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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construção Civil ISSN 0103-9830 BT/PCC/560 Determinação das condições de operação de um sistema de climatização com distribuição de ar pelo piso instalado em uma sala de aula para a sua melhor efetividade da ventilação

Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento ... · As primeiras medições foram realizadas no período entre inverno e primavera de 2008, e as medições finais,

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

ISSN 0103-9830

BT/PCC/560

Determinação das condições de operação de um sistema de

climatização com distribuição de ar pelo piso instalado em uma sala de

aula para a sua melhor efetividade da ventilação

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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia de Construção Civil

Boletim Técnico – Série BT/PCC

Diretor: Prof. Dr. José Roberto Cardoso

Vice-Diretor: Prof. Dr. José Roberto Piqueira

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya Abiko

Suplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso

Conselho Editorial

Prof. Dr. Alex Kenya Abiko

Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso

Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr.

Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves

Prof. Dr. Vanderley Moacyr John

Prof. Dr. Cheng Liang Yee

Coordenadora Técnica

Profª. Drª. Silvia Maria de Souza Selmo

O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USP/ Departamento de Engenharia de

Construção Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pós-graduados desta Universidade.

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

ISSN 0103-9830

BT/PCC/560

Determinação das condições de operação de um sistema de

climatização com distribuição de ar pelo piso instalado em uma sala de

aula para a sua melhor efetividade da ventilação

Renata Maria Marè Brenda Chaves Coelho Leite

São Paulo – 2010

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O presente trabalho é parte da dissertação de mestrado apresentada por Renata Maria Marè, sob orientação da Profª Drª Brenda Chaves Coelho Leite. “Estudo de eficiência da ventilação em sistema de climatização com distribuição de ar pelo piso” defendida em 21/05/2010, na EPUSP.

A íntegra da dissertação encontra-se à disposição com o autor, na Biblioteca de Engenharia Civil da Escola Politécnica/USP e na página: http://www.teses.usp.br/.

A referência bibliográfica deste boletim deve ser feita conforme o seguinte modelo:

MARÈ, R. M.; LEITE, B. C. C. Determinação das condições de operação de um sistema de climatização com distribuição de ar pelo piso instalado em uma sala de aula para a sua melhor efetividade da ventilação. São Paulo: EPUSP, 2010. 14 p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/560)

FICHA CATALOGRÁFICA

Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. Departamento de

Engenharia de Construção Civil. – n.1 (1986) - . -- São Paulo,

1986-

Irregular.

Conteúdo deste número: Determinação das condições de operação de um sistema

de climatização com distribuição de ar pelo piso instalado em uma sala de aula

para a sua melhor efetividade da ventilação / R. M. Marè, B. C. C. Leite –

(BT/PCC/560)

ISSN 0103-9830

1.Construção civil I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica.

Departamento de Engenharia de Construção Civil

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Determinação das Condições de Operação de um Sistema de

Climatização com Distribuição de Ar pelo Piso Instalado em uma Sala

de Aula para a sua Melhor Efetividade da Ventilação

Determination of the Operational Conditions of an Underfloor Air

Distribution System Installed in a Classroom for its Best Ventilation

Effectiveness

Renata Maria Marè1, Brenda Chaves Coelho Leite

1

1Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo.

E-mail: [email protected]; [email protected]

RESUMO

A efetividade da ventilação de um sistema de climatização com distribuição de ar pelo

piso (Underfloor Air Distribution System ou UFAD) foi avaliada, em termos da sua

capacidade de remover contaminantes do ar interior. O estudo foi realizado sob regime

transiente (condições reais de uso do ambiente), em uma sala de aula situada no

Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo. As concentrações de contaminantes medidas foram

referentes a partículas em suspensão e CO2, na zona de respiração para pessoas sentadas

(1,10 m) e na exaustão do ar simultaneamente. Variáveis relacionadas ao conforto

térmico como temperatura do ar e velocidade do ar também foram medidas, em seis

alturas diferentes e em 14 pontos do ambiente. As medições foram realizadas sob seis

diferentes condições de operação do sistema, variando-se a vazão de insuflamento,

temperatura do ar e umidade relativa do ar. Os resultados permitiram que se verificasse

a eficiência deste sistema na remoção de contaminantes do ar interior, e também que se

identificasse sob quais condições de operação do sistema ocorreu a melhor efetividade

da ventilação.

Palavras-chave: ar condicionado; distribuição de ar pelo piso; efetividade da

ventilação; qualidade do ar interior.

ABSTRACT

The ventilation effectiveness of an Underfloor Air Distribution System in terms of its

ability in removing indoor air contaminants was evaluated. The study was conducted in

a non-steady state condition, in a classroom located at the Civil Construction

Engineering Department of the Engineering School of the University of São Paulo,

Brazil. The contaminants concentrations measured were indoor air-borne particles and

CO2, at the breathing zone for seated people (1.10 m) and in the exhaust simultaneously.

Also variables related to thermal comfort were measured such as air temperature and air

velocity, at six different levels and 14 points of the ambient. The measures were taken

under six different air conditioning system operational conditions, varying the intake

airflow, air temperature, and relative air humidity. The results allowed verifying that

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this system is efficient in removing indoor air contaminants, and also allowed

identifying under which operational conditions the best ventilation effectiveness occurs.

Keywords: air conditioning; underfloor air distribution system; ventilation

effectiveness; indoor air quality.

INTRODUÇÃO

A efetividade da ventilação de um sistema de climatização, pode ser avaliada pela sua

capacidade de renovação do ar e pela sua capacidade de remover contaminantes do ar

interior (MUNDT et al, 2004), a qual é expressa pelo índice de efetividade na remoção

de contaminantes (IERC). Este índice é obtido pela relação entre a concentração de

contaminantes no nível de exaustão do ar e a concentração de contaminantes na zona de

respiração, e é satisfatório quando superior à unidade. No sistema convencional, com

insuflamento de ar pelo teto, o IERC chega ao máximo valor de 1,0, mas para o sistema

com distribuição de ar pelo piso (Underfloor Air Distribution System ou UFAD), pode

chegar a 1,3 (CERMAK; MELIKOV, 2006).

No sistema UFAD, o ar filtrado e resfriado é distribuído por meio de um plenum

inferior, e insuflado diretamente na zona ocupada do ambiente através de difusores

situados no piso elevado. A exaustão do ar normalmente é feita por meio de grelhas

distribuídas pelo teto, e por um plenum superior.

Existem muitas dúvidas em relação à efetividade deste tipo de sistema, devido à

deposição de partículas no plenum inferior. Além disso, é conhecida a influência da

fonte contaminante sobre a efetividade da ventilação, bem como, a questão da

ressuspensão de partículas no piso elevado (MUNDT, 2001). Todas estas questões

mostram a importância de se estudar mais a fundo este sistema (ABE; INATOMI;

LEITE, 2006).

Se bem projetado, operado e mantido, este sistema tem muitas vantagens quando

comparado ao sistema com insuflamento de ar pelo teto (BAUMAN, 2003; LEITE,

2003), como por exemplo: o ar pode ser insuflado diretamente na zona de respiração

(1,10 m), proporcionando melhor qualidade do ar ao usuário; a estratificação da

temperatura e a convecção natural contribuem para a melhor efetividade da ventilação e

qualidade do ar interior; o ar é insuflado a temperaturas mais altas, o que corresponde ao

consumo reduzido de energia; este sistema comporta dispositivos de controle

individualizado de conforto térmico, o que proporciona maior satisfação aos usuários;

fácil reconfiguração de layout, devido às mudanças freqüentes de usuários do ambiente,

especialmente em edifícios de escritórios.

Os objetivos deste estudo foram prover dados a respeito da efetividade da ventilação

deste sistema UFAD, em particular no que concerne à capacidade de remoção de

contaminantes do ar interior, apontando ainda quais as condições de operação do

sistema para a melhor efetividade da ventilação.

MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida em uma sala de aula destinada ao ensino de CAD, situada

no prédio da Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo. De geometria retangular e área de 180 m2, possui piso elevado, com plenum

inferior de 28 cm de altura. Na parede dos fundos, 31 m2 de janelas que permitem a

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radiação solar (Figura 1). Possui como principais fontes de calor, 25 estações de

trabalho destinadas a 49 pessoas desenvolvendo atividades leves.

Figura 1: Sala de aula objeto de estudo

O sistema UFAD em questão é do tipo expansão indireta. Possui um fan coil de 7,5 TR

e 5500 m3/h de capacidade de vazão de ar dedicado ao insuflamento de ar frio na sala. O

ar é distribuído pelo plenum pressurizado, e suprido ao ambiente por meio de 77

difusores com jato de ar do tipo espiralado (Ø 200 mm). A exaustão do ar é forçada por

um ventilador, e o ar de retorno passa por dezesseis grelhas metálicas fixadas no forro e

distribuídas homogeneamente. Visando a obtenção de temperaturas de insuflamento

mais altas, parte do ar do retorno passa por uma caixa de mistura com o ar frio provindo

do fan coil.

O sistema de automação permite o controle da temperatura do ar, vazão do ar e umidade

relativa do ar. Sua estratégia de controle foi elaborada a partir de cinco loops: a

freqüência de rotação do ventilador do fan coil varia para manter constante o diferencial

de pressão entre o plenum e o ambiente (ΔP), alterando a vazão de insuflamento do ar; a

freqüência de rotação do ventilador de retorno varia para manter constante o diferencial

de temperatura (ΔT) entre o ar de retorno e o de insuflamento (mistura); a válvula de

água gelada da serpentina do fan coil modula para que a temperatura do ar frio seja

mantida em torno de um determinado setpoint; o damper de bypass de retorno e o

damper de retorno para o fan coil modulam inversamente para que se atinja o setpoint

da temperatura de insuflamento; os dampers de expurgo e de ar externo modulam

diretamente e de acordo com os valores de entalpia do ar de retorno e do ar externo

calculados.

O método seguiu procedimentos baseados nas normas ISO 7726 (1998) e ASHRAE 55

(2004), e ainda em Leite (2003) e Ikeda (2008), considerando-se as seguintes condições

de conforto térmico: 21°C ≤ T ≤ 26°C para temperatura do ar (a 0,60 m), 0,10 < v <

0,30 m/s para velocidade relativa do ar e 50% para umidade relativa do ar.

As primeiras medições foram realizadas no período entre inverno e primavera de 2008,

e as medições finais, entre a primavera e o verão de 2009. Foram utilizados seis dias

alternados por período, variando-se o setpoint de temperatura do ar de acordo com o

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intervalo apresentado acima. As concentrações de partículas em suspensão e os níveis

de CO2 foram medidos em oito pontos do ambiente, simultaneamente a 1,10 m (zona de

respiração para pessoas sentadas) e a 2,60 m (exaustão do ar) (Figura 2), para ambiente

ocupado e desocupado. Os valores medidos permitiram que se determinasse o IERC ou

εc, pela relação entre a concentração de contaminantes na exaustão (ce) e a concentração

de contaminantes na zona de respiração (c), tanto para partículas em suspensão como

para CO2:

c ec

c

Figura 2: Suporte para os contadores

de partículas

Figura 3: Hastes de suporte para os

sensores de temperatura e velocidade do ar

Na primeira parte do estudo, as concentrações de partículas foram avaliadas pelo seu

total, e na segunda parte, por cinco diferentes diâmetros de partículas (0,5, 1,0, 3,0, 5,0 e

10,0 µm), devido às características dos novos contadores de partículas utilizados. A

temperatura e a velocidade do ar foram medidas em 14 pontos do ambiente, e em seis

diferentes níveis: 0,10 m (nível do tornozelo), 0,60 m (nível do tronco para pessoa

sentada), 1,10 m (nível da cabeça para pessoa sentada), 1,70 m (nível da cabeça para

pessoa em pé), 2,00 m e 2,35 m (pé direito convencional) (Figura 3). Externamente ao

ambiente, sensores dedicados ao sistema de automação e controle coletaram dados

como temperatura do ar, umidade relativa do ar e outras variáveis relacionadas à

operação do sistema.

RESULTADOS

Algumas combinações de setpoints de variáveis foram estabelecidas para o sistema de

climatização, de modo que se atingissem os setpoints de temperatura do ar desejados (a

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0,60 m). Os resultados para ambiente ocupado (na primeira etapa das medições) são

apresentados na Tabela 1:

Tabela 1: Condições operacionais: ambiente ocupado Variável / Setpoint de Temperatura (°C) 21 22 23 24 25 26

Temperatura do ar externo (°C) 21,9 23,7 27,1 18,6 28,9 30,6

Umidade relativa do ar externo (%) 62 58 46 74 47 47

Diferencial de pressão - ΔP (Pa) 4,50 5,07 4,01 3,01 5,87 3,69

Temperatura do ar insuflado (°C) 15,4 17,2 17,3 18,5 19,0 20,1

Temperatura do ar no plenum (°C) 17,9 19,4 19,4 19,6 22,5 22,3

Temperatura do ar de retorno (°C) 23,2 24,4 23,6 23,2 27,7 27,4

Diferencial de temperatura – ΔT (°C) 7,8 7,2 6,3 4,7 8,7 7,3

Umidade relativa do ar interno (%) 55 55 56 63 53 57

Umidade relativa do ar insuflado (%) 70 66 67 71 70 67

Umidade relativa do ar de retorno (%) 39 38 43 50 40 42

Para ilustrar os perfis de temperatura e velocidade do ar obtidos pelas medições

(ambiente ocupado), os resultados para a primeira etapa das medições são mostrados na

Figura 4 e na Figura 5 (resultados similares foram obtidos na segunda etapa das

medições). Os valores médios correspondem aos 14 pontos do ambiente onde

temperatura e velocidade do ar foram medidos. Os pontos a – 0,28 m correspondem aos

valores da temperatura do ar insuflado para cada setpoint de temperatura do ar. Os

perfis de temperatura mostram que entre os níveis 0,10 m e 0,60 m, a variação de

temperatura não foi significativa. A estratificação da temperatura, fenômeno típico deste

tipo de sistema de climatização (LEHRER; BAUMAN, 2003), mostrou um ganho ao

redor de 2°C de 0,10 m a 1,70 m, portanto, de acordo com a norma ISO 7730 (2005),

(inferior a 3°C), mantendo-se o conforto térmico. Os perfis de velocidade do ar mostram

que, na maioria dos pontos da zona ocupada, os valores foram inferiores a 0,10 m/s. Na

maioria dos casos, nos níveis 0,60 m e 2,00 m, grandes movimentações de ar foram

verificadas, provavelmente devido ao ganho de carga térmica e aos efeitos do ventilador

de retorno respectivamente.

Figura 4: Perfil de temperatura do ar: ambiente ocupado

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Figura 5: Perfil de velocidade do ar: ambiente ocupado

As correlações entre Total de Partículas em Suspensão (TPS - mg/m3) a 1,10 m e 2,60

m, e temperatura do ar, para ambiente ocupado e desocupado, na primeira etapa das

medições, são representadas na Figura 6 e na Figura 7. TPS é o valor médio dos oito

pontos do ambiente onde esta grandeza foi medida. Comparando ambos, a influência da

presença de pessoas é notória pois, as concentrações de TPS foram maiores para

ambiente ocupado. A influência da temperatura do ar sobre TPS pode ser observada:

para os setpoints de 24°C, 25°C e 26°C, as concentrações foram maiores que as medidas

para 21°C, 22°C e 23°C em ambos os casos. Este fato leva a crer que há uma relação

direta do TPS com as vazões de insuflamento que, para temperaturas do ar insuflado

mais altas, são menores.

A Figura 8 e a Figura 9 representam a variação de TPS a 1,10 m e a 2,60 m com a

velocidade do ar, tanto para ambiente ocupado como desocupado. Para a mesma faixa

de velocidades do ar, aparentemente não há relação de TPS com esta variável,

especialmente pelos valores tão baixos observados nesta pesquisa, sempre inferiores a

0,10 m/s.

Figura 6: TPS X Temperatura do ar: ambiente ocupado

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Figura 7: TPS X Temperatura do ar: ambiente desocupado

Figura 8: TPS X Velocidade do ar: ambiente ocupado

Figura 9: TPS X Velocidade do ar: ambiente desocupado

Os IERC para os seis diferentes setpoints de temperatura do ar, tanto para ambiente

ocupado como desocupado, estão representados na Figura 10 (primeira etapa das

medições). Na maior parte dos casos, os valores de IERC foram maiores para ambiente

ocupado, o que pode indicar uma relação deste índice com a presença de pessoas. Isso

pode ser justificado pelo processo de convecção natural que facilita o transporte de

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partículas em suspensão para níveis mais altos do ambiente, o que corresponde a

concentrações mais elevadas de partículas no nível de exaustão do ar, comparativamente

aos valores observados na zona de respiração. O IERC característico deste tipo de

sistema de climatização, superior à unidade, foi atingido nos setpoints de 23°C

(ambiente ocupado) e 25°C (ambiente ocupado e desocupado).

Figura 10: IERC X Setpoint de temperatura do ar: ambiente ocupado e desocupado (1ª

etapa das medições)

Analisando-se os resultados de IERC para os cinco diferentes tamanhos de partículas

(segunda etapa das medições) (Figura 11), os valores mais altos foram observados para

ambiente ocupado, o que corrobora a observação prévia da influência de pessoas. Os

valores de IERC para partículas com 0,5 µm foram próximos ou inferiores à unidade.

Para partículas de 1,0 µm, foram sempre superiores à unidade. Os melhores valores

observados foram para partículas de10 µm, 5 µm, e 3 µm, o que indica que este sistema

é mais eficiente para remover partículas de diâmetros iguais ou superiores a 1,0 µm.

Para os setpoints de 22°C e 26°C, todos os valores de IERC foram superiores à unidade,

o que indica que, provavelmente, nestes dias foram adotadas as melhores condições de

operação do sistema.

Figura 11: IERC por tamanho de partícula X Setpoint de temperatura do ar: ambiente

ocupado (2ª etapa das medições)

Os valores médios de concentrações de CO2 , tanto a 1,10 m como a 2,60 m, foram

inferiores a 1000 ppm. Os resultados de IERCO2 (Figura 12) foram sempre superiores à

unidade, e melhores para ambiente desocupado. Isso pode ter ocorrido devido à

influência do teor de CO2 do ar externo (não medido neste estudo), ou mesmo devido ao

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horário em que foram realizadas as medições em ambiente desocupado: logo após o

término da segunda aula, ou seja, é possível que o ar do ambiente não tenha se renovado

por completo. Os melhores valores de IERCO2 foram observados para o setpoint de

temperatura do ar de 22°C, tanto para ambiente ocupado como desocupado, o que indica

que neste dia as melhores condições de operação do sistema foram adotadas.

Figura 12: IERCO2 X Setpoint de temperatura do ar: ambiente ocupado e desocupado

(2ª etapa das medições)

DISCUSSÃO

Devido às baixas velocidades do ar e baixos valores absolutos de TPS medidos

(inferiores a 0,035 mg/m3) durante o período de ocupação do ambiente, é razoável se

inferir que este sistema de climatização não dispersa contaminantes no ar do ambiente.

Em relação à efetividade da ventilação em termos da capacidade de remoção de

contaminantes do ar interior (partículas em suspensão e CO2), este sistema teve a sua

eficiência comprovada, apresentando índices próximos ou superiores à unidade, típico

para sistemas com distribuição de ar pelo piso.

Para ambiente ocupado, o melhor IERC para TPS foi de 1,06 (primeira etapa das

medições – 23°C). O melhor IERCO2 foi de 1,07 (segunda etapa das medições – 22°C).

Em relação às condições de operação do sistema, o processo de ajuste dos setpoints

mostrou a grande influência exercida pelas condições climáticas. Portanto, as melhores

condições de operação do sistema para cada etapa das medições, devem ser

apresentadas com os valores correspondentes de temperatura do ar externo e umidade

relativa do ar externo (Tabela 2 e Tabela 3):

Tabela 2: Melhores condições de operação do sistema e condições climáticas

correspondentes (primeira etapa das medições) Variável/Setpoint de Temperatura (°C) 23

Diferencial de pressão do ar (Pa)

Temperatura do ar frio (°C)

Temperatura do ar insuflado (°C)

Diferencial de temperatura do ar (°C)

4,00

14,0

18,0

6,0

Temperatura do ar externo (°C)

Umidade relativa do ar externo (%)

27,1

46

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Tabela 3: Melhores condições de operação do sistema e condições climáticas

correspondentes (segunda etapa das medições) Variável/Setpoint de Temperatura (°C) 22

Diferencial de pressão do ar (Pa)

Temperatura do ar frio (°C)

Temperatura do ar insuflado (°C)

Diferencial de temperatura do ar (°C)

5,00

13,0

15,5

8,0

Temperatura do ar externo (°C)

Umidade relativa do ar externo (%)

28,2

62

É patente que este tipo de sistema de climatização contribui para o uso sustentável de

energia em edificações, promovendo melhor qualidade do ar interior, sob condições de

conforto térmico. Portanto, outras pesquisas sobre o seu projeto e operação são

recomendadas a fim de que sua tecnologia seja disseminada ao redor do mundo.

AGRADECIMENTOS

A pesquisadora agradece o suporte financeiro provido pela CAPES – Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

REFERÊNCIAS

ABE, V. C.; INATOMI, T. A. H; LEITE, B. C. C. Air Quality in UFAD Systems:

literature overview. In: HEALTHY BUILDINGS: CREATING A HEALTHY

INDOOR ENVIRONMENT FOR PEOPLE, 2006, Lisboa, Portugal. Anais... Lisboa,

Portugal: IDMEC/FEUP, 2006. p. 425 - 430 – v. IV.

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74 p.

American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers, Inc.

ANSI/ASHRAE Standard 55: Thermal Environmental Conditions for Human

Occupancy. Atlanta - USA: 2004.

BAUMAN, F. S. Underfloor Air Distribution (UFAD) Design Guide. United States

of America: American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning

Engineers, Inc. 2003. 237 p.

CERMAK, R., MELIKOV, A. K. Air Quality and Thermal Comfort in an Office with

Underfloor, Mixing and Displacement Ventilation. The International Journal of

Ventilation. v. 5, n. 3, p. 323-332, 2006.

DIN Deutsches Institut für Normung. ISO 7730. Ergonomics of the thermal

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2005.

IKEDA, M. J. Determinação de Índices de Ajuste no Controle de Sistema de

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Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

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International Standards Organization. ISO 7726: Thermal environments – Instruments

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LEHRER, D. R.; BAUMAN, F. S. Hype Vs. Reality: New Research Findings on

Underfloor Air Distribution Systems. CBE Database, 2003. Disponível em:

<http://www.cbe.berkeley.edu/research/pdf_files/Lehrer2003_UFAD.pdf>. Acesso em

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LEITE, B.C.C. Sistema de Ar Condicionado com Insuflamento pelo Piso em

Ambientes de Escritórios: Avaliação do Conforto Térmico e Condições de

Operação. 2003. 152 p.Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São

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MUNDT, E. Non-buoyant pollutant sources and particles in displacement ventilation.

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BT/PCC/549 - Avaliação das conseqüências da produção de concreto no Brasil para as mudanças climáticas - JOSÉ ANTONIO RIBEIRO DE LIMA, VANDERLEY MOACYR JOHN

BT/PCC/548 – Método para redução de mancha nas vedações externas de edifícios - FLÁVIO LEAL MARANHÃO, VANDERLEY MOACYR JOHN

BT/PCC/547 - Metodologia para desenvolvimento de projeto de fachadas leves - LUCIANA ALVES DE OLIVEIRA, SILVIO BURRATTINO MELHADO

BT/PCC/546 - Proposta de metodologia para reconhecimento de anseios de segmento do mercado residencial: construção de um protocolo para estruturação de um banco de dados na cidade de São Paulo - ALFREDO EDUARDO ABIBI FILHO, ELIANE MONETTI

BT/PCC/545 - Squeeze-flow aplicado a argamassas de revestimento: Manual de utilização - FÁBIO ALONSO CARDOSO, RAFAEL GIULIANO PILEGGI, VANDERLEY MOACYR JOHN

BT/PCC/544 - Análise dos aspectos e impactos ambientais dos canteiros de obras e suas correlações - VIVIANE MIRANDA ARAÚJO, FRANCISCO FERREIRA CARDOSO

BT/PCC/543 - Método e critérios para a previsão de compatibilidade eletroquímica de reparos localizados em estruturas com corrosão de armaduras induzida por carbonatação - JOSÉ LUÍS SERRA RIBEIRO, SILVIA MARIA DE SOUZA SELMO

BT/PCC/542 – Método para elaboração de redes de composições de custo para orçamentação de obras de edificações – FERNANDA FERNANDES MARCHIORI, UBIRACI ESPINELLI LEMES DE SOUZA

BT/PCC/541 – Uma ferramenta em realidade virtual para o desenvolvimento da habilidade de visualização espacial - RODRIGO DUARTE SEABRA, EDUARDO TOLEDO SANTOS

BT/PCC/540 - Proposição de um método de nivelamento de recursos a partir de princípios da teoria das restrições para o planejamento operacional - ABLA MARIA PROÊNCIA AKKARI, CLAUDIO TAVARES DE ALENCAR, SÉRGIO ALFREDO ROSA DA SILVA

Os demais números desta série estão disponíveis na página http://publicacoes.pcc.usp.br/ e na Biblioteca de Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP.

Page 17: Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento ... · As primeiras medições foram realizadas no período entre inverno e primavera de 2008, e as medições finais,

Escola Politécnica da USP -Biblioteca “Prof.Dr. Telêmaco Van Langendorck”

de Engenharia Civil

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