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Informativo bimestral da Federação Imaculada Conceição
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Fevereiro /Março de 2012– Ano 05 – Número 34
dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição
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“FELIZ PÁSCOA!”
A todos venho desejar uma Feliz Páscoa da Ressurreição!
Como os discípulos também nós nos alegramos, pois a
Páscoa é certeza de nossa salvação, a certeza de que Deus nos ama
com infinito amor. Na cruz, ao doar a sua Vida por nós, Jesus nos
dá a maior prova de amor.
Essa certeza seja para nós o que foi a Páscoa dos judeus
para os israelitas. Em seus momentos de dificuldade a lembrança
das maravilhas que o Senhor fez por eles era o penhor de
confiança, a certeza de que Aquele que por eles fez tais maravilhas
jamais os abandonaria, a certeza da fidelidade de Deus.
Como diz São Paulo na carta aos romanos: “Quem não
poupou seu próprio Filho, e o entregou por todos nós, como não
nos haverá de agraciar em tudo junto com ele?”. “Se Deus está
conosco quem estará contra nós?”
Porém os discípulos demoraram a experimentar a alegria da
Ressurreição. No primeiro momento a tristeza e o medo invadiram
lhes o coração, pois a intensidade da dor que a precedera os
envolvia. Também nós, muitas vezes em nossas dificuldades e
sofrimentos nos abatemos esquecendo que o domingo de Páscoa é
sempre precedido pela Sexta-feira Santa e “que todo sofrimento é
vigília de alguma grande graça”.
Alegremos, pois o Senhor ressuscitou verdadeiramente.
Aleluia!
Que a alegria pascal esteja sempre presente em nossos
corações!
Ir. Maria Auxiliadora do Preciosíssimo Sangue, OIC
Presidente da Federação Imaculada Conceição da OIC no Brasil
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ENCONTRO DOS ASSISTENTES DAS FEDERAÇÕES
OSC E OIC
Caras Irmãs,
Em fevereiro deste ano realizou-se em Assis, Itália, o congresso
dos assistentes das irmãs contemplativas da Família Franciscana.
Devo confessar que gostei muito destes dias de encontro e de
partilha com outros assistentes. É muito bom constatar que as
alegrias e tristezas em toda a parte são as mesmas.
Gostaria de partilhar com Vocês um pouco do conteúdo deste
congresso. O tema principal naturalmente foi o papel do assistente
religioso. E como não poderia ser diferente, as palavras chaves
foram: Autonomia, Ordinário, Federação, Assistência. Neste
boletim quero, portanto, comentar um pouco estes conceitos que
fazem parte do nosso dia a dia.
AUTONOMIA
É fato interessante que em primeiro lugar se falou da importância e
da “beleza” da autonomia. A Igreja, através da Sagrada
Congregação tem a autonomia dos mosteiros em alta estima. A
comunidade de um mosteiro forma, por assim dizer, uma “pequena
Igreja”, uma célula vital do grande corpo místico de Cristo. O que
um ministro provincial é para uma província religiosa, a abadessa é
para a sua comunidade: primeira responsável belo bem do corpo e
da alma de cada irmã. Repito: pelo bem do corpo, mas
principalmente também pelo bem da alma (vocação, vida
espiritual, formação permanente, etc.). É realmente uma grande
responsabilidade que a Igreja confia - através da autonomia – à
comunidade do mosteiro! Por isso nem preciso falar da
importância e da tremenda responsabilidade das irmãs na hora da
eleição da abadessa.
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Mas felizmente a responsabilidade da autonomia não recai apenas
sobre uma pessoa. Falando de autonomia dum mosteiro, se deve ter
presente também que esta responsabilidade da abadessa – que deve
ser garantia da autonomia – deve ser partilhada. No caso ideal, a
abadessa deve contar com uma vigária, uma ecônoma, formadoras,
etc. para animar a vida comunitária na fidelidade ao carisma e na
missão da Igreja.
O grande questionamento que veio à tona e que nos acompanhou
do começo ao fim do congresso, foi a pergunta: E o que fazer
quando a autonomia já não pode ser mais garantida? (Por grande
surpresa minha constatei que esta problemática ainda está muito
mais forte na Europa do que na América Latina).
Foi importante ouvir de diversas pessoas autorizadas que a
autonomia em momento algum pode ser usada para “refugiar-se
numa fortaleza” na qual ninguém ouse tocar. A autonomia não é
uma fortaleza para defender “com unhas e dentes” as vontades e
acomodações próprias.
Neste caso nos foi dada uma valiosa orientação: Constatando a não
garantia duma autonomia sadia, a Federação, através de sua
presidente e o assistente religioso, tem a obrigação de informar a
Sagrada Congregação e pedir providências da parte do respectivo
Ordinário. Isso naturalmente depois de ter tentado encontrar uma
solução em nível de Federação.
ORDINÁRIO
Como sabemos, o Ordinário pode ser o bispo diocesano ou o
ministro provincial em cujo território o mosteiro se encontra. Acho
muito bom recordar a todas, o verdadeiro papel de um Ordinário
(que na maioria dos casos são bispos diocesanos e por causa disso
criam por vezes confusão). O Ordinário, por assim dizer, tem uma
função de vigilância. Ele deve “vigiar”:
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- a observância da clausura para garantir todas as condições
necessárias para uma vida contemplativa.
- garantir que a administração e a economia sejam desenvolvidas
de forma responsável e conforme as leis do país.
- fazer a visita canônica antes do capítulo eletivo e presidir as
eleições.
- nomear um capelão para garantir que todos os dias as irmãs
tenham a possibilidade de participar da Eucaristia.
- autorizar a fundação de um novo mosteiro, desde que se trate do
território de sua diocese.
E é só. Como se vê, em nada interfere na autonomia material e
espiritual dum mosteiro. Apenas deve garantir que o mosteiro
possa desenvolver suas atividades dentro de condições favoráveis.
Por isso vale a pena recordar isto para que não atribuamos ao
ordinário – seja quem for – um papel, uma importância e
ingerência que não lhe competem.
FEDERAÇÃO
A Federação dos mosteiros é certamente a coisa mais frágil no
conjunto da abordagem que estamos fazendo. Ela não se reveste
praticamente de autoridade nenhuma. Toda a sua concepção e
desenvolvimento não se baseiam em uma autoridade e sim numa
disposição à comunhão. Com isso ela não deixa de ser menos
importante, mas é de uma outra natureza (para a qual somos
continuamente chamados a nos converter). Com outras palavras a
Federação representa um esforço significativo para a comunhão. O
que distingue justamente os mosteiros contemplativos da Família
franciscana é a pertença – apesar da autonomia e até em nome da
autonomia – à uma Ordem: soma dos mosteiros.
Por isso seria muito errado perguntar: o que me adianta a
Federação? O que posso esperar dela? O que ela me dá,
principalmente num momento de dificuldade? Tudo isso até pode
acontecer, mas a principal tarefa não é esta. A principal tarefa é
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unir-se para juntos (juntas) poder dar o testemunho desta forma de
vida e alimentá-la com a colaboração de todos (todas).
Principalmente nos dias de hoje percebemos não só a necessidade,
mas também a beleza de poder-nos completar através de iniciativas
conjuntas e fraternas.
Além do mais, é desejo expresso da Igreja que os mosteiros entrem
em comunhão de vida e ação, formando uma Federação.
ASSISTENTE
Na mesma linha se coloca também o assistente religioso da
Federação. Como já diz a frase: o assistente é da Federação e não
de um mosteiro. Não é assistente espiritual, mas – e nisso se
insistiu muito – representante institucional. Isto quer dizer:
representante da Igreja nomeado para isso pela Sagrada
Congregação para a vida religiosa. (Uma das atribuições é garantir
a observância canônica desta forma de vida). Ele não tem
“autoridade” nenhuma. Deve ser um amigo, um companheiro de
caminhada. Animador do e formador no carisma específico.
Brincando dizíamos uns aos outros: não manda nada, mas é
responsável por tudo...
Caras Irmãs, creio que com cada vez mais clareza sobre estes
pontos, poderemos dedicar-nos, de corpo e alma, a esta vocação e
missão herdadas de Santa Beatriz para vida da Igreja na salvação
do mundo.
A todas desejo uma Páscoa santa e alegre no Senhor que
ressuscitou!
Frei Estêvão Ottenbreit, OFM
Assistente Religioso da OIC no Brasil
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Da vida em comum à comunhão de vida
Toda viagem pressupõe um mínimo de
preparação. Todo vôo exige algumas
condições. Assim também o vôo nas “asas”
do Espírito Santo. Nos membros da grande
família franciscana, não podemos querer que
o Espírito nos leve a algum lugar, se nosso
vôo não partir da Fraternidade. Sem
fraternidade, nós não somos.
Mas o assunto agora não será a Fraternidade.
Queremos refletir sobre uma condição
absolutamente necessária para se formar uma Fraternidade. Se esta
condição não acontecer, não, teremos nunca Fraternidade
verdadeira. Falando ainda mais claro: a Fraternidade, a alegria de
sermos irmãos e irmãs e, todo o trabalho e serviço que brota da
Fraternidade (dentro e para fora) não existirão, se essa condição
não se realizar. Daí a necessidade de falarmos desse tema, não a
partir de livros de teologia e espiritualidade, mas a partir da nossa
experiência no dia a dia da nossa Vida Consagrada.
Certamente nos damos conta que os pecados contra a Fraternidade
são os que mais ocorrem na nossa lista de pecados que levamos ao
confessionário. Certamente os nossos propósitos, feitos em retiros
e exames de consciência ao longo da nossa vida, falam
principalmente desta nossa vida em Fraternidade. E reconhecemos
que sua ausência ou fraca presença é um dos maiores culpados – se
não for o maior – da desistência dos jovens que nos procuram para
conhecer a “nossa vida”, da exclaustração de outros e da
“autonomia” (independência, busca do “eu”) de tantos outros (até
dentro da comunidade). Por outro lado precisamos também
recordar as tantas irmãs que conheci cultivando com carinho e
empenho esse tema e que foram e são modelos. Talvez por causa
delas estejamos hoje aqui.
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Enfim, comecemos a falar daquilo que certamente já despertou a
nossa curiosidade. Refiro-me a virtude natural do Acolhimento.
Chamo de virtude, porque a virtude se conquista e se educa (não é
algo inato, gratuito e automático). Chamo natural, porque, como o
bom senso, não nasce de um sacramento (Batismo) ou sacramental
(benção).
Sem acolhimento, posso passar dezenas de informações a quem se
aproxima de mim, mas não posso me comunicar com ele ou com
ela. Dentro da palavra comunicação estão embutidas duas palavras:
“comum” (mútuo) e “ação” (esforço), que pressupõem um
envolvimento, um movimento de um para o outro. Se não estou
aberto, se não estou receptivo, não há comunicação (ícone da
Ordem da Imaculada Conceição: Anunciação).
Comunicação não é a mesma coisa que informação. A mera
informação não constrói Fraternidade, nem comunhão de vida.
Mas, não existe Fraternidade sem comunicação e não existe
comunicação sem acolhimento: o acolher-se mutuamente constrói
família. Com o mútuo acolhimento, a mesa comum (e tudo o que
fizermos) vira Fraternidade. Com acolhimento mútuo, o rezar
juntos vira alegria de se sentir amado por Deus e pelas irmãs.
São Francisco que inspira com sua espiritualidade a nossa vida
consagrada, teve idéias muitos claras a este respeito. Sendo cada
irmão, cada irmã, um Dom de Deus à Fraternidade. Os irmãos, as
irmãs, embora dotados de caráter, cultura, costumes, talentos,
faculdades e qualidades diferentes, aceitam-se mutuamente como
são em sua própria realidade e como iguais, de forma que toda a
fraternidade se torne o local privilegiado de encontro com Deus
(Moisés diante da sarça ardente: tirar as sandálias!). Não há duas
Concepcionistas iguais. Não devemos nunca cair na tentação de
buscar uniformidade. Só o mútuo acolhimento (das nossas
diferenças: riqueza e não pobreza) é capaz de viver o mesmo
carisma, a mesma consagração, a mesma alegria do serviço na e da
Fraternidade.
Não há duas Concepcionistas iguais, mas o mútuo acolhimento as
multiplica e serão assim quatro e serão doze e será multidão “com
abraços fraternos, afeto sincero, ósculos santos, conversa amiga,
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sorrisos agradáveis, semblantes alegres, olhar simples, animo
suplicante, língua moderada, respostas afáveis, o mesmo propósito,
pronto serviço e disponibilidade” (Celano 38).
Não é definitivamente a diversidade que impede a Fraternidade. A
diversidade é riqueza, quando existe mútuo acolhimento. Não é a
cultura diferente que impede a Fraternidade. As culturas e as
diferentes visões do mundo e suas necessidades se tornam
caminhos (e não obstáculos) quando há acolhimento mútuo. Não é
o mesmo caminho de espiritualidade e santificação (exercícios
religiosos e piedosos) que constroem e garantem a Fraternidade.
Há tantos caminhos de santidade quantos caminhantes. Mas é o
acolhimento que dá luz e segurança os passos. Não é a falta de
celular, de internet, de dia de folga que enfraquece ou robustece a
Fraternidade. Mas, não há grupo de irmãs mais estéreis e
insuportáveis do que o composto de irmãs que não se sentem
amadas, que não se sentem acolhidas e que não sabem acolher. São
um verdadeiro “peso” na Fraternidade e da Fraternidade. Repito:
sem acolhimento amoroso, não há comunicação e sem
comunicação não há comunhão de vida.
Disse bem o Ministro Geral Frei José Carballo: “Para chegarmos a
ser irmãos (irmãs), é preciso nos conhecer; para nos conhecer é
preciso que haja comunicação. Quando há comunicação, o ar que
se respira na Fraternidade é puro e saudável, o relacionamento é
infinito e familiar, todos (todas) participam de tudo e cresce o
sentido de pertença. A falta de comunicação deteriora a comunhão
fraterna e a destrói”. (Relatório ao Capítulo extraordinário de
2006).
Não é que a Fraternidade (de inspiração franciscana) não tenha
mais vez no mundo pós-moderno. Mas em tempo nenhum, em
ambiente nenhum é possível a fraternidade sem o acolhimento.
Acolher não é fazer a “matricula” da aspirante, dar-lhe de comer e
beber, dar-lhe aulas e formação, ensinar a manusear a “Liturgia das
Horas”, etc. Não é que não se deva fazer isto. O que se quer dizer é
que tudo isso não me ajuda a perseverar se:
- não me sinto acolhido na Fraternidade;
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- não aprendi a acolher, ou o que é mais grave: se não aprendi a
acolher a mim mesmo como sou e, para me penitenciar naquilo que
preciso me penitenciar; corrigir-me naquilo que preciso corrigir;
refazer o que deve ser refeito; pacificar aquilo que deve ser
pacificado dentro de mim.
Repito: o acolhimento é o pressuposto da Fraternidade. O
Acolhimento é uma escola de Fraternidade, portanto, uma
exigência permanente ao longo de toda a vida.
Por isso, a Concepcionista é um ser em estado de acolhimento
(Anunciação a Maria), como o ser santo é um ser em estado de
graça. O acolhimento gera Fraternidade. A graça gera santidade.
O que nos caracteriza – numa visão genuinamente franciscana – é
sermos irmãos e irmãs. Daqui deriva tudo o que devemos ser:
irmãs que rezam, irmãs que sejam testemunhas, irmãs que vivem
vida simples e despojada, irmãs que trabalham, e tudo o mais que a
Regra e as Constituições Gerais nos pedem. Na comunhão de vida
(fraterna), ser irmã é a coisa mais importante. Mais importante do
que planos e realizações. São Paulo diria: mais importante que
falar a língua dos anjos, de possuir o dom da profecia, de conhecer
todos os mistérios da ciência, de ter tanta fé a ponto de transportar
montanhas, mais importante que distribuir todos os bens aos
pobres e o próprio corpo às chamas do martírio (cf. 2Cor 13, 1-
3).!!!
Mas seremos irmãos, seremos irmãs, à medida que eu saiba acolher
o outro, a outra. Você será meu irmão, minha irmã, à medida que
me acolhes. Como irmãos numa Fraternidade, o Espírito nos
poderá levar para onde quiser e nós estaremos felizes e frutíferos
na missão. E o testemunho de nossa vida fraterna será o serviço de
animação vocacional da Ordem e do Mosteiro.
Frei Estêvão Ottenbreit OFM
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O PRAZER E A RESPONSABILIDADE
DE NOS ACOMPANHARMOS NA VIDA
CONCEPCIONISTA
Nenhuma pessoa se faz sozinha, faz-se na interação de pessoas, com outros, em fraternidade, em família. Cabe à fraternidade o serviço de ser fraternidade, lugar de experimentar a vida concepcionista. Por isso, parece importante que a candidata possa entrar em uma relação de irmãs, que juntas buscam a Deus e o adoram e juntas vivem prazerosamente suas relações fraternas e juntas anunciam com sua vida o evangelho. Antes de falar propriamente das formadoras ou mesmo da responsabilidade da candidata me parece interessante sublinhar que a primeira coisa que se deverá possibilitar a uma candidata à Ordem são as irmãs, fraternidades, que respeitando o mistério de Deus em cada uma , criem um clima de acolhida de tal forma que as candidatas se sintam “elas mesmas”, entendidas, estimuladas e apoiadas para seguir buscando até que o evangelho se torne verdade em cada existência. Em vez de um estilo de formação principalmente acadêmica e conceitual, me parece importante facilitar e possibilitar hoje uma vida, uma experiência evangélica, oferecer irmãs disponíveis para o que é de Deus e do evangelho: exercício evangélico nato. De forma que a “teoria” (o curriculum acadêmico, sem dúvida muito importante) acompanhe e constitua a explicação da “prática fraterna”, esclarecimento da vida das irmãs e não o contrário. Neste sentido apontamos algumas observações: 1. Fraternidade local não ideal, mas viva. Sublinhemos a importância de uma fraternidade viva, que não quer uma “fraternidade ideal” ou “perfeita”; mas uma fraternidade real , feita de irmãs que buscam e se cansam, amam e pecam; estabelecem relações interpessoais e rompem os lações de comunhão.
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Pretender uma fraternidade “ideal”, como as vezes já se quis, uma espécie de refúgio ou fraternidade em “tubo de ensaio” corre um duplo risco: o risco de ser irreal, algo que não existe em lugar nenhum; e o risco de não ser formadora, pois se aprende a caminhar, a fazer fraternidade na cotidianidade, no dia a dia, onde há vida e, por conseguinte, também há dificuldades; onde se necessita discernimento e correção; graça e paciência; esse é o lugar de aprendizagem da fraternidade. Por isso, uma fraternidade viva, sim, mesmo que não seja a ideal. 2. Fraternidade sem afã de ser exemplar. Busca-se uma fraternidade real e que não tenha só esse afã irreal de “bom exemplo”, ao menos quando se pretende fora de toda dinâmica viva e real. Antes, para que uma fraternidade seja formadora tem que ser uma fraternidade que assumindo e desenvolvendo o real existente se solte para a utopia do evangelho entre feiúras e brilhos, entre a realidade constatada e o ideal curado. Inventar uma fraternidade só para ser exemplar ou pretender certas opções radicais fora de toda dinâmica real, é pretender oferecer o que não existe. Fraternidade Concepcionista com estas notas: - sentido declarado de pertença às irmãs até o ponto de não poder se entender sem elas; - busca e sentido de Deus até converter-se em lugar de nascimento da fé das próprias irmãs, tudo traduzido em uma experiência de encontro com Deus e em uma vida de oração convincente e suficiente em que a Eucaristia ocupe o centro de toda a vida de oração; - comunhão fraterna em que se experimente a acolhida, a unidade, a ternura e a amizade junto com o prazer da reconciliação e da correção fraternas e mútuas; fraternidade que busca o prazer do perdão mútuo; fraternidades onde se prioriza e potencia o “cuidado mútuo”; - o prazer de conviver e crescer corresponsavelmente a partir da diversidade de carismas, caracteres e culturas; - fraternidade onde se exprime o serviço à própria fraternidade, especialmente aos mais debilitados e indefesos, como algo normal e habitual; - fraternidade onde se discerne o querer de Deus e a ele se obedece através de diversas mediações, também a do superior, mesmo que alguma vez não se esteja de acordo;
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- fraternidade que tenda ser menor entre as menores, de forma que de fato e habitualmente possa se experimentar e se tocar com o fraco, o menor, o pobre: que os pobres sejam, mais do que belas palavras, os primeiros mestres e amigos; - uma fraternidade que, precisamente porque experimenta o evangelho em seu seio, em suas estruturas, se abre em forma de boa notícia, em forma de solidariedade e entrega aos homens. É possível uma fraternidade assim? Não, certamente, em sua idealidade, mas uma fraternidade não é evangélica na medida em que é perfeita, sem fissuras, mas na medida em que vive em discernimento, a caminho, tendendo para o que Deus quer e busca. Por isso mesmo, a formação será adequada na medida em que a própria comunidade local, a fraternidade, fizer um caminho, um processo; na medida que possibilitar e potenciar esse caminho e processo para a vontade de Deus.
Adaptação: Ir. Lindinalva de Maria, OIC Salvador – Bahia
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TEMPO QUARESMAL
1. Significação deste Tempo. Durante estes quarenta dias os
Cristãos se unem intimamente aos sofrimentos e à morte do Divino
Salvador, a fim de ressuscitarem com Ele para uma vida nova, nas
grandes solenidades pascais.
Nos primeiros tempos do Cristianismo esta ideia fundamental
achava sua aplicação no Batismo dos catecúmenos e na
reconciliação dos penitentes. Por toda a liturgia da Quaresma, a
Igreja instruía os pagãos que se preparavam para o Batismo. No
Sábado Santo mergulhava-os nas fontes batismais, de onde saíam
para uma vida nova, como o Cristo, do túmulo. Por sua vez os
fiéis, gravemente culpados, deviam fazer penitência pública e
cobrir- se de cinzas (Quarta-feira de Cinzas), para acharem uma
vida nova em Jesus Cristo. Convém reparar nestes dois elementos,
para compreender a liturgia da Quaresma e a escolha de muitos
textos sagrados.
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2. Nossa participação neste Tempo. No ofício das Matinas do I.
Domingo, lemos o sermão que o Papa S. Leão Magno, no século
V. dirigiu ao povo, explicando a liturgia da Quaresma: “Sem
dúvida, diz ele, os Cristãos nunca deveriam perder de vista estes
grandes Mistérios... porém, esta virtude é de poucos. É preciso,
contudo, que os Cristãos sacudam a poeira do mundo. A sabedoria
divina estabeleceu este tempo propício de quarenta dias, a fim de
que as nossas almas se pudessem purificar, e por meio de boas
obras e jejuns, expiassem as faltas de outros tempos. Inúteis
seriam, porém, os nossos jejuns, se neste tempo os nossos corações
se não desapegassem do pecado”.
Lendo estas palavras, parece-nos assistir à abertura de um retiro.
Com efeito, a Quaresma é o grande retiro anual de toda a família
cristã, sob a direção maternal e segundo o método da Santa Igreja.
Este retiro terminará pela confissão e comunhão geral de todos os
seus filhos, associados assim, realmente, à Ressurreição do Divino
Mestre, e ressurgindo por sua vez a uma vida nova.
As práticas exteriores que devem desenvolver em nós o espírito do
Cristo e unir-nos a seus sofrimentos são o jejum, a oração e a
esmola.
O Jejum é imposto pela santa Igreja e todos os fiéis, depois de 21
anos completos até atingirem os 60 anos [1]. Seria um engano
pernicioso não reconhecer a utilidade desta mortificação corporal.
Seria menosprezar o exemplo do próprio Cristo e pecar gravemente
contra a autoridade de sua Igreja. O prefácio da Quaresma nos
descreve os efeitos salutares do jejum, e aqueles que por motivos
justos são dele dispensados não estarão do jejum espiritual, isto é,
de se privarem de festas, teatros, leituras puramente recreativas,
etc.
A oração. Assim como a palavra jejum abrange todas as
mortificações corporais, da mesma maneira compreende a palavra
oração todos os exercícios de piedade feitos neste tempo, com um
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recolhimento particular, com sejam: a assistência à santa Missa, a
Comunhão frequente, a leitura de bons livros, a meditação
especialmente da Paixão de Jesus Cristo, a Via Sacra e a
assistência às pregações quaresmais.
A esmola compreende as obras de misericórdia para com o
próximo. Já no Antigo Testamento está dito: “Mais vale a oração
acompanhada do jejum e da esmola do que amontoar tesouros”
(Tob. 12,8).
Praticando essas obras preparavam-se antigamente os catecúmenos
para o Batismo que iam receber no Sábado de Aleluia, enquanto os
penitentes públicos se submeteram a elas com espírito de dor e
arrependimento de coração.
Saibamos também nós que aquele que não faz penitência perecerá
por toda a eternidade (Luc. 13,3).
Renovemos em nós a graça do Batismo e façamos dignos frutos de
penitência. Os textos das Missas, a cada passo nos exortam a isto.
Convém, entretanto, evitar que a nossa piedade seja exercida por
compaixão sentimental ou tristeza exagerada. Sim, é um combate,
uma morte terrível que vamos contemplar, mas é também, e
sobretudo, uma vitória, um triunfo. Em verdade assistiremos a uma
luta gigantesca do homem novo; ouviremos os seus gemidos,
seguiremos os seus passos sangrentos, contaremos todos os seus
ossos; mas isso é apenas um episódio de sua vida; o desenlace é
um grito de vitória, um canto de triunfo.
Cada dia deste Tempo tem a sua “estação”, com indulgências
especiais a uma liturgia própria, cujos Cânticos e Leituras nos
incitam à penitência, à conversão, enquanto as Orações imploram
para nós o perdão e a graça.
Fonte: Missal Quotidiano, D. Beda Keckeisen, O.S.B., 21ª edição, 1961, p. 149-151.
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SOBRE A LITURGIA DA MISSA...
Ópera é um teatro todo cantado. Opereta, um teatro declamado,
falado e cantado. Pode haver danças no
meio. É mais ou menos isso! Os detalhes
eu deixo para os especialistas em artes
cênicas. Missa é culto católico, com
séculos de história, que não depende de
lugar para acontecer, mas, em geral,
acontece num templo. Não é nem nunca
foi ópera ou opereta. Quem dela participa
não é ator e nem o presidente da
assembléia nem os cantores podem ser sua principal atração.
Mas são! E o são por conta de um fato: a maioria não estudou ou
não respeita as orientações dos especialistas de uma ciência
chamada “liturgia”. Liturgia deve ser o que impede que o altar vire
palco e o lado direito ou esquerdo dele vire coxia! Regula o culto
de maneira que transpareça a catequese e a teologia daquele
momento. Na hora em que o presidente daquele culto, ofuscado
pelas luzes e pela fama local ou nacional, e algum cantor ou
cantora deslumbrado com a sua chance de mostrar seu talento
roubam a cena, temos mais uma exibição de opereta, num templo
católico. Gestos, corridinhas, roupas lindas, musica que estoura os
ouvidos, o padre onipresente, inserções aqui e ali no script do que
tratam como peça de arte, vinte músicas para uma missa, as
canções duram 50 minutos e as palavras da missa 12 ou 15, o
sermão do padre 25... E o povo que não pagou para assistir, é
convidado a deixar sua contribuição no ofertório. Na semana que
vem haverá outra exibição... isto, nos cultos em que o altar vira
palco e o celebrante que poderia, sim, ser alegre, comunicativo,
acolhedor, resolve ser o ator principal com alguns coadjuvantes
chamados banda católica.
Nos outros cultos chamados de eucaristia e tratados como
eucaristia a coisa é bem outra! Tem decoro, tem lógica, obedece-se
ao conteúdo e aos textos daquele dia, as canções são
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verdadeiramente litúrgicas, os leitores sabem ler e não engasgam,
os microfones não estouram, ninguém toca nem fala para
ensurdecer, músicos não entram em competição, nenhum solista
canta demais, cantores apenas lideram o povo, ninguém fica
dedilhando cançõezinhas durante a consagração, como fundo para
Jesus que faz o seu debut, as canções são ensaiadas e escolhidas de
acordo com o tema da missa daquele dia, não se canta na da
saudação de paz porque ninguém diz bom dia, ou como vai
cantando... Tais coisas só acontecem nas operetas...
Nas missas sérias e com unção ninguém fica passando à frente ou
atrás do altar, ministro não fica mexendo no altar enquanto o padre
prega, padre não exagera nas vestes, não berra, não grita, não dá
show de presença, tudo é feito com muita seriedade e decoro. O
padre até se destaca pela seriedade. Celebra-se, dentro das nuances
permitidas, o mesmo ato teológico com implicações sociais que se
celebra no mundo inteiro. Todos aparecem e ninguém se destaca.
Mas receio ser inútil escrever sobre estas coisas, porque
pouquíssimas bandas e pouquíssimos sacerdotes admitem que isso
acontece com eles... E ai de quem disser que acontece! Mandam
consultar o ibope sobre as novas missas transformadas em
operetas, nas quais se privilegia mais canção do que os textos do
dia. Perguntem se, depois daquele “sonzão” e daquelas inserções
com exorcismo, oração em línguas e outros adendos não aumentou
a freqüência aos templos! É! Pois é!
Pe. Zezinho, scj
20
SANTO PROTETOR PARA O ANO 2012
Louvando e agradecendo ao Senhor
nosso Deus pelas bênçãos que temos
recebido de suas mãos paternais, vimos
partilhar com nossas queridas Irmãs,
algumas das alegrias que Ele em sua
bondade nos tem proporcionado.
Iniciamos o Novo Ano sob a proteção do
Glorioso São José, que nos coube em
sorteio como Protetor especial durante
todo este ano de 2012. Através de sua
poderosa intercessão junto a Deus e
nossa Mãe Santíssima, esperamos com
muita confiança, receber auxílio em
todas as nossas necessidades e circunstâncias da vida. São José
como chefe e protetor da Sagrada Família foi fiel à sua missão a
cada dia, em tudo o que Deus lhe apresentou. Ele nos alcance
também essa graça! “Nada desviou José do caminho que lhe tinha
sido traçado: foi o homem que Deus, num gesto de absoluta
confiança, colocou à frente da sua família aqui na terra. Que outra
coisa foi sua vida senão uma total dedicação ao serviço para que
tinha sido chamado? Esposo de Maria, pai de Jesus segundo a
Lei... consumiu sua vida com a atenção posta neles, entregando-se
por inteiro ao cumprimento de sua missão”.
Que o Santo Patriarca nos alcance cada dia mais o desejo eficaz de
cumprir em tudo a santíssima vontade de Deus, assim como ele
sempre fez, numa entrega total, para que nossa vida contemplativa
sirva “de luz para que muitos encontrem o caminho que conduz ao
céu”.
Na tarde do dia 24 de janeiro tivemos a grande alegria de receber a
visita de nossas irmãs do Mosteiro da Imaculada conceição e São
José, de Piratininga-SP. Elas estiveram em Aparecida, em
peregrinação e, à tarde vieram ao nosso Mosteiro partilhar as
bênçãos recebidas na Casa da Mãe Aparecida. Sua presença muito
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nos alegrou. Neste mesmo dia, após a Santa Missa em nossa
Comunidade (que ficou mais bonita e animada por suas vozes e
violões) viajaram de volta ao seu Mosteiro.
Pela Providencia Divina e também a dedicação e boa vontade do
nosso assistente espiritual e administrador Frei José Carlos da
Silva, OFM, sempre pronto em auxiliar nossa Comunidade,
algumas reformas e restaurações urgentes e necessárias já foram
feitas em nosso Mosteiro. Contamos com as orações de nossas
irmãs, para que as obras possam continuar e até o final deste ano
abençoado, o Mosteiro da cidade do Santo Frei Galvão, esteja bem
bonito, como convém à casa de nossa Mãe Imaculada.
Que Nosso Senhor Jesus Cristo cumule-as de bênçãos especiais
durante todo este Ano que iniciamos e lhes envie muitas e
fervorosas vocações.
Um fraternal abraço.
Pela Comunidade,
Irmã Ana Maria de Jesus, OIC
Abadessa
Mosteiro da Imaculada Conceição
Guaratinguetá – SP
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ANO JUBILAR DO MOSTEIRO DA IMACULADA
CONCEIÇÃO DE GUARATINGUETÁ - SP
Nosso Mosteiro da Imaculada Conceição foi fundado por
disposição da Divina Providência, que em seus desígnios escolheu
e preparou para esta obra, Monjas fervorosas e dinâmicas que
residiam no Mosteiro
da Luz, fundado por
Santo Frei Galvão,
em São Paulo. Fiéis
seguidoras dos
exemplos de Santa
Beatriz “que fundou a
Ordem da Imaculada
Conceição para o
serviço, a
contemplação e a
celebração do mistério de Maria em sua Conceição Imaculada”
(CCGG 9). Desejavam ardentemente expandir e propagar a Ordem
tão querida por Ela, com a fundação de novos mosteiros. Esta
cidade de Guaratinguetá, foi escolhida pela abadessa Madre Oliva
Maria de Jesus, juntamente com sua Comunidade para a fundação
desse mosteiro, por ser a terra natal do nosso tão querido Santo
Antônio de sant’Anna Galvão. As monjas aqui chegaram no dia 08
de outubro de 1944 e vieram habitar o novo Mosteiro “o
conventinho”, como se tornou conhecido, construído junto à Igreja
de Santa Luzia, pertencente a Paróquia do Puríssimo Coração de
Maria. Madre Maria de Lourdes de santa Rosa uma das co-
fundadoras, foi nomeada como a primeira abadessa do mosteiro.
Como sempre acontece em todas as obras de Deus, não foram
fáceis os primeiros tempos da fundação e as irmãs passaram por
muitos sofrimentos e privações. Depois de alguns anos foram
chegando novas vocações e tornou-se necessário uma construção
maior. Com doações de benfeitores particulares, da Família da
Madre Maria de Lourdes e, da Prefeitura Municipal foi adquirido
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em 1953 um terreno no Km 61 da Rodovia Presidente Dutra, onde,
aos poucos foi construído o atual Mosteiro, inaugurado no dia 08
de dezembro de 1962.
Estamos celebrando o Ano Jubilar, 50 anos da transladação da
Comunidade do Antigo Mosteirinho para este local tão abençoado.
Aqui viveu tantos anos a Serva de Deus Madre Maria de Lourdes
de Santa Rosa e outras Irmãs que doaram suas vidas pela Santa
Igreja e por toda a humanidade.
A abertura do Ano jubilar no dia 08 de dezembro de 2011, foi
muito bonita, presidida pelo nosso dedicado e fervoroso assistente
espiritual e administrador deste Mosteiro Frei José Carlos da Silva,
OFM e concelebrada pelo Frei Wilson Steiner, OFM , grande
amigo e devoto de nossa Santa Mãe Beatriz. Antes da celebração, a
Postulante Márcia Silva da Conceição, recebeu o hábito e o nome
de Irmã Cássia Maria da Santíssima Trindade, OIC. Após a
homilia, pronunciada por Frei José Carlos, a noviça Irmã Maria da
silva de Jesus Crucificado, fez a sua Profissão de votos
Temporários. Foi inaugurada ainda a Capelinha de Adoração no
Noviciado. Nosso Cardeal Arcebispo Dom Raymundo Damasceno
Assis, além de conceder a devida licença nos doou um bonito
Sacrário. Pelas mãos da Virgem Imaculada, elevamos ao Senhor
nosso Deus, um hino de louvor e gratidão por tantas graças
recebidas.
Nossa Mãe Imaculada interceda por todas as nossas queridas
Irmãs. Jesus as abençoe com carinho e envie para todos os
Mosteiros, novas e fervorosas vocações. Permaneçamos sempre
unidas em oração.
Madre Ana Maria de Jesus e Comunidade.
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MOSTEIRO DA IMACULADA CONCEIÇAO
GUARATINGUETÁ - SP
2012 – ANO JUBILAR!
Jubileu é um Ano de Graça. Ano da
manifestação mais plena da bondade e da
misericórdia do Senhor. 2012, para o Mosteiro
da Imaculada Conceição em Guaratinguetá é
um ano de alegria, gáudio, louvor e ação de
graças.
A celebração dos 50 anos deste Mosteiro é
uma convocação para renovarmos nossos compromissos com o que
aqui foi iniciado e cultivado sob a ação do Espírito Santo e que nos
convida a “anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação
aos presos, aos cegos a recuperação da vista, libertar os oprimidos
e proclamar um ano de Graça do senhor” (Lc 4,18-19).
A finalidade essencial do Jubileu é o retorno pessoal aos valores
que sustentam nossa Vocação Contemplativa Concepcionista: o
Amor à Santíssima Eucaristia, o Amor à Paixão de Jesus Cristo e o
amor à Maria Imaculada. Citando as palavras do Papa João Paulo
II, o Jubileu deve ser marcado por “um comprometimento com a
Justiça e a PAZ, num mundo como o nosso, marcado por tantos
conflitos e desigualdades sociais e econômicas verdadeiramente
intoleráveis”. Que, pois, a trombeta do Jubileu, ressoe como
convocação e como promessa de esperança e alegria, para todas as
pessoas de boa vontade.
Como a Virgem de Nazaré, a missão da Concepcionista não
consiste em fazer obras exteriores, mas trabalhará silenciosamente
– como a raiz da árvore – para que outros colham os frutos. Assim
foi o apostolado escondido da Primeira Abadessa deste Mosteiro
Madre Maria de Lourdes de Santa Rosa. A sua missão consistia em
SER toda para Deus na radicalidade que resulta do seu viver
orante, exclusivo e próximo de Deus.
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Viver oculta com Maria e como Maria em Nazaré, sob o mesmo
teto com Jesus e para Jesus, na oração, no trabalho, na Alegria e na
Imolação... O Mosteiro da Imaculada Conceição em
Guaratinguetá se torna uma “Nazaré” feita de silencio,
interioridade, alegria e paz.
Se Santa Beatriz estivesse aqui entre suas filhas, certamente as
reuniria como uma só família e, olhando para cada uma diria:
minhas filhas, o Amor não é amado, comecemos, pois até agora
pouco ou nada fizemos.
Colaboração do Frei José Carlos da Silva, OFM
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TRÍDUO VOCACIONAL EM ITABAIANA-SE
Ainda celebrando o Jubileu... 500 anos no coração da Igreja.
Em 2010 ao visitar meus pais em minha cidade natal, Itabaiana/Sergipe, tomei conhecimento da existência de uma Capela dedicada a Santa Beatriz. Aguçou-se minha curiosidade e fui até lá conferir se era a “nossa” Beatriz. Fiquei imensamente feliz ao constatar que é Nossa Mãe Santa Beatriz a padroeira daquela comunidade paroquial. No ano passado pensando no Jubileu enviei, por meio de minha mãe, folhetos, cartazes, chaveiros e a novena para que pudesse ser divulgada e mais conhecida nossa Fundadora. Os coordenadores da Comunidade agradeceram muito e insistiram que eu fizesse uma visita para celebrar também lá o Jubileu de 500 anos de aprovação de nossa Regra. Na impossibilidade de fazer essa visita no ano passado, levando em consideração as celebrações que realizamos em nossos Mosteiros e em nível nacional, pensei que seria interessante fazer a visita tão logo fosse possível nesse ano de 2012. Sendo assim, preparamos, a Ir. Eleusa e eu, algum material e estivemos lá. A acolhida foi muito boa e também para as pessoas foi interessante conhecer as filhas de sua padroeira que eles nem sabiam que era a Fundadora de uma Ordem com mais de 500 anos de existência. Ademais, é justo partilhar com eles tantas graças que recebemos nesse Jubileu. Foi conosco um amigo Missionário Redentorista, jovem sacerdote, que celebrou e atuou como intermediário entre nós e as pessoas. Ressaltamos que não é comum estarmos desenvolvendo este tipo de trabalho mas, considerando o tempo especial do pós-jubileu, abrimos a exceção para estar e celebrar com a Comunidade Santa Beatriz da Silva em Itabaiana/Sergipe. Aliás, vale recordar aqui, que o Estado acima referido (Sergipe) é um verdadeiro “celeiro de vocações à vida Religiosa e Sacerdotal”. Nossa
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presença silenciosa e orante no meio daquelas pessoas foi bastante significativa para eles e para nós. Sabíamos que, dificilmente, voltaríamos àquele espaço sagrado por conta de nossa vida Monástica marcada pelo silêncio da clausura. Entretanto, o pouco tempo que tivemos foi suficiente para percebermos a vivacidade de nosso carisma “concepcionista” e o quanto nossa fundadora está “viva” e presente no coração de Jovens, crianças, adultos e idosos. Uma Comunidade vibrante, cativante e orante! Marcas características de uma espiritualidade bem fundamentada na padroeira da Comunidade. Até mesmo um Hino a Santa Beatriz ( que nos era desconhecido até então) foi entoado a plenos pulmões pelos jovens da comunidade, numa homenagem singela e forte às filhas consagradas ali presentes. Outro detalhe importante foi a presença maciça das Jovens! Durante as celebrações, percebíamos os olhares de admiração e encanto com que as pessoas observavam a nossa maneira de ser e agir, como consagradas a Deus. Nos momentos oportunos, destacávamos o fato de que nossa presença ali não era “tão comum assim” ; antes, tratava-se de um fato extraordinário por conta de uma ocasião extraordinária também. O povo entendeu muito bem isso e nós ficamos felizes com a semente plantada. Tendo em vista a experiência vivida, fica-nos a certeza de que somos responsáveis por dar continuidade a esse belo carisma que Beatriz recebeu do Espírito Santo e sabemos que a primeira e mais importante forma é pelo testemunho de nossa vida. Contudo, não se pode ignorar que uma oportunidade como essa é de extremo valor e não podemos descartar. Talvez não voltemos mais àquela Comunidade mas foi o início de uma nova história de amizade, de partilha e de divulgação da obra que Beatriz iniciou e nós, com a graça de Deus, queremos tornar atual cinco séculos depois. Mais do que simplesmente visitar creio que estar lá significou dizer que Beatriz teve uma missão na história, uma missão na Igreja; ela iniciou um capítulo novo para a humanidade e nós somos essa história viva na atualidade. Por fim, fica-nos a certeza de que somos “memórias vivas” de nossa fundadora. Mulheres que atualizam este carisma vivido há séculos e
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que, aqui e agora, o experienciamos de uma maneira antiga e sempre nova, com alegria nos olhos e no coração. Esperamos em Deus, que Ele continue a enviar a nossos Mosteiros o mesmo encantamento e certeza que nos trouxe até aqui. E que este encantamento atinja o coração de nossas Jovens á uma opção de vida radicalmente consagrada a Deus.
Ir. Lindinalva de Maria, OIC
Ir. Eleusa Maria, OIC
Pe. Aloísio Mota, CSsR
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Eu me consumi de zelo pela honra de minha Mãe
Imaculada!
Ave Maria Puríssima!
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PROFISSÃO SOLENE NO MOSTEIRO DE FLORIANO/PI
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No dia 21 de janeiro de 2012, realizou-se no Mosteiro do Sagrado Coração em Floriano-Piauí, a Profissão Religiosa de Votos Solenes da nossa Irmã Maria Inês Beatriz. Queremos parabenizá-la e também à sua Comunidade! Que Maria Imaculada e Nossa Santa Mãe Beatriz intercedam para que seja fiel até o fim! Em cada Profissão Solene renovamos a nossa esperança e cresce nosso desejo de que muitas e muitas outras jovens descubram e vivam esse carisma que perdura há mais de 500 anos na Igreja de Jesus Cristo. Certamente que nosso testemunho é o primeiro e mais autêntico convite! Parabéns, querida irmã! Vale a pena... “e ainda se vier noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo”... pois Ele te quer sorrindo... Nosso abraço e nossa oração!
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Feliz Páscoa!
“A ressurreição não é uma teoria, mas uma realidade histórica revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio da sua “páscoa”, da sua “passagem”, que abriu um “caminho novo” entre a terra e o Céu (cf. Heb 10, 20). Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e irrepetível: Jesus de Nazaré, filho de Maria, que ao pôr do sol de Sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o túmulo. De fato, ao alvorecer do primeiro dia depois do Sábado, Pedro e João encontraram o túmulo vazio. Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; reconheceram-No também os dois discípulos de Emaús ao partir o pão; o Ressuscitado apareceu aos Apóstolos à noite no Cenáculo e depois a muitos outros discípulos na Galileia.
O anúncio da ressurreição do Senhor ilumina as zonas escuras do mundo em que vivemos. Refiro-me de modo particular ao materialismo e ao niilismo, àquela visão do mundo que não sabe transcender o que é experimentalmente constatável e refugia-se desconsolada num sentimento de que o nada seria a meta definitiva da existência humana. É um fato que, se Cristo não tivesse ressuscitado, o “vazio” teria levado a melhor. Abstraíram-se de Cristo e da sua ressurreição, não há escapatória para o homem, e toda a sua esperança permanece uma ilusão. Mas, precisamente hoje, prorrompe com vigor o anúncio da ressurreição do Senhor, que dá resposta à pergunta frequente dos céticos, referida nomeadamente pelo livro do Coeleth: “Há porventura qualquer coisa da qual se possa dizer: Eis, aqui está uma coisa nova?” (Co 1, 10). Sim – respondemos -, na manhã de Páscoa, tudo se renovou.”
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(Trecho da Mensagem do Papa Bento XVI para a Páscoa de 2011)
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