriam seguir este percurso.

2.3. Causas do problema

A liberdade de circulação dos utilizadores e do livro no espaço da biblioteca em

regime de livre acesso promove o manuseamento directo dos documentos,

nomeadamente, as monografias.

A falta de controlo ou de um registo ineficaz desta utilização, bem como de

outras informações adicionais que poderiam ser recolhidas e serem relevantes,

dificultam ou criam perturbações na gestão da colecção e na selecção dos documentos

sujeitos aos critérios de desbaste que, por sua vez, afectam também os critérios de

selecção para a aquisição.

2.4. Objectivos gerais do projecto

Uma vez desconhecida, no todo ou em parte, a utilização dos recursos que

constituem o fundo da biblioteca, desconhecem-se também as necessidades e

prioridades na gestão da colecção, afectando as várias etapas do ciclo de tratamento

documental, nomeadamente, os critérios de selecção para aquisição e desbaste.

Assim, analisaremos a situação que se regista nestas bibliotecas e propor-se-ão

formas de controlo sobre os documentos consultados pelos utilizadores tendo em vista

uma gestão da colecção mais eficiente.

Page 13: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

13

3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

3.1. A Biblioteca Municipal Pública

As bibliotecas públicas actuam junto da sociedade e no meio em que se inserem

de acordo com vários propósitos universais.

O manifesto da IFLA / UNESCO para as bibliotecas públicas afirma que estas

deverão promover “um acesso livre e sem limites ao conhecimento, ao pensamento, à

cultura e à informação.”3

As 5 leis de Ranganathan4 para a biblioteconomia enunciam: livros são para

usar, a cada leitor seu livro, a cada livro seu leitor, economizar o tempo do leitor e uma

biblioteca é um organismo em crescimento.

Estas 5 leis espelham a dialéctica entre livro e leitor quer no uso do livro, quer

no desenvolvimento do leitor e da biblioteca.

Umberto Eco, na sua obra A Biblioteca5, mostra-nos o que deve ser uma

biblioteca e como deve funcionar, com os serviços dirigidos aos utilizadores e não para

a biblioteca em si.

De entre outros, resulta a conjugação destes princípios como um modelo a

observar, para que as bibliotecas públicas determinem os seus objectivos e fundamentos

para a sua existência com uma participação efectiva na educação, formação, lazer e

estímulo criativo das comunidades onde se inserem, através das diversas actividades

que contribuem para estes objectivos.

Concorre para o êxito de tais objectivos uma visão menos bibliocêntrica e mais

antropocêntrica, isto é, as bibliotecas deverão estar viradas mais para as necessidades

dos utilizadores e encarar as suas colecções como meio para essa satisfação, prestando-

lhes serviços adequados e motivadores para esse uso e não encarar sumariamente a

biblioteca como um depósito de livros, arrumados e catalogados6.

3 IFLA - Manifesto da IFLA/UNESCO sobre bibliotecas públicas [em linha]. 1994

4 FIGUEIREDO, Nice Menezes de - A modernidade das cinco leis de Ranganathan [em linha]. 1992

5 ECO, 1994

6 FONSECA, 2007: 48-50

Page 14: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

14

3.2. O Acesso livre

O “Acesso Livre” nas bibliotecas enquanto expressão que pretende designar a

livre circulação dos utilizadores por entre as prateleiras e aí poderem a seu livre arbítrio

aceder aos documentos que se encontram ao seu alcance, carrega consigo alguma

ambiguidade por facilmente se confundir com “acesso gratuito”. Das inúmeras

pesquisas efectuadas deparámo-nos constantemente com esta dificuldade acontecendo o

mesmo com a língua inglesa. Porém, deparámo-nos com uma expressão anglo-saxónica

que facilitou todo o trabalho de pesquisa. “Open shelves”, de tradução literal

“prateleiras abertas”.

Esclarecida esta dificuldade quanto à ambiguidade da expressão, as bibliotecas

em regime de acesso livre são uma excelente forma de promover a interacção entre os

leitores e os livros.

É como a descoberta de um mundo novo, o percorrer as prateleiras no encalce de

uma obra que, no momento, satisfaça as necessidades de informação, de simples leitura

ou curiosidade dos utilizadores.

Não raras vezes, é nessa descoberta deambulatória que os utilizadores

descobrem o seu livro, ou que o livro descobre o seu leitor, como enunciam as três

primeiras leis de Ranganathan e o romance de Carlos Safon, “A Sombra do Vento”, tão

bem ilustra.

Contudo, nesta liberdade de circulação e utilização dos documentos, verificam-

se por vezes situações que criam obstáculos ao bom desempenho da biblioteca,

nomeadamente, a possibilidade do utilizador repor o livro numa qualquer prateleira

onde fica perdido e, provavelmente, desenquadrado da classe e da ordem alfabética a

que pertence. Além deste problema grave, dada a impossibilidade de encontrar o

documento no local certo, acresce-se um outro, não menos grave, que é o não haver

registo do interesse dos utilizadores pelas obras consultadas.

Page 15: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

15

3.3. A Gestão da Colecção

A Gestão da Colecção é a expressão que aos poucos vem dando lugar7 à

expressão Desenvolvimento da Colecção, ainda bastante utilizada entre nós, uma vez

que esta denota uma valorização no aumento e expansão da colecção contrapondo-se ao

conceito de Gestão que, entre outros, também observa a redução ou a eliminação, de

desperdícios e ineficiências, e se foca nos seus objectivos da forma mais eficaz e

eficiente que encontrar.

A Gestão da Colecção8 nos seus vários aspectos, determina entre outros o

conhecimento da comunidade onde se insere, ao nível social, cultural e económico o

que permitirá observar os princípios universais a que uma biblioteca deve responder e

com isso estabelecer planos para a sua colecção, nomeadamente, quanto à selecção,

aquisição e desbaste, entre outros.

Com base no conhecimento da população a biblioteca pública, poderá

determinar previamente as necessidades de informação dos utilizadores quanto às suas

raízes culturais e à sua identidade, educação e formação, de lazer e descoberta.

A pertinência deste conhecimento é marcante e determina a abordagem que a

biblioteca deverá desenvolver para ir de encontro aos valores e necessidades da

população, estruturando assim uma colecção que para além de observar tais valores

possa desenvolver o conhecimento que, através de formas criativas e inovadoras,

possibilitem a cada individuo ultrapassar barreiras culturais, étnicas, religiosas e

científicas e promover assim uma cidadania mais comprometida e consciente.

Para uma biblioteca que observe estes princípios é determinante a existência de

uma Política de Desenvolvimento da Colecção (PDC) e dela dar conhecimento à

comunidade, para que esta mesma comunidade possa ser envolvida e ouvida quanto

àquilo que a biblioteca pode ou deve oferecer e também assim promover a biblioteca

junto dessa comunidade.

É fundamental a biblioteca reconhecer o uso da sua colecção, bem como os

recursos humanos, técnicos e físicos de que dispõe, nomeadamente, que lhe permitam

7 FAÍSCA, 2011: 3

8 IFLA - The Public library service: IFLA/UNESCO guidelines for development [em linha]

Page 16: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

16

dispor de espaço para a colecção ficar acessível aos utilizadores, que os recursos

humanos sejam capazes de gerir toda a massa documental e simultaneamente apoiar os

utilizadores nas suas pesquisas e desenvolver todas as demais actividades.

3.4. A avaliação da colecção

Parte fundamental da Política de Desenvolvimento da Colecção (PDC), a

avaliação, deve ser promovida, tendo por base pertinência das colecções para os

utilizadores e para os recursos disponíveis.

Existem vários estudos e publicações sobre a forma e as métricas a utilizar na

avaliação.

Sendo de consenso e prática comum, observam-se os indicadores mais vulgares

como a dimensão da colecção, por exemplo, do seu todo, por Classes ou por Subclasses

(CDU) e a frequência e utilização dos recursos pelos utilizadores.

É em resultado da avaliação da colecção que resultam os demais processos da

sua gestão e do seu desenvolvimento, como a selecção, aquisição e desbaste

contribuindo para uma gestão eficaz dos recursos disponíveis e para que tenha um

impacto positivo junto dos utilizadores.

3.5. O Desbaste

Ao contrário da selecção e aquisição, onde se encontra vasta bibliografia e

estudos, o desbaste parece ser esquecido quer por estudiosos, quer pelas bibliotecas e

entidades que as apoiam. Assim o demonstra a parca bibliografia sobre o tema.

É frequente que o desbaste não seja assimilado pelos profissionais como um

percurso natural da existência de uma determinada obra ou colecção.

Com facilidade associa-se este procedimento à eliminação das obras, o que não

corresponde de todo à realidade.

O desbaste, ou expurgo, também parte integrante da gestão de uma colecção,

consiste em retirar das prateleiras expostas ao público e do depósito central as obras que

não demonstram interesse para os utilizadores. Não apenas se poupa espaço como

Page 17: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

17

também se poupa tempo aos utilizadores – 4ª lei de Ranganathan – e aos técnicos dessa

biblioteca.

A falta de interesse dos utilizadores por determinadas obras deve-se sobretudo à

sua obsolescência, algo que se verifica amiúde nas classes que identificam as Ciências

Naturais e as Ciências Aplicadas e Tecnológicas (CDU, Classes 5 e 6), pelos tremendos

avanços científicos que se verificam.

Não é o abatimento de uma obra à colecção que determina o seu fim.

O retirar das prateleiras envolve determinar um novo destino ou uso para as

obras que deixaram de despertar interesse aos utilizadores de uma biblioteca mas

poderão ser pertinentes num outro serviço ou biblioteca.

Os documentos que tenham ainda algum interesse, ainda que muito

esporadicamente, poderão ter como destino o depósito central, mas outras vias podem

ser observadas, como, por exemplo, o intercâmbio entre bibliotecas, ofertas a escolas e a

instituições sociais ou até distribuí-los por “pontos de encontro”, como cafés, salas de

espera de consultórios, parques e jardins, criando-se para tal “mini-colecções” de acordo

com o local escolhido e previamente concordante com tais acções.

Desta forma o livro poderá vir ainda a encontrar o seu leitor, como enuncia a 3ª

lei de Ranganathan.

Há ainda outra questão bastante actual à qual os gestores, técnicos e utilizadores

se habituaram e com ela convivem com alguma harmonia. Trata-se da questão do

espaço físico disponível, cada vez mais oneroso.

No caso do alojamento digital, os recursos e cuidados a observar são bastante

mais onerosos e complexos, sendo necessária a existência de técnicos especializados em

tecnologias de informação, recursos financeiros para aquisição de toda a tecnologia

necessária e formação dos que vierem a operar tais sistemas.

A toda esta dinâmica de selecção, aquisição, expurgo e abate, reflectindo os

períodos de vida mais ou menos longos para as obras permanecerem numa determinada

biblioteca e atendendo a novas necessidades tecnológicas, adaptando-se e evoluindo,

transforma realmente qualquer biblioteca num “organismo em crescimento”.

Assim, uma biblioteca não deverá ser apenas um depósito de documentos

arrumados e catalogados, tal como uma grande colecção não determina, por si só, a sua

Page 18: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

18

qualidade e a satisfação dos utilizadores. Daí, também, o relevo que deve ser dado ao

expurgo da colecção incluindo os procedimentos e critérios adequados no PDC:

3.6. As tecnologias

No final dos anos cinquenta do século passado assistimos a uma explosão

documental, proveniente sobretudo das universidades tecnológicas que produziram um

manancial de informação científico-técnica9. Dos anos finais do século XX e até aos

dias de hoje a produção de informação tem vindo sempre a aumentar exponencialmente

devido à proliferação e uso de computadores pessoais que, uma vez ligados em rede,

permitem aos utilizadores trocar informações mais rapidamente e com maior frequência.

O tratamento documental de tamanha informação não seria possível, de forma

eficiente, sem o recurso às tecnologias de informação e comunicação.

Com a evolução a que assistimos quase diariamente o mercado oferece-nos

soluções tecnológicas com vista a satisfazer várias necessidades e objectivos,

nomeadamente, no tratamento documental e localização geográfica de pessoas e

objectos. Uma das consequências desta evolução foi assistir à criação dos códigos de

barras e respectivos leitores, produtos perfeitamente integrados no nosso dia-a-dia.

Das últimas tecnologias que o mercado disponibilizou conhecemos as

superfícies inteligentes10

que funcionam incorporando nos objectos (e.g. documentos) e

nas superfícies (e.g. prateleiras) que os suportam transmissores RFID11

o que lhes

permite comunicar entre si, com um alcance de frequências que se adequam às

necessidades de uma biblioteca. Os protocolos de comunicação RFID e Wi-fi podem ser

interligados e com isso integrar toda a operação do sistema de tratamento documental,

nos seus vários módulos de forma homogénea.

Esta tecnologia, com todo o potencial que apresenta e disponibiliza permite um

controlo eficaz da utilização de um qualquer documento, bem como identificar

imediatamente um documento ou o local em que se encontra e enviar um alerta, para um

outro dispositivo electrónico, móvel ou fixo, se o documento não se encontrar no local

9 MALHEIRO, 2010: 55

10 SURFACELABS – Soluções para o seu projecto [em linha]

11 Shahid, Syed - Use of RFID Technology in Libraries [em linha]

Page 19: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

19

que lhe está predestinado, como acontece quando um livro é colocado numa outra

prateleira. Uma outra utilização desta tecnologia poderá ser a automatização dos

empréstimos domiciliários sem necessidade de intervenção dos profissionais das

bibliotecas.

Apesar dos custos associados a esta tecnologia serem ainda bastante relevantes,

com a sua disseminação em larga escala por um vasto mercado, para além das

bibliotecas, os valores poderão vir a ser substancialmente reduzidos, tal como aconteceu

com os códigos de barras.

Page 20: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

20

Page 21: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

21

4. ACTIVIDADES E METODOLOGIA

Para melhor se observar a forma e as práticas das bibliotecas em estudo

elaborou-se um inquérito, disponível para consulta e referência no “apêndice A”,

dirigido a todas as Bibliotecas Municipais Públicas.

Após a disponibilização em linha do inquérito, via correio electrónico

convidaram-se as referidas Bibliotecas a colaborar respondendo ao mesmo. Para o efeito

obtiveram-se os endereços de correio electrónico no sítio da Rede de Conhecimento das

Bibliotecas Publicas - Pesquisa de Bibliotecas.

De preenchimento rápido, sobretudo sob a forma de respostas opcionais,

pretendeu-se observar vários parâmetros de actividade e recursos disponíveis, como a

capacidade informática, a existência de procedimentos e critérios sobre a colecção e

para o desbaste e formas de registo e controlo quanto à circulação de utilizadores e

documentos.

Tentámos também obter dados que nos permitissem de alguma forma relacionar

a população a que se destina, o número de utilizadores inscritos e a dimensão da

colecção para verificar se o problema enunciado tem razão de ser.

Obtidos os resultados passámos à sua avaliação.

4.1. O Inquérito

Como já foi referido, foi elaborado um inquérito em linha destinado a todas as

Bibliotecas Municipais Públicas.

Dadas as limitações temporais encerrou-se o período de recolha de respostas,

obtendo-se os resultados a seguir indicados.

Page 22: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

22

4.2. Recolha de dados

Encerrado o período de recolha de respostas recuperámos o ficheiro que

armazenou as respostas entretanto efectuadas para se proceder à sua análise.

4.3. Avaliação de resultados

Das 275 Bibliotecas Públicas Municipais identificadas12

15 não possuíam

contacto pelo que foi endereçado, por correio electrónico, convite a responder ao

inquérito às restantes 260. Destas, a mensagem não encontrou 12 destinatários, ou por

endereço inexistente ou por recusa do sistema. O que resulta em 248 bibliotecas

contactadas das quais se obtiveram 67 respostas, o que representa um total de 27,0% no

número de respostas adquiridas com sucesso.

Apesar do número de respostas não ser elevado permite-nos observar alguns dos

recursos, dados e práticas levadas a cabo pelas bibliotecas representativas desta amostra,

os quais passamos a indicar.

Quanto à representatividade da amostra no que respeita à dimensão da população

por município, comparando-a com a totalidade dos municípios13

, parece-nos ser

adequada uma vez que os municípios quer os da amostra quer a nível nacional são, na

sua maioria, de média dimensão (10.000 a 50.000 habitantes). Os municípios de baixa

dimensão, menos de 10.000 habitantes, apesar de no total apresentarem-se em número

relevante deram um muito pequeno contributo para o presente trabalho com apenas 3

respostas.

Dos pequenos municípios, não apenas devido aos números que representam mas

também pelo enunciado deste projecto – bibliotecas de maior dimensão quer em

utilizadores quer em documentos -, somos levados a não analisar estes casos dados os

baixos índices da dimensão das colecções e da população.

Apresentamos os dados e o respectivo gráfico, relativos às populações:

12

Rede de Conhecimento das Bibliotecas Publicas - Pesquisa de Bibliotecas [em linha] 13

PORDATA – Municípios [em linha]. Fontes de Dados: INE - Estimativas Anuais da População

Residente em 2011, em que a fórmula de cálculo é-nos dada da seguinte forma: (População residente no

início do ano civil + População residente no final do ano civil) / 2

Page 23: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

23

População

Amostra

População

Total

Até 10.000 3 115

10.000 a 50.000 36 134

50.000 a 100.000 17 35

Mais de 100.000 11 24

TOTAL 67 308 Tabela 1 - Dimensão das populações nos municípios

Gráfico 1 - População nos Municípios

Dos dados recolhidos sobre utilizadores inscritos são várias as indicações quer

relativamente ao tempo de inscrição quer ao período da utilização, pelo que não nos é

possível fazer uma análise objectiva perante dados que apresentam realidades

diferentes.

4.3.1. Recursos tecnológicos

Dos recursos tecnológicos existentes verifica-se que apesar de a maioria das

bibliotecas possuir uma infra-estrutura tecnológica com Sistemas de Informação, Gestão

documental e disponibilizar ligações Wi-fi não disponibilizam na mesma proporção

serviços directos ao público, como catálogos e pesquisas em linha e muitas ainda não

0

20

40

60

80

100

120

140

160

até10.000

10.000 a50.000

50.000 a100.000

mais de100.000

Qtd

. Mu

nic

ipio

s

Distribuição da população

População nos Municipios

População Amostra

População Total

Page 24: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

24

utilizam outras capacidades que os sistemas oferecem, como o uso de dispositivos

electrónicos tais como leitores de códigos de barra ou RFID.

Tabela 2 - Possui Sistema de Informação e de Gestão Documental?

Sim 63

Não 4

Tabela 3 - Possui dispositivos electrónicos de registo?

Sim 47

Não 20

Tabela 4 – Utilização de meios electrónicos

Não 20

Leitura de código de barras 45

RFID 2

Gráfico 2 - Utilização de meios electrónicos

Tabela 5 - Disponibiliza Catálogos ou pesquisas em linha?

Sim 44

Não 24

Tabela 6 - Disponibiliza aos utilizadores ligações Wi-fi à Internet?

Sim 64

Não 3

Código de barras 67%

RFID 3% Não

30%

Utilização de meios electrónicos

Page 25: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

25

4.3.2. Características, políticas e procedimentos

Quanto às características, políticas e procedimentos, observamos um

comportamento heterogéneo por parte das BMP e em número elevado que, apesar do

seu estatuto institucional e de serviço público, não determinam de forma consistente a

forma como se irão posicionar perante a comunidade onde se inserem ao não

identificarem de forma clara as politicas, procedimentos e documentos que serviriam de

orientação às suas actividades, perdendo assim a oportunidade de se valorizarem quer

internamente quer perante a população e de conseguir desta forma um maior número de

utilizadores.

Tabela 7 - A biblioteca funciona em regime de livre acesso?

Sim 65

Não 2

Tabela 8 - Bibliotecas com Políticas de Desenvolvimento de Colecção

Não 35

Parcial 15

Global 17

Gráfico 3 - Políticas próprias de Gestão da Colecção

Global 25%

Não existe 52%

Parcial (aquisição, desbaste,

outra) 23%

Politícas próprias de Gestão da Colecção

Page 26: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

26

Tabela 9 - A colecção é submetida a avaliação?

Sim 43

Não 23

Não sabe 1

Gráfico 4 - Avaliação da colecção

Tabela 10 - O processo de desbaste é regular e sistematizado?

Sim, sistematicamente 5

Sim, pontualmente 36

Não 24

Não sabe 2

Gráfico 5 - Regularidade no processo de desbaste

Não 34%

Não sabe 2%

Sim 64%

Avaliação da colecção

Não 36%

Não sabe 3%

Sim, pontualm

ente 54%

Sim, sistematic

amente 7%

Regularidade no processo de desbaste

Page 27: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

27

4.3.3. O Registo e controlo

Apesar de encontrarmos alguns pontos em comum entre a maioria das

bibliotecas, verificamos todavia, substanciais diferenças nas práticas e procedimentos

por que se regem.

No caso que nos interessa, o controlo das utilizações e o seu contributo para o

desenvolvimento da colecção, verifica-se um elevado número de bibliotecas em que não

se efectua o registo das consultas locais e quando o faz é através de processos manuais.

Nestes casos verifica-se que apenas 30% das bibliotecas recorre a termos como a

cota e o título, que descrevem com precisão a obra consultada. Por sua vez as restantes

bibliotecas socorrem-se de termos de significado mais abrangente, como a classificação

CDU, o que não permite identificar qual a obra consultada mas apenas a área ou tema

em que se insere.

Tabela 11 - Registo dos pedidos de utilizadores sobre documentos não existentes na colecção

Sim 57

Não 10

Tabela 12 - Diferenciação entre o registo de empréstimos domiciliários e das consultas locais

Sim 53

Não 14

Tabela 13 - Registo sistematizado das consultas locais

Sim 41

Não 26

Page 28: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

28

Tabela 14 - Contribuição do registo para a gestão da colecção

Aquisições, Avaliação, Desbaste / abate, Outras 14

Aquisições, Avaliação, Outras situações 8

Aquisições, Outras situações 9

Avaliação 1

Desbaste / abate 1

Não contribui 6

Não sabe 1

Sem resposta 27

Tabela 15 - Processo de controlo das consultas locais

Manual 40

Não efectua 10

Meios electrónicos 17

Gráfico 6 - Processo de controlo das consultas locais.

Tabela 16 - Forma de controlo manual

Sem resposta 34

Formulário próprio 28

Outros 5

Page 29: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

29

Tabela 17 - Referências para o controlo manual

Autoria 1

Classificação (CDU ou outra) 9

Classificação (CDU ou outra), Título 1

Cota 8

Cota, Classificação (CDU ou outra) 2

Cota, Título 1

Ficção/Não ficção 1

Número documentos 2

Número leitores e documentos 1

Número utilizadores 3

Título 5

Título, Autoria 2

Sem resposta 31

Page 30: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

30

Page 31: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

31

5. CONCLUSÃO

Não obstante verificar-se na maioria das bibliotecas capacidade tecnológica,

quer pela existência de Sistemas de Informação e de Gestão Documental, ligação à

Internet e Wi-fi e do uso complementar de ferramentas, nomeadamente leitores de

códigos de barras, algumas não possuem ainda estas ferramentas, enquanto outras

(duas) deram já um salto tecnológico adaptando tecnologia RFID.

Através das tecnologias poderão ter-se economias de escala que a prazo darão o

retorno desejado ao investimento feito, seja pela redução de custos seja pelos aumentos

de eficiência e qualidade. Estas soluções tecnológicas, ainda que de custo substancial,

permitem não apenas libertar tempo aos técnicos das bibliotecas como também tornar

extremamente eficiente a forma como a avaliação de uma colecção pode ser efectuada,

permitindo assim que os recursos humanos e financeiros possam ser rentabilizados e

valorizados.

As vantagens em que estas tecnologias se traduzem relacionam-se directamente

com os seus custos. Tomando o caso mais económico, o controlo e registo manual em

formulários próprios, e posteriormente introduzidos no sistema de gestão documental,

apresenta uma baixa eficiência pelo tempo que se consome e pela possibilidade da

existência de erro humano. Na procura de maior eficiência, face ao registo manual,

teremos em seguida os processos em que se utilizam códigos de barras, onde se verifica

uma redução nos tempos necessários ao registo com a consequente diminuição de erros

e aumento de eficiência. Por último, com um sistema extremamente eficiente como as

superfícies inteligentes que comunicam com os documentos e conseguem identificar o

local onde estes se encontram ou onde se deveriam de encontrar.

Com a introdução de tecnologias avançadas e procedimentos adequados e

explícitos, vendo automatizadas várias tarefas com redução no desperdício de tempo,

por exemplo, na procura de livros “perdidos”, será possível reduzir o tempo necessário

para as tarefas administrativas dos profissionais que ali trabalham e, assim, conseguir-se

uma maior disponibilidade para com os utilizadores nas pesquisas que estes necessitam

efectuar, perante uma colecção melhor adequada às suas necessidades fruto dos

processos de selecção, aquisição, desbaste e registo.

Page 32: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

32

Com a adopção de métodos e critérios adequados a uma eficaz Gestão da

Colecção, tendo em linha de conta o papel do desbaste e a forma como são registadas as

consultas locais, não apenas se verá melhorada a qualidade da colecção como o espaço

disponível se verá aumentado.

Assim, e por mais recursos humanos ou tecnológicos que as bibliotecas possam

adquirir é através de uma boa organização e equilíbrio dos recursos disponíveis, pela

concepção de métodos, procedimentos e normas tão abrangentes quanto específicas que

se conseguem atingir os objectivos de forma mais eficaz e cumprir para com a sua

missão e vocação naturais: a satisfação das necessidades de informação dos utilizadores

e promover junto destes uma melhor cidadania com maior participação e

responsabilidade. Desta forma também a biblioteca, os seus profissionais e os serviços

prestados serão reconhecidos e valorizados por todos.

Page 33: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

33

BIBLIOGRAFIA

AUSTRALIAN LIBRARY AND INFORMATION ASSOCIATION - National RFID

Data Profile [em linha]. Disponível em

http://www.alia.org.au/sites/default/files/documents/National.RFID_.data_.profile

.pdf

BOSTWICK, Arthur E. - A Librarian’s Open Shelf: Essays On Various Subjects. 1920

[em linha]. Disponível em http://www.gutenberg.org/files/13430/13430-h/13430-

h.htm

COMMISSION D’ELAGAGEDU RESEAU CENTRAL DE LIEGE - Élagages et

retraits en bibliothèque publique [em linha]. 2008. [Consult. Em 2013-05-10].

Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/48081082/BR-elagage-version-definitive

CABRAL, Maria Luísa - BIBLIOTECAS: ACESSO, SEMPRE. Lisboa: Colibri, 1996

ECO, Umberto – A Biblioteca. Lisboa: Difel, 1994

FAÍSCA, Carlos Manuel – O desbaste nas Bibliotecas de Ensino Superior portuguesas

[em linha]. 2011. Os dois sobre a ponte. [Consult. 2013-07-20]. Disponível em

http://sobreaponte.blogspot.pt/2013/04/o-desbaste-nas-bibliotecas-de-ensino.html

FIGUEIREDO, Nice Menezes de - A modernidade das cinco leis de Ranganathan [em

linha]. 1992. [Consult. 2013-06-15]. Disponível em

http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewFile/1277/911

FONSECA, Edson Nery da - Introdução à Biblioteconomia, 2.ª ed., Brasília: Briquet de

Lemos, 2007.

IFLA - Manifesto da IFLA/UNESCO sobre bibliotecas públicas [em linha].[Consult.

2013-06-15]. Disponível em: http://archive.ifla.org/VII/s8/unesco/port.htm

IFLA - Guidelines For a Collection Development Policy Using The Conspectus Model

[em linha]. [Consult. 2013-06-23]. Disponível em:

http://archive.ifla.org/VII/s14/nd1/gcdp-e.pdf

IFLA - The Public library service: IFLA/UNESCO guidelines for development [em

linha]. 2001. [Consult. 2013-06-15]. Disponível em

http://archive.ifla.org/VII/s8/proj/publ97.pdf

MACIEL, Alba Costa; MENDONÇA, Marília Alvarenga Rocha – Bibliotecas como

organizações. Rio Janeiro: Interciência, Niteroi: Intertexto, 2000

NOVABASE - Sistemas de Identificação Digital RFID [em linha]. [Consult. 2013-05-

28]. Disponível em: http://www.novabase.pt/pt/Faz/Areas-de-

negocio/BusinessSolution/Pages/Sistemas-de-Identificação-Digital-RFID.aspx

PORDATA – Municípios [em linha]. [Consult. Em 2013-09-24]. Disponível em:

http://www.pordata.pt/MunicipiosMunicipios

Page 34: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

34

REDE DE CONHECIMENTO DAS BIBLIOTECAS PUBLICAS - Bibliotecas da

RNBP [em linha]. 2013. [Consult. 2013-05-28]. RCBP. Disponível em

http://rcbp.dglb.pt/pt/Bibliotecas/Paginas/default.aspx

REDE DE CONHECIMENTO DAS BIBLIOTECAS PUBLICAS - Pesquisa de

Bibliotecas [em linha]. 2013. [Consult. 2013-05-28]. RCBP. Disponível em:

http://rcbp.dglb.pt/pt/Bibliotecas/Bibliotecas/Paginas/default.aspx

REDE NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS - RECURSOS E SERVIÇOS [em

linha]. 2011. [Consult. 2013-05-28] Disponível em

http://rcbp.dglb.pt/pt/ServProf/Estatistica/Documents/RNBP_Recursos_2011.pdf

REDE NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS - RELATÓRIO ESTATÍSTICO

2011. [Consult. 2013-05-28]. Disponível em:

http://rcbp.dglb.pt/pt/ServProf/Estatistica/Documents/RELATORIO_Estatistico_2

011_DGLAB.pdf

REDE DE BIBLIOTECAS DE CANTANHEDE - Manual de procedimentos [em

linha]. [Consult. 2013-06-23]. Disponível em. http://www.cm-

cantanhede.pt/rbc/Docs/Files/RBC_Manual_de_Procedimentos.pdf

REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS DE LISBOA - Considerações sobre a gestão

de colecções [em linha]. [Consult. 2013-06-23]. Disponível em

http://www.apbad.pt/Downloads/congresso9/COM75.pdf

SAFÓN, Carlos Ruiz – A Sombra do Vento. 4. Lisboa: Dom Quixote, 2006

SHAHID, Syed - Use of RFID Technology in Libraries: a New Approach to

Circulation, Tracking, Inventorying, and Security of Library Materials [em linha].

2005. [Consult. 2013-03-25]. Disponível em: http://unllib.unl.edu/LPP/shahid.htm

SILVA, Armando Malheiro; RIBEIRO, Fernanda – RECURSOS DE INFORMAÇÃO:

Serviços e Utilizadores. Lisboa: Universidade Aberta, 2010

SURFACELABS - Soluções para o seu projecto [em linha]. [Consult. 2013-03-21].

Disponível em http://www.surfaceslab.com/main/pt/solucoes.html

Page 35: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

35

APÊNDICES

Page 36: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

36

APÊNDICE A - Formulário inquérito em linha

Page 37: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

37

Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecção

Página 1 de 6

Informações Pessoais É solicitado o endereço e-mail para possibilitar um contacto posterior para eventual

esclarecimento. O preenchimento é opcional.

Endereço e-mail :

Informações sobre a biblioteca

1 - Designação da Biblioteca *

2 - Concelho *

3 - Tipo Biblioteca * 1. Pública 2. Privada 3. Universitária 4. Escolar 5. Museu 6. Outra

4 - Hierarquia *

Principal

Pólo

Outro:

5 - Pertence a uma rede de bibliotecas? *

Sim

Não

6 - Possui Sistema de Informação e de Gestão Documental? *

Sim

Não

7 - Possui dispositivos electrónicos de registo? * Leitores cód. barras, sensores, etc. para registo de empréstimos domiciliários e/ou outros. Para uma resposta afirmativa ("Sim") responda "Outro" e especifique o tipo de dispositivo.

Não

Outro:

8 - Disponibiliza Catálogos ou pesquisas online? *

Sim

Não

Page 38: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

38

9 - Disponibiliza aos utilizadores ligações Wi-fi à Internet? *

Sim

Não

10 - Número de documentos que integram o fundo? *

11 - Utilizadores inscritos

12 - Utilizadores activos no último ano

13 - População a que se destina menos de 5.000 entre 5.000 e 10.000 entre 10.000 e 50.000 entre 50.000 e 100.000 mais de 100.000

14 - A biblioteca funciona em regime de livre acesso? * A maioria dos documentos estão acessíveis aos utilizadores?

Sim

Não

15 - A biblioteca possui uma política de Gestão da Colecção definida em documento próprio? *

Global

Parcial (aquisição, desbaste, outra)

Não existe

Página 2 de 6

A Colecção

1 - A colecção é alvo de avaliações? *

Sim

Não

Não sabe

2 - O processo de desbaste é regular e sistematizado? *

Sim, sistematicamente

Sim, pontualmente

Não

Não sabe

Registo e controlo

1- São registados os pedidos dos utilizadores sobre documentos não existentes na colecção?

Sim

Não

Page 39: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

39

Não sabe

2 - O registo de empréstimos domiciliários distingue-se das consultas locais? * (através de códigos ou índices diferentes)

Sim

Não

3 - A biblioteca efectua o controlo e registo das consultas locais de forma sistematizada e permanente? * (Os utilizadores não arrumam livros nas prateleiras e os que consultam são SEMPRE registados)

Sim

Não (Direcciona para p.4)

Página 3 de 6

A Gestão da colecção e o registo

Em que sentido o registo contribui para a gestão da colecção? * Indique as opções que se aplicam:

Aquisições

Avaliação

Desbaste / abate

Outras situações (ex.: promove na divulgação de documentos menos utilizados)

Não contribui

Não sabe

Página 4 de 6

Processo de controlo e registo

1. O controlo das consultas locais pelos utilizadores é efectuado através de processo * Utiliza algum equipamento electrónico especial (e.g. leitura cod. barras) para o controlo ou a recolha é manual (formulário) e introduzida no sistema?

Manual (Direcciona para p.5)

Meios electrónicos (Direcciona para p.6)

Não efectua qualquer controlo (Direcciona para p.6)

2. Se utiliza meios electrónicos indique quais.

Leitura de código de barras

Outro:

Page 40: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

40

Página 5 de 6

Controlo Manual das utilizações Como é efectuado o controlo das consultas locais

1 - O controlo é efectuado com base: *

Formulário próprio

Outro:

2 - O controlo é efectuado a partir de * Escolha as respostas adequadas

Cota

Classificação (CDU ou outra)

Título

Autoria

Outro:

3 - Numa primeira fase, o controlo é efectuado pelos funcionários, pelos utilizadores ou é um misto? * Escolha a resposta adequada

Funcionários

Utilizadores

Ambos

Página 6 de 6

Comentários Agradecemos um seu comentário

Se o entender, faça um comentário ao inquérito.

Página de Confirmação

Page 41: Bibliotecas - O Acesso livre e a Gestão da Colecçãoancacid.yolasite.com/resources/09.008 - Seminario - Relatório... · para a sua existência com uma participação efectiva na

41