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www.igrejacristadebrasilia.com.br A PARTIDA DE RUBEM ALVES: POETA, GUEREIRO, PROFETA “Mortais, mas eternos somos: eternos em alma, eternos em gosto, em mistérios eternos, eternos sonoros, eternos, eternos, --mortais e eternos já somos...” (C. Meireles) O Brasil está de luto... O movimento ecumênico, nacional e internacional, está de luto... Os trabalha- dores da educação estão de luto... Os amantes da literatura estão de luto... Nós em KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço estamos de luto... É que faleceu sábado passado, dia 19 de julho, na cidade de Campinas, onde residia, nosso amigo, companheiro e irmão, o teólogo, filósofo, psicanalista, educador, poeta e cronista Rubem Alves, depois de um longo e sofrido período de enfermidades. Depois de oitenta anos bem vividos e com o corpo enfraquecido por crescentes disfunções orgânicas, Rubem partiu para a eternidade legando-nos uma obra imensa de escritor prolixo voltado para os grandes temas da vida, trata- dos sempre com leveza, simplicidade e fino humor. Personalidade ímpar, sabia conjugar com maestria seriedade e sonhos, responsabilidade política e poesia. Sempre com um largo sorriso a lhe iluminar o rosto e um profundo sentimento de dever com relação as suas tarefas de intelectual comprometido com as grandes causas da humanidade, Rubem deixou suas inconfundíveis marcas na construção e consolidação do movimento ecumênico na América Latina e contribuiu de forma criativa e original para o estabelecimento de um novo paradigma teológico no continente que até hoje baliza os esforços de renova- ção e recriação da comunidade cristã por toda parte. “Para uma teologia da libertação” foi o título que escolheu para a sua tese doutoral, em 1969, na Universidade de Princeton nos Estados Unidos que, quando publicada, ga- nhou outra denominação. Assim ele se inscreve como um dos “pais” de uma nova forma de se fazer teologia que, desde então, vem agitando os ambientes eclesiásticos, especialmente na América Latina. Um “protestante obstinado” como se declarou uma vez, Rubem foi, na verdade, um “atravessador de fronteiras”, inconformado sempre com as limitações que encontrava nos vários campos do saber a que se dedicava. Ao desco- brir-se poeta e contador de histórias, abandonou os pressupostos formais da teologia para dedicar-se ao que cha- mou de teopoética que passou então, a expressar nas centenas de contos, poemas e crônicas reunidas em seus mais de 160 títulos publicados. Dedicou-se profundamente aos temas da educação tornando-se um dos mais origi- nais pensadores dessa área a partir de suas práticas e reflexões como professor da Universidade Estadual de Campinas. Homem sensível, rigoroso consigo mesmo e com todos e todas que faziam parte de sua existência, Rubem acaba de encerrar seus dias entre nós. Mas, a ser verdade o que proclama o também mineiro Guimarães Rosa, o Rubem,

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A PARTIDA DE RUBEM ALVES: POETA, GUEREIRO, PROFETA

“Mortais, mas eternos somos: eternos em alma, eternos em gosto,

em mistérios eternos, eternos sonoros, eternos, eternos,

--mortais e eternos já somos...” (C. Meireles)

O Brasil está de luto... O movimento ecumênico, nacional e internacional, está de luto... Os trabalha-dores da educação estão de luto... Os amantes da literatura estão de luto...

Nós em KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço estamos de luto... É que faleceu sábado passado, dia 19 de

julho, na cidade de Campinas, onde residia, nosso amigo, companheiro e irmão, o teólogo, filósofo, psicanalista, educador, poeta e cronista Rubem Alves, depois de um longo e sofrido período de enfermidades.

Depois de oitenta anos bem vividos e com o corpo enfraquecido por crescentes disfunções orgânicas, Rubem partiu para a eternidade legando-nos uma obra imensa de escritor prolixo voltado para os grandes temas da vida, trata-

dos sempre com leveza, simplicidade e fino humor.

Personalidade ímpar, sabia conjugar com maestria seriedade e sonhos, responsabilidade política e poesia. Sempre

com um largo sorriso a lhe iluminar o rosto e um profundo sentimento de dever com relação as suas tarefas de intelectual comprometido com as grandes causas da humanidade, Rubem deixou suas inconfundíveis marcas na construção e consolidação do movimento ecumênico na América Latina e contribuiu de forma criativa e original para o estabelecimento de um novo paradigma teológico no continente que até hoje baliza os esforços de renova-ção e recriação da comunidade cristã por toda parte. “Para uma teologia da libertação” foi o título que escolheu

para a sua tese doutoral, em 1969, na Universidade de Princeton nos Estados Unidos que, quando publicada, ga-nhou outra denominação. Assim ele se inscreve como um dos “pais” de uma nova forma de se fazer teologia que,

desde então, vem agitando os ambientes eclesiásticos, especialmente na América Latina.

Um “protestante obstinado” como se declarou uma vez, Rubem foi, na verdade, um “atravessador de fronteiras”,

inconformado sempre com as limitações que encontrava nos vários campos do saber a que se dedicava. Ao desco-brir-se poeta e contador de histórias, abandonou os pressupostos formais da teologia para dedicar-se ao que cha-mou de teopoética que passou então, a expressar nas centenas de contos, poemas e crônicas reunidas em seus mais de 160 títulos publicados. Dedicou-se profundamente aos temas da educação tornando-se um dos mais origi-nais pensadores dessa área a partir de suas práticas e reflexões como professor da Universidade Estadual de Campinas.

Homem sensível, rigoroso consigo mesmo e com todos e todas que faziam parte de sua existência, Rubem acaba

de encerrar seus dias entre nós. Mas, a ser verdade o que proclama o também mineiro Guimarães Rosa, o Rubem,

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na verdade, não morreu... apenas encantou-se, para continuar, de um outro jeito, presente em nossas vidas. Nos-so companheiro de sonhos e utopias, dores e lutas, mas também de momentos alegres e festivos, ausenta-se ago-ra, apenas fisicamente, para ressuscitar em nossa memória, com o testemunho de sua vida para nos instigar a seguir em frente na luta incansável de plantar sinais, por menores e insignificantes que possam parecer, de um

mundo outro que ele sempre perseguiu, marcado pelo amor, a justiça e pela paz.

Certa vez, acompanhando-o nos funerais de um amigo comum, pude ouvi-lo comparar a vida a uma peça musical.

Por mais bela e tocante que venha a ser, dizia ele, a música precisa, em algum momento, ser interrompida para não perder seu encantamento, seu frescor, sua capacidade de nos comover. Entendamos, pois, que a melodia da vida de Rubem Alves acaba de ser interrompida para que possamos ouvi-la de novo, na leitura de seus muitos

textos e poemas, sempre que quisermos e ela possa, outra vez, nos sensibilizar, nos fazer sorrir, nos ajudar a corrigir nossos passos, nos enlevar e nos alertar para os perigos tantos que nos rodeiam...

Ao término dos últimos acordes da música que foi sua vida, embora tristes por sua ausência física, nos alegramos

por sua “coragem de ser” o que foi e a incorporamos, ainda mais, em nossa vivência, na esperança de que os seus sonhos e a sua ousadia continuem em nossos gestos de amor e solidariedade. Que o Mistério profundo que a todos e todas nos envolve o receba em seu esplendor vital e que todos nós possamos ser consolados pela lembrança de seus sorrisos e recolher as lições de sua vida.

Não tendo palavras próprias de poeta capazes de expressar de forma bela e certeira os sentimentos que povoam

as vidas de todos e todas que conviveram com Rubem, tomo emprestado as lindas palavras do poema daquela que foi uma de suas poetas preferidas, Adélia Prado:

“De um único modo se pode dizer a alguém:

‘não esqueço você’. A corda do violoncelo fica vibrando sozinha

sob um arco invisível e os pecados desaparecem como ratos flagrados.

Meu coração causa pasmo por que bate e tem sangue nele e vai parar um dia

e vira um tambor patético se falas ao meu ouvido:

‘não esqueço você’.

Manchas de luz na parede uma jarra pequena

com três rosas de plástico. Tudo no mundo é perfeito

e a morte é amor.”

KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, para quem Rubem sempre foi uma referência, registra com pesar e tristeza seu “encantamento” desta vida, porém, nela inspirada, espera que os gestos claros e corajosos de seu

compromisso com a dignidade e beleza da vida de todos e todas continuem a reverberar nas novas trilhas do mo-

vimento ecumênico e nas lutas pelos direitos de todos e todas no continente.

Deixamos nosso abraço fraterno e solidário para Lidia, Sérgio, Marcos, Raquel, sua esposa, filhos e filha, e demais

familiares.

INFORMES ICB

*Aniversariantes de agosto – Dia 06, Artur, netinho de Claudio e Estelita; Dia 08, Alzemira; Dia 10, Pr. Noé Stanley;

Dia 17, Sônia Régia; Dia 20, Alexandra, e Dia 30, Gislene (Gil).Nossos parabéns a tão amados irmãos!...

*Assembléia ICB hoje às 20 hs com a seguinte pauta: 1) Sucessão pastoral; e 2) Eleição da Nova Diretoria 2014 a

2016. Eis os cargos: Presidente, 1º Vice-presidente, 2º vice-presidente, 1ª secretário, 2º secretário, 1º tesoureiro, 2º tesou-

reiro, Diretora de Música e Crianças, Assessor Jurídico.

*Nova diretoria eleita: Pastor presidente:_____________; 1º vice-presidente:___________; 2º vice-

presidente:__________;1ª secretária: _____________; 2ª secretária: _______________; 1º tesoureiro: __________; 2º

tesoureiro: _______________; Diretora de Música: _____________; Diretora das crianças: ______________; Assessor

jurídico: ______________.

*Notícias rápidas – 1) Suzy irá trabalhar na Vara de Menores em Samambaia num grande desafio; 2) Raquel termina o

mestrado em psicologia na UnB apresentando sua tese; 3) Dr. Alvimar Macedo, irmão do Pr. Julio, foi operado da prósta-

ta no hospital Home e passa bem; 4) Julian, finalmente, iniciará fisioterapia no Sarah/Rio em agosto.

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CULTO DE HOJE: 18:30 HORAS

- Celebração da Ceia do Senhor -

Dirigente: Pr. Julio Borges Filho – Pregador: Pr. Nilson Moura

01. JESUS CRISTO, ESPERANÇA DO MUNDO

Um pouco além do presente, alegre o futuro anuncia

A fuga das sombras da noite a luz de um bem novo dia.

Venha o Teu Reino, Senhor, a festa da vida recria

A nossa espera e ardor transforma em plena alegría.

A e a a ae ae ae

Botão de esperança se abre, prenúncio da flor que se faz

Promessa da tua presença que a vida abundante nos traz

Saudade da terra sem males, do Éden de plumas e flores

Da paz e a justiça irmanadas num mundo sem ódio, sem dores

Saudade de um mundo sem donos, ausencia de fortes e fracos

Derrota de todo sistema que cria palácios, barracos.

Já temos preciosa semente, penhor do Teu Reino agora

Futuro ilumina o presente, tu vens e virás sem demora.

02. FAZ-ME CHEGAR A ESTA MESA, SENHOR!

Faz-me chegar a esta mesa, ó Jesus!

Faz-me lembrar Tua morte na cruz,

Faz-me esperar Tua vinda de luz

Faz-me chegar! Faz-me lembrar! Faz-me esperar!

Faz-me comer do Teu pão, ó Senhor!

Faz-me beber do Teu cálice, Senhor!

Faz-me lembrar da promessa, Senhor!

Faz-me comer! Faz-me beber! Faz-me lembrar!

Faz-me esperar Tua volta, Senhor!

Faz-me crer na promessa, Senhor!

Faz-me viver, sempre em Ti, Meu Senhor!

Faz-me esperar! Faz-me crer! Faz-me viver!

03. UTOPIA

Quando o dia da paz renascer, quando o sol da esperança brilhar, Eu vou cantar!

Quando o povo nas ruas sorrir e a roseira de novo florir, Eu vou cantar!

Quando as cercas caírem no chão, quando as mesas se encherem de pão,

Eu vou cantar!

Quando os muros que cercam os jardins, destruídos, então, os jasmins vão perfumar!

Vai ser tão bonito se ouvir a canção cantada de novo

No olhar do homem a certeza do irmão: reinado do povo.

Quando as armas da destruição destruídas em cada nação, Eu vou sonhar!

E o decreto que encerra a opressão, assinado só no coração, Vai triunfar!

Quando a voz da verdade se ouvir e a mentira não mais existir. Será, enfim!

Tempo novo de eterna justiça, sem mais ódio, sem sangue ou cobiça: Vai ser assim!

SEJAM TODOS BEM-VINDOS!

PAZ PARA A CIDADE - “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e