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Ano 13 . nº 41 . Julho / Agosto / Setembro 2018 Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti Áreas de Atuação: Direito Administrativo, Ambiental, Civil, Constitucional, Criminal, Eleitoral, Família e Sucessões. LITERATURA PARA A JUVENTUDE, pág. 03 RENÉ ARIEL DOTTI René Ariel Dotti . Rogéria Dotti . Julio Brotto Patrícia Nymberg . Alexandre Knopfholz . Fernanda Pederneiras Francisco Zardo . Vanessa Scheremeta . José Roberto Trautwein Fernando Welter . Gustavo Scandelari Vanessa Cani . Cícero Luvizotto . Luis Otávio Sales Guilherme Alonso . Thais Guimarães . Laís Bergstein André Meerholz . Diana Geara . Bruno Correia Ana Cristina Viana . Fernanda Lovato . Giuliane Gabaldo Fernanda Machado . Eduardo Knesebeck . Fernanda Coelho Respeito à ordem cronológica: ganho em transparência e previsibilidade no julgamento dos processos Fernando Welter Programas de prevenção (compliance): cautela e compromisso Gustavo Scandelari As diretivas antecipadas de vontade de pacientes José Roberto Trautwein Separação: o ex tem direito de visitar o bichinho de estimação? Vanessa Scheremeta A nova lei da segurança jurídica no direito público Francisco Zardo

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Ano 13 . nº 41 . Julho / Agosto / Setembro 2018

Boletim Trimestral do Escritório Professor René DottiÁreas de Atuação: Direito Administrativo, Ambiental, Civil, Constitucional, Criminal, Eleitoral, Família e Sucessões.

LITERATURA PARAA JUVENTUDE, pág. 03

RENÉ ARIEL DOTTI

René Ariel Dotti . Rogéria Dotti . Julio BrottoPatrícia Nymberg . Alexandre Knopfholz . Fernanda Pederneiras Francisco Zardo . Vanessa Scheremeta . José Roberto Trautwein

Fernando Welter . Gustavo ScandelariVanessa Cani . Cícero Luvizotto . Luis Otávio Sales

Guilherme Alonso . Thais Guimarães . Laís BergsteinAndré Meerholz . Diana Geara . Bruno Correia

Ana Cristina Viana . Fernanda Lovato . Giuliane GabaldoFernanda Machado . Eduardo Knesebeck . Fernanda Coelho

Respeito à ordem cronológica: ganho em transparência e

previsibilidade no julgamento dos processosFernando Welter

Programas de prevenção

(compliance): cautela e compromissoGustavo Scandelari

As diretivas antecipadas de

vontade de pacientes

José Roberto Trautwein

Separação: o ex tem direito de visitar

o bichinho de estimação?

Vanessa Scheremeta

A nova lei da segurança jurídica no direito público

Francisco Zardo

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EDITORIAL

Literatura para a Juventude (René Ariel Dotti) ............................................................................................................................................................ 03

PENSAMENTO .............................................................................................................................................................................................................................. 03

SEÇÃO INFORMATIVA .................................................................................................................................................................................................................. 04

LEGISLAÇÃO

Mudanças relevantes ............................................................................................................................................................................................... 06

DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

O princípio da igualdade entre os filhos não impede a fixação de alimentos em valores distintos (Fernanda Pederneiras) ......... 07Separação: o ex tem direito de visitar o bichinho de estimação? (Vanessa Scheremeta) ............................................................................ 07Restabelecimento do nome de solteira após morte do cônjuge (Thais Guimarães) .................................................................................. 08A proibição da lavratura das escrituras públicas das uniões poliafetivas (Diana Geara) ........................................................................ 08

DIREITO CIVIL

STJ confirma fim do anonimato na Internet (Rogéria Dotti) ............................................................................................................................... 09A responsabilidade do administrador de grupo de WhatsApp (Julio Brotto) ............................................................................................. 09CDC não se aplica a planos de saúde de autogestão (Patrícia Nymberg) ........................................................................................................ 09As diretivas antecipadas de vontade de pacientes (José Roberto Trautwein) ................................................................................................... 10Respeito à ordem cronológica: ganho em transparência e previsibilidade no julgamento dos processos (Fernando Welter) ............................................................................................................................................................................................ 10A responsabilidade do arrematante pelo pagamento de dívidas (Vanessa Cani) ..................................................................................... 10MP 841 – #LutoPeloEsporte (Cícero Luvizotto) ......................................................................................................................................................... 11Contratos eletrônicos e Contratos inteligentes (smart contracts) (Laís Bergstein) ..................................................................................... 11Mediação e Conciliação: soluções pacíficas para os conflitos (Giuliane Gabaldo) ....................................................................................... 11Condutor pode obter CNH definitiva mesmo com existência de infração administrativa (Patrícia Martinelli) ................................. 12

DIREITO CRIMINAL

Crimes praticados pela internet: uma nova realidade (Alexandre Knopfholz) ................................................................................................. 12Programas de prevenção (compliance): cautela e compromisso (Gustavo Scandelari) .............................................................................. 13Apontamentos sobre o crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/1990) (Luis Otávio Sales) ........................................................... 13A prova de corroboração como exigência da colaboração premiada (Guilherme Alonso) ....................................................................... 13Alterações do Código Penal quanto ao crime de roubo (Bruno Correia) ....................................................................................................... 14STF: Delegados de Polícia podem firmar acordos de colaboração premiada (Fernanda Lovato) .......................................................... 14Renúncia tácita ao direito de queixa (Eduardo Knesebeck) .................................................................................................................................... 14

DIREITO ADMINISTRATIVO

A nova lei da segurança jurídica no direito público (Francisco Zardo) ............................................................................................................ 15Conselho Monetário Nacional reduz a meta de inflação para 2021 (André Meerholz) .............................................................................. 15Assédio sexual em transporte público gera responsabilidade do Estado (Ana Cristina Viana) ............................................................... 16Concessionárias devem divulgar tabela com evolução dos preços praticados (Fernanda Machado) ................................................... 16Riscos na aquisição de quotas de sociedade limitada que participa de licitações (Fernanda Coelho) ................................................. 16

ESPAÇO LIVRE DOS ESTAGIÁRIOS

É possível a apreensão do passaporte e da CNH do devedor? (Sebastião Júnior) ....................................................................................... 17Garantia prestada em transação para quitação de débitos de contrato de locação é nula sem autorização docônjuge do fiador (Giuliano Sthefano Dohms Preti) ........................................................................................................................................................ 17Momento da incidência dos juros de mora em condenações contra a Fazenda Pública (Marina Guttierrez) .................................. 18O princípio da insignificância e a apreensão de munição sem arma (Victoria de Barros e Silva) ................................................................ 18O direito ao esquecimento vs. liberdade de expressão (Franciele Straub) ..................................................................................................... 19O preso e o custeio dos gastos da manutenção no cárcere (Rodrigo Ribeiro) .............................................................................................. 19

ÍNDICE

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LITERATURA PARAA JUVENTUDE

EDITORIAL

Com esse título, iniciei um programa semanal para os estagiários do nos-so Escritório. Aproveitando as manhãs de sexta-feira quando o expediente é menos intenso, fazemos o sorteio de livros de minha biblioteca pessoal. Ba-sicamente são crônicas, poemas, contos e peças de teatro. Os contemplados assumem o compromisso de, no mesmo dia da semana seguinte, fazer uma síntese de cinco a dez minutos a respeito do autor e do livro. A valiosa colabo-ração de nossa equipe, representada por Claudia Penovich, Thais Precoma Guimarães e Marli Leal, com participações bem definidas, é uma garantia para o bom sucesso dessa iniciativa que recupera a vida e a obra de autores de extraordinário prestígio.

São inúmeros os pensamentos e máximas sobre os grandes escritores e a Literatura que o dicionário define como “uso estético da linguagem escrita; arte literária; conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, perten-centes a um país, época, gênero, etc”. Por exemplo, Joseph Roux (1834-1905), um padre parisiense: “Existem duas classes de escritores geniais: os que pensam e os que fazem pensar”. Ou Monteiro Lobato (1882-1948), um dos maiores no-mes da literatura infantil do Brasil e imortal defensor de nossas riquezas: “Um país se faz com homens e livros”. E também Charles-Louis de Secondat, o céle-bre político, escritor e filósofo Montesquieu (1689- 1755), em poucas palavras disse muito bem: “Jamais sofri mágoa que uma hora de leitura não tenha curado”.

Os estudantes que trabalham em nosso Escritório superam a rotina forense e os monólogos da docência universitária com Rubem Braga, Fernando Sabino, Machado de Assis, Clarice Lispector, Pablo Neruda, Mário Quintana, Vinícius de Moraes, Shakespeare, Luís Fernando Veríssimo e muito mais.

O excelente portal jurídico Migalhas, que é lido por um imenso e infindável número de profissionais do Direito e da Justiça, abriu sua página de legislação, doutrina e jurisprudência com texto e fotos para a divulgação de uma das ses-sões do programa Literatura para a Juventude.

Porque, afinal de contas, ninguém é de ferro!

RENÉ ARIEL DOTTI

“... foi através da Literatura que recebi a vida”.

PAULO MENDES CAMPOS (1922-1991) foi escritor, poeta e jornalista brasileiro.

PENSAMENTO

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SEÇÃO INFORMATIVAFo

to: O

AB/

PR

LITERATURA PARA A JUVENTUDE

Por iniciativa do Professor RENÉ ARIEL DOTTI, periodicamente os estagiários do Escri-tório realizam encontros para falar sobre literatura.

A cada sessão, DOTTI sorteia 4 livros de seu acervo pessoal e 2 estagiários são escolhi-dos para expor, na sessão seguinte, suas impressões sobre o exemplar que receberam. As obras escolhidas vão de Revistas Jurídicas a Shakespeare.

No encontro realizado no dia 29 de junho, esteve presente a Professora ANGELA DOS PRAZERES, que falou sobre a importância da leitura para a análise e extração de precei-tos jurídicos de obras literárias.

Na sessão de 13 de julho, o Escritório recebeu a escritora e poetisa ADÉLIA MARIA WOELLNER, membro da Academia Paranaense de Letras, que expôs sua trajetória no Direito e na Literatura e sorteou aos estagiários algumas de suas principais obras (poe-sias e livros infantis).

No dia 28/05/2018 a DOTTI E ADVOGADOS recebeu o Prêmio “Melhores do Ano de 2017” do Paraná, na categoria Advocacia e Direito, entregue pelo Jornal DIÁRIO IN-DÚSTRIA & COMÉRCIO, em evento realizado no Museu Oscar Niemeyer. A escolha dos premiados foi realizada pelos jornalistas, colunistas, colaboradores e Conselho Editorial do Jornal, que comemora seus 41 anos.

Em solenidade realizada na OAB/PR, no dia 07/05/2018, o Professor RENÉ ARIEL DOTTI foi homenageado com a “Láurea de Agradecimento” em razão da participação na constru-ção e realização da histórica VII Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, realizada no Teatro Guaíra, em Curitiba, em 1978. Na mesma comemoração aos 40 anos do evento, foram também homenageados os Professores EDUARDO ROCHA VIRMOND e EGAS DIRCEU MONIZ DE ARAGÃO.

Em 25 de maio, o Professor RENÉ ARIEL DOTTI concedeu entrevista à Revista Crusoé. Acesse o link para ler a entrevista: https://crusoe.com.br/edicoes/4/a-lava-jato-e-seu-beneficio-social/

Em 1º de junho, o Professor RENÉ ARIEL DOTTI participou do XIII Simpósio Nacional de Direito Constitucional, promovido pela ABDConst, com a exposição sobre “Direito Penal – abuso do ativismo judicial”.

Em 15 de junho, o Professor RENÉ ARIEL DOTTI foi homenageado no Seminário Com-pliance – Atualidades e Perspectivas Futuras, organizado pela OAB-PR, em parceria com a ESA-PR e a Academia Paranaense de Letras Jurídicas. No mesmo evento, o advogado GUSTAVO SCANDELARI proferiu palestra sobre “A posição do compliance officer na es-trutura empresarial e sua responsabilidade”.

No dia 25 de junho, o Professor RENÉ ARIEL DOTTI recebeu de Aroldo Murá G. Haygert o diploma de “Grande Porta-voz do Paraná”, em cerimônia na Sociedade Garibaldi, na Praça Garibaldi, Centro Histórico de Curitiba.

Na mesma ocasião foi lançada a décima edição de Vozes do Paraná – Retratos Parana-enses, de autoria do jornalista Aroldo Murá G. Hygert, que traz entre os personagens o advogado FRANCISCO ZARDO.

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No dia 3 de maio, a advogada ROGÉRIA DOTTI proferiu palestra sobre “Tutela de urgência e tutela de evidência” no Seminário Teori Albino Zavascki, realizado pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual, em Porto Alegre/RS.

A advogada ROGÉRIA DOTTI ministrou, no dia 23 de maio, aulas sobre “Medidas de urgên-cia no Direito Imobiliário” na Pós-Graduação em Direito Imobiliário da Universidade Positivo, e em 26 de maio ministrou aula no Curso de Especialização em Direito Processual Civil da ABDConst e abordou o tema “Tutela provisória de evidência”.

Em 7 de junho, a advogada ROGÉRIA DOTTI esteve em Jaguariaíva /PR e participou do Ciclo de Palestras da Escola Superior de Advocacia/PR, palestrando sobre “Tutela de evidência”.

No dia 10 de maio os advogados ALEXANDRE KNOPFHOLZ e FRANCISCO ZARDO proferi-ram palestra no ‘Seminário de Finanças e Governança Corporativa’ promovido pelo IBEF (Ins-tituto Brasileiro de Executivos de Finanças) e pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Foram abordados, dentre outros assuntos, a corrupção no mundo empresarial, os acordos de leniência, compliance e boas práticas de gestão corporativa.

Em maio, o advogado  FRANCISCO ZARDO  ministrou aulas no módulo sobre Processo Administrativo na Pós-Graduação em Licitações e Contratos Administrativos do Centro Universitário UNIBRASIL. Em junho, lecionou sobre Licitações, Contratos Administrativos e Lei Anticorrupção aos alunos da Pós-Graduação em Direito Corporativo da Universidade Positivo. Ainda em junho, falou sobre as normas de direito público recém incluídas na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro em curso aos servidores do Tribunal de Contas do Esta-do do Paraná e ainda em junho, ministrou curso aos servidores do Tribunal de Contas do Estado do Paraná sobre as normas de direito público recém incluídas na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro.

Em 17 de maio, o advogado GUSTAVO SCANDELARI palestrou sobre “Compliance Criminal: aspectos polêmicos”, no Auditório do Centro Universitário UniOpet.

Em 16 de junho, o advogado GUSTAVO SCANDELARI proferiu palestra sobre o tema “A posição do Compliance Officer na estrutura Empresarial e sua Responsabilidade”, no evento “Compliance: Atualidades e Perspectivas Futuras”, organizado pela OAB-PR, ESA e Academia Paranaense de Letras Jurídicas.

Em 20 de junho, o advogado GUSTAVO SCANDELARI foi designado, pela Portaria 91/2018, como Membro da Comissão de Compliance da OAB/PR.

No dia 30 de junho, o advogado GUSTAVO SCANDELARI ministrou aula na Pós-Gradua-ção em Direito Corporativo da Universidade Positivo, sobre o tema da “Responsabilidade penal do empresário e da empresa”.

Em 7 de julho, o advogado GUSTAVO SCANDELARI participou do evento Virada Jurídica, palestrando sobre “Compliance e Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica”, na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP).

Em 24 de julho, o advogado GUSTAVO SCANDELARI ministrou aula no “Curso de Com-pliance” organizado pela OAB-PR e pela ESA, tratando sobre as “Premissas e Apectos Princi-piológicos do Compliance” e a “Responsabilidade do Compliance Officer”.

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LEGISLAÇÃO

Mudanças relevantes

» Lei nº 13.655, de 25/04/2018 (Publicada no DOU de 26/04/2018)Inclui no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdu-ção às Normas do Direito Brasileiro), disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público.Maiores informações no artigo de FRANCISCO ZARDO.

» Lei nº 13.675, de 11/06/2018 (Publicada no DOU de 12/06/2018)Cria o SUSP – Sistema Único de Segu-rança Pública e a Política Nacional de

Segurança Pública e Defesa Social, disciplina a organização e o funcio-namento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012.

» Lei nº 13.676, de 11/06/2018(Publicada no DOU de 12/06/2018)Altera a Lei nº 12.016, de 7 de agos-

to de 2009, para permitir a defesa oral do pedido de liminar na ses-são de julgamento do mandado de segurança.

» Lei nº 13.688, de 03/07/2018 (Publicada no DOU de 04/07/2018)Institui o Diário Eletrônico da Ordem dos Advogados do Brasil e altera a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da OAB), para dispor sobre a publicação de atos, notificações e decisões no Diário Eletrônico da Or-dem dos Advogados do Brasil.

* Coluna sugerida por iniciativa do Advogado JOÃO CARLOS ALMEIDA

No mês de junho dois sócios do Núcleo Criminal do Escritório defenderam dissertação como requisito para obtenção do título de Mestre em Direito pela UniCuritiba e obtiveram nota máxima, com distinção e louvor. No dia 4, o advogado LUIS OTÁVIO SALES, com o tema “A consunção no Direito Penal econômico: pertinência e critérios de aplicação”; e, no dia 29, o advogado GUILHERME ALONSO, com o tema “A colaboração premiada e os parâmetros cons-titucionais do Processo Penal”.

Entre julho e agosto deste ano a advogada LAÍS BERGSTEIN, integrante do núcleo de Direito Civil da Dotti, cumprirá uma jornada de pesquisa na Justus-Liebig-Universität, em Giessen, Alemanha. A estada é patrocinada pelo Centro de Estudos Europeus e Alemães – CDEA, fo-mentado pelo DAAD com verba do Ministério das Relações Exteriores alemão, como resul-tado de uma premiação concedida em 2018 a acadêmicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS.

A advogada LAÍS BERGSTEIN foi eleita Diretora Adjunta da Região Sul do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor – BRASILCON para o biênio 2018/2020. Trata-se de uma associação civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos, criada pelos autores do anteprojeto de lei que deu origem ao Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), que promove a de-fesa do consumidor no Brasil e é atualmente presidida pelo professor Diógenes Carvalho (GO).

A advogada ANA CRISTINA VIANA recebeu, no dia 29 de junho, a 3ª colocação no concurso de artigos do VIII Congresso da Rede Latino-americano de Direito Administrativo. O artigo, escrito em coautoria com a doutoranda da UFPR Letícia Kreuz, tratou sobre a 4ª Revolução in-dustrial e governo eletrônico: exame das experiências implementadas no Brasil. Ele foi anun-ciado na Universidade de Salamanca, na Espanha, no marco do VIII Centenário da Instituição.

No dia 9 de julho, os advogados JULIO BROTTO e CÍCERO LUVIZOTTO representaram a As-sociação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná e o Sindicato das Empresas de Rádio e Te-levisão do Paraná em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná sobre a atuação das Rádios Comunitárias.

Em 24 de julho, a advogada THAIS GUIMARÃES foi designada, pela Portaria nº 131/2018, como Membro da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/PR.

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O princípio da igualdade entre os filhos não impede a fixação de alimentos em valores distintos

Separação: o ex tem direito de visitar o bichinho de estimação?

A Constituição Federal, em seu art. 227, § 6º, veda o tratamento discriminatório dos filhos. Assim, a origem ou as circunstâncias de sua concepção não podem interferir no tratamento dispensado a ele.

Todavia, tal princípio não pode ser-vir como fundamento para, de forma ampla e genérica, estabelecer que o va-lor dos alimentos devidos pelo genitor ou genitora deve ser o mesmo para to-dos os filhos.

A pensão alimentícia deve ser fixada levando-se em consideração, indiscutivel-mente, a capacidade do alimentante, mas sempre atrelada às necessidades específi-cas do alimentando. E quando a obrigação alimentar diz respeito aos filhos, há que se

considerar, também, as condições de con-tribuição do outro genitor (art. 1.703, Có-digo Civil).

Este foi o entendimento do STJ, em voto claro e preciso da Ministra NANCY ANDRIGHI (Recurso Especial nº 1.624.050/MG, 18/06/2018), que muito bem ponderou que o princípio da igual-dade não tem natureza inflexível e que, a depender do caso concreto, a fixação do mesmo valor a proles distintas, sem uma análise criteriosa, acabaria por dar tratamento desigual.

A Relatora ressaltou os casos em que as diferenças de idade, estado de saúde e capacidade de cognição dos filhos podem gerar necessidades distintas. Salientou,

ainda, que, sendo os filhos oriundos de relacionamentos distintos, é justificável a fixação de alimentos diferenciados se hou-ver melhor capacidade de contribuição de um outro genitor ou genitora.

Assim, citando o filósofo belga CHAÏM PERELMAN, segundo o qual um dos crité-rios de isonomia e justiça é dar a cada qual segundo as suas necessidades, a Ministra conclui afirmando que “é possível vislum-brar situações em que a fixação de alimentos em valor ou percentual distinto entre a prole é admissível, razoável e até mesmo indispen-sável, seja a questão examinada sob a ótica da necessidade do alimentando, seja o tema visto sob o enfoque da capacidade contribu-tiva dos alimentantes.”

FERNANDA PEDERNEIRAS

VANESSA SCHEREMETA

Em decisão inédita, o STJ entendeu ser possível a regulamentação judicial de visitas a animais de estimação. No caso, o ex-companheiro ajuizou a ação para ter garantido o direito à convivência com a cadela yorkshire adquirida na constância da união estável e que ficou com a mulher após a separação.

O tema é relevante. As relações entre

os seres humanos e os animais estreita-ram-se bastante, como comprova, por exemplo, o crescente número de pet shops e de locais pet friendly, como hotéis, res-taurantes e shopping centers. A questão vem sendo abordada com sensibilidade e delicadeza pelo Judiciário, que reconhece decorrer do próprio princípio da dignida-de humana a proteção à relação entre os

bichinhos e as pessoas.Em nosso ordenamento jurídico, os

animais são tratados como bens. Todavia, como corretamente destacado pelo STJ, não podem ser vistos como “coisas inani-madas”, merecendo tratamento peculiar justamente em razão das relações estabe-lecidas com os seres humanos. Assim, em casos como o julgado, deve ser levado em consideração não somente o direito das

partes em conviver com o animal, como o seu próprio bem-estar.

Nesse contexto, o Relator do recurso, Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, ressaltou tratar-se de questão relevante, que deve ser examinada não somente pelo ângulo da afetividade em relação ao animal mas também pela proteção constitucional dada à fauna. Destacou ainda não se tratar de humanizar os animais e nem de equipa-rar-se a sua posse à guarda de filhos, mas de tutelar a relação do homem com seu animal de companhia.

No caso, entendeu-se que o ex-com-panheiro teria direito de visita nos finais de semana, feriados e festas de fim de ano, alternados, bem como de participar de ou-tras atividades inerentes à cadela, como levá-la ao veterinário.

DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

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Restabelecimento do nome de solteira após morte do cônjuge

THAIS GUIMARÃES

A proibição da lavratura das escrituras públicas das uniões poliafetivas

DIANA GEARA

Conforme amplamente noticiado pela

mídia, o CONSELHO NACIONAL DE JUSTI-

ÇA – CNJ decidiu que os cartórios brasilei-

ros não podem lavrar escrituras públicas

de reconhecimento familiar das relações

poliafetivas. O referido julgamento decorre

do fato de que o 15º Ofício de Notas do Rio

de Janeiro estava realizando, desde 2015,

escrituras de união estável às famílias de

poliamor.

A Tabeliã responsável pelo referido

ofício lavrava as escrituras embasada na

interpretação plural e principiológica das

famílias realizada pelo STF que, ao julgar a

ADPF n.º 132 e a ADI n.º 4.277, reconheceu

o status familiar das uniões homoafetivas.

Importante destacar que o CNJ não fez

uma análise da legalidade/constitucionali-

dade das referidas uniões, uma vez que sua

competência está adstrita ao controle ad-

ministrativo das serventias extrajudiciais,

ou seja, de fiscalizar o poder dos cartórios

de lavrar as escrituras em questão.

Neste sentido, a negativa adveio do

fato de não haver legislação nem jurispru-

dência do STF específicas sobre as relações

poliafetivas. A decisão pontua que a socie-

dade ainda “não incorporou a ‘união polia-

fetiva’ como forma de constituição de famí-

lia, o que dificulta a concessão de status tão

importante a essa modalidade de relaciona-

mento, que ainda carece de maturação.”

Portanto, e considerando que o STF já

fez uma leitura constitucional aberta das

relações familiares conjugais, por meio de

princípios (dignidade humana, eudemo-

nismo, pluralidade familiar e isonomia),

compreendendo a dimensão das novas

famílias e dando espaço à autonomia pri-

vada, continuam pertinentes e necessários

os debates (jurídicos e acadêmicos) sobre

a monogamia ser ou não um alicerce indis-

pensável às famílias.

Em julgamento realizado em

22/05/2018, o STJ, no Recurso Especial nº

1.724.718/MG, de Relatoria da Ministra

NANCY ANDRIGHI, possibilitou a uma vi-

úva restabelecer o uso do seu nome de

solteira.

Inicialmente cumpre destacar que, nos

termos do art. 1.565, § 1º, do Código Civil,

“qualquer dos nubentes, querendo, poderá

acrescer ao seu o sobrenome do outro”. A

mesma regra, por analogia, é aplicável à

união estável. Portanto, de acordo com a

legislação civil, esta alteração não é obriga-

tória. Com a dissolução do casamento ou

da união estável, os ex-cônjuges/compa-

nheiros podem retomar o uso dos nomes

que usavam anteriormente.

A discussão perante o STJ, no recurso

ora analisado, disse respeito à extensão

dessa possibilidade aos viúvos, como ocor-

re, por exemplo, na França e na Alemanha.

Como bem destacou a Relatora, “o di-

reito ao nome, assim compreendido como o

prenome e o patronímico, é um dos elemen-

tos estruturantes dos direitos da persona-

lidade e da dignidade da pessoa humana,

uma vez que diz respeito à própria identida-

de pessoal do indivíduo, não apenas em rela-

ção a si mesmo, mas também no ambiente

familiar e perante a sociedade em que vive”.

Diante deste raciocínio e da inexis-

tência de previsão legal específica sobre

o tema, a Terceira Turma do STJ, por una-

nimidade, deu provimento ao recurso da

viúva, salientando que “não há justificativa

plausível para que se trate de modo dife-

renciado as referidas situações, motivo pelo

qual o dispositivo que apenas autoriza a re-

tomada do nome de solteiro na hipótese de

divórcio deverá, interpretado à luz do texto

constitucional e do direito de personalidade

próprio da viúva, que é pessoa distinta do fa-

lecido, ser estendido também às hipóteses de

dissolução do casamento pela morte de um

dos cônjuges”.

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9

STJ confirma fim do anonimato na Internet

ROGÉRIA DOTTI

DIREITO CIVIL

No último mês de junho, a Terceira

Turma do STJ, de forma unânime, deci-

diu que todas as empresas provedoras

de Internet devem fornecer (mediante

o endereço IP) os dados cadastrais de

seus usuários, ainda que o pedido judi-

cial se relacione a fatos ocorridos antes

da entrada em vigor do Marco Civil (Lei

nº 12.965/2014).

Tal decisão é de suma importância

pois afasta definitivamente o grave pro-

blema do anonimato na prática de cri-

mes ou outras condutas ilícitas na rede.

O Relator do recurso, Ministro PAULO DE

TARSO SANSEVERINO, considerou que a

providência de identificação do usuário

é algo “inerente ao risco do próprio negó-

cio desenvolvido”.

No caso, a provedora de acesso havia

alegado que seria impossível fornecer

tais dados já que o IP poderia se alterar

a cada conexão e não existiria uma obri-

gatoriedade de registro dessas informa-

ções. No julgamento, contudo, o STJ não

apenas reiterou o dever da manutenção

desses dados como ainda destacou que

o Comitê Gestor da Internet no Brasil já

recomenda, há muitos anos, a manu-

tenção de todos os registros pelo prazo

mínimo de três anos após cada conexão.

Tal precedente auxiliará na respon-

sabilização de quem comete atos ilíci-

tos, evitará que pessoas mal intencio-

nadas possam se ocultar covardemente

nos meandros da Internet e, acima de

tudo, garantirá a justa indenização a

quem sofre uma ofensa.

A responsabilidade do administrador de grupo de WhatsApp

JULIO BROTTO

CDC não se aplica a planos de saúde de autogestão

PATRÍCIA NYMBERG

A facilidade de acesso; o baixo custo; a excitação diante de notícias fantásticas e ori-ginais. Vários são os fatores que nos levam a transmitir ou retransmitir, avidamente, pos-tagens que diariamente inundam os nossos celulares.

Já é sabido que quem posta ou reproduz mensagens inverídicas de fontes duvidosas – as fakenews – está sujeito a responder civil e até mesmo criminalmente pelos danos que seu agir possam causar. Mais recentemente, porém, a evolução jurisprudencial, que costuma acompanhar esses avanços tecnológicos, apresentou novo e relevante capítulo: o TJSP, em votação unanime da 34ª Câmara de Direito Privado, nos autos da Apelação Cível nº 1004604-31.2016.8.26.0291, entendeu pela responsabilização do administrador de grupo de WhatsApp, que normalmente é a pessoa quem cria e controla o ingresso e a permanência de seus integrantes.

No aludido julgado, entendeu-se que a ré, “que, na qualidade de criadora do grupo, no qual ocorreram as ofensas, poderia ter removido os autores das ofensas, mas não o fez”, deveria ser responsabilizada pelo bullying que acabou sendo praticado contra as vítimas, questionadas em sua sexualidade e ofendidas com comentários pejorativos, ainda que não tenha, ela própria, escrito as ofensas. Curiosamente, o grupo havia sido criado para acompanhar os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Além do ineditismo do julgado, outras questões o tornam especialmente interessan-te. A administradora contava com apenas 15 anos à época, pelo que a ação foi proposta contra os seus pais. Não obstante, entendeu-se pela sua plena capacidade de compre-ender a gravidade das ofensas, assim como pela sua responsabilização, por omissão. A pouca idade porém, levou o órgão julgador a fixar módica indenização, expressamente justificando o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para cada um dos três autores, “servindo a pena como advertência para o futuro, e não como punição severa e desproporcional.”

A autogestão é uma modalidade de administração de planos de saúde na qual a pró-pria empresa ou outro tipo de organização institui e administra, sem finalidade lucrativa, o programa de assistência à saúde de seus beneficiários.

Como não objetivam lucro, mas apenas benefícios assistenciais de seus integrantes, as autogestões têm tratamento e regulamentação completamente diferentes daqueles que a lei dispensa às entidades que prestam serviços de saúde complementar de caráter privado. Cite-se, por exemplo, o fato de que não estão obrigadas ao plano referencial básico da ANS, instituído pela Lei nº 9.656/1998, por disposição expressa no art. 10, § 3º.

A exclusão das autogestões do regime obrigatório do plano-referência é clara e de-corre de uma lógica evidente: as autogestões possuem mais autonomia do que os pla-nos de saúde tradicionais (comerciais), na medida em que, não se voltando à atividade empresarial, podem decidir como irão tutelar os serviços gratuitos (ou substancialmente subsidiados) que irão prestar a seus beneficiários.

Portanto, a limitação da cobertura faz parte da lógica das autogestões, não havendo qualquer abusividade na restrição, nem violação aos princípios do CDC, conforme repri-sada jurisprudência, inclusive do STJ.

Por conta disso, e diante das distorções na interpretação da Súmula 469 (“Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde”), que gerava injustas condenações às entidades de autogestão, a mesma foi recentemente cancelada pelo STJ que, em substituição, emitiu a Súmula 608, com o seguinte enunciado: “Aplica-se o Códi-go de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por planos de autogestão.”

Finalmente, uma pá de cal sobre o assunto.

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10

A responsabilidade do arrematante pelo pagamento de dívidas

Respeito à ordem cronológica: ganho em transparência e previsibilidade no julgamento dos processos

FERNANDO WELTER

VANESSA CANI

As diretivas antecipadas de vontade de pacientes

JOSÉ ROBERTO TRAUTWEIN

A Resolução nº 1.995/2012, do Con-

selho Federal de Medicina, disciplina as

diretivas antecipadas de vontade dos pa-

cientes, as quais são conceituadas como

“... os conjuntos de desejos, prévia e expres-

samente manifestados pelo paciente, sobre

cuidados e tratamento que quer, ou não, re-

ceber no momento em que estiver incapaci-

tado de expressar, livre e autonomamente,

sua vontade”.

Tais práticas serão consideradas pelo

médico, que deixará de aplica-las quando

estiverem em desacordo com o Código de

Ética Médica. Prevalecerão sobre qualquer

outro parecer não médico, inclusive sobre

o desejo de familiares e deverão ser regis-

tradas no prontuário médico.

Por ter aplicação limitada às pessoas

vinculadas ao Conselho Federal de Medi-

cina, o preenchimento dos requisitos de

constituição e validade são os previstos no

Código Civil para os negócios jurídicos.

Como bem acentua a Profª. JUSSARA

MARIA LEAL DE MEIRELLES, as diretivas

antecipadas são “... manifestações de vonta-

de direcionadas à consecução de um fim de

natureza extrapatrimonial, existencial, obje-

tivado pelo emitente, qual seja, o de escolher,

de modo livre e antecipado, quando ainda

tem condições de expressar autonomamen-

te a sua vontade, se pretende se submeter

(ou não) a este ou aquele cuidado ou trata-

mento médicos. Traduzem, por conseguinte,

expressão máxima da personalidade huma-

na, decorrente do reconhecimento de sua

liberdade individual e da autonomia sobre

o próprio corpo, aqui compreendida como

autodeterminação referente à própria saúde

física e mental do paciente”.

Trata-se, em síntese, da busca de im-

plementar a aplicação do princípio da dig-

nidade da pessoa humana, previsto no art.

1º, III, da Constituição Federal de 1988, que

indica a necessidade de se dar preferências

às questões envolvendo o indivíduo e não

apenas as patrimoniais.

A lei processual em vigor inovou ao determinar, em norma legal escrita, que as deci-sões finais sejam prolatadas atendendo-se, preferencialmente, à ordem cronológica de encaminhamento dos processos para julgamento.

Trata-se de regra com óbvio fundamento em justiça e equidade, afinal, quem mais tempo aguarda merece que seu caso seja julgado anteriormente àqueles mais recentes. É certo que o Judiciário já observava o critério cronológico, mas não raro se verificava casos mais complexos, ou com documentação mais volumosa, serem preteridos na fila de jul-gamento para darem lugar a outros com temas mais simples e corriqueiros.

Nesse sentido, a nova previsão legal seria inócua se não houvesse uma efetiva ferra-menta de consulta e controle posta à disposição dos jurisdicionados. No âmbito da justiça estadual, o TJPR vem disponibilizando em seu sistema processual (https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/) a listagem dos processos que esperam julgamento. Basta que a parte visite a página e se direcione ao serviço “processos aptos a julgamento”, onde, informando o Juí-zo e Magistrado responsável pelo processo, poderá consultar o lugar que seu caso ocupa na ordem de julgamento.

Com isso, há notável ganho em transparência e previsibilidade em relação ao tempo de julgamento dos processos.

O arrematante que adquire imóvel em hasta pública/leilão, torna-se responsável pelo pagamento das despesas condominiais, bem como dos impostos incidentes, que vencerem a partir da assinatura do auto de arrematação, ainda que não tenha sido aver-bada a carta de arrematação na matrícula imobiliária e/ou nem tomado posse do bem, porque é daquele ato que a arrematação se considerada perfeita, acabada e irretratável (CPC, art. 903).

O afirmado trata-se de entendimento pacificado pela jurisprudência: “(...) o arrema-tante torna-se proprietário da unidade condominial com a arrematação, devendo responder pelos encargos condominiais a partir de então, por se tratar de dívida de natureza propter rem” (TJPR - 9ª C.Cível - AI - 1065246-5 - Curitiba - Rel.: FRANCISCO LUIZ MACEDO JUNIOR - Unânime - J. 31/10/2013).

Já os débitos anteriores ao leilão, devem ser liquidados com a quantia arrecadada, salvo se no edital houver a informação quanto a existência de dívida e do ônus do arrema-tante pelo pagamento. Isso porque, embora a regra do art. 1.345 do Código Civil, a impo-sição da quitação pelo novo adquirente tem sido excepcionada em “atenção aos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança”, conforme jurisprudência do STJ (AgInt no AREsp 1100752/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe 15/12/2017).

Contudo, na hipótese de débitos anteriores à assinatura do auto de arrematação se-rem adimplidos pelo arrematante, remanescerá o seu direito de propor ação regressiva em face do antigo proprietário.

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MP 841 – #LutoPeloEsporteCÍCERO LUVIZOTTO

O Brasil transformou o dia no qual era comemorado o amor em uma data de triste lem-brança. Agora, o dia 12 de junho não será lembrado apenas como o “dia dos namorados”. Nessa triste data, o Governo Federal assinou o atestado de óbito do esporte amador brasileiro.

A publicação da Medida Provisória nº 841/2018 confirma como o Estado é incapaz de perceber que existem maneiras mais efetivas para a resolução dos problemas sociais do que o simples combate da criminalidade já instalada.

A malsinada MP foi apresentada com o escopo de alterar a divisão das receitas oriun-das das loterias, ao argumento de melhor estruturar o Fundo Nacional de Segurança Pú-blica, órgão que tem “por objetivo garantir recursos para apoiar projetos, atividades e ações nas áreas de segurança pública e de prevenção à violência”.

Ocorre, todavia, que essa reestruturação da divisão da verba auferida pelas loterias fere de morte o desporto amador brasileiro. O caso do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) é emblemático, pois da noite para o dia seu orçamento anual foi zerado.

Desconhecido do grande público, o CBC é atualmente o responsável pelo fomento do esporte amador nacional, apoiando clubes formadores, patrocinando atletas e competições.

O impacto da MP 841 é tão severo que a entidade se viu obrigada a cancelar 204 eventos das mais variadas modalidades, afetando diretamente mais de 90.000 atletas.

Lamentavelmente o Governo Federal, que ignora a importância do esporte na inclu-são social e para a formação do cidadão, novamente faz opção equivocada.

Agora resta esperar que o Congresso Nacional seja sensível e consiga perceber que formar o cidadão é muito melhor que prendê-lo.

Contratos eletrônicos e Contratos inteligentes (smart contracts)

LAÍS BERGSTEIN

A Terceira Turma do STJ reconheceu que um contrato firmado eletronicamente e com assinatura digital dispensa a assinatura das testemunhas para ter eficácia de título execu-tivo extrajudicial (Recurso Especial nº 1495920, julgado em 15/05/2018). O entendimento firmado a partir do voto do Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO considera a rele-vância e as peculiaridades dessa forma de contratação, assim como a impossibilidade de subscrição do documento por duas testemunhas. Trata-se de um inegável avanço em prol da celeridade e da efetividade do cumprimento dos negócios firmados por meio eletrônico.

Enquanto isso, desenvolvem-se na rede mundial de computadores os chamados con-tratos inteligentes, que prometem até mesmo dispensar a intervenção do Poder Judici-ário para o seu efetivo cumprimento. Com o uso da tecnologia blockchain, que registra as transações em um arquivo público, distribuído e protegido por criptografia, os smart contracts podem ser comparados com as máquinas automáticas de vendas. Inexiste in-teração entre os contratantes, toda a transação é concretizada pelo sistema eletrônico, deste a formação até a execução do contratado. Por exemplo, com o pagamento, a senha para acesso ao veículo ou ao imóvel locado é disponibilizada para o contratante e per-manece válida pelo período ajustado. Os riscos dessas plataformas (a Ethereum.org é a mais conhecida delas) residem nas dificuldades de interação entre mundo virtual e físico, especialmente nas contratações que envolverem registros públicos.

É inegável que o Direito precisa acompanhar os avanços da tecnologia. A demanda contemporânea por soluções mais baratas e, principalmente, mais céleres, exigem do ju-rista novos esforços interpretativos, sob pena de uma obsolescência prematura não ape-nas do sistema jurídico, mas também da sua profissão.

Mediação e Conciliação: soluções pacíficas para os conflitos

GIULIANE GABALDO

O novo Processo Civil tem como um de

seus objetivos o favorecimento do término

consensual da discussão entre as partes.

Para tanto, privilegiou os meios de solução

pacífica dos conflitos, estimulando as téc-

nicas da conciliação e da mediação.

Na mediação, o terceiro – neutro e

imparcial – facilita a conversa entre os en-

volvidos, colaborando para que estes cons-

truam o melhor desfecho para a situação

litigiosa. Já na conciliação, o terceiro – tam-

bém neutro imparcial – tem posição mais

ativa na composição, auxiliando na própria

estrutura da negociação.

Nas duas técnicas, o que se busca é a

solução definitiva de um problema exis-

tente, colocado à disposição de quaisquer

pessoas que pretendam resolvê-lo, de for-

ma rápida, participativa e negociada. Com

isso, ambas as partes saem vencedoras,

tendo em vista que decidem, em conjunto,

acerca das melhores condições para o tér-

mino do conflito.

E mais: as partes não precisam desem-

bolsar os valores normalmente gastos com

documentos (destinados à comprovação

do direito), com custas e despesas pro-

cessuais (para regular andamento do pro-

cesso, perícia etc.), nem sofrer o desgaste

com o prolongamento indeterminado da

demanda judicial.

No TJPR foram criados núcleos especí-

ficos de conciliação, que podem ser acio-

nados pelas partes a qualquer momento

e em qualquer fase do processo judicial.

Basta que tenham a intenção de pôr fim à

discussão.

Amparadas pela informalidade, simpli-

cidade, economia processual e oralidade, a

mediação e a conciliação possibilitam que

a solução do conflito possa sim ser alcança-

da, de maneira eficaz, pelas próprias partes

envolvidas no litígio.

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PATRÍCIA MARTINELLI

Condutor pode obter CNH definitiva mesmo com existência de infração administrativa

Crimes praticados pela internet: uma nova realidadeALEXANDRE KNOPFHOLZ

DIREITO CRIMINAL

As inovações tecnológicas exigem uma constante atualização do Direito Penal e do Processo Penal, sobretudo diante da anti-guidade dos respectivos Códigos (ambos datados da década de 1940). Com efeito, o surgimento da internet, por exemplo, reclamou a criação de tipos penais outro-ra inexistentes, bem como oportunizou novas formas de cometimento de delitos já previstos em lei. O aparato informático funciona como um escudo para o cometi-mento das mais diversas infrações penais, diante da dificuldade de se identificar a au-toria do ato criminoso e da complexidade do modus operandi nesses casos. Daí a ne-cessidade da criação de novas leis e da mis-são criativa da jurisprudência nesse novo cenário virtual.

No campo legislativo, é marcante o ad-vento da Lei n.º 12.737/2012, comumente chamada de Lei Carolina Dieckmann. Den-tre outras inovações, tal texto legislativo criou o tipo penal de Invasão de dispositi-vo informático (CP, art. 154-A), segundo o qual é crime “Invadir dispositivo informático

alheio (...) com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autoriza-ção expressa ou tácita do titular do disposi-tivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.” A pena é de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática das condutas acima narradas. Há, ainda, causas de aumento do apenamento previstas nos parágrafos do referido artigo.

Cita-se, ainda, a recente aprovação, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, do PL nº 6.832/17, que cria os Juizados Especiais Criminais Digitais, para processo e julgamento das infrações de menor potencial ofensivo co-metidas com o emprego da informática.

No que se refere às decisões dos Tribu-nais quanto aos crimes cibernéticos, o STJ tem as seguintes orientações, exemplifica-tivamente: a) pratica extorsão (CP, art. 158) o agente que se utiliza da internet para obter fotos e vídeos eróticos das vítimas

com posterior chantagem para obtenção de dinheiro e outros bens; b) pratica furto eletrônico quem subtrai valores de conta--corrente mediante transferência eletrô-nica fraudulenta (CP, art. 155, §4º, II); c) pratica crime contra a economia popular quem cria sites para vender mercadorias com intenção de nunca entrega-las (Lei nº 1.521/1951, art. 2º, IX); d) é possível a confi-guração do crime de ameaça (CP, art. 147), ainda quando cometida por aplicativos como o WhatsApp; e e) a prática de crimes contra a honra (CP, arts. 138 a 141) através de redes sociais acarreta um aumento de pena por ter ocorrido por meio que facilite a sua divulgação. No que se refere aos as-pectos procedimentais, vale referir a orien-tação segundo a qual é ilícita a prova ob-tida diretamente dos dados armazenados no celular do acusado. O entendimento do STJ é de que são inválidas mensagens de texto, SMS e conversas por meio de apli-cativos como o WhatsApp obtidas direta-mente pela polícia, sem prévia autorização judicial (RHC 89.981).

O Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS) terá de conce-der documento de habilitação definitivo a motorista que deixou de efetuar registro do veículo dentro do prazo legal.

O caso concreto envolvia motorista que possuía carteira provisória de habilitação e deixou de transferir a propriedade legal do veículo dentro do prazo de 30 (trinta) dias. Assim, por incorrer em infração administra-tiva, o Detran/RS impediu que ele recebesse o documento definitivo.

Ao julgar o Recurso Especial nº 1.708.767/RS, a Segunda Turma do STJ reafirmou o en-

tendimento do TJRS de que, apesar de ser considerada grave pelo art. 233, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a infração con-sistente em deixar de efetuar registro de ve-ículo no prazo de 30 dias junto ao órgão de trânsito não pode impedir que o condutor obtenha sua Carteira Nacional de Habilita-ção (CNH) definitiva, já que essa infração, de caráter administrativo, não se relaciona com a segurança do trânsito e não impõe riscos à coletividade.

O principal fundamento para a liberação do documento foi a interpretação dada ao art. 148, § 3º, do Código Brasileiro de Trânsi-

to em conjunto com precedentes da própria Corte, de que não seria razoável impedir o condutor de obter a habilitação definitiva em razão de falta administrativa, pois o “ob-jetivo da lei é que o cidadão esteja apto ao uso do veículo, habilitado à direção segura, que não ofereça risco à sua integridade, nem à de terceiro, e que não proceda de forma danosa à sociedade”.

Assim, é assegurada a habilitação de-finitiva ao condutor mesmo que ele tenha cometido infração grave e que por sua natu-reza administrativa, não interferiu na segu-rança do trânsito e da coletividade.

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Programas de pre-venção (complian-ce): cautela e com-promisso

GUSTAVO SCANDELARI

A criação de programas de preven-ção de ilícitos dentro de empresas – algo que, no Brasil, tornou-se mais conhecido pela expressão compliance – não é algo novo, embora recentemente tenha ga-nhado mais atenção nos cenários jurídico e econômico nacionais. Essa ampliação do debate (muitas vezes superficial) se deve às Leis nºs 9.613/1998 – lavagem de dinheiro (alterada pela Lei nº 12.683/2012); 12.483/2013 – anticorrupção; 13.303/2016 – estatais, que passaram a prever expres-samente a necessidade de implementação de mecanismos preventivos, inclusive com a possibilidade de amenização de sanções.

A partir de tais leis, uma série de atos normativos infralegais foram editados, es-pecificando e esclarecendo o funcionamen-to desses mecanismos para cada tipo de realidade empresarial: privadas, públicas, grandes ou pequenas, todas estão con-templadas. Trata-se de uma nova realidade que veio para ficar. Não há, ainda, todavia, nenhuma norma que trate claramente dos programas de prevenção para coibir direta-mente crimes; as leis são de natureza cível ou administrativa. Isso não tem impedido que os empresários procurem se antecipar, mediante a produção dos necessários códi-gos de conduta, declarações de princípios e capacitações de pessoal para que se tornem aptos a fiscalizar, controlar e sancionar o atendimento à legislação aplicável em seus ramos de atividade econômica.

Mas a prática tem recomendado caute-la: caso a intenção seja “adquirir” um des-ses programas apenas para que se possa afirmar perante o mercado ou as autorida-des que a empresa o tem, o melhor é não fazê-lo. Eventual fiscalização ou processo poderá identificar o aspecto meramente formal do programa e punir por conta dis-so. A prevenção idônea deve refletir uma preocupação genuína do empresário ex-clusivamente com a prevenção de ilícitos, ainda que isso possa representar investi-mento significativo ou alterações profun-das na conduta empresarial. O compro-misso é com a ética e com um ambiente de trabalho saudável acima de qualquer outra coisa: essa é a primeira resolução que deve ocorrer para que se possa planejar aderir aos programas de prevenção.

A prova de corroboração como exigência da colaboração premiada

GUILHERME ALONSO

Apontamentos sobre o crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/1990)

LUIS OTÁVIO SALES

O crime tributário, em geral, é praticado mediante condutas orientadas ao não reco-lhimento ou ao pagamento a menor de tributo devido. A Lei nº 8.137/1990 prevê diversas maneiras de se cometer tal delito, todas tendentes a ludibriar a administração pública em relação à tributação incidente. Em regra, há fraude (em sentido amplo) como omissão de informação, alteração de documento, inserção de dado falso etc. Portanto, como regra geral, há crime em função da adoção de algum ardil para induzir em erro a autoridade fiscal, não bastando a mera situação de inadimplência do contribuinte: a existência de débito fiscal não significaria, por si só, a prática de um delito. Ser devedor, como regra, não é crime.

Há quem sustente, com isso, que o crime em questão requer dolo específico do con-tribuinte, ou seja, a especial intenção de causar prejuízo ao Erário, pois fraude pressuporia o propósito de prejudicar. O STJ, porém, entende majoritariamente que isso não é neces-sário; basta, segundo a compreensão dominante, a “omissão voluntária do recolhimento do tributo devido no prazo legal” (STJ, AgRg no REsp 1640083/RN, Rel. Min. JOEL ILAN PA-CIORNIK, 5ª Turma, julgado em 12/06/2018). Apesar dessa interpretação extensiva quan-to ao alcance da infração penal, a sugerir a inclusão de condutas não necessariamente fraudulentas, há uma corrente no sentido de que se o contribuinte declara ou lança cor-retamente o tributo devido, mas não paga, tornando-se inadimplente, não há necessa-riamente crime (STJ, AgRg no AREsp 1138189/GO, Min. JORGE MUSSI, 5ª Turma, julgado em 12/12/2017). Este julgado tratou especificamente de uma das formas de sonegação previstas em lei (art. 2º, II, da Lei nº 8.137/1990); porém, pode-se sustentar o mesmo racio-cínio em relação às outras hipóteses de supressão.

A colaboração premiada é um meio de obtenção de prova que tem por método a utilização das palavras de um investigado/acusado em detrimento de uma organização criminosa de que tenha feito parte. Seu objetivo, portanto, é ouvir a versão dos fatos de alguém que esteve ou está envolvido em atividades criminosas para, mediante a conces-são de benefícios, aumentar o âmbito e a eficácia da persecução criminal.

Embora disciplinado por lei e reiteradamente utilizado nos últimos anos (sobretudo em grandes operações policiais e do Ministério Público), muitas dúvidas pairam sobre o institu-to. A principal delas, que tem impacto direto na liberdade dos indivíduos que são citados ou delatados, guarda relação com o seu valor probatório, questionando-se o que é necessário para que se considere verdadeira a versão dos fatos apresentada por um colaborador.

A Lei nº 12.850/2013 fornece um parâmetro, em seu art. 4º, §16, que estabelece que “nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador”. Não obstante, tal previsão não é suficiente para a completa compreen-são do instituto. Afinal, outras decisões além da sentença de mérito poderiam ser proferidas a partir de uma colaboração premiada, com igual ou maior gravidade, sem previsão legal correspondente (como a decretação de uma prisão preventiva, por exemplo).

Sem um complemento legislativo, caberá à jurisprudência resolver a questão. Recente-mente, nesse sentido, o STF (nos autos do Inquérito nº 3994, de relatoria do Ministro EDSON FACHIN) ampliou o conteúdo do referido §16, estabelecendo que, também para o recebi-mento de denúncia, são necessárias “outras provas minimamente consistentes de corrobora-ção”, de forma equiparada à que se exige para a sentença. Segundo a decisão, as palavras do colaborador padecem de “presunção relativa de falta de fidedignidade”, funcionando isolada-mente apenas para “autorizar a deflagração da investigação preliminar”.

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Alterações do Código Penal quanto ao crime de roubo

BRUNO CORREIA

O crime de roubo (art. 157 do Código Penal) prevê pena de prisão, de 4 a 10 anos, para quem subtrair coisa alheia mediante violência ou grave ameaça, ou depois de impossibili-tar, por qualquer meio, a resistência da vítima. Algumas situações ainda podem aumentar a pena, como a participação de duas ou mais pessoas, o emprego de arma de fogo e a privação de liberdade da vítima.

Diante da crescente ocorrência de assaltos a agências bancárias em todo o Brasil, foi editada e aprovada a Lei nº 13.654, de 23 de abril de 2018. A partir da sua vigência, a pena do roubo foi acrescida de 1/3 se o produto subtraído for substância explosiva e, de 2/3, se o crime for praticado por meio de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum. A citada lei, embora voltada ao combate da criminalidade, também eliminou o aumento da pena quando no roubo for empregada arma que não seja de fogo – as denominadas armas brancas, p. ex. (faca, punhal, espada, etc.), deixaram de configurar causa de aumento.

Considerando a recorrente deficiência técnica no âmbito legislativo penal, é questio-nável se o legislador realmente desejou equiparar o roubo praticado com arma branca ao roubo simples, mas a norma, mesmo que venha a ser revogada, poderá ser aplicada a todos os casos anteriores e na vigência da Lei (inclusive os transitados em julgado), por ter conteúdo penal benéfico, como decidiu o STJ: “A Lei 13.654/18 extirpou o emprego de arma branca como circunstância majorante do delito de roubo. Em havendo a superveniên-cia de novatio legis in mellius, ou seja, sendo a nova lei mais benéfica, de rigor que retroaja para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da CF/88)” – (ARESP 1249427, rel. Min. MARIA THEREZA ASSIS MOURA, DJ 29/06/2018).

STF: Delegados de Polícia podem firmar acordos de colaboração premiada

FERNANDA LOVATO

Em 20 de junho deste ano, o Plenário do STF encerrou o julgamento da Ação Dire-ta de Inconstitucionalidade nº 5508, que tratava da constitucionalidade da realização de acordos de colaboração premiada por delegados de polícia na fase do inquérito policial. Por maioria de votos, entendeu-se pela possibilidade de formulação de proposta de co-laboração pela autoridade policial como meio de obtenção de prova, já que esta não interfere na atribuição constitucional do Ministério Público de ser o titular da ação penal e de decidir sobre o oferecimento da denúncia.

A Procuradoria-Geral da República questionava dispositivos da Lei nº 12.850/2013 – que define organizações criminosas e trata da colaboração premiada –, especificamente quanto a legitimidade dos delegados de conduzir acordos de colaboração. Os ministros se posicionaram majoritariamente pela improcedência da ação, possibilitando a condu-ção de acordos pela polícia, destacando-se a necessidade da opinião do Ministério Públi-co em tais colaborações, bem como da homologação do acordo – momento de avaliação da proposta e controle das cláusulas estipuladas –, de competência exclusiva do juiz.

Segundo o Ministro MARCO AURÉLIO, relator do caso, a colaboração premiada é, em síntese, “simples depoimento, prestado à autoridade, que será considerado, inclusive sob o ângulo das consequências, na hora devida, pelo órgão julgador, para fins de reconhecimento de benefícios, descritos na Lei”, sendo que a “atuação conjunta, a cooperação entre órgãos de investigação e de persecução penal, é de relevância maior” e retirar a possibilidade de formulação de acordos pelos delegados seria “na verdade, enfraquecer o sistema de perse-cução criminal”.

Renúncia tácita ao direito de queixa

EDUARDO KNESEBECK

Recentemente ganhou repercussão

decisão do STJ (o número do processo não

foi divulgado em virtude de segredo de

Justiça) em que se reconheceu que o fato

de não ajuizar queixa-crime em face de to-

dos os autores do suposto crime contra a

honra importa em renúncia tácita ao direi-

to de queixa contra todos.

A decisão, contudo, não é inovação ju-

risprudencial. Ao exato contrário, reverbe-

ra a literalidade da Lei. O art. 48 do Código

de Processo Penal é claro ao estatuir que “a

queixa contra qualquer dos autores do crime

obrigará ao processo de todos” (trata-se de

disposição expressa do princípio da indivi-

sibilidade da ação penal).

Ainda, o art. 49 do mesmo Código pre-

vê que “a renúncia ao exercício do direito

de queixa, em relação a um dos autores

do crime, a todos se estenderá”. É o que a

Doutrina Jurídica convencionou chamar

de “renúncia tácita” ou “renúncia implícita”

ao direito de queixa.

Assim, o que se pode concluir é que

quando mais de uma pessoa comete crime

cuja ação penal é de iniciativa privada (os

exemplos mais comuns são os crimes con-

tra a honra: calúnia, difamação e injúria), e

o ofendido decidir por aforar a correspon-

dente queixa-crime, não pode fazê-lo sem

que inclua todos os autores no polo passi-

vo, como querelados.

O raciocínio é simples: ao decidir in-

tentar a queixa apenas em relação a um

de dois ofensores, por exemplo, o ofendi-

do adota comportamento evidentemente

contrário à vontade de acionar o outro. Ou

seja, renuncia tacitamente ao seu direito

de queixa em relação a este. Pela análise

do art. 49, já transcrito, a medida não pode

ser outra que não a extensão da renúncia

(mesmo que tácita) ao autor que foi efe-

tivamente processado, extinguindo-lhe a

punibilidade.

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15

A nova lei da segurança jurídica no direito público

FRANCISCO ZARDO

DIREITO ADMINISTRATIVO

Em 25 de abril de 2018, foi publicada a Lei nº 13.655, que inclui na Lei de In-trodução às Normas do Direito Brasileiro (Dec-Lei nº 4.657/1942) disposições sobre segurança jurídica e eficiência no direito público. São 10 (dez) artigos, do 20 ao 30.

Os arts. 20, 21 e 22 estabelecem que as decisões da Administração Pública, do Poder Judiciário e dos Tribunais de Contas devem levar em consideração suas consequências práticas, jurídicas e administrativas, não se baseando apenas em valores jurídicos abs-tratos, desconectados do mundo real.

Os arts. 23 e 24 dispõem que o exame da validade de atos e contratos adminis-trativos devem levar em consideração a interpretação legal vigente na época em que foram produzidos. A mudança de in-terpretação deve valer para o futuro, não podendo atingir situações constituídas. Sempre que possível, deve ser estabeleci-do um regime de transição.

Os arts. 26 e 27 preveem a possibilidade de celebração de termos de ajustamento de

conduta e de acordos substitutivos de san-ções, a fim de que a Administração Pública possa corrigir ilicitudes de forma consensu-al, mediante compensações do interessado.

O art. 28 dispõe que o agente público somente responderá por suas decisões e opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro, evitando que o servidor possa ser punido por mera divergência de interpreta-ção, o chamado crime de hermenêutica.

Por fim, o art. 29 preceitua que a cria-ção de normas administrativas pode ser precedida de consulta pública, a fim de que os cidadãos possam opinar. E o art. 30 prevê que as autoridades administrati-vas devem editar súmulas administrativas e que os precedentes administrativos são vinculantes, até ulterior revisão.

Se bem aplicada, esta é uma lei que pode respaldar a atuação de administra-dores públicos honestos, propiciando se-gurança, eficiência e um estímulo para que particulares bem intencionados se relacio-nem com o Estado.

Conselho Monetário Nacional reduz a meta de inflação para 2021

ANDRÉ MEERHOLZ

Em sessão do Conselho Monetário Na-cional realizada em 26 de junho de 2018 deliberou-se sobre a meta de inflação do país para 2021. O novo patamar está forma-lizado na Resolução 4.671/2018 do Banco Central do Brasil: “Art. 1º É fixada, para o ano de 2021, a meta para a inflação de 3,75 % (três inteiros e setenta e cinco centésimos por cento), com intervalo de tolerância de menos 1,50 p.p. (um e meio ponto percentual) e de mais 1,50 p.p. (um e meio ponto percentual)”.

A nova meta significa uma redução de 0,25% em comparação à fixada em 4,00% para 2020 e uma queda de 0,5% na com-

paração com a meta de 4,25% prevista para 2019, ambas fixadas na Resolução 4.589/2017. Por sua vez, o intervalo de to-lerância de 1,5% para o piso e o teto em relação ao centro da meta permaneceu inalterado.

A adoção do regime de metas foi ini-ciada em 1999, em um cenário de forte turbulência econômica no país. Por meio dela buscou-se atribuir maior estabilidade e previsibilidade aos agentes nas tomadas de decisões. Do mesmo modo, assegurar o comprometimento das autoridades eco-nômicas com a estabilidade de preços na

economia. O cumprimento da meta deve ser perseguido pelo Banco Central, que se vale de instrumentos macroeconômicos para este fim, notadamente pela gestão da taxa SELIC.

A providência adotada neste momento pelo Conselho Monetário Nacional conver-ge a um objetivo de estabilização gradual do índice oficial de inflação em percentuais cada vez mais baixos. Sobretudo em um cenário de forte queda inflacionária, o que oferece uma janela de oportunidade para redução da meta com relativo grau de se-gurança em seu cumprimento.

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Concessionárias devem divulgar tabela com evolução dos preços praticados

FERNANDA MACHADO

FERNANDA COELHO

No dia 6 de junho de 2018, foi publi-cada a Lei nº 13.673, tornando-se obriga-tória a divulgação de tabela com o valor das tarifas praticadas e a evolução das revisões ou reajustes realizados nos últi-mos cinco anos para as concessionárias e permissionárias prestadoras de serviço público. Referida tabela deverá constar no sítio eletrônico da concessionária e/ou permissionária, de forma clara e com fácil visualização de acesso.

Além da inclusão do parágrafo quin-to na Lei nº 8.987/1995, que versa sobre a concessão e permissão de serviços públi-cos, a obrigação de divulgar a tabela com os dados relativos às tarifas e evolução dos pre-ços praticados, no período de cinco anos, foi expressamen-te incorporada nas Leis nº 9.427/1996 e nº 9.472/1997 que tratam, respectivamen-te, dos serviços de energia elétrica e telecomunicação.

O fornecimento de dados sobre a composição de preço praticado e sua modificação ao longo do tempo pela em-presa concessionária concretiza o acesso à informação e assegura o princípio da transparência, na medida em que o usu-ário poderá acompanhar a evolução de preços e verificar a compatibilidade do que é cobrado pela concessionária com os serviços por ela prestados. Desta for-ma, será possível exercer um controle maior sobre as revisões e reajustes realiza-dos, garantindo-se uma participação mais efetiva do usuário.

Riscos na aquisição de quotas de sociedade limitada que participa de licitações

Além da atenção aos aspectos jurí-dicos inerentes à aquisição de quotas de sociedade limitada no âmbito privado, as pessoas jurídicas que pretendem realizar esta compra de sociedade que participa de licitações devem adotar cuidados ex-tras, principalmente no que toca à possi-bilidade de responsabilização por sanções administrativas aplicadas àquela empresa.

Em que pese o nosso ordenamento jurídico consagrar o princípio da instrans-cendência ou da pessoalidade da pena (art. 5o, XLV, da CF), garantia fundamental que impede que alguém possa ser punido por ilícitos praticados por outra pessoa, a depender do caso concreto, pode ser afastada a aplicação do referido princípio, estendendo-se a penalidade imposta à sociedade que adquiriu as quotas, sob o fundamento de fraude, especialmente a burla à aplicação da penalidade.

As penalidades previstas na Lei nº 8.666/1993, que traz as normas gerais de licitações, consistem em: advertência; multa; suspensão temporária de parti-cipação em licitação e impedimento de contratar com a Administração; e de-claração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública. Além disso, a todo momento são editadas novas normas, com diferentes situações e prazos de duração das penalidades. A in-terpretação das leis é realizada de modo difuso pelos pregoeiros e há divergência de entendimentos no Poder Judiciário e no Tribunal de Contas quanto ao alcance das sanções.

É certo que a extensão da penalidade exige o devido processo legal, com as ga-rantias do contraditório e da ampla defesa, contudo, é fundamental a análise prévia dos riscos financeiros e jurídicos envolvidos.

ANA CRISTINA VIANA

Assédio sexual em transporte público gera responsabilidade do Estado

Notícia veiculada no final de 2017 pela Globo.com trouxe levantamento obtido via Lei de Acesso de Informação no qual aponta que as estações de metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolita-nos registraram nada menos que 156 casos de assédio sexual contra mulheres entre janeiro e setembro daquele ano. Um nú-mero que resulta na média de um caso a cada dois dias na cidade de São Paulo. Isso mostra que, embora o abuso sexual seja considerado um crime, ele não inibe a prá-tica reiterada de assédio contra mulheres, o que pode ser considerado um reflexo da sociedade patriarcal brasileira.

Essa foi a conclusão da Ministra NANCY ANDRIGHY em processo que discutiu, no STJ, a responsabilidade do Estado no caso de assédios sexuais em transportes públicos (Recurso Especial nº 1662551). Segundo ela, “em uma sociedade nitidamente patriarcal como a brasileira, a transição da mulher da esfera privada – isto é, doméstica – para a es-fera pública – espaço de atuação do homem – revela e dá visibilidade à histórica desigual-dade de gênero existente nas relações sociais”.

No voto, a Ministra pontuou que “mais que um simples cenário ou ocasião, o trans-porte público tem concorrido para a causa dos eventos de assédio sexual. Em tal con-texto, a ocorrência desses fatos acaba sendo arrastada para o bojo da prestação do servi-ço de transporte público, tornando-se assim mais um risco da atividade, à qual todos os passageiros, mas especialmente as mulhe-res, tornam-se sujeitos”, disse ela.

Assim, a responsabilidade do trans-portador seria afastada apenas quando a conduta não tivesse relação com a orga-nização do serviço, o que não foi o caso. E com essas considerações, o STJ reformou as decisões das duas primeiras instâncias e deu provimento ao recurso interposto pela vítima, condenando a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CTPM) a pagar R$ 20.000,00 de danos morais. Trata-se, com efeito, de decisão que representa um grande passo na luta das mulheres contra a desigualdade de gênero.

Page 17: Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti · Ano 13 . nº 41 . Julho / Agosto / Setembro 2018 Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti Áreas de Atuação:

Conforme previsto no art. 139, IV, do

Novo Código de Processo Civil, é permitido

ao juiz “determinar todas as medidas induti-

vas, coercitivas, mandamentais ou sub-roga-

tórias necessárias para assegurar o cumpri-

mento de ordem judicial, inclusive nas ações

que tenham por objeto prestação pecuniária”.

Assim, os tribunais vêm adotando me-

didas no sentido de suspender o passa-

porte e a carteira nacional de habilitação

(CNH) do devedor, como meio coercitivo

para o pagamento dos credores.

Contudo, em julgamento recente do

Recurso em Habeas Corpus 97.876/SP, de

relatoria do Ministro LUIS FELIPE SALO-

MÃO, a 4ª Turma do STJ, por decisão unâ-

nime, proibiu a apreensão do passaporte,

visto que não apresentados motivos que a

justificassem, mantendo, porém, a reten-

ção da CNH.

Para o Colegiado, no caso concreto, a

tomada do passaporte determinada pelo

Tribunal local violaria de forma despropor-

cional e não razoável a liberdade de loco-

moção do devedor, direito

fundamental garantido na

Constituição Federal. Toda-

via, ressaltou que a utilização

de tal medida poderá ser

aplicada, desde que funda-

mentadamente, em outras

situações nas quais os de-

mais meios de cobrança se

mostrem infrutíferos.

Quanto ao bloqueio da CNH, a Turma

entendeu não ofender o direito de ir e

vir, visto que “ao contrário do passaporte,

ninguém pode se considerar privado de ir a

qualquer lugar por não ser habilitado à con-

dução de veículo ou mesmo por o ser, mas

não poder se utilizar dessa habilidade”.

17

ESPAÇO LIVRE DOS ESTAGIÁRIOS

É possível a apreensão do passaporte e da CNH do devedor?SEBASTIÃO JÚNIOR | Acadêmico do 5º ano do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)

Garantia prestada em transação para quitação de débitos de contrato de locação é nula sem autorização do cônjuge do fiador

GIULIANO STHEFANO DOHMS PRETI | Acadêmico do 4º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

A Terceira Turma do STJ, ao julgar o

Recurso Especial nº 1.711.800/RS, decla-

rou nula a fiança prestada em transação,

feita sem autorização do cônjuge do fia-

dor. Isso porque o ajuste de novas obri-

gações entre as partes, fixando novos

prazos e forma para pagamento, torna-se

equivalente a um novo contrato, sendo

obrigatória a outorga uxória.

O Relator do recurso, Ministro VILLAS

BÔAS CUEVA, reformou o acórdão profe-

rido pelo TJRS que havia considerado que

o termo de transação não configuraria

um novo contrato, portanto desnecessá-

ria a outorga uxória, fundado na jurispru-

dência do STJ acerca da responsabilidade

do fiador na prorrogação do contrato

e no art. 39 da Lei nº 8.245/1991 (Lei do

Inquilinato). Entretanto, o Ministro Rela-

tor ressaltou que todo negócio jurídico

prestado por pessoas casadas, exceto

em caso de separação absoluta de bens,

deve conter a anuência de ambos os côn-

juges, como disposto no art. 1.647, inciso

III, do Código Civil.

O acordão destacou a incidência

da Súmula 332 do STJ, que estabelece

que a fiança prestada sem autorização

de um dos cônjuges implica a ineficá-

cia total da garantia, concluindo que

“seja qual for a natureza jurídica do ins-

trumento celebrado, é imprescindível a

participação dos consortes, motivo pelo

qual a ausência de um deles provoca a

ineficácia da garantia prestada”. Com

esse entendimento, a Terceira Turma

do STJ declarou a nulidade da garantia

fidejussória prestada e extinguiu a Exe-

cução contra os fiadores.

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18

Momento da incidência dos juros de mora em condenações contra a Fazenda Pública

Todas as condenações contra a Fa-

zenda Pública possuem um trâmite de

execução diferente das condenações

privadas. Isso ocorre pois os entes públi-

cos precisam de um prazo maior para ga-

rantir o controle orçamentário, não lhes

sendo permitido exceder as despesas

previstas em lei.

A Constituição Federal em seu art.

100, caput, e §3º, prevê o pagamento

dessas condenações através de precató-

rios e requisições de pequeno valor (os

chamados RPV).

O RPV e o precatório serão emitidos

após o trânsito em julgado da sentença

condenatória. Todos os meses são orga-

nizados no Tribunal as relações de requi-

sições de pequeno valor e de precatórios,

em ordem cronológica, e os mesmos são

emitidos ao órgão responsável, o RPV de-

verá ser pago no prazo de 60 dias a con-

tar da data de entrada da requisição no

respectivo Tribunal.

Surgiram muitas dúvidas a respeito

desse trâmite e foi decidido no STF, no

Recurso Extraordinário nº 579.431, em

sede de repercussão geral, a questão da

incidência dos juros de mora no período

compreendido entre a data do cálculo de

liquidação e a data da expedição da re-

quisição de pequeno valor ou precatório.

Na origem, as decisões mostraram-

-se favoráveis ao credor, mas impugna-

das pelo Estado, que não queria pagar

esses juros, estimulado, provavelmente,

pelo precedente que previu a liberação

apenas a partir da requisição até o tér-

mino do exercício orçamentário seguin-

te. Da discussão travada na Suprema

Corte firmou-se, por maioria, a seguinte

tese: “Incidem os juros da mora no perío-

do compreendido entre a data da realiza-

ção dos cálculos e a da requisição ou do

precatório.”.

O princípio da insignificância e a apreensão de munição sem arma

No âmbito criminal, o princípio da

insignificância pode ser reconhecido

para que determinada conduta, embora

aparentemente típica, não seja punida,

por não caracterizar violação relevante/

expressiva ao bem jurídico tutelado. De

acordo com o entendimento do STF, são

quatro os requisitos para a aplicação des-

se princípio: mínima ofensividade da con-

duta do agente, nenhuma periculosidade

social da ação, reduzido grau de reprova-

bilidade do comportamento e a inexpres-

sividade da lesão jurídica provocada.

Recentemente, o STJ considerou

como insignificante penal a apreensão

de munições sem armamento capaz de

deflagrá-las (desde que não haja prova

de que o réu integre organização crimi-

nosa) e porque a conduta, no caso ana-

lisado, não poderia realisticamente lesar

ou mesmo ameaçar o bem jurídico: “(...)

ainda que formalmente típica, a apreen-

são de 8 munições na gaveta do quarto

da recorrente não é capaz de lesionar ou

mesmo ameaçar o bem jurídico tutelado,

mormente porque ausente qualquer tipo

de armamento capaz de deflagrar os pro-

jéteis encontrados em seu poder” (Recurso

Especial nº 1.735.871/AM, Rel. Min. NÉFI

CORDEIRO, DJe 22/06/2018).

Um dos fundamentos para aplicação

do princípio é a utilização do direito pe-

nal como ultima ratio, de modo que seja

aplicado apenas em último caso – quan-

do outras sanções, nas esferas adminis-

trativa e civil, não forem suficientes – e

não como instrumento para punição de

condutas que tiveram pouca ou nenhu-

ma repercussão.

VICTORIA DE BARROS E SILVA | Acadêmica do 5º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

MARINA GUTTIERREZ | Acadêmica do 3º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

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O preso e o custeio dos gastos da manutenção no cárcere

RODRIGO RIBEIRO | Acadêmico do 4º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

FRANCIELE STRAUB | Acadêmica do 5º ano da Faculdade de Ensino Superior do Paraná – FESP/PR

No dia 06/06/2018, a redação final do

PLS nº 580/2015 foi aprovada pelo CCJ do

Senado Federal, por 16 votos a favor e 5

contrários, promovendo alterações nos

arts. 12 e 39, ambos da Lei de Execução

Penal (LEP), a fim de estabelecer em suma

que, o preso que reunir condições econô-

micas, será obrigado a ressarcir o Estado

das despesas com a sua manutenção no

estabelecimento prisional.

Em verdade, a inovação legislativa

reside somente na possibilidade do cus-

todiado arcar com os custos mediante

recursos próprios (§ 1º a ser acrescido no

art. 12, LEP) e, em caso de não pagamen-

to, o saldo será convertido em dívida ati-

va da Fazenda Pública,

ou seja, uma indeniza-

ção de natureza cível

(§ 3º a ser acrescido no

art. 12, LEP).

Por outro lado, a

nova redação do pro-

jeto não traz alterações

às já existentes previ-

sões na LEP, em seus

arts. 28, 29 e 39, V, as

quais dizem respeito

ao custeio dos gastos

no presídio, pelo preso, com o produto da

remuneração adquirida no trabalho du-

rante o encarceramento.

Mesmo assim, talvez pelo fetiche na

elaboração de leis, ou quem sabe pela

falha memória do legislador (como nas

palavras do escritor e influente drama-

turgo Nelson Rodrigues, apresentadas na

crônica A memória é uma vigarista: “Não

há nada mais relapso do que a memória”),

também foi incluído o § 2º do art. 12, LEP,

fazendo menção à dita remuneração e a

possibilidade do pagamento pelo traba-

lho do preso.

Entretanto, referido parágrafo pode-

ria ser dispensado, visto que conforme

já mencionado anteriormente, não foi

contemplada nenhuma alteração neste

ponto apta a justificar a reiteração de um

dispositivo já positivado no ordenamen-

to jurídico (art. 29, LEP).

O direito ao esquecimento vs. liberdade de expressão

O STJ negou provimento ao Recurso

Especial n° 1.660.168/RJ, interposto pelos

provedores do Google, Yahoo e Bing, e

manteve, em caso excepcional, a determi-

nação da desvinculação do nome da pes-

soa noticiada aos resultados de pesquisas

nos bancos de dados.

Assegurou-se assim, o direito ao es-

quecimento no caso concreto, com a

prevalência da valorização dos princípios

constitucionais da intimidade e da vida

privada sobre o interesse coletivo à infor-

mação. Isso, porque no caso concreto, na

ausência da cautela dos provedores, com

sua base abundante de dados, passados

dez anos, a manutenção do nome vincu-

lado ao fato desabonador ainda era anun-

ciada como primeiro item dos resultados

das pesquisas.

Ao encontro dos avanços positivos no

alcance à informação e comunicação pro-

pagado pela internet, destaca-se a impor-

tante capacidade do seu armazenamento

de dados pelos provedores de pesquisas.

Os seus efeitos desabonadores acabam

sendo auferidos por pessoas vinculadas a

estas notícias não verídicas em tempo real,

percebidos independente do lapso tempo-

ral e o fato ocorrido.

O Conselho de Justiça Federal, no pri-

meiro semestre de 2018, editou, durante

a VIII Jornada de Direito Civil, o enunciado

de nº 613, fortalecendo a proteção da pes-

soa humana ao estabelecer que “a liber-

dade de expressão não goza de posição

preferencial em relação aos direitos da

personalidade no ordenamento jurídico

brasileiro”. Instruindo igualmente a deci-

são proferida pelo STJ, e concluindo que,

onde pousar normativas de princípios

destinados à tutela da pessoa humana,

jamais se sobreporá as licenças e liberda-

des concedidas à exteriorização do pen-

samento ofensivo.

Page 20: Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti · Ano 13 . nº 41 . Julho / Agosto / Setembro 2018 Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti Áreas de Atuação:

20

Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. Artigo 3° Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica. Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. Artigo 11° 1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido. Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei. Artigo 13° 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. Artigo 14° 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. 2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Artigo 15° 1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo 16° 1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. 3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado. Artigo 17° 1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade. 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão. Artigo 20° 1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo 21° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. 3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. Artigo 23° 1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego. 2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social. 4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas. Artigo 25° 1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bemestar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social. Artigo 26° 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. 2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos. Artigo 27° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. 2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração. Artigo 29° 1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Artigo 30° Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

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Julho / Agosto / Setembro 2018Ano 13 | Número 41

Tiragem: 2.000 exemplares Foto da capa: Thais Guimarães

Impressão e acabamento: Optagraf

Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti

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Jornalista Responsável: Taís Mainardes DRT-PR 6380

Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita.

De acordo com o art. 5º, alínea “b”, do Provimento nº 94/2000 da OAB – Conselho Federal.

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