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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM JACQUELINE KRIS SANTOS MOURA BIOSSEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR: PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS Petrolina-PE 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

JACQUELINE KRIS SANTOS MOURA

BIOSSEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR:

PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS

Petrolina-PE 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

JACQUELINE KRIS SANTOS MOURA

BIOSSEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR: PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS

Trabalho apresentado a Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, campus Petrolina, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Drª. Viviane Euzébia Pereira Santos.

Petrolina - PE 2010

Moura, Jacqueline Kris Santos

M929b Biossegurança no Ambiente Hospitalar: percepção de enfermeiros / Jacqueline Kris Santos Moura. – –

Petrolina, 2010 48 f.: il. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal do Vale

do São Francisco , Campus Petrolina, para graduação em Enfermagem, 2010

Orientador: Viviane Euzébia Pereira Santos

Bibliografia 1. Biossegurança. 2. Enfermeiros 3. Ambiente Hospitalar. I.

Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 363.11961073

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por ter me concedido forças e

oportunidade para realização deste estudo.

Aos meus pais, Fátima e Paulo, pelo apoio e palavras de incentivo nos

momentos certos.

A meu noivo, Moisés, obrigada pela paciência, carinho e sempre estar disposto a

me ajudar.

À Profª Drª Viviane Euzébia Pereira Santos, por sua dedicação, competência,

responsabilidade, me estimulando desde as primeiras orientações.

Minhas amigas, Maria de Penha e Márgila, pela atenção e disponibilidade para

discutirmos e compartilharmos o conhecimento adquirido na graduação.

Aos enfermeiros que se dispuseram a participar do estudo.

Á coordenação de Ensino e Pesquisa do HUT que tornaram possível a

realização dessa pesquisa.

A todos, um sincero obrigada!

MOURA, J.K.S. Biossegurança no Ambiente Hospitalar: percepção de enfermeiros. 2010. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Enfermagem). Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina, 2010.

RESUMO

A Biossegurança é um conjunto de medidas que proporciona ações de prevenção, redução e até mesmo eliminação de situações de risco a saúde do trabalhador, tendo destaque à influência de seu papel na manipulação e descarte de resíduos. Os trabalhadores estão sujeitos a acidentar-se ou adoecerem devido às condições de trabalho e sua intensidade de contato com os agentes que irão propiciar os riscos, sendo necessária a conscientização dos profissionais visando garantir segurança não apenas a equipe, mas também aos pacientes. O estudo tem como objetivo geral analisar a percepção dos enfermeiros sobre a Biossegurança em seu ambiente de trabalho, e os específicos, compreender o conhecimento e a importância dada a Biossegurança no ambiente hospitalar; investigar a utilização de medidas de Biossegurança; avaliar como o enfermeiro descreve as situações de risco na sua área de trabalho. Trata-se de um estudo qualitativo do tipo exploratório descritivo, ocorrido no Hospital de Urgências e Traumas (HUT), no município de Petrolina-PE, apresentando como sujeitos os enfermeiros das unidades de internação. As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com 17 profissionais, incluindo na coleta de dados a técnica de fotografia para investigar o uso das medidas de Biossegurança, sendo as falas, posteriormente, analisadas com base na análise de conteúdo de Bardin, distribuídas em 03 categorias e 02 subcategorias. O estudo mostrou que os enfermeiros não se lembraram do meio ambiente como parte integrante das medidas de Biossegurança, assim como, a manipulação e descartes de resíduos. Os tipos de riscos a que os profissionais estão expostos no ambiente hospitalar, importância do manuseio e manipulação dos pérfuro – cortantes, enfocando a importância da lavagem das mãos, normas de isolamento e o não reencape ou retirada das agulhas das seringas como medidas diárias de precaução, foram relatados por uma minoria. O estudo comprovou que a percepção dos enfermeiros para essas questões estão limitadas, contribuindo para mostrar a necessidade de se realizar treinamentos periódicos com essa temática. Palavras – chaves: Biossegurança; enfermeiros; ambiente hospitalar.

MOURA, J.K.S. Biosafety in the Hospital Environment: perceptions of nurses. 2010. 47f. Completion of course work (Bachelor of Nursing). University of San Francisco Valley. Petrolina, 2010.

ABSTRACT

The Biosecurity is a set of measures that provides prevention, reduction and even elimination of situations of risk to worker health, with emphasis on the influence of his role in the handling and disposal of waste. Workers are subject to crashing it or getting sick due to working conditions and intensity of contact with agents that will provide for the risks, and the awareness of professionals in order to ensure safety not only the team but also to patients. The study aims at analyzing the perception of nurses on Biosafety on your desktop, and the specific knowledge and understand the importance given to Biosafety in the hospital environment, and to investigate the use of biosecurity measures, evaluate how nurses describe the risk situations in their work area. This is a qualitative study of an exploratory and descriptive, which occurred in Hospital Emergency and Trauma (HUT) in the city of Petrolina-PE, with nurses as subjects of the inpatient units. The semi-structured interviews were conducted with 17 professionals, including data collection technique of photography to investigate the use of biosecurity measures, and the lines then analyzed based on content analysis of Bardin, divided into 03 categories and 02 subcategories. The study showed that nurses did not remember the environment as part of measures on Biosafety, as well as the handling and disposal of waste. The types of risks to which workers are exposed in the hospital environment, the importance of handling and manipulation of sharp - sharp, emphasizing the importance of hand washing, insulation standards and not recapping or removal of needles from syringes as daily measures of precaution, were reported by a minority. The study proved that the perception of nurses to these issues are limited, helping to show the necessity of conducting periodic training with this topic. Key – Words: Biosecurity; nurses; hospital.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 8

2 REFERENCIAL TEORICO................................................................................. 10

2.1 Surgimento e Desenvolvimento da Biossegurança............................................ 10

2.2 Legislação em Biossegurança............................................................................ 11

2.3 Importância da Biossegurança........................................................................... 12

2.4 Não Aderência da Equipe as Normas de Biossegurança................................... 13

2.5 Medidas de Biossegurança................................................................................ 15

2.6 Proteção ao Meio Ambiente e Trabalhadores.................................................... 16

3 METODOLOGIA................................................................................................. 18

3.1 Características do Estudo................................................................................... 18

3.2 Local do Estudo.................................................................................................. 18

3.3 Sujeitos de Estudo.............................................................................................. 19

3.4 Aspectos Éticos.................................................................................................. 20

3.5 Coleta de Dados................................................................................................. 20

3.6 Análise dos Dados.............................................................................................. 21

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................................... 22

4.1 Conceituando Biossegurança............................................................................. 22

4.1.1 Medidas de Biossegurança................................................................................ 24

4.1.2 Importância da Biossegurança no Ambiente Hospitalar..................................... 27

4.2 Situações de Risco nos Ambientes de Trabalho................................................ 29

4.3 Proteção do Trabalhador.................................................................................... 32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 36

6 REFERÊNCIAS.............................................................................................................

APÊNDICES..................................................................................................................

ANEXOS........................................................................................................................

38

42

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8

1 INTRODUÇÃO

A grande maioria dos profissionais da área de saúde, tendo destaque os de

enfermagem, estão submetidos a diversas situações de riscos como biológicos,

químicos e físicos nos ambientes de trabalho (REZENDE, 2003) . A fim de minimizar

essas situações vários estudos, nos últimos anos relacionados com a Biossegurança

estão sendo realizados.

Biossegurança, de acordo com Teixeira e Valle (1996) é o conjunto de medidas

destinadas a prevenção, eliminação ou diminuição de riscos relacionados às atividades

de produção, ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços

que podem comprometer a qualidade dos trabalhos realizados ou a saúde dos animais,

meio ambiente e do homem, ou seja, os trabalhadores através dessas ações podem

prevenir, diminuir e até mesmo eliminar os riscos a que se encontra exposto no

ambiente de trabalho.

As medidas de Biossegurança existem como meio de prevenção da

contaminação, no qual grande parte dos acidentes acontece pelo uso inadequado e/ ou

ineficaz das normas propostas, dando origem assim a procedimentos que apresentam

riscos (CARVALHO et al, 2009; VALLE et al, 2008).

Os trabalhadores podem acidentar-se ou adoecerem, segundo Rezende (2003),

por causa das condições de trabalho e sua intensidade de contato com os agentes que

irão propiciar o risco, visto que, constantemente ingressam no mercado de trabalho sem

terem conhecimento dos cuidados necessários para evitar a exposição aos riscos e da

rotina do serviço, permanecendo sem treinamento, após a admissão, sobre os fatores

de risco presentes. Ou por já trabalharem por muitos anos acabam adquirindo vícios

profissionais, ou achando que nada de errado acontecerá.

De acordo com Valle et al., (2008) torna-se necessário a conscientização dos

profissionais de enfermagem visando à realização de procedimentos e técnicas

assépticas para garantir segurança não apenas ao profissional, mas também a do

9

paciente e seus familiares. Conforme Gir et al., (2004) as medidas de proteção

recomendadas não tem sido aderidas pelos profissionais de enfermagem, apesar da

potencialização dos riscos de exposição.

Os fatos esses que tem despertado meu interesse desde as primeiras atividades

práticas, tanto no âmbito hospitalar, quanto da atenção básica, pois, tenho observado a

realização de procedimentos, em diversos setores, com ausência dos Equipamentos de

Proteção Individual (EPI), punção venosa sem luvas ou o não uso de máscaras, óculos

e vestuário adequado, incluindo reincape de agulhas, constante uso das caixas de

perfuro - cortantes contendo matérias acima do limite e exposições as radiações por

longos períodos, sendo alguns exemplos de ações que colocam em risco a segurança

da equipe e dos pacientes.

Com isso, trago como questão norteadora desta pesquisa: qual a percepção

dos enfermeiros no ambiente hospitalar sobre a Biossegurança?

O objetivo geral desse pesquisa é analisar a percepção dos enfermeiros

sobre a biossegurança em seu ambiente de trabalho, e os objetivos específicos são:

- compreender o conhecimento e a importância dada a Biossegurança no

ambiente hospitalar;

- investigar a utilização de medidas de Biossegurança;

- avaliar como o enfermeiro descreve as situações de risco na sua área de

trabalho.

Andrade e Sanna (2007) relatam a Biossegurança como tema indispensável na

formação do enfermeiro. Complemento, afirmando que se precisa ter um maior enfoque

através da existência de novas pesquisas e sensibilização das instituições de saúde e

educacionais, para introdução de disciplinas voltadas a essa temática. Além disso,

Posso et al (2004) apresenta em seu trabalho subsídios sobre a importância do ensino

da Biossegurança nos cursos de graduação.

Pretendo que os resultados desta pesquisa possam contribuir para novos

estudos na área, ampliar a visão das instituições de saúde e sensibilizar os

profissionais para as questões de Biossegurança.

10

2 REFERENCIAL TEORICO

2.1 Surgimento e Desenvolvimento da Biossegurança

A associação entre doença e trabalho é fato antigo na história, tendo na

Revolução Industrial o princípio das ações médicas paralelas aos ambientes laborais

conseqüentes das relações entre saúde e trabalho. A partir da evolução capitalista e de

muitas lutas, ocorreu uma valorização dos ambientes, dos espaços e dos agentes neles

atuantes, passando a não existir apenas aquela preocupação voltada a produção e a

força de trabalho, mas sim com o ser humano que exerce essa. (HINRICHSEN, 2004).

Segundo a mesma autora, com o desenvolvimento da saúde ocupacional

começou a existir uma busca pelas situações de perigo no ambiente de trabalho,

evidenciando os riscos.

Em se tratando de ambientes de trabalho na saúde, de acordo com CIBio (2009),

surge no século XX, a Biossegurança direcionada para o controle e diminuição de

riscos oriundos da prática de diferentes tecnologias, seja em laboratório ou no momento

que são aplicadas ao meio ambiente.

Alguns artigos pesquisados por Andrade e Sanna (2007) mostraram a relação do

surgimento da Biossegurança com a exacerbação das doenças transmissíveis e

preocupação voltada aos profissionais de saúde, tendo enfoque nos riscos biológicos,

referente a fluidos corporais, sangue, manipulação cuidadosa de instrumentos cortantes

contaminados de materiais biológicos, entre outros.

A construção do conceito de Biossegurança inicia na década de 70, quando, em

1975, ocorreu uma reunião no Centro de Convenções de Asilomar, localizada em

Pacific Grove, Califórnia, em que a comunidade científica discutiu sobre os impactos da

engenharia genética na sociedade, representando um fato importante na história da

ética aplicada à pesquisa. Sendo abordado o aspecto de proteção aos pesquisadores e

11

demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realizam esses projetos. Dessa

forma, o termo Biossegurança vem passando por alterações no decorrer dos anos

(COSTA e COSTA, 2002; GOLDIM, 1997).

A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1993) a definiu na década de 70 como

práticas de prevenção voltadas para o trabalho com agentes patogênicos e o foco

direcionou-se à saúde do trabalhador frente aos riscos biológicos no ambiente

ocupacional, enquanto que na década de 80, foram acrescentados os chamados riscos

periféricos, como os riscos químicos, físicos, radioativos e ergonômicos.

O conceito de Biossegurança sofreu mudanças mais significativas na década de

90, visto que, foram introduzidos na definição os seguintes temas: meio ambiente,

animais, ética em pesquisa e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante,

chegando ao conceito atual com maior destaque para o ambiente ocupacional,

desmembrando-se para a proteção ambiental (ANDRADE e SANNA, 2007).

2.2 Legislação em Biossegurança

No ano de 1995, entrou em vigor a Lei de Biossegurança (nº 8.974),

estabelecendo regras para o trabalho com DNA recombinante no Brasil, incluindo a

comercialização de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), pesquisa e

produção de modo a proteger a saúde do meio ambiente, animais e do homem. Bahia

(2001) afirma que o Decreto de nº 1.752 formaliza a Comissão Técnica Nacional de

Biossegurança – CTNBio, defiindo suas competências no Ministério da Ciência e

Tecnologia.

No âmbito da saúde, estabeleceu-se a Comissão de Biossegurança em Saúde

(CBS) pelo Ministério da Saúde, posteriormente substituída e revogada por outra

portaria em 2003, sendo coordenada pela Secretaria de Tecnologia e Insumos

Estratégicos (SCTIE) e a Secretaria de Ciência.

O Ministério da Saúde (2006) ainda relata que a Comissão é composta dos

seguintes representantes: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Secretaria de

12

Atenção à Saúde (SAS), Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde (Aisa),

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tendo como objetivo, em primeiro

lugar, a implementação de ações relacionadas à Biossegurança, visando sempre o

melhor entendimento entre o Ministério da Saúde e as instituições que trabalham com o

tema.

A Portaria nº 37 do ano de 2002 instituiu a Norma Regulamentadora (NR) 32

que tem como objetivo prevenir os acidentes e o adoecimento ocasionado pelo trabalho

relacionado aos profissionais de saúde, controlando ou eliminando as condições de

riscos existentes nos Serviços de Saúde. A NR- 32 está direcionada aos riscos

biológicos, químicos, físicos, enfatizando a importância da capacitação a ser oferecida

através do empregador, visando minimizar os riscos provenientes do exercício

profissional (OLIVEIRA, et al, 2009).

Em 2005 a Lei de nº 11.105 cria o Conselho Nacional de Biossegurança –

CNBS, a qual estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de

atividades que envolvam organismos geneticamente modificados, dispõe sobre a

Política Nacional de Biossegurança – PNB, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de

Biossegurança – CTNBio (PINTO e GRISARD, 2008).

2.3 Importância da Biossegurança

Destaca-se que a Biossegurança tem sua importância nos serviços de saúde não

somente pela existência de abordagens das medidas para proteção da equipe e

usuários, mas também pela influência de seu papel na manipulação e descartes de

resíduos químicos, infectantes e tóxicos, incluindo a diminuição geral de riscos à saúde

e acidentes no trabalho (OPPERMANN e PIRES, 2003).

Verifica-se também, que os riscos biológicos e químicos estão presentes em

outros ambientes, conforme relata a Anvisa (2005), fazendo com que essa temática,

mais recentemente, ultrapassasse os limites dos laboratórios e hospitais, e inclui-se

13

outros fatores, como o lixo hospitalar descartado incorretamente ou um profissional que

não lava suas mãos com a freqüência adequada, ou seja, práticas diárias que também

trazem riscos a saúde dos trabalhadores e da população em geral.

O Centro de Controle de Doenças (CDC – Center for Disease Control), um órgão

dos Estados Unidos da América, implementou o conceito de Precauções Universais que

recomendavam o uso de medidas de barreira sempre que existisse a possibilidade de

contato com sangue, secreções e/ou fluidos corpóreos. Após alguns anos, esse termo

foi mudado para Precauções Básicas ou Padrão, diferenciando-se porque a prevenção

está voltada para todos os pacientes, e não apenas aos fluidos corporais que

pudessem transmitir o HIV e outros patógenos de transmissão sanguínea (GRYSCHEK

et al, 2007).

Oppermann e Pires (2003) relatam quais são essas Precauções Padrão que

devem fazer partes dos manuais de Biossegurança hospitalar: manipulação cuidadosa

de instrumentos pérfuro-cortantes contaminados com materiais biológicos; utilização do

coletor resistente para descarte desses materiais perfurantes ou cortantes; evitar o

reencapamento de agulhas e a desconexão da agulha da seringa; utilização dos EPI´s

(luvas, capotes/aventais, máscaras, óculos, protetor respiratório); lavagem das mãos

(antes de iniciar uma atividade e ao seu término) após a retirada das luvas,antes da

saída do quarto dos pacientes e também sempre que houver exposição a sangue;

utilização de desinfetantes, como o hipoclorito de sódio, na limpeza de áreas com

respingos de sangue ou outros materiais biológicos; cuidados necessários de

desinfecção e esterilização na reutilização de instrumentos de procedimentos invasivos;

cuidados específicos no laboratório na manipulação das amostras, como a necessidade

de somente serem utilizadas pipetas mecânicas; transportar materiais contaminados em

embalagens impermeáveis e resistentes; marcação com rótulos e etiquetas, de artigos

médico-hospitalares.

2.4 Não Aderência da Equipe as Normas de Biossegurança

14

Os enfermeiros que ocupam cargos de chefia enfrentam dificuldades porque a

equipe desconhece os riscos, existindo uma baixa aderência da mesma às medidas de

Precauções Padrão, destacando-se a resistência em utilizar os EPI´s (CARDOSO,

2008; MALAGUTI et al, 2008).

Outro fator importante para o descumprimento das normas de Biossegurança

refere-se à rotina que os profissionais desenvolvem nas instituições hospitalares, o que

com o passar dos anos vem aumentando sua confiança nas áreas atuantes, materiais

ou pessoas presentes, deixando em omissão as orientações, conforme demonstra

Londono e Moreira (2003).

Segundo a Anvisa (2005) o problema encontra-se no comportamento dos

profissionais e não nas tecnologias disponíveis para eliminar ou minimizar os riscos,

sendo de grande importância que os trabalhadores englobados nas atividades com

presença de algum tipo de ameaça biológica ou química permaneçam atentos para

terem uma visão das dificuldades. Torna-se necessário que surja uma cultura de

Biossegurança no campo prático, de forma a relacionar o risco de acidentes às praticas

cotidianas, pois como afirma Beretta (2009) os pontos críticos de riscos fazem-se

presentes desde a instalação do paciente até o descarte de soluções, reprocessamento

e limpeza de materiais e do ambiente de trabalho.

O hospital apresenta ambientes classificados como insalubres, contendo

pacientes com patologias variadas que predispõem a seus trabalhadores contraírem

doenças ocasionadas dos acidentes de trabalho pelos procedimentos envolvendo

riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e psicossociais, tornam-se uma

problemática porque na grande maioria das instituições ocorre a inexistência de

condições laborais satisfatórias (REZENDE, 2003; VALLE et al, 2008).

O risco mais comum entre os profissionais de saúde é o biológico, que

aumentou, principalmente, após o surgimento da síndrome da imunodeficiência

adquirida – AIDS, juntamente ao crescimento do número de pessoas infectadas pelos

vírus da hepatite B e C, segundo relata Mastroeni (2006).

Os agentes biológicos ocasionam doenças ocupacionais e acidentes de trabalho,

acarretando não apenas conseqüências negativas para as instituições e profissionais

15

de enfermagem, todavia, interferem na qualidade da assistência prestada aos

pacientes.

Marziale e Carvalho (1998), ainda mencionam a hepatite B como a enfermidade

de maior incidência entre a equipe de enfermagem, visto que, Gir et al ( 2004) afirma

que essa categoria profissional apresenta uma maior potencialização aos riscos

explicada pelos cuidados que envolvem o contato direto com o cliente.

Em uma pesquisa realizada por Farias e Zeitoune (2005), os autores destacam a

preocupação dos funcionários de uma Unidade referente à hepatite e a AIDS por causa

do índice elevado de acidentes com material pérfuro-cortante entre profissionais de

enfermagem.

Campos (1999) descreve que apesar do temor ser maior quanto à exposição

ocupacional dos trabalhadores de saúde a vírus dos pacientes, também existe a

possibilidade de ocorrer infecção de pacientes com vírus dos profissionais, sendo

enfatizado as medidas de Biossegurança.

De acordo com Marziale e Carvalho (1998), alguns trabalhadores identificam os

riscos biológicos, mas não agregam os seguintes fatores como outros riscos constantes

do ambiente de trabalho: manipulação de drogas, variedade de atividades realizadas,

dificuldade de transportarem pacientes e a elevada temperatura do setor.

2.5 Medidas de Biossegurança

A implantação de medidas de Biossegurança em hospitais possui grande

relevância para a proteção dos profissionais, fazendo-se necessárias novas políticas de

saúde e segurança para os que trabalham com o cuidado da população.

O estudo realizado por Caixeta e Branco (2005) ainda sugere a essas medidas o

controle de qualidade e prevenção de acidente, como também, educação continuada

relacionada com esse tema.

As medidas de Biossegurança hospitalar, conforme demonstradas por Starling

(2008), são dividas em administrativas, de controle ambiental e proteção respiratória,

16

tendo respectivamente as ações: treinamento dos profissionais periodicamente, normas

de isolamento, uso de EPI´s e EPC´s, Programa de Controle Médico Ocupacional

(PCMSO), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); ventilação e pressão

negativa nos locais de risco, filtro HEPA; máscaras N95/NIOSH, máscaras cirúrgicas.

A contenção dos riscos a que o trabalhador está exposto pode ser realizada de

forma primária, significando a proteção do profissional e do ambiente de trabalho contra

a exposição a agentes infecciosos pelo uso adequado dos equipamentos de segurança

mais a utilização de vacina contra hepatite B, e contenção secundária, voltada para a

proteção do ambiente externo contra a contaminação proveniente dos setores que

manipulam agentes nocivos, sendo atingida através da adequada estrutura física,

descarte de resíduos sólidos, limpeza e desinfecção de artigos e áreas (FUNCESI,

2005).

2.6 Proteção ao Meio Ambiente e Trabalhadores

Em relação aos resíduos sólidos, existe na legislação de acordo com a Anvisa

(2009), Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 306 do ano de 2004, o

Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

(RSS), visando minimizar a produção de resíduos e proporcionar um destino seguro aos

resíduos gerados, para a proteção dos trabalhadores, preservação da saúde pública,

dos recursos naturais e do meio ambiente. As instituições hospitalares devem elaborar

um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS, baseado

nas características e classificação dos mesmos.

As empresas privadas e públicas, incluindo os hospitais, que possuem

empregados conduzidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), precisam ter

os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho

(SESMT) e as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA). A CIPA tem

como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho para que

exista a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador, possuindo como

17

obrigatoriedade a elaboração de um "Mapa de Riscos" dos setores (GUERRA et al,

2009; ANVISA, 2009).

Segundo Capila et al (2009), a Comissão Interna de Controle e Infecção

Hospitalar (CCIH) encontra-se presente nas instituições hospitalares tendo como

principal responsabilidade a implantação de ações de Biossegurança, correspondendo

à adoção de normas e procedimentos seguros adequados a manutenção da saúde dos

pacientes, visitantes e dos profissionais.

É importante salientar que a RDC Nº50, referente ao Regulamento Técnico para

planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, afirma que os EAS devem garantir a

Biosegurança relativa a infecções hospitalares e prevenção de acidentes (BRASIL,

2006).

Dessa forma, torna-se necessário que existam parcerias entre instituições

assistenciais e de ensino, além de incentivo dos órgãos gestores, para que o tema

Biossegurança, através da educação continuada, seja posto em prática, no sentido de

promover ações efetivas de proteção à saúde do trabalhador, em que o mesmo se

sensibilize para aderir às medidas não como algo imposto, mas como um atributo

individual. O comodismo e as práticas de risco precisam ser substituídos por

comportamentos que originem assistência de qualidade ao usuário e uma maior

proteção ao profissional (GIR et al, 2004).

18

3 METODOLOGIA

3.1 Características do Estudo

A pesquisa em questão teve vínculo com o Colegiado de Enfermagem da

Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF. Trata-se de um estudo

qualitativo do tipo exploratório descritivo, com o objetivo geral de analisar a percepção

dos enfermeiros sobre a biossegurança em seu ambiente de trabalho.

O método qualitativo proporciona a construção de novas abordagens, criação e

revisão de conceitos no decorrer da investigação, permitindo ao pesquisador descobrir

processos sociais ainda pouco conhecidos em relação a grupos particulares

caracterizando-se pela compreensão do processo estudado ou da lógica interna do

grupo, não requerendo uso de métodos e técnicas estatísticas. (MINAYO, 2007; GIL,

2002).

A pesquisa exploratória possui como objetivo a descoberta de intuições,

aprimoramento das idéias, ao envolver entrevistas com sujeitos que vivenciam na

prática o problema da pesquisa, como é o caso dos enfermeiros do lócus escolhido.

(GIL, 2002).

Ainda segundo o mesmo autor, quando o pesquisador utiliza o estudo descritivo

pretende-se expor as características de determinada população a partir do uso de

técnicas padronizadas de coleta de dados. Frequentemente, as pesquisas descritivas

juntas com as exploratórias são realizadas pelos pesquisadores preocupados com a

atuação prática.

3.2 Local do Estudo

19

O estudo ocorreu no HUT (Hospital de Urgências e Traumas), estando

localizado no centro da cidade de Petrolina-PE, caracterizado como uma instituição

pública sob a administração do município e da UNIVASF, projetada com grande porte,

disponibilizando uma assistência de alta complexidade para 57 municípios

circunvizinhos e procedentes dos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí.

A instituição possui a missão de prestar assistência médico-hospitalar com

qualidade, promover a saúde e incentivar o desenvolvimento do ensino e pesquisa, de

acordo com os princípios éticos, humanizar o atendimento prestado aos clientes,

capacitar o corpo funcional, contribuir na formação e desenvolvimento dos profissionais

de saúde da região em que se insere, desenvolver pesquisas na área da saúde,

comprometimento com a melhoria contínua dos processos de trabalho e ter

responsabilidade com a utilização dos recursos públicos.

As instalações contam com 156 leitos, existindo atendimentos na UTI, clínica

médica e cirúrgica, emergência e, recentemente, a implantação de leitos de

reabilitação. Formado por uma equipe de saúde multidisciplinar, em que as unidades

funcionam com um enfermeiro coordenador, responsável pelo gerenciamento das

unidades e um enfermeiro assistencial por turno.

Visando requerer o desenvolvimento do estudo foi encaminhada uma Carta de

Solicitação (APÊNDICE A) para o Hospital de Urgências e Traumas contendo

informações acerca do projeto de pesquisa e solicitando apoio para seu

desenvolvimento.

3.3 Sujeitos do Estudo

Fizeram parte do estudo os enfermeiros coordenadores e assistenciais das

Unidades de Internação, visto que, todos aceitaram participar do estudo, assinando o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), em duas vias, sendo uma

sua e outra da pesquisadora. Vale ressaltar que o Coordenador de Ensino e Pesquisa

20

do HUT concordou com o estudo, entregando a pesquisadora uma carta de anuência

(ANEXO A).

3.4 Aspectos Éticos

O estudo em questão foi baseado na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde que norteia as práticas em pesquisas com seres humanos (BRASIL, 1996). Os

sujeitos, os enfermeiros, foram informados dos objetivos da pesquisa, garantido o sigilo

e a confidencialidade dos dados.

A pesquisa iniciou-se após o projeto ter sido aprovado, no Comitê de Ética em

Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira

– IMIP, projeto de número 1607, obedecendo todos os aspectos éticos e legais para o

estudo envolvendo seres humanos (ANEXO B).

3.5 Coleta de Dados

Os dados foram coletados através da técnica de entrevista semi-estruturada

(APÊNDICE C), mais obtenção de fotos/ imagens das unidades de internação,

evidenciando as medidas de Biossegurança e as situações de risco, no período de

fevereiro a abril de 2010. A instituição possui um total de 20 enfermeiros atuando na

Clínica Médica, Cirúrgica e UTI, desses, 3 serviram como entrevistas piloto. Sendo

utilizado para o estudo 17 entrevistas.

A entrevista semi-estruturada tem a finalidade de investigar a importância, pelos

enfermeiros, das medidas de Biossegurança, através da gravação. Segundo Minayo

(2007) entrevista é definida como uma conversa entre dois indivíduos, ou com vários

interlocutores tendo a finalidade de construir informações para um objeto de pesquisa,

em que a semi-estruturada combina perguntas abertas e fechadas possibilitando o

21

entrevistador abordar o tema sem se deter à indagação formulada. Porém, obedece a

um roteiro no qual os indicadores considerados essenciais são desmembrados através

de tópicos, funcionando como lembretes, de forma que o interlocutor possa absorver as

questões trazidas.

A técnica de fotografia serviu para investigar o uso das medidas de

Biossegurança no HUT, incluindo algumas situações de risco. Independente de como a

fotografia for produzida, quimicamente ou eletrônica, Bauer e Gaskell (2002) afirmam

que a imagem oferece um registro poderoso dos acontecimentos reais e das ações

temporais.

De acordo com Silva e Koller (2002) quando a fotografia é usada nas pesquisas

pode desempenhar diversas funções, entre elas a de comprovação utilizada nessa, em

que as fotos afirmaram o que foi relatado pelos sujeitos.

3.6 Análise dos Dados

Para melhor compreensão dos dados, optou-se por realizar a análise com base

na Análise de Conteúdo de Bardin (2004) que conforme o autor significa um conjunto

de técnicas referente a comunicações, tendo finalidade de obter indicadores

relacionados às condições de recepção/produção das mensagens, através de métodos

objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo.

22

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Ao término das transcrições referentes às entrevistas com os sujeitos da

pesquisa, procedeu-se a realização da análise e discussão dos dados, através da

seqüência orientada por Bandin (2004). Primeiramente, foi feita uma leitura flutuante do

material para separar o que seria utilizado, correspondendo, segundo o autor, a fase de

pré-análise. Posteriormente, dividiu-se as respostas em categorias, reunindo um grupo

de elementos comuns contendo determinado titulo. Essas categorias apresentaram

subcategorias ligadas a um mesmo contexto.

A exploração do material, correspondendo à segunda fase da análise, aconteceu

por meio de exaustiva leitura, seguida do tratamento dos resultados obtidos e

interpretação, representando a terceira etapa de acordo com Bardin (2004),

confrontando com outros estudos dentro da mesma temática.

As entrevistas com os enfermeiros das unidades de internação do local do

estudo desmembraram- se em 03 categorias e 02 subcategorias. A categoria inicial

denomina-se: Conceituando Biossegurança, contendo as subcategorias Medidas de

Biossegurança e Importância da Biossegurança no Ambiente Hospitalar. As demais

categorias possuem como titulo: Situações de Riscos nos Ambientes de Trabalho e

Proteção do Trabalhador, as quais serão apresentadas a seguir.

4.1 Conceituando Biossegurança

Quando questionado aos enfermeiros sobre o que significa Biossegurança,

menos da metade dos entrevistados entendem como a segurança do trabalhador,

mantendo sua integridade física, entretanto, os seguintes profissionais incluíram em

seus conceitos a segurança do paciente, comprovada nas falas a seguir:

23

Biossegurança é tudo aquilo que permite tanto ao funcionário como aos próprios pacientes uma segurança maior com relação à contaminação, procedimentos invasivos. (Enfermeiro8)

Biossegurança é a segurança tanto de se próprio, do profissional, e a segurança do paciente. (Enfermeiro 16)

Valle et al., (2008) afirma que os profissionais de enfermagem devem garantir

segurança para o paciente durante a realização dos procedimentos, e não apenas,

direcioná-la a equipe de trabalho, sendo correto o depoimento dos enfermeiros

mencionados anteriormente.

Alguns sujeitos da pesquisa conceituaram Biossegurança relacionando às

normas seguidas para o Controle de Infecção hospitalar, porém, Capila et al. (2009)

explica que faz parte da função da CCIH implantar ações de Biossegurança, ou seja, é

um dos temas abordados por esse setor hospitalar. Entretanto, outros enfermeiros

compreendem o tema voltado para os riscos, não especificando os tipos de riscos ou

focalizando somente os biológicos:

Eu entendo Biossegurança como uma forma segura de prevenir quanto aos riscos. (Enfermeiro 10)

Toda e qualquer prática que visa assegurar o indivíduo com relação aos agentes biológicos. (Enfermeiro 12).

O risco biológico tem sido lembrado em primeiro lugar por essa categoria de

profissionais, como se observa na resposta do enfermeiro 12. Esse ponto de vista

pode ser comprovado no estudo de Andrade e Sanna (2007), pois os autores ao

contextualizarem os artigos utilizados na pesquisa afirmaram que a preocupação

inicial dos profissionais da área de saúde, após o surgimento da Biossegurança,

abordava as doenças transmissíveis, tendo o enfoque maior para o risco biológico,

permanecendo esse destaque atualmente.

Os enfermeiros, a seguir, definiram a Biosssegurança como sendo um conjunto

de medidas objetivando evitar acidente:

24

Biossegurança são medidas que você adota no seu ambiente de trabalho para que se possa evitar futuros acidentes. (Enfermeiro 2)

São medidas tomadas pela instituição para prevenir acidente. (Enfermeiro5) Biossegurança consiste em um conjunto de medidas de segurança para o

trabalhador, evitando assim, acidentes que venham causar danos a sua saúde. (Enfermeiro 15)

Segundo, Soares et al., (2008), o conceito de Biossegurança está relacionado à

minimização dos riscos de contaminação, através de um conjunto de medidas,

envolvendo o meio ambiente e acidentes pessoais nos locais de trabalho. Os

enfermeiros relataram as medidas para prevenção contra os acidentes ocupacionais,

porém, as respostas não se encontram completas porque nenhum dos entrevistados

envolveu nas suas definições a eliminação ou diminuição de riscos para o meio

ambiente.

4.1.1 Medidas de Biossegurança

Os sujeitos foram questionados quanto à existência de medidas de

Biossegurança na Instituição, todos os entrevistados afirmaram que o hospital dispõe

dessas medidas, entre esses, boa parte mencionou os EPI’s citando-os, somente um

relatou que às vezes ocorre a falta dos mesmos. Essa é uma realidade das instituições

públicas ou privadas, segundo Bottosso (2003), porque muitas vezes os materiais e

equipamentos usados nos setores encontram-se em número insuficiente ou até mesmo

sucateados.

Luvas, máscaras, gorro, óculos de proteção, foram os EPI’s referidos como

existentes nos setores de trabalho dos enfermeiros participantes da pesquisa. As

fotografias abaixo obtidas durante o período das entrevistas com os enfermeiros

25

participantes da pesquisa, confirmam que nas unidades de internamento, Clínica

Médica, Clínica Cirúrgica e UTI os equipamentos de proteção fazem-se presentes:

Imagem: Clínica Médica no mês Imagem: Clínica Cirúrgica no mês

de março de 2010 de março de 2010

Imagem: UTI no mês de abril Imagem: UTI no mês de abril

de 2010 de 2010

Apesar de não terem sido registrados imagens dos EPI’s, luvas e máscaras na

UTI, incluindo os óculos de proteção nas Clínicas, foi observado que os mesmos

existem nas unidades.

Portanto, o ambiente de trabalho desses enfermeiros é composto com

equipamentos de proteção e intermitentemente ocorre a falta, como demonstrado na

análise acima. No entanto, os enfermeiros 9 e 11 afirmaram o não uso dos EPI’s por

parte da equipe, como está descrito a seguir:

26

Sim, dispõe de todas as medidas, mas acontece o não uso por parte dos profissionais. (Enfermeiro 9) A instituição dispõe de medidas, nós temos os EPI’s aqui, óculos, máscaras, luvas. No hospital temos tudo, não usa quem não quer usar. Aqui nos temos os técnicos, e até a gente mesmo, acaba adotando aquele ditado “Casa de Ferreira espeto de pau”, achamos que acontece com os outros e a preocupação de usar os EPI’s só vem quando acontece uma contaminação, por exemplo, quando nos furamos numa punção ai o arrependimento aparece. A gente acostuma a fazer isso, é vicio de casa. Desde a faculdade, nos estágios, devemos utilizar o certo, usando os EPIS. (Enfermeiro 11)

A não utilização dos equipamentos de proteção, de acordo com os enfermeiros

acima, realmente acontece, em muitas instituições de saúde, devido os vícios que os

profissionais adquirem no decorrer dos anos de trabalho, transformando o dia a dia em

uma rotina de autoconfiança, tendo a convicção que não serão acometido por nenhum

acidente (REZENDE, 2003; LONDONO e MOREIRA, 2003).

O oferecimento de recipientes diferentes para o lixo comum e contaminado, caixa

para desprezar os pérfuro – cortantes e manual de normas e rotinas foram lembrados

apenas pelos enfermeiros seguintes:

Com certeza, nos oferecendo máscaras, tocas, luvas de procedimento e estéril, a diferença do lixo comum e contaminado, descarpax para pérfuro-cortantes. (Enfermeiro 1) Dispõe de todas as medidas de Biossegurança, para proteger o profissional de saúde, que são os EPIS, as normas e rotinas corretas de se trabalhar. (Enfermeiro 3)

De acordo com Silva et al., (2008), Oppermann e Pires (2003), profissionais de

saúde, enfatizando os de enfermagem, devem atuar com o setor equipado com

recipientes resistentes a infiltrações/perfurações, juntamente com instrumentos de

aperfeiçoamento e atualização que são os manuais, permitindo o fornecimento de

rotinas padronizadas, visando a redução de riscos. Os enfermeiros 1 e 3 verbalizaram

essas ações, mas representam uma minoria do total de entrevistados, considerando o

grande valor dessas medidas.

27

Alguns profissionais referiram, além do fornecimento dos EPI’s, a presença de

capacitação contendo esse tema na Instituição:

Através de uma parceria da instituição com a UNIVASF está existindo a capacitação com os técnicos de enfermagem, inclusive uma das aulas é sobre esse tema, mas dentro da minha equipe isso não é suficiente para sensibilizá-los porque eles sabem a importância, mas por conta da demanda acabam não utilizando os EPIS. (Enfermeiro 8)

A fala do enfermeiro 8 mostrou o que comprova Starling (2008) ao descrever

que a ação de treinamentos periodicamente para os profissionais faz parte das medidas

de Biossegurança de forma a sensibilizá-los a colocar em prática, independente da

situação, as precauções para segurança pessoal e do paciente.

Um sujeito do estudo expôs que poderia haver uma melhora da educação

continuada. Visto que, atualmente, existem dois projetos de educação em serviço, para

capacitação dos técnicos de enfermagem um voltado para a atualização de

procedimentos, outro voltado para o gerenciamento de resíduos sólidos, ambos vinculados

a docentes da UNIVASF.

4.1.2 Importância da Biossegurança no Ambiente Hospitalar

De todos participantes do estudo, a minoria relatou a importância da

Biossegurança, devido à equipe de enfermagem estar exposto aos diferentes tipos de

riscos existentes nos ambientes de trabalho, tendo um dos enfermeiros expressado o

risco biológico pelo fato dos funcionários no hospital ficarem sujeitos a contaminação

com microorganismos infecciosos.

Os mesmos enfermeiros que afirmaram, na primeira categoria, o conceito de

Biossegurança como a segurança do trabalhador e paciente, disseram ser importante pelo

fato de garantir uma melhor eficácia na assistência e boa saúde do paciente e da equipe

28

de enfermagem. Outro entrevistado mostrou a relevância dessa na prevenção de danos

visando melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e pacientes.

Conforme as respostas relatadas nos dois parágrafos anteriores, os enfermeiros

expressaram que a Biossegurança, segundo afirma Soares et al., (2008), possui

fundamental importância nos serviços de saúde para redução geral de riscos e acidentes

ocupacionais, visto que, aborda medidas para proteção da equipe e usuários, estando

ligada a preservação do meio ambiente, manipulação e o descarte de diversos tipos de

resíduos. O último ponto abordado pelos autores, meio ambiente e resíduos, não foi

lembrado pelos profissionais.

A importância da Biossegurança no ambiente hospitalar objetivando prevenir

infecções foi citada por alguns enfermeiros. De acordo com Cardoso e Silva (2004), as

atividades realizadas pela CCIH proporcionam a enfermagem um campo voltado a sua

atuação de forma consciente, detendo espaço para colocar em prática os conhecimentos

adquiridos.

A maioria dos profissionais falou que o valor encontra-se na

utilização/fornecimento dos EPI’s de forma a resultar na prevenção:

A importância está devido às patologias contaminantes, equipamentos usados nos pacientes, como o uso adequado de EPIS. (Enfermeiro 7) Sua importância é a prevenção de uma conseqüência ruim se os EPIS não forem usados. (Enfermeiro 10)

Silva et al., (2008) expõe no seu estudo a existência da discussão na área de

saúde sobre o paciente com doenças transmissíveis, visto que, o mesmo pode se fazer

presente independente do setor hospitalar, ou seja, os profissionais devem ser

conhecedores que os equipamentos de proteção individual pertencem as medidas de

precaução padrão.

Os demais enfermeiros disseram ser importante porque previne acidentes e

evita transtornos físicos ou pessoais em todos os setores do hospital. Novamente, a

capacitação da equipe é citada, mas nesse momento, um dos entrevistados expressou a

29

importância de saber não apenas quais são os equipamentos de proteção, e sim, utilizá-

los de forma correta. Conforme relatado a seguir:

Sua importância é porque com esse meios de proteção que você utiliza, evita-se acidentes de trabalho como também a equipe de trabalho do ambiente deve ser treinada para saber quais são os equipamentos, sua função e como manuseá-los, porque de quê adianta a equipe ter esses equipamentos e não saber manusear de forma correta. É de extrema importância os enfermeiros estarem perto dos funcionários para ensina- los, ou se necessário capacitando para evitar esses acidentes. (Enfermeiro 2)

O enfermeiro 2 abordou uma questão de relevância, devido ao fato dessa

categoria profissional, liderando a equipe de enfermagem, poder incentivar, através da

educação permanente em saúde, para que as práticas de risco e o comodismo, conforme

afirma Gir et al., (2004), sejam modificados pelas ações resultantes na proteção do

trabalhador, englobando uma assistência de qualidade ao cliente.

4.2 Situações de Riscos nos Ambientes de Trabalho

Nessa categoria os enfermeiros foram interrogados quanto ao conhecimento das

situações de risco enfrentadas pelos trabalhadores da área de saúde. Dentre as

respostas, os entrevistados abaixo mencionam que as situações de risco ocorrem a

partir da não utilização dos EPI’s durante os atendimentos, somando-se a essa

questão, o manuseio de materiais cortantes, como descrito nas seguintes falas:

As situações de riscos que o trabalhador enfrenta é quando ele não usa os EPIS corretos na hora da realização de algum procedimento que está exposto com secreções, contaminação com pérfuro-cortantes.(Enfermeiro 3)

[...] Quando não usamos óculos de proteção, máscara, gorro. Ao se aspirar um

paciente, se ele for muito secretivo pode respigar e cair nos nossos olhos, boca, cavidade nasal, ocasionando alguma doença. Outra situação é se furar com algum objeto sem está protegido, a exemplo das seringas. (Enfermeiro 4)

30

Bereta (2009) menciona que os profissionais atuantes em intuições hospitalares

encontram-se sujeitos a desenvolver uma doença ocupacional a partir do momento no

qual entram em contato com os pacientes admitidos no setor, incluindo todo o produto

resultante da assistência prestada, como a contaminação com secreção dos pacientes

por causa do não uso dos EPI’s, citado pelos enfermeiros 3 e 4, podendo fazer parte

ainda desse acometimento o manuseio e descarte de materiais contendo soluções.

O enfermeiro 4, demonstrado novamente a seguir, ainda finalizou sua fala

fazendo parte de uma minoria, juntamente com o enfermeiro 16, que lembrou da

estrutura física como possível problema:

As situações de riscos a gente vive em várias, o próprio chão se não for antiderrapante podemos cair, sendo um acidente de trabalho [...] (Enfermeiro 4) Quando o profissional não está devidamente equipado para manusear do paciente, ambiente sem higienização, tendo que ter qualidade no ambiente hospitalar, tendo que ter todo esse critério de segurança. (Enfermeiro 16)

Tratando-se desse fator, a Anvisa (2002), através da RDC Nº50, afirma que os

Estabelecimentos Assistenciais em Saúde (EAS), devem zelar pela limpeza de

materiais, equipamentos e da higiene do edifício, comprovando assim, a importância do

ambiente de trabalho adequado para se evitar situações de riscos, conforme

verbalizados pelos enfermeiros.

Somente um enfermeiro considerou o banho no leito aos pacientes gravemente

enfermos como situações de risco. Metade dos sujeitos questionados, posteriormente,

colocaram estar o contato com pacientes dentro das circunstâncias enfrentadas, em

que foi enfatizado por uma minoria a presença de sangue dos mesmos nas situações.

As declarações seguintes justificam as afirmativas anteriores:

As situações de riscos é quando você entra em contato com secreções de pacientes, como aspiração, punção de uma veia que muita gente faz sem luva, no banho que também tem que ter muito cuidado.

(Enfermeiro 1)

31

Aqui na UTI a gente tem contato com sangue, no caso de punção, aspiração,

secreção, manuseio do paciente. (Enfermeiro 11) Envolve todo e qualquer contato com secreções, sangue, peças anatômicas, ou

até, mesmo material de pesquisa. (Enfermeiro 12)

O contato direto com o paciente, por um tempo mais prolongado, é realizado pela

equipe de enfermagem, segundo Gir et al., (2004) aumentando a possibilidade dos

acidentes nos procedimentos, sendo esses os que foram verbalizados pelos

enfermeiros, ou seja, o banho no leito realizado apenas por técnicos, caso haja

necessidade o enfermeiro faz-se presente no momento desse cuidado, durante a

punção venosa que pode ter contato com sangue, nas aspiração de secreções, entre

outros.

Os materiais pérfuro- cortantes foram relatados isoladamente por um

profissional, entretanto, outro disse que além dos pérfuros, os produtos químicos

originam as ocasiões de riscos.

Dois enfermeiros, ao invés de responder o que lhes foi perguntado, expressaram

quais são os riscos nos ambiente de trabalho:

Risco químico, biológico e físico. (Enfermeiro 10) Riscos biológicos, radiológicos, ergométricos. (Enfermeiro 15)

Pode-se perceber, conforme Cardoso (2008) comprova em seu estudo, um

desconhecimento dos profissionais, a respeito de todos os riscos existentes nos

hospitais. Mesmo juntando os dois depoimentos anteriores, estaria faltado o risco

psicológico, que inclusive, apenas o enfermeiro 8 relatou:

Número insuficiente de técnicos de enfermagem devido às férias, essas faltas que geram uma sobrecarga e faz com que eles façam seus atributos de maneira inadequada, esquecendo de utilizar os EPIS. (Enfermeiro 8)

32

A fala do sujeito da pesquisa, descrita acima, permitiu a interpretação no sentido

de que o mesmo estava se referindo ao estresse causado pelo aumento de trabalho,

fazendo parte desse tipo de risco existente a afetar os trabalhadores dos

estabelecimentos de saúde, de acordo com Soares et al., (2008).

4.3 Proteção do Trabalhador

Nessa última categoria analisada, a discussão foi feita através das respostas dos

enfermeiros a cerca das ações, que praticam individualmente e junto com a equipe

visando a Proteção do Trabalhador.

Apenas alguns não se lembraram de verbalizar a utilização dos EPI’s, entretanto,

na primeira categoria descrita anteriormente, citaram cada um dos equipamentos de

proteção fornecidos pela Instituição. Apesar disso, o enfermeiro 2 foi o único a apontar

o cuidado de não reincapar as agulhas, durante o contato com sangue e na hora de

preparar as medicações dos pacientes:

Eu sempre tenho cuidado com as meninas em relação à perfuro - cortantes, para não estarem reencapando as seringas, cuidado com substâncias como medicação no momento do preparo, sangue, na hora de uma hemotranfusão para não se contaminarem. (Enfermeiro 2)

Esse profissional de enfermagem lembrou-se de atitudes muito significativas,

pois de acordo com Oppermann e Pires (2003) as orientações sobre manipulação

cuidadosa de instrumentos cortantes contaminados por material biológico, uso dos

coletores resistes para descarte dos mesmos, evitando ainda, que a equipe desconecte

a agulha da seringa ou a reencape, devem fazer parte, até mesmo, dos manuais do

setor. Outro enfermeiro também relatou que tem cuidado em colocar os pérfuros no

lugar certo e separar o lixo comum do contaminado.

As fotos seguintes mostram uma atenção para o lacre correto das caixas de

pérfuro – cortantes nos setores da instituição, sendo obtidas fotografias da UTI e Clínica

33

Médica. Porém, em todos os setores foram registrados imagens desses coletores

contendo materiais acima do limite permitido ou até mesmo utilizados abertos, mesmo

que permanecendo incorretamente por pouco tempo, é suficiente para causar uma

contaminação ao trabalhador.

Lacres corretos:

Imagem: Clinica Médica no mês Imagem: UTI no mês de abril

de março de 2010 de 2010

Coletores em uso indevido:

Imagem: Clinica Médica no mês Imagem: Clinica Cirúrgica no

de março de 2010 mês de março de 2010

34

Imagem: UTI no mês de abril Imagem: UTI no mês de abril

de 2010 de 2010 (seringa descartada

após coleta de gasometria)

A minoria dos enfermeiros participantes do estudo, acrescentaram ao uso dos

equipamentos individuais o item lavagens das mãos, a exemplo do profissional a seguir:

Uso de máscaras, gorros, luvas, oferecer pia para lavagem de mãos, não sair do setor com as luvas de procedimento. (Enfermeiro 12)

Infelizmente, poucos entrevistados, estando dentre esses o enfermeiro 12,

lembraram-se da lavagem das mãos como medida de Biossegurança para proteção da

equipe de enfermagem. Silva et al., (2008) relata a importância da lavagem das mãos

nos setores, antes e ao término do contato com qualquer material, pacientes

internados, utilizando água e sabão, considerando ainda, que o uso das luvas de

procedimento não dispensam a limpeza.

O enfermeiro 1 e o 5 descritos a seguir, expressaram a proteção no caso de

pacientes em isolamento relacionando-se aos EPI’s necessários para essas situações:

Uso dos EPIS, como tocas e luvas, no caso de pacientes no isolamento a gente utiliza o capote, ficando uma técnica de enfermagem responsável somente para o paciente. (Enfermeiro 1) A utilização dos EPIS, máscaras, luvas, e os específicos para isolamento. (Enfermeiro 5)

35

A preocupação dos profissionais acima direcionada ao isolamento nas unidades

de internamento justifica-se como pertencentes às medidas de Biossegurança

Hospitalar, conforme Starling (2008).

Alguns entrevistados abordaram a relevância do treinamento no dia a dia para os

técnicos estarem sensibilizados das situações de riscos enfrentadas, requerendo uma

proteção.

Capacitação com os próprios técnicos, de vez em quando, porque eu não paro o tempo do meu serviço, mas sempre procuro explicar a forma correta e a necessidade de se utilizar os EPIS, mesmo que a demanda de pacientes seja alta. (Enfermeiro 8)

Estamos tendo um período de capacitação com os nossos técnicos e entre

as palestras da mesma se encontra o tema “Biossegurança”, então, estamos sempre orientando, fornecendo esse material e orientando a sempre utilizar, mostrando como é melhor prevenir do que a doença já instalada para fazer tratamento. (Enfermeiro 4)

Rotineiramente a gente conversa, ensina e aprende algumas técnicas. Eu

cobro muito a utilização dos EPIS para que o pessoal não venha a se ferir e contaminar porque os equipamentos são fundamental importância para a saúde do trabalhador. (Enfermeiro 14)

Starling (2008) ainda inclui o treinamento da equipe para com as medidas de

Biossegurança, mas foram poucos os enfermeiros que referiram o mesmo em suas

respostas, como se pode observar nas falas descritas acima. O fato de muitos

profissionais aderirem ao comodismo e a não mudança de rotinas visando a melhora do

setor, citado no estudo de Gir et al., (2004), foi comprovado na reposta do enfermeiro 8,

precisando ser modificados para uma melhor proteção ao trabalhador, servindo de

exemplo o enfermeiro 14, que afirmou habitualmente por em prática essa ação.

36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido possuir interesse pela proteção do trabalhador desde os primeiros

períodos da graduação, a realização desse estudo permitiu um aprofundamento maior

da temática Biossegurança e a exposição da percepção dos enfermeiros na instituição

hospitalar abordada, trazendo uma grande satisfação durante a sua elaboração e

finalização.

A dificuldade encontrada referiu-se as entrevistas com os sujeitos, pois as suas

funções são inúmeras dentro do setor, tendo muitas vezes, que retornar em outra

ocasião para questioná-los ou esperar um certo tempo. Em contrapartida, sempre foram

muito receptivos e acolhedores.

O objetivo geral, juntamente com os específicos, foram alcançados mediante as

respostas concedidas com o auxilio das imagens que foram realizadas nos setores de

internamento.

A prevenção, eliminação ou diminuição dos riscos relacionados ao meio

ambiente não foi citado pelos enfermeiros dentro do conceito de Biossegurança, assim

como, a importância no papel de manipulação e descartes de resíduos, sendo mais

abordada a proteção da equipe e usuários.

Todos os profissionais afirmaram que a Instituição possui medidas de

Biossegurança, em que quase a metade mencionou a presença dos Equipamentos de

Proteção Individual, somente um falou sobre o oferecimento de recipientes diferentes

para o lixo comum/contaminado, caixa para desprezar os pérfuros – cortantes e outro

as normas de isolamento. A existência nos estabelecimentos de saúde do Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenções de

Riscos Ambientais (PPRA) não chegaram a ser relatados.

Em relação às situações de riscos presentes nos ambientes de trabalho, apenas

dois acharam que a estrutura física poderia trazer possíveis problemas e dos

enfermeiros entrevistados na UTI, um expressou o banho no leito. Aqueles que

37

resolveram citar os riscos não lembraram por completo, somente um mencionou o

psicológico.

A grande maioria novamente falou sobre a utilização dos EPI’s como medidas

usadas para proteção de si próprio e da equipe, a lavagem das mãos foi pouco referida,

assim como, o cuidado com os pérfuros - cortantes (comprovadas nas fotografias

obtidas), normas de isolamento e o principal, reencape das agulhas.

Dessa forma, o estudo contribuiu para mostrar a necessidade de se realizar

treinamentos periódicos com os enfermeiros e os demais profissionais da equipe de

enfermagem, abordando a Biossegurança como parte do meio ambiente, manipulação

e descartes de resíduos (dando destaque aos pérfuros), porque esses profissionais

sabem de forma geral o que significa Biossegurança, mas esses pontos abordados

anteriormente não foram lembrados.

Os tipos de riscos a que os profissionais estão expostos no ambiente hospitalar,

enfocando a importância da lavagem das mãos, normas de isolamento e o não

reencape ou retirada das agulhas das seringas como medidas diárias de precaução,

também precisam fazer parte da sensibilização dos enfermeiros devido a sua

importância para toda a equipe de enfermagem.

O estudo comprovou que a percepção dos mesmos para essas questões estão

limitadas. Então, faz-se necessário que a instituição ponha em prática a proposta

acima, visto que, segundo Andrade e Sanna (2007) os profissionais precisam entender

a relevância, propósitos e ações da Biossegurança, pois o enfermeiro, no setor atuante,

é co-responsável pela segurança ocupacional de toda a equipe.

38

6 REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - Carta de Solicitação ao Hospital de Urgências e Trauma do

Município de Petrolina - PE

Assunto: Projeto de Pesquisa – Biossegurança em ambiente hospitalar

Ao Hospital de Urgências e Trauma – Petrolina (Enfº José Netto – Diretor de Enfermagem)

Senhor,

A Universidade Federal do Vale do São Francisco tem como objetivo ministrar ensino

superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas de conhecimento e promover a

extensão universitária, caracterizando sua inserção regional no semi-árido nordestino.

Como a temática Biossegurança é de grande importância na atuação dos profissionais,

estamos implementando um Trabalho de Conclusão de Curso intitulado, Biossegurança

no ambiente hospitalar: percepção de enfermeiros, com o objetivo de analisar a

percepção dos enfermeiros sobre a Biossegurança em seu ambiente de trabalho.

O estudo consiste na realização de uma entrevista semi-estruturada, mais obtenção de

fotos/ imagens das unidades de internação, evidenciando as medidas de

Biossegurança e as situações de risco. A amostra do nosso estudo será os enfermeiros

do Hospital de Urgências e Traumas da cidade de Petrolina PE.

O projeto encontra-se vinculado ao colegiado de Enfermagem, sendo constituído pela

orientadora: Viviane Euzébia Pereira Santos e pela discente: Jacqueline Moura. Assim,

gostaria de apresentar o referido projeto para apreciação junto aos técnicos desta

instituição e solicitar autorização para realização da pesquisa.

Atenciosamente,

_______________________________________

Profa. Viviane Euzébia

Petrolina, ____ de ____ de 2010

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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido

Título: Biossegurança no ambiente hospitalar: percepção de enfermeiros.

O estudo será realizado com enfermeiros do HUT, com objetivo geral de analisar

a percepção dos enfermeiros sobre a Biossegurança em seu ambiente de trabalho e os

seguintes objetivos específicos: compreender o conhecimento e a importância dada a

Biossegurança no ambiente hospitalar; investigar a utilização de medidas de

Biossegurança; avaliar se o enfermeiro descreve as situações de risco à sua área de

trabalho.

Trata-se de um projeto de pesquisa desenvolvido pela graduanda de

enfermagem Jacqueline Kris Santos Moura, como atividade do Curso de Graduação em

Enfermagem pela Universidade Federal do Vale do São Francisco, sob a orientação da

profª Viviane Euzébia P. Santos.

A decisão de entrar ou não nesse estudo é sua. Se você decidir sair do estudo,

você terá o direito de fazê-lo a qualquer momento e por qualquer motivo. Sua decisão

de não participar ou de sair NÃO resultará em qualquer penalidade.

As informações que o (a) senhor (a) nos fornece serão utilizadas apenas para

este estudo. Seus dados relativos a esta pesquisa são confidenciais. Seu nome ou

outras informações de identificação pessoal não serão usados em nenhum relato nem

publicações que venham a resultar deste estudo.

O (a) senhor (a) não será pago (a) por sua participação nesse estudo, e nada lhe

será cobrado.

E se o (a) senhor (a) ainda durante o estudo, tiver alguma dúvida ou se você

quiser qualquer esclarecimento adicional ao protocolo, queira, por favor, entrar em

contato com o investigador principal do estudo: Jacqueline Moura e Viviane Euzébia ,

pelo fone (87) 3862 9319. CEP- IMIP (81)2122 4756

Não assine este formulário de consentimento a menos que você tenha tido a

oportunidade de fazer todas as perguntas e ter esclarecido todas as suas dúvidas.

44

CONSENTIMENTO

Eu, _____________________________________________

CI Nº ________________________,

Li as informações fornecidas neste formulário de consentimento. Tive a oportunidade de

fazer perguntas e todas elas me foram respondidas satisfatoriamente. Não estou ciente

de quaisquer condições médicas que eu tenha que tornariam minha participação

excepcionalmente perigosa. Assino voluntariamente este consentimento informado, que

denota minha concordância em participar deste estudo, até que eu decida em contrário.

Não estou renunciando a nenhum de meus direitos legais ao assinar este

consentimento. Recebi um cópia assinada desta para referência futura. Após assinado

este formulário em duas vias, uma cópia deste documento ficará comigo e outra ficará

com o pesquisador. Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador

e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar de presente Pesquisa.

Petrolina, ____ de ____ de 2010

_______________________________ _______________________________

Pesquisador Sujeito da pesquisa

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APÊNDICE C - Roteiro de Entrevista com os Enfermeiros.

1. O que você entende por Biossegurança e qual a sua importância no ambiente

hospitalar?

2. Quais são as situações de riscos no ambientes de trabalho em saúde e o que você

considera fundamental para preveni-las?

3. A instituição dispõe de medidas de Biossegurança?

4. Quais medidas você realiza com você e sua equipe relacionando-se a proteção do

trabalhador?

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ANEXO A - Carta de Anuência

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ANEXO B - Parecer do Comitê de Ética