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Boletim Epidemiológico Número 2 agosto | 2018 A sífilis em Juiz de Fora Juiz de Fora

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BoletimEpidemiológicoNúmero 2agosto | 2018

A sífilis em Juiz de Fora

Juiz de Fora

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PREFEITO

Antônio Carlos Guedes Almas

SECRETÁRIA DE SAÚDE

Elizabeth Jucá e Mello Jacometti

SECRETÁRIO ADJUNTO DE SAÚDE

Márcio Luiz Itaboray

SUBSECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Rodrigo Coelho Almeida

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A presente publicação do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora (DVEA/SSVS/SS/PJF) apresenta os dados de sífilis em gestantes, sífilis congênita e sífilis adquirida no município, bem como dados epidemiológicos da doença em série histórica de seis anos (2012 a 2017). Este boletim tem como objetivo atualizar e divulgar as informações acerca dos agravos, monitorar o curso da doença no município e, consequentemente, dar subsídios para a elaboração de políticas públicas voltadas para a sífilis.

A sífilis é uma infecção bacteriana sistêmica, de evolução crônica e exclusiva do ser humano. Seu agente etiológico, Treponema pallidum, pode ser transmitido de forma sexual, vertical e sanguínea. A forma adquirida da doença compõe a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional desde 2010 (Portaria GM/MS Nº 2.472). A sífilis congênita é de notificação compulsória desde 1986 e a sífilis em gestantes, desde 2005 (BRASIL, 2005).

No Brasil, desde 2010 - ano em que a sífilis passou a integrar a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública - foi observado um aumento constante no número de casos de sífilis adquirida, congênita e em gestantes, que pode ser atribuído, em parte, ao: (1) aumento da cobertura de testagem, com a ampliação do uso de testes rápidos; (2) redução do uso de preservativo; (3) resistência dos profissionais de saúde à administração da penicilina na Atenção Básica; (4) desabastecimento mundial de penicilina, dentre outros. Ainda, o aprimoramento do sistema de vigilância pode refletir no aumento de casos notificados (BRASIL, 2017).

Além do aumento significativo das taxas de detecção entre os anos de 2010 e 2016, também foi observada uma elevação na taxa de incidência de sífilis congênita e na taxa de detecção de sífilis em gestantes por mil nascidos vivos em cerca de três vezes no período citado. A mesma situação se deu em relação à sífilis adquirida. Esses dados devem ser analisados considerando a recente implantação da notificação e a ampliação da utilização e do acesso aos testes rápidos de diagnóstico (BRASIL, 2017).

Os dados referentes ao ano de 2016, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, mostram que a tendência seguida até 2015 permaneceu, do ponto de vista do aumento da incidência e da detecção da doença (BRASIL, 2017).

A região Sudeste brasileira aparece como a região de maior incidência dos casos de todas as formas de sífilis (BRASIL, 2017). É motivo de preocupação o aumento do número de casos da doença em gestantes, sobretudo em relação aos desdobramentos da sífilis congênita.

De acordo com o mesmo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o estado de Minas Gerais apresenta a menor incidência de todas as formas de sífilis da região Sudeste do Brasil.Considerando a série histórica de 2001 a 2016, é observado um aumento na taxa de detecção em gestantes, bem como na taxa de incidência em crianças menores de um ano de idade no estado (BRASIL, 2017).

As fontes dos dados apresentados neste Boletim Epidemiológico são as notificações dos casos de sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita obtidas por meio do Sistema de Informação de

1.INTRODUÇÃO1.1 - Situação epidemiológica da sífilis no Brasil

1.2 - Situação epidemiológica da Sífilis em Minas Gerais

MATERIAL E MÉTODOS

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Agravos de Notificação (SINAN), bem como os óbitos perinatais relacionados à sífilis congênita (causa básica) obtidos por meio do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM). Ainda, para fins de cálculo da taxa de detecção de sífilis em gestantes, taxa de incidência de sífilis congênita em menores de um ano e coeficiente de mortalidade infantil específica por sífilis congênita, utilizaram-se dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC). Por fim, para o cálculo da taxa de detecção de sífilis adquirida, utilizaram-se dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados de sífilis congênita abrangem, além das notificações de sífilis congênita recente, os registros de abortos e natimortos de mulheres com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada (Nota Informativa Nº 2 - SEI/2017 - DIAHV/SVS/MS).

As notificações aqui apresentadas são referentes à população residente em Juiz de Fora, Minas Gerais.

As taxas aqui calculadas e apresentadas representam os indicadores epidemiológicos para o monitoramento da sífilis preconizados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017) (Tabela 1) "

Número de casos de sífilis adquirida em indivíduos de 13 anos ou mais, em um determinado ano e local de residência.População total de indivíduos de 13 anos ou mais no mesmo ano, residente no mesmo local.

Número de casos de sífilis detectados em gestantes, em um determinado ano e local de residência.Número total de nascidos vivos, de mães residentes no mesmo local, no mesmo ano.

Número de casos novos confirmados de sífilis congênita em menores de um ano de idade, em um determinado ano e local de residência.Número total de nascidos vivos, de mães residentes no mesmo local, no mesmo ano.

Número de óbitos por sífilis congênita em menores de um ano (causa básica) em determinado ano e local de residência.Número total de nascidos vivos, de mães residentes no mesmo local, no mesmo ano.

Taxa de detecçãode sífilis adquirida

Taxa de detecçãode sífilis em gestantes

Taxa de incidênciade sífilis congênitaem menores de um ano

Coeficiente demortalidade infantilespecífica porsífilis congênita

x100.000

x1.000

x1.000

x100.000

Mede o risco de ocorrência de casos novos confirmados de sífilis adquirida na população, no segundo ano e local de residência.

Mede a frequência anual de casos de sífilis na gestação e orienta as ações de vigilância epidemiológica da doença no mesmo local de residência e ano.

Mede o risco de ocorrência de casos novos de sífilis congênita por transmissão vertical do Treponema pallidum no mesmo local de residência e ano

Mede o risco de óbito em crianças em consequência da sífilis congênita no mesmo local de residência e ano

INDICADOREPIDEMIOLÓGICO

De acordo com o Ministério da Saúde, os critérios de definição de sífilis adquirida são (BRASIL, 2017):

(a) Indivíduo assintomático, com teste não treponêmico reagente com qualquer titulação e teste treponêmico reagente e sem registro de tratamento prévio.

(b) Indivíduo sintomático para sífilis com, pelo menos, um teste reagente - treponêmico ou não-treponêmico com qualquer titulação.

A sífilis adquirida acarreta sérias complicações ao hospedeiro humano, caracterizando-se, principalmente, por feridas nos órgão genitais, erupções pelo corpo e nas mucosas e danos no cérebro, medula espinhal e vasos sanguíneos. O contato com as lesões contagiantes (cancro duro e lesões secundárias) pelos órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de sífilis (OLIVEIRA, 2011).

Em Juiz de Fora, no período de 2012 a 2017, foram notificados 810 casos de sífilis adquirida (Tabela 2). Destes, mais de 50% ocorreram em 2017.

TABELA 1 - INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS PARA O MONITORAMENTO DA SÍFILIS

Fonte: adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico - Sífilis 2017, Brasília, v.48, n.36. 2017

CONSTRUÇÃO FINALIDADE

RESULTADOS E DISCUSSÃO - SÍFILIS ADQUIRIDA

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TABELA 2 - NÚMERO DE CASOS E TAXA DE DETECÇÃO POR 100.000 HABITANTESDE SÍFILIS ADQUIRIDA EM JUIZ DE FORA ENTRE 2012 E 2017

ANO NÚMERO TAXA DE DETECÇÃO

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN e IBGE; acesso em 31/07/2018.

201220132014201520162017TOTAL

6125492

199447810

1,42,7

12,220,444,398,6

Seguindo a tendência do restante do País, é possível observar um aumento no número de notificações da sífilis adquirida em Juiz de Fora. Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, referentes ao ano de 2016, mostram uma taxa de detecção de sífilis adquirida de 42,5 casos por 100 mil habitantes para o Brasil e 35 casos por 100 mil habitantes para Minas Gerais (BRASIL, 2017). Desde que passou a ser de notificação compulsória em 2010, a taxa de detecção deste agravo passou de 1,4 casos por 100 mil habitantes em 2013 para 44,3 e 98,6 casos por 100 mil habitantes nos anos de 2016 e 2017, respectivamente. É importante ressaltar que tal aumento pode ser, em grande parte, ao aumento no número de notificações em vez de um aumento real do número de casos. Ainda, a alta taxa de detecção observada em 2017 pode ser decorrente da vinculação do registro no SINAN para a dispensação de medicamentos a partir deste ano.

Quando observam-se os casos em relação ao sexo (Figura 1), a proporção é quase duas vezes maior entre os homens em comparação às mulheres (Tabela 3). Os dados desta razão sexual no município de Juiz de Fora são mais elevados do que a média nacional (1,5 caso em homens:1 caso em mulheres).

Feminino Masculino2013 2014 2017

0%

50% 100%

60%

70%

80%

10%

20%

30%

40%

50%

2015

76,9%

100%23,1%

90%

50%

2016

68,2%

31,8%

64%

36%

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN; acesso em 31/07/2018.

FIGURA 1. PROPORÇÃO E PERCENTUAL DOS CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA SEGUNDO SEXO,ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017, NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

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TABELA 3. NÚMERO E PORCENTAGEM DOS CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA POR SEXO, ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017, NO MUNICÍPIO JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN; acesso em 31/07/2018.

ANO MASCULINO %

201220132014201520162017TOTAL

%FEMININO TOTAL

16

3868

131282526

16,750

70,476,968,263,164,9

56

162468

165284

83,350

29,623,131,836,935,1

6125492

199447810

Em relação à faixa etária, o grupo de 20 a 29 anos apresenta maior proporção desta forma da doença, seguido pelo grupo de 30 a 39 anos (Tabela 4), o que encontra-se em consonância com os dados da Federação. Este dado sugere a necessidade de um monitoramento mais adequado, controle e intervenção na população sexualmente ativa, além do estabelecimento de orientação e educação sexual voltada para esse público.

Ainda cabe aqui salientar o expressivo aumento nos casos entre os anos de 2016 e 2017 nos seguintes grupos: 15-19, 40-49 e 50-59 anos (Figura 2). Não houve registros de casos de sífilis adquirida na faixa etária de cinco a nove anos.

TABELA 4. NÚMERO DE CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA POR FAIXA ETÁRIA (ANOS),ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017, NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

ANO

201220132014201520162017TOTAL

1-4 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80OU MAIS

0000011

0011114

0185

206498

229

2779

186305

14

16174594

177

13

12202656

118

023

12162861

0038

101132

0011259

2011015

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN; acesso em 31/07/2018.

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FIGURA 2. NÚMERO DE CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA POR FAIXA ETÁRIA (ANOS),ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017, NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

15 – 19 20 – 29 30 – 39 40 – 49 50 – 59 60 – 69 70 – 79

2013 2014 2015 2016 20170

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Núm

ero

de c

asos

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN; acesso em 31/07/2018.

De acordo com o Ministério da Saúde, os critérios de definição de sífilis em gestantes são (BRASIL, 2017): (a) Mulher sintomática para sífilis que, durante o pré-natal, parto e/ou puerpério apresente pelo menos um teste reagente - treponêmico e/ou não treponêmico com qualquer titulação - e sem registro de tratamento prévio.(b) Mulher sintomática para sífilis, que durante o pré-natal, parto e/ou puerpério apresente pelo menos um teste reagente - treponêmico e/ou não treponêmico com qualquer titulação.(c) Mulher que durante o pré-natal, parto e/ou puerpério apresente teste não treponêmico reagente com qualquer titulação E teste treponêmico reagente, independente de sintomatologia da sífilis e de tratamento prévio.

Visando a redução da subnotificação dos casos de sífilis em gestantes, o Ministério da Saúde definiu, como exposto acima, que todos os casos de mulheres diagnosticadas com sífilis durante o pré-natal, parto e/ou puerpério devem ser notificados como sífilis em gestantes e não como sífilis adquirida.

Entre 2012 e 2017, foram registrados 361 casos de sífilis em gestantes em Juiz de Fora (Tabela 5). Destes, mais de 75% foram somente no período entre 2015 e 2017. Quando comparam-se os anos de 2012 e 2017, observa-se um aumento de mais de oito vezes na taxa de detecção de sífilis em gestantes.

SÍFILIS EM GESTANTES

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TABELA 5. NÚMERO DE CASOS E TAXA DE DETECÇÃO DE SÍFILIS EM GESTANTES (POR 1.000NASCIDOS VIVOS) EM JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, ENTRE 2012 E 2017.

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN/SINASC; acesso em 31/07/2018.

ANO NÚMERO TAXA DE DETECÇÃO

201220132014201520162017TOTAL

1527438767

122361

2,24,16,3

13,010,518,5

Em Juiz de Fora observa-se que, na série histórica, 54% dos casos de sífilis em gestantes ocorrem na faixa etária entre 20 e 29 anos (Tabela 6).

TABELA 6. NÚMERO DE CASOS DE SÍFILIS EM GESTANTES POR FAIXA ETÁRIA (ANOS),ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017, NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

ANO

201220132014201520162017TOTAL

<14 15-19 20-29 30-39 40-49

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN; acesso em 31/07/2018.

0202228

26

1423182992

71323413973

196

565

207

1760

1011115

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Ainda, na mesma série histórica, é possível observar um crescimento no número de casos notificados em gestantes de 15 a 19 anos (Figura 3).

< 14 15 – 19 20 – 29 30 – 39 40 – 49

2012 2013 2014 2015 2016 2017

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Núm

ero

de c

asos

FIGURA 3. NÚMERO DE CASOS DE SÍFILIS EM GESTANTES POR FAIXA ETÁRIA (ANOS),ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017, NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS.

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN/SINASC; acesso em 31/07/2018.

De acordo com o Ministério da Saúde, os critérios de definição de sífilis congênita são (BRASIL, 2017):(a) Todo recém-nascido, natimorto ou aborto de mulher com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada.(b) Toda criança com menos de 13 anos de idade com pelo menos uma das seguintes situações:•Manifestação clínica, alteração liquórica ou radiológica de sífilis congênita e teste não treponêmico reagente;•Títulos de testes não treponêmicos do lactente maiores do que os da mãe, em, pelo menos, duas diluições de amostras de sangue periférico, coletadas simultaneamente no momento do parto;•Títulos de testes não treponêmicos ascendentes em, pelo menos, duas diluições no seguimento da criança exposta;•Títulos de testes não treponêmicos ainda reagentes após 6 meses de idade, em crianças adequada-mente tratadas no período neonatal;•Testes treponêmicos reagentes após 18 meses de idade sem diagnóstico prévio de sífilis congênita.(c) Evidência microbiológica de infecção pelo Treponema pallidum em amostra de secreção nasal ou lesão cutânea, biópsia ou necrópsia de criança, aborto ou natimorto.

A sífilis congênita ocorre por disseminação hematogênica do Treponema pallidum da mãe para o feto, predominantemente por via transplacentária. Esta forma da doença é prevenível quando a gestante infectada, bem como suas parcerias sexuais, são identificadas e tratadas de forma adequada e oportuna.

Entre os anos de 2012 e 2017, foram notificados 331 casos de sífilis congênita em Juiz de Fora (Tabela 7). Assim como vem ocorrendo no Brasil, especialmente a partir de 2010, houve um aumento progressivo na taxa de incidência de sífilis congênita no município, passando de 4,4 casos/1.000

SÍFILIS CONGÊNITA

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nascidos vivos em 2012 para 10,6 casos/1.000 nascidos vivos em 2017. A taxa de incidência em Juiz de Fora foi superior à taxa de incidência observada no Brasil em 2016 (6,8 casos/1.000 nascidos vivos) e em Minas Gerais (5,4 casos/1.000 nascidos vivos) (BRASIL, 2017).

TABELA 7. NÚMERO DE CASOS E TAXA DE INCIDÊNCIA POR SÍFILIS CONGÊNITA EM JUIZ DE FORA,MINAS GERAIS, ENTRE 2012 E 2017.

Fonte: PJF/SS/SSVS/SINAN/SINASC/SIM; acesso em 31/07/2018.

ANO SÍFILISCONGÊNITA

201220132014201520162017TOTAL

253054575261

279

002314

10

5539

155

42

4,45,48,7

10,310,710,6

ABORTO NATIMORTO TAXA DE INCIDÊNCIA

Na série histórica aqui apresentada (2012-2017), foram registrados três óbitos em crianças menores de um ano por sífilis congênita como causa básica (um caso em 2013, um em 2016 e um terceiro em 2017). Nos anos em que foram registrados óbitos por sífilis congênita, o coeficiente de mortalidade infantil específica para este agravo foi de cerca de 15,4 óbitos por 100.000 nascidos vivos. Contudo, cabe aqui salientar que este dado provavelmente não condiz com a realidade, tendo em vista que, no Sistema de Informação de Mortalidade, somente são codificados como óbitos por sífilis con-gênita aqueles que ocorrem 28 dias pós-nascimento. Os óbitos em crianças menores de 28 dias, bem como os óbitos fetais, são codificados como decorrentes de doenças infecciosas e parasitárias da mãe. Até 2015, é possível observar que a taxa de incidência de sífilis congênita era superior à taxa de detecção de sífilis em gestantes. Isto poderia, em parte, ser devido a possíveis lacunas do diagnóstico na gestação ou notificação equivocada como sífilis adquirida. Por fim, ressalta-se que houve uma mudança neste cenário a partir de 2016.

Quanto maior o número de detecções de sífilis, tratamento e notificação em gestantes, maiores serão as chances de redução da taxa de incidência de sífilis congênita. A prevenção, o diagnóstico e o tratamento das gestantes e suas parcerias devem ser priorizados, evitando assim a transmissão vertical, uma vez que a sífilis congênita pode ser prevenida quando essa gestante é tratada adequadamente (BRASIL, 2017).

Os indivíduos podem não se curar ao serem acometidos pela sífilis, permanecendo o vírus em estado de latência. Dessa forma, é relevante a realização de um trabalho preventivo como proposta de tratamento primordial à sociedade, no intuito de promover meios alternativos, que não seja apenas o farmacológico, mas também a prevenção como promoção à saúde dos indivíduos susceptíveis.

A prevenção da transmissão da sífilis é uma prioridade do Ministério da Saúde, alinhada com a Organização Mundial de Saúde, e representa um desafio para a saúde pública, uma vez que se observa o aumento da detecção de sífilis em gestantes e da incidência de sífilis congênita nos últimos anos.

CONSIDERAÇÕES

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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde. 2005. 52p. Série Manuais n. 62.

BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. Sífilis: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico - Sífilis 2017, Brasília, v.48, n.36, 2017.

OLIVEIRA, L.P.N. Sífilis Adquirida e Congênita. Monografia: Universidade Castelo Branco. Salvador. Bahia; 2011.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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EXPEDIENTE

AUTORES

COLABORADORES

Este boletim epidemiológico é um trabalho desenvolvido pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, Minas Gerais. O instrumento ora publicado é de domínio público, permitindo-se sua reprodução, parcial ou total, desde que citada a fonte e que não seja para fins comerciais. Nota: Os dados apresentados estão sujeitos à alteração/revisão.

Dra. Cecília Kosmann - Gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e AmbientalJonathan Ferreira Tomaz – Supervisor de Gestão da Informação da Vigilância em SaúdeLuciana Afonso Rodrigues - Gerente do Departamento de Planejamento e Informações da SaúdeRogério Ribeiro de Medeiros - Supervisor de Gestão da Informação da Secretaria de Saúde

Rebeca Ferreira César Campos - Supervisora do Setor de Doenças Transmissíveis e Agravos Sônia Maria Rodrigues de Almeida - Médica do Setor de Doenças Transmissíveis e Agravos

Fabrício Luis da Silva - Supervisor do Setor de Doenças Não Transmissíveis e Agravos