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APRESENTAÇÃO O INESC vem atuando, hÆ cerca de seis anos, no monitoramento dos gastos orçamentÆrios do gover- no federal e, em particular, dos gas- tos relativos às políticas sociais e ambientais. O Boletim da Criança e do Adolescente traz os dados or- çamentÆrios levantados pelo Institu- to de Estudos Socioeconômicos, INESC acompanhados de anÆlises re- alizadas por consultores independen- tes sobre a implementaçªo de políti- cas relacionadas à criança e adoles- centes. Esta anÆlise Ø realizada a par- tir do conceito senso estrito de or- çamento da criança, desenvolvido pelo Ipea com apoio do Unicef, que refere-se à seleçªo das rubricas or- çamentÆrias que se destinam a açıes que atingem œnica ou prioritariamen- te crianças e adolescentes. Ao divulgar estes dados e anÆlises, o Inesc pretende ampliar o raio de alcance e impacto dessas in- formaçıes sobre as organizaçıes so- ciais, os formadores de opiniªo e órgªos de imprensa. O INESC, atravØs do levan- tamento e disseminaçªo de informa- çıes dos gastos do governo federal, espera fortalecer o papel propositor da sociedade civil na co-gestªo das políticas pœblicas para a infância e a adolescŒncia dentro dos Conselhos de Direitos, nos trŒs níveis de gover- no. O objetivo tambØm Ø incentivar o envolvimento de diferentes segmentos sociais no debate sobre o tema. Maria JosØ Jaime SecretÆria Executiva Brasília, dezembro de 1999 Ano I N o 01 Um Panorama Orçamentário de Programas para Criança e Adolescente Carlos Octávio Ocké Reis ( * ) 1. CenÆrio Macroeconômico No final de 1998, dada a crescente instabilidade finan- ceira internacional, o governo federal iniciou um esforço por meio do Programa de Estabilidade Fiscal com a intençªo de re- alizar um forte ajuste fiscal nas contas pœblicas. AlØm das medi- das de carÆter estrutural, o eixo desse ajuste sustentou-se em cortes nas despesas de custeio e de capital (OCC). Em janeiro de 1999, o Brasil sofreu um forte ataque especulativo, que obrigou as autoridades econômicas a busca- rem novamente financiamento junto ao Fundo MonetÆrio Inter- nacional (FMI) e aos países centrais. O sucesso do programa proposto pelo FMI Ø mensurado a partir da avaliaçªo do cum- primento de metas de desempenho fiscal e monetÆrio, às quais a liberaçªo de recursos estÆ condicionada. Diante desse qua- dro, Ø reforçada a necessidade de cortes nas despesas frente ao crescimento da dívida pœblica. Em suma, o acordo entre o governo federal e o Fundo MonetÆrio Internacional prevŒ um esforço generalizado do se- tor pœblico com a intençªo de realizar um rigoroso ajuste fiscal e, dessa maneira, atingir elevados superÆvits primÆrios nos pró- ximos trŒs anos. Esses superÆvits tem por finalidade normalizar a trajetória da dívida em relaçªo ao Produto Interno Bruto. Na verdade, a desvalorizaçªo da moeda junto com a manutençªo de altas taxas de juros acaba conferindo à dívida pœblica uma dimensªo explosiva. (*) Pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea. Doutorando da Escola de Pós-Graduaçªo em Saœde Coletiva, Instituto de Medicina Social - Ims/ Uerj, Rio de Janeiro. Gostaria de agradecer os esclarecimentos fornecidos por JosØ Aparecido Carlos Ribeiro, pesquisador do Ipea.

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APRESENTAÇÃOO INESC vem atuando, há

cerca de seis anos, no monitoramentodos gastos orçamentários do gover-no federal e, em particular, dos gas-tos relativos às políticas sociais eambientais. O Boletim da Criançae do Adolescente traz os dados or-çamentários levantados pelo Institu-to de Estudos Socioeconômicos,INESC acompanhados de análises re-alizadas por consultores independen-tes sobre a implementação de políti-cas relacionadas à criança e adoles-centes. Esta análise é realizada a par-tir do conceito �senso estrito� de or-çamento da criança, desenvolvidopelo Ipea com apoio do Unicef, querefere-se à seleção das rubricas or-çamentárias que se destinam a açõesque atingem única ou prioritariamen-te crianças e adolescentes.

Ao divulgar estes dados eanálises, o Inesc pretende ampliar oraio de alcance e impacto dessas in-formações sobre as organizações so-ciais, os formadores de opinião eórgãos de imprensa.

O INESC, através do levan-tamento e disseminação de informa-ções dos gastos do governo federal,espera fortalecer o papel propositorda sociedade civil na co-gestão daspolíticas públicas para a infância e aadolescência dentro dos Conselhosde Direitos, nos três níveis de gover-no. O objetivo também é incentivar oenvolvimento de diferentes segmentossociais no debate sobre o tema.

Maria José JaimeSecretária Executiva

Brasília, dezembro de 1999

Ano INo 01

Um Panorama Orçamentáriode Programas para Criança

e AdolescenteCarlos Octávio Ocké Reis ( * )

1. Cenário Macroeconômico

No final de 1998, dada a crescente instabilidade finan-ceira internacional, o governo federal iniciou um esforço pormeio do Programa de Estabilidade Fiscal com a intenção de re-alizar um forte ajuste fiscal nas contas públicas. Além das medi-das de caráter estrutural, o eixo desse ajuste sustentou-se emcortes nas despesas de custeio e de capital (OCC).

Em janeiro de 1999, o Brasil sofreu um forte ataqueespeculativo, que obrigou as autoridades econômicas a busca-rem novamente financiamento junto ao Fundo Monetário Inter-nacional (FMI) e aos países centrais. O sucesso do programaproposto pelo FMI é mensurado a partir da avaliação do cum-primento de metas de desempenho fiscal e monetário, às quaisa liberação de recursos está condicionada. Diante desse qua-dro, é reforçada a necessidade de cortes nas despesas frente aocrescimento da dívida pública.

Em suma, o acordo entre o governo federal e o FundoMonetário Internacional prevê um esforço generalizado do se-tor público com a intenção de realizar um rigoroso ajuste fiscale, dessa maneira, atingir elevados superávits primários nos pró-ximos três anos. Esses superávits tem por finalidade normalizara trajetória da dívida em relação ao Produto Interno Bruto. Naverdade, a desvalorização da moeda junto com a manutençãode altas taxas de juros acaba conferindo à dívida pública umadimensão explosiva.

(*) Pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea. Doutorando daEscola de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Medicina Social - Ims/Uerj, Rio de Janeiro. Gostaria de agradecer os esclarecimentos fornecidos por JoséAparecido Carlos Ribeiro, pesquisador do Ipea.

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Confrontado com a necessidade de ajuste fis-cal, o governo federal concentrou então esforços naredução das despesas orçamentárias. A revisão doorçamento aprovado ocasionou cortes na rubricaOCC, comprometendo inclusive programas oficial-mente prioritários, como o programa �Brasil emAção�.

Não é necessário dizer que esse cenário podeestar afetando negativamente a realização de açõesna área social desenvolvidas pelo governo federal aolongo do ano de 1999. Em particular, ações que as-segurem o acesso a bens e serviços públicos essenci-ais às crianças e adolescentes de 0 a 18 anos � cujagrande maioria integra famílias pobres e indigentes.

2. Apontamentos Metodológicos

Em geral, abstraindo em parte as implicaçõesda política macroeconômica, é possível associar aexecução financeira alcançada por um programa ousubprograma com suas características fundamentaisem termos de objetivos e/ou processos. Por exemplo,os programas de manutenção, coordenação e ad-ministração, por serem intensivos em pessoal perma-nente,1 apresentam regularmente altos níveis de exe-cução. Os programas de investimento, ao contrário,tendem a apresentar problemas, pois atualmente sãovítimas dos cortes promovidos pela política econômi-ca vigente.

Programas vinculados aos gastos em despe-sas de custeio requerem avaliações específicas. Po-dem estar vinculados a programas de manutenção,coordenação e administração (apresentando execu-ção elevada por estarem fortemente correlacionadosaos gastos com pessoal permanente) ou vinculadosa programas de transferências de bens e serviços auma determinada população-alvo. Esse tipo de trans-ferência parece - no que diz respeito aos problemaspresentes na execução orçamentária - aos programasdescentralizados (transferências direta, por contratoou convênio às esferas subnacionais de governo).

Esses dois últimos programas tendem a apre-sentar baixos níveis de execução, devido à excessivaburocratização ou devido à inadimplência financeirae gerencial dos convenentes (receptores de recursos)junto ao governo federal.2 Além do mais, tais pro-gramas também costumam apresentar baixo volu-me de execução e/ou baixa regularidade de dispên-

dios nos primeiros anos de implementação. Com opassar do tempo, caso não haja descontinuidade, épossível que a sua execução orçamentária sejasatisfatória.3

3. Execução Financeira das Ações eProgramas do Governo Federal paraCrianças e Adolescentes

Este trabalho tem por objetivo apresentar umaavaliação descritiva da execução orçamentário-finan-ceira dos recursos do governo federal destinados acrianças e adolescentes no ano de 1999. Em outraspalavras, pretende-se, por um lado, avaliar a capa-cidade de gasto segundo os ministérios. Por outro,pretende-se avaliar as ações finalísticas circunscritasao Ministério da Saúde - objeto de programas,subprogramas ou projeto/atividades - exclusivas dapopulação-alvo (programa do leite), ou, predominan-temente alocadas à população-alvo (imunização).

Vale dizer que nessa avaliação sobre o Minis-tério da Saúde não foram computados os progra-mas de alcance universal, onde há a incidência degastos na população infanto-juvenil (assistência hos-pitalar e ambulatorial); os gastos administrativos ede apoio, que sustentam a execução de tais gastose; recursos financeiros estaduais e municipais, bemcomo das instituições filantrópicas.

3.1.Avaliação dos Dados

A maior parte dos recursos financeiros doorçamento federal que foi aprovado para o ano de1999 - que estão destinados diretamente a criançase adolescentes - está alocada no Ministério da Edu-cação (MEC). Sua participação percentual alcançouaproximadamente 92,7%.

Desde logo, portanto, chama atenção adisparidade entre as dotações aprovadas que coubea cada ministério. Do total aprovado no orçamento,o valor das ações e programas sob a responsabilida-de do MEC e FNDE foi de R$ 3,825 milhões. Igual-mente significativa, embora apresente valores bemmenores, foi a participação percentual do Ministérioda Saúde (MS), eqüivalente a 6,3% do total de recur-sos aprovados para os ministérios (R$ 258,9 mil).

1 O Ministério da Educação apresenta um tipo de programa específico, intensivo em capacitação de recursos humanos (seja via despesas decusteio, seja via transferências a esferas subnacionais).

2 A Comunidade Solidária tentou atacar fortemente esse tipo de problema. Ao promover uma articulação entre órgãos da União, Estados emunicípios, procurou racionalizar os trâmites burocráticos desses programas, além de facilitar o acesso dos inadimplentes aos mesmos.

3 Um bom exemplo é o programa de transporte escolar, cuja execução aumentou de 58% em 97 para 98% no ano de 98 (Relatório do Balanço Geralda União 1998). Esse fato pode estar demonstrando que o amadurecimento do programa - no sentido da consolidação de objetivos e processos,além de sua incorporação à �cultura� do órgão gestor -, permitiu uma melhora dos seus níveis de execução.

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Ademais, destaca-se que restou apenas 1%do valor total aprovado para os demais ministérios(i.e. Presidência da República e Ministério do Exér-cito). Nesse sentido, embora seja preocupante abaixíssima execução dos programas a cargo doMinistério da Justiça e do Fundo Nacional da Cri-ança e do Adolescente, aparentemente esse mi-nistério vem cumprindo cada vez mais funçõesregulatórias.4

Nos programas a cargo do MEC e do MS,em termos agregados, a execução acumulada5 atéo mês de outubro é bastante razoável. Nos anos re-centes pôde-se constatar que: (i) em 96, dos 152subprogramas existentes, apenas 21% fecharam oano com execução acima de 90% da dotação auto-rizada; 32%, executaram abaixo de 50%; e os res-tantes 47% executaram entre 50% e 90% da dota-ção autorizada; (ii) no ano de 1998, de 142subprogramas existentes, 14% ficaram abaixo de50% de execução, enquanto 61% se posicionaramentre 50% e 90% (SIAFI-SIDOR).

Desse modo, uma execução em torno de 50%da dotação autorizada no mês de outubro está deacordo com os padrões gerais de execução orça-mentária da União. Claro que isto ainda pode serconsiderado insuficiente. O ponto é que se tais pro-gramas estão dentro das médias executadas pelaUnião, então eles não estão sofrendo nem cortestampouco suplementações � pelo menos, além doesperado.

Uma avaliação técnica preliminar sobre o ní-vel de execução dos programas do MEC dirigidos àscrianças e adolescentes permite dizer que:

(i) os programas de manutenção, coorde-nação e administração apresentam, normalmente,elevados níveis de execução;

(ii) os programas de transferências no MECtêm um bom desempenho, apresentando aproxima-damente 90% de execução. Na verdade, abrangemprogramas �tradicionais� do órgão como merendaescolar e livro didático;

(iii) os programas de investimentos (expan-são de capacidade física) são atualmente menos sig-nificativos, e, assim, sua maior sensibilidade nãoimpacta nos níveis gerais de execução.

Dentre os programas discriminados para apopulação-alvo no MS, destacam-se, dado a ordemde grandeza dos recursos envolvidos (84 % do totalde recursos aprovados), o programa do leite (com-bate a carências nutricionais); o programa de nor-malização e coordenação das ações de imunização;e o programa de aquisição e distribuição de medica-mentos e imunobiológicos.6

O programa do leite apresenta uma execu-ção orçamentária surpreendentemente elevada e bemdistribuída ao longo de 1999. Em outubro, já tinhasido executado 72,5% dos recursos aprovados. Istoconstitui-se em uma novidade na trajetória desse pro-grama.7 Uma justificativa para esse novo comporta-mento do programa pode ser encontrada nas mu-danças ocorridas no seu processo de transferênciade recursos às prefeituras, geradas pela inclusãodeste programa na órbita do Piso de Atenção Básica� PAB.

Como os recursos financeiros do PAB sãotransferidos de forma �automática� ou regular, doFundo Nacional de Saúde diretamente aos fundosmunicipais, certamente essa vinculação do Progra-ma do Leite aos programas do PAB está contribuin-do fortemente para elevação de sua execução orça-mentária, tanto em termos de volume quanto de re-gularidade dos dispêndios.

O programa de normalização e coordena-ção das ações de imunização apresentou um de-sempenho negativo. Esse é tradicionalmente um pro-grama com altíssimo nível de execução, acima de90% (92,6% em 97 e 96,1% em 98). No ano de1999, entretanto, o referido programa apresentouaté outubro uma execução de 43,3%. Isto se tornaainda mais grave quando, além da questão do totalda execução, analisamos a regularidade dos dis-pêndios.

A rigor, esse programa não se pauta pela re-gularidade. Devido à própria natureza de suas ações,as campanhas nacionais de imunização se concen-tram em momentos específicos do ano. Em 1997 e1998, mais de 40% de todos os dispêndios do exer-cício foram liquidados no mês de junho. Em 1999,algo estranho à norma orçamentária aconteceu, poisaté julho havia se liquidado apenas 1,38 % da dota-ção aprovada.

4 No âmbito do Ministério da Justiça, as ações mais importantes estão vinculadas ao Departamento da Criança e do Adolescente (DCA) e àoperacionalização do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), prevista no Estatuto da Criança e doAdolescente (Lei n.º 9.069/90).

5 Quando falarmos em nível de execução, estaremos nos referindo ao seguinte quociente: �empenho liquidado acumulado� sobre �dotaçãoautorizada�. A dotação autorizada, por sua vez, corresponde à �dotação final� (Lei Orçamentária mais Créditos suplementares) menos�contingenciamentos�.

6 Um detalhe estranho ao conjunto das tabelas: o programa �aquisição e distribuição de medicamentos� está contemplado no segundo grupo detabela, embora não esteja incluído na anterior.

7 Em 1997, de uma dotação autorizada de R$ 99,9 mil, apenas R$ 61,5 mil foram liquidados (62,7%). Em 1998, o desempenho foi ainda maisfraco: de uma dotação autorizada de R$ 153 milhões, apenas R$ 54 milhões foram liquidados (35,3%) (Secretaria Executiva da ComunidadeSolidária). Em 1999, de uma dotação de R$ 149 milhões, já se executou R$ 108 milhões, o dobro do ano passado.

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O programa de aquisição e distribuição demedicamentos e imunobiológicos, assim como o pro-grama anterior, apresenta tradicionalmente um altonível de execução (94,3% em 97 e 97,8% em 98).Para o ano de 1999, seu comportamento se man-tém, alcançando 97% de execução em outubro. Su-põe-se que isso possa ser explicado pelo provimentode medicamentos ligados, por exemplo, à AIDS - des-tinados às crianças e adolescentes.

4. Considerações Finais

O cenário macroeconômico a priori é umfator de constrangimento das ações da área socialdesenvolvidas pelo governo federal em 1999. Noentanto, os programas focalizados em crianças e ado-lescentes de 0 a 18 anos a cargo do MEC e do MS,em termos agregados, apresentaram uma execuçãoacumulada até o mês de outubro bastante razoável.

A magnitude e o bom desempenho do nívelde gasto no MEC e FNDE decorrem do fato de queos programas voltados à população-alvo são tradi-cionais e, dessa forma, existem interesses consolida-dos na sociedade e no próprio aparelho de Estado �que acabam favorecendo uma execução satisfatóriadesses programas.

No que se refere aos programas no bojo doMS, em especial, o programa do leite, dada a inclu-são desse programa na órbita do PAB - a pressãopolítica dos municípios por meio do Conselho Naci-onal de Secretários Municipais de Saúde(CONASEMS) é um elemento que permitecontrarrestar a tendência de contenção do ajuste fis-cal do governo federal.

Cabe ainda ressaltar que, à primeira vista, aadoção de políticas de focalização bem executadas,sobretudo aquelas voltadas para a atenção básicana área de educação e saúde, faz parte do conjuntode medidas para compensar o ajuste fiscal. Duvida-se muito, entretanto, que tais programas tivessemapresentado um bom desempenho se grupos de in-teresse na sociedade civil e no próprio Estado nãopressionassem o governo federal8 � comprometidocom o acordo do FMI.

Finalmente, estudos preliminares do Ipea in-dicam que até o ano de 1997, a União vinha redu-zindo, em termos relativos, a sua contribuição ao fi-nanciamento de ações voltadas para a infância eadolescência. As características da ação federal noperíodo parecem indicar um importante deslocamen-to, com redução das funções executivas em favor deestados e municípios e o fortalecimento das açõesde coordenação e regulação.

8 Esse fenômeno pode ser igualmente atribuído ao provimento e distribuição de remédios para combater algumas morbidades, como é o caso daAIDS.

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Tabela 1Execução do Orçamento Federal para Crianças e Adolescentes,Valores Absolutos, Ministério da Educação, 1999

R$ 1.000,000

FONTE: COFF-CD/CMO/PRODASEN/SOF/STN/MOG

(*)O �senso estrito� e a seleção das rubricas correspondentes é um conceito criado pelo IPEA, e se refere a rubricas orçamentárias que se destinama ações que atingem única ou prioritariamente crianças e adolescentes.

(**) Ações financiadas com recursos externos (Fontes 148 e 149) e respectivas contrapartidas contratuais internas.(***) Ocorreu Crédito Adicional no valor de R$ 60 milhões neste item totalizando R$ 496 milhões(****) informações relativas ao gasto em 15 de outubro entraram em contradição com os dados de 03/09/99 portanto estamos averiguando o valor

real executado nesta data.(1) Recursos sob supervisão do MEC transferidos às Secretarias Estaduais e do DF de Educação para aplicação no ensino fundamental.

1999

Aprovado Execução até 26 de m ar Execução até 09 de jul Execução até 03 de Set Execução até 15 /10

MEC 1.658.514 209.378 445.012 643.152 821.303Coordenação e Supervisão do Ensino Fundam ental 1.455 53 423 594 711,7

Coordenação e Supervisão da Educação a D istância p/ o EnsinoFundam ental (**) 801 78 288 360 439,6

Instrum ental para Ensino e Pesquisa 14.958 0 0 0 14,6

Coordenação e Supervisão do Ensino Médio e Tecnológico (**) 9.780 90 353 466 561,0

Expansão e Melhoria do Ensino Técnico 9.465 0 0 0 0,0

Modernização das Instituições de Ensino Técnico e Agrotécnico 4.925 0 0 59 565,6

Cota Parte dos Estados e DF no Salário-Educação (1) 1.475.733 208.469 438.212 633.449 799.619,6

Apoio à Cam panha Nacional de Escolas da Com unidade (EnsinoRegular) 10 0 0 0 0,0

Reform a da Educação Profissional 46.400 673 5.641 8.045 10.251,6

Coordenação e Supervisão da Educação Especial 486 16 95 181 234,1

Construção e Recuperação das Instalações e Instituições de Ensino 82.500 0 0 0 8.905,2

PROMED - Program a de Expansão e Melhoria do Ensino Médio 12.000 0 0 0 0,0

MEC / FNDE 2.167.250 208.469 764.982 1.156.343 1.333.279Merenda Escolar 903.000 66.318 392.453 564.589 659.750,8

Saúde do Estudante 16.119 0 3.000 5.999 10.969,2

Educação Pré-Escolar (4 a 6 anos) 20.445 0 0 0 0,0

Desenvolvim ento do Ensino Fundam ental 89.484 2.113 10.205 22.872 35.987,4

Gestão Eficiente - repasse direto às escolas 83.828 0 0 12.388 22.544,0

Vagas na Rede Part icular de Ensino 48.092 37 752 2.354 2.741,2

Avaliação da Situação Educacional Brasileira 6.000 0 0 202 666,7

Inform ática na Educação 12.400 0 1.500 2.407 2.902,9

TV Escola 10.000 0 3.261 5.058 6.046,4

Livro Didático 227.501 6.177 23.172 51.441 52.198,9

Biblioteca da Escola (Salas de Leitura e Biblioteca do Professor) 28.000 0 949 1.467 1.832,9

Produção de Program as e Material Educativo 896 0 0 0 0,0

Aquisição de Veículos Escolares 13.409 0 0 0 0,0

Desenvolvim ento da Educação Especial 22.120 0 0 369 2.164,6

FUNDESCOLA - Fundo de Fortalecim ento da Escola (NO, NE, CO) 210.350 385 2.408 6.997 66.261,6

Com plem ent.da União ao Fdo.de Manut. e Des.do

Ensino Fundam ental e de Valoriz Magistério(***) 436.418 133.439 321.073 468.560 468.560,4

Acom p.e Fiscaliz. de Program as e Projetos Educacionais pelasDelegacias do MEC 2.100 0 0 5 652,1

Com bate ao Analfabetism o e Universalização do Ensino Fundam ental 37.090 0 6.210 11.635 (****)

TOTAL 3.825.764 417.848 1.209.995 1.799.495 154.582

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Tabela 2Execução do Orçamento Federal para Crianças e Adolescentes,Valores Relativos, Ministério da Educação, 1999

26/03/99 09/07/99 03/09/99 15/01/99

Aprovado % de Execução % de Execução % de Execução % de Execução

MEC 1.658.514 12,62% 26,83% 38,78% 49,52%Coordenação e Supervisão do Ensino Fundam ental 1.455 3,61% 29,09% 40,79% 48,91%

Coordenação e Supervisão da Educação a Distância p/ o EnsinoFundam ental ** 801 9,69% 35,90% 44,90% 54,85%

Instrum ental para Ensino e Pesquisa 14.958 0,00% 0,00% 0,00% 0,10%

Coordenação e Supervisão do Ensino Médio e Tecnológico (**) 9.780 0,92% 3,61% 4,77% 5,74%

Expansão e Melhoria do Ensino Técnico 9.465 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Modernização das Inst ituições de Ensino Técnico e Agrotécnico 4.925 0,00% 0,00% 1,20% 11,48%

Cota Parte dos Estados e DF no Salário-Educação (1) 1.475.733 14,13% 29,69% 42,92% 54,18%

Apoio à Cam panha Nacional de Escolas da Com unidade (EnsinoRegular) 10 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Reform a da Educação Profissional 46.400 1,45% 12,16% 17,34% 22,09%

Coordenação e Supervisão da Educação Especial 486 3,23% 19,64% 37,18% 48,19%

construção e recuperação das Instalações e Inst ituições de Ensino 82.500 0,00% 0,00% 0,00% 10,79%

PROMED - Program a de Expansão e Melhoria do Ensino Médio 12.000 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

MEC / FNDE 2.167.250 9,62% 35,30% 53,36% 61,52%Merenda Escolar 903.000 7,34% 43,46% 62,52% 73,06%

Saúde do Estudante 16.119 0,00% 18,61% 37,22% 68,05%

Educação Pré-Escolar (4 a 6 anos) 20.445 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Desenvolvim ento do Ensino Fundam ental 89.484 2,36% 11,40% 25,56% 40,22%

Gestão Eficiente - repasse direto às escolas 83.828 0,00% 0,00% 14,78% 26,89%

Vagas na Rede Particular de Ensino 48.092 0,08% 1,56% 4,89% 5,70%

Avaliação da Situação Educacional Brasileira 6.000 0,00% 0,00% 3,37% 11,11%

Inform ática na Educação 12.400 0,00% 12,10% 19,41% 23,41%

TV Escola 10.000 0,00% 32,61% 50,58% 60,46%

Livro Didático 227.501 2,72% 10,19% 22,61% 22,94%

Biblioteca da Escola (Salas de Leitura e Biblioteca do Professor) 28.000 0,00% 3,39% 5,24% 6,55%

Produção de Program as e Material Educativo 896 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Aquisição de Veículos Escolares 13.409 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Desenvolvim ento da Educação Especial 22.120 0,07% 0,00% 1,67% 9,79%

FUNDESCOLA - Fundo de Fortalecim ento da Escola (NO, NE, CO) 210.350 0,18% 1,14% 3,33% 31,50%

Com plem ent.da União ao Fdo.de Manut. e Desenv.do EnsinoFundam ental e de Valoriz.do Magistério(***) 436.418 30,58% 73,57% 107,37% 107,37%

Acom p.e Fiscaliz. de Program as e Projetos Educacionais pelasDelegacias do MEC 2.100 0,00% 0,00% 0,24% 31,05%

Com bate ao Analfabetism o e Universalização do Ensino Fundam ental 37.090 0,00% 16,74% 31,37% (****)

TOTAL 3.825.764 10,92% 31,63% 47,04% 56,32%

FONTE: COFF-CD/CMO/PRODASEN/SOF/STN/MOG

(*)O �senso estrito� e a seleção das rubricas correspondentes é um conceito criado pelo IPEA, e se refere a rubricas orçamentárias que se destinama ações que atingem única ou prioritariamente crianças e adolescentes.

(**) Ações financiadas com recursos externos (Fontes 148 e 149) e respectivas contrapartidas contratuais internas.(***) Ocorreu Crédito Adicional no valor de R$ 60 milhões neste item totalizando R$ 496 milhões(****) informações relativas ao gasto em 15 de outubro entraram em contradição com os dados de 03/09/99 portanto estamos averiguando o valor

real executado nesta data.(1) Recursos sob supervisão do MEC transferidos às Secretarias Estaduais e do DF de Educação para aplicação no ensino fundamental.

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Ano I No 01 Brasília, dezembro de 1999

Tabela 3Execução do Orçamento Federal para Crianças e Adolescentes, Valores Absolutos,Ministério da Saúde, 19996

9 O Hospital Escola Materno-Infantil Presidente Vargas apresenta uma execução orçamentária e um volume de recursos financeiros abaixo dosdemais, a despeito de ser um programa fundamental para as gestantes e os recém-nascidos.

1999

Aprovado Execução até 26 de m ar Execução até 09 de jul Execução até 03 de Set Execução até 15 /10

MINISTÉRIO DA SAÚDE / FUNDO NACIONAL DE SAÚDE 205.625 26.420 62.605 88.146 113.845Program a do Leite 148.992 25.585 59.627 83.618 108.04

Projeto Nordeste II - Reduzir m ortal. infantil, perinatal e m aterna 3.100 0 0 0 0

Hospital Escola Materno-Infantil Presidente Vargas 10.243 835 2.979 4.528 5.802

Coord.e Supervisão da Assistência Alim entar e Nutricional do SUS 9.033 0 0 0 0

Desenvolvim ento de Pesquisas Nutricionais (4) 1.807 0 0 0 0

MINISTÉRIO DA SAÚDE / FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE 200.137 57.909 103.636 145.486 158.251

Norm atização e Coordenação das Ações de Im unização 53.266 15 736 19.799 23.063

Autosuficiência Nacional em Im unobiológicos 7.410 0 0 1 1

Aquisição e D istribuição de Medicam entos e Im unobiológicos 139.462 57.895 102.900 125.686 135.186

TOTAL 405.762 84.329 166.242 288.283 272.096

Fonte: AOFF-CD/CMO/PRODASEN/SOF/STN

*O �senso estrito� e a seleção das rubricas correspondentes é um conceito criado pelo IPEA, e se refere a rubricas orçamentárias que se destinam aações que atingem única ou prioritariamente crianças e adolescentes.

Tabela 4Execução do Orçamento Federal para Crianças e Adolescentes, Valores Relativos,Ministério da Saúde, 19996

R$ 1.000,000

26/03/99 09/07/99 03/09/99 `15/01/99

Aprovado % de Execução % de Execução % de Execução % de Execução

M INISTÉRIO DA SAÚDE / FUNDO NACIONAL DE SAÚDE 205.625 12,85% 43,30% 42,87% 55,37%Program a do Leite 148.992 17,17% 40,02% 56,12% 72,52%

Projeto Nordeste I I - Reduzir m ortal. infantil, perinatal e m aterna ** 3.100 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Hospital Escola Materno-Infant il Presidente Vargas 10.243 8,15% 29,08% 44,21% 56,64%

Coord.e Supervisão da Assistência Alim entar e Nutricional do SUS (4) 9.033 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Desenvolvim ento de Pesquisas Nutricionais (4) 1.807 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

MINISTÉRIO DA SAÚDE / FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE 200.137 28,93% 51,78% 72,69% 79,07%

Norm atização e Coordenação das Ações de Im unização 53.266 0,03% 1,38% 37,17% 43,30%

Autosuficiência Nacional em Im unobiológicos 7.410 0,00% 0,00% 0,02% 0,02%

Aquisição e Distribuição de M edicam entos e Im unobiológicos 139.462 41,51% 73,78% 90,12% 96,93%

TOTAL 405.762 41,78% 47,48% 57,58% 67,06%

Fonte: AOFF-CD/CMO/PRODASEN/SOF/STN

*O �senso estrito� e a seleção das rubricas correspondentes é um conceito criado pelo IPEA, e se refere a rubricas orçamentárias que se destinam aações que atingem única ou prioritariamente crianças e adolescentes.

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Ano I No 01 Brasília, dezembro de 1999

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Fonte:COFF-CD/CMO/PRODASEN/SOF/STN

GASTOS26/03/99 09/07/99 03/09/99 15/10/99 29/10/99

Aprovado Valor % de Exe. Valor % de Exe. Valor % de Exe. Valor % de Exe. Valor % de Exe.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 1.658.514 209.378 12,62% 445.012 26,83% 643.152 38,78% 821.303 49,52% 829.307 50,00%

Ministério da Educação / Fundo Nac. de Desev. DaEducação 2.167.250 208.485 9,62% 764.982 35,30% 1.178.846 54,95% 1.334.026 61,55% 1.392.204 64,24%

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 16.710 31 0,19% 275 1,64% 2.800 16,13% 2.941 16,94% 2.953 17,01%

FUNDO NACIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 21.100 0 0,00% 78 0,37% 2.957 7,69% 505 2,39% 702 3,33%

MINISTÉRIO DA SAÚDE / FUNDO NACIONAL DE SAÚDE 205.625 26.420 12,85% 89.027 43,30% 88.146 42,87% 113.845 55,37% 114.417 55,64%

MINISTÉRIO DA SAÚDE / FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE 200.137 57.909 28,93% 103.636 51,78% 145.486 72,69% 145.486 72,69% 188.258 94,06%

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 78 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO 4.154 213 5,14% 635 15,30% 1.309 31,50% 1.684 40,54% 1.779 42,84%

MINISTÉRIO DO PLANEJAM.E ORÇAM. / IPEA 0 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL/Fdo Nacional deAssistência Social 294.868 32.226 10,93% 116.281 39,43% 178.820 60,64% 223.937 75,94% 245.267 83,18%

TOTAL 4.568.435 534.663 11,70% 1.519.926 33,27% 2.241.517 49,07% 2.643.727 57,87% 2.774.887 60,74%

Tabela 5Consolidação do Orçamento Federal para a Criança e Adolescência

Boletim da Criança e Adolescente � Publicação realizada em parceria entre o UNICEF e o INESC com o apoio da Frente Parlamentarpelos Direitos da Criança e do Adolescente - Instituto de Estudos Socioeconômicos - SCS - Qd. 08 - Bl. 50 - Salas 431/441 �Venâncio 2000 - CEP 70333-970 � Brasília-DF � Brasil Fone: (061) 226-8093 � Fax: 226-8042 E. Mail: [email protected] � Site:www.inesc.org.br � Editor: Jair P. Barbosa Jr. � Conselho Editorial: Bizeh Jaime, Iara Pietricovsky, Jair P. Barbosa Jr - Diagramação:Rubens Bonfim - Impressão: Ivan B. da Silveira.