Boletim informativo do Curso de Gestores Indígenas de MT

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WATSI MANHARI DARA H BODODINA RADA*Nossa formao o inicio do caminho (Xavante)

Boletim do Curso de Formao de Gestores e Gestoras Indgenas do Mato Grosso 3EdioFevereiro 2011

Seminrio Integrador apresenta projetos dos cursistasFormada primeira turma de gestores e gestoras indgenas do Mato Grosso Ineditismo do curso sinaliza avano para poltica indgena

52Capacitao de Jovens Cinta Larga na rea de Informtica

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Parceria com a Unemat fortalece dilogo entre academia e povos indgenas Revitalizao Da Lngua Materna Do Povo Indgena Arara Do Rio Branco Curso em Audiovisual para Registro do Patrimnio Cultural dos Povos Indgenas de Mato Grosso com Perspectiva de Garantir o Respeito Diversidade Cultural

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Tuyay Maming - Trabalho do rato Fortalecimento cultivo da plantao tradicional do povo Karaj (Aldeia Krehawa Terra Indgena Krehawa) Agente Ambiental Indgena Bororo: Atuao em prticas de Monitoramento Territorial Conhea o Instituto Maiwu

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Formada primeira turma de gestores e gestoras indgenas do Mato Grossoda Secretaria de Estado de Educao (SEDUC), ressaltou que a formatura contribui para consolidar um momento histrico na realidade indgena brasileira. Estamos tomando um novo direcionamento das nossas polticas. Comeamos com a formao pedaggica e avanamos para a gesto de projetos. Para ele, h um novo olhar para os indgenas. Demos um passo que vai ficar na histria e na memria dos nossos parentes, finalizou.Formandos - Indgenas das etnias: Apiak, Arara, Bororo, Guat, Chiquitano, Cinta Larga, Kayabi, Karaj, Rikbaktsa, Tapajuna, Tapirap, Umutina, Xavante, Ikpeng, Zor

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m uma cerimnia repleta de indgenas, professores, pesquisadores, representantes do poder pblico municipal, estadual e federal, foi realizada a formatura da primeira turma do Curso de Formao de Gestores e Gestoras Indgenas do Mato Grosso, promovido pelo Instituto Maiwu em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e Fundao Nacional do Indio (FUNAI). A formatura dos 24 cursistas aconteceu no dia 20 de janeiro no auditrio do campus da Unemat de Barra do Bugres. Eles venceram uma etapa muito importante com a capacidade de propor e elaborar projetos voltados para suas comunidades, destacou Francisca Navantino, ndia Pares , destacou Francisca Navantino, ndia Pares, representante indgena de MT na CNPI (Comisso Nacional de Polticas Indigenista-MJ). As parcerias instituicionais articuladas pelo Instituto Maiwu foram fundamentais na realizao do curso. A parceria com a UNEMAT possibilitou que curso de gestores indgenas realizado pelo MAIWU fosse o primeiro a ser reconhecido e certificado por uma Universidade. Outra instituio importante neste processo, foi a FUNAI que alm de apoiar com o deslocamento dos cursistas para os locais dos cursos, contribuiu com a coordenao pedaggica do curso, auxiliando e orientando os cursistas no desenvolvimento de suas atividades e projetos. Durante a cerimnia de formatura Flix Adugo, ndio Bororo e coordenador da Educao Escolar Indgena

O prefeito de Barra do Bugres, Wilson Francelino de Oliveira, ressaltou que os cursistas formados passaram a ser pessoas diferenciadas em suas terras, pois eles ajudaro no desenvolvimento delas. Os projetos, sejam no campo da sade, educao, ou sustentabilidade tem que brotar na comunidade. A partir do momento dessa qualificao ser muito mais fcil para as comunidades terem bons projetos, sinalizou. Flvio Teles,coordenador do campus da Unemat de Barra do Bugres, comentou a importncia da parceria da universidade com o instituto. A Unemat est atenta s necessidades, enxergando o que est a nossa volta. Este curso contribui para diminuir os problemas e acreditar que dias melhores viro, afirmou. O curso pode trazer oportunidades para nossas comunidades uma vez que os cursistas esto agora preparados para auxili-las, destacou Maria Alice Umutina, presidente da Associao de Mulheres Indgenas Takin. Com a finalizao deste curso no podemos nos dispersar. Temos um compromisso com o movimento indgena da nossa comunidade e lutar pela defesa dos nossos direitos, complementou a formanda Alexandra Mendes Leite, ndia da etnia Chiquitano. Para Audecir Arara, presidente do Instituto Maiwu, a formatura mostrou que se concretizou os objetivos que estavam no projeto, formando gestores para as organizaes indgenas de base. Este o primeiro curso de extenso de uma entidade indgena em parceria com uma universidade pblica.

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Ineditismo do curso sinaliza avano para poltica indgena

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ndito no Estado de Mato Grosso o curso de gestores indgenas foi o primeiro a ser executado por uma entidade indgena e em parceria com uma universidade pblica. Ao longo de 18 meses foram realizados cinco encontros presenciais em que foram abordados temas como a realidade indgena brasileira, legislao indgena e ambiental, diagnsticos e elaborao de projetos. Os dois mdulos finais foram focados na prtica de elaborao de projetos, dos quais seis foram selecionados para serem apresentados para possveis financiadores. Participaram do curso 30 lideranas indgenas escolhidas por suas comunidades e associaes. No total, foram representados os seguintes povos: Apiak, Arara, Bakairi, Bororo, Guat, Chiquitano, Pareci, Cinta Larga, Kayabi, Karaj, Mebengokr, Panar, Rikbaktsa, Tapajuna, Tapirap, Umutina, Xavante, Ikpeng, Zor. Esses povos contemplam representantes das quatro regies do Estado: Baixada Cuiabana, Xingu-Araguaia, Norte e Noroeste Para Audecir Arara, presidente do Instituto Maiwu, a formatura mostrou que se concretizou os objetivos que estavam no projeto, formando gestores para as organizaes indgenas de base. Este o primeiro curso de extenso de uma entidade indgena e uma universidade pblica que acontece no Brasil, afirmou. Audecir acredita que com isso outras parcerias para outras formaes iro ocorrer. Estamos com um projeto de iniciarmos a segunda turma de gestores em 2012 e estamos conversando com possveis parceiros e polticos para a realizao de pelo menos mais uma turma, finalizou. O Xavante Joo Tobias acredita que sua formao como gestor servir para retomar a luta em sua comunidade, em So Marcos, localizada no municpio de Barra do Garas, a 500 km de Cuiab. Estamos comeando a articulao em torno da nossa terra e lutar pela melhoria da nossa vida e os contedos do curso serviu para levantar os problemas e vo servir para buscar nossas caminhadas, animou-se. Para Tobias, uma nova turma do curso servir para que mais

Audecir Arara- Presidente do Instituto Maiwu (2010- 2014)

Este o primeiro curso de extenso de uma entidade indgena e uma universidade pblica que acontece no Brasil, afirmou Audecir Arara

indgenas estejam preparados para elaborar projetos, gerenciar suas associaes e, em conseqncia, melhorar a vida da comunidade. De acordo Audecir Arara, a realizao era uma proposta antiga da entidade, mas que s foi possvel com o apoio do Projetos Demonstrativos dos Povos Indgenas (PDPI), ligado a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel do Ministrio do Meio Ambiente (MMA). Tambm foram fundamentais parcerias com a Fundao Nacional do ndio (FUNAI), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e a Secretaria de Estado de Educao de Mato Grosso (SEDUC).

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Parceria com a Unemat fortalece dilogo entre academia e povos indgenas

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parceria do Instituto Maiwu com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) foi muito importante porque foi a primeira vez que isso aconteceu no Estado. A afirmao de Elias Janurio, coordenador da Faculdade Indgena Intercultural da UNEMAT. Para ele essa experincia abre mais um espao de dilogo e parceria com organizaes indgenas. O curso de extenso para formao de gestores com carga horria de 880 horas fortaleceu o nosso trabalho com a comunidade indgena, ainda mais por se tratar de uma rea que ns ainda no havamos atuado, explica.

Elias Janurio coordenador da Faculdade Indgena Intercultural da UNEMAT e a Formanda Alexandra- Chiquitano

Para Janurio, aps essa experincia exitosa surgiu a vontade de abrir novas parcerias para cursos de extenso. Entre as propostas que esto sendo desenhadas esto os cursos de gesto territorial e gesto educacional. Essas reas tm uma demanda muito grande e que precisa de indgenas para atuar na realidade que est posta, complementa. No caso da gesto educacional, por exemplo, a demanda porque devido cada vez mais professores indgenas esto assumindo a gesto das escolas localizadas nas terras indgenas como diretores e coordenadores. Flix Adugo, coordenador da Educao Escolar Indgena da Secretaria de Estado de Educao (SEDUC) reconhece que atualmente em Mato Grosso existe uma maior sensibilizao tanto da universidade quanto da secretaria. A Unemat desenvolveu uma sensibilidade de respeitar o diferente e a soberania dos povos indgenas. Tanto que foi a pioneira na construo de uma poltica educacional do terceiro grau para os povos indgenas, afirma. O coordenador, que Bororo e participou da criao da Faculdade Intercultural Indgena acrescenta que a instituio conseguiu enxergar diferenas entre os

O curso de extenso para formao de gestores com carga horria de 880 horas fortaleceu o nosso trabalho com a comunidade indgena, ainda mais por se tratar de uma rea que ns ainda no havamos atuado,

povos indgenas que normalmente os no-ndios no percebiam, seja nas instituies de educao ou de outros setores de governo. Essa sensibilidade foi o que possibilitou a parceria com o Instituto Maiwu e a realizao do curso de gestores, de acordo com Flix. A vinda dos gestores ser uma fora para somar com os professores para a comunidade indgena no que tange aos seus projetos de vida, acredita. Os indgenas esto sendo chamados para trabalhar as suas problemticas e encontrar uma sada. Com este curso eles passam a enxergar um novo horizonte, acredita.

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Seminrio Integrador apresenta projetos dos cursistas

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ltima atividade do Curso de Formao de Gestores e Gestoras foi a realizao de um seminrio para apresentar seis dos projetos desenvolvidos nas etapas anteriores, consolidando o aprendizado iniciado no primeiro mdulo em janeiro de 2010. Estes projetos foram trabalhados em grupo misturando diferentes etnias com a proposta de que todos pudessem analisar as falhas e potencialidades dos trabalhos, considerados pela coordenao do Maiwu como passveis de aprovao por entidades que apiam a causa indgena, ainda que possam vir a necessitar de adequaes. Um resumo de cada um desses projetos esto descritos nas pginas seguintes, abrangendo vrios povos indgenas como os Bororo, Ikpeng, Cinta-Larga, Arara e Karaj e tratam de temas diferenciados, de informtica a produo audiovisual, de fortalecimento da agricultura s alternativas ao lixo, da revitalizao da lngua materna a proteo e vigilncia de suas terras.

Lideranas Indgenas de instituies parceiras e executora do Projeto- Marilia Taiu -FUNAI, Chiquinha Pareci- CNPI, Filadelfo - Umutina- CEEI/MT e Audecir - Arara- Instituto Maiwu

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projetos

Revitalizao Da Lngua Materna Do Povo Indgena Arara Do Rio BrancoEntidade proponente: Associao Oimecrekanaz Cursistas: Danilo Cinta Larga, Carilene Rikbaktsa, Laelcio Umutina

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proposta deste projeto promover aes para revitalizar a lngua materna do povo indgena Arara do Rio Branco, localizado em Aripuan (883 km de Cuiab). Para realizar este objetivo 30 jovens da aldeia sero capacitadas por meio de um curso de um ano dividido em oito oficinas. A expectativa incentivar os Arara a realizar pesquisas e registro da lngua com apoio tcnico de um lingista, promovendo o intercmbio entre o povo Arara e outros povos de famlia lingstica semelhante. Junto a isso o projeto prev a elaborao e publicao de materiais didticos como cartilhas e dicionrios com o significado das palavras na lngua materna. Os Arara vivem em Aripuan, no Noroeste de Mato Grosso, onde so conhecidos como Arara do Rio Branco. Apesar de possurem vrias aldeias em apenas trs h escolas: Volta Grande, aldeia Ponte Nova e Aldeia Boa Esperana. O povo Arara vive da agricultura, pesca e caca, somente para consumo. Apesar da lngua materna ter sido esquecida, outros aspectos da sua cultura como as danas e pinturas corporais so desenvolvidas no cotidiano. Atualmente apenas dois ancios da falam a lngua materna. Em seu mito de origem, contado pelos mais idosos, os Arara teriam nascido da pedra que foi quebrada pelo macaco prego com uma machadinha de pedra, batendo ate que abriu um buraco de onde sara os primeiros ndios. Quando viviam dentro da pedra s se alimentavam com barro. Quando saram dela, comearam a trabalhar para conseguir alimentao e a fazer os artesanatos: arara, flecha, cocar. Os primeiros contatos com os Araras datam de 1914, por ocasio da expedio Roosevelt Rondon, que explorou o Rio da Dvida, atual rio

Roosevelt, afluente do rio Aripuan. O Mapa etnohistrico de Curt Nimuendaju confirma a existncia de etnias distintas reunidas sob o nome Arara. A execuo do projeto Revitalizao Da Lngua Materna Do Povo Indgena Arara Do Rio Branco ficar a cargo da organizao OIMEMCREKANAZ, que foi criada pelos povos indgenas do noroeste do Mato Grosso para discutir entre os povos da regio os problemas, encontrar solues na rea de sade, educao, meio ambiente, cultura e defender seus direitos e suas terras. A organizao representa os povos Irantxe, Myky, Enawene Nawe, Munduruku, Cinta Larga, Rikbaktsa, Kayabi, Apiaka, Nambikwara, Arara e Zor e fruto de vrios anos de discusso, mobilizao e articulao dos povos indgenas da regio. O projeto prev a parceria da Fundao Nacional do ndio (FUNAI), Instituto Maiwu, Conselho indgena Missionrio (CIMI), Prefeitura de Aripuana, alm de universidades e pesquisadores especialistas em lingstica.

Carilene- Rikbatsa, Danilo - Cinta Larga e Laelcio - Umutina

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Curso em Audiovisual para Registro do Patrimnio Cultural dos Povos Indgenas de Mato Grosso com Perspectiva de Garantir o Respeito Diversidade CulturalEntidade proponente: Organizao de Mulheres Indgenas Takin Cursistas: Alexandra Chiquitano, Karine Guat, Sebastio Chiquitano e Romildo Apiak

projetos

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ivulgar os conhecimentos tradicionais, riquezas artesanais, artefatos, cantos, rituais. Esta a proposta do curso de audiovisual, voltado para 20 mulheres indgenas, de diferentes etnias, para ajudar no fortalecimento de suas identidades tnica e cultural, combatendo o preconceito e a desinformao sobre a populao indgena do estado de Mato Grosso. O projeto prev que, alm da realizao do curso que contar com cinco etapas com durao de dez dias cada ao longo de 12 meses, os participantes devero produzir material das diferentes etnias que participarem da seleo para divulgao. A expectativa que esses vdeos sejam divulgados em escolas urbanas e das terras indgenas e em diferentes mdias, como a televiso, o rdio e a internet e que essas produes ajudem a formar um acervo documental para conhecimento e valorizao da cultura e do modo de vida dos povos indgenas. A proponente do projeto a Organizao das Mulheres Indgenas Takin, criada em 2009, que tem como finalidade investir na formao e articulao das mulheres indgenas de Mato Grosso. Apesar de sua criao ser recente, j realizou diversas oficinas, como Legislao e Direito Indgenas: leis de proteo mulher, Importncia das Prticas Tradicionais e Nutrio, alm de promover o VII Encontro de Mulheres Indgenas de Mato Grosso: Territrio e Identidade. A proposta da Takin, de trabalhar com os seguintes povos: Chiquitano da Terra Indgena Portal do Encantado (Porto Esperidio); Kur-Bakairi da Terra Indgena Santana (Nobres; Umutina da Terra Indgena Umutina (Barra do Bugres); Kayabi da Terra Indgena Xingu (Canarana); Pareci, Terra Indgena Formoso (Tangar da Serra); Rikbaktsa, Terra Indgena Erikbaktsa (Brasnorte); Guat, Terra Indgena Guat (Baro de Melgao); Karaj, Terra Indgena So Domingos (Luciara); Apiak, Terra Indgena Apiak/ Munduruku/Kayabi (Juara).Romildo - Apiak e Karine - Guat Sebastio e Alexandra - Chiquitano

Entre os parceiros a serem buscados para execuo deste projeto esto as prefeituras dos municpios onde as participantes residem, a Secretaria de Estado de Educao de Mato Grosso (SEDUC), a Operao Amaznia (OPAN), Conselho Indigenista Missionrio (CIMI), a Fundao Nacional do ndio (FUNAI), alm da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)

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projetos

Capacitao de Jovens Cinta Larga na rea de InformticaEntidade Proponente: Associao Indgena Eterepuya Cursistas: Eleniuldo Kayabi, Jocineide Arara, Vilmar Xavante, Mawysi Karaj

Vilmar - Xavante, Jocineide- Arara, Eleniuldo- Kayabi

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projeto de capacitao dos jovens Cinta Larga na rea de informtica tem como objetivo atender uma necessidade cada vez maior de diversos povos indgenas, uma vez que a informtica cada vez mais importante para o fortalecimento de associaes, alm de auxiliar no ensino escolar. Ao todo devero ser capacitados 30 jovens, com idade entre 15 e 19 anos, garantindo pelo menos dez vagas para as jovens indgenas, das seguintes aldeias: Capivara, Serra Dourada, Rio Furquim, Rio Seco e Aldeia Vinte e Um. A justificativa da necessidade do projeto que a informtica agiliza a comunicao entre povos e aldeias, contribuindo para maior agilidade no repasse de informaes, como quando algum doente precisar de atendimento de emergncia ou se faz necessrio denunciar explorao e invaso das terras indgenas. Para atingir esses objetivos, o curso ser realizado em duas etapas de 15 dias onde sero repassadas noes de manuteno de hardware e dos softwares mais comuns usados por estudantes

e membros da associao, como Windows, Word, Excell, Power Point. Tambm est prevista a capacitao em ferramentas de comunicaes como o Google, Skype, e MSN. Esta prevista ainda a parceria do Centro de Formao de Professores (CEFAPRO), Secretaria de Estado de Educao (SEDUC),Fundao Nacional do ndio (FUNAI) e Prefeitura de Juna. A Associao Indgena Eterepuya, criada em 2007, a entidade proponente. Com sede em Juna a Eterepuya tem como objetivo o fortalecimento do povo Cinta Larga incentivando as prticas culturais, a defesa do territrio e a formao tcnica e profissional de seus jovens. As comunidades do povo Cinta Larga habitam a fronteira entre Rondnia e Mato Grosso, nas terras indgenas Roosevelt, Serra Morena, Parque Aripuan e Aripuan, totalizando 2,7 milhes de hectares. A lngua dos Cinta Larga pertence a famlia Tupi Mond, do grupo Tupi. Os Cinta Larga mantm vivas as suas prticas espirituais e religiosas.

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projetos

Tuyay MamingO trabalho do ratoEntidade proponente: AIMCI- Associao Indgena Moygu da Comunidade Ikpeng Cursistas: Valdevino Umutina, Edilson Apiak, Marcelo Bororo, Joo Tobias Xavante

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povo Ikpeng, que vive no Parque Indgena do Xingu, possui um histrico de contato com a sociedade envolvente h cerca de 50 anos e a relao crescente gerou um fato que tambm comum a diversos outros povos indgenas: o consumo de produtos industrializados. Este hbito est gerando um efeito ambiental negativo, que a produo excessiva de lixo mas tambm problemas sade uma vez que se no armazenado corretamente o lixo ajuda na proliferao de diversos insetos venenosos e vetores de doenas. Tambm j foram encontradas pessoas das comunidades que retiram o carvo de pilhas domsticas para fazerem uso em pinturas corporais. O objetivo do projeto Tuyay Maming visa minimizar esses efeitos ao promover aes de Educao Ambiental nas comunidades Arayo e Moygu. Entre as aes previstas esto a promoo de conscientizao sobre o lixo nas aldeias, a implantao de pontos de coleta seletiva em locais estratgicos da comunidade e a promoo da reciclagem de lixo. Esto previstas trs oficinas, cada uma com durao de cinco dias. A primeira para falar sobre os riscos do lixo. A segunda ser para a produo de um livro sobre lixo escrito na lngua para ser usada na escola Ikpeng. J a terceira e ltima oficina ser para avaliao e finalizao do livro. Alm das oficinas, o projeto espera instalar 38 pontos de coleta seletiva e a firmao de parceria com as prefeituras dos municpios que abrangem essas aldeias para a coleta deste lixo. A entidade proponente a Associao Indgena Moygu Comunidade Ikpeng, fundada em 2002. Sua misso fortalecer a comunidade tradicional Ikpeng, revitalizar a cultura, preservao e proteo do meio ambiente, biodiversidade, territorialidade, fiscalizao de fronteira e limite do Parque Indgena do Xingu. Os Ikpeng foram contatados em meados do sculo XX pelos Irmos Villas Bas no rio Jatob, um dos afluentes do rio Ronuro. Em 1964 foram transferidos para o Posto Leonardo, no Parque Indgena do

Marcelo- Bororo e Valdevino - Umutina

Edilson -Apiak e Joo Tobias - Xavante

XinguI e em 1971 foram novamente transferido para o posto Pavuru. Na poca a populao era de aproximadamente 30 pessoas. O Parque Indgena Xingu constitui uma reserva federal e criada em 1961 com extenso territorial de 2.797.491 hectares onde vivem quatorze etnias distintas que compem uma populao estimada em aproximadamente 5.227 habitantes falantes cinco lngua indgenas que diferem entre si (Aruak, Karib, J, Isolado, e Tupi). Comprende parte dos municpios de Canarana, Paranatinga, Gacha do Norte, Nova Ubirat, Cludia, Feliz Natal, So Jos do Xingu, So Felix da Araguaia e Querncia.

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projetos

Fortalecimento cultivo da plantao tradicional do povo Karaj(Aldeia Krehawa - Terra Indgena Krehawa)

Entidade proponente: Instituto Indgena Maiwu de Estudos e Pesquisa de Mato Grosso Cursistas: Txonto Ikpeng, Kuanadiki Karaj, Edmilson Tapirap, Tiago Zor

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ncentivar a produo de alimentos agroecolgicos visando a segurana alimentar da comunidade Karaj da aldeia Krehawa. Este o objetivo do projeto que visa ainda implantar programa de educao alimentar e nutricional nas unidades de sade, creches e escolas da comunidade Krehawa; melhorar as condies de alimentao das crianas da comunidade e promover o uso sustentvel da biodiversidade, por meio de tcnicas agroecolgicas, valorizando os conhecimentos tradicionais Karaj sobre as roa de toco com a implantao da irrigao. A aldeia Krehawa est localizada numa regio onde a populao no possui condies de se alimentar em quantidade e qualidade suficiente, sendo comum o problema da desnutrio ou subnutrio. Parte desse problema se deve distncia geogrfica das regies produtoras de alimento. A deficincia de sistema de transporte, dificuldade de acesso ao crdito, tecnologia e baixa organizao social contribuem para o agravamento do problema. A proposta do projeto melhorar as roas indgenas utilizando-se do sistema de irrigao por gotejamento. Espera-se com isso aumentar a oferta da produo alimentar indgena que inclui banana, melancia, feijo de corda, batata doce, abacaxi, mamo e outros. Os Karaj tm o rio Araguaia como um eixo de referncia mitolgica e social. O territrio do grupo definido por uma extensa faixa do vale do rio Araguaia, a ilha do Bananal, que a maior ilha fluvial do mundo, medindo cerca de dois milhes de hectares. Suas aldeias esto preferencialmente prximas aos lagos e afluentes do rio Araguaia e do rio Javas, assim como no interior da ilha do Bananal. Cada aldeia estabelece um territrio especfico de pesca, caa e prticas rituais demarcando internamente espaos culturais conhecidos por todo o grupo.Tiago - Zor e Edimilson - Tapirap/Karaj. Kuanadike - Karaj e Txont - Ikpeng

A execuo deste projeto estar a cargo do Instituto Indgena Maiwu de Estudos e Pesquisas de Mato Grosso, fundado em 2005 por lideranas e profissionais indgenas da rea de educao para promover aes, estudos e pesquisas visando defesa da proteo ao meio ambiente, ao patrimnio cultural, esttico, histrico, turstico e paisagstico, bem como a defesa dos direitos e interesses dos povos e comunidades indgenas de Mato Grosso na perspectiva de sua autonomia.

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projetos

Atuao em prticas de Monitoramento Territorial

Agente Ambiental Indgena Bororo:

Entidade Proponente: do Instituto Indgena Maiwu de Estudos e Pesquisas de Mato Grosso Entidade Executora: Comunidade da Aldeia Crrego Grande, TI Tereza Cristina, Santo Antonio do Leverger, Mato Grosso Cursistas: Jurandi Bororo, Severi Xavante, Alssio Xavante e Nokere Tapayuna

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proximidade de grandes frentes de produo agrcola e das grandes cidades, como Cuiab e Vrzea Grande tornam ainda mais graves as ameaas externas aldeia Crrego Grande e outras da TI Tereza Cristina. Entre as reais ameaas esto caas e pescaria nos limites da comunidade bem como a extrao ilegal de madeira. No raro os Bororo encontrar estranhos em sua terra que causam constrangimentos a liberdade e integridade dos moradores. Essa realidade exige um esforo maior de monitoramento territorial para inibir e coibir essas prticas.

Nokere - Tapajuna, Alssio - Xavante, Severi - Karaj e Jurandir - Bororo

Foi neste cenrio que foi pensado o projeto Agente Ambiental Indgena Bororo, que pretende formar 15 jovens e adultos para o monitoramento da aldeia, onde moram cerca de 400 ndios. Os Bororo pertencem ao tronco lingstico J e na aldeia so organizadas tradicionalmente em dois cls: Ecerae e Tugarege, ambos divididos em vrios sub-cls. Os 15 participantes do projeto participaro de um curso dividido em seis mdulos de 15 dias cada ao longo de um perodo de 12 meses, sendo que os ltimos trs mdulos sero de aulas prticas. Sero abordados temas como noes bsicas de legislao ambiental e indigenista, conceito de agente ambiental, economia e desenvolvimento sustentvel e cartografia para realizao de um etnomapeamento da Terra Indgena Tereza

Cristina, que servir como um instrumento de monitoramento e gesto territorial e ambiental. As aulas de campo incluiro prticas de vigilncia e fiscalizao do territrio por via terrestre e fluvial e utilizao de GPS. Os executores do projeto entendem que o trabalho de agente ambiental um complemento s aes e polticas governamentais. As parcerias propostas se do no sentido de aprimorar e intensificar o dilogo entre essas instituies e o povo indgena. Por isso fundamental a participao da Fundao Nacional do ndio (FUNAI), Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santo Antonio de Leverger, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes (ICMBio).

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Conhea o Instituto MaiwuO Instituto Indgena Maiwu de Estudos e Pesquisas de Mato Grosso uma organizao sem fins lucrativos criado em 2005 por lideranas e profissionais indgenas da rea da Educao que busca fortalecer os povos indgenas para atuar na elaborao e monitoramento de polticas pblicas sob a perspectiva da valorizao cultura indgena e da autonomia e melhoria da qualidade de vida dos povos indgenas de Mato Grosso. Dentre os seus objetivos, o Maiwu apia o etnodesenvolvimento dos povos e comunidades indgenas ajudando n formao educacional e profissional bem como promovendo o intercmbio com outras organizaes. A sua criao foi motivada pela necessidade de rearticular o movimento indgena de Mato Grosso, uma vez que o estado o segundo do Brasil em diversidade tnica, e existem muitos obstculos a serem superados no que se referem s demandas em comuns. Entre essas demandas esto a necessidade de melhor gesto das associaes das comunidades, alm de melhorias na Educao e maior participao na formulao e acompanhamento de polticas pblicas. O Maiwu membro do Conselho de Educao Escolar Indgena do Mato Grosso e filiado ao Frum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad). Alm disso, desde 2007 coordena e desenvolve o projeto HAIY de Formao de Professores para o Magistrio Intercultural em parceria com Secretaria de Estado de Educao de Mato Grosso (SEDUC). Desde 2008 o Instituto tambm trabalha na mobilizao e capacitao dos indgenas em relao s questes socioambientais, culturais, educacionais e econmicas que impactam as comunidades indgenas em Mato Grosso, especialmente na discusso do Zoneamento Socioeconmico e Ecolgico de Mato Grosso (ZSEE/MT) e da Poltica Nacional de Gesto Territorial e Ambiental das Terras Indgenas - PNGATI. Saiba mais sobre o Instituto Maiwu, visite e siga o nosso blog: www.institutomaiwu.blogspot.com

Expediente:O boletim WATSI MANHARI DARA H BODODINA RADA um produto do projeto Curso de Formao de Gestores e Gestoras Indgenas de Mato Grosso. Jornalista Responsvel: Andr Alves DRT 740/MT Reviso: Deron Mendes e Marilia Peruare Fotos: Instituto Maiwu Projeto grfico e editorao: To de Miranda

Execuo:

Rua Comandante Costa,349 - 1 piso, Centro- 78.005-400- Cuiab - MT Fone: (65)3623-1958 E-mails: [email protected] e [email protected] http://institutomaiwu.blogspot.com/

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