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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construção Civil 155N 0103-9830 BT/PCC/481 Estudo para caracterização da demanda urbana de água em edifícios multifamiliares da cidade de São Paulo. Diego Cesar Sanchez Racine Tadeu Araujo Prado São Paulo - 2008

Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento ... · Departamento de Engenharia de Construção Civil, BTIPCC/481) 1. Consumo de água 2. Uso residencial 3. ... ISSN

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

155N 0103-9830

BT/PCC/481

Estudo para caracterização da demandaurbana de água em edifícios multifamiliares da

cidade de São Paulo.

Diego Cesar SanchezRacine Tadeu Araujo Prado

São Paulo - 2008

Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Construção CivilBoletim Técnico - Série BT/PCC

Diretor: Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval FalleirosVice-Diretor: Prof. Dr. José Roberto Cardoso

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Orestes Marracini GonçalvesSuplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya Abiko

Conselho EditorialProf. Dr. Alex AbikoProf. Dr. Francisco Ferreira CardosoProf. Dr. João da Rocha Lima Jr.Prof. Dr. Orestes Marraccini GonçalvesProf. Dr. Paulo HeleneProf. Dr. Cheng Liang Yee

Coordenador TécnicoProf. Dr. Alex Kenya Abiko

O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USPI Departamento de Engenharia deConstrução Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pesquisadores desta Universidade.

Este texto faz parte da dissertação de mestrado de título "Estudo para caracterização da demandaurbana de água em edifícios multifamiliares da cidade de São Paulo", que se encontra à disposiçãocom os autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.

FICHA CATALOGRÁFICA

SANCHEZ, Diego CesarEstudo para caracterização da demanda urbana de água em

edifícios multifamiliares da cidade de São Paulo. - São Paulo: EPUSP,2008.

13 p. - (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP,Departamento de Engenharia de Construção Civil, BTIPCC/481 )

1. Consumo de água 2. Uso residencial 3. Setor residencial 4. Cidade deSão Paulo.

I. PRADO, Racine Tadeu Araujo 11. Universidade de São Paulo. EscolaPolitécnica. Departamento de Engenharia de Construção Civil 111. Título IV.Série

ISSN 0103-9830

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RESUMO

o racionamento de água potável acontece em muitas cidades do mundo e é umassunto iminente para muitas outras. Tal fato se deve ao aumento gradativo daspopulações nos centros urbanos, que carrega consigo os efeitos da poluição dosmananciais, da impermeabilização, da modificação do clima, entre vários outrosfatores adversos desta questão, tão séria, visto que o ser-humano é totalmentedependente da água doce para sua sobrevivência. Partindo deste pressuposto eseguindo a linha do uso racional da água para atenuar a sua escassez, estapesquisa teve como objetivo desenvolver um estudo para caracterização dademanda urbana de água em edifícios multifamiliares da cidade de São Paulo, demodo a auxiliar, entre outros fatores, a estabelecer a capacidade dos sistemasprodutores, as solicitações máximas aos sistemas de distribuição, osinvestimentos para ampliação de capacidade e avaliação de benefício líquidopotencial de medidas de conservação e uso racional da água voltadas à reduçãodas vazões médias demandadas.

ABSTRACT

Potable water rationing happens in many cities in the world and it is an imminentsubject for many others. Such fact is due to the gradual raise of the populations inthe urban centers, which cames with them the effects of the pollution of thewatershed areas, waterproofing, climate modification, among several otheradverse factors of this issue that are so important, since human beings are totallydependent of water for their survival. Based on this assumption and following theUne of the rational use of water to diminish its scarcity, this research had thepurpose to develop a study for characterization of the urban water demand inmultifamiliar buildings of the city of São Paulo, in order to assist, among otherfactors, in the establishment of the producing systems capacity, the maximumrequests to the distribution systems, the investments for capacity magnification andevaluation of potential Iiquid benefit of measures of conservation and rational useof the water directed to the reduction of the demanded average outflows.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, com o crescimento populacional, a água doce vemsofrendo processos de degradação contínuos, tanto de forma direta como deforma indireta, principalmente através da impermeabilização do solo e dadestruição da vegetação. De acordo com Braga (2002), este problema causacalamidades, principalmente nas grandes cidades.

Segundo Lucas (2000), o setor residencial é um grande foco de desperdícioe mau uso de água potável dentro dos centros urbanos. Um grande percentual de

2

água pode ser economizado, apenas adotando medidas efetivas de combate aodesperdício deste importante recurso.

No Brasil, de acordo com World Resources Institute (2006), 21 % da águadoce é consumida no setor residencial, 18% é consumida no setor industrial e61 % é utilizada na agricultura.

A cidade de São Paulo está localizada na região sudeste do Brasil, que deacordo com Ghisi; Bressan e Martini (2007), é a região que mais consome água,demandando 158 Uhab/dia de água potável.

A escassez hídrica é um assunto de grande relevância para os sereshumanos, um problema que deverá se agravar com o passar dos anos. Na cidadede São Paulo e região metropolitana, já existem propostas de racionamento deágua no fornecimento público em épocas de escassez.

Baseado nos fatos apresentados, esta pesquisa foi feita para contribuir naobtenção de dados referentes ao consumo de água nas unidades residenciais, demodo a otimizar a gestão hídrica nas cidades.

Os dados obtidos neste trabalho poderão ser utilizados para detalhamentode novas possibilidades tecnológicas de redução do consumo de água, sem afetaro conforto ou padrões de higiene das pessoas.

A utilização de tecnologias apropriadas na questão do uso racional da água,embasadas em pesquisas científicas é hoje, junto com a melhoria da eficiência douso e o controle da demanda, a estratégia básica para a solução do problema dafalta de água nas cidades.

2. OBJETIVOS

Este artigo tem por objetivo contribuir para estabelecer uma caracterizaçãodo perfil de consumo de água doméstico em edifícios multifamiliares.

O objetivo é descobrir como, de que forma, quanto e onde é consumida aágua potável nos pontos de utilização dos edifícios multifamiliares, tais comochuveiros e bacias sanitárias (MADDAUS, 1987).

3. METODOLOGIA

Uma série de levantamentos foram realizados, quantificando e descrevendoos parâmetros de interesse desta pesquisa. Entre estes levantamentos estão asmedições de vazão com medidor ultrassônico. Os levantamentos foram realizadossobre amostras estratificadas em bairros da cidade de São Paulo.

As tipologias adotadas para o estudo foram edifícios com apartamentospequenos e médios, sendo que estes compreendem a maior parte da população.

3

Devido à impossibilidade técnica de se efetuar as medições de vazão diretamenteem todos os pontos de consumo dentro dos apartamentos, uma vez que no Brasilas tubulações hidráulicas são embutidas nas paredes, estas medições foramrealizadas nos barriletes dos edifícios, logo abaixo das caixas d'água.

Em cada edifício, foi instalado medidor ultrassônico durante 24 horas emprumadas significativas de abastecimento de água. Caso fossem notadosvazamentos na prumada ou em suas derivações, em primeiro lugar, eramefetuados os reparos necessários. Inicialmente, os principais equipamentos deuso final em vista foram as bacias sanitárias e os chuveiros. Os estudos tiveramcomo finalidade conhecer o consumo real destes aparelhos sanitários.

A Figura 1 mostra o esquema que foi adotado para medir a demanda emum edifício residencial, onde o medidor ultrassônico foi acoplado nos barriletes dealimentação. O aparelho de medição foi instalado na cobertura dos edifícios.

-

I!

III

Figura 1. Esquema de medição da demanda de água em um edifício residencial

3.1. Instrumentação

A instrumentação utilizada consiste em um medidor ultrassônico de vazãoportátil não intrusivo. É um aparelho destinado à medição de vazão e velocidadede fluidos, através da tecnologia de tempo de trânsito.

Este medidor conta com uma memória interna com capacidade para 40.000registros. É possível com este aparelho programar o sistema de registro interno dedados, ou seja, basta definir a data e hora para início da gravação dos dados e adata e hora para o fim da gravação, além do intervalo entre os registros.

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o aparelho grava em sua memória interna a vazão juntamente com a data ehora em que esta vazão foi medida. Em seguida basta interligar o aparelho numcomputador para descarregar os dados em um software específico do medidorultrassônico. A Figura 2 mostra o medidor monitorando a coluna de água de umedifício.

Figura 2. Medidor ultrassônico instalado em uma coluna de água de um edifício

Nos edifícios de apartamentos, o medidor ultrassônico foi instalado logoapós o barrilete, nas colunas que abastecem os apartamentos, geralmente emtubulações que abasteciam apartamentos inteiros, em alguns casos foi possívelmonitorar colunas que abasteciam apenas banheiros.

3.2. Plano amostrai e desagregação do consumo

A distribuição amostrai escolhida é do tipo probabilística estratificada,devido às subdivisões da população compondo as tipologias de edificações aserem estudadas. O procedimento utilizado na seleção das amostras foiintencional, ou seja, os elementos estudados dentro do universo foramselecionados ou obtidos de voluntários (COSTA NETO, 1989).

A população alvo desta pesquisa é o município de São Paulo, o qualcompreende uma extensão territorial de 1523 km2

, sendo que a área urbanaocupa 100% da área territorial total. O município conta com uma população,segundo o Censo de 2005 do IBGE (2006), de 10.927.985 habitantes. A Tabela 1,na seqüência, mostra os números de apartamentos existentes em São Pauloconforme as tipologias.

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Tabela 1 - Número de unidades residenciais (apartamentos) por tipologia de edificaçãoem São Paulo

T" I . d Ate' De 50 MaisIpO agia e 2 até deEdificação SOm 150m2 150m2

MUltifaE~~~:~: 88.768 594.252 204.425

Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo (2006)

Realizada a medição em campo, com o intuito de extrair uma amostra pilotoque seria utilizada para o dimensionamento da amostra, foi confirmada apossibilidade de desagregar os eventos referentes às bacias sanitárias echuveiros, porém foi confirmada a hipótese de impossibilidade de desagregaçãodos demais consumos, referentes às torneiras (lavatórios, pias, tanques de lavarroupa e demais aparelhos sanitários).

Após a medição da vazão instantânea na edificação, com registro da vazãoa cada três segundos, os dados foram passados para uma planilha eletrônica.Nesta planilha foi realizado o trabalho de desagregação dos consumos. Dentro daseqüência de dados da planilha, para detectar os eventos referentes àsdescargas, levou-se em consideração:

• Comportamento e variação da vazão ao longo do tempo;• Tempo de duração do evento;• Vazão instantânea;• Volume despendido;• Repetições do evento ao longo do período de monitoração;• Outras ocorrências correlacionadas com o evento.

Para detectar os eventos relacionados com chuveiros, levou-se emconsideração:

• Vazão inicial repentinamente elevada, tendendo a se uniformizar aodecorrer do evento;

• Tempo de duração do evento;• Vazão instantânea característica ao evento;• Volume despendido;• Horário de ocorrência do evento.

Os outros consumos, tais como os de lavatórios e pias, foramdesagregados e contabilizados, porém não puderam ser identificados, devido aogrande leque de possibilidades às quais estes eventos pudessem pertencer,gerando altos índices de incerteza. Os eventos não identificados foramdenominados de demais consumos.

Na Tabela 2, onde a primeira coluna corresponde ao dia do monitoramento,a segunda coluna corresponde ao horário de medição e a terceira corresponde à

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vazão instantânea, pode-se verificar a desagregação do consumo de uma baciasanitária com caixa acoplada.

Tabela 2 - Desagregação de consumo convergindo em um acionamento de baciasanitária com caixa acoplada

5/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/20065/5/2006

13:59:3313:59:3613:59:3913:59:4213:59:4513:59:4813:59:5113:59:5413:59:5714:00:0014:00:0314:00:0614:00:0914:00:1214:00:1514:00:1814:00:2114:00:2414:00:27

0,020,020,02

0,020,020,02

Nota-se que a vazão instantânea se comporta de forma característica, ouseja, quando há o acionamento da descarga, a bóia abaixa e se inicia a vazão deenchimento da caixa. Inicialmente esta vazão aumenta rapidamente (quando abóia cai), na seqüência ocorre um patamar uniforme (a bóia está totalmentebaixa), quando o volume de água dentro da caixa começa a subir, leva consigo abóia, então nota-se que a vazão vai gradativamente cessando até preencher ovolume total da caixa.

Além do comportamento da vazão instantânea, leva-se em conta o volumede água deste evento: como cada linha da tabela corresponde a três segundos devazão, multiplicando-se cada vazão instantânea por três e somando-se tudo,resulta em um volume de 6,06 litros, que está de acordo com o volume das caixasacopladas do edifício monitorado. Por último, verifica-se o tempo de duração doevento, que neste caso é de 36 segundos. Pode-se então afirmar que realmenteeste evento pertence a uma bacia sanitária. Para este caso específico, notou-seque a vazão mínima em 24 horas de monitoramento foi de 0,02 Ils, esta vazão foiconstante, significando a ocorrência de vazamento. Esta tabela reproduzexatamente o formato dos dados que são obtidos pelo medidor ultrassônico, apóstratamento dos dados em planilhas eletrônicas.

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Com relação à desagregação de eventos de banho com chuveiro elétrico:inicialmente a vazão é nula, em seguida a vazão cresce e logo diminui,prolongando-se uniformemente e de forma constante ao longo do evento. Nestecaso pode-se concluir que a alta vazão inicial foi ocasionada pelo seguinte fato:para o caso do chuveiro elétrico, o usuário inicialmente abre o registro de formaaleatória e sempre tendendo ao excesso, em seguida o usuário vai fechandogradativamente o registro até estabelecer uma vazão que possibilite um banhoconfortável em relação à temperatura da água. Neste caso, para afirmar que setrata de banho, podem ser utilizados os fatos seguintes: a longa duração doevento, a vazão que é característica de um chuveiro elétrico (confirmada emlaboratório e na literatura), o comportamento inicial de abrir o registro e fechargradativamente até permanecer numa vazão constante (fato que se evidencia emtodos os eventos com chuveiro elétrico), o horário do evento e o volume total deágua despendido.

Existem também os casos de desagregação de consumos sobrepostos, ouseja, dois eventos ocorrendo ao mesmo tempo, fato que deve ser cuidadosamenteanalisado para que um evento não fique mascarado sob outro. A detecção deeventos sobrepostos pode se apresentar sob a forma de dois ou mais eventosocorrendo ao mesmo tempo. Para detectar este fenômeno devem-se visualizar osconsumos como um todo, de forma a analisar patamares de consumosconstantes. Devem-se verificar os consumos pela constância de sua vazão,delimitando inícios e fins. Desta forma pode-se identificar, numa seqüência devazões, os eventos sobrepostos.

Com a decisão adotada de separar eventos relacionados às baciassanitárias, chuveiros, demais consumos e vazamentos, foram dimensionados ostamanhos das amostras para bacias sanitárias e chuveiros, de acordo com astipologias de edificações predefinidas.

3.3. Dimensionamento através da amostra piloto

De posse das amostras piloto, retiradas do Edifício Holanda1, foram

efetuados cálculos estatísticos, de modo a preparar os dados para seremutilizados no dimensionamento das amostras.

As amostras "brutas", obtidas inicialmente, pertenciam a uma seqüência dedescargas de bacia sanitária com caixa acoplada e a uma seqüência de banhoscom chuveiro elétrico.

I Edificio Holanda, edificação com área útil de SO a ISO m2• Bacias sanitárias com caixa acoplada e chuveiro

elétrico.

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3.3.1. Tamanho das amostras para chuveiros e bacias sanitárias

Baseado na análise de regressão múltipla, a amostra piloto com eventos dechuveiros elétricos compreendeu 12 elementos. Os desvios-padrão foram de 4,42minutos para a duração e 15,24 litros para o volume de banho. Ambos oscoeficientes de variação ficaram com seus limites abaixo de 25%.

Garantiu-se que as estimativas médias de duração e volume dos eventostivessem 95% de probabilidade de conter um erro global de 5%. O erro amostraiabsoluto máximo para as estimativas foi considerado para a pior situação, ou seja,para o elemento com maior desvio-padrão: 3,5 litros, que neste caso foi o volumede água dos banhos. Este parâmetro está definido dentro do limite de tolerânciado desvio padrão estimado, que é de quatro vezes o erro amostrai absolutomáximo.

Logo, aplicando-se a expressão

za2xs2xN (1)" =---"----:--~----;;­

(N -1)xe2 +S2 xza2

obteve-se o tamanho para as amostras:

Sendo:

N = 594.252 (universo - maior estrato)Za = 1,96 (para 95% de probabilidade)

s = 15,24 L (limite superior)e = 3,5 L (limite do erro)

11 =73 eventos de chuveiro

Seguindo o mesmo raCIOClnlO do dimensionamento das amostras dechuveiros elétricos, baseando-se em 37 eventos de descargas com baciassanitárias e utilizando os seguintes dados:

N = 594.252 (universo - maior estrato)Za = 1,96 (para 95% de probabilidade)

s = 1,12 L (limite superior)e = 0,4 L (limite do erro)

Obteve-se:

11 =31 eventos de bacia sanitária

3.4. Caracterização da demanda de água

A caracterização de demanda passa por um conhecimento dos hábitos deconsumo ligados a contextos culturais particulares. É fácil perceber que, embora ouso da água tenha uma caracterrstica universal de essencialidade para a

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sobrevivência da espécie humana, a forma como diversas culturas estabelecemseu uso é bastante variável (SANTOS, 2002).

A caracterização da demanda residencial de água em edifícios foielaborada baseando sua metodologia na monitoração do consumo de água emfunção do tempo, através do medidor ultrassõnico de vazão.

Com base nas informações colhidas, foi possível reunir os dados e definir oconsumo real desagregado dos edifícios multifamiliares.

4. RESULTADOS

No total, foram monitorados com o medidor ultrassõnico 6 edifíciosmultifamiliares: Quatiara, Les Jardins Des Jardins, Áustria, Holanda, Almeria e SãoJosé. Alguns deles apresentaram vazamentos constantes em suas instalaçõeshidráulicas.

A Figura 3 mostra o resultado do monitoramento da demanda de água friano edifício Quatiara, durante os sete dias da semana. Na análise do gráfico,verificou-se que em nenhum momento a vazão chegou a zero, a vazão mínimaregistrada foi de 0,13 IIs e a vazão máxima foi de 3,19 l/s. Mesmo no período damadrugada, a vazão mantinha-se num patamar constante; logo concluiu-se que oedifício estava com vazamentos.

Edificio Quatiara • Água fria

3,50

! 3,00

:: 2,50c~ 2,00

~ 1,50.Ei 1,00

> 0,50

I0,00

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~~_~_'_~_~_"_~_'_~_o_~_8_'_~_~_"_~_'B8~~~~~~~B8~~8~~~Ng8~

Figura 3. Gráfico de demanda de água fria no edifício Quatiara (Período de 7 dias)

10

---------_._-----------------,

Consumo de Água. Edifício Holanda

60%

• Bacia sanitáriJ• Chuloeiro

I!I Demais Consumos---------

27%

Figura 4. Desagregação do consumo de água do edifício Holanda

As Figuras 4 a 6 apresentam os gráficos de desagregação do consumo totalde água nos edifícios Holanda, Almeria e São José.

Consumo de Água - EdiflCio Almeria

53%

• Válvula Descarga

• Chuveiro (elétrico)

I!I Demais Consumos

26%

Figura 5. Desagregação do consumo de água do edifício A1meria

11

-------------------------,Consumo de Água - Edifício São José

51 % ..---------,1.Chu\eiro

i. Bacia Sanitária Ii l!iI Demais Consumos IL.: .__ .. __... '_'." '_••_" '

Figura 6. Desagregação do consumo de água do edifício São José

Pode-se notar que no edifício Holanda, o consumo de água nas baciassanitárias com caixa acoplada é menor que nos edifícios Almeria e São José ondeas bacias sanitárias são com válvula de descarga.

Para se ter um parâmetro de comparação, segundo Fewkes (1999), noReino Unido, uma pesquisa mostrou que o consumo de água em bacias sanitáriascorresponde por aproximadamente 30% do consumo total doméstico.

4.1. Caracterização dos aparelhos sanitários

Com as informações dos eventos de bacias sanitárias e chuveiros obtidosdas desagregações de consumo, foram construídos histogramas, variandoconforme os parâmetros de interesse.

Os histogramas referentes a chuveiros elétricos apresentados nas Figuras 7e 8, na seqüência, foram construídos com base em 36 eventos monitorados emcampo. Nota-se a predominância de banhos compreendendo a duração de 5 a 7minutos. A média de duração calculada nesta distribuição foi de 7,72 minutos, ouseja, as pessoas levam em média 8 minutos para tomar banho. Conforme ohistograma da figura 25, em média são gastos 28 litros de água em um banho.

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HISTOGRAMA - BANHOS COM CHUVEIRO ELÉTRICOGama

o 2 4 6 8 W U M ffi ffi ~

Duração (ninutos)

Figura 7. Histograma de duração de banhos com chuveiro elétrico

HISTOGRAMA - BANHOS COM CHUVEIRO ELÉTRICOGama

10

8

~o.......111 6~'!C' 4~

2

OO 8 16 24 32 40

Ci48 56 64

Figura 8. Histograma do volume de água consumido em banho com chuveiro elétrico

Os histogramas referentes à bacias sanitárias com caixa acoplada foramconcluídos com base em 37 eventos monitorados em campo. A Figura 9 mostraque a média correspondente ao tempo de enchimento do reservatório acoplado éde aproximadamente 39 segundos. O histograma da Figura 10 mostra asvariações nos volumes despendidos nas descargas em bacias sanitárias com

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reservatórios acoplados, onde em média são gastos 5,97 litros por acionamentosde descargas.

HISTOGRAMA - BACIA SANITÁRIA COM CAIXA ACOPLADAGama

60~ ~ n ~ ~ ~ ~ ~ ~

Duração de enchimento (segundos)

2

1

O.,..---L.--T....;...;.I;----.--J~I'"""""""'I....-.,..._'_...L..."T_'".;;L....__r_...:.L._r_.....;J;........,.....;.L._'_T.;.--J.__,-----l

20

9

8

7

~6......•~ 5

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~ 3

Figura 9. Histograma de duração de enchimento dos reservatórios das bacias sanitáriascom caixa acoplada

HISTOGRAMA - BACIA SANITÁRIA COM CAIXA ACOPLADAGama

9

8

7

"""t- 6......•~ 5C!1'4It 3

2

1

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Volume de descarga (II:ros)

Figura 10. Histograma do volume de descarga das bacias sanitárias com caixa acoplada

Os histogramas das Figuras 11 e 12 foram construídos através de 72eventos monitorados em campo. Na Figura 11, observa-se o histograma relativo

14

às vazões instantâneas maxlmas registradas em eventos com válvulas dedescarga. Verificando a distribuição gama dos eventos, conclui-se que a médiadas vazões instantâneas máximas é de aproximadamente 1,2 I/s. O histograma daFigura 12 mostra que a média de volume de água gasto em uma válvula dedescarga é de aproximadamente 6,3 litros.

HISTOGRAMA - VÁLVULA DE DESCARGAGama

20

'i 15.....~'! 10

I5

0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0Vazão instantânea máxima (L/s)

Figura 11. Histograma das vazões instantâneas máximas registradas em válvulas dedescarga

HISTOGRAMA - VÁLVULA DE DESCARGAGama

20

5

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Volume de descarga (litros)

Figura 12. Histograma dos volumes de água gastos em descargas com válvula de descarga

15

Quando comparados os eventos de descarga com caixa acoplada e válvulade descarga conclui-se que não existe diferença significativa entre um e outro,uma vez que o volume médio gasto em bacias com caixa acoplada é de 5,97litros.

6. CONCLUSÃO

Com base nos estudos apresentados, percebe-se a necessidade dedetecção de vazamentos dentro dos apartamentos. Algumas edificaçõesmonitoradas apresentaram vazamentos internos significativos.

Esta pesquisa também mostrou que os banhos são responsáveis pelosmaiores consumos específicos de água dentro das residências, seguido pelasbacias sanitárias. E que os dois juntos correspondem por aproximadamente 50%do consumo total de uma unidade residencial. Esta proporção confere com umapesquisa realizada em Taiwan, que mostrou que o consumo de água em baciassanitárias e em banhos também corresponde por aproximadamente 50% doconsumo total de uma unidade residencial (CHENG, 2003).

Analisando os dados obtidos das bacias sanitárias, conclui-se que as comacionamento dual podem ser uma boa opção para a redução do consumo de águaem acionamentos de descargas, uma vez que o volume de água em um evento dedescarga pode ser reduzido.

Pode-se notar também que, apesar das bacias sanitárias com caixaacoplada e com válvula de descarga consumirem aproximadamente o mesmovolume de água numa descarga, no consumo total, os edifícios com válvulas dedescarga consumiram significativamente mais água. Este fato ocorreu devido aosedifícios monitorados possuírem válvulas de descarga antigas e com vazamentos.Isto mostra que a substituição dos equipamentos sanitários mais velhos é aessência de um programa de uso racional da água.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, B. et aI. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: Prentice Hall,2002.305 p.

CHENG, C. Evaluating water conservation measures for green building in Taiwan.Building and Environment. 2003; 38: 369-379.

COSTA NETO, P. L. O. Estatistica. São Paulo: Edgard Blucher, 1989.248 p.

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FEWKES, A. The use of rainwater for wc f1ushing: the field testing of a collectionsystem. Build and Environment. 1999; 34: 765-772.

GHISI, E.; BRESSAN, D.L.; MARTINI, M. Rainwater tank capacity and potential forpotable water savings by using rainwater in the residential sector of southeasternBrazil. Building and Environment. 2007; 42: 1654-1666.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Apresenta dados sobreestatísticas sociais, demografias e economias. Disponlvel em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em 21 julho 2006.

LUCAS, J. Consumos de água. Rio de Janeiro: Cidade Nova, 2000. 33 p.

MADDAUS, W. Water conservation. Denver: American WaterWorks Association,1987. Paginação irregular.

NETO, P. L. O. Estatística. São Paulo: Edgard Blucher, 1989.248 p.

Prefeitura Municipal de São Paulo - Dados do Município. Disponlvel em:<http://portal.prefeitura.sp.gov.brlsecretarias/governo/sumario dados>. Acessoem: 08 maio. 2006.

SANTOS, D. C. Os sistemas prediais e a promoção da sustentabilidade ambiental.Ambiente Construido, Porto Alegre, v. 2, p. 7-18,2002.

World Resources Institute. Apresenta informações sobre a disponibilidade de águano mundo. Disponível em:<http://earthtrends.wri.org/maps spatial/index.php?theme=2>. Acesso em: 19julho 2006.