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BOLIM-BOLACHA Henrique Diana - 2008 Personagens: 1- MÚSICO/INTÉRPRETE 2- ALBERT -(Menino de 8 a 10 anos) 3- PLOC-(Menino de 8 a 10 anos) 4- PATOTA-(Menina de 8 a 10 anos) 5- ÉRIKA-(Menina de 8 a 10 anos) 6- BRINCANTE / PALHAÇO CENA I (ENTRAM ATORES DE CLAWN, BARULHANDO UM TRENZINHO PELA BOCA, SEGUINDO O BRINCANTE RITMANDO (PIUÍ-PIUÍ/RASPA-RASPA). NO ÚLTIMO VAGÃO ÉRIKA SUGERE A ENTRADA DE UM NOVO PASSAGEIRO (MENINO DA PLATÉIA). SEGUE BRINCADEIRA DO TRENZINHO DA ALEGRIA. AO FINAL TODOS SAEM E FICA BRINCANTE COM SUA MALA. PLOC TRAZ 1 TAMBORETE. BRINCANTE ABRE MALA) BRINCANTE: Ai, ai, ai... Estou tão atrasado, tão atrasado! E este trem que demorou tanto, mas tanto, que o show já está para começar! (SACODE E VESTE O PALETÓ DE PALHAÇO. PEGA O PANTONE). Estou com tanta pressa, mas tanta pressa, que fico tremendo e não consigo nem maquiar-me! Estou em pânico! Tem algum maquiador profissional por aí? (CRIANÇA DA PLATÉIA SE MANIFESTA E VEM PRA CENA. MÚSICO CANTA AQUARELADE TOQUINHO. AO FINAL DA MAQUIAGEM CRIANÇA VOLTA PRO LUGAR E COMEÇA POESIA AO SOLO DO VIOLÃO. ATORES COM BOLHAS DE SABÃO AO FUNDO FAZENDO O CORO) A CRIANÇA E O PALHAÇO A magia, a pureza, o riso, Expressão, emoção e movimento... Cara pintada de sorriso, E o mundo feito graça a todo momento. Hoje tem marmelada? Tem sim, Sinhô! Hoje tem Goiabada? Tem sim, Sinhô! E o palhaço, o que é? É o ladrão de mulher. A magia, a pureza, o riso, Magia d’alma, de pele, de pensamento. Faz-me cócegas no coração, Pois eu mostro em sorriso E dispenso o lamento. Ei seu menino! Para de chorar, é hora de brincar. Ei seu moleque, desce já do chafariz! Para de tirar meleca do nariz. A criança com suas perninhas curtas Ultrapassa barreiras, destrói distâncias. Seus pequeninos braços abraçam o mundo e os amores, / Encobrem seus brinquedos e enlaçam as cores. Hoje tem marmelada?... Doces criaturas festivas, Que banham de paz esta terra E mandam a tristeza embora. E nos obrigam a abrirmos nossos braços, A atarmos nossos laços, E redobrarmos nossos “vivas”. Viva! Ei seu menino!... O palhaço, que engraçado, Nem sente o tempo passar. É um eterno embaraçado Que a gente nunca nem viu chorar! A criança brinca, ri e rola, Faz travessuras e se enrola Do raiar do dia ao romper da aurora Ela pula e “quica” feito bola. Hoje tem marmelada?... Hoje tem criançada sim, Sinhô! O futuro, a esperança, a ida, Palhaço tão lindo, sem tinta e nem gravata No circo da vida. Ei seu menino!... E o palhaço, criança crescida, Contando muitas histórias no circo da vida.

BOLIM-BOLACHA

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BOLIM-BOLACHA

Henrique Diana - 2008

Personagens:

1- MÚSICO/INTÉRPRETE

2- ALBERT -(Menino de 8 a 10 anos)

3- PLOC-(Menino de 8 a 10 anos)

4- PATOTA-(Menina de 8 a 10 anos)

5- ÉRIKA-(Menina de 8 a 10 anos)

6- BRINCANTE / PALHAÇO

CENA I

(ENTRAM ATORES DE CLAWN, BARULHANDO UM TRENZINHO PELA

BOCA, SEGUINDO O BRINCANTE RITMANDO (PIUÍ-PIUÍ/RASPA-RASPA). NO

ÚLTIMO VAGÃO ÉRIKA SUGERE A ENTRADA DE UM NOVO PASSAGEIRO

(MENINO DA PLATÉIA). SEGUE BRINCADEIRA DO TRENZINHO DA

ALEGRIA. AO FINAL TODOS SAEM E FICA BRINCANTE COM SUA MALA.

PLOC TRAZ 1 TAMBORETE. BRINCANTE ABRE MALA)

BRINCANTE: Ai, ai, ai... Estou tão atrasado, tão atrasado! E este trem que demorou

tanto, mas tanto, que o show já está para começar! (SACODE E VESTE O PALETÓ

DE PALHAÇO. PEGA O PANTONE). Estou com tanta pressa, mas tanta pressa, que

fico tremendo e não consigo nem maquiar-me! Estou em pânico! Tem algum maquiador

profissional por aí? (CRIANÇA DA PLATÉIA SE MANIFESTA E VEM PRA CENA.

MÚSICO CANTA “AQUARELA” DE TOQUINHO. AO FINAL DA MAQUIAGEM

CRIANÇA VOLTA PRO LUGAR E COMEÇA POESIA AO SOLO DO VIOLÃO.

ATORES COM BOLHAS DE SABÃO AO FUNDO FAZENDO O CORO)

A CRIANÇA E O PALHAÇO

A magia, a pureza, o riso,

Expressão, emoção e movimento...

Cara pintada de sorriso,

E o mundo feito graça a todo momento.

Hoje tem marmelada?

Tem sim, Sinhô!

Hoje tem Goiabada?

Tem sim, Sinhô!

E o palhaço, o que é?

É o ladrão de mulher.

A magia, a pureza, o riso,

Magia d’alma, de pele, de pensamento.

Faz-me cócegas no coração,

Pois eu mostro em sorriso

E dispenso o lamento.

Ei seu menino!

Para de chorar, é hora de brincar.

Ei seu moleque, desce já do chafariz!

Para de tirar meleca do nariz.

A criança com suas perninhas curtas

Ultrapassa barreiras, destrói distâncias.

Seus pequeninos braços abraçam o mundo e os

amores, / Encobrem seus brinquedos e enlaçam as

cores.

Hoje tem marmelada?...

Doces criaturas festivas,

Que banham de paz esta terra

E mandam a tristeza embora.

E nos obrigam a abrirmos nossos braços,

A atarmos nossos laços,

E redobrarmos nossos “vivas”. Viva!

Ei seu menino!...

O palhaço, que engraçado,

Nem sente o tempo passar.

É um eterno embaraçado

Que a gente nunca nem viu chorar!

A criança brinca, ri e rola,

Faz travessuras e se enrola

Do raiar do dia ao romper da aurora

Ela pula e “quica” feito bola.

Hoje tem marmelada?...

Hoje tem criançada sim, Sinhô!

O futuro, a esperança, a ida,

Palhaço tão lindo, sem tinta e nem gravata

No circo da vida.

Ei seu menino!...

E o palhaço, criança crescida,

Contando muitas histórias no circo da vida.

CENA II

(VIOLÃO. SONS DE VOZES DE CRIANÇAS BRINCANDO. ATORES CHEGAM

COM BRINCADEIRAS DE RODA E DE RUA)

TODOS - Colado Descolado (ATORES BRINCAM DE UNS COLAREM E OUTROS

DESCOLAREM. COLADO-ESTÁTUA, DESCOLADO- MOVIMENTO)

PLOC: Nã, nã, nã, nã, nã nã... Colei todo mundo!

PATOTA : Assim não tem graça, Ploc! Vem Érika, vamos brincar de Dom dom, baby?

PATOTA E ÉRIKA: Dom dom baby (PARLENDA COM PALMAS)

Dom Dom Baby/ Mama Salamika

You, you Shake/ Mama Salamika

Geme geme you pa pá/ Geme geme pá

Geme geme you pa pá/ Geme geme… (2X. PLOC E ALBERT REPETEM E FICAM)

PLOC E ALBERT- Topo Gijio (PARLENDA COM PALMAS)

Topo-Gijio foi à praia/ Com a calcinha que ganhou/ Todo mundo aplaudiu

Ó que gracinha/ Topo-gijio de calcinha/ Ó que horror,/ Topo-Gijio de maiô (1)

desmaiou (2). (2X. PATOTA E ÉRIKA E REPETEM)

TODOS- Nós somos quatro (PARLENDA COM PALMAS)

Nós somos quatro/ Nós com as quatro/ Eu com ela (2X)/ Nós por cima/ Nós por baixo.

PATOTA: (PROS MENINOS) -Não dá pra brincar com vocês. Vem Érika, vamos de

novo.

ALBERT: Vem Ploc, vamos mostrar pra elas quem pode mais. (COMPETEM)

TODOS- Tremendão (PARLENDA COM PALMAS)

Papai Ferreira, Wanderléia, Wanderléia/ Na dimensão, Tremendão, Tremendão

Roberto Carlos com seu cabelão, / Rony Von, Rony Von, se esta rua fosse minha

Agnaldo, eu mandava ladrilhar/ Pedro Bol, com pedrinhas de brilhante/ Oh, rei! (SAEM

TODOS PRO FUNDO, RISCAM NO CHÃO E JOGAM AMARELINHA)

MUSICA: “Bola de meia” – 14 BIS (VOZ E ASSOVIO)

TODOS: Amarelinha (COM MALHAS NOS BOLSOS)

BRINCADEIRA: Caí no poço

PATOTA – Ei Ploc, vamos brincar de “Caí no poço”?

PLOC- Só a gente? Ah não, fica muito sem graça.

PATOTA- Talvez tem mais gente aqui querendo brincar! (INSINUA PRA PLATÉIA.

ASSIM QUE SE OFERECEM, ESCOLHE-SE QUATRO E COMEÇA A

BRINCADEIRA EXPLICANDO AS FRUTAS. UVA – APERTO DE MÃO, PERA-

ABRAÇO, MAÇÃ- BEIJO NO ROSTO E SALADA MIXTA – UM CHOQUINHO)

PLOC- Caí no poço!

PATOTA- Quem te tira?

PLOC- Meu bem.

PATOTA- Qual é seu bem? É este?... é este?... (ESCOLHE UMA DAS CRIANÇAS)

E o que é que você deseja dele (a)?

PLOC- Salada mixta!!! (CHAMA A CRIANÇA QUE ESPERA UM BEIJO NA

BOCA. PREPARAM PRA DAR QUANDO TREMULAM A CRIANÇA DANDO-

LHE UM CHOQUINHO COM AS MÃOS. DESFAZ A BRINCADEIRA. SAEM)

CENA III

(ALBERT E ÉRIKA ENTRAM DISCUTINDO QUEM VAI SER O “PEGA”.

CONVIDAM A PLOC E PATOTA. ÉRIKA VAI PRO PIQUE CONTAR. ALBERT

SE ESCONDE NA PLATÉIA)

ÉRIKA: 1,2,3,...10. Já vou! (ENCONTRA O ALBERT NA PLATÉIA) – Albert, seu

“panaca”, será que você exercitou todo o seu potencial inteligente e criativo pra se

esconder, heim? Albert! (GRITA)- Albert!

ALBERT: (SAINDO)- Não quero mais brincar, você não sabe brincar direito. Além de

achar a gente você ainda fica zoando.

ÉRIKA: Meu filho, a palavra ZOAR significa divertir. Eu não vou ficar falando feito a

Vovó, enquanto brinco com você. (IMITA) – Albert, você está correndo muito, meu

netinho! Albert, você vai cair. Ninguém merece, viu?

ALBERT: Mas também não precisa ficar me chamando de burro, né?

ÉRIKA: Mas eu não chamei você de burro! Eu só disse que você não tem inteligência o

suficiente pra se esconder!

ALBERT: Érika, eu vou lhe arrancar 40 fios de cabelo. (VAI PRA CIMA DE ÉRIKA)

ÉRIKA: Calma, irmãozinho! Lembra do que a mamãe falou do nosso organismo?

ALBERT: Ai, Érika, a mamãe falou do nosso organismo na hora das refeições, né?

ÉRIKA: Como assim?

ALBERT: Que a gente não pode discutir e nem brigar na hora das refeições. Isto não

ajuda na digestão. Que o nosso organismo precisa de paz enquanto comemos.

ÉRIKA: Tem gente que não se controla. Inclusive quem tem um irmão, como é que faz?

ALBERT: Faz como a mamãe falou. Se estiver nervoso, chateado ou ansioso, relaxe um

pouquinho e só depois que estiver mais calmo, vá comer.

ÉRIKA: Agora me lembro, e agradeça a Deus por ter o que comer todos os dias. Albert,

vai ter festa de aniversário da vovó e a mamãe quer que a gente ajude a enfeitar. E ela

disse que podemos chamar alguns amiguinhos...

ALBERT: Legal! Vou chamar o Bola.

ÉRIKA: O Bola? Que prejuízo, Albert! Ele come pra três.

ALBERT: Olha Érika, o Bola é a pessoa mais legal que eu conheço. E se a gente fala

ele não exagera. O médico disse que ele come compulsivamente.

ÉRIKA: Compulsivamente?

ALBERT: É, por mania, obrigado, constrangido, entende? O organismo dele já viciou

comer a toda hora, mas se a gente pedir ele atende. Ele é o meu melhor amigo.

ÉRIKA: Mas será que ele vai trazer aquela mãe dele? Ela costuma guardar um monte de

docinhos dentro da bolsa, toda vez que vai numa festa.

ALBERT: Érika, sua linguaruda. Que feio!

ÉRIKA: Vou lá dentro ver os brigadeiros e você vai enchendo os balões. (SAI.

ALBERT ENCHE 1 BALÃO. ÉRIKA ASSUSTA-O FAZENDO O BALÃO FUGIR.)

ALBERT: Érika, desse jeito não vai ter arrumação, né?

ÉRIKA: Olha Albert, a mamãe falou que quando a gente é convidado pra uma festinha,

a gente tem de fazer um lanchinho em casa, pra não chegar na festa morrendo de fome,

querendo atacar o primeiro salgadinho que tiver pela frente. E tem um recado pro Bola...

ALBERT: Qual?

ÉRIKA: Que é pra ele preferir os salgadinhos assados e não os fritos, feito cochinhas e

pasteizinhos, pra evitar engordar mais. Ah! Os doces gordurosos, feito brigadeiros e

coberturas de bolo, além de muito açúcar conteem muita gordura que fazem engordar.

ALBERT: Aí tá difícil viu, Érika! O Bola não comer cochinha e nem brigadeiro?

ÉRIKA: Fala pra ele comer pouco. A festa é pra comemorar e não pra “encher barriga”.

ALBERT: Érika, para de implicar com o Bola! Ô mãe!

ÉRIKA: Bola, rebola-bola, rebola-bola... (ALBERT CORRE ATRÁS E SAEM)

CENA IV

BRINCANTE: (SOBRE O TAMBORETE COM IÔ-IÔ DE BOTÃO) - Era uma vez...

há muito pouco tempo atrás, não existia televisão, nem computador, nem videogame e

nem tanta violência. E as crianças brincavam nas ruas, nas portas das suas casas.

Algumas ficavam tanto tempo nas casas dos coleguinhas que as mães até brincavam

assim: “ô D. Maria, o Juninho agora é meu filho.” Ô D. Joana vou adotar a Clarinha pra

mim”... Era muito legal e todos brincavam a valer. Mas, espera aí! Se não tinha,

computador, nem televisão e nem videogame pra brincar, o que é que essa meninada

fazia para passar o tempo? (ATORES APRESENTAM OS BRINQUEDOS)

MÚSICA: “JOÃO E MARIA” -CHICO BUARQUE

TODOS BRINCANDO de Cavalo de pau

MENINAS BRINCANDO de Piorra

MENINOS BRINCANDO de Peão

MENINAS BRINCANDO de Peteca de palha

MENINOS BRINCANDO de Carrinho de pau com roda de chinelo

MENINOS BRINCANDO de Arquinho

(ENTRA PLOC E PATOTA COM BILBOQUÊ E IÔ-IÔ DE SERRAGEM )

PLOC- Estátua! (TOCA EM PATOTA QUE PARALISA)

PATOTA- Tá bem, Ploc, agora pode me tirar da estátua.

PLOC: (CANTANDO)- “Pirulito que bate, bate...”

PATOTA: (GRITANDO)- Ploc! Tire-me daqui, eu já disse.

PLOC: Não pode sair. Se quebrar a brincadeira não brinco mais com você. “Tinha uma

princesa comendo chocolate, sorvete de baunilha, biscoito com chá mate...”.

PATOTA: Na hora em que eu colar você, eu vou deixar tanto tempo que o seu corpo vai

ficar tão duro, mas tão duro que para ele amolecer de novo, a mamãe vai ter de bater

você em uma máquina de lavar, cheia de óleo de amêndoa.

PLOC: (CONTINUA)- “Carneirinho, carneirão, neirão, neirão...”

PATOTA: Anda logo Ploc, minhas pernas já estão dando câimbras.

PLOC: Descolo você se me der a barra de chocolate que o padrinho te deu ontem.

PATOTA: Mas é nunca que vou te dar meu chocolate. E, além disso, eu já comi tudo.

PLOC: Então, a sobremesa de hoje?

PATOTA: Pudim de leite condensado com calda de caramelo, mas nem morta.

PLOC: Então, se me der o lanche de hoje à tarde?

PATOTA: Descola-me logo, Ploc? Ou eu vou fazer um pudim da sua cabeça!

PLOC: Calma, maninha, calma! Tu tá tão estressada!

PATOTA: Aiiii, Ploc! Minha cabeça já está rodando e minhas pernas estão bambas.

(GRITANDO)- Me descola já daqui!

PLOC: Pode sair. Licença! Tenho uma coisa pra contar. Não vai mais ter pudim de leite

condensado com calda de caramelo na sobremesa.

PATOTA: Cê tá ficando louco? Cê pirou é?

PLOC: A mamãe me disse que não vai ter mais guloseimas na geladeira...

PATOTA: Não?

TIO: Não. Faremos uma tabela de Alimentação saudável aqui em casa.

PATOTA: Alimentação saudável?

PLOC: Sim, precisamos ter uma vida saudável, Patota.

PATOTA: Vida saudável?

PLOC: Sim, precisamos de uma alimentação saudável, com poucas calorias. Daí,

quando a mamãe oferecer uma comida que a gente não conhece, tem de experimentar,

antes de dizer que não gosta.

PATOTA: Arghh!!!

PLOC: É pra prevenir a obesidade desde cedo. Quando a gente é muito gordinho, a

gente pode ficar doente mais fácil.

PATOTA: E por falar nisto Ploc, já tomou água hoje?

PLOC: Tomar água? Pra quê?

PATOTA: Sabia que temos de tomar cerca de oito copos de água todos os dias?

PLOC: Oito copos? Desse jeito eu não vou me caber dentro da roupa!

PATOTA: Não são oito copos de uma vez, Ploc. É durante o dia inteiro. Beba até uma

hora antes do almoço e volte a beber somente duas horas depois de comer.

PLOC: Por quê?

PATOTA: Comer e beber ao mesmo tempo pode causar azia, gazes e obesidade.

PLOC: E refrigerante?

PATOTA: Nem refrigerante, nem suco, nem líquido algum. Tome oito copos de água,

mas cuidado pra não fazer xixi na cama, Ploc!

PLOC: Eu não faço xixi na cama, seu colchão de água!

PATOTA: Se eu sou um colchão de água você é um colchão de xixi. (ZOMBANDO)

PLOC: Se eu pego você Patota! (CORRE ATRÁS, VOLTA E SENTA-SE TRISTE NO

TAMBORETE)

CENA V

MÚSICA: “ERA UMA CASA”- TOQUINHO E VINÍCIUS DE MORAES (BRINCANTE ENTRA COM UM CURRUPIO DE BAMBU. CENA MUDA.

TROCA BRINQUEDO POR TAMBORETE COM O PLOC QUE SAI FELIZ. SOBRE

O TAMBORETE, TIRA AVIÃO DE ISOPOR DEPENDURADO NAS COSTAS)

MÚSICA: “AVIÃO”- TOQUINHO MENINOS BRINCANDO de Papagaios e Pipas

MENINAS BRINCANDO de pára-quedas – (LANÇA NA PLATÉIA)

TODOS BRINCANDO de Cata-ventos

BRINCANTE: (DE PÉ SOBRE O TAMBORETE. ATORES ENTRAM E DOBRAM

AVIÃO DE PAPEL)

“Ah, que saudade que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância

querida que os tempos não trazem mais...” E a gente descia desembestado a ladeira da

rua lá de casa, sobre um “patinete” de madeira ou sobre um carrinho de rolimã. A gente

também brincava de pegador, “bem-te-altas”, finca, queimada, bolinhas de gude, avião e

barquinho de papel, de barraquinha e de teatro... Daí apareceu a tal da televisão! E

quando apareceu o computador, então? Paramos de criar brinquedos novos. Televisão é

bom! Computador e videogame também. Mas brincar e correr é mais maneiro ainda!

(LANÇA O AVIÃO SEGUIDO PELOS ATORES QUE LANÇAM TAMBÉM)

CENA VI

(ENTRA ALBERT COM UMA TELEVISÃO, COLOCA-A SOBRE A CABEÇA)

ÉRIKA: (FAZENDO PÉ DE PINTO COM CORDÃO) - Albert! Albert!!! (VÊ) -

Creeeeedo! Pensei que fosse uma TV de “plasta”!

ALBERT: Não! Sou um modelo de estante de TV, lançado na semana passada.

ÉRIKA: Continua se escondendo legal, heim? A mamãe tá chamando pra almoçar.

ALBERT: Não vou, não vou e não vou! Tá na hora de passar o Jac Chan, e eu não vou

perder de jeito nenhum. Nem que eu morra de fome.

ÉRIKA: Até parece né? É só sentir o cheiro da comida da mamãe que você fica louco.

ALBERT: Não adianta. Não vou, não vou e não vou.

ÉRIKA: Olha Albert, a mamãe não quer que a gente assista à televisão na hora do

almoço ou do jantar. Hora de comer, comer. Hora de assistir...

ALBERT: Logo hoje que o Jac Chan vai salvar a Jeid do malvado do Shadalu? Eu é que

não vou perder mesmo. (PEGA 1 CRIANÇA E FAZ UMA MESA. E 1 PRO SOFÁ.

ASSISTE.)

ÉRIKA: Tive uma idéia! Você almoça primeiro e vê o Jac Chan depois.

ALBERT: Depois já acabou né, “ou”?

ÉRIKA: Mas Albert. Agora é hora de comer. Você não pode se distrair vendo TV.

ALBERT: Aqui em casa sempre foi assim desde que eu era pequeno.

ÉRIKA: Olha Albert, assistir televisão enquanto come é muito prejudicial. Sua atenção

se volta para a TV e você se esquece de observar o que está comendo.

ALBERT: Já pensou? Comer sem ver? E se de repente pousar um inseto no prato?

ÉRIKA: “Eca”, Albert, seu nojento! Anda logo ou eu vou chamar a mamãe.

ALBERT: Érika, tive uma idéia. Traz pra mim um prato deste tamanho com um copo

duplo de refrigerante? Daí eu almoço aqui!

ÉRIKA: Deixa de ser teimoso Albert. Vem almoçar cá dentro. E depois não se esqueça

de escovar os dentes. E além do mais refrigerante engorda muito.

ALBERT: Érika você está parecendo com a mamãe.

ÉRIKA: Já estou perdendo a paciência com você, Albert. Quem é que não sabe que a

gente tem de escovar sempre os dentes?

ALBERT: Escovar os dentes é um saco! Todo dia, todo dia...

ÉRIKA: E não é só depois do almoço ou do jantar não. É sempre depois que a gente

comer qualquer coisa. Senão as bactérias fazem a festa.

ALBERT: Mas depois de comer qualquer coisa? Você está meio neurótica.

ÉRIKA: Neurótica, Albert? Se você fica beliscando comida o dia todo, as bactérias vão

atacar os dentes várias vezes no dia. Qualquer docinho que você come deixa bactérias.

Eu não quero ficar banguela quando crescer e nem ter esse bafo de onça que você tem.

ALBERT: Bafo de onça? Érika, você me chamou de bafo de onça?

ÉRIKA: Chamei! Você não quer mesmo escovar os dentes! Seu bafo de onça!

ALBERT: Espera que eu lhe mostro quem é o bafo de onça, sua canela de Siriema.

ÉRIKA: (CORRENDO) Mamãe, olha o bafo de onça... ops! Olha o Albert!(ALBERT

PEGA A TV DEIXANDO AS CRIANÇAS QUE VÃO PULAR CORDA COM OS

ATORES QUE VEM NA SEQUÊNCIA.)

CENA VII

MÚSICA: ERA UMA CASA

TODOS - Seqüência de “pular corda”

MENINOS BRINCANDO de Bolim-bolacha

MENINAS BRINCANDO de Telefone de latinhas

MENINOS BRINCANDO de Galinhas cantadeiras

(ENTRAM PLOC E PATOTA PELO MEIO DAS CRIANÇAS, DE MÁSCARAS E

COM “ESTOQUES DE BAMBÚ” NAS MÃOS COMO SE FOSSEM ASSALTAR.

ENCONTRAM-SE NA FRENTE E SE ASSUSTAM)

PATOTA Ai! Socorro, mamãe! È o fantasma da bolha humana!

PLOC: Ai! Socorro, papai! A “Tissunami” tá invadindo a nossa casa. (CORREM UM

DO OUTRO)-Vem sua imitação barata de King Kong, vem que eu vou fazer de você

um esquilinho magrela, vem?

PATOTA: Vê só quem fala! Ô xérox falso dos “Incríveis”. Seu cara de Taz Mania...

(TROCAM ESTOCADAS ATÉ QUE PLOC TIRA A MÁSCARA DE PATOTA)

PLOC: Ahá! Peguei você seu pernilongo gigante.

PATOTA: Não! Minha identidade secreta vai ser revelada! Será que serei sequestrada?

Sem a minha máscara estou me sentindo pelada!

PLOC: Ei! Olha a criançada aí sô. Não se tem mais respeito por aqui não, heim?

PATOTA: Peraí, eu tou reconhecendo essa voz... Ploc? É você?

PLOC:(TIRA MÁSCARA) -Patota? Que é que você faz aqui a esta hora da madrugada?

Tava tentando assaltar a geladeira de novo, não é?

PATOTA: Não! É que... quero dizer... eu vim tomar um copo d’água.

PLOC: Olha Patota, mamãe falou que não pode contar mentira.

PATOTA: Isto mesmo, Ploc. Conta a verdade, anda! O que é que você está fazendo na

cozinha a esta hora da madrugada?

PLOC: Não enrola Patota. O papai falou que quando a gente fala a verdade, a gente não

precisa ter medo de nada.

PATOTA: Ploc, é que eu ia comer só um biscoitinho!

PLOC: Eu também. É que meu estômago roncava tanto, mas tanto, que eu sonhei que

tinha um “ninja” lutando dentro da minha barriga...

PATOTA: E o meu roncava tanto, mas tanto, que parecia um terremoto.

PLOC: É, mas a gente tem de saber controlar. Você cumpriu com a tabela de refeições

que a mamãe organizou com a gente?

PATOTA: Ahrran! Se a gente não acostumar o nosso corpo a horários certos para

alimentar, ele vai sofrer e o nosso intestino não vai funcionar bem. Nós combinamos

com a mamãe de alimentarmos de 3 em 3 horas, certo?

PLOC: Ahâããmmmm!

PATOTA: Então vamos relembrar os horários que a gente combinou? Comece Ploc.

PLOC: 7 horas, café da manhã...

PATOTA: 9 e meia um lanche (merenda na escola)

PLOC: Meio dia, almoço...

PATOTA: 3 horas da tarde, outro lanche (merenda na escola)

PLOC: 18 horas, o jantar.

PATOTA: E tipo 8 e meia da noite, o último lanche!

PLOC: Patota! Estou com um problema, não consigo comer nada de manhã. Não dá pra

engolir!

PATOTA: Olha Ploc, o café da manhã é a refeição mais importante que temos. Se sair

de casa sem comer nada, não vai conseguir fazer as coisas direito: não dá pra prestar

atenção nas aulas e nem dá pra brincar com muita energia.

PLOC: Mas tem que engolir sem querer?

PATOTA: É um exercício, Ploc. Daí a pouco o seu corpo e sua boca se acostumam.

Agora é de noite e a minha barriga me diz que ela precisa de muita coisa pra comer.

PLOC: Toma água que engana a fome!

PATOTA: Tomar água por que é saudável e não para enganar o estômago, Ploc. E

depois do jantar precisamos esperar 3 horas para daí então, dormir.

PLOC: Por quê?

PATOTA: Para não atrapalhar a digestão.

PLOC: Que interessante, o corpo da gente é igual a uma máquina.

PATOTA: Máquina de fabricar biscoitos e quibes. ( RIEM)

PLOC: Biscoitos e quibes? (SAEM RINDO)

CENA VIII

ALBET CANTA MÚSICA “O CADERNO”- CHICO BUARQUE

MENINAS BRINCANDO de Tamanco de latas

MENINOS BRINCANDO de Tamanco de bambu

(SAEM TODOS E FICA O BRINCANTE SOBRE O TAMANCO)

BRINCANTE: E lá se ia toda a meninada, correndo, pulando cantando e brincando. Só

se ouvia risos, gritos, cantos e gargalhadas, até o cair da noite. E todos sonhavam com o

outro dia e a volta de toda aquela arrelia. (NARIZ DE PALHAÇO) - Alô criançada!

Hoje tem marmelada? Tem sim, Sinhô!...

Hoje tem goiabada? Tem sim, Sinhô!...

E hoje tem bolim-bolacha? (ENTRAM ATORES E SE POSICIONAM PARA AS

BRANCADEIRAS DE RODA)

TODOS: Sinhá Marreca

Lá vem a Sinhá Marreca

Com seu samburá na mão (bis)

Ela disse que vem vendendo

Empadinha de camarão.(bis)

A velha saiu da igreja

Com seu samburá na mão. (bis)

Chorando por que não tinha

Nem padre nem sacristão (bis)

TODOS: A dança da carranquinha

A dança da carranquinha

É uma dança estrangulada

Ela põe o joelho em terra

Faz a gente ficar pasmada

Carranquinha sacode a saia

Carranquinha abre os braços

Carranquinha por ti eu morro

Carranquinha me dá um abraço

(CONVIDAM 2 CASAIS- CRIANÇAS)

Pai Francisco

Pai Francisco entrou na roda

Tocando seu violão pararam-pan-pan

Vem de lá seu delegado

Seu Pai Francisco entrou na prisão

Como é que ele vem todo requebrado

Parece um moleque desengonçado

Como é que ele vem todo requebrado

Parece um moleque desengonçado

(ÉRIKA NO MEIO DE JOELHOS.)

TODOS: Quem é este anjo

Quem é este anjo que anda por aí

De noite e de dia, Padre nosso, Avé Maria

ÉRIKA: Sou filha do rei e neto do conde

Senhora dona ...(NOME)

Dá um tapa e se esconde.

(CADA UM DÁ UM TAPA E LEVA

UMA CRIANÇA PRA ESCONDER.)

(MENINAS POR UM LADO E

MENINOS POR OUTRO)

Eu sou pobre, pobre, pobre

MENINAS: Eu sou pobre, pobre, pobre,

De-marré-marré-marré...

Eu sou pobre, pobre, pobre

De-marré-de-si

MENINOS: Eu sou rico, rico, rico,

De-marré-marré-marré...

Eu sou rico, rico, rico

De-marré-de-si

MENINAS: Dai-me um de vossos filhos

Vamo embora, vamo embora

Dai-me um de vossos filhos

Vamo embora daqui

MENINOS: Qual deles que você quer

Vamo embora, vamo embora

Qual deles que você quer

Vamo embora daqui

MENINAS: Eu quero este magrela

Vamo embora, vamo embora

Eu quero este magrela

Vamo embora daqui

MENINOS: Que ofício darás a ele

Vamo embora, vamo embora

Que ofício darás a ele

Vamo embora daqui

MENINAS: Ofício de artista

Vamo embora, vamo embora

Ofício de artista

Vamo embora daqui

MENINOS: Este ofício não nos agrada

Vamo embora, vamo embora

Este ofício não nos agrada

Vamo embora daqui

MENINAS: Ofício de professor

Vamo embora, vamo embora

Ofício de professor

Vamo embora daqui

MENINOS: Este ofício nos agrada

Vamo embora, vamo embora

Este ofício nos agrada

Vamo embora daqui

TODOS

Eu sou pobre, pobre, pobre,

Mas estou ficando rico

Eu sou pobre, pobre, pobre

Mas estou ficando rico

(MENINAS POR UM LADO E

MENINOS POR OUTRO)

Florista MENINAS:

Eu sou a florista,

Flor estou vendendo

Eu sou a florista,

Flor estou vendendo

MENINOS:

Venha cá menina

Que por ti estou morrendo

Venha cá menina

Que por ti estou morrendo

MENINAS:

Se queres uma flor

Daí-me um tostão

Se queres uma flor

Daí-me um tostão

MENINOS:

Eu não quero flores

Quero o seu coração

Eu não quero flores

Quero o seu coração

MENINAS:

Que tal engraçadinha

Que você me acha

Que tal engraçadinha

Que você me acha

MENINOS:

Olha o nariz dela

Que parece uma bolacha

Olha o nariz dela

Que parece uma bolacha

MENINAS:

Olha o nariz dele

Que parece um pimentão

Olha o nariz dele

Que parece um pimentão

TODOS:

Vamos ficar de mal

Vamos ficar de mal

Vamos fazer as pazes

Vamos fazer as pazes

Foi de brincadeira

Mas não foi de coração

Foi de brincadeira

Mas não foi de coração

SÃO JOÃO TEM UMA GAITA

São João tem uma gaita

Quanto toca bate nela

E os anjos dão risadas

Quando olham da janela

Maria, tu vais ao baile

Tu levas xale/ que vai chover

E depois da madrugada

Toda molhada/ tu vais morrer

Lá no centro da avenida

Tem uma poça escorregou

E acabou-se o seu vestido

Deu uma queda e se afogou

(TODOS COM BARANGANDÃOS)

NESTA RUA

Nesta rua nesta rua, tem um bosque

Que se chama, que se chama solidão

Dentro dele, dentro dele mora um anjo

Que roubou, que roubou meu coração

Se eu roubei, se eu roubei seu coração

Tu roubaste, tu roubaste o meu também

Se eu roubei, se eu roubei seu coração

É porque, é porque te quero bem.

Se esta rua, e esta rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante

Para o meu, para o meu amor passar.

(AO FINAL RODAM-NOS CANTANDO E ATIRAM-NOS PRA PLATÉIA.)

FIM

As parlendas e músicas de roda do folclore e da cultura nacional são de domínio

público.

As músicas e autores sugeridos podem ser substituídos por trilha original.