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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LOURES BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS ISSN 1646-7027 Edição Especial n.º 26 12 de dezembro de 2016 ASSEMBLEIA MUNICIPAL Pág. 5

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LOURES

BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

ISSN 1646-7027

Edição Especial n.º 26 12 de dezembro de 2016

ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Pág. 5

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DIRETOR: Presidente da Câmara Municipal de Loures, Dr. Bernardino José Torrão Soares

PERIODICIDADE: Quinzenal PROPRIEDADE: Município de Loures EDIÇÃO ELETRÓNICA DEPÓSITO LEGAL n.º 148950/00 ISSN 1646-7027 COORDENAÇÃO, ELABORAÇÃO, LAYOUT E PAGINAÇÃO

GABINETE LOURES MUNICIPAL

Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 Diário da República, 1.ª série, n.º 17, de 25 de janeiro de 2011

Toda a correspondência relativa a LOURES MUNICIPAL

deve ser dirigida a

CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES

LOURES MUNICIPAL BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS

RUA MANUEL AUGUSTO PACHECO, 6 - 4º 2674 - 501 LOURES

TELEFONE: 21 115 15 82 FAX: 21 115 17 89

http://www.cm-loures.pt e-mail: [email protected]

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ÍNDICE

Pág. ASSEMBLEIA MUNICIPAL 5.ª Sessão Extraordinária 5 Sessão Solene comemorativa dos 40 anos do Poder Local Democrático

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL

DELIBERAÇÕES

5.ª Sessão Extraordinária, realizada em 12 de dezembro de 2016

Sessão Solene

comemorativa dos 40 anos do Poder Local Democrático

No início da Sessão foram, pela Senhora Presidente da Assembleia Municipal, apresentadas as boas-vindas aos convidados, ao público presente e aos anteriores Presidentes da Assembleia Municipal António Fernando Menezes Rodrigues, Maria Irene Marques Veloso, Manuel dos Santos Ramos Veiga, Pedro Manuel Farmhouse Simões Alberto e Primeiro Secretário Francisco Pereira Vaz Vitorino.

Seguiu-se a intervenção inicial da Senhora Presidente da Assembleia Municipal, Fernanda Maria Cardoso Santos.

Presidente da Assembleia Municipal de Loures, Fernanda Maria Cardoso Santos

O Município de Loures decidiu em boa hora assinalar e comemorar os 42 anos de Poder Local Democrático. As iniciativas a realizar, quer sejam da responsabilidade da Assembleia ou da Câmara Municipal, tiveram desde logo alguns objetivos fixados em conjunto de modo a que a complementaridade e trabalho individual de ambos os órgãos fosse conseguida. Esses objetivos foram a reflexão sobre o percurso percorrido até ao presente, investigando e conhecendo melhor o passado, divulgando essa informação e conhecimento, pensando simultaneamente o presente, refletindo sobre as contingências atuais e perspetivando o futuro, contribuindo desse modo para a sua construção. O programa a desenvolver pela Assembleia Municipal integra um conjunto de iniciativas dirigidas ou focadas essencialmente na realidade local do Concelho de Loures. Serão, assim, realizados três debates que visam não só refletir sobre a realidade atual, com particular enfoque no nosso concelho nalguns casos e na realidade nacional noutros, mas também permitir a partilha de experiências entre os participantes. O primeiro destes debates, Movimento(s) associativo(s) e autarquia(s): dois poderes locais?, realizar-se-á no dia 11 de fevereiro e incindirá sobre as vertentes da cultura e desporto como fatores de inclusão e igualdade de oportunidades, a ligação entre os movimentos associativos como eventuais substitutos ou colaboradores do Estado, a legislação associativa e as interligações e interdependências entre as autarquias e os

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diversos movimentos associativos. Por movimentos associativos aqui entenda-se o conceito mais lato possível e não apenas as coletividades. O segundo debate, a realizar no dia 8 de março, As mulheres e/no Poder Local, assinalará simbolicamente o Dia Internacional da Mulher e procurará incidir sobre as vertentes das mulheres não só enquanto eleitas, mas também enquanto funcionárias autárquicas. A partilha de experiências entre mulheres e o seu relacionamento com e no Poder Local será o principal objetivo deste debate. O terceiro debate, a realizar no dia 18 de março, O papel dos órgãos deliberativos no Poder Local, focar-se-á sobre o sistema de governo das autarquias e o papel dos órgãos deliberativos, o estatuto dos eleitos locais e o papel menos visível dos órgãos deliberativos e a participação popular nos mesmos. Já a Câmara Municipal integra no seu programa 3 tipos de iniciativas, conforme foi anunciado ainda há pouco nesta mesma sala: - três exposições que visam registar a história

mais recente de Loures e do papel do Poder Local Democrático, a primeira das quais foi já inaugurada hoje, no espaço exterior dos Paços do Concelho.

- uma Conferência Nacional, para discutir um

conjunto de temas de grande atualidade, a realizar no Pavilhão Paz e Amizade, nos dias 20 e 21 de janeiro de 2017.

- a publicação de três obras de referência que

abordam aspetos diversos da história do Poder Local em Loures e o Livro da Conferência a realizar em janeiro.

Oportunamente serão divulgados os programas e participantes nestes três debates a organizar pela Assembleia Municipal, mas fica desde já o convite para que todos participem nesta reflexão sobre o Poder Local e divulguem estas iniciativas.

Seguiram-se as intervenções dos(as) Representantes Municipais eleitos pelas forças partidárias com assento na Assembleia Municipal.

Representante do PCTP-MRPP Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, João Mendes Alexandre

Minhas senhoras e meus senhores O chamado poder local democrático, cuja instituição pela Constituição de 1975 e eleições de dezembro de 1976 para os órgãos autárquicos então criados é aqui assinalada, nunca mereceu da parte do MRPP quaisquer ilusões quanto à sua verdadeira natureza. Com efeito, tal como denunciámos logo nas primeiras eleições autárquicas de 1976 num documento programático ainda hoje de grande atualidade - o Mandato Popular - as autarquias locais constituíram um dos instrumentos mais penosos da exploração e opressão das massas trabalhadoras. Nos anos das camarilhas salazarista e marcelista, os regedores, as câmaras e as juntas foram para os operários, os camponeses e todo o povo trabalhador os tentáculos dum polvo imenso que os manietava e sugava através das licenças e do papel selado, dos impostos e dos fiscais, dos polícias e dos caciques, dos calabouços e das multas. Continuando a seguir o texto do Mandato Popular de 1976, apesar de todas as esperanças em contrário, o papel das autarquias locais, relativamente ao povo, não se alterou substancialmente depois do golpe de estado militar do 25 de Abril. Os diversos partidos burgueses, do CDS ao PCP tomaram de assalto juntas e câmaras, defenderam ferozmente a permanência desses instrumentos tais como o fascismo os tinha deixado e passaram a servir-se deles em seu proveito e contra o povo, continuando a rapiná-lo e a oprimi-lo.

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E foi por isto que em muitos lugares o povo se pôs de pé, ao lado das câmaras e das juntas e contra elas, um outro tipo de órgãos locais, embriões dum novo poder, popular, sem burocratas nem parasitas, aptos a exprimir as reivindicações das massas: os órgãos de vontade popular, materializados nas comissões de moradores, comissões de bairro, de aldeia e assembleias populares. Sem prejuízo desta posição política de fundo, o meu Partido entendeu e entende que as assembleias municipais e de freguesia e as câmaras municipais, se nas mãos do povo e preenchidas pelos seus genuínos representantes, podem constituir-se em importantes alavancas no fortalecimento da sua consciência e capacidade de luta, tudo estando em saber quais os princípios, a política e o programa, qual o mandato popular que o povo deve impor aos seus representantes e cujo cumprimento lhes deve escrupulosamente exigir. Os órgãos autárquicos foram, ao longo destes 40 anos e em regra geral, um pasto para as clientelas dos partidos do poder e antros de corrupção, em que reinou sistematicamente a impunidade - tudo à custa de impostos e derramas cada vez mais pesados sobre quem trabalha e a criação de milhares de empresas municipais engordando um aparelho burocrático e parasitário para distribuir mais uns quantos tachos. Os partidos que assim se foram alapando democraticamente neste poder local eram e continuam a ser os mesmos que, em altura de eleições, queriam e querem campanhas apolíticas e apartidárias, para se furtarem às suas responsabilidades e manterem os seus caciques no poleiro, como se houvessem problemas nacionais que não tenham manifestações e reflexos diretos ao nível local, assim como não há problemas que possam ser resolvidos fora de uma solução geral nacional. E é nesse sentido que uma das coisas que os partidos que estão no governo se apressam a pedir é que as autarquias não atuem como contrapoder, quando é exatamente esse o papel que elas têm de assumir quando se trata, designadamente, de combater as políticas que levam ao desemprego e à miséria dos seus munícipes ou que as estrangulem financeiramente. Assistimos hoje também a mais uma descarada manifestação de hipocrisia por parte dos partidos do poder, desde o PS ao CDS, passando pelo PCP e BE, que tecem grandes loas ao chamado

poder local democrático, quando são eles próprios os responsáveis pelos maiores ataques a esse poder, começando pela tentativa da regionalização que, apesar de derrotada em referendo, se mantém latente, passando pela redução das dotações orçamentais aos municípios por via das alterações da lei das finanças locais e culminando recentemente pela demolidora e criminosa investida do governo de traição nacional Coelho/Portas, extinguindo freguesias com ancestrais tradições culturais e quase levando à falência municípios, sem contudo deixar de premiar os corruptos - tudo isto é hoje escamoteado por uma santa aliança reacionária, mas que seguramente não será esquecido pelo povo. Aliás, o que sobressai destas comemorações é até a preocupante existência de um clima de bom entendimento entre António Costa e o figadal inimigo do poder local Passos Coelho, saudada pelo presidente Marcelo, para a aprovação das medidas de pseudo-descentralização, as quais até agora só têm prejudicado as autarquias com maiores dificuldades por desacompanhadas de correspondentes compensações financeiras. No meio de tanto foguetório em redor do poder local e de festejados autarcas que começaram a sua carreira tachista pelos paços dos concelhos, também seria bom não esquecer que António Costa, agora como chefe de governo, acaba de meter na gaveta uma promessa feita como presidente da Câmara de Lisboa de criar uma Região especial nesta área metropolitana, dotada de um governo próprio eleito por sufrágio direto, reivindicação pela primeira vez feita pelo PCTP/MRPP há mais de 20 anos. Para o Partido que represento não há poder local democrático enquanto nas autarquias não houver homens e mulheres que defendam exclusivamente os interesses do povo e que façam desses órgãos alavancas para a unidade do povo na luta por uma sociedade sem exploração nem opressão. 40 ANOS DE ENGANOS E PROMESSAS Os municípios ou concelhos portugueses tem origem na organização política criada pelos romanos, tendo-se mantido ao longo dos séculos como as estruturas básicas de organização local das populações. Na grande reforma dos concelhos, em 1835, foram criados 856 municípios. No ano seguinte foram reduzidos para 383. Em 1898 eram cerca de 300. Atualmente são 308.

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Em 1950 existiam cerca de 3.853 freguesias. Atualmente são 4.260. 57.445 Autarcas foram eleitos (dados de 2011) sem contar com assessores, comissários políticos etc.. Empregavam em (2011) 132.000 funcionários. Sem contar com milhares de trabalhadores que trabalham a recibo verde. Ou que o fazem nas empresas municipais, etc.. Portugal, em toda a Europa, é o país com maior número de Juntas de Freguesia. A sua criação no século XIX correspondeu ao poder junto dos governos dos caciques locais. Uma das formas mais expeditas que os autarcas encontraram para subirem os seus ordenados, darem empregos aos membros dos respetivos partidos que não foram eleitos, mas também para financiarem os próprios partidos, foi a de criarem empresas municipais. Em 2010 calculava-se que existissem em Portugal mais de 2.000 empresas municipais, a maioria das quais totalmente endividada. Estamos perante verdadeiros antros de corrupção de que os autarcas não largam mão. O crescente poder das autarquias, sobretudo a partir de meados dos anos 80, tornou as câmaras municipais locais apetecíveis para todo o tipo de corruptos. Muitos autarcas foram-se instalando no poder, criando à sua volta vastas clientelas de dependentes. As autarquias entraram num desnorte total. Tornou-se uma prática corrente nas autarquias, consumirem-se rios de dinheiro em ações de propaganda, descurando as áreas fundamentais para a qualidade de vida das populações, como a educação, segurança, saúde, higiene, acessibilidades, etc.. O sistema político está-se nas tintas para a posição dos pequenos partidos, bem como para os cidadãos com as suas manifestações de oposição ao poder corrupto instalado. A única coisa que de facto evolui nestes últimos 40 anos de poder autárquico em Portugal é o número dos que não votam nos partidos instalados no poder. Todos nós sabemos: Que os autarcas e os seus partidos não são criminalizados pelas suas ligações corruptas com negócios imobiliários e bancos.

Os cidadãos não conseguem apear nenhum autarca por mais corrupto e aldrabão que seja. Montaram uma estrutura camarária que permite, a autarcas corruptos e dinossauros, saltitar de câmara para câmara e estarem eternamente em funções com as mordomias do cargo de autarca como se fosse uma profissão. Não existem tomadas de decisão das populações sobre questões concretas e significativas. (Somente a aldrabice dos orçamentos participativos e apenas onde o gangue local quiser aplicar esses orçamentos). Não existem referendos locais, pois a classe é intocável, e presumem-se donas de todo o saber. A manutenção deste poder autárquico está consignado nos 5 partidos parlamentares, que o usam para distribuir mordomias pelos seus apaniguados. Face a este panorama é lógico que os autarcas em Portugal, os grandes beneficiários desta administração local caótica, perdulária, ineficiente e permeável à corrupção, estão empenhados em que nada mude. A mudança só será possível através de um forte movimento cívico que se oponha a esta parasitagem que está a empobrecer Portugal. Ninguém duvida da importância das autarquias, assim como das suas virtualidades, mas agora estamos confrontados perante a necessidade de uma verdadeira revolução no seu funcionamento. O que existe não pode continuar, é a própria democracia que está em causa.

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Representante do CDS-PP Partido Popular, Lizette Braga do Carmo

OS 40 ANOS DO PODER LOCAL Assinalamos hoje os 40 ANOS DO PODER LOCAL Também este ano comemoramos os 100 anos das freguesias. O ideal municipalista inspirou a jovem República Portuguesa e foram criadas as freguesias que substituíram as paróquias civis há 100 anos, mas só há 40 anos é que a Constituição da República Portuguesa consagrou o verdadeiro poder local democrático. As autonomias regionais, as autonomias locais, foram grandes inovações, conquistas institucionais da democracia, e muitas conquistas sociais dos últimos 40 anos se devem também a estas instituições, sendo que nunca será demais lembrar que, desde o saneamento à infraestruturação, mas também à habitação, à oferta cultural, à oferta desportiva, aos apoios sociais, todos foram dando, pouco a pouco, tradução aos direitos sociais consagrados na Constituição. As juntas de freguesia e os municípios desempenharam aqui um papel fundamental, crescendo merecidamente em competências e qualificações e, 40 anos depois, não há dúvidas de que a reaproximação dos cidadãos à política não pode deixar de passar pela política que está mais próxima dos cidadãos, a política local e as suas instituições. Foi o reconhecimento da mais-valia que constituía, e constitui ainda hoje, a proximidade do exercício do poder com os cidadãos, a proximidade com as vivências quotidianas, a partilha dos problemas e preocupações mais concretos e específicos de cada local e região.

Cabe-nos aqui hoje reconhecer e louvar publicamente 40 anos de um notável exercício do poder empreendido localmente, quer nas freguesias, quer nos municípios. Todos sem exceção, Estado, partidos políticos, portugueses, todos nós, nos sentimos gratos e orgulhosos pela dedicação dos nossos autarcas, cidadãos comuns que dão tanto de si recebendo tão pouco. É nesse sentido, e no seio desta celebração, que enaltecemos os esforços destes representantes do povo que tantas vezes sacrificam a sua vida familiar e profissional em prol de um bem comum maior: os seus concidadãos, a sua freguesia, o seu município. Sra.s e Srs. Deputados, com capacidade para agir em nome da sua população em áreas tão abrangentes como o apoio social, a cultura, o desporto, a educação, a saúde, o ambiente ou a qualidade de vida, os órgãos do poder local têm de ser dotados de competências próprias e dos correspondentes meios financeiros para melhor darem cumprimento ao princípio da subsidiariedade e poderem continuar a cumprir cabalmente as funções que os cidadãos requerem. O mundo dos nossos dias, com a evolução social, económica, tecnológica e ambiental a que assistimos, impõe uma nova visão do País, uma visão global com ação local, que promova a valorização do território e garanta o seu desenvolvimento integral e coeso. Importa, por isso, prosseguir o processo desencadeado pelo anterior Governo PSD/CDS e avançar com uma descentralização de competências efetiva, para que, descentralizando o Estado nos municípios e os municípios nas freguesias, possamos ter uma profícua atribuição de competências e também, como não pode deixar de ser, de recursos próprios nas juntas de freguesia e câmaras municipais. É por isso chegada a hora de termos uma visão diferente e para tal contamos com todos, como parceiros indissociáveis do Estado, com a preciosa e indispensável ação dos nossos autarcas que nos representam em todas as freguesias e municípios que cobrem este País, terra que honrosamente herdámos e que temos a obrigação de conduzir rumo a um futuro que se deseja auspicioso e condigno com a história de Portugal.

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Obviamente que ainda há muita coisa a fazer. Há deficiências, há défice populacional, há défices de massa crítica, há défices de relações económico-sociais, mas há também muito espaço de oportunidades. E são esses espaços de oportunidades que importa enfrentar, agarrar e proteger nos seus recursos humanos, no seu património, nos recursos naturais que são de interesse nacional, quer seja nas florestas, quer seja na agricultura ou até no seu património. O CDS confia, pois, nas freguesias e nos municípios, para vencer os desafios do futuro. Termino dizendo, Sra. Presidente, Sra.s e Srs. Deputados, que a comemoração de hoje é um sinal de gratidão, mas é também um sinal de esperança de que nós, quando podemos confiar, confiamos e esperamos muito do poder local em Portugal.

Representante do Bloco de Esquerda, Carlos Luís da Costa Gonçalves

Ilustres convidados presentes Senhora Presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Loures Senhoras e Senhores Deputados Municipais Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores Senhoras e Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia Cidadãs e Cidadãos do Concelho de Loures

A autonomia do poder local foi amplamente reconhecia pela Constituição da República Portuguesa de 2 de abril de 1976, que lhe consagrou uma ampla proteção, erigindo-a como elemento estrutural da ordem constitucional portuguesa. A 12 de dezembro de 1976, realizavam-se as primeiras eleições livres e democráticas para os órgãos das autarquias locais depois de 50 anos de interrupção desta prática. Pela primeira vez, depois de largos anos de repressão, o povo decidia livremente sobre os seus destinos. Neste dia em que nos encontramos a comemorar os 40 anos de poder local democrático é tempo de fazer ouvir a nossa voz e construir um futuro ainda melhor para as gerações vindouras. Honrar todas as mulheres e homens que nos antecederam nos cargos que cada um aqui hoje representa será o melhor legado que poderemos deixar e a melhor forma de homenagear quem nos antecedeu. Honrar todas e todos aqueles que ao longo destes 40 anos nos deram muito do seu tempo e do seu saber e que contribuíram indelevelmente para aquilo que é hoje o Concelho de Loures. Alguns dos autarcas que hoje aqui estão já são os filhos dessa geração de autarcas que começou a construir o nosso futuro. Acreditamos que os ensinamentos que foram transmitidos e a verticalidade com que exerceram os cargos para os quais foram eleitos deixou a sua marca e também a vontade em muitos de nós de continuar a lutar por um trabalho autárquico melhor e no sentido de servir as populações. Servir as populações e não servir-se delas, só pode ser esta a ambição de um autarca que se preze. A proximidade que é pedida a um autarca e o contacto direto e diário com os cidadãos será sempre uma mais valia no desempenho dos cargos. Não obstante a constatação desta proximidade, as populações continuam em muitas das assembleias de freguesia deste concelho a verem relegado para o final das sessões o “período de intervenção do público” e na era das novas tecnologias, a maioria das freguesias não publica os Regimentos das AF assim como as deliberações e editais, nos seus sites.

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Todos aqueles que foram eleitos em 1976 e que aqui são homenageados, sabem bem a dificuldade que foram esses primeiros tempos de democracia e as lutas que foi preciso travar em cada uma das freguesias. A realidade é hoje diferente do que era em 1976, as freguesias são outras e o ordenamento é diferente. Como diferente foi ao longo destes 40 anos. Fica aqui também uma palavra para aqueles autarcas que ao longo destes 40 anos lutaram por ter novas freguesias. Muitos deles conseguiram levar em frente os seus sonhos, mas movimentações políticas ainda hoje não totalmente esclarecidas fizeram andar para trás esse processo, levando à agregação ou extinção de algumas dessas freguesias. Processo protagonizado pelo governo de direita PSD/CDS, processo esse conturbado, pouco ou nada democrático, em que prevaleceu a lei economicista cega e ideológica, em todo o território nacional, e onde, mais uma vez, não foi ouvida a voz das populações, fazendo letra morta da CRP que logo no início do texto (art.º 2.º) estabelece que “A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular...” e que (art.º 3.º) “A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.” Se o poder local representa a dinâmica democrática e a proximidade decisória com as populações, também tem sido tentado e seduzido, quando não empurrado para práticas que diminuem os valores democráticos e republicanos. Assim, a tendencial opção do legislador para a transferência de competências para entidades intermunicipais sem legitimidade democrática direta, representa um distanciamento dos cidadãos dos decisores, a par de um refúgio de tantos autarcas em decisões de órgãos que nada representam para as populações. Por isso, quer a regionalização quer a eleição direta das áreas metropolitanas é imperiosa, devolvendo aos cidadãos os seus direitos de participação política. O mesmo se diga quanto à opção muitas vezes incorreta de externalização da atividade das autarquias locais, através do setor empresarial local, diminuído o escrutínio e controlo democrático de tais atividades e potenciando práticas menos transparentes que as exigidas na regular atividade administrativa. Temo-lo dito e reafirmamos neste momento.

Hoje, ao celebrar o poder local democrático, é também dia de exigir e inscrever na agenda política e eleitoral o respeito, a defesa e a promoção de todos os mecanismos legalmente admissíveis de democracia participativa e de democracia direta. É tempo, pois, de afirmar que o mandato eletivo, apesar de não ser imperativo, deve ser entendido como limitado, não apenas pela Constituição e pela lei, mas também pela vontade popular expressa noutras sedes, sob pena de se reduzir a sua legitimidade. É tempo de afirmar que se deve promover a participação dos cidadãos nas decisões autárquicas, seja por via referendária, seja por via dos diversos mecanismos de democracia deliberativa e de democracia participativa, como seja o Orçamento Participativo. Na prática, verificamos que não se segue hoje o caminho mais avançado. Importa alargar a margem de participação para os menores de 18 anos, solução já em uso em vários municípios e prevista no Orçamento de Estado para 2017, incentivando assim à participação dos mais jovens, de quem se diz que andam tão afastados da política. Desde o primeiro momento o Bloco de Esquerda, defendeu a necessidade de auscultação das populações. O nosso compromisso é, como sempre foi, com as pessoas. Em nome deste compromisso procuramos ouvir e dialogar, aprender com a experiência e com as lutas, com os anseios e com os sonhos de quem vive, trabalha, estuda ou desenvolve atividade neste extenso território. É esta a prática democrática que manteremos neste e em futuros mandatos. Recusamos que cada voto que recebermos signifique um total poder de decisão que arrede ou desvalorize a participação de todas e todos os munícipes. As Autarquias são hoje um dos pilares fundamentais do desenvolvimento social, cultural e económico do país e a base de sustentação do regime democrático em Portugal. Por isso, é imperativo que todos os cidadãos e cidadãs, de todas as idades, se empenhem profundamente e participem, de uma forma ativa e consciente, nas decisões políticas da sua região. Porque Participar é Decidir. Viva o Poder Local Democrático!

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Representante da Coligação “Loures Sabe Mudar”, Sara Raquel Bordalo Gonçalves

Exma. Sra. Presidente da Assembleia Municipal de Loures Exmo. Sr. Presidente da Câmara Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores Caros representantes municipais Ilustres convidados Estimado Público Estamos aqui hoje para comemorar os 40 anos do poder democrático local em Portugal. Foi-me atribuída esta tarefa, a de fazer a intervenção em nome da Coligação Loures Sabe Mudar, em nome do PSD Loures, a mim que nasci na democracia, que vivi sempre com a oportunidade de poder escolher, com a liberdade de poder falar, com a possibilidade de participar na vida política. Hoje festejamos o poder da liberdade de escolha, de votar nos seus líderes locais. Da possibilidade de qualquer pessoa, independentemente do género, da classe social ou da cor da pele se candidatar a cargos públicos. Este poder que nos deu e nos dá a oportunidade e capacidade de participar ativamente na vida pública, na vida política. Na hipótese de qualquer cidadão ser parte fundamental na tomada de decisões do nosso país sejam elas de nível local e/ou nacional. O poder local e a sua atuação durante o Estado Novo foram um período de centralização, que transformou os órgãos autárquicos em extensões da administração central, presididos por mandatários nomeados pelo Governo que se caraterizavam por um espírito de obediência e acomodação.

Depois do 25 de Abril, Portugal passou a viver num regime democrático. Mas devido à instabilidade política só a 12 de dezembro de 1976, há precisamente 40 anos atrás, se realizaram as primeiras Eleições Autárquicas Democráticas. Nestas eleições, foram eleitos 304 presidentes de câmaras municipais, 5135 deputados municipais, e cerca de 26 mil deputados para as assembleias de freguesia. Pela primeira vez, depois de largos anos de contenção, o povo decidia livremente sobre os seus destinos. Depois da decisão de celebrar esta data ao nível da Assembleia Municipal de Loures, observamos a importância que as autarquias locais desempenham na nossa vida. São estas que estabelecem o primeiro contacto com os cidadãos, com as populações. São elas que permitem o exercício da cidadania de proximidade, na resposta às necessidades das pessoas, na construção de uma vida comunitária salutar e participativa. Cada vez mais, os habitantes participam na “vida” do município, pelo que a importância da proximidade, da identificação do presidente da câmara, do presidente da junta, do eleito da assembleia municipal ou de freguesia por parte da população, não obstante o partido ou movimento por que foram eleitos, sejam fundamentais para o desenvolvimento dos territórios. O nosso país é atualmente desenvolvido, moderno e reconhecido. E isto deve-se em grande parte a um poder local ativo, participativo, empreendedor, dinâmico e responsável. É também a este poder local democrático que devemos o acesso aos equipamentos sociais, culturais e desportivos, acessibilidades, nomeadamente a infraestruturas rodoviárias a aldeias, vilas e cidades portuguesas, a criação de redes de ajuda social aos mais carenciados, a promoção da equidade, ao estímulo ao investimentos e à industrialização através da criação de parques industriais e tecnológicos, a identificação entre os cidadãos e os agentes políticos. São igualmente autarcas em geral, e os sociais-democratas em particular, quem assume uma atitude inconformada perante as desigualdades de tratamento das políticas públicas, quem reivindica e reclama pela igualdade de tratamento entre as várias regiões do País, quem exige e implementa opções de descriminação positiva que permitam transformar cada cidadão num igual entre os seus pares, que somos todos nós.

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Não poderia deixar de falar da alteração expressiva que foi a presença das mulheres nas autarquias locais, neste últimos 40 anos, tanto ao nível das funcionárias, como das eleitas, apesar da grande diferença ainda existente entre o rácio de mulheres e homens, este número era impensável há 50 ou 60 anos atrás. As leis da paridade contribuem de forma positiva para a eleição das mulheres no poder e tomada de decisão, mas não são suficientes para a mudança da realidade social e por isso temos de continuar a trabalhar para a igualdade. Nós, membros do PPD/PSD orgulhamo-nos de fazer parte desta história, e muito mais do que ganhar mandatos, o que queremos é melhorar a vida das pessoas.

Representante do Partido Socialista, Miguel Nuno Pedro Cardoso Matias

Comemorar 40 anos de poder local democrático é sobretudo comemorar 40 anos de participação popular nos destinos de um concelho que emergiu muito antes. E só existe comemoração da liberdade quando o povo através dos seus eleitos relembra a história. A história em tudo o que ela tem de bom ou de menos bom. Para que os exemplos sirvam não só de guião ao presente mas que lembrem aos mais jovens o papel que os autarcas exercem, seja em democracia ou não, seja em liberdade ou não. Relembrando também que nem sempre os autarcas serviram de meros veios de transmissão entre os poderes autocráticos e o povo subjugado mas que, bastas vezes, eles mesmos e em situações de muito maior dificuldade, conseguiram proteger as suas populações.

A evolução da cidade de Lisboa e a importância económica de Loures permitiram que a 26 de julho de 1886 Loures fosse, por decreto real, elevado a concelho, integrando freguesias dos entretanto extintos concelhos dos Olivais e Belém. Contudo, só a partir de 2 de janeiro de 1887, é que viria a iniciar a sua plena atividade, com a instalação do novo concelho e eleição do seu primeiro presidente, Anselmo Braamcamp Freire. Com o advento da 1.ª República, no dia 13 de outubro de 1910, toma posse uma Comissão Administrativa provisória, nomeada por aclamação e (facto característico da importância política da igreja, à data), pelos respectivos delegados paroquiais, composta por Augusto Herculano Moreira Feio, presidente, José Pedro Lourenço, Manuel Marques Raso, Júlio Camilo Alves, vice-presidente, Jaime Manuel dos Santos, Tiago da Silva Santos e Francisco Maria Borges. Este foi o 12.º presidente de Câmara - Augusto Herculano Moreira Feio. Foram 19 os Presidentes de Câmara que - eleitos - acompanharam Portugal na sua 1.ª República, tendo sido o 31.º e último - Alberto José de Oliveira - 7 de janeiro de 1925 a 7 de julho de 1926. Com o advento da ditadura, foram 9 os Presidentes de Câmara que acompanharam todo o tempo pardacento do fascismo, tendo sido o 1.º deles e o 32.º - Francisco Marques Beato - cujo mandato perdurou de 12 de julho de 1926 a 6 de outubro de 1931. O 9.º e último dos Presidentes de Câmara do período não democrático e 41.º - Luís Filipe da Cunha de Noronha Demony - cessou funções já abria os olhos a liberdade. A 17 de junho de 1974. A Liberdade porém, não significou de imediato participação democrática pois o 1.º Presidente e 42.º foi José Augusto Gouveia - 18 de junho de 1974 a 2 de janeiro de 1977. Não foi Presidente de Câmara mas sim Presidente da Comissão Administrativa para a qual foi nomeado. O 1.º Presidente de Câmara, eleito democraticamente e 43.º, foi António Riço Calado, eleito pelo Partido Socialista e que exerceu mandato de 3 de janeiro de 1977 a 3 de janeiro de 1980.

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O contributo do Partido Socialista completou-se - até ao presente - com a eleição do 7.º Presidente de Câmara eleito após o 25 de Abril de 1974 e 49.º, Carlos Teixeira. Fez três mandatos (2002 a 2013) e, no último, protagonizou a primeira maioria absoluta conquistada pelo Partido Socialista em Loures. 50.º - Bernardino José Torrão Soares (22 de outubro de 2013 ao presente) - 8.º presidente eleito democraticamente mas ainda nascido antes do 25 de Abril (1971). Esta pequena resenha evocativa da história apenas pretende, como disse no início, acautelar a memória dos presentes e exortar os jovens para os muitos papéis que a governação pode contemplar. Tenho pena, nesta era desenfreada da comunicação, que o site institucional do Município não nos traga esta história, pelo menos uma lista discreta de quem foram as pessoas que geriram os nossos destinos, uns melhor outros pior, mas que ajudaram a fazer de Loures o concelho que hoje temos e no qual nos orgulhamos de viver! O desafio que hoje se nos apresenta, autarcas eleitos, é difícil. Difícil mas gratificante porque, mandatados pelo Povo, temos de continuar a dirigir, conjugando o verbo servir. Esse é o múnus do papel e obrigação do autarca. Servir o Povo! Teremos uma reorganização administrativa para breve que certamente irá ajudar a uma governação de maior proximidade. Uma governação que deve ser mais e mais reivindicante dos poderes e reivindicativa dos direitos dos Lourenses. Com um escrutínio constante por parte do Povo e do qual este espaço é exemplo bem vivo. Para terminar, apenas uma nota a este espaço físico: o palácio dos Marqueses de Monforte! Evocativo da memória do 5.º e 7.º Presidente da Câmara de Loures! De seu nome D. Duarte Borges Coutinho de Medeiros de Sousa Dias da Câmara - exerceu funções entre 1896 e 1904, tendo sido um Presidente monárquico a dar nome a esta casa republicana! Um exemplo vivo do respeito democrático pela história o qual só é possível pela vivência em liberdade!

Representante da Coligação Democrática Unitária, Francisco Joaquim Lourenço Pereira

“40 Anos das primeiras eleições autárquicas democráticas” Senhora Presidente da AM Senhor Presidente da CM Loures Senhores vereadores e eleitos municipais Ilustres ex-presidentes da AM e ex-secretários Representantes das entidades e instituições convidadas Representantes do movimento associativo Minhas Senhoras e meus senhores No fascismo os municípios perderam a sua autonomia e o seu dinamismo e passaram a integrar a cadeia de um poder centralista, alheado do bem-estar da população. Não contribuindo para ultrapassar o atraso que se verificava. O 25 de Abril e a Revolução que se lhe seguiu veio encontrar Portugal, as suas vilas e aldeias, as suas cidades e principalmente a sua população carente das infraestruturas e das necessidades mais básicas. O povo pôs mãos à obra e em torno da resolução dos problemas organizaram-se comissões de moradores e outras estruturas de base e fizeram-se arranjos de arruamentos, jardins, canalizações de águas e esgotos, creches e jardins-de-infância. Por quase todo o país, comissões administrativas para as câmaras municipais substituíram as administrações ligadas ou colocadas pelo regime fascista.

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Em Loures na manhã de dia 1 de maio de 1974 realizou-se no campo de jogos do Desportivo dos Olivais uma grande Assembleia Popular que aprovou para a presidência da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Loures, o lutador antifascista José Augusto Gouveia. Ainda antes das eleições, que hoje assinalamos, a administração das Autarquias Locais, pelas forças democráticas, deu lugar a significativas realizações tendentes à democratização da vida local e à resolução dos problemas mais urgentes das populações. O balanço foi altamente positivo e Loures foi disso um exemplo. Em 12 de dezembro de 1976 realizaram-se as primeiras eleições autárquicas que sedimentaram a existência do poder local. A situação em que os eleitos nas primeiras eleições tiveram de assumir as suas responsabilidades era extremamente difícil. Apesar de tudo, em muitas autarquias, no que respeita à eletrificação, à distribuição de água ao domicilio, à colocação de esgotos, fez-se mais em 3 anos do que se fizera em 50 anos de fascismo. E onde o povo não estava satisfeito nas eleições seguintes elegeu novas equipas para gerir as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia. De imediato se impôs a luta pela aprovação de uma lei que definisse as atribuições e competências das autarquias e de uma lei que definisse e assegurasse as finanças locais. Luta árdua, mas bem-sucedida. Ganha esta batalha iniciou-se outra para que os governos aplicassem e respeitassem a nova legislação. O Poder Local afirmou-se como espaço de participação democrática e cívica e constituiu um importante elo de ligação do poder às populações e de intervenção destas na construção e luta por melhores condições de vida. A cultura e o desporto, o ordenamento do território e o planeamento, o ambiente e a proteção civil, o atendimento e o direito à informação, a reestruturação dos serviços e a valorização dos trabalhadores e dos seus direitos. A administração direta e a delegação de competências nas Juntas de Freguesia e em estruturas de base popular e associativa passaram a integrar os objetivos e as ações das autarquias, Loures orgulha-se de ser pioneira nesta delegação de competências.

Foram quilómetros de estradas, quilómetros de canos e condutas, depósitos de água, escolas, recolha e tratamento de lixo e esgotos, casas de cultura e juventude, recuperação e legalização de Áreas Urbanas de Génese Ilegal, campos de jogos e pavilhões desportivos, teatros, parques urbanos e de recreio e lazer, centros de dia e de convívio, trabalho e apoio social. Foi o Progresso, o desenvolvimento e a qualidade de vida a chegar aos concelhos, ao país e às populações. O Poder Local continua a ser um instrumento fundamental de resolução dos problemas das populações, malgrado a persistente e continuada ofensiva no sentido de lhe retirar meios indispensáveis à plena persecução dos seus objetivos. Sucessivos anos de política de direita procuraram: - Limitar a democraticidade, autonomia e

participação popular na gestão das autarquias. - Consagrar os sucessivos esbulhos de verbas. - Transferir responsabilidades para as

autarquias sem a correspondente transferência financeira.

- Limitar a autonomia autárquica na gestão de

pessoal e na organização de serviços. - Agravar a tutela do governo sobre as

autarquias. Política essa que conduziu progressivamente o Poder Local a uma situação de crescentes dificuldades financeiras, dependência redutora da autonomia local e da sua conhecida capacidade de realização. Incumprimentos sucessivos da Lei de Finanças Locais, transferência de encargos e isenções não compensadas e a assunção de novas responsabilidades sem as devidas contrapartidas financeiras afetaram a situação financeira da maioria das autarquias. Também a degradação progressiva e deliberada dos níveis salariais e da política de carreiras dos trabalhadores das autarquias conduziram a uma acrescida dificuldade de atração e fixação de profissionais qualificados em áreas operárias, operacionais, técnicas e de direção necessárias à prestação de um serviço público de qualidade.

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Se é verdade que o Poder Local democrático foi atacado desde que nasceu, foi o governo anterior que, afrontando a Constituição da República, desenvolveu uma brutal ofensiva, das atribuições, ao regime financeiro, da organização do território à estrutura e organização dos serviços, tudo foi objeto da ofensiva, suspendendo, diminuindo ou eliminando elementos essenciais que deram corpo à autonomia e aos princípios consagrados na Constituição. Esta ofensiva empobreceu ainda mais o poder local, na sua dimensão democrática, atingiu o exercício das atribuições e competências, cerceou meios e recursos humanos e financeiros, capazes de assegurar a resposta às aspirações e interesses da população. As liquidações de freguesias, com a consequente perda de identidade e diminuição da proximidade e participação, a imposição da Lei dos Compromissos, a «obrigatoriedade» da redução de trabalhadores e a proibição de recrutamento, traduziram-se na redução da qualidade do serviço público. Integram-se também, nesta ofensiva, os processos de alteração às competências da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, os processos de agregação e verticalização dos sistemas de água, que procurando retirar aos municípios a competência da gestão da água em baixa, têm no bojo a sua privatização, ao que se junta os processos de privatização da recolha e tratamento dos resíduos sólidos, a tentativa de transferência para as autarquias de competências da responsabilidade da Administração Central do Estado nas áreas da saúde, educação, segurança social e cultura. A ofensiva descaracterizadora do poder local avançou muito, mas a resistência, o trabalho, a dedicação de milhares de eleitos, a luta geral dos trabalhadores e do povo, conseguiu travá-la em muitos dos seus aspetos. É neste quadro que valorizamos, fruto da luta dos trabalhadores e da ação de milhares de eleitos, a reposição das 35 horas de trabalho semanais na Administração Pública local, o fim dos cortes salariais, o descongelamento das admissões de pessoal nas autarquias locais, a abertura do caminho para o combate à precariedade laboral. No momento em que assinalamos os 40 anos das primeiras eleições autárquicas queremos deixar uma palavra de reconhecimento e homenagem aos que pela sua luta permitiram que o Poder Local fosse possível – a tal Alvorada.

A todos os autarcas municipais e de freguesia que com o seu trabalho construíram a realidade de hoje. Aos trabalhadores das autarquias que materializaram a imensa obra material e imaterial. Queremos reafirmar que o país estaria muito pior sem este poder local e que acreditamos que é possível construir um Portugal mais justo, com um poder local mais forte, nas suas diversas dimensões. Viva o Poder Local Democrático!

A Sessão Solene terminou com a intervenção da Senhora Presidente da Assembleia Municipal, Fernanda Maria Cardoso Santos.

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures Senhoras e senhores Vereadores Caros eleitos da Assembleia Municipal e restantes autarcas aqui presentes Senhoras e senhores convidados Um cumprimento especial aos anteriores presidentes da Assembleia e secretário aqui presentes Caros técnicos e dirigentes municipais Minhas senhoras e meus senhores

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Assinalamos hoje o quadragésimo aniversário das primeiras eleições autárquicas, realizadas precisamente nesta mesma data em 1976. Momento maior da nossa Democracia, culminava nesse dia mais um processo iniciado a 25 de Abril de 1974 de restituir ao povo português a decisão do seu futuro, já após a realização das eleições para a Constituinte em 1975 e das legislativas e presidenciais nesse mesmo ano. Assinalamos igualmente este ano os 40 anos da Constituição da República Portuguesa, outro marco fundamental da nossa história recente. Convém relembrar que, antes do 25 de Abril de 1974, as autarquias eram órgãos emanados do Poder Central, o qual, através do Ministério do Interior, nomeava os governadores civis e estes por sua vez designavam os presidentes das câmaras que, por sua vez, escolhiam os regedores. Já as Juntas de Freguesia eram eleitas diretamente pelos chefes de família residentes nessa freguesia, o que desde logo excluía a esmagadora maioria das mulheres do direito a voto, sendo supervisionadas pelo regedor nomeado pelo presidente da câmara. No concelho de Loures, tal como em muitas outras localidades por todo o país, o povo decidiu que os fascistas não deviam continuar à frente das autarquias e escolheram para os substituir democratas da sua confiança, muitos deles antifascistas de longa data. As comissões administrativas, criadas logo nos primeiros meses da Revolução de Abril, tomaram a seu cargo a gestão das freguesias e concelhos, deparando-se com situações confrangedoras de uma enorme miséria e de falta de quase tudo o que era e é essencial, desde equipamentos, infraestruturas e habitação, a serviços fundamentais à população. O Poder Local nascia assim com o imenso desígnio de estar verdadeiramente ao serviço das populações e do desenvolvimento local, contribuindo de modo decisivo para a inversão do quadro de enormes carências herdado do regime fascista. No nosso concelho, cujo território na altura abrangia igualmente o concelho de Odivelas, largos milhares de pessoas viviam em barracas ou em bairros clandestinos, sem as mínimas condições e total ausência de infraestruturas. Face a esta realidade, a constituição das comissões administrativas com apoio popular expressou de modo inequívoco o caráter profundamente popular da Revolução de Abril, constituindo em si mesmo uma defesa e consolidação, quer da democracia e da liberdade que esta iniciou, quer um importante momento de

arranque de uma profunda melhoria das condições de vida do povo português. Loures é disso exemplo, um dos concelhos onde o Poder Local Democrático nasceu com Abril. Por isso, será também correto dizer que o Poder Local começou verdadeiramente há 42 anos atrás, em 1974, constituído por democratas, apoiado pelo entusiasmo e participação popular, e caracterizado por um estilo de trabalho que a todos pretendeu juntar na mesma vontade e anseio de servir as populações, em particular as mais carenciadas. Nesta alvorada do Poder Local, a urgência de resolução de carências básicas exigiu respostas imediatas e eficazes. Foram assim criadas infraestruturas e equipamentos essenciais, desde o abastecimento de água, a canalização e recolha de esgotos, a construção e alcatroamento de ruas e estradas, a recolha de lixo, o fornecimento de luz elétrica. Esta foi uma época inesquecível de grande entusiasmo, do concretizar de sonhos em que autarcas e populações, em estreita colaboração e esforço conjunto, trabalhavam para melhorar as suas condições de vida a todos os níveis. A constituição de comissões e associações de moradores, bem como de outros organismos populares locais de base, depois acolhidas na Constituição, são incentivadas e apoiadas pelas autarquias, que se abrem à participação popular e à dos funcionários autárquicos permitindo que estes se pronunciassem sobre as melhores opções e soluções para os problemas que se tentava resolver. Nunca o Poder esteve tão perto de quem o elegeu, nunca os eleitores estiveram tão envolvidos no processo de tomada de decisões. Depois desta primeira fase de resolução de condições básicas de vida, o Poder Local passa pouco a pouco a dirigir a sua atenção e ação para intervenções de outro nível e âmbito mais estrutural. Planeiam-se e criam-se escolas, equipamentos culturais, desportivos e sociais, parques e jardins. Inicia-se a fase da aposta na qualidade de vida e bem-estar das populações para além das infraestruturas mínimas. Foram e são as autarquias os verdadeiros motores de desenvolvimento das localidades com a criação de verdadeiros pólos de mudança e atração nos mais diversos domínios. 42 anos depois, passado o entusiasmo inicial e tendo-se consolidado o Poder Local Democrático, vivemos hoje tempos muito diferentes e, paradoxalmente, com muitas mais e maiores dificuldades do que então. Ao longo dos últimos anos tem-se verificado um feroz ataque às

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autarquias, pondo de modo decisivo em causa a sua capacidade de resposta. Os ataques à sua autonomia política e financeira, com a eliminação ou simples não cumprimento do princípio constitucional da justa repartição entre a Administração Central e Local. Os ataques à sua autonomia administrativa, com ingerências inaceitáveis em matéria de pessoal, de organização de serviços ou no que respeita ao setor empresarial local. Ou o ataque maior ocorrido na extinção de quase 1.200 freguesias em 2013 contra a vontade das populações e dos seus eleitos na esmagadora maioria dos casos, como foi o caso das oito freguesias extintas no nosso concelho contra a vontade unânime de todos os órgãos autárquicos. Por isso, quando assinalamos a data em que formalmente se constituíram as autarquias enquanto órgãos de Poder, não podemos nem devemos escamotear a memória de como foi o início de tudo. Nem de como foi ontem e do que queremos que seja amanhã. De quem foram os muitos milhares de homens e mulheres que trabalharam ao longo destes 42 anos para que o nosso concelho seja o que é hoje. Porque, sem o Poder Local Democrático, filho de Abril e do seu ventre nascido, não poderíamos estar aqui hoje todos para, em total liberdade, podermos expressar a nossa opinião e visão do que queremos que este concelho venha a ser, seja a nossa opinião maioritária ou não. Porque nós, filhos de Abril, devemos ao Poder Local muito do que hoje tomamos por adquirido e do que entendemos que deveríamos ter no futuro. Por isso, eu filha de Abril e do Poder Local Democrático, aqui me encontro hoje perante vós, ocupando este cargo. Porque sem Abril tal não seria possível. Viva o Poder Local Democrático! Viva Loures!

SUBSTITUIÇÃO DE REPRESENTANTES

Carlos Manuel do Carmo Gomes, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Beatriz Goulart da Silva Pinheiro. Pedro Manuel Alves Pedroso, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Beatriz Nogueira Matias. Filipa Alexandra Marques da Costa, eleita pela Coligação Democrática Unitária, por Ana Clara Pedrosa Fernandes. Orlando de Jesus Lopes Martins, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Lídia Maria da Silva Graça Mateus. Ricardo da Cunha Costa Andrade, eleito pela Coligação “Loures Sabe Mudar”, por António Fernando Castanheira Pinto Santos. Manuel Augusto de Jesus Glória, Presidente da Junta de Freguesia de Loures, pelo substituto legal Domingos Nunes Ivo. Filipe Vítor dos Santos, Presidente da Junta da União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho, pelo substituto legal António Anastácio Gonçalves.