20
1 Boletim 1094/2016 – Ano VIII – 03/11/2016 (Fonte: Valor Econômico dia 03/11/2016)

Boletim 1094/2016 – Ano VIII – 03/11/2016az545403.vo.msecnd.net/uploads/2016/11/informe-desin-1094-ano-viii... · 2 Ministro projeta retomada dos empregos no ano que vem São

Embed Size (px)

Citation preview

1

Boletim 1094/2016 – Ano VIII – 03/11/2016

(Fonte: Valor Econômico dia 03/11/2016)

2

Ministro projeta retomada dos empregos no ano que v em São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em entrevista ao programa de rádio A Voz do Brasil que, com a confiança na retomada da economia, o mercado de trabalho voltará a ganhar força ao longo do ano que vem. "Existem diversas indicações de que teremos, de fato, a economia crescendo no próximo ano", afirmou. Meirelles voltou a defender a necessidade das reformas econômicas para a retomada de sua expansão. "O Brasil precisa reformar a economia para que cresça e seja capaz de gerar empregos, gerar renda para a população e baixar a inflação", disse. O ministro também reforçou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, chamada de PEC 241, não reduzirá investimentos na educação e saúde. A proposta limita gastos públicos à inflação oficial do ano anterior durante 20 anos.

"O que se estabelece é um mínimo de gastos com saúde e educação. O Executivo e o Congresso podem, inclusive, aprovar mais despesas. Portanto, é algo que preserva, sim, o investimento nessas duas áreas fundamentais para a sociedade", disse.

O ministro da Fazenda reafirmou que, com a PEC, não será preciso aumentar impostos. "O aumento seria necessário se as despesas continuassem a crescer de forma descontrolada. Como o governo corta na própria carne, como disse o presidente Michel Temer, elimina a necessidade de aumentar impostos."

Da redação

Expectativa para contratação de funcionário sobe 9% em outubro - Pelo sexto mês consecutivo, o Índice de Expansão do Comércio (IEC) - medido mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) - apresentou elevação no comparativo mensal, influenciado, principalmente, pelo aumento da expectativa de contratação de funcionários.

3

Em outubro, o IEC atingiu 82,8 pontos, alta de 5,2% em relação a setembro. A elevação do índice foi motivada pela alta de 9%, na mesma base de comparação, na expectativa dos varejistas em realizar contratações ainda neste ano, atingindo 105,9 pontos.

Para a FecomercioSP, a elevação dos indicadores se deveu, além do aumento da perspectiva de contratação, pela alta na expectativa dos varejistas de investir mais nos próximos meses. "Esse padrão vem confirmando a hipótese da FecomercioSP de que, antes de retomar projetos de ampliação e modernização das empresas, os empresários vão aguardar um pouco mais, para se certificarem da efetiva retomada da atividade econômica", diz a entidade, em nota. / Da Redação

Região de Bauru elimina 2 mil empregos em 1 ano no varejo Segundo a FecomercioSP, apesar de criar 254 postos de trabalho em agosto, comércio reduz em 2,6% o total de colaboradores, na comparação anual

Bauru e Região - Em agosto, a região de Bauru criou 254 postos de trabalho. Apesar disso, no acumulado do ano, o comércio varejista da região eliminou 2.001 empregos com carteira assinada, o que levou a um recuo, na comparação com agosto de 2015, de 2,6% do total de postos de trabalho, atingindo 74.440 trabalhadores formais no mês. As informações constam da Pesquisa de Emprego, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Das nove atividades analisadas, apenas os segmentos de farmácias e perfumarias (0,2%) e supermercados (0,2%) apresentaram crescimento no estoque de empregados em agosto na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os recuos mais significativos ficaram por conta dos setores de lojas de móveis e decoração (-8,6%), de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-8,5%) e de materiais de construção (-5,8%).

Ao contrário da região, a cidade de Bauru registrou, em agosto, saldo positivo no comércio varejista com a contratação de 59 trabalhadores formais, resultado de 752 admissões e 693 desligamentos. Porém, no acumulado do ano, o resultado continua negativo, com 736 vagas a menos no comércio que hoje emprega mais de 22 mil pessoas, sendo a atividade supermercadista a maior empregadora. No acumulado em 12 meses, considerando os saldos de setembro a agosto, novamente a curva descendente se repete, com uma perda

4

de 869 empregos formais, neste caso com 10.544 admitidos, porém outros 11.413 desligados.

Desempenho estadual

No Estado de São Paulo, a perspectiva positiva registrado em julho manteve-se em agosto, o que pode ser um esboço da recuperação do mercado de trabalho varejista paulista. Desde o final de 2014 o varejo não registrava dois saldos positivos consecutivos.

Em agosto, o varejo paulista criou 7.235 empregos, resultado em mais admissões (71.908) do que desligamentos (64.673). Com isso, o estoque ativo de trabalhadores atingiu 2.071.063 no mês, redução de 3,1% na comparação com agosto de 2015.

De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, "um dos principais motivos para o baixo número de desligamentos em agosto é que o mês antecede a data-base da negociação coletiva do setor. Assim, toda demissão sem justa causa implica em pagamento de indenização adicional equivalente a um salário mensal, segundo artigo 9° da Lei Federal 7.238/14. Este aumento de custo à dispensa, segundo a entidade, desestimula o empresário do varejo demitir e, por isso, os 64.673 desligamentos em agosto é o segundo menor patamar mensal desde o início da série histórica da pesquisa, em 2007".

Mesmo com o saldo positivo em agosto, apenas duas das nove atividades pesquisadas apresentaram crescimento no número total de empregos na comparação com o mesmo mês de 2015: farmácias e perfumarias (1,9%) e supermercados (0,3%). Os destaques negativos foram os setores de concessionárias de veículos (-7,3%), lojas de móveis e decoração (-7,2%) e de lojas de vestuário, tecidos e calçados (-6,9%).

Cargos mais afetados

Com relação aos dados por ocupações, as funções que abriram mais vagas no mês foram as de vendedores e demonstradores (3.657 postos de trabalho), seguidos por caixas, bilheteiros e afins (958 vagas). Em contrapartida, no acumulado do ano, o cargo que mais perdeu vagas foi também o de vendedores e demonstradores, com o recuo de 13.265 vagas seguido pelos escriturários em geral com o fechamento de 7.413 postos de trabalho.

Segundo a entidade, quase 25% dos empregos perdidos afetou trabalhadores com nível de liderança do quadro funcional, como gerentes, supervisores e diretores.

De acordo com a FecomercioSP, "mesmo que o saldo positivo de agosto seja influenciado pela sazonalidade fixa da data-base da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e da necessidade de redução de custos por parte das empresas, o saldo de agosto é bem

5

superior ao visualizado no mesmo período de 2015, quando se atingiu o pior patamar de criação de vagas para o mês".

Com isso, a Federação pondera que a geração de empregos celetistas se mostra em recuperação em relação ao ano passado e consolida-se no segundo mês consecutivo. Outra boa notícia é que se verificou o maior nível de admissões desde março deste ano (71.908 contratações). Para a Entidade, essas são tendências positivas resultantes de uma melhoria na conjuntura econômica, o que representa bons sinais aos últimos meses do ano com as contratações temporárias.

Anna Ferreira e Agências

Indústrias negociam preço, prazo e despesas O setor industrial acumulou queda de 7,8% entre jan eiro e setembro sobre um ano antes e busca estratégias para reduzir custos enquanto negocia co m clientes e fornecedores de olho em 2017 São Paulo - O setor industrial já começa a colocar na conta que a recuperação da atividade virá só no ano que vem. Diante dos desafios enfrentados nos três trimestres de 2016, indústrias negociam prazos e preços com fornecedores e clientes para reduzir os impactos da crise. A produção industrial caiu 7,8% entre janeiro e setembro em comparação com o mesmo período de 2015, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (1º). Em setembro, a indústria recuou 0,5% sobre agosto e 4,8% frente a igual mês do ano passado.

O professor de economia do Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, acredita que a mudança de ritmo deve ocorrer entre o segundo e o terceiro trimestre de 2017. "Primeiro a indústria irá acabar com os estoques antes de aumentar a produção. Isso levará algum tempo para acontecer", diz.

A perspectiva vem de informações sobre baixo nível de compra de insumos, redução de investimentos e menor uso da capacidade instalada, de acordo com especialistas. Para se ter uma ideia, em setembro o setor industrial utilizou apenas 76,9% da capacidade instalada. No mês passado, o uso do parque fabril chegou a 77,2% e um ano antes estava perto de 78%.

6

"É desafiador realizar reduções [de custos] enquanto produzimos volumes menores e temos ociosidade na fábrica", comentou o diretor de finanças e relações com investidores da Grendene, Francisco Schmitt em teleconferência com analistas. A calçadista tem capacidade para produzir 250 milhões de pares de calçados por ano, mas atualmente fabrica 180 milhões de pares.

Logística

A M. Dias Branco também conteve despesas, principalmente relacionadas ao transporte de mercadorias, segundo o diretor vice-presidente de investimentos e controladoria da companhia, Geraldo Mattos Júnior. "Nossas despesas foram muito contidas nesse sentido. A oferta deste tipo de serviço contribuiu para que fizéssemos boas negociações", afirmou durante teleconferência com analistas na terça-feira (1º). A gestão de custos contribuiu para a empresa alcançar lucro líquido de R$ 269,6 milhões entre junho e setembro, alta de 63,4% sobre o terceiro trimestre do ano passado.

Outra que adotou medidas de gestão logística para reduzir custos foi a Hypermarcas. "Conseguimos negociar com as seguradoras e aumentar o limite de carga por caminhão, contratando menos frete. Nosso foco está na disciplina com despesas", revelou o presidente da empresa, Cláudio Bergamo, durante divulgação dos resultados do terceiro trimestre.

Revisões

Já a Ambev optou por redefinir o guidance para o mercado brasileiro neste ano, afirmaram executivos da companhia em teleconferência com analistas, sem revelar valores. "Não prevemos crescimento de receita líquida e vamos reduzir investimentos", afirmou o diretor-geral da companhia, Bernardo Pinto Paiva.

Além disso, a gigante do setor de bebidas também postergou o aumento de preço para o último trimestre do ano e reafirmou o foco no desenvolvimento das garrafas retornáveis, que já representam 25% do volume vendido da Ambev.

A Natura, por sua vez, vai intensificar seus esforços na venda de itens "com maiores condições de competição", contou o vice-presidente de finanças da empresa, José Roberto Lettiere. Segundo ele, a companhia quer recuperar participação de mercado, mas está ciente das dificuldades.

Em função disso, a empresa tem apostado na gestão de estoques e de pagamentos para recuperação a operação.

Ana Carolina Neira

7

Arrendatária deve assumir dívida trabalhista O argumento usado foi o de que para haver proteção da Lei de Falências deveria constar no plano de recuperação judicial da arrendada informações sobre a negociação com a outra companhia

São Paulo - O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que uma avícola deve pagar a dívida trabalhista que a empresa que arrendou tinha com uma ex-funcionária, apesar da arrendada estar em processo de recuperação judicial. O entendimento da sétima turma do tribunal foi de que como o arrendamento foi feito antes da recuperação ser aprovada, as regras dessa aquisição não estariam enquadradas na Lei 11.101/2005, conhecida como Lei de Falências. De acordo com essa legislação, a empresa que compra uma companhia em recuperação judicial não assume os passivos que foram contraídos pela outra. Também foi usado o argumento de que para haver proteção da Lei de Falências, deveria constar no plano de recuperação judicial as informações sobre o arrendamento. "O trespasse ou arrendamento de estabelecimento deve estar previsto no plano de recuperação judicial, apresentado pelo devedor em juízo, aprovado pela assembleia geral de credores e fiscalizado pelo administrador judicial", disse o relator da ação, ministro Vieira de Mello Filho.

A decisão do tribunal foi de que, ao contrário, o contrato de arrendamento de unidade produtiva celebrado entre as duas sociedades que fazem parte da ação não observou este trâmite. "Sequer esteve previsto no plano de recuperação judicial, tampouco foi aprovado pela Assembleia Geral de Credores ou passou pelo crivo dos credores, que, conforme visto, poderiam ter questionado seus termos, como os valores e o tempo de duração do contrato", consta no acórdão.

8

A especialista do Giugliane Advogados, Carolina Di Lullo, diz que o cerne dessa situação está no tempo. "Quando falamos em recuperação judicial, discutimos a existência de um plano, que precisa ser aprovado em uma decisão judicial. O processo para a recuperação, no caso concreto analisado, já existia na data da aquisição, mas não existia uma decisão judicial que homologasse", afirma ela. Para Carolina, esse ponto da legislação é mais um dos detalhes para os quais as empresas precisam se atentar quando se fala em recuperação judicial. Carolina avalia que muitas companhias não conseguem sair com sucesso ou acabam tendo problemas com este tipo de processo por uma série de erros de planejamento.

Passo em falso

Segundo dados da Serasa Experian, o Brasil teve em setembro 244 requerimentos de recuperação judicial. O número é 78% maior do que o do mês passado e está 62% acima dos pedidos realizados em 2015. No acumulado do ano, o total de companhias que pediram este tipo de reestruturação chega a 1.479, dado 15% superior ao número de requerimentos realizados durante todo o ano passado.

A advogada explica, contudo, que a maioria desses casos acaba em falência, e não em retomada. "Na verdade, muitas empresas entram em processo de recuperação judicial sem precisar. Elas têm que se lembrar de que o procedimento é moroso e impõe à empresa uma série de limitações."

O especialista em reestruturação de sociedades, administração de passivos e recuperações judiciais e sócio do Marcondes Machado Advogados, Guilherme Marcondes Machado, explica que uma empresa deve pedir recuperação apenas se identificar alguns sintomas de falência. "Quando as parcelas das obrigações começam a ficar atrasadas, o custo do crédito fica mais alto e os funcionários passam a pedir demissão em massa por não acreditarem mais na firma, o empresário deve se consultar com um especialista", avisa. Machado ressalta que é essencial que essa consulta se dê antes da crise se agravar de maneira tal que os credores não acreditem mais no soerguimento da empresa.

Contudo, antes de procurar uma recuperação, o empresário deve ter o cuidado de fazer uma auditoria interna para entender o porquê do endividamento e do faturamento estarem em descompasso, explica Carolina Di Lullo.

"Muitos empresários conseguiriam recuperar suas empresas com uma redução de custos ou com um choque de gestão voltado a recuperar a companhia", afirma, avisando que a recuperação judicial deve ser vista como um último recurso para as firmas que passam por dificuldades.

Ricardo Bomfim

9

STF causará atrito com o Senado se decidir anular l imites à terceirização Senador Paulo Paim (PT-SP) pretende derrubar uma ev entual decisão do Supremo Tribunal Federal com a aprovação de projeto que restringe a contrata ção de mão de obra terceirizada

Brasília - O Supremo Tribunal Federal (STF) vai enfrentar resistências por parte de parlamentares da oposição e pode voltar a estremecer as relações institucionais com o Senado. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, agendou para o próximo dia 9 a votação da ação de inconstitucionalidade da súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho que limita a terceirização apenas às atividades de suporte nas empresas. Há uma percepção de que dificilmente a súmula será mantida. "É a ditadura do Judiciário", reclamou o senador petista Lindberg Farias (PT- RJ), acusando o STF de invadir competência do Legislativo, dando um novo capítulo na novela de acusações entre o Senado e o Judiciário. A grande preocupação é que a autorização para terceirização chegue às atividades principais das empresas (atividades finas). Para evitar, senadores de oposição articulam aprovar lei que regulamenta a contratação de terceiros para o suporte, como limpeza e segurança. Caso a decisão do Supremo seja pela autorização da terceirização em qualquer atividade, o projeto de lei poderá recuperar a limitação definida pela Justiça Trabalhista. "Se o Supremo chegar a isso, não haverá mais razão de existir do Congresso. Mas, eu espero que isso não aconteça. Se ocorrer mesmo, o Congresso terá que correr para aprovar o projeto que regulamenta a questão", disse o senador Paulo Paim (PT-RS) ao DCI.

Duro, o senador chegou a afirmar que, caso o STF retire os limites da terceirização no julgamento do Recurso, poderá passar a "julgar e a fazer as Leis do País". No mesmo tom, Lindberg acusou o Supremo de estar fazendo o papel de condutor da retirada de direitos dos trabalhadores. "A reforma trabalhista, todo mundo sabe, tem muita dificuldade de ser aprovada aqui no Congresso. Escolheram outro caminho. É um escândalo", criticou, temendo que seja aprovada terceirização ampla, geral e irrestrita. "E eu volto a dizer: os movimentos sociais têm, sim, que se mobilizar e pedir agenda lá para os ministros do Supremo, antes do dia 9. Tem que haver muita mobilização", afirmou. Já Paim foi indicado relator do projeto de lei há 18 meses pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Atividades de suporte

Atualmente, a terceirização é permitida somente em atividades de suporte, chamadas de atividades meio, como limpeza, segurança e conservação, nos termos da Súmula. Na

10

prática, o julgamento no STF pode liberar qualquer forma de terceirização. Isso porque a Súmula regula a prática, sendo base para todas as decisões judiciais nesse sentido.

A polêmica entre os poderes se dá, principalmente, porque também há um projeto de lei (PL) em tramitação no Senado Federal (4.330/ 2004), que traz a permissão para que empresas possam contratar trabalhadores terceirizados em qualquer ramo de atividade para execução de qualquer tarefa, seja em atividade-fim ou meio.

A matéria não encontra consenso no Congresso e sofre pressões de diversas de entidades patronais e sindicatos de trabalhadores, que também não conseguem chegar a um meio termo sobre a questão.

Julgamento

A ação que será julgada pelo STF foi movida pela Celulose Nipo Brasileira (Cenibra) contra acórdão da 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que negou provimento a recurso da empresa e considerou ilícita a terceirização promovida por ela.

Consta nos autos que a companhia transferiu ilegalmente parte de sua atividade-fim para reduzir custos.

Para condenar a Cenibra, a 8ª Turma do TST usou a Súmula 331, que obriga o tomador de serviço a assumir as obrigações trabalhistas, caso a empresa terceirizada não cumpra com o contrato de trabalho firmado com os empregados.

Segundo o colegiado, "o entendimento pacificado na Súmula nº 331, IV, do TST tem por objetivo evitar que o empregado seja prejudicado devido à inadimplência por parte da empresa prestadora dos serviços, tendo por pressuposto a existência de culpa in eligendo e in vigilando".

Para a Procuradoria Geral da República, permitir a terceirização das atividades-fim "transforma o trabalho em mercadoria e o ser humano em mero objeto".

Isso, segundo a PGR, viola a proteção à relação de emprego que foi consolidada no artigo 7º da Constituição Federal.

O procurador-geral, Rodrigo Janot, que assina a peça, argumentou que a tese firmada pelo TST "encontra-se em sintonia com a Constituição da República e contribui para sua concretização material".

Abnor Gondim

(Fonte: DCI dia 03/11/2016)

11

Maioria que procura vaga temporária tem mais de 30 anos Com a alta do desemprego, trabalhadores mais experi entes veem nas contratações de fim de ano a oportunidade para voltar ao mercado Márcia De Chiara, O Estado de S.Paulo A crise mudou o perfil e as expectativas de quem procura um emprego temporário de fim de ano. O trabalhador que hoje está em busca de uma ocupação entre outubro e dezembro é mais velho e experiente. Além disso, a cada ano, cresce a parcela de candidatos desempregados que enxergam nessa oportunidade uma forma de se recolocar no mercado de trabalho ou de obter renda para quitar dívidas.

Mais da metade (54%) dos candidatos a uma vaga temporária neste fim de ano tem mais de 30 anos. Essa fatia é mais que o dobro da observada no mesmo período do ano passado (25%), aponta pesquisa da Vagas.com, empresa de tecnologia para recrutamento e seleção.

Com base em uma amostra nacional de 1,6 mil currículos que constavam no banco de dados da empresa na última semana de outubro, a pesquisa mostra que 74% dos trabalhadores buscam uma vaga temporária de fim de ano. Em 2015, essa parcela era de 70% e no ano anterior, de 67%.

Um resultado que chama atenção é que, entre os que se candidatam a uma vaga temporária, 78% estão desempregados este ano. Em 2015, um ano também de crise, essa participação era expressiva, porém um pouco menor: 66%.

“Os brasileiros incorporaram o trabalho temporário para enfrentar a crise”, observa o coordenador da pesquisa, Rafael Urbano. Ele destaca que, entre os entrevistados, é crescente, a cada ano, a parcela daqueles que já fizeram algum trabalho temporário. Neste ano, mais da metade dos entrevistados (54%) relataram já terem prestado serviços temporários, ante 40% em 2015 e 28% no ano anterior.

Recolocação. Com o desemprego em alta e a perspectiva dos economistas de que o cenário do emprego não reaja nos próximos meses, o serviço temporário tem sido, do ponto de vista do trabalhador, uma porta de entrada para a recolocação profissional. Essa é a esperança de Luiz Claudio Cortelazi, de 34 anos, casado e com uma filha de dois anos.

Faz um mês que Cortelazi foi demitido. Com formação em matemática, ele trabalhava numa empresa que prestava serviços de tecnologia. “Houve uma redução de custos no projeto e eu fui cortado”, conta. A sua mulher, que é advogada e trabalhava na ouvidoria

12

de um banco, também está sem emprego há três meses. Agora, o casal procura uma nova oportunidade por meio de uma vaga temporária.

Em um mês, Cortelazi mandou 1,8 mil currículos, deu entrada no seguro-desemprego e está procurando trabalho temporário. “Mando, mando currículo e não tenho retorno nenhum. Quando aparece alguma coisa, é muito fora da descrição da vaga”, conta. Até agora, a única empresa que o chamou para entrevista foi para ser consultor de implantação de sistemas de tecnologia. “Quando cheguei lá, era para ser consultor de implantação de imóveis. Não tinha salário, ajuda de custo. Só ganharia algo se vendesse o imóvel. Desisti.”

A possibilidade de recolocação no mercado de trabalho foi o motivo alegado pelos candidatos a uma vaga temporária que mais cresceu no último ano. De acordo com a pesquisa, 26% dos entrevistados declararam neste ano que buscam uma recolocação. Em 2015, essa fatia havia sido de 16%.

Outro fator que tem ampliado a procura por uma vaga temporária é obter renda extra para pagar dívidas. Em 2015, 9% dos entrevistados tinham esse objetivo. Neste ano, são 13%.

Urbano, da Vagas.com, observa que o aperto no orçamento provocado pela crise tem levado até mesmo quem hoje está empregado a procurar um vaga temporária.

Nesse grupo, um terço está em busca de um emprego de fim de ano para obter uma renda extra para quitar dívidas. E a pesquisa mostra que as dívidas com cartão de crédito voltaram a liderar o ranking das pendências financeiras de quem procura um emprego de fim de ano.

Apesar de os desempregados mais velhos e experientes terem arregaçado as mangas e se candidatado a uma vaga temporária para enfrentar a falta de emprego, a confiança de que essa estratégia dará resultado diminuiu.

Neste ano, a pesquisa mostra que 76% dos entrevistados acreditam que vão conseguir uma vaga temporária. Em 2014 e 2015, a confiança era bem maior, com índices de 80% e 94%, respectivamente.

“Os brasileiros incorporaram o trabalho temporário para enfrentar a crise.”

Rafael Urbano

COORDENADOR DA PESQUISA

(Fonte: Estado de SP dia 03/11/2016)

13

14

15

16

17

18

19

20

(Fonte: Folha de SP dia 03/11/2016)