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Boletim MPA A importância das cooperativas como instrumento de desenvolvimento social MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL Editora Científica 2020 Produtor Produto Comércio

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Boletim MPA

A importacircncia das cooperativas como

instrumento de desenvolvimento social

MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUCcedilAtildeO E GESTAtildeO AGROINDUSTRIAL

Editora Cientiacutefica 2020

Produtor

Produto

Comeacutercio

Universidade Anhanguera-Uniderp

Programa Poacutes-Graduaccedilatildeo Profissional em Produccedilatildeo e Gestatildeo

Agroindustrial

A Importacircncia das Cooperativas como Instrumento de Desenvolvimento

Social

Autores Vanderleia Salete Mantovani

Ademir Kleber Morbeck de Oliveira

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) Selma Alice Ferreira Ellwein ndash CRB 91558

M235i

Mantovani Vanderlei Salete Oliveira Ademir Kleber Morbeck de

Cutter A importacircncia das cooperativas como instrumento de desenvolvimento social Vanderleia Salete Mantovanim Ademir Kleber Morbeck de Oliveira ndash Londrina Editora Cientiacutefica 2020

ISBN 978-65-00-11344-0thinsp

1 Economia Solidaacuteria 2 Cooperativas Solidaacuterias 3 Organizaccedilatildeo do Trabalho I Mantovani Vanderleia Salete II Oliveira Ademir Kleber Morbeck de V Tiacutetulo

CDD 338

Sumaacuterio

Resumo 03

Apresentaccedilatildeo 04

Introduccedilatildeo 05

Globalizaccedilatildeo 06

O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo 07

Cooperativismo 09

As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil 11

Estrutura Organizacional de Cooperativas 13

Cooperativa de Produccedilatildeo 17

Cooperativa de Trabalho 18

Consideraccedilotildees Finais 19

Referecircncias 20

RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social

APRESENTACcedilAtildeO

A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o

desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as

novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo

imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos

devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas

gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com

base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios

apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais

por exemplo

Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de

participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos

postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo

um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave

economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas

camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas

exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores

desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e

desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado

Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir

o modelo tradicional

Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas

peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo

sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e

desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e

prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo

cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria

1 Introduccedilatildeo

Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a

mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como

uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta

nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das

pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho

onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do

fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas

mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades

estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a

necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que

pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um

mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no

nuacutemero de cooperativas no Brasil

A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil

cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram

o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem

de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e

outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por

exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em

relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando

que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver

mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Autores Vanderleia Salete Mantovani

Ademir Kleber Morbeck de Oliveira

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M235i

Mantovani Vanderlei Salete Oliveira Ademir Kleber Morbeck de

Cutter A importacircncia das cooperativas como instrumento de desenvolvimento social Vanderleia Salete Mantovanim Ademir Kleber Morbeck de Oliveira ndash Londrina Editora Cientiacutefica 2020

ISBN 978-65-00-11344-0thinsp

1 Economia Solidaacuteria 2 Cooperativas Solidaacuterias 3 Organizaccedilatildeo do Trabalho I Mantovani Vanderleia Salete II Oliveira Ademir Kleber Morbeck de V Tiacutetulo

CDD 338

Sumaacuterio

Resumo 03

Apresentaccedilatildeo 04

Introduccedilatildeo 05

Globalizaccedilatildeo 06

O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo 07

Cooperativismo 09

As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil 11

Estrutura Organizacional de Cooperativas 13

Cooperativa de Produccedilatildeo 17

Cooperativa de Trabalho 18

Consideraccedilotildees Finais 19

Referecircncias 20

RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social

APRESENTACcedilAtildeO

A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o

desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as

novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo

imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos

devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas

gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com

base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios

apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais

por exemplo

Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de

participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos

postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo

um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave

economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas

camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas

exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores

desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e

desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado

Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir

o modelo tradicional

Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas

peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo

sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e

desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e

prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo

cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria

1 Introduccedilatildeo

Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a

mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como

uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta

nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das

pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho

onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do

fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas

mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades

estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a

necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que

pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um

mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no

nuacutemero de cooperativas no Brasil

A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil

cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram

o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem

de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e

outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por

exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em

relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando

que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver

mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 3: Boletim MPA

Sumaacuterio

Resumo 03

Apresentaccedilatildeo 04

Introduccedilatildeo 05

Globalizaccedilatildeo 06

O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo 07

Cooperativismo 09

As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil 11

Estrutura Organizacional de Cooperativas 13

Cooperativa de Produccedilatildeo 17

Cooperativa de Trabalho 18

Consideraccedilotildees Finais 19

Referecircncias 20

RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social

APRESENTACcedilAtildeO

A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o

desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as

novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo

imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos

devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas

gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com

base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios

apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais

por exemplo

Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de

participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos

postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo

um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave

economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas

camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas

exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores

desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e

desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado

Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir

o modelo tradicional

Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas

peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo

sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e

desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e

prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo

cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria

1 Introduccedilatildeo

Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a

mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como

uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta

nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das

pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho

onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do

fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas

mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades

estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a

necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que

pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um

mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no

nuacutemero de cooperativas no Brasil

A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil

cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram

o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem

de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e

outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por

exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em

relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando

que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver

mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 4: Boletim MPA

RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social

APRESENTACcedilAtildeO

A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o

desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as

novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo

imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos

devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas

gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com

base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios

apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais

por exemplo

Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de

participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos

postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo

um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave

economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas

camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas

exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores

desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e

desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado

Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir

o modelo tradicional

Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas

peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo

sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e

desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e

prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo

cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria

1 Introduccedilatildeo

Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a

mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como

uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta

nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das

pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho

onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do

fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas

mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades

estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a

necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que

pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um

mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no

nuacutemero de cooperativas no Brasil

A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil

cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram

o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem

de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e

outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por

exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em

relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando

que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver

mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 5: Boletim MPA

APRESENTACcedilAtildeO

A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o

desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as

novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo

imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos

devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas

gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com

base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios

apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais

por exemplo

Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de

participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos

postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo

um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave

economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas

camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas

exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores

desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e

desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado

Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir

o modelo tradicional

Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas

peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo

sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e

desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e

prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo

cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria

1 Introduccedilatildeo

Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a

mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como

uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta

nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das

pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho

onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do

fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas

mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades

estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a

necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que

pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um

mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no

nuacutemero de cooperativas no Brasil

A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil

cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram

o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem

de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e

outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por

exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em

relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando

que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver

mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 6: Boletim MPA

1 Introduccedilatildeo

Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a

mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como

uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta

nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das

pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho

onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do

fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas

mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades

estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a

necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que

pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um

mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no

nuacutemero de cooperativas no Brasil

A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil

cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram

o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem

de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e

outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por

exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em

relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando

que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver

mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 7: Boletim MPA

2 Globalizaccedilatildeo

As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a

pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce

profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da

economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de

trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se

desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma

reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras

estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)

Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para

desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que

passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do

estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente

aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 8: Boletim MPA

3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo

O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a

vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho

que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano

para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e

entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso

expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES

2009 p 139)

No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando

de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998

p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser

social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente

relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis

trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais

natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees

tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades

Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade

industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista

correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da

produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um

ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado

Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte

do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento

a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram

controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram

introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)

Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas

e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As

dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram

novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)

As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a

microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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Page 9: Boletim MPA

operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite

uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e

POSTUMA 1996 p 85)

Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo

XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em

situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de

encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do

papel das cooperativas

Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi

estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes

transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o

trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo

que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo

social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo

As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma

economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de

trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora

parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu

proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES

2009)

As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um

sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma

tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego

estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a

produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia

e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

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BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

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BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

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Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 10: Boletim MPA

4 Cooperativismo

O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode

estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho

coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para

caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo

servia como um instrumento social

O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo

cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram

profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como

consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo

Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente

como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com

objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente

nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus

membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados

seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo

Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas

consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar

suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para

sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da

localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)

As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa

puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que

podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social

ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao

capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre

existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz

ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem

coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo

(Quadro 1)

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

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Page 11: Boletim MPA

Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)

Fundamentos Descriccedilatildeo

Liberdade

A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa

assegurando o seu sucesso

Igualdade

Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido

Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva

Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados

Fonte Dados da pesquisa

Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale

incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional

(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa

subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo

Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos

que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem

distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero

Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees

democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de

decisotildees um soacutecio um voto

Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma

igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros

de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento

das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees

com as cooperativas

Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas

devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle

democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras

entidades

Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar

educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento

pessoal

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

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BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

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Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

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Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 12: Boletim MPA

Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento

cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais

regionais nacionais e internacionais e

Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu

desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades

Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de

organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos

objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo

5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil

Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

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BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

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Page 13: Boletim MPA

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Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem

optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que

se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao

cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos

sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas

agropecuaacuterias e de consumo

Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de

regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de

1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade

das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras

organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como

o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo

especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o

Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as

caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema

no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi

novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966

Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e

funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais

Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966

(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967

(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder

incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no

iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que

eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como

estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo

capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764

(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua

constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar

o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)

A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo

estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

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BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

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Page 14: Boletim MPA

associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e

nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA

criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de

autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL

1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei

conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da

maioria das cooperativas

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

Mandamentos 2006

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

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resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

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Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 15: Boletim MPA

6 Estrutura Organizacional de Cooperativas

De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas

satildeo definidas como

Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro

Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza

juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar

serviccedilos aos associados

A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e

coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas

necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir

natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas

peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos

distintos que a compotildeem (ABREU 2013)

Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de

reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os

cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos

que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa

Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo

pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra

geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para

preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e

Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que

visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os

participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida

Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO

2000)

Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e

bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais

empresas

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

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centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

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trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

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Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

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BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

Vozes 1998

DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego 2011

ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980

FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR

2001

GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

Zahar 1975

LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees

sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996

MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo

Paulo Brasiliense 1991

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de

CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo

Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-

trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001

PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo

Graacutefica para OIT 2001

PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra

do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

UNESP 2000

SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do

desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)

Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40

SINGER P A recente ressurreiccedilatildeo da economia solidaacuteria no Brasil In SANTOS B

S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129

SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 16: Boletim MPA

Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de

trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo

de determinados bens e serviccedilos e

Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades

das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares

Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa

Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender

os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do

cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade

que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as

Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa

classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a

competitividade no mercado tradicional

Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for

o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem

eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves

demais empresas

O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado

de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder

mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e

transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo

de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir

os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)

O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na

conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo

se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento

sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital

As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas

concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios

cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem

ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo

globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor

alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado

e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

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2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

Mandamentos 2006

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

Vozes 1998

DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego 2011

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GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

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Paulo Brasiliense 1991

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de

CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo

Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-

trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001

PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo

Graacutefica para OIT 2001

PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra

do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

UNESP 2000

SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do

desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)

Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40

SINGER P A recente ressurreiccedilatildeo da economia solidaacuteria no Brasil In SANTOS B

S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129

SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 17: Boletim MPA

mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo

das funccedilotildees

A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a

autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo

todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo

produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste

apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim

mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)

Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os

conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio

ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento

oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser

desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o

desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa

Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de

gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de

controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se

autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As

informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de

informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento

Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os

princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se

manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo

tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia

implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e

alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo

produtivo (PEDRINI 2000 p 37)

O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os

cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente

do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute

fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores

respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo

que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem

com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

Mandamentos 2006

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

Vozes 1998

DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego 2011

ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980

FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR

2001

GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

Zahar 1975

LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees

sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996

MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo

Paulo Brasiliense 1991

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de

CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo

Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-

trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001

PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo

Graacutefica para OIT 2001

PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra

do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

UNESP 2000

SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do

desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)

Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40

SINGER P A recente ressurreiccedilatildeo da economia solidaacuteria no Brasil In SANTOS B

S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129

SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 18: Boletim MPA

ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem

valorizados (RUFINO 2000)

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

Mandamentos 2006

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

Vozes 1998

DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego 2011

ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980

FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR

2001

GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

Zahar 1975

LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees

sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996

MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo

Paulo Brasiliense 1991

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de

CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo

Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-

trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001

PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo

Graacutefica para OIT 2001

PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra

do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

UNESP 2000

SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do

desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)

Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40

SINGER P A recente ressurreiccedilatildeo da economia solidaacuteria no Brasil In SANTOS B

S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129

SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 19: Boletim MPA

7 Cooperativa de Produccedilatildeo

A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em

empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo

Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros

ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a

remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)

De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria

suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico

do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de

produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles

que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos

tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute

feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas

em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os

soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros

mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado

sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O

capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores

(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa

O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para

sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de

produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees

cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com

qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

Mandamentos 2006

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

Vozes 1998

DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego 2011

ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980

FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR

2001

GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

Zahar 1975

LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees

sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996

MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo

Paulo Brasiliense 1991

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de

CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo

Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-

trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001

PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo

Graacutefica para OIT 2001

PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra

do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

UNESP 2000

SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do

desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)

Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40

SINGER P A recente ressurreiccedilatildeo da economia solidaacuteria no Brasil In SANTOS B

S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129

SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 20: Boletim MPA

8 Cooperativa de Trabalho

Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para

profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem

que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais

fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as

cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas

reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo

Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem

do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade

produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia

em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado

Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve

estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute

prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as

pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao

desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel

geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com

responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os

benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da

organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees

Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito

de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico

cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das

pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles

que optam pelo trabalho cooperativo

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

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Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

Mandamentos 2006

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

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desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)

Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40

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S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129

SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 21: Boletim MPA

9 Consideraccedilotildees Finais

O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute

primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas

pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de

inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes

corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida

Referecircncias

ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os

pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200

ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

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Acesso em 10 mai 2018

AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a

qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA

2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998

ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do

trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009

ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

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Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988

BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de

cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

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ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980

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CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

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trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

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PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

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PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

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do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

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S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro

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resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000

SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

Contexto 2001

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Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 22: Boletim MPA

Referecircncias

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pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e

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ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova

Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr

cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt

Acesso em 10 mai 2018

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2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000

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ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma

Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade

v8 n 22 p 75-90 2001

BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte

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BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)

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cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias

Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de

1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus

interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo

1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

Vozes 1998

DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego 2011

ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980

FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR

2001

GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

Zahar 1975

LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees

sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996

MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo

Paulo Brasiliense 1991

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de

CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel

emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo

Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020

OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo

Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-

trabalhogt Acesso em 14 jun 2020

OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001

PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo

Graacutefica para OIT 2001

PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

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do Jogo 1985 p 15-56

RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In

SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

UNESP 2000

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Contexto 2001

ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de

Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

Page 23: Boletim MPA

BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da

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1 p 138 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e

sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro

de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento

destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas

Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho

de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do

decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades

cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932

Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59

de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil

Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original

BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica

dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio

de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105

BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do

cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras

providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia

16 de dezembro de 1971

BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a

organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio

Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de

janeiro de 2019

CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis

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2001

GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro

Zahar 1975

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2001

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Paulo Brasiliense 1991

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Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994

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PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In

SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como

resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48

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PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)

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do Jogo 1985 p 15-56

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SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru

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SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo

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Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994