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Femipa apresenta propostas para alterar projeto de Lei no Senado - Pág. 03 Entrevista: Maria Júlia da Silva, humanização no atendimento - Págs. 04 e 05 Hospital do Câncer de Cascavel inaugura novas instalações - Pág. 07 MARÇO/ABRIL 2009 - Nº 50 BOLETIM INFORMATIVO Leia mais na pág. 02) Após intensa mobilização junto à Câmara dos Deputados e ao Ministério da Saúde, os hospitais filantrópicos saíram prejudicados com a aprovação pelos deputados da Medida Provisória (MP) 451/08, que alterou as regras para o reembolso do seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT). Sob a avaliação da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), apesar dos esclarecimentos feitos ao relator da MP, deputado João Leão (PP-BA), o lobby das seguradoras foi maior. O assunto agora segue para o Senado, mas ainda sem previsão de data para ser votado. Para o presidente da Femipa, Charles London, ainda a expectativa de reverter a situação no Senado. Segundo o superintendente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), José Luiz Spigolon, o foco da atuação das Federações e da CMB deve ser nos representantes das bancadas estaduais. “Devemos apelar para que os representantes estaduais vetem o artigo que se refere ao DPVAT. Não podemos cruzar os braços e esperar a crise chegar. Contudo, vale salientar, que essa é uma briga muito grande. Mesmo que o texto não seja aprovado no Senado, ou aprovado com alterações, ele voltará para a Câmara sem garantias nenhuma de vitória para a população” afirma. Na opinião do senador Flávio Arns (PT-PR), o assunto não deveria estar incluído em uma MP que trata de outros assuntos. Esse argumento também é defendido pela assessoria jurídica da Federação, pois não haveria justificativa para a MP alterar a Lei 6.194/74, já que o assunto não tem caráter de urgência e não se trata de matéria tributária. “O tema é importante e precisa ser mais discutido com a sociedade e com os setores envolvidos”, afirma Arns. Uma das justificativas defendidas pelas seguradoras, que administram o seguro DPVAT, para a necessidade de mudanças nas regras estaria na cobrança dupla do atendimento. Os hospitais cobrariam do Sistema Único de Saúde (SUS) e por meio da cessão de direitos do DPVAT. “Restringir os direitos dos cidadãos porque se levantam acusações dessa natureza não é o caminho correto para resolver a questão. Dessa maneira quem sai prejudicada é a sociedade como um todo. Se há cobrança em duplicidade, que se investigue, se aponte os responsáveis e se puna. Não se pode acusar de maneira generalizada”, defende Arns. Para ele, o Brasil tem tecnologia suficiente e pessoas capacitadas para desenvolver mecanismos de fiscalização e de gestão, que mostrem de forma transparente para a sociedade a aplicação dos recursos. Em recente comunicado oficial publicado na imprensa, a Femipa e a CMB se manifestaram em defesa dos hospitais filantrópicos filiados. A nota diz que “Os hospitais não se apropriam de recursos ao qual o cidadão tem direito e repudia, com veemência, a cobrança em duplicidade”. O texto ainda faz um alerta para a sociedade: “o maior prejuízo não será dos hospitais e sim do cidadão que paga pelo seguro e não terá direito a usufruir dos seus benefícios”. Dupla cobrança Cajuru recebe mais de 600 vítimas de acidentes de trânsitos por mês em Curitiba e já sente sobrecarga no atendimento via SUS Divulgação Paraná lidera mobilização contra mudanças no DPVAT

Boletim Femipa - N° 50

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Boletim bimestral da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do PR

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Page 1: Boletim Femipa - N° 50

Femipa apresenta propostas paraalterar projeto de Lei no Senado - Pág. 03

Entrevista: Maria Júlia da Silva,humanização no atendimento - Págs. 04 e 05

Hospital do Câncer de Cascavel inauguranovas instalações - Pág. 07

MARÇO/ABRIL 2009 - Nº 50BOLETIM INFORMATIVO

Leia mais na pág. 02)

Após intensa mobilização junto àCâmara dos Deputados e ao Ministérioda Saúde, os hospitais filantrópicossaíram prejudicados com a aprovaçãopelos deputados da Medida Provisória(MP) 451/08, que alterou as regras parao reembolso do seguro obrigatório dedanos pessoais causados por veículosautomotores de via terrestre (DPVAT).Sob a avaliação da Federação dasSantas Casas de Misericórdia eHospitais Beneficentes do Estado doP a r a n á ( F e m i p a ) , a p e s a r d o sesclarecimentos feitos ao relator da MP,deputado João Leão (PP-BA), o lobbydas seguradoras foi maior. O assuntoagora segue para o Senado, mas aindasem previsãodedataparaser votado.

Para o presidente da Femipa, CharlesLondon, ainda há a expectativa dereverter a situação no Senado. Segundoo superintendente da Confederaçãodas Santas Casas de Misericórdia,Hospitaise EntidadesFilantrópicas

(CMB), José Luiz Spigolon, o foco daatuação das Federações e da CMB deveser nos representantes das bancadasestaduais. “Devemos apelar para queos representantes estaduais vetem oartigo que se refere ao DPVAT. Nãopodemos cruzar os braços e esperar acrise chegar. Contudo, vale salientar,que essa é uma briga muito grande.Mesmo que o texto não seja aprovadono Senado, ou aprovado comalterações, ele voltará para a Câmarasem garantias nenhuma de vitóriaparaapopulação”afirma.

Na opinião do senador Flávio Arns(PT-PR), o assunto não deveria estarincluído em uma MP que trata deoutros assuntos. Esse argumentotambém é defendido pela assessoriajurídica da Federação, pois não haveriajustificativa para a MP alterar a Lei6.194/74, já que o assunto não temcaráter de urgência e não se trata dematériatributária. “Otemaé

importante e precisa ser mais discutidocom a sociedade e com os setoresenvolvidos”,afirmaArns.

Uma das justificativas defendidaspelas seguradoras, que administram oseguro DPVAT, para a necessidade demudanças nas regras estaria nacobrança dupla do atendimento. Oshospitais cobrariam do Sistema Únicode Saúde (SUS) e por meio da cessão dedireitos do DPVAT. “Restringir os direitosdos cidadãos porque se levantamacusações dessa natureza não é ocaminho correto para resolver aquestão. Dessa maneira quem saiprejudicada é a sociedade como umtodo. Se há cobrança em duplicidade,que se investigue, se aponte osresponsáveis e se puna. Não se podeacusar de maneira generalizada”,defende Arns. Para ele, o Brasil temtecnologia suficiente e pessoasc a p a c i t a d a s p a r a d e s e n v o l v e rmecanismos de fiscalização e de gestão,que mostrem de forma transparentepara a sociedade a aplicação dosrecursos.

Em recente comunicado oficialpublicado na imprensa, a Femipa e aCMB se manifestaram em defesa doshospitais filantrópicos filiados. A notadiz que “Os hospitais não se apropriamde recursos ao qual o cidadão temdireito e repudia, com veemência, acobrança em duplicidade”. O textoainda faz um alerta para a sociedade: “omaior prejuízo não será dos hospitais esim do cidadão que paga pelo seguro enão terá direito a usufruir dos seusbenefícios”.

Duplacobrança

Cajuru recebe mais de 600 vítimas de acidentes de trânsitos por mês em Curitiba e já sentesobrecarga no atendimento via SUS

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oParaná lidera mobilização contra mudanças no DPVAT

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::: Editorial

Charles LondonPresidente da Femipa

Hospitais filantrópicos e santas casas de todo o paísaguardam ansiosos e apreensivos pelas decisões políticasem discussão na capital federal. Estão nas mãos dedeputados e senadores assuntos que influenciamdiretamente as rotinas de cada hospital e que podemdeterminar, em alguns casos, o agravamento ainda maiordas dificuldades financeiras dos filantrópicos.

Se as mudanças provocadas pela MP 451 quanto ao usodos recursos do seguro DPVAT permanecerem, muitos hospitais filantrópicosdo Paraná, por exemplo, responsáveis por grande parte dos atendimentos devítimas de acidentes de trânsito, sofrerão com a redução de recursos. Asconsequências podem ir desde a não possibilidade de atendimento de umpaciente até ao adiamento de cirurgias eletivas já agendadas, visto que oshospitais têm um teto financeiro firmado em contrato com o gestor público.Mais uma vez a população que usa o SUS será prejudicada. A expectativa é deque a situação seja revertida no Senado.

Outro assunto em discussão no Congresso Nacional que diz respeitodiretamente à área da saúde é o do Projeto de Lei do Senado que pretendedefinir as regras para a emissão do certificado de filantropia. A Femipa temparticipado de maneira efetiva desse debate e espera, em breve, umadefinição clara quanto ao tema. Para tanto, contamos com o trabalho dosparlamentares paranaenses na defesa dos hospitais filantrópicos que tantocontribuem para os atendimentos via Sistema Único de Saúde do país.

EXPEDIENTEFederação das Santas Casas de

Misericórdia e Hospitais Beneficentes doEstado do Paraná - FEMIPA

Endereço: Rua Padre Anchieta, 1691 - sala505 - Champagnat

Cep 80.730-000 - Curitiba - ParanáFone: |41| 3027.5036 - Fax: |41| 3027.5684

[email protected]: Charles London

Vice-presidente: Eduardo Blanski

www.femipa.org.br •

Publicação bimestralProdução, edição e redação: INTERACT

Comunicação Empresarialwww.interactcomunicacao.com.br

Jornalista responsável: Juliane Ferreira -MTb 04881 DRT/PR

Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Gráfica Unificado

O Conselho Nacional de Saúde(CNS), em parceria com o Ministérioda Saúde, lançou, em todos Estadosbrasileiros, a Caravana em Defesa doSistema Único de Saúde (SUS). Com otema “Todos em Defesa do SUS”, aideia da caravana é discutir osproblemas e os avanços do SUS.Depois, todas as propostas serãoapresentadas durante um EncontroNacional em Brasília, no mês dedezembro. No Paraná, a Caravanapassará por Curitiba no dia 25 deagosto.

A proposta da mobilização fazparte da Agenda Polít ica doConselho Nacional de Saúde, queinclui temas como a Gestão doTrabalho, Modelo de Atenção,Financiamento, Controle Social,Intersetor ia l idade, ComplexoProdutivo da Saúde e Humanizaçãono SUS, definidos como estratégiapara o cumprimento de suas ações.

Foram lançadas ainda a campanhado SUS como Patrimônio Social,Cultural, Imaterial da Humanidade,além do movimento em favor dar e g u l a m e n t a ç ã o d a E m e n d aConstitucional nº29, que estárecebendo contribuições por meiode assinaturas eletrônicas no sitewww.conselho.saude.gov.br.

Caravana da SaúdeO reflexo das mudanças provocadas com a edição da MP 451/08 já está sendo

sentido pelos hospitais filantrópicos desde o início do ano. Segundo o diretor geraldo Hospital Cajuru, de Curitiba, Cláudio Enrique Lubascher, já há uma sobrecargano atendimento via SUS sem a devida contrapartida financeira em função dacontratualização. “Além de agravar significativamente o déficit operacionaldecorrente do atendimento ao SUS, afeta diretamente a qualidade assistencialpelo aumento direto do número de pacientes atendidos”, afirma. Ele explica queesse aumento da demanda não é coberto pelo contrato com o Gestor Público, quedefine valores e metas físicas de atendimento, que leva em consideração asmédias históricas e não considera possibilidades de aumento da demandadecorrentes de situações como essa. A preocupação da instituição é avaliar atéquanto será possível absorver esse ônus sem afetar o atendimento ao SUS comoum todo. Atualmente, o Cajuru é responsável pelo atendimento de mais de 600pacientes vítimas de acidentes de trânsitos por mês em Curitiba.

Durante o 4° Fórum Paranaense de Gestão Hospitalar realizado em Curitiba,em abril, o diretor de Serviços de Urgência e Emergência da prefeitura de Curitiba,Matheos Chomatas, disse que a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná defendea manutenção da cessão dos direitos do DPVAT aos hospitais. Ele afirmou aindaque, ao menos por enquanto, não haverá revisão dos contratos firmados com oshospitais filantrópicos na capital. “Estamos aguardando uma definição doCongresso. Esperamos que o assunto seja revertido no Senado”, completou.

Hospitais contabilizam prejuízos com MP 451/08

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::: DESTAQUE :::

Hospital do Câncer de Cascavel inaugura novas instalações

O Hospital do Câncer de Cascavel,que faz parte do grupo Uopeccan,comemora mais uma importanteconquista: a inauguração da terceiraetapa das obras do complexohospitalar para diagnóstico etratamento do câncer infantil e adulto,uma construção que culmina com ai m p l a n t a ç ã o d o s s e r v i ç o sespecializados de transplante demedula óssea e modernização docentro diagnóstico. Com a conclusãodessa ampliação, a Uopeccan passa ater mais de uma centena de leitos parai n t e r n a m e n t o . A l é m d i s s o , ainstituição recebeu do Ministério daSaúde o reconhecimento como centrode alta complexidade em oncologia.

Segundo o presidente da Uopeccan,Ciro Antonio Kreuz, equipamentos deúltima geração estão nos 4 mil m² quefazem parte da nova estrutura. Entre asnovidades estão o centro de imagemcom mamografia, ultrassonografia,raio-x, endoscopia, colonoscopia e ainovação em punção diagnóstica àvácuo em mama por agulha, através doequipamento Mammotome, umae x c l u s i v i d a d e n a r e g i ã o . O s

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equipamentos que já existiamcontinuarão a serviço da população.

Com a ampliação, o hospital contaagora com um novo centro cirúrgicocomposto de cinco salas equipadas,central de materiais de esterilização,apartamentos e suítes, além de toda aestrutura necessária para transplantede medula óssea. "Vivemos ummomento ímpar, pois só quem passoupordificuldadespodecompreendero

sabor desta vitória. Inauguramos aterceira etapa, totalizando 11 mil metrosquadrados de estrutura hospitalar, jácom planos para novos desafios. Tudoisso é resultado de uma filosofia detrabalho onde o investimento derecursos e ações humanitáriasevidenciam uma gestão transparente enos mostram que é possível”, afirma opresidente.

A Uopeccan é formada pelo Hospitalde Câncer de Cascavel, a Casa de Apoio -administrada pelas Irmãs FranciscanasAngelinas -, o Núcleo Solidário - dirigidopelas Legionárias com o apoio devoluntários -, e o Ambulatório e Casa deApoioVitaVitória,emUmuarama(PR).

A instituição conta com serviço detelemarketing em Cascavel, Foz doIguaçu e Umuarama para arrecadaçãode fundos. Parte desses recursos éa p l i c a d a n o t r e i n a m e n t o d o sprofissionais. A entidade oferece ainda,por meio de uma parceria com aUniversidade São Camilo, de São Paulo,cursos de pós-graduação em Farmácia eEnfermagem Oncológica. Este ano, aprimeira turma de residência médica emoncologia clínica e cirúrgica seráiniciada.

Complexo

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Com a ampliação, hospital passa a contar com um novo centro cirúrgico

Novas instalações garantem toda a estrutura necessária para transplante de medula óssea

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::: Entrevista

BOLETIM FEMIPA: O que é a humanização do atendimento na área da saúde?

BOLETIM FEMIPA: Como a humanização no atendimento hospitalar interferena recuperação dos pacientes?

BOLETIM FEMIPA: De maneira geral, como estão os hospitais brasileiros, emespecial os filantrópicos, quando se trata desse assunto?

BOLETIM FEMIPA: Quando se percebeu que a humanização poderia fazer adiferença nos resultados dos tratamentos?

MARIA JÚLIA: Pode ser compreendida como a percepção que todas asequipes de atendimento tenham de entender e cuidar do ser humano comoalguém que não se resume meramente a um ser com necessidades biológicas,mas como um agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a seremrespeitados, devendo ser garantida sua dignidade ética. Consideroimportante ressaltar que a necessidade de humanização dos cuidados noâmbito hospitalar existe em um contexto social no qual alguns fatores têmcontribuído para a fragmentação do ser humano como alguémcompreendido com necessidades puramente biológicas: a tecnologia, a visãode que é a equipe de saúde que detém todo o saber e a negação daintegralidade das dimensões humanas.

MARIA JÚLIA: É fácil fragilizar quem já se sente frágil. É humanizador oprofissional de saúde colocar o foco no saudável do cliente também, nãofocando só o doentio e resgatando na pessoa o que ela tem de melhor: suavontade de viver. Os processos humanizantes aproximam os profissionais dospacientes, provocando inclusive mudanças na postura técnica doprofissional. Por exemplo: por respeitar o outro na sua integralidade, lavamosnossas mãos sempre que nos aproximamos para cuidar, mesmo que“ninguém” esteja olhando, que a pia fique longe. É humanizante se preocuparcom os indicadores de assistência (incidência de queda, incidência deextubação acidental, incidência de úlcera por pressão, por exemplo) e degestão de pessoas (índice de treinamento dos profissionais), assim como“jogar conversa fora” falando de futebol, de comida e da vida.

proposto peloMinistério da Saúde há aproximadamente 10 anos, muitas instituiçõestiveram inicialmente que aderir à proposta para conseguir mais recursosfinanceiros. Atualmente, muitos dos profissionais já estão eticamenteimbuídos dessa filosofia e estão conseguindo ancorar no dia a dia ações,projetos e processos humanizantes. Parece-me que os hospitais filantrópicos,exatamente por terem como missão a filantropia, têm na (maioria de) suaequipe essa consciência, conseguindo construir um espaço concreto nasinstituições que legitima o humano das pessoas envolvidas.

MARIA JÚLIA: Desde Paracelso (veja box na pág. 5), que já afirmava: “O melhorremédio para o homem é o homem, e a única cura possível é o amor”.

MARIA JÚLIA: Temos um movimento muito bonito, me parece, nesse sentido.Com o Programa Nacional de Humanização dos hospitais,

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P r o f e s s o r a T i t u l a r d o

Departamento de Enfermagem da

Escola de Enfermagem da USP, Maria

Julia Paes da Silva tem mestrado,

doutorado e livre docência na área de

c o m u n i c a ç ã o i n t e r p e s s o a l .

A t u a l m e n t e é d i r e t o r a d o

Departamento de Enfermagem do

Hospital Universitário da USP. Autora

dos livros: “Comunicação tem

remédio”, “O amor é o caminho –

maneiras de cuidar”, “Qual o tempo do

cuidado?”, “Cuidar em Enfermagem é

assim”, entre outros.

Nesta entrevista, a professora

a b o r d a a i m p o r t â n c i a d a

humanização no atendimento dentro

das instituições hospitalares e os

resultados provocados com a adoção

dessa atitude pelas equipes de

profissionais que atuam na área da

saúde.

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Entrevista :::

BOLETIM FEMIPA: O que precisa mudar nos hospitais para que a humanizaçãopossa efetivamente ser implantada?

BOLETIM FEMIPA: Os profissionais da saúde estão capacitados paraimplementar a humanização no atendimento ao paciente?

BOLETIM FEMIPA: Existem barreiras culturais nopaís para que esse processo seja incorporado aodia a dia das instituições hospitalares?

MARIA JÚLIA: São muitas as possibilidades de mudança que favorecem aconvivência dentro de um hospital! Podemos pensar em espaços adequadospara os acompanhantes (de idosos e crianças, principalmente),brinquedoteca, cores indicativas de setores para facilitar o “trânsito” dosfamiliares, música ambiente suave nas salas de espera e de emergência,pessoal para fazer o acolhimento nos setores de emergência, equipepreparada em cuidados paliativos que assessore as equipes das unidades naclareza dos critérios para cuidarmos adequadamente dos pacientes fora depossibilidades terapêuticas de cura (e não provocarmos distanásias),programas de “cuidados com o cuidador”... São muitas as possibilidades! Oque é fundamental? Que existam pessoas nas instituições atentas para ouvir ooutro, serem atenciosas, considerar a individualidade e subjetividade do serhumano e tratá-lo com deferência. Em cada instituição existe a solução paraos próprios desafios.

MARIA JÚLIA: As escolas estão cada vez mais atentas a esse aspecto naformação dos profissionais de saúde. Podemos observar, pensando emeducação continuada e nos profissionais formados há mais tempo, quemuitos são os eventos que apresentam como parteda programação temas ligados à humanização e àética. Penso que toda pessoa que quer ser o melhorde si a cada dia, tenta ancorar em toda a açãoprincípios humanizantes, pois se lembra que todat é c n i c a / a ç ã o é d i r i g i d a a u m s e r“biopsicosocioespiritual” que merece respeito,tem autonomia e está mais frágil, portanto,merece e precisa de cuidados.

MARIA JÚLIA: Parece-me que a organização quenão reconhecer e tratar seus funcionários comoclientes internos, terá muita dificuldade paravalorizar o conceito de clientes externos. Tambémpercebo que a maioria das instituições tentaadivinhar o que é bom para os pacientes, quandoperguntar seria mais fácil. Demoramos a perder ohábito de trabalhar para os clientes, e começar atrabalhar com os clientes, envolvendo-os nosprocessos.

Paracelso: mago e cientistaEle saiu de casa aos 14 anos em busca da pedra

filosofal. Médico e alquimista, venceu a peste,

antecipou em 500 anos a cura da sífilis e

revolucionou a Medicina. Theophrastus Philippus

Aureolus Bombastus von Hohenheim nasceu na

Suíça e era filho de um médico. O nome “Paracelso”

só foi adotado por volta de 1529, significando “acima

de Celso'”. A educação de Paracelso foi mais prática e

mística do que seria usual num médico do seu

tempo. Com o pai aprendeu a medicina, a botânica, a

mineralugia, a metalurgia e a filosofia natural. O

abade Johannes Trithemius, de Sponheim, ensinou-o

sobre as artes mágicas e o ocultismo. Também

frequentou a escola de minas em Huttenberg e

chegou a ser aprendiz nas minas de Schwaz. Neste

contexto, desenvolveu um maior interesse pelas

manifestações da cultura contemporânea e local, dos

camponeses e artesãos e menor veneração pela

cultura clássica dos humanistas do seu tempo.(Fonte: Revista Super Interessante – Ed. 79)

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Solidariedade

::: Atualidades

* Com informações da assessoria deimprensa do Ministério da Saúde

Mais pessoas praticam atividade física

O número de brasileiros que praticamatividade física regular aumentou em2008. O percentual passou de 14,9%, em2006, para 16,4%, no ano passado.Embora continue alto, o sedentarismobaixou de 29,2%, em 2006, para 26,3%,em 2008.

Os dados são do estudo Vigilância deFatores de Risco e Proteção para DoençasCrônicas Por Inquérito Telefônico(VIGITEL), do Ministério da Saúde. Apesquisa foi realizada nas 26 capitais e noDistrito Federal, entre abril e dezembro de2008. Foram 54 mil entrevistas telefônicasrealizadas pelo VIGITEL, desenvolvido e mparceria com o Núcleo de PesquisasEpidemiológicas em Nutrição e Saúde daUniversidadedeSãoPaulo.

O relatório mostra que homens sãomais ativos: 20,6% fazem algumaatividadefísica.Entreasmulheres,oíndice

é 12,8%. Mas são eles também quel i d e r a m o s e d e n t a r i s m o ,correspondendo a um percentual de29,5% aqueles que não praticaramqualqueratividadefísicanosúltimostrêsmeses, não realizaram esforço físicointenso no trabalho, não se deslocaramparaotrabalhoapéoudebicicleta,enãoeram responsáveis pela limpeza pesadada casa. Entre as mulheres, 23,5% sãoconsideradas sedentárias. Para osidosos, esse índice baixou de 56,5%, em2007, para 52,6%, em 2008, entreadultosapartirde65anosdeidade.

N a c a p i t a l p a r a n a e n s e , aporcentagem de adultos que praticamatividade física suficiente no lazer é de15,3%, menos que nas outras duascapitais do sul do país, Florianópolis(19,5%) e Porto Alegre (16,3%). EmCuritiba, os homens comprovam a

estatística nacional, sendo mais ativosque as mulheres , do total deentrevistados, 16,1% dos homensdizem praticar atividade físicasuficiente, contra 14,6% das mulheres.

A Organização Mundial da Saúde(OMS) considera “suficiente” a práticade 30 minutos diários, por pelo menoscinco dias na semana, de atividade leveou moderada; ou 20 minutos diários deatividade vigorosa, em três ou maisd i a s d a s e m a n a . C a m i n h a d a ,caminhada em esteira, musculação,hidroginástica, ginástica em geral,natação, artes marciais, ciclismo evoleibol são práticas leves oumoderadas. As vigorosas são corrida,corrida em esteira, ginástica aeróbica,futebol, basquetebol e tênis.

Fale direto com seu público.

Anuncie no Boletim Femipa(41) 3027-5684 ou

[email protected]

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