39
1 MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E INFLUÊNCIA DA TRANSGENIA Maicon Toldi Lajeado, dezembro de 2015.

BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

1

MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E

INFLUÊNCIA DA TRANSGENIA

Maicon Toldi

Lajeado, dezembro de 2015.

Page 2: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

2

Maicon Toldi

BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E

INFLUÊNCIA DA TRANSGENIA

Dissertação apresentada à banca de defesa do

Programa de Pós-Graduação em Ambiente e

Desenvolvimento, em nível de Mestrado, do

Centro Universitário UNIVATES, como exigência

parcial para obtenção do título de Mestre, na linha

de pesquisa de Tecnologia e Ambiente.

Orientador: Noeli Juarez Ferla

Coorientadora: Liana Johann

Lajeado, dezembro de 2015.

Page 3: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

3

AGRADECIMENTOS

A meu orientador, Dr. Noeli Juarez Ferla e Coorientadora Dra. Liana Johann, pela

disponibilidade, comprometimento, auxílio para viabilizar este trabalho e valiosa

contribuição.

À minha família e amigos, pelo companheirismo, incentivo, apoio, paciência e compreensão.

Aos colegas do Laboratório de Acarologia pelas trocas de experiências. Em especial as

minhas colegas diretas de trabalho, Priscila de Andrade Rode e Marliza Beatris Reichert.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio

financeiro.

Page 4: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

4

RESUMO

As cultivares geneticamente modificadas alteram o manejo da cultura da soja (Glycine max

L. Merril: Fabaceae). O aumento no uso de agroquímicos decorrentes do plantio de

transgênicos é exemplo de prática que coloca em cheque o futuro dos solos e biodiversidade.

Dentre as espécies de ácaros fitófagos que causam danos à cultura destacam-se

Mononychellus planki McGregor e Tetranychus ludeni Zacher. O Caliothrips phaseoli Hood

(Thysanoptera: Thripidae) também pode atingir nível de praga nestas plantações. Estes

ácaros e inseto se alimentam das folhas da soja causando clorose e perda na produção de

grãos. Neoseiulus californicus McGregor (Acari: Phytoseiidae) é utilizado no controle de

populações de ácaros praga em culturas agrícolas, porém não são conhecidos seus

parâmetros biológicos quando alimentados com M. planki e C. phaseoli. O objetivo deste

trabalho foi conhecer os parâmetros biológicos de N. californicus quando alimentado de M.

planki, T. ludeni e C. phaseoli sobre folhas de soja nas condições de laboratório e avaliar a

influência da transgenia sobre o ciclo biológico de T. ludeni. Os ácaros foram coletados em

plantações de soja da cidade de Lajeado - RS. No estudo com o predador foram utilizados

ovos individualizados em arenas com M. planki, T. ludeni e C. phaseoli como alimento.

Foram realizados estudos observando o desenvolvimento e reprodução de T. ludeni sobre

soja convencional Fundacef 44, RR Nideira 5909, resistente ao glifosato e BT Rota 54,

resistente ao glifosato e ao ataque de lagartas. A viabilidade total de ovo-adulto para o

predador se alimentando de T. ludeni, M. planki e C. phaseoli foram 96.66%, 76.67% e

53.33%, respectivamente. O predador não completou seu desenvolvimento sendo

alimentado com C. phaseoli, pois não houve oviposição. A capacidade de aumentar em

número (rm) foi de 14.46 fêmeas/fêmeas/dias com T. ludeni e 13.39 com M. Planki. A

transgenia na soja não demonstrou interferir na biologia de T. ludeni. Esta espécie pode estar

em fase de adaptação à cultura, pois teve parâmetros de reprodução menores que o esperado.

Os resultados poderão subsidiar trabalhos de controle biológico na soja e outras culturas que

apresentarem as mesmas espécies herbívoras em nível de praga. Também contribuir para as

discussões acerca do uso de transgênicos.

Palavras chave: Controle biológico, Tetranychidae, Glycine max e Neoseiulus californicus.

Page 5: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

5

ABSTRACT

The genetically modified cultivars change management culture of soybean, Glycine max L.

Merri: Fabaceae. The dramatic increase in the use of agrochemicals arising from the planting

of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and agricultural

biodiversity. Among the species of phytophagous mites that cause damage to culture, include

Mononychellus planki McGregor, Tetranychus ludeni Zacher and Tetranychus urticae Koch.

Caliothrips phaseoli Hood (Thysanoptera: Thripidae) is a species of insect that can also

reach plague level in these plantations. The species lay their eggs on the leaves of soybeans

and feed her causing chlorosis and loss in grain production. Neoseiulus californicus

McGregor is already used in the control of pest mites in different cultures, but are not known

their biological parameters feeding on M. planki and C. phaseoli. The aim of this study was

to evaluate the biological parameters of N. californicus feeding on M. planki, T. ludeni and

C. phaseoli in soybean leaves and the influence of transgenic on an herbivore, T. ludeni. The

mites were collected in soy plantations in the city of Lajeado-RS. In the study with the

predator, individualized eggs were used in arenas with M. planki, T. ludeni and C. phaseoli

as food. Noted the development and reproduction of t. ludeni in different soybean cultivars,

these being, conventional soybeans Fundacef 44, and of two types of genetically modified

soybeans, RR Nideira 5909 glyphosate resistance e BT Rota 54 glyphosate resistant and the

attack of caterpillar. The total egg viability-adult for the predator feeding on T. ludeni, M.

planki and C. phaseoli was 96.66% respectively, 76.67% and 53.33%. The predator has not

completed its development being fed with C. phaseoli, do you ovipositou. The ability to

increase in number (rm) was 14.46 with T. ludeni and 13.39 female/female/day with M.

planki. The varieties in soybeans has not shown to interfere with the biology of T. ludeni. Is

species may be in the process of adaptation to the culture, as it had playback parameters

smaller than expected. The results may subsidize works of biological control in soybeans

and other crops which submit same herbivore species pest level. Also, contribute to

discussions about the use of transgenic crops.

Key words: biological control, Tetranychidae, Glycine max e Neoseiulus californicus.

Page 6: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Neoseiulus californicus

alimentando-se de Tetranychus ludeni e Mononychellus planki, a 25±1 °C na fotofase de 12

horas e umidade relativa 70±5% %.......................................................................................31

Figura 2: Fertilidade específica (mx) de Tetranychus ludeni alimentando-se de diferentes

folhas de soja a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do ar de 70±5%........31

Figura 3: Sobrevivência (lx) de Tetranychus ludeni alimentando-se de diferentes folhas de

soja a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do ar de 70±5%.......................31

Page 7: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Duração média, em dia (±EP), dos estádios imaturos de Neoseiulus californicus

alimentando-se de Mononychellus planki, Tetranychus ludeni e Caliothrips phaseoli a 25±1 °C

na fotofase de 12 horas e umidade relativa 70±5% ................................................................... 20

Tabela 2. Fecundidade média (±EP) e duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição, pós-

oviposição e longevidade de Neoseiulus californicus alimentando-se de Mononychellus planki e

Tetranychus ludeni, a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa 70±5% ..................21

Tabela 3. Duração média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), capacidade inata

de aumentar em número (rm), razão finita de aumento (λ) e tempo de duplicação (TD)de

Neoseiulus californicus alimentando-se de Mononychellus planki e Tetranychus ludeni, a

25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa 70±5%.........................................................22

Tabela 4. Duração média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), capacidade inata

de aumentar em número (rm), e razão finita de aumento (λ) de Neoseiulus californicus

alimentando-se de diferentes presas ...........................................................................................24

Tabela 5. Duração média, em dia (±EP), dos estádios imaturos de Tetranychus ludeni

alimentando-se de diferentes folhas de soja a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa

do ar de 70±5% ..............................................................................................................29

Tabela 6. Fecundidade média (±EP) e duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição e

longevidade de Tetranychus ludeni alimentando-se em cultivares de soja convencional, soja BT

e soja RR a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do ar de 70±5% ....................30

Tabela 7. Tabela 8. Duração média de fases imaturas, duração de cada geração (T), taxa líquida

de reprodução (Ro) e capacidade inata de aumentar em número (rm) de Tetranychus ludeni

alimentando-se de diferentes plantas ...............................................................................32

Page 8: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................9

2. REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................12

2.1 A soja e a transgenia....................................................................................................13

2.2 Ácaros e insetos na Soja...............................................................................................14

2.3 Controle biológico.........................................................................................................14

2.4 Inimigos naturais..........................................................................................................14

3. NEOSEIULUS CALIFORNICUS NO CONTROLE DE HERBÍVOROS DA

CULTURA DA SOJA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL...............................16

3.1 Introdução.....................................................................................................................16

3.2 Metodologia...................................................................................................................18

3.3 Resultados e discussões................................................................................................19

4. BIOLOGIA DE TETRANYCHUS LUDENI SE ALIMENTANDO EM

DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA ......................................................................26

4.1 Introdução.....................................................................................................................26

4.2 Metodologia...................................................................................................................27

4.3 Resultados e discussões................................................................................................28

5. REFERÊNCIAS.............................................................................................................34

Page 9: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

9

1. INTRODUÇÃO

O Brasil vem aumentando a produção de soja (Glycine max L. Merril, Fabaceae)

gradualmente, pois em 1993 foram 22,6 milhões de toneladas e na safra de 2012/2013, cerca

de 82 milhões. Atualmente o país é considerado o segundo maior produtor mundial

(FAOSTAT, 2015). O estado do Rio Grande do Sul produziu na safra 2012/2013

aproximadamente 15% da produção do país (CONAB, 2015).

Durante todo seu ciclo de desenvolvimento, a cultura da soja é suscetível ao ataque

de diferentes herbívoros, que podem atingir o nível de dano econômico. Surtos populacionais

de ácaros fitófagos ficaram mais frequentes na cultura da soja a partir de 2007,

provavelmente pelo uso em excesso de pesticidas (REZENDES et al., 2012). Dentre os

ácaros, destacam-se Tetranychidae. Nos últimos 10 anos, algumas espécies acarinas foram

reportadas em altas populações na cultura da soja. As espécies encontradas foram

Mononychellus planki McGregor, Tetranychus desertorum Banks, Tetranychus gigas

Pritchard e Baker, Polyphagotarsonemus latus Banks, Tetranychus urticae Koch,

Tetranychus ludeni Zacher (GUEDES et al., 2007; ROGGIA et al., 2008; REICHERT et al.,

2014). Outro organismo que ao se alimentar do conteúdo plasmático das células foliares da

soja causa danos é Caliothrips phaseoli Hood (Thripidae). Este deixa manchas prateadas no

local que se alimenta (MOREIRA; ARAGÃO, 2009). Caliothrips phaseoli também é

encontrado causando danos em culturas de feijão, ervilha e cultivos hidropônicos de alface,

onde é controlado por um predador nativo, Orius insidiosus Say (Anthocoridae) (MENDES;

BUENO, 2001; MENDES et al., 2002).

São utilizados agrotóxicos proibidos e de forma inadequada em alimentos no Brasil.

Estes agrotóxicos são encontrados em análises de vários tipos de alimentos, colocando em

risco a saúde dos consumidores (BRASIL, 2013; PASSOS; DOS REIS, 2013). Na soja, o

controle de pragas, em sua maioria, é feito com o uso de agrotóxico. A transgenia possibilitou

o surgimento de espécies vegetais espontâneas tolerantes ao glifosato levando ao aumento

na aplicação de herbicidas. Nos últimos anos as tecnologias genéticas foram direcionadas a

plantas geneticamente modificadas que toleram herbicidas de alta toxidade, criando um

Page 10: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

10

círculo vicioso. As implicações deste sistema são a elevação dos custos produtivos e a

redução da qualidade do produto final, em função da presença de resíduos tóxicos nos grãos

colhidos (MELGAREJO et al., 2013). Portanto, se justifica investigar as características

biológicas de T. ludeni quando alimentado em soja transgênica e convencional, pois este

ácaro pode estar sendo prejudicado ou beneficiado pela transgenia ou pelo sistema de

manejo.

Predadores são efetivos agentes no controle biológico em várias culturas, pois

controlam populações que alcançam o nível de dano econômico. Assim o controle biológico

tem um papel importante na agricultura sustentável como estratégia de controle de pragas,

substituindo o controle convencional com agrotóxicos (MORAES, 2002). O controle

biológico não é amplamente utilizado, pois os predadores nem sempre se adaptam ao

ambiente da região onde são liberados (ESCUDERO; FERRAGUT, 2005). O inimigo

natural deve estar adaptado às características climáticas, ter alta capacidade de predação e

elevada taxa de crescimento populacional. Assim são necessários estudos ecológicos com

predadores coletados na região onde serão liberados (WEINTAUB, 2008).

Na cultura da soja, Neoseiulus californicus McGregor, Neoseiulus idaeus Denmark

e Muma, Neoseiulus anonymus Chant e Baker, Proprioseiopsis cannaensis Muma,

Phytoseiulus macropilis Banks, Galendromus annectens DeLeon, Phytoseiulus fragariae

Denmark & Schicha, Proprioseiopsis neotropicus (Ehara) são ácaros predadores comumente

encontrados (REICHERT et al., 2013). Neoseiulus californicus é um predador generalista

que utiliza fontes alternativas de alimento (MCMURTRY et al., 2013), sendo amplamente

estudado no controle de T. urticae (GOTOH et al., 2004; LEBDI-GRISA et al., 2004;

TOYOSHIMA; HINOMOTO, 2004; ESCUDERO; FERRAGUT, 2005; CANLAS et al.,

2006; RAHMANI et al., 2009; TOLDI et al., 2013). É capaz de sobreviver quando a

densidade populacional da presa principal é baixa, buscando alimentar-se de outras espécies

ou mesmo realizando canibalismo (MCMURTRY et al., 2013). Estudo realizado por

Escudero e Ferragut (2005) cita este predador se alimentando de Tetranychus turkestani

Ugarov e Nikolski, T. ludeni e Tetranychus evansi Baker e Pritchard. Este predador também

pode se alimentar de Thrips tabaci Lindeman (Thysanoptera: Thripidae) e pólen de mamona

(Ricinus communis L., Euphorbiaceae) (MARAFELI et al., 2014; RAHMANI et al., 2009).

Neoseiulus californicus foi usado com sucesso em programa de controle biológico aplicado

controlando Panonychus ulmi Koch (Tetranychidae) em macieira no município de Vacaria,

Page 11: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

11

Rio Grande do Sul, (MONTEIRO, 2002). Porém não são conhecidos os parâmetros

biológicos deste predador se alimentando de M. planki e C. phaseoli.

Assim, este estudo buscou conhecer as características bioecológicas de ácaros

predadores da cultura da soja e a influência da transgenia sobre o ciclo de vida de herbívoros,

no Estado do Rio Grande do Sul. Foram analisados os parâmetros biológicos de N.

californicus se alimentando de M. planki, T. ludeni e C. phaseoli. Também foram verificados

os parâmetros biológicos de T. ludeni em folhas de soja convencional e soja transgênica.

Page 12: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

12

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A soja e a transgenia

As condições que influenciam o desenvolvimento da soja são as que envolvem

variações meteorológicas, como a temperatura, a umidade do solo e o fotoperíodo

(PEIXOTO et al., 2000). Outro fator importante é a época de semeadura que varia conforme

a condições climáticas do ano e o cultivar da soja. A produtividade da cultura é definida pela

interação entre a planta, o ambiente e o manejo. Altos rendimentos são obtidos quando as

condições ambientais são favoráveis em todos os estádios de crescimento (MARTINS et al.,

1999).

As plantas denominadas transgênicas carregam em seu genoma, a adição de DNA

oriundo de uma fonte diferente do germoplasma paternal, um exemplo disto é soja resistente

ao herbicida glifosato. Esta tem o acréscimo de um gene que codifica a enzima EPSPS torna-

se tolerante a ação do herbicida (PADGETT, 1995). A soja transgênica é uma realidade nas

plantações brasileiras e desde o final dos anos 1990 o plantio vem sendo feito. As

controvérsias sobre a soja transgênica no Brasil são discutidas pelos organismos

responsáveis pela saúde pública, regulamentação ambiental, Ministério do Meio Ambiente,

representantes de grupos de consumidores e outras organizações não governamentais

(ALVES, 2004; FUCK; BONACELLI, 2009). O trabalho de Hungria et al. (2014) apresenta

melhoria na produção de grãos com o uso de soja transgênica. Porém, Frizzas e Oliveira

(2006) alertam que a transgenia pode estar afetando a biodiversidade, pois não se sabe até

que ponto ela afetará principalmente a entomofauna e acarofauna que dependem daquelas

plantas. Os processos bioquímicos, moleculares e fisiológicos podem ser modificados na

transgenia. Bohn (2014) mostra diferenças na composição nutricional entre grãos

comercializados de soja transgênica resistente ao glifosato, soja convencional e a orgânica.

Identificou mais resíduos químicos na soja transgênica tolerante ao herbicida glifosato.

2.2 Ácaros e insetos na soja

Page 13: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

13

Ácaros pertencem ao filo Artrópodes e à classe Acarina. Apresentam exoesqueleto e

pernas articuladas, ausência de segmentação e divisões no corpo. Ocasionalmente se

alimentam de pólen e néctar, porém as estratégias de alimentação são mais concentradas em

fitófago, parasitas, micófagos, saprófagos e predadores (KRANTZ; WALTER, 2009). Nas

lavouras de soja do Brasil têm aumentado os surtos populacionais de ácaros fitófagos nos

últimos 10 anos. Existem 44 espécies de ácaros registradas na cultura da soja concentradas

em Phytoseiidae, e Tarsonemidae (REZENDE et al., 2012). Segundo estes autores, as

espécies são: Euseius alatus De Leon, Galendromus annectens De Leon, Iphiseiodes

zuluagai Denmark & Muma, Neoseiulus anonymus Chant & Baker, Neoseiulus benjamini

Schicha, N. californicus, Neoseiulus idaeus Denmark & Muma, Neoseiulus tunus De Leon,

Phytoseiulus fragariae Denmark & Schicha, Phytoseiulus macropilis Banks,

Proprioseiopsis cannaensis Muma, Proprioseiopsis ovatus Garman, Typhlodromalus aripo

De Leon, Tyrophagus putrescentiae Schrank, Galumna glabra Perez-Inigo & Baggio,

Zygoribatula bonairensis Willmann, Zygoribatula translineata Mahunka, Catarhinus

tricholaenae Keifer, Polyphagotarsonemus latus Banks, Tarsonemus bilobatus Suski,

Tarsonemus confusus Ewing, Tarsonemus waitei Banks, M. planki, T. desertorum, T. gigas,

T. ludeni, T. urticae, Lorryia formosa Cooreman.

Em várias culturas, os Tetranychidae destacam-se como organismos que alcançam o

status de praga (MORAES; FLECHTMANN, 2008). O trabalho de Bueno et al. (2009)

mostrou que T. urticae pode diminuir a produção na soja, pois prejudica a fotossíntese.

Tetranychus ludeni possui maior taxa de sobrevivência em locais com temperaturas

superiores a 20°C. Este fator interfere no aumento da taxa de reprodução e fecundidade deste

ácaro, que tem potencial para causar danos econômicos em regiões com condições climáticas

elevadas (SILVA, 2002). Mononychellus planki causa clorose em ambas as faces das nas

folhas de soja, que evolui para uma coloração acinzentada. Em ataques severos as folhas

ficam com aspecto envelhecido, o que prejudica a atividade fotossintética da folha e afeta a

produção de grãos (ROGGIA, 2008). O trabalho de Návia e Flechtmann (2004) encontrou

T. gigas, principalmente sobre folhas de soja.

Muitas espécies de tripes, por serem herbívoras, podem atacar uma grande variedade

de plantas (CAVALLERI, 2011). Há cerca de 10.000 espécies de tripes no mundo, sendo

que mais de 700 descritas para o Brasil (MOUND, 2002). Com quase 2.100 espécies

conhecidas, Thripidae é uma das maiores famílias dentro de Thysanoptera, muitas delas se

Page 14: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

14

alimentam e vivem em folhas e flores. Causa grandes danos ao tecido vegetal, ocasionando

sinais visíveis como o esbranquiçamento das folhas. Caliothrips phaseoli pertence à

Panchaetothripinae, tem distribuição tropical e subtropical (REYNAUD, 2010). Na soja C.

phaseoli pode causar necrose total do limbo foliar (LINK et al., 1981). Tem associação a

culturas agrícolas brasileiras de Fabaceae como soja, feijão e crotalária (LIMA et al., 2013).

2.3 Controle biológico

A degradação do ambiente combina-se com populações em rápida expansão e leva

ao colapso das comunidades. As soluções dos principais problemas ambientais exigem a

compreensão que estes são interligados. Temos que repensar nossa maneira de viver diante

do planeta, ter uma postura ética. Considerar as relações com a natureza com o outro e

consigo mesmo (GUATTARI, 2003). A sustentabilidade do planeta está ameaçada pelo

crescente conflito sobre o acesso e uso destrutivo dos recursos naturais. Nos países em

desenvolvimento, a extração de recursos e os sistemas produtivos são conduzidos de forma

violenta e brutal para atender as nações colonizadoras (BECKER; MIRANDA, 1997).

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) monitora as populações de organismos que

podem alcançar o nível de praga para aproveitar o controle biológico natural, causando

menor impacto sobre o meio ambiente em relação ao uso de agrotóxicos (BUENO et al.,

2011). Os trabalhos de Rezende et al. (2014) e Reichert et al. (2014) mostraram que

fragmentos conservados de vegetação nativa são abrigos de espécies predadoras de ácaros e

podem contribuir para o controle biológico.

O mercado brasileiro de alimentos sem o uso de agrotóxicos vem aumentando, pois

o consumidor passou a valorizar atributos como a segurança dos alimentos e sustentabilidade

ambiental (MORAES, 2002). A renda na agricultura, em longo prazo, por meio de

tecnologias de manejo ecologicamente adequadas aperfeiçoa o sistema como um todo e não

apenas o rendimento máximo de um produto específico. Com isso, o controle biológico

assume um papel importante na agricultura sustentável como estratégia de controle de

pragas, substituindo o controle convencional com agrotóxicos (NICHOLLS; ALTIERI,

2005). Este modelo, menos agressivo ao ambiente tornou-se um desafio para seguirmos

rumo à sustentabilidade (CAVALCANTI, 2001).

Page 15: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

15

2.4 Inimigos naturais

Neoseiulus californicus foi o ácaro predador mais abundante associado a videiras no

estado do Rio Grande do Sul (FERLA et al., 2011). Este predador apresenta baixa capacidade

de reprodução se comparada às espécies do gênero Phytoseiulus. Contudo, pode ser mais

eficaz do que ácaros do gênero Phytoseiulus no controle de T. urticae em temperatura média

acima de 25 ºC (GOTOH et al., 2004). O estudo de Lebdi-Grisa et al., (2004) também

mostraram que N. californicus apresentou uma taxa de viabilidade ovo-adulto maior a 30 ºC

do que a 24 ºC. A utilização de alimento alternativo e a capacidade de resistir a temperaturas

maiores que outras espécies pode fazer com que este predador se mantenha por maior

período no ambiente, agindo preventivamente (MCMURTRY et al., 2013; TOLDI et al.,

2013). Programas de controle biológico devem considerar a diversidade que pode existir

dentro de uma mesma espécie. Ácaros podem apresentar uma grande variabilidade genética

e raças especializam-se em ambientes onde permaneçam por um longo período

(MAGALHÃES et al., 2007).

Com o aquecimento global, predadores que resistam a temperaturas mais extremas

terão vantagens e poderão sem mais utilizados no controle biológico de herbívoros (GOTOH

et al., 2015). Outro fator que pode interferir na manutenção dos predadores é a utilização de

diferentes agrotóxicos (SILVA; OLIVEIRA, 2007: SIQUEIRA et al., 2012; SATO et al.,

2002)

Page 16: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

16

3. PARÂMETROS BIOLÓGICOS DE Neoseiulus californicus COM DIFERENTES

HERBÍVOROS SOBRE FOLHAS DE SOJA TRANSGÊNICA

3.1Introdução

Com a transgenia da soja surgiram espontaneamente espécies vegetais tolerantes ao

glifosato, levando ao aumento da aplicação de herbicidas. As tecnologias genéticas estão

direcionadas para plantas geneticamente modificadas que toleram agrotóxicos de alta

toxicidade, criando um círculo vicioso. As implicações deste sistema são a elevação dos

custos de produção e a redução da qualidade do produto final, com a presença de resíduos

tóxicos nos grãos colhidos (MELGAREJO et al., 2013). Porém, a qualidade na agricultura,

em longo prazo, através de tecnologias de gestão ambientalmente adequada, que evite o uso

de agrotóxicos, melhora o sistema como um todo e não faz apenas o rendimento máximo de

um produto específico. Assim, o controle biológico tem uma função importante na estratégia

de manejo de pragas (NICHOLLS; ALTIERI, 2005).

A soja (Glycine max (L.): Fabaceae) é suscetível ao ataque de insetos e ácaros

herbívoros que podem causar danos significativos nas folhas e perdas de produção.

Recentemente, algumas espécies Tetranychidae foram relatadas em altas populações nas

plantações de soja brasileira: Mononychellus planki McGregor, Tetranychus desertorum

Bancos, Tetranychus gigas Pritchard & Baker, T. ludeni Zacher e T. urticae Koch

(REZENDE et al., 2012; REICHERT et al., 2014).

Tetranychidae estão associados a inúmeras espécies vegetais, alimentando-se de

parênquima, extraindo o conteúdo da célula, provocando redução da capacidade

fotossintética da planta, afetando produção de grãos (BOLLAND et al., 1998; MORAES e

FLECHTMANN, 2008). Os trabalhos de Silva (2002) e Gotoh et al. (2015) demonstram que

temperaturas próximas de 30 °C aumentam a taxa de reprodução e fecundidade de T. ludeni,

levando a importantes danos econômicos em regiões com esse clima. Até o ano de 2008 M.

planki não havia sido considerado de importância econômica em culturas agrícolas, apesar

de sua crescente população (MORAES; FLECHTMANN, 2008). Porém, atualmente é

considerada a espécie mais frequente e abundante na cultura da soja (REZENDE et al., 2012;

REICHERT et al., 2014).

Page 17: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

17

Tripes (Thysanoptera: Thripidae) podem ser herbívoros e atacam uma grande

variedade de plantas causando dano econômico, enquanto outros ajudam como

polinizadores, decompositores e predadores (CAVALLERI et al., 2011). Na soja brasileira,

eles são considerados pragas, pois se alimentam do conteúdo de células foliares e florais

produzindo manchas prata no local danificado (MOREIRA; ARAGÃO, 2009). Caliothrips

phaseoli Hood tem uma distribuição tropical e subtropical (REYNAUD, 2010), causando

prejuízos econômicos em feijões, ervilhas e culturas hidropônicas (MENDES; BUENO,

2001; MENDES et al., 2002).

Ácaros fitoseídeos do gênero Neoseiulus são comumente encontrados na soja

(REZENDE et al., 2012; REICHERT et al., 2014). Neoseiulus anonymus Chant & Baker,

N. californicus McGregor e Neoseiulus idaeus Denmark & Muma são comuns no Estado do

Rio Grande do Sul (REICHERT et al., 2014).

Neoseiulus californicus é um predador generalista que utiliza fontes alternativas de

alimento. Assim, sobrevive com a densidade populacional da presa principal baixa, quando

se alimenta de outras espécies ou pratica canibalismo (MCMURTRY et al., 2013). Os

parâmetros biológicos são conhecidos quando alimentado de Panonychus ulmi Koch, T.

evansi Baker & Pritchard, T. ludeni e T. turkestani Ugarov & Nikolski e T. urticae (EL TAJ;

JUNG, 2012; MAROUFPOOQR et al., 2013). A maioria dos estudos foram realizados com

este predador alimentado com T. urticae (GOTOH et al., 2004; LEBDI-GRISA et al., 2004;

TOYOSHIMA; HINOMOTO, 2004; CANLAS et al., 2006; ESCUDERO; FERRAGUT,

2005; RAHMANI et al., 2009; TOLDI et al., 2013). Ele apresenta baixa capacidade

reprodutiva em comparação às espécies do género Phytoseiulus. No entanto, é mais eficaz

do que espécies de Phytoseiulus em temperaturas acima de 25ºC. (GOTOH et al., 2004,

LEBDI-GRISSA et al., 2004). O uso de alimento alternativo e sobrevivência em

temperaturas maiores de 25C° pode manter este predador por mais tempo no ambiente,

atuando de forma preventiva (MCMURTRY et al., 2013; TOLDI et al., 2013).

Rahmani et al. (2009) descreveram os parâmetros biológicos de N. californicus se

alimentando de Thrips tabaci Lindeman. Em testes de controle biológico aplicado foram

relatados outros ácaros alimentando-se de Thripidae: Amblyseius swirskii Athias-Henriot de

Scirtothrips dorsalis Hood (DOGRAMACI et al., 2011), e Frankliniella occidentalis

Pergande (CHOW et al., 2010; XU; ENKEGAARD, 2009); Neoseiulus cucumeris

Page 18: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

18

Oudemans, Neoseiulus barkeri Hughes e Euseius nicholsi Ehara & Lee do tripes flavidulus

Bagnall (YAO et al., 2014).

Contudo, não são conhecidos os parâmetros biológicos de N. californicus alimentado

de M. planki e C. phaseoli nem em folhas de soja transgênica. O objetivo deste estudo foi

determinar os parâmetros biológicos de N. californicus ao se alimentar de T. ludeni, M.

planki e C. phaseoli, em folhas de soja transgênicas nas condições de laboratório.

3.2 Metodologia

Foram utilizados ácaros provenientes de folhas de soja do município de Lajeado, RS,

29°26'38"S e 51°56'44"W. Eles foram alimentados com T. urticae e pólen de taboa (Typha

angustifolia, Typhaceae) em folhas de feijoeiro por um período de dois meses antes do início

dos estudos para os predadores se ambientarem.

As criações de manutenção ficaram em estufas a 25±1°C na fotofase de 12 horas e

umidade relativa do ar de 70±5 %. Os ácaros fitófagos foram criados em folhas de feijoeiro

(Phaseolus vulgaris L.). Os ácaros predadores foram criados sobre folhas de feijoeiro

mantidas sobre esponjas umedecidas no interior de bandejas plásticas com água destilada,

onde foram alimentados com T. urticae. As arenas ficaram cobertas com uma placa de vidro

para manter alta a umidade relativa do ar de acordo com o descrito por Toldi et al. (2013).

Caliothrips phaseoli foi criado e mantido em plantas de feijoeiro em gaiolas com tecido

nylon, adaptado do método descrito por Mendes et al. (2002).

Para a biologia foram realizadas quatro observações diárias nas fases imaturas, às 7,

11, 15 e 19 horas. Em cada avaliação foi observado o estádio de desenvolvimento dos ácaros.

Na fase adulta, as fêmeas foram mantidas acasaladas com machos obtidos da criação estoque

e as avaliações realizadas uma vez ao dia, às 15 h, para verificar o número de ovos postos e

a sobrevivência. Os ovos postos foram coletados, com pincel, e transferidos para outras

arenas para determinar a razão sexual (número de fêmeas/número total de indivíduos).

No estudo da biologia foram utilizadas arenas de 6 cm de diâmetro e 1,5 cm de

profundidade onde foi colocado no centro um círculo de esponja de 4 cm de diâmetro e 1

cm de espessura circundado com água. Sobre este círculo de esponja foi colocada uma folha

de soja com Cola Biostop® na borda para evitar a fuga dos ácaros predadores. As arenas

foram mantidas nas mesmas condições ambientais da criação estoque.

Page 19: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

19

A biologia foi realizada com 90 ovos individualizados do predador, em arenas com

diferentes presas, sendo 30 para cada alimento. Nas arenas foram adicionados 15 espécimes

de diferentes estádios de T. ludeni, M. planki e C. phaseoli, após 24 horas, foram adicionadas

três fêmeas/arena de N. californicus. Estas fêmeas foram retiradas 4 horas após a introdução,

sendo mantido apenas um ovo do ácaro predador por arena.

Os dados coletados foram comparados através do teste de Tukey, ao nível de

significância de 5%, com o uso do programa BioEstat 5.0 (Ayres et al., 2007). Foram

realizados cálculos de tabela de vida conforme Silveira et al. (1976). Foram calculados os

valores da taxa líquida de reprodução, ou número de vezes que a população aumenta (Ro =

∑mx.lx – mx: total de ovos/número de fêmeas; lx: espécimes vivos/número total da amostra),

duração média de uma geração (T = mx.lx.x / ∑ mx.lx) e taxa intrínseca de aumento da

população (rm = log Ro/ T.0,4343). As médias comparadas pelo teste t bilateral (P ≤ 0.05)

pelo software SAS™ (Sas Institute 2000). As diferenças entre os tratamentos foram

determinadas a um nível de significância de α = 0,05 (Sas Institute 2000).

3.3 Resultados e discussões

O predador N. californicus alimentado de T. ludeni teve viabilidade de 96,6%

(Tabela 1). A fase mais longa foi a de ovo seguido de deutoninfa, protoninfa e larvas. Em

média, o predador teve 5,5±0,06 dias para chegar até fase adulta. Alimentando-se de M.

planki, a viabilidade foi menor na fase de ovo, 86,6 %, seguido por larva, protoninfa e

deutoninfa. No total, 76,7% dos predadores atingiram a fase adulta. Com C. phaseoli a

duração das fases foi como os alimentos anteriores, maior para ovo seguido de deutoninfa,

protoninfa e larvas. A viabilidade foi menor na fase deutoninfa, seguido de protoninfa, larva

e maior no período de ovo.

Page 20: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

20

Tabela 1. Duração média, em dia (± EP), dos estádios imaturos de Neoseiulus californicus

alimentando-se de Mononychellus planki, Tetranychus ludeni e Caliothrips phaseoli a 25±1 °C

na fotofase de 12 horas e umidade relativa 70±5%.

Presa Oferecida Estádios imaturos

Ovo Larva Protoninfa Deutoninfa Ovo - Adulto

Tetranychus ludeni 2.2±0.04 Aa 0.7±0.03 Da 1.1±0.05 Ca 1.4±0.06 Ba 5.5±0.06 a

Viabilidade (%) 96.6 100 100 100 96.6

Mononychellus planki 2.1±0.06 Aa 0.7±0.04 Ca 1.2±0.04 Ba 1.1±0.09 Bab 5.2±0.08 b

Viabilidade (%) 86.6 92.3 95.8 100 76.6

Caliothrips phaseoli 2.1±0.03 Aa 0,7±0,04 Ca 1.0±0,06 Ba 1.0±0,06 Bb 4.8±0,06c

Viabilidade (%) 93.33 92.8 88.4 69.5 53.3

Média (± EP) seguida de mesma letra maiúscula na linha não difere estatisticamente entre si pelo teste de

Tukey, ao nível de significância de 5%.

Média (± EP) seguida de mesma letra minúscula na coluna não difere estatisticamente entre si pelo teste de

Tukey, ao nível de significância de 5%.

A duração das fases de ovos, larvas e protoninfa não diferiram significativamente

quando o predador foi alimentado com diferentes presas avaliadas. Já a fase deutoninfa foi

mais longa quando N. californicus foi alimentado com T. ludeni (1,4±0,06) e menor em C.

phaseoli (1,0± 0,06). A duração média do ovo-adulto foi maior quando o predador

alimentado de T. ludeni (5,52±0,06), seguido pelo M. planki (5,27±0,08) e C. phaseoli

(4,89±0,06). A viabilidade de ovo-adulto com T. ludeni, M. planki e C. phaseoli foi 96,7,

76,7 e 53,3 %, respectivamente.

A diferença no tempo de desenvolvimento ocorreu na fase deutoninfa sugerindo

diferenças nutricionais a partir desta etapa. Nas primeiras fases o predador pode estar usando

reservas nutritivas ou C. phaseoli é nutritivo como presa apenas para as primeiras fases.

Esse predador alimentado de T. urticae teve a duração do estágio de ovo-adulto

semelhante ao obtido neste estudo com T. ludeni (Canlas et al., 2006; Toldi et al., 2013). No

entanto, Escudero e Ferragut (2005) observaram uma menor duração com T. ludeni. A

duração de ovo-adulto de N. californicus quando alimentado com C. phaseoli, neste trabalho,

foi semelhante com T. urticae (Gotoh et al., 2006; Gotoh et al., 2004). A duração de ovo-

adulto foi cerca de 2 vezes maior, que observado neste trabalho, com N. californicus

alimentado com Thrips tabaci (RAHMANI et al., 2009).

Page 21: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

21

Neoseiulus californicus atingiu, na sua maioria, a fase adulta quando alimentada com

C. phaseoli, mas não colocaram ovos, por isso não foi possível calcular os parâmetros da

tabela de vida. Essa presa não é suficientemente nutritiva ou tripes usou de um

comportamento antipredador, de acordo com descrito por De Brujin et al. (2009) e Van

Maanen et al. (2015). O tripes inclina o abdome marcando, quimicamente, o predador. Assim

podem evitar uma nova aproximação do predador.

A fecundidade média, número de ovos postos por fêmea, foi cerca de 32 ovos/fêmea,

não apresentando diferença significativa quando N. californicus foi alimentado com T.

ludeni ou M. planki (Tabela 2). O período de pré-oviposição oviposição, pós-oviposição e

longevidade das fêmeas e machos foram semelhantes com as diferentes presas.

Tabela 2. Fecundidade média (± EP) e duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição,

pós-oviposição e longevidade de Neoseiulus californicus alimentando-se de Mononychellus

planki e Tetranychus ludeni, a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa 70±5%.

Parâmetros N T. ludeni N M. planki

Fecundidade 17 32.29±6.97a 13 32.00±6.71ª

Pré-oviposição 15 2.53±0.21a 10 2.10±0.27ª

Oviposição 15 15.60±2.88a 10 17.50±2.31ª

Pós-oviposição 15 15.00±5.61a 10 11.90±4.99ª

Longevidade da fêmea 17 29.53±7.53a 13 23.23±6.23ª

Longevidade do macho 12 18.83±3.87a 10 13.60±3.20ª

N = número de ácaros avaliados

Média (± EP) seguida de mesma letra na linha não difere estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível

de significância de 5%.

Majolo e Ferla (2014), trabalhando com o predador Phytoseiulus macropilis Banks

se alimentando de M. planki obtiveram fecundidade de 35±1.94 ovos/fêmea, semelhante ao

valor obtido neste trabalho. Em estudo realizado por Canlas et al. 2006, ao alimentarem o

predador N. californicus com T. urticae também obtiveram resultado semelhante 34.73±2.23

ovos/fêmea. Lebdi Grissa et al. (2004) ao alimentarem N. californicus a 24 °C com T. urticae

Page 22: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

22

obtiveram fecundidade de 30.7±16.5 ovos/fêmea, próxima ao valor obtido neste trabalho

com T. ludeni e M. planki como presa. Escudero e Ferragut (2004), ao alimentarem N.

californicus com, T. urticae e T. ludeni obtiveram fecundidade maior que encontrado neste

trabalho, 56.67±2.80 e 63.11±3.11, respectivamente. Toldi et al. (2013), também obtiveram

fecundidade média maior, 38.14±5.58 alimentando N. californicus com T. urticae. Assim

como Gotoh et al. (2006) que obteve como resultado 46.67±3.84.

A razão sexual (fêmeas/machos) da primeira geração do predador quando alimentado

com M. planki e T. ludeni foi 0,71. A duração média de uma geração (T), taxa líquida de

reprodução (Ro) e a capacidade inata para aumentar (rm) foram iguais para N. californicus

alimentado com T. ludeni do que com M. planki (Tabela 3).

Tabela 3. Duração média (± EP) de cada geração (T), taxa líquida de reprodução

(Ro), capacidade inata de aumentar em número (rm), razão finita de aumento (λ) e tempo de

duplicação (TD) de Neoseiulus californicus alimentando-se de Mononychellus planki e

Tetranychus ludeni, a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa 70±5%.

Parâmetros Alimento

T. ludeni M. planki

T 14.46±0.73a 13.39±0.67a

R0 24.67±4.9a 22.45±3.13a

rm 0.22±0.01a 0.23±0.01a

Λ 1.25±0.01a 1.26±0.01a

TD 3.10±015a 2.97±012a

Média seguida de mesma letra na linha não difere estatisticamente entre si ao nível de significância de 5%.

A sobrevivência, lx, foi maior com a presa T. ludeni do que M. planki em todo período

de vida de N. californicus (Figura 1). O predador com a presa M. planki teve um valor inicial

maior da fertilidade específica, mx, porém ocorreu um declive mais drástico a partir do 16º

comparando com a presa T. ludeni.

Page 23: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

23

Figura 1: Fertilidade específica (mx) e sobrevivência (lx) de Neoseiulus californicus

alimentando-se de Tetranychus ludeni e Mononychellus planki, a 25±1 °C na fotofase de 12

horas e umidade relativa 70±5%.

A duração média de cada geração (T) deste trabalho é semelhante ao encontrado por

Escudero e Ferragut (2005) e Canlas et al. (2006), alimentando o predador com T. urticae

(Tabela 4). Também foi semelhante o valor encontrado por Rahmani et al. (2009),

alimentando o predador com T. tabaci, 18.62. Escudero e Ferragut (2005) testaram N.

californicus como predador de T. ludeni, e obtiveram como resultado 16.04, maior que o

encontrado neste estudo. Gotoh et al. 2006 obtiveram como resultado 10.70 ao alimentar N.

californicus com T. urticae. Majolo e Ferla (2014), ao utilizarem M. planki como presa de

P. macropilis obtiveram valor semelhante, 14.5 na duração média de cada geração.

0

0,4

0,8

1,2

0

0,6

1,2

1,8

2,4

lx

dias

mx

mx Mononychellus planki mx Tetranychus ludeni

lx Mononychellus planki lx Tetranychus ludeni

Page 24: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

24

Tabela 4. Duração média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), capacidade

inata de aumentar em número (rm), e razão finita de aumento (λ) de Neoseiulus californicus

alimentando-se de diferentes presas.

Escudero e Ferragut (2005), testando N. californicus com T. ludeni obtiveram

resultado maior para taxa líquida de reprodução (Ro), 47.37. Alguns trabalhos obtiveram

resultados semelhantes quando este predador foi alimentado com T. urticae, 22.92 para

Canlas et al. (2006), 16.26 para Toldi et al. (2013). Gotoh et al. (2006) ao testar este predador

com T. urticae obteve como resultado 33.46, em 2004 o autor fez o mesmo teste e obteve

28.6 como resultado. Para Majolo e Ferla (2014), a taxa líquida de reprodução ao alimentar

P. macropilis com M. planki foi 28.00, maior que neste trabalho.

Toldi et al. (2013) e Toyoshima e Hinomoto (2004), ao alimentar N. californicus

com T. urticae obtiveram uma capacidade de aumentar em número (rm) semelhante a este

trabalho de 0.15 e entre 0.14 e 0.18 respectivamente, assim como Gotoh et al. (2004), e

Canlas et al. (2006) com 0.217 e 0.209. Escudero e Ferragut (2005) e Gotoh et al. (2006)

encontraram 0.337 e 0.328 como resultado, maior do que o obtido nesta pesquisa, utilizando

T. urticae como presa. Majolo e Ferla (2014) utilizaram M. planki como presa de P.

macropilis e o valor encontrado foi maior, 0.23.

Experimento em Presa Ro rm T Referências

Phaseolus lunatus L. T. urticae 28.58 0.274 15.3 Gotoh et al. (2004)

Phaseolus vulgaris L. T. urticae 22.92 0.209 17.5 Canlas et al. (2006)

Feijoeiro T. urticae 49.25 0.283 17.46 Escudero e Ferragut (2005)

Feijoeiro T. ludeni 47.37 0.337 16.04 Escudero e Ferragut (2005)

Maça P. ulmi 31.64 0.23 14.54 Maroufpoor et al. (2013)

Maça P. ulmi 49.24 0.25 15.31 El Tag e Jung (2012)

Glycine max. T. ludeni 24.67 0.22 14.46 Presente estudo

Glycine max. M. planki 22.45 0.23 13.39 Presente estudo

Phaseolus vulgaris L. T. tabaci 1.95 0.041 18.62 Rahmani et al. (2009)

Phaseolus vulgaris L. T. urticae ---- 0.14-0.18 ---- Toyoshima e Hinomoto 2004

Phaseolus vulgaris L. T. urticae 32.95 0.311 11.23 Gotoh et al. (2006)

Cereja T.urticae 33.46 0.328 10.70 Gotoh et al. (2006)

Phaseolus vulgaris L. T. urticae 16.26 0.15 19.15 Toldi et al. (2013)

Page 25: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

25

Não existiam estudos sobre os parâmetros biológicos de N. californicus em plantas

de soja transgênicas nem alimentado de M. planki e C. phaseoli. O predador teve

desenvolvimento completo com M. planki e T. ludeni. Chegou à fase adulta, mas não

ovipositou quando alimentado com C. phaseoli. A maior viabilidade de ovo-adulto quando

alimentado de T. ludeni indicam uma associação mais forte do predador com essa presa.

Porém, se alimentando de M. planki o predador demonstrou capacidade de reprodução, pois

a maioria dos espécimes atingiu a fase adulta e ovipositaram. Já C. phaseoli não é um

alimento adequado para N. californicus, pois nem um espécime observado ovipositou.

Assim, tripes poderia ser uma alternativa para o desenvolvimento das fases imaturas.

Neoseiulus californicus tem potencial de fazer controle biológico na soja, pois pode

se alimentar de diferentes presas encontradas na cultura, M planki, T. ludeni, T. urticae.

Ainda não é conhecido o potencial deste predador se alimentado por outras espécies de

ácaros encontradas na cultura da soja T. desertorum, T. gigas. Ele não consegue completar

seu desenvolvimento com C. phaseoli como presa, porém outros predadores encontrados na

soja poderiam ser testados, N. idaeus, N. anonymus, P. cannaensis, P. macropilis, G.

annectens, P. fragariae, P. neotropicus.

.

Page 26: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

26

4. BIOLOGIA DE Tetranychus ludeni SE ALIMENTANDO EM DIFERENTES

CULTIVARES DE SOJA

4.1. Introdução

A cultura da soja é suscetível durante todo seu ciclo ao ataque de diferentes

herbívoros, que podem causar danos e perdas significativas na produção quando atingem

populações elevadas. A variação de organismos na safra está relacionada aos diferentes

cultivares utilizados (ARNEMANN et al., 2015). As diferentes cultivares de soja também

influenciam no ciclo de vida de ácaros (DEHGHAN et al., 2009). Os ácaros fitófagos que

mais se destacam na soja são Tetranychidae e Tarsonemidae. Recentemente, algumas

espécies acarinas com importância econômica foram reportadas em altas populações na

cultura da soja, dentre elas Tetranychus ludeni Zacher (Tetranychidae) (ROGGIA et al.,

2008; REZENDE et al., 2012; REICHERT et al., 2014). Em várias culturas, os

Tetranychidae destacam-se como organismos que alcançam o nível de praga (BOLLAND et

al., 1998). Os tetraniquídeos alimentam-se do parênquima, extraindo o conteúdo celular,

causando redução na capacidade fotossintética da planta e afetando a produção de grãos

(MORAES; FLECHTMANN, 2008). Tetranychus ludeni possui maior taxa de

sobrevivência em locais com temperaturas que variam entre 23 °C e 30 °C, pois este fator

favorece no aumento do desenvolvimento e nas taxas de reprodução e fecundidade do ácaro.

Esta espécie causa grandes danos econômicos em regiões com condições climáticas elevadas

(SILVA, 2002).

A transgenia relativa à resistência ao glifosato na soja e no milho possibilitou o

surgimento de espécies herbívoras espontâneas tolerantes ao glifosato levando ao aumento

na aplicação de herbicidas. Recentemente, as tecnologias genéticas foram direcionadas a

plantas geneticamente modificadas que toleram herbicidas de alta toxidade, criando um

círculo vicioso. As implicações deste sistema são a elevação dos custos produtivos e a

redução da qualidade do produto final, em função da presença de resíduos tóxicos nos grãos

colhidos (MELGAREJO et al., 2013). No Brasil são utilizados agrotóxicos em diversas

culturas, sendo inclusive encontrados produtos proibidos em alimentos (PASSOS; DOS

Page 27: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

27

REIS, 2013; BRASIL, 2013). A soja transgênica é uma realidade nas plantações do Brasil,

porém é necessário analisar aspectos econômicos, sociais, éticos, políticos e ambientais a

respeito de sua utilização (ALVES, 2004). O uso de grãos geneticamente modificados pode

estar afetando a biodiversidade, pois não se sabe até que ponto ela pode alterar,

principalmente, a entomofauna e a acarofauna que dependem daquelas plantas.

Os processos bioquímicos, moleculares e fisiológicos podem ser modificados na

transgenia (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). Porém não são amplamente conhecidos os efeitos

desta alteração na acarofauna presente na soja. Assim se justifica investigar as características

biológicas de T. ludeni quando alimentado em diferentes cultivares de soja, pois a diferença

entre os tipos de cultivo e a forma de manejo da soja podem estar prejudicando ou

beneficiando a permanência dos ácaros. O objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros

biológicos de T. ludeni em diferentes cultivares de soja, convencional, transgênica resistente

ao glifosato (RR) e com duas transgenias resistente ao glifosato e a lagarta (BT).

4.2. Material e métodos

Foram utilizados ácaros provenientes de folhas de soja do município de Lajeado, RS,

29°26'38"S e 51°56'44"O. As criações de T. ludeni foram mantidas em folhas de feijoeiro

(Phaseoulus vulgaris L.) em estufas a 25 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do

ar de 70±5 %.

Foram utilizadas arenas de 6 cm de diâmetro e 1,5 cm de profundidade, com um

círculo de esponja de 4 cm de diâmetro e 1 cm de espessura no centro, circundado com água

destilada. Sobre este círculo de esponja foi colocada uma folha de soja. As arenas cobertas

com uma placa de vidro para manter a umidade relativa do ar de acordo com o descrito por

Toldi et al. (2013). Para iniciar o experimento foram adicionadas três fêmeas/arena de T.

ludeni da criação. Estas fêmeas foram retiradas quatro horas após a introdução, sendo

mantido apenas um ovo do ácaro por arena. Foram realizadas três observações diárias às 7,

13 e 19 horas durante as fases imaturas, sendo observado em cada avaliação os estádios de

desenvolvimento. Na fase adulta, as fêmeas foram mantidas acasaladas com machos obtidos

da criação estoque e as avaliações realizadas uma vez ao dia, às 13 h, para verificar o número

de ovos postos e a sobrevivência. Os ovos postos foram coletados e transferidos para outras

arenas para determinar a razão sexual (número de fêmeas/número total de indivíduos).

A biologia foi realizada com 90 ovos individualizados do fitófago T. ludeni, em

arenas, sendo 30 com cada um dos cultivares de soja como alimento. Os diferentes cultivares

Page 28: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

28

de soja utilizados para o teste foram Fundacef 44, RR Nideira 5909, resistente ao glifosato

(conhecido como Roundup Ready ou RR) e BT rota 54, com as duas transgenias ficando

resistente ao glifosato e ao ataque de lagartas helicoverp (BT). Para obter as folhas do

experimento foram plantadas os cultivares em estufa.

Os dados coletados foram comparados através do teste de Tukey, ao nível de

significância de 5%, com o uso do programa BioEstat 5.0. Foram realizados cálculos de

tabela de vida conforme Silveira et al. (1976). Foram calculados os valores da taxa líquida

de reprodução, ou número de vezes que a população aumenta (Ro = ∑mx.lx – mx: total de

ovos/número de fêmeas; lx: espécimes vivos/número total da amostra), duração média de

uma geração (T = mx.lx.x / ∑ mx.lx) e taxa intrínseca de aumento da população (rm = log

Ro/ T.0,4343). As médias comparadas pelo teste t bilateral (P ≤ 0.05) pelo software SAS™

(Sas Institute 2000). As diferenças entre os tratamentos foram determinadas a um nível de

significância de α = 0,05 (Sas Institute 2000).

4.3 Resultados e discussões

No tempo de duração, em dias, das fases de ovo, larva e protoninfa não houve

diferença significativa para T. ludeni se alimentando dos três cultivares de soja (Tabela 5).

No entanto, nas fases de deutoninfa foi observada diferença, sendo o tempo de duração

menor nas folhas de soja RR, 2.1±0.12 (dias). A duração média de ovo-adulto, em dias não

diferiu nos três cultivares. A viabilidade total de ovo-adulto foi positiva, maior que 50%,

para T. ludeni se alimentando da soja convencional, soja RR e soja BT 63.3%, 66.7% e

66.7%, respectivamente. Nas três cultivares a fase mais longa foi a de ovo. Na soja RR as

fases de larva protoninfa e deutoninfa tiveram o mesmo tempo de duração, já na soja

convencional e BT a fase de protoninfa foi menor.

Page 29: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

29

Tabela 5. Duração média, em dia (± EP), dos estádios imaturos de Tetranychus ludeni

alimentado de folhas de diferentes variedades de soja a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e

umidade relativa do ar de 70±5%.

Variedades de soja Estádios imaturos

Ovo Larva Protoninfa Deutoninfa Ovo - Adulto

Soja convencional 5.1±0.06 Aa 2.4±0.17 Ba 2.1±0.05 Ca 2.6±0.12 Ba 12.3±0.25 a

Viabilidade (%) 96.7 82,8 91,7 86,4 63,3

Soja RR 5.2±0.07 Aa 2.3±0.13 Ba 2.1±0.06 Ba 2.1±0.12 Bb 11.8±0.15a

Viabilidade (%) 96.7 79,3 91,3 95,2 66,7

Soja BT 5.1±0.09 Aa 2.3±0.13 Ba 2.0±0.04 Ca 2.5±0.08 Ba 11.9±0.24 a

Viabilidade (%) 90,0 85,2 95.65 90,9 66,7

Média (± EP) seguida de mesma letra maiúscula na linha não difere estatisticamente entre si pelo teste de

Tukey, ao nível de significância de 5%.

Média (± EP) seguida de mesma letra minúscula na coluna não difere estatisticamente entre si pelo teste de

Tukey, ao nível de significância de 5%.

De Sousa et al. (2010) ao testarem a biologia de Tetranychus mexicanus McGregor

em diferentes espécies de anonáceas não obtiveram diferença significativa entre as durações

dos estágios imaturos. De forma contrária, neste trabalho, a diferença da duração da fase de

deutoninfa no cultivar RR indica uma diferença nutricional. Porém a fecundidade média do

fitófago não teve diferença significativa, sendo 40.87±6.56 ovos/fêmea alimentado de soja

convencional, 36.12±7.36 ovos/fêmea com soja RR e 31.21±5.35 com soja BT (Tabela 6).

O tempo de duração, em dias, das fases de pré-oviposição, oviposição e longevidade também

não diferenciaram significativamente com os diferentes cultivares de soja. Não foi observado

período de pós-oviposição porque os ácaros morriam ainda no período de oviposição. Isso

pode indicar que a espécie não está completamente adaptada à cultura da soja.

Page 30: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

30

Tabela 6: Fecundidade média (± EP) e duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição,

pós-oviposição e longevidade de Tetranychus ludeni alimentado de diferentes variedades de

soja 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do ar de 70±5 %.

N Convencional N Soja RR N Soja BT

Fecundidade 15 40.87±6.56a 14 31.21±5.35a 16 36.12±7.36a

Pré-oviposição 15 1.13±0.16a 14 1.50±0.14a 16 1.31±0.15a

Oviposição 15 8.53±1.15a 14 7.00±0.80a 16 7.50±1.15a

Longevidade da fêmea 15 9.80±1.13a 14 9.00±0.75a 16 8.81±1.14a

Longevidade do macho 3 8.00±1.53a 4 7.25±1.49a 3 9.00±3.21a

N = número de ácaros avaliados

Média (± EP) seguida de mesma letra na linha não difere estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível

de significância de 5 %.

A razão sexual na primeira geração de todos avaliados foi 0,79 de fêmeas. A duração

média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), e a capacidade inata de aumentar

em número (rm) foi semelhante para T. ludeni se alimentando de soja convencional, BT e RR

(Tabela 7). Demonstrando que o crescimento da população, número de fêmeas por dia, dessa

população seria semelhantes nos três tipos de folhas de soja.

Tabela 7. Duração média de cada geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), e a

capacidade inata de aumentar em número (rm) de Tetranychus ludeni alimentando-se em

cultivares de soja convencional, soja BT e soja RR a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e

umidade relativa do ar de 70±5 %.

Parâmetros Cultivares

Convencional Soja RR Soja BT

T 18.19±0.39a 18.31±0.42a 18.32±0.59a

R0 20.74±3.40a 15.22±2.41a 18.68±3.83a

rm 0.17±0.01a 0.15±0.01a 0.16±0.01a

Média seguida de mesma letra na linha não difere estatisticamente entre si ao nível de significância de 5 %.

O maior valor do mx, total de ovos/número de fêmeas, foi observado para T. ludeni

em folha de soja convencional foi no 19º dia, com soja RR foi no 23º e soja BT no 20º após

o início da biologia (Figura 3). Com soja convencional houve um decréscimo gradativo da

Page 31: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

31

oviposição, já com a soja BT o mx estava maior quando as fêmeas morreram. Com a soja

RR a oviposição parou antes dos demais no 26º dia.

Figura 2: Fertilidade específica (mx) de Tetranychus ludeni alimentando-se de diferentes

folhas de soja a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do ar de 70±5 %.

O número de ácaros mortos para T. ludeni em folha de soja convencional foi

aumentando de forma mais constante que as demais (Figura 4). A partir do 18º dia houve

uma mortalidade alta dos ácaros em folha de soja RR, também foi a biologia que morrerem

antes.

0

1

2

3

4

5

6

7

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

mx

Dias

RR

BT

Convencional

Page 32: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

32

Figura 3: Sobrevivência (lx) de Tetranychus ludeni alimentando-se de diferentes folhas de

soja a 25±1 °C na fotofase de 12 horas e umidade relativa do ar de 70±5 %.

A duração de ovo-adulto deste estudo foi próxima ao encontrado por Adango et al.

(2006), Gotoh et al. (2015) e Silva et al. (2002) (Tabela 8). A fecundidade, o período de

oviposição, taxa líquida de reprodução e capacidade inata em número de aumentar de T.

ludeni na soja foi menor que a encontrada nos outros trabalhos de biologia (ADANGO et

al., 2006; GOTOH et al., 2015; SILVA et al., 2002). Esta espécie pode estar mais adaptada

as usadas por estes autores, folhas de Gossypium hirsutum L., Phaseoulus vulgaris L.,

Amaranthus cruentus L. e Solanum macrocarpon L. do que folhas de soja.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

lx

Dias

RR

BT

Convencional

Page 33: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

33

Tabela 8. Duração média de fases imaturas e adulta, duração de cada geração (T), taxa

líquida de reprodução (Ro) e capacidade inata de aumentar em número (rm) de Tetranychus

ludeni alimentando-se de diferentes plantas.

Este

estudo

Este

estudo

Este

estudo

Silva et

al. 2002

Gotoh et

al. 2015

Adango et

al. 2006

Adango et al.

2006

G. max

conv.

G. max

RR

G. max

BT

G.

hirsutum

P.

vulgaris

A.

cruentus

S.

nacrocarpon

Ovo 5.1 5.2 5.1 5.7 - 4.2 4.2

Larva 2.4 2.3 2.3 2.6 - 1.9 2.0

Protoninfa 2.1 2.1 2.0 2.8 - 1.6 1.8

Deutoninfa 2.6 2.1 2.5 2.5 - 1.9 2.1

Ovo-adulto 12.3 11.8 11.9 13.3 9.1 9.6 10.1

Fecundidade 40.9 31.2 36.1 51.1 173.9 111.5 81.6

Oviposição 8.5 7 7.5 14.1 14.6 15.5 12.9

Longevidade 9.8 9 8.8 17.4 17 28.3 24.9

T 18.2 18.3 18.3 17.3 15.7 16.2 17.4

Ro 20.7 15.2 18.7 46.9 135.7 16.3 41.7

rm 017 015 016 0.22 0.31 0.17 0.21

Segundo Gotoh et al. (2015), T. ludeni tem potencial para se tornar uma praga comum

em várias culturas agrícolas. Tem capacidade de tolerar temperaturas acima de 25ºC e

adquirir resistência ao uso de agrotóxicos. A transgenia na soja não demonstrou interferir na

biologia de T. ludeni, pois a soja com transgenia RR e a com duas transgenia BT obtiveram

parâmetros de reprodução iguais aos da soja convencional. A diferença entre cultivares nao

interferindo nos parâmetros biológicos discordando dos trabalhos de Arnemann et al. (2014),

Dehghan et al. (2009) e Razmjou et al. (2009). Esta espécie acarina pode estar em fase de

adaptação à cultura, pois em relação a outros experimentos com diferentes espécies de planta

teve melhores parâmetros de reprodução.

Page 34: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

34

5. REFERÊNCIAS

ADANGO, E.; ONZO, A.; HANNA, R.; ATACHI, P.; JAMES, B. Comparative demography

of the spider mite, Tetranychus ludeni, on two host plants in West Africa. Journal of Insect

Science, v. 6, n. 1, p. 49, 2006.

ALVES, G. S. A Biotecnologia dos transgênicos: Precaução é a palavra de ordem. Holos,

2004.

ARNEMANN, J. A.; FIORIN, R. A.; PERINI, C. R.; STORCK, L.; CURIOLETTI, L. E.;

NACHMAN, G.; GUEDES, J. V. C. Density and growth rates of spider mites in relation to

phonological stages of soybean cultivars in Brazil. Experimental and Applied Acarology,

v. 67, n. 3, p. 423-440, 2015.

BECKER, B.; MIRANDA, M. A Geografia Política do Desenvolvimento Sustentável.

Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1997.

BOHN, T.; CUHRA, M.; TRAAVIK, T.; SANDEN, M.; FAGAN, J.; PRIMICERIO,

R. Compositional differences in soybeans on the market: Glyphosate accumulates in

Roundup Ready GM soybeans. Food Chemistry, v. 153, p. 207-215, 2014.

BOLLAND, H. R.; GUTIERREZ, J.; FLECHTMANN, C. H. W. World catalogue of the

spider mite family (Acari: Tetranychidae). Brill, 1998.

BUENO, A. F.; BATISTELA M. J.; BUENO, R. C. O. F.; FRANÇA-NETO, J. B.;

NISHIKAWA. M. A. N.; FILHO, A. L. Effects of integrated pest management, biological

control and prophylactic use of insecticides on the management and sustainability of

soybean. Crop Protection, v. 30, n. 7, p. 937-945, 2011.

BUENO, A. de F.; BUENO, R. C. O. F.: NABITY, P. D.; HIGLEY, L. G.; FERNANDES

A. O. Photosynthetic response of soybean to two spotted spider mite (Acari: Tetranychidae)

injury. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 52, n. 4, p. 825-834, 2009.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Programa de análise de

resíduos de agrotóxicos em alimentos (PARA): Relatório de atividades de 2011 e 2012.

Brasília, 2013.

CANLAS, L. J.; AMANO, H.; OCHIAI, N.; TAKEDA, M. Biology and predation of the

Japanese strain of Neoseiulus californicus (McGregor) (Acari: Phytoseiidae). Systematic

and Applied Acarology, v. 11, p. 141-157, 2006.

CAVALCANTI, C. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas.

São Paulo: Cortez, 2001.

Page 35: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

35

CAVALLERI, A.; LIMA, M. G. A.; MELO, F. S. D.; MENDONÇA, J. R. New records of

thrips (Thysanoptera) species in Brazil. Neotropical entomology, v. 40, n. 5, p. 628-630,

2011.

CHOW, A.; CHAU, A.; HEINZ, K. M. Compatibility of Amblyseius (Typhlodromips)

swirskii (Athias-Henriot) (Acari: Phytoseiidae) and Orius insidiosus (Hemiptera:

Anthocoridae) for biological control of Frankliniella occidentalis (Thysanoptera: Thripidae)

on roses. Biological control, v. 53, n. 2, p. 188-196, 2010

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos 2012/2013. Disponível em:

www.conab.gov.br. Acesso em agosto de 2015.

DE BRUJIN, P. J.; EGAS, M.; JANSSEN, A.; SABELIS, M. W. Pheromone-induced

priming of a defensive response in Western flower thrips. Journal of chemical ecology, v.

32, n. 7, p. 1599-1603, 2006.

DEHGHAN, M. S.; ALLAHYARI, H.; SABOORI, A.; NOWZARI, J.; HOSSEINI N. V.

Fitness of Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae) on different soybean cultivars:

biology and fertility life-tables. International Journal of Acarology, v. 35, n. 4, p. 341-

347, 2009.

DOĞRAMACI, M.; ARTHURS, S. P.; CHEN, J.; MCKENZIE, C.; IRRIZARY, F.;

OSBORNE, L. Management of chilli thrips Scirtothrips dorsalis (Thysanoptera: Thripidae)

on peppers by Amblyseius swirskii (Acari: Phytoseiidae) and Orius insidiosus (Hemiptera:

Anthocoridae). Biological Control, v. 59, p. 340-347, 2011.

EL TAJ, H. F.; JUNG, C. Effect of temperature on the life-history traits of Neoseiulus

californicus (Acari: Phytoseiidae) fed on Panonychus ulmi.Experimental and Applied

Acarology, v. 56, n. 3, p. 247-260, 2012.

ESCUDERO, L. A.; FERRAGUT, F. Life-history of predatory mites Neoseiulus

californicus and Phytoseiulus persimilis (Acari: Phytoseiidae) on four spider mite species as

prey, with special reference to Tetranychus evansi (Acari: Tetranychidae). Biological

Control, v. 32, n. 3, p. 378-384, 2005.

FAOSTAT, Food and agriculture organization of the United Nations Statistics division

Disponível em: faostat3.fao.org/faostat-gateway/go/to/browse/Q/QC/E. Acesso em agosto

de 2015.

FERLA, N. J.; JOHANN, L.; KLOCK, C. Phytoseiid mites (Acari: Phytoseiidae) from

vineyards in Rio Grande do Sul State, Brazil. Zootaxa, v. 2976, p. 15-31, 2011.

FRIZZAS, M. R.; OLIVEIRA, C. M. Plantas transgênicas resistentes a insetos e organismos

não-alvo: predadores, parasitoides e polinizadores. Universitas: Ciências da Saúde. v. 4, p.

63-82, 2006.

FUCK, M. P.; BONACELLI, M. B. Sementes geneticamente modificadas: (in) segurança e

racionalidade na adoção de transgênicos no Brasil e na Argentina. Revista Iberoamericana

de Ciencia Tecnología y Sociedad, v. 4, n. 12, p. 9-30, 2009.

GUATTARI, F. As três ecologias. Campinas: Papirus, 2003

Page 36: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

36

GIL, C. A. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GOTOH, T.; MORIYA, D.; NACHMAN, G. Development and reproduction of five

Tetranychus species (Acari: Tetranychidae): Do they all have the potential to become major

pests?. Experimental and Applied Acarology, p. 1-27, 2015.

GOTOH, T.; TSUCHIYA, A.; KITASHIMA, Y. Influence of prey on developmental

performance, reproduction and prey consumption of Neoseiulus californicus (Acari:

Phytoseiidae). Experimental & applied acarology, v. 40, n. 3-4, p. 189-204, 2006.

GOTOH, T.; YAMAGUCHI, K.; MOR, K. Effect of temperature on life history of the

predatory mite Amblyseius (Neoseiulus) californicus (Acari: Phytoseiidae). Experimental

and Applied Acarology, v. 32, p. 15-30, 2004.

GUEDES, J. V. C.; NAVIA, D.; LOFEGO, A. C.; DEQUECH, S. T. B. Ácaros associados

à cultura da soja no Rio Grande do Sul, Brasil. Neotropical Entomology. v. 32, n. 2, 2007.

HUNGRIA, M.; MENDES, I. C.; NAKATANI, A. S.; DOS REIS J. F. B.; MORAIS, J. Z.;

DE OLIVEIRA, M. C. N.; FERNANDES, M. F. Effects of the glyphosate-resistance gene

and herbicides on soybean: Field trials monitoring biological nitrogen fixation and

yield. Field Crops Research, v. 158, p. 43-54, 2014.

KRANTZ, G. W.; WALTER, D. E. A Manual of Acarology. Texas: Lubbock, p. 807, 2009.

LEBDI-GRISSA, K.; VANINPE, G.; LEBRUN, P. Paramètres biologiques et

démographiques de Neoseiulus californicus (Acari: Phytoseiidae) à différentes

températures. Acarologia, v. 1, p. 13-22, 2005.

LIMA, E. F. B.; MONTEIRO, R. C.; ZUCCHI, R. A. Thrips species (Insecta: Thysanoptera)

associated to Fabaceae of agricultural importance in Cerrado and Amazon-Caatinga ecotone

from Brazilian Mid-North. Biota Neotropica, v. 13, n. 2, p. 283-289, 2013.

LINK, D.; COSTA, E. C.; CARVALHO, S. Níveis de infestação e danos de Caliothrips

phaseoli em soja. Revista do Centro de Ciências Rurais, v. 11, n. 4, 1981.

MAGALHÃES, S.; FORBES, M. R.; SKORACKA, A.; OSAKABE, M.; CHEVILLON, C.;

MCCOY, K. D. Host race formation in the Acari. Experimental and Applied Acarology, p.

42, p. 225-238, 2007.

MAJOLO, F.; FERLA, N. J. Life history of (Acari: Phytoseiidae) feeding on (Acari:

Tetranychidae) on common bean leaves (L.). International Journal of Acarology, v. 40, p.

332-336, 2014.

MARAFELI, P. P.; REIS, P. R.; SILVEIRA, E. C.; SOUZA-PIMENTEL, G. C.; TOLEDO,

M. A. Life history of Neoseiulus californicus (McGregor, 1954)(Acari: Phytoseiidae) fed

with castor bean (Ricinus communis L.) pollen in laboratory conditions. Brazilian Journal

of Biology, v. 74, p. 691-697, 2014.

MAROUFPOOR, M.; GHOOSTA, Y.; POURMIRZA, A. A. Life table parameters of

Neoseiulus californicus (Acari: Phytoseiidae), on the European red mite, Panonychus ulmi

Page 37: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

37

(Acari: Tetranychidae) in laboratory condition. Persian Journal of Acarology, v. 2, n. 2,

2013.

MARTINS, M. C.; CÂMARA, G. M. S; PEIXOTO, C. P.; MARCHIORI, L. F. S.;

LEONARDO, V. MATTIAZZI, P. Épocas de semeadura, densidades de plantas e

desempenho vegetativo de cultivares de soja. Scientia agrícola, v. 56, n. 4, 1999.

MCMURTRY J. A.; MORAES, G. J. de; SOURASSOU, N. F. Revision of the lifestyles of

phytoseiid mites (Acari: Phytoseiidae) and implications for biological control strategies.

Systematic and Applied Acarology, v. 18, n. 4, p. 297-320, 2013.

MELGAREJO, L.; FERRAZ, J. M.; FERNANDES, G. B. Transgênicos no Brasil.

Agriculturas, v. 10, 2013.

MENDES, S. M., BUENO, V. H., ARGOLO, V. M.; SILVEIRA, L. C. P. Type of prey

influences biology and consumption rate of Orius insidiosus (Say)(Hemiptera,

Anthocoridae). Revista Brasileira de Entomologia, v. 46, n. 1, p. 99-103, 2002.

MENDES, S. M.; BUENO, V. H. P. Biology of Orius insidiosus (Say) (Hemiptera:

Anthocoridae) Fed on Caliothrips phaseoli (Hood)(Thysanoptera: Thripidae). Neotropical

Entomology, v. 30, n. 3, p. 423-428, 2001.

MONTEIRO, L. B. Manejo integrado de pragas em macieira no Rio Grande do Sul II. Uso

de Neoseiulus californicus para o controle de Panonychus ulmi. Revista Brasileira de

Fruticultura, v. 24, n. 2, p. 395-405, 2002.

MORAES, G. J. de. Controle biológico de ácaros fitófacos com ácaros predadores. In:

PARRA, J. P. R.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S.

(Ed.). Controle biológico no Brasil. São Paulo: Manole, p. 225-238, 2002.

MORAES, G. J.; FLECHTMANN, C. H. W. Manual de Acarologia: acarologia básica e

ácaros de plantas cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto. Holos Editora, p. 288, 2008.

MOREIRA, HJ da C.; ARAGÃO, F. D. Manual de pragas da soja. Campinas: FMC, 2009.

MOUND, L. A. Thysanoptera biodiversity in the Neotropics. Revista de biología tropical,

v. 50, n. 2, p. 477-484, 2002.

NÁVIA, D.; FLECHTMANN, C. H. W. Rediscovery and redescription of Tetranychus gigas

(Acari, Prostigmata, Tetranychidae). Zootaxa, v. 547, p. 1-8, 2004.

NICHOLLS, C. I.; ALTIERI, M. A. Designing and implementing a habitat management

strategy to enhance biological pest control in agroecosystems. Biodynamics, p. 26-36, 2005.

PADGETTE, S. R.; KOLACZ, K. H.; DELANNAY, X.; RE, D. B.; La VALLEE, D. J.;

TINIUS, C. N.; RHODES, W. K.; OTERO, I.; BARRY, G. F. Development, Identification,

and Characterization of a Glyphosate- Tolerant Soybean Line. Crop Science, Madison, v.

35, p. 1451-1461, 1995

PASSOS, F. R.; DOS REIS, M. R. Resíduos de agrotóxicos em alimentos de origem vegetal:

Revisão. Pesticidas: Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, v. 23, 2013.

Page 38: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

38

PEIXOTO, C. P.; CÂMARA, G. M. S.; MARTINS, M. C.; MARCHIORI, L. F. S.;

GUERZONI, R. A.; MATTIAZZI, P. Épocas de semeadura e densidade de plantas de soja:

I. Componentes da produção e rendimento de grãos. Scientia agricola, v. 57, n. 1, p. 89-96,

2000.

RAHMANI, H.; FATHIPOUR, Y.; KAMALI, K. Life history and population growth

parameters of Neoseiulus californicus (Acari: Phytoseiidae) fed on Thrips tabaci

(Thysanoptera: Thripidae) in laboratory conditions. Systematic & Applied Acarology, v.

14, p. 91-100, 2009.

RAZMJOU, J.; TAVAKKOLI, H.; FALLAHI, A. Effect of soybean cultivar on life history

parameters of Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae). Journal of pest science, v.

82, n. 1, p. 89-94, 2009.

REICHERT, M. B.; SILVA, G. L. da; ROCHA, M. D. S.; JOHANN, L.; FERLA, N. J. Mite

fauna (Acari) in soybean agroecosystem in the northwestern region of Rio Grande do Sul

State, Brazil. Systematic and Applied Acarology v. 19, n. 2, p. 123-136, 2014.

REZENDE, M.; LOFEGO A. C.; NÁVIA, D.; ROGGIA, S. Mites (Acari: Mesostigmata,

Sarcoptiformes and Trombidiformes) associated to soybean in Brazil, including new records

from the Cerrado areas. Florida Entomologist 95(3) p. 683-693. 2012.

REZENDE, J. M.; LOFEGO, A. C.; NUVOLONI, F. M.; NÁVIA, D. Mites from Cerrado

fragments and adjacent soybean crops: does the native vegetation help or harm the

plantation?.Experimental and Applied Acarology, v. 64, n. 4, p. 501-518, 2014.

REYNAUD, P. Thrips (Thysanoptera) Chapter 13.1. BioRisk, v. 4, p. 767-791, 2010.

ROGGIA, S. Spider mites associated to soybean in Rio Grande do Sul, Brazil. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 3, p.295-301. 2008.

ROGGIA, S.; GUEDES, J. V. C.; KUSS-ROGGIA, R. C. R.; DE VASCONCELOS, G. J.

N.; NAVIA, D.; JUNIOR, I. D. Notas Científicas Ácaros predadores e o fungo Neozygites

floridanaassociados a tetraniquídeos em soja no Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, v. 44, n. 1, p. 107-110, 2009.

DE SOUSA, J. M.; GONDIM JR. M. G. C.; LOFEGO, A. C. Biology of Tetranychus

mexicanus (McGregor) (Acari: Tetranychidae) on Three Species of

Annonaceae. Neotropical entomology, v. 39, n. 3, p. 319-323, 2010.

SAS Institute. SAS/GRAPH 2000 Software: Reference Version 8, v.2. Cary, NC: 2000.

SATO, M. E.; SILVA, M.; GONÇALVES, M. F. S.; RAGA, A. Toxicidade diferencial de

agroquímicos a Neoseiulus californicus (McGregor)(Acari: Phytoseiidae) e Tetranychus

urticae Koch (Acari: Tetranychidae) em morangueiro. Neotropical Entomology, v. 31, n.

3, 2002.

SILVA, CAD da. Biologia e exigências térmicas do ácaro-vermelho (Tetranychus ludeni

Zacher) em folhas de algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 5, p. 573-

580, 2002

Page 39: BIOECOLOGIA DE ÁCAROS DA CULTURA DA SOJA E ... - … · 2 Maicon Toldi ... of GM crops is practical example that puts in check the future of soil and ... McGregor is already used

39

SILVA, M. Z. da; OLIVEIRA, C. A. L. de. Toxicidade residual de alguns agrotóxicos

recomendados na citricultura sobre Neoseiulus californicus (McGregor)(Acari:

Phytoseiidae). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 29, n. 1, p. 085-090,

2007.

SILVEIRA, S. N.; NAKANO, O.; BARBIN, D.; NOVA, A. V. Manual de ecologia e dos

insetos. São Paulo: Agronomia Ceres, p. 419 1976.

SIQUEIRA, P. R. E.; BOTTOM, M.; FERLA, N. J.; GRUTZMACHER, A. D. ; JOHANN,

Liana ; SIQUEIRA, P. R. B. . Toxicidade residual de agrotóxicos sobre adultos de

Neoseiulus californicus (Mc Gregor) (Acari: Phytoseiidae) na cultura da videira. Revista

Científica Rural, v. 14, p. 31-45, 2012.

TOLDI, M.; FERLA, N. J.; DAMEDA, C.; MAJOLO, F. Biology of Neoseiulus californicus

feeding on two-spotted spider mite. Biotemas, v. 26, p. 105-111, 2013.

TOYOSHIMA, S.; HINOMOTO, N. Intraspecific variation of reproductive characteristics

of Amblyseius californicus (McGregor)(Acari: Phytoseiidae). Applied entomology and

zoology, v. 39, n. 3, p. 351-355, 2004.

VAN MAANEN, R.; BROUFAS, G.; DE JONG, P.; AGUILAR‐FENOLLOSA, E.;

REVYNTHI, A.; SABELIS, M. W.; JANSSEN, A. Predators marked with chemical cues

from one prey have increased attack success on another prey species. Ecological

Entomology, v. 40, n. 1, p. 62-68, 2015.

XU, X.; ENKEGAARD, A. Prey preference of the predatory mite, Amblyseius swirskii

between first instar western flower thrips Frankliniella occidentalis and nymphs of the

twospotted spider mite Tetranychus urticae. Journal of Insect Science, v. 10, 2010.

WEINTRAUB, P.; PALEVSKY, E. Evaluation of the predatory mite, Neoseiulus

californicus, for spider mite control on greenhouse sweet pepper under hot arid field

conditions. Experimental and Applied Acarology, v. 45, p. 29-37, 2008.

YAO, H.; ZHENG, W.; TARIQ, K.; ZHANG, H. Functional and numerical responses of

three species of predatory phytoseiid mites (Acari: Phytoseiidae) to Thrips flavidulus

(Thysanoptera: Thripidae). Neotropical Entomology, v. 43, n. 5, p. 437-445, 2014.