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Brancos, Pretos e Pardos no Mercado de Trabalho no Brasil Um Estudo sobre Desigualdades 1 Ana Lucia Saboia João Saboia 2 1. Introdução As evidências empíricas trazidas pelos indicadores sociais oficiais do país têm demonstrado que as desigualdades entre os indivíduos de cor branca e de cor preta e parda no Brasil podem ser denominadas como “duráveis”. Segundo Tilly (1998), as desigualdades significativas entre os seres humanos correspondem, principalmente, a diferenças de categorias como preto/branco, masculino/feminino, cidadão/estrangeiro ou mulçumano/judeu mais do que as diferenças em termos de atributos, propensões ou performances. Tais desigualdades são duráveis, pois embutem a idéia de que são elas que passam de uma sociedade para outra, persistindo ao longo dos tempos. É importante esclarecer que as informações sobre cor da população brasileira têm sido objeto de pesquisa do IBGE desde os primeiros recenseamentos nacionais, ou seja, os realizados em 1872 (onde inclusive figura a discriminação do contingente de população escrava) e em 1890. No século 20, os Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960, 1980 e 1991 incluíram em seus questionários o “quesito cor”. No final da década de 70, a discussão sobre a situação racial no Brasil apresentava novos contornos, principalmente, após a realização e divulgação dos resultados do Suplemento Mobilidade Social e Cor da PNAD 1976. Os desdobramentos das discussões então surgidas favoreceram a re-inclusão do quesito cor no Censo de 1980, restabelecendo a série que havia sido interrompida no planejamento do Censo de 1970, por razões políticas. A partir de 1987, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio/PNAD passou a incluir em seu corpo básico a investigação obrigatória sobre a cor/raça da população nos seus levantamentos anuais. Até então se dispunha, em alguns anos, de suplementos que tratavam dessa questão. Nesse caso, dispõe-se de uma série completa sobre este assunto nas PNADs dos anos 90 e, também, para todos os anos da presente década. O IBGE privilegia a classificação por cor, embora esteja subentendido, sobretudo no senso comum, que tal classificação estaria representando uma visão de raça. Na investigação, a população se auto-declara de acordo com as seguintes categorias: branca, preta, parda, amarela e indígena. No teste realizado em 1998, tal quesito foi aplicado de duas formas: a usual (pré-codificada) e a aberta. Os resultados foram analisados por Petruccelli (2000), que conclui da seguinte forma: “A multiplicidade de 1 Este estudo foi elaborado para servir de subsídios a discussão sobre ação afirmativa no Brasil na 2nd International Conference of the Affirmative Action Studies Network a ser realizada no Rio de Janeiro, nos dias 22 e 23 de setembro de 2006. 2 Ana Lucia Saboia é a responsável pelos Indicadores Sociais do IBGE e João Saboia é professor titular do Instituto de Economia da UFRJ. Os autores agradecem a Fabio Roitman, Julia Torracca, Laura Beraldo e Renata Alvim pelo processamento dos microdados da PNAD e preparação das tabelas e gráficos utilizados neste artigo.

Brancos, Pretos e Pardos no Mercado de Trabalho no Brasil · Amarelos e indígenas representam um percentual mínimo. A distribuição da PEA é muito semelhante à da PIA com 56,8%

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Brancos, Pretos e Pardos no Mercado de Trabalho no Brasil Um Estudo sobre Desigualdades1

Ana Lucia Saboia João Saboia2

1. Introdução As evidências empíricas trazidas pelos indicadores sociais oficiais do país têm demonstrado que as desigualdades entre os indivíduos de cor branca e de cor preta e parda no Brasil podem ser denominadas como “duráveis”. Segundo Tilly (1998), as desigualdades significativas entre os seres humanos correspondem, principalmente, a diferenças de categorias como preto/branco, masculino/feminino, cidadão/estrangeiro ou mulçumano/judeu mais do que as diferenças em termos de atributos, propensões ou performances. Tais desigualdades são duráveis, pois embutem a idéia de que são elas que passam de uma sociedade para outra, persistindo ao longo dos tempos. É importante esclarecer que as informações sobre cor da população brasileira têm sido objeto de pesquisa do IBGE desde os primeiros recenseamentos nacionais, ou seja, os realizados em 1872 (onde inclusive figura a discriminação do contingente de população escrava) e em 1890. No século 20, os Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960, 1980 e 1991 incluíram em seus questionários o “quesito cor”. No final da década de 70, a discussão sobre a situação racial no Brasil apresentava novos contornos, principalmente, após a realização e divulgação dos resultados do Suplemento Mobilidade Social e Cor da PNAD 1976. Os desdobramentos das discussões então surgidas favoreceram a re-inclusão do quesito cor no Censo de 1980, restabelecendo a série que havia sido interrompida no planejamento do Censo de 1970, por razões políticas.

A partir de 1987, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio/PNAD passou a incluir em seu corpo básico a investigação obrigatória sobre a cor/raça da população nos seus levantamentos anuais. Até então se dispunha, em alguns anos, de suplementos que tratavam dessa questão. Nesse caso, dispõe-se de uma série completa sobre este assunto nas PNADs dos anos 90 e, também, para todos os anos da presente década.

O IBGE privilegia a classificação por cor, embora esteja subentendido, sobretudo no senso comum, que tal classificação estaria representando uma visão de raça. Na investigação, a população se auto-declara de acordo com as seguintes categorias: branca, preta, parda, amarela e indígena. No teste realizado em 1998, tal quesito foi aplicado de duas formas: a usual (pré-codificada) e a aberta. Os resultados foram analisados por Petruccelli (2000), que conclui da seguinte forma: “A multiplicidade de

1 Este estudo foi elaborado para servir de subsídios a discussão sobre ação afirmativa no Brasil na 2nd International Conference of the Affirmative Action Studies Network a ser realizada no Rio de Janeiro, nos dias 22 e 23 de setembro de 2006. 2 Ana Lucia Saboia é a responsável pelos Indicadores Sociais do IBGE e João Saboia é professor titular do Instituto de Economia da UFRJ. Os autores agradecem a Fabio Roitman, Julia Torracca, Laura Beraldo e Renata Alvim pelo processamento dos microdados da PNAD e preparação das tabelas e gráficos utilizados neste artigo.

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termos da cor aparece, contemporaneamente, como reflexo do caráter primariamente subjetivo dessa identificação, evidenciando ao mesmo tempo, a defasagem entre o campo dos atores sociais e o campo dos estudiosos desta problemática. Mas, as categorias de cor só parecem se tornar significativas no contexto de uma ordem hierárquica se constituindo, de fato, numa marca de origem. Dessa maneira, no âmbito brasileiro a questão da cor se encontra no entrecruzamento dos mitos fundadores da identidade nacional com as práticas sociais de discriminação e preconceito racial.” Em termos regionais, Petruccelli (2000) aponta para uma diversidade de padrões de respostas cuja multiplicidade de significados é evidente nas respostas de identificação da cor dos indivíduos. Entretanto, a categoria preta parece seguir um padrão bastante similar de adequação entre a pergunta pré-codificada e a aberta nas regiões metropolitanas onde a pesquisa foi feita. Ainda sobre a classificação utilizada pelo IBGE, Araújo (1987) assinala que a mesma “reflete um conhecimento científico cristalizado (a velha relação entre raça e continentes geográficos e a ideologia de classificação social com base na raça). Na sociedade brasileira cor é a metáfora, a categoria mais frequentemente acionada para demarcar diferenças e desigualdades com base na raça, aqui concebida como um fato social.” Por último, convém lembrar que, embora neste estudo estejam englobadas as pessoas que se auto-classificaram como pretas e como pardas em uma única categoria (preta/parda), deve-se ter claro que a população parda não é constituída somente por descendentes de população de origem africana, incluindo também os chamados caboclos e outros tipos étnicos derivados da população indígena. Cabe dizer ainda que o presente estudo compartilha da visão de que a atribuição/percepção de uma determinada cor a um indivíduo é feita conceitualmente de forma relacional, não constituindo uma característica nem natural, nem inerente ao mesmo (Teixeira, 1987). O principal objetivo deste artigo é enfocar a questão da desigualdade entre brancos e pretos/pardos do ponto de vista do mercado de trabalho, especialmente no caso das pessoas ocupadas com nível de escolaridade de terceiro grau. Com essa finalidade, serão utilizadas duas fontes de dados – a Pesquisa Mensal de Emprego/PME e a PNAD. A primeira cobre seis regiões metropolitanas – Rio de Janeiro; São Paulo; Porto Alegre; Belo Horizonte; Salvador e Recife – enquanto a segunda cobre todo o Brasil. Ambas são pesquisas amostrais. O ano selecionado para a análise é 2004, último para o qual havia informações disponíveis para a PNAD3 por ocasião da preparação deste texto. Por outro lado, naquele ano, a PME divulgou informações relativas ao mês de março sobre a cor dos trabalhadores, não divulgada regularmente, que serão utilizadas neste trabalho. Portanto, os dados analisados refletem a situação relativamente recente encontrada no país.

3 Os dados da PNAD referem-se à situação levantada em setembro de cada ano.

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Enquanto os dados da PME serão utilizados para se obter uma caracterização geral da posição mais precária dos trabalhadores pretos e pardos relativamente aos brancos, os dados da PNAD estarão concentrados na comparação entre os trabalhadores com nível superior completo segundo a cor, confirmando que entre eles também a situação de pretos e pardos é usualmente inferior à dos brancos.

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2. Características Gerais do Mercado de Trabalho Metropolitano segundo a Cor Conforme informado na introdução, esta seção está baseada em dados da PME de março de 2004, refletindo, portanto, a situação encontrada nas principais regiões metropolitanas do país naquele ano. Os resultados serão informados apenas em seu conjunto, não sendo destacada a situação específica da cada RM. 4 As informações da PME sobre a população em idade ativa com 10 anos ou mais (PIA) mostram que ela é majoritariamente branca (56,5%), seguindo-se pardos (33,9%) e pretos (8,5%). Amarelos e indígenas representam um percentual mínimo. A distribuição da PEA é muito semelhante à da PIA com 56,8% de brancos e 42,0% de pretos/pardos. Quando consideradas as pessoas ocupadas, entretanto, nota-se que os brancos elevam sua participação para 58,0%, enquanto pretos/pardos caem para 40,8%, indicando uma situação mais favorável para os primeiros. Esse dado é confirmado pela distribuição dos desocupados onde pretos/pardos são majoritários (50,4%). As diferenças entre as taxas de atividade de brancos (57,5%) e pretos/pardos (56,5%) são relativamente pequenas, significando que a pressão pelo lado da oferta de mão-de-obra sobre o mercado de trabalho é relativamente equilibrada entre os dois grupos. Portanto, a maior incidência de pretos/pardos (50,4%) entre os desocupados é principalmente resultante de uma menor demanda por estes trabalhadores e não por uma oferta exagerada destes no mercado de trabalho. A conseqüência desse desequilíbrio pode ser vista na taxa de desocupação de pretos/pardos (15,3%), sensivelmente superior à dos brancos (11,1%).

Distribuição Percentual das pessoas com 10 anos ou mais de idade, segundo cor ou raça - março 2004

Amarela 1,0

Preta 8,5

Branca 56,5

Indígena 0,1

Parda 33,9

Fonte: PME

4 Informações detalhadas de cada RM podem ser encontradas em IBGE (2004).

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Pessoas de 10 anos ou mais de idade, segundo cor ou raça e condição na atividade - março 2004

11,1

57,556,0

49,2

58,056,856,5

15,3

56,5

43,1

50,4

40,842,042,5

PIA PEA Ocupados Desocupados PNEA Taxa deatividade

Taxa dedesocupação

Branca Preta/Parda Fonte: PME

(%)

Quando considerada a distribuição da PIA segundo a cor, nota-se uma situação bem mais favorável para os brancos em termos de escolaridade. Enquanto 42,9% dos brancos possuem 11 anos de estudo ou mais, apenas 24,9% dos pretos/pardos têm o mesmo nível de estudo. Em contrapartida, a concentração de pretos/pardos nos baixos níveis de escolaridade é bem mais elevada que a de brancos. O nível médio de escolaridade dos dois grupos na PEA confirma a situação mais favorável dos brancos, tanto entre os ocupados quanto entre os desocupados. No caso dos ocupados o número médio de anos de estudo é 9,8 para os brancos e 7,7 para os pretos/pardos. Entre os desocupados, 9,5 e 8,0, respectivamente. Curiosamente, o nível de escolaridade dos pretos/pardos desocupados é maior do que o dos ocupados. Este fato pode ser atribuído a maior concentração de pessoas jovens entre os trabalhadores desocupados. Conforme é sabido, a escolaridade vem crescendo no país nos últimos anos, resultando em níveis mais altos de escolaridade para os trabalhadores mais jovens. Um dado complementar que confirma as melhores condições de entrada e permanência dos brancos no mercado de trabalho é o fato de 14,7% terem passado por um curso de qualificação profissional, percentual superior ao encontrado no caso de pretos/pardos (11,7%).

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Média de anos de estudo, segundo cor ou raça e condição na atividade - março 2004

9,59,8

8,07,7

OCUPADOS DESOCUPADOSBranca Preta/Parda Fonte: PME

Distribuição Percentual das pessoas com 10 anos ou mais de idade, segundo cor ou raça e escolaridade - março 2004

42,9

18,5

28,1

6,7

3,7

24,9

20,4

36,4

11,4

6,7 Sem instr. e c/ menos de 1

ano estudo

Com 1 a 3 anos estudo

Com 4 a 7 anos estudo

Com 8 a 10 anos estudo

Com 11 anos ou mais deestudo

Branca Preta/Parda Fonte: PME

(%)

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A posição na ocupação dos trabalhadores confirma a pior inserção dos pretos/pardos no mercado de trabalho. Enquanto os brancos são majoritários no emprego com carteira assinada, os pretos pardos predominam em postos de trabalho típicos do setor informal – serviço doméstico, emprego sem carteira assinada e trabalho por conta própria.

Distribuição Percentual das pessoas ocupadas, segundo cor ou raça e posição na ocupação - março 2004

41,0

14,5

20,1

5,4

37,5

16,4

22,2

11,2

Empregados com carteirasetor privado

Empregados sem carteirasetor privado

Conta própriaTrabalhadores Domésticos

Branca Preta/Parda Fonte: PME

(%)

Em termos setoriais, os brancos estão mais concentrados na indústria, nos serviços prestados às empresas e na área de saúde, educação, segurança e administração pública. Quanto aos pretos/pardos, além do serviço doméstico, predominam também na construção civil. Sabidamente, são dois segmentos da economia caracterizados por baixos níveis de remuneração. No comércio há certo equilíbrio entre os dois grupos.

Distribuição Percentual das pessoas ocupadas, segundo cor ou raça e grupamento de atividade - março 2004

18,7

5,9

20,3

15,0

17,7

5,4

16,4 14,9

10,3

20,7

11,2 13,0

17,9

11,2

Indústria Construção Comércio Serv. prestadosàs empresas

Saúde,educação,

segurança, adm.pública

ServiçosDomésticos

Outros Serviços

Branca Preta/PardaFonte: PME

(%)

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Duas informações fornecidas pela PME mostram dificuldades adicionais existentes no mercado de trabalho metropolitanos que atingem principalmente pretos/pardos. Em termos de sub-remuneração, 18,2% de pretos/pardos ocupados recebem menos que o salário mínimo horário, mais que o dobro do percentual encontrado para os brancos (7,5%). No caso da sub-ocupação, 5,4% dos pretos/pardos informam trabalhar menos de 40 horas semanais embora desejem e estejam disponíveis para aumentar sua jornada de trabalho. Para os brancos, o valor encontrado é um pouco mais baixo (4,3%).

Distrubição Percentual das pessoas ocupadas em condições desfavoráveis, segundo cor ou raça - março 2004

4,3

7,5

5,4

18,2

% pessoas subocupadas por insuficiêcia de horastrabalhadas

% pessoas com redimento habitual por hora trabalhadainferior ao SM horário

Branca Preta/ Parda

(%)

Fonte: PME

É fato bastante conhecido que os homens ganham mais que as mulheres no mercado de trabalho. Isso é válido tanto para os brancos quanto para os pretos/pardos. Enquanto os homens brancos recebem R$ 7,16, os pretos/pardos recebem menos da metade (R$3,45). No caso das mulheres os valores são R$ 5, 69 e R$ 2, 78, respectivamente. Em outras palavras, apresar dos diferenciais entre os rendimentos de homens e mulheres, as mulheres brancas possuem rendimentos mais de 60% superiores aos de homens pretos/pardos. A distribuição dos rendimentos do trabalho segundo a cor reflete de certa forma os diferenciais de escolaridade entre os dois grupos. Há um nítido deslocamento da curva de rendimentos dos brancos para a direita e dos pretos/pardos para a esquerda. Exemplificando, enquanto 39,2% dos brancos recebem até 2 SM, 63,9% dos pretos/pardos estão na mesma faixa de rendimentos. Em contrapartida, apenas 5,9% dos pretos/pardos recebem mais de 5 SM, percentual quase quatro vezes menor que os 22,3% de brancos em situação similar de rendimentos. Os diferenciais de remuneração média entre brancos e pretos/pardos são generalizados. Para o total de pessoas ocupadas os valores são R$ 1096 e R$ 535, respectivamente. Tais desníveis repetem-se para todos os tipos de trabalhadores – empregados com ou sem carteira; conta própria; e domésticos -, confirmando a situação bem mais desfavorável de pretos/pardos relativamente aos brancos no mercado de trabalho no Brasil.

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Rendimento médio habitualmente recebido por hora trabalhada pelas pessoas ocupadas, segundo sexo e cor ou raça

março 2004

7,2

5,7

3,5

2,8

Homem Mulher

Branca Preta/PardaFonte: PME

(R$)

Distribuição Percentual das pessoas ocupadas, segundo classes de rendimento e cor ou raça - março 2004

12,0

27,2

20,118,4

11,710,6

26,7

37,2

19,1

11,1

4,2

1,7

até 1 SM 1 a 2 SM 2 a 3 SM 3 a 5 SM 5 a 10 SM mais de 10 SM

Branca Preta/PardaFonte:PME

(%)

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Rendimento médio habitualmente recebido, segundo cor ou raça e posição na ocupação - março de 2004

1096

1094

654

917

535

597

399

418

276

320

Pessoas Ocupadas

Empregados com carteiraSetor Privado

Empregados sem carteiraSetor Privado

Conta Própria

Trabalhadores Domésticos

Branca Preta/Parda Fonte: PME

(R$)

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3. A Inserção das Pessoas em Ocupações Universitárias segundo a Cor Nesta seção são apresentadas informações levantadas a partir dos microdados da PNAD 2004. A idéia foi selecionar ocupações típicas de pessoas com o terceiro grau completo para verificar até que ponto pessoas semelhantes em termos de escolaridade/profissão seriam diferenciadas no mercado de trabalho segundo sua cor. Sem dúvida, a análise das informações sobre as ocupações poderia ser mais abrangente se levasse em conta alguns aspectos como a posição na ocupação e o setor da atividade onde estão inseridas. A hierarquia sócio-ocupacional, ou seja, o status socioeconômico das ocupações brasileiras é um elemento fundamental para se conhecer a estrutura ocupacional do mercado de trabalho em estudos sobre estratificação socioeconômica e mobilidade social no país. Nessa medida, alguns estudos importantes com metodologias específicas de classificação em categorias sócio-ocupacionais merecem ser destacados tais como Ribeiro e Lago (2000), Jannuzzi (2001), Silva (1985) Jorge et al (1985). A primeira etapa foi selecionar as ocupações a serem utilizadas. Para isso, verificou-se a lista completa de ocupações definida pelo IBGE, destacando aquelas típicas com formação universitária. Em seguida, foi feita uma agregação de ocupações com certa proximidade, obtendo-se dez grupos ocupacionais. Ribeiro e Lago, ao classificarem as categorias sócio-ocupacionais consideram que os profissionais de nível superior aqui estudados constituem o segundo grupo na hierarquia da estrutura ocupacional do mercado de trabalho no Brasil, atrás apenas dos dirigentes e grandes empregadores. A lista completa das ocupações selecionadas está apresentada no apêndice, enquanto os dez grupos ocupacionais estão listados na tabela abaixo. Tabela - Grupos de ocupações universitárias selecionadas e seus respectivos códigos

Código Grupos Ocupacionais

2142/2143/2145/2021/2141/2144/2146/2147/2148/2149/

2011/2221

Arquitetos, engenheiros, agrônomos e afins

2123/2124 Analista de sistemas e especialistas em informática 2111/2112/2131/2132/2133/

2134/2211 Profissionais das ciências biológicas, matemáticas e da natureza

2231/2232/2233/2234 Profissionais da Saúde 2515 Psicólogos e psicanalistas 2340 Professores do ensino superior

2511/2512/2513/2514 Profissionais das ciências sociais e humanas 2412/2421/2410/2422 Profissionais das ciências jurídicas

2522 Contadores e auditores 2516 Assistentes sociais e economistas domésticos

Fonte: IBGE Na seleção dos grupos ocupacionais, além de se procurar a agregação de ocupações afins, levou-se em consideração o número de pessoas levantadas pela PNAD em cada

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grupo, de modo que nenhum tivesse um número muito reduzido de pessoas, inviabilizando a obtenção de estimativas com alguma confiabilidade. 5 As ocupações selecionadas representam pouco mais de 2 milhões de pessoas ou 2,5% da população ocupada em 2004. O grupo mais numeroso é constituído pelos profissionais da saúde (médicos, dentistas e veterinários) seguindo-se os profissionais da ciência jurídica (advogados, juízes, procuradores etc) e os engenheiros, arquitetos e agrônomos. Seguem-se os professores do ensino superior, os contadores e auditores e os analistas de sistemas. Os menores grupos são constituídos por assistentes sociais, psicólogos e psicanalistas, profissionais das ciências sociais e humanas, e profissionais das ciências biológicas, da matemática e da natureza. Tabela - Pessoas ocupadas em ocupações de nível superior por cor - Brasil 2004

Códigos Ocupação Pessoas de cor branca % Pessoas de cor

preta e parda % Total %

2142/2143/2145/2021/2141/2144/2146/2147/2148/2149/2011/2221 Arquitetos, engenheiros, agrônomos e afins 316.721 85 55.189 15 371.910 100

2123/2124 Analista de sistemas e especialista em informática 114.013 81 27.396 19 141.409 100

2111/2112/2131/2132/2133/2134/2211 Profissionais das ciências biológicas, matemáticas e da natureza 34.118 84 6.591 16 40.709 100

2231/2232/2233/2234 Profissionais da Saúde 384.722 87 59.034 13 443.756 100

2515 Psicólogos e psicanalistas 75.766 84 13.971 16 89.737 100

2340 Professores do ensino superior 173.045 81 40.367 19 213.412 100

2511/2512/2513/2514 Profissionais das ciências sociais e humanas 51.543 83 10.371 17 61.914 100

2412/2421/2410/2422 Profissionais das ciências jurídicas 350.733 82 78.841 18 429.574 100

2522 Contadores e auditores 147.137 73 55.794 27 202.931 100

2516 Assistentes sociais e economistas domésticos 64.687 67 31.848 33 96.535 100

Sub-total 1.712.485 82 379.402 18 2.091.887 100Outras ocupações 42.560.473 52 39.357.952 48 81.918.425 100Sem declaração 37.108 68 17.850 32 54.958 100Total 44.310.066 53 39.755.204 47 84.065.270 100

Fonte:IBGE/PNAD 2004 Um dos resultados mais notáveis é o desnível existente entre brancos e pretos /pardos no interior dos diversos grupos ocupacionais. Enquanto os pretos/pardos representam 47% no conjunto das pessoas ocupadas não passam de 18% no interior das ocupações universitárias. O gráfico abaixo apresenta uma melhor visualização dos desníveis existentes. O maior desequilíbrio é encontrado entre os profissionais da saúde onde apenas 13% são pretos/pardos. Mesmo entre os assistentes sociais, onde a situação é mais equilibrada, dois terços são pessoas brancas.

5 Como a PNAD é uma pesquisa amostral, suas estimativas têm um determinado nível de precisão que depende do tamanho da estimativa. Quanto maior o valor estimado maior tende a ser a precisão. Ilustrando, enquanto em uma estimativa de 10 mil pessoas o coeficiente de variação é de 25,5%, em outra de 50 mil pessoas, baixa para12%. Se a estimativa for de 100 mil pessoas, o coeficiente de variação não passa de 8,7% e se atingir 500 mil pessoas cai para apenas 4,1%. Portanto, os valores informados de pessoas brancas e pretas/pardas nos diferentes grupos ocupacionais devem ser interpretados como estimativas mais ou menos precisas. Isso é especialmente importante em alguns grupos de profissionais pretos/pardos cujos totais estimados são relativamente pequenos como será visto a seguir.

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Percentual das pessoas ocupadas em ocupações de nível superior por cor - Brasil 2004

87

85

84

84

83

82

81

81

73

67

13

15

16

16

17

18

19

19

27

33

Profissionais da Saúde

Arquitetos, engenheiros, agrônomos eafins

Psicólogos e psicanalistas

Profissionais das ciências biológicas,matemáticas e da natureza

Profissionais das ciências sociais ehumanas

Profissionais das ciências jurídicas

Professores do ensino superior

Analista de sistemas e especialista eminformática

Contadores e auditores

Assistentes sociais e economistasdomésticos

Brancos Pretos/PardosFonte: IBGE/PNAD 2004 Além de estarem bem menos representados entre os profissionais universitários, as pessoas pretas/pardas possuem uma outra desvantagem. A regra geral é receberem menores níveis de rendimento. Enquanto o rendimento médio dos brancos nos dez grupos ocupacionais atingia R$ 3.427, no caso dos pretos/pardos não passava de R$ 2.965. Embora o diferencial seja bem menor que o obtido para o conjunto da população ocupada, mesmo entre as profissões universitárias há uma diferença favorável aos brancos da ordem de 15%.6 Os níveis salariais nas diferentes profissões universitárias são grandes. A situação mais favorável ocorre com os profissionais da saúde com rendimento médio de R$ 4.591. Seguem-se os profissionais da ciência jurídica (R$ 3.560) e os professores de nível superior (R$ 3.499). Os menores rendimentos são recebidos pelos assistentes sociais (R$ 1.333). Os diferenciais entre os rendimentos de brancos e pretos/pardos no interior de cada grupo ocupacional são relativamente grandes e favoráveis aos primeiros. Há apenas um caso em que os rendimentos de pretos/pardos são ligeiramente superiores. Trata-se dos profissionais da saúde onde os rendimentos de pretos/pardos atinge R$ 4.717, três pontos percentuais acima do recebido pelos brancos (R$ 4.571). Curiosamente, é o grupo ocupacional com menor incidência de trabalhadores pretos/pardos (apenas 13%). Há ainda certo equilíbrio na remuneração média dos profissionais das ciências jurídicas.

6 Segundo a PNAD, o rendimento médio para todas as pessoas brancas ocupadas foi R$ 977, enquanto para as pretas/pardas não passou de R$ 511. Há, portanto, um diferencial de mais de 90% favorável aos primeiros.

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Rendimento médio das pessoas ocupadas em ocupações de nível superior por cor - Brasil 2004

2.566

2.125

2.130

4.717

1.826

3.305

3.011

3.542

2.447

1.063

3.086

2.670

2.712

4.572

2.485

3.544

3.236

3.564

2.868

1.470

Arquitetos, engenheiros, agrônomos eafins

Analista de sistemas e especialista eminformática

Profissionais das ciências biológicas,matemáticas e da natureza

Profissionais da Saúde

Psicólogos e psicanalistas

Professores do ensino superior

Profissionais das ciências sociais ehumanas

Profissionais das ciências jurídicas

Contadores e auditores

Assistentes sociais e economistasdomésticos

Pretos/Pardos BrancosFonte: IBGE/PNAD 2004

As maiores diferenças nos rendimentos médios ocorrem entre os assistentes sociais e os psicólogos/psicanalistas onde os brancos ganham respectivamente 38% e 36% a mais que os pretos/pardos. Também entre engenheiros, arquitetos, agrônomos, analistas de sistemas e profissionais das ciências geológicas, matemáticas e da natureza os diferenciais são elevados (acima de 20%). Na medida em que os rendimentos médios podem estar distorcidos por valores extremos, eventualmente encontrados na PNAD, foram também estimados os rendimentos medianos que não dependem dos extremos da distribuição de rendimentos. Os resultados são semelhantes e favoráveis aos trabalhadores brancos. Para o conjunto das ocupações selecionadas, a mediana da remuneração dos brancos atingiu R$ 2.500, enquanto a dos pretos/pardos ficou em R$ 2.000.7 Apenas entre os psicólogos/psicanalistas a mediana apresenta um resultado ligeiramente favorável aos profissionais pretos/pardos.8 No caso dos profissionais da saúde as medianas são iguais para os dois grupos. Nas demais ocupações a situação é sempre mais favorável para os brancos. Os maiores diferenciais ocorrem entre os assistentes sociais e o profissionais das ciências geológicas, matemáticas e da natureza, confirmando em parte os resultados encontrados com as remunerações médias. 7 Para o conjunto da população ocupada os valores da mediana foram, respectivamente, R$ 500 e R$ 320. 8 Os resultados das médias e medianas encontrados para psicólogos/psicanalistas parecem incongruentes, mas são perfeitamente compatíveis. As médias e medianas dependem muito dos valores extremos da distribuição dos rendimentos, especialmente aqueles muito elevados que deslocam a média para a direita. Portanto, a média pode ser mais elevada para os brancos, enquanto a mediana é mais alta para os pretos/pardos.

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Rendimento mediano das pessoas ocupadas em ocupações de nível superior por cor - Brasil 2004

2.000

2.000

1.600

3.500

1.600

2.700

2.000

2.000

1.760

750

2.500

2.200

2.300

3.500

1.500

3.000

2.500

2.200

2.200

1.100

Arquitetos, engenheiros, agrônomos eafins

Analista de sistemas e especialista eminformática

Profissionais das ciências biológicas,matemáticas e da natureza

Profissionais da Saúde

Psicólogos e psicanalistas

Professores do ensino superior

Profissionais das ciências sociais ehumanas

Profissionais das ciências jurídicas

Contadores e auditores

Assistentes sociais e economistasdomésticos

Pretos/Pardos BrancosFonte: IBGE/PNAD 2004

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4. Conclusão Este estudo mostrou com bastante clareza a situação mais desfavorável dos pretos/pardos relativamente aos brancos no mercado de trabalho no país. Em geral, os primeiros possuem menores níveis de escolaridade e, portanto, assumem as piores ocupações, recebendo os menores rendimentos. Apesar de haver certo equilíbrio na distribuição de brancos e pretos/pardos na população ocupada, correspondendo aproximadamente à distribuição da população brasileira segundo a cor, quando analisadas apenas as ocupações universitárias, verificou-se que a participação de pretos/pardos é muito inferior a de brancos, configurando um perfil de desigualdade no interior da sociedade. A situação mais equilibrada na distribuição dos profissionais de nível superior ocorre entre os assistentes sociais que representa a ocupação com menores níveis de remuneração. Mesmo nesse caso, de cada três trabalhadores encontrados apenas um é preto/pardo. Os desníveis em termos de remuneração entre brancos e pretos/pardos no interior dos diversos grupos ocupacionais universitários permanecem desfavoráveis aos pretos/pardos, porém em intensidade bem menor que a encontrada no conjunto da população ocupada. Este resultado era esperado, na medida em que a população ocupada branca possui um nível de escolaridade bem mais elevado que os preto/pardos ocupados, enquanto na comparação entre trabalhadores universitários estão sendo consideradas pessoas homogêneas em termos de escolaridade. Se por um lado no conjunto da população ocupada os trabalhadores brancos recebem cerca do dobro dos rendimentos de pretos/pardos, quando considerados apenas os trabalhadores universitários o diferencial de remunerações cai para apenas 15%. Nessa medida, pode-se inferir que uma vez atingido o nível universitário, pretos/pardos conseguem rendimentos comparáveis aos recebidos pelos profissionais brancos com terceiro grau. Embora a diferença de remuneração entre brancos e pretos/pardos universitários possa estar associada a outros fatores como o sexo dos trabalhadores, sua faixa etária, posição na ocupação, nível de especialização na carreira escolhida, região em que vivem e outras, o resultado sistematicamente favorável aos brancos (com pouquíssimas exceções), sugere que algum nível de discriminação no mercado de trabalho existe, mesmo entre os trabalhadores universitários. Tal resultado corrobora outros estudos que identificam nos diferenciais de escolaridade a principal razão para os desníveis de rendimento encontrados no país e, que, também, apontam para a discriminação como uma das causas, porém com efeito reduzido frente aos resultantes dos desníveis da escolaridade.9

9 Ver, por exemplo, Ramos e Vieira (2001).

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Bibliografia Jorge, Ângela Filgueiras et al – “Categorias Sócio-Ocupacionais: uma perspectiva para análise da força de trabalho e da distribuição de rendimento no Brasil”, Anais do IV Encontro Nacional da ABEP, v. 1, Outubro de 1984. Pesquisa Mensal de Emprego – “Características da População em Idade Ativa Segundo a Cor ou Raça nas Seis Regiões Metropolitanas”- IBGE, Março de 2004. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 – Microdados. IBGE, 2005, CD-ROM. Petruccelli, José Luis - “A Cor Denominada: Um Estudo das Informações da PME/1998”, Texto para Discussão n. 3, Diretoria de Pesquisa, IBGE, Rio de Janeiro, Outubro de 2000. Petruccelli, José Luis – Mapa do Ensino Superior – Série Ensaios e Pesquisas n. 1- UERJ – Rio de Janeiro, Setembro de 2004. Ramos, Lauro e Vieira, Maria Lucia – “Desigualdade de Rendimentos no Brasil nas Décadas de 80 e 90: Evolução dos Principais Determinantes”, Texto para Discussão, n. 803, IPEA, Rio de Janeiro, Junho de 2001. Ribeiro, L C e Lago, Luciana C – “O Espaço Social das Grandes Metrópoles Brasileiras”, Estudos Urbanos e Regionais, n. 3, Rio de Janeiro, Novembro de 2000. Saboia, Ana e Cobo, Barbara – “Um panorama recente da desigualdade no Brasil a partir dos dados da PNAD 2002” – Texto para Discussão, nº 16, Diretoria de Pesquisas, IBGE, Rio de Janeiro, 2004. Saboia, Ana e Oliveira, Luiz A. – “Perfil Sócio-Econômico da População Negra no Brasil: diferenças estaduais” – texto para Seminário Preparatório para a Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, Salvador, Bahia, Novembro de 2000. Silva, Nelson do V. – “Uma Classificação Ocupacional para o Estudo da Mobilidade e da Situação do Mercado de Trabalho no Brasil”, s.d. (mimeo). Síntese de Indicadores Sociais 2005 – IBGE, Série Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e socioeconômica, n.17, Rio de Janeiro, 2006. Teixeira, Moema de Poli, “A questão da cor nas relações de um grupo de baixa renda”, Cadernos Cândido Mendes, estudos Afro-Asiáticos, n. 14, Setembro de 1987. Tilly, Charles – “Durable Inequality” Berkeley: University of California Press, 1998.

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Anexo – Ocupações e Códigos Ocupacionais

Código2011/2021/2141/2142/2143/2144/2145/2146/2147/2148/2149/2221

2011 Bioengenheiro, biotecnologista, Engenheiro geneticista20212141 Engenheiro arquiteto, paisagista, urbanista, auxiliar de arquitetura2142214221422142214221422142214321432143214321432143214321432143214421442144214421442144214421442144214421442144214421452145214521452145214521452145214621462146214721472147214821492149214921492149214921492221

Ocupações

Engenheiro mecatrônico

Analista de: concreto, tráfego

Arquitetos, engenheiros, agrônomos e afins

Calculista orçamentário de obrasEngenheiro de operação (no transporte rodoviário)Engenheiro de: solos, tráfego, transportesEngenheiro encarregado da movimentação de materiaisEngenheiro: calculista, civil, manut. de obras, hidráulico, rodoviário, sanitaristaTecnólogo em: engenharia civil, saneamentoEngenheiro de manutenção: elétrica, eletrônicaEngenheiro de operação: eletrônica, eletrotécnicaEngenheiro de projetos: elétricos, eletrônicosEngenheiro de: instrumentação, telecomunicações, telefoniaEngenheiro eletrônico de: máquinas de processamento de dados, vídeo e áudioEngenheiro eletrônico projetista, pesquisador de telecomunicaçõesEngenheiro: eletricista, eletrônico, eletrotécnico de projetosProjetista de redes de distribuição de energiaTecnólogo de: eletricidade, eletrônica, telecomunicaçõesEngenheiro de controle de reparação mecânicaEngenheiro de controle de: manutenção mecânica, de veículosEngenheiro de: aparelhos e dispositivos didáticos, construção naval, produçãoEngenheiro de: manutenção, operação mecânicaEngenheiro mecânico especialista (em armamentos)Engenheiro mecânico: industrial, de instalaçõesEngenheiro projetista de: ferramentas, motoresEngenheiro: aeronáutico, termomecânicoEspecialista (em engenharia de: compressores, motores geradores)Projetista de: ferramentas de corte e repuxo, máquinas, equipamentos, motoresProjetista de: refrigeração, veículosProjetista: aeronáutico, eletromecânico, mecânico, navalTecnólogo de mecânicaEngenheiro de: celulose e papel, operação têxtilEngenheiro de: processamento, desenvolvimento químicoEngenheiro tecnólogo de alimentos e bebidasEngenheiro: químico, têxtilEnologista, enólogoTecnólogo de: alimentos e bebidas, borracha, carburantes, fibras artificiais e sintéticasTecnólogo de: materiais plásticos, papelTecnólogo: têxtil, em petroquímicaEngenheiro de operação metalúrgicaEngenheiro: metalúrgico, siderúrgicoTecnólogo em: processos de produção e usinagem, soldagemEngenheiro de: minas, perfuraçãoEspeleologista, mineralogista, minerógrafo, minerólogo, metalista (engenheiro de minas)Pesquisador, prospector de: jazidas, minériosEngenheiro: agrimensor, cartográfico, cartógrafo, medidor

Engenheiro de segurança: do trabalho, industrial

Especialista (em controle de qualidade e planejamento)

Engenheiro de planejamento industrial, planejador de controle de qualidade

Agrônomo, reflorestador

Engenheiro de: controle de qualidade, custos, normas e especificaçõesEngenheiro de: organização e métodos, planejamento e controleEngenheiro de: organização industrial, tempos e movimentosEngenheiro: orçamentista, pesquisador

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2410/2412/2421/242224102410241224122421242124212422 Defensor, promotor público - incl. adjunto

2123/21242123 Webmaster, administrador de: banco de dados, rede, sistema computacional2124212421242124

2111/2112/2131/2132/2133/2134/2211

2111211121122112213121312131213221322132213221322132213221322132213321332134 Estratígrafo, geofísico, geólogo, geoquímico, oceanógrafo, petrógrafo22112211221122112211221122112211221122112211

Bacteriologista, bacteriólogo, biologista, biólogo, biomédico, bioterista, botânico

Auxiliar bacteriologistaAuxiliar de controle bacteriológico

Agrostiógrafo, agrostiólogo, agrostólogo, algologista, analista de micróbios, anatomista

Profissionais das ciências jurídicasAdvogado: auxiliar, contencioso, criminalista, de cobrança, provisionadoAssistente, consultor, orientador jurídico, causídico, criminalista, jurisconsulto, juristaAdjunto, subprocurador, procurador (na justiça)Procurador: autárquico, comercial, da fazenda nacional, de empr., distrital, geral, regionalDesembargador, magistrado, corregedor (juiz)Juiz de: direito, paz, trabalhoJuiz: eleitoral, estadual, federal, militar - incl. substituto

Analista de sistemas e especialistas em informática

Analista de sistema em: planejamento e controle, engenharia de produçãoAnalista de sistemas de: computacionais, computador, suporte - incl. auxiliar, tecnólogoAnalista de: computador, microcomputador, processamento de dados, redeChefe de: operador de computação, seção de processamento de dados

Profissionais das ciências biológicas, matemáticas e da natureza

Atuário, geômetra, matemático - incl. auxiliarEspecialista (em pesquisa operacional)Analista de métodos quantitativos, assistente de seção de estatística, bioestatístico

Químico: galvanoplasta, industrial

Demógrafo, estatístico: analista, matemáticoBiofísico, piezometrista, preparador de ensaios físicosFísico: nuclear, instrumentador, químico, magnéticos - incl. auxiliarInspetor de ensaios: físicos, magnéticosAnalista: de gases, em laboratório, químico industrial - incl. auxiliar

Analista de tempo, anemógrafo, anemólogo, astrofísico, astrônomoMeteorologista, auxiliar de meteorologia, físico de astrofísica

Perfumista (químico industrial)Químico de laboratório de: controle, solosQuímico de: departamento de controle de qualidade, fabricação, planta, processosQuímico: agrícola, analista, assistente, bacteriologista, consultor - incl. auxiliar

Assistente de departamento químico - incl. chefeEspecialista (em tratamento de água), estequiometristaIndustrial (na fabricação de produtos químicos) - conta própria

Biólogo de pesquisas, briologista, carcinologista, carcinólogo, citotecário, ecologistaEcólogo, entomologista, entomólogo, fenologista, ficologista, fitógrafo, geneticistaFisiologista - excl. médicoHelmintologista, herpetógrafo, herpetologista, herpetólogo, hidrobiologista, histologistaIctiógrafo, ictiólogo, insetologista, lepidopterologista, litologista, litólogo, microbiologistaNaturalista, ofiologista, ornitólogo, paleobotânico, paleofitólogo, paleontologistaPaleontólogo, paleozoologista, pesquisador botânico, zoologista, zoólogo

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2231/2232/2233/2234

223122312231223122312231223122312231223122312231223122312231223122312232223222322233223322332234223422342234223422342234234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340234023402340

Profissionais da Saúde

Médico: acupunturista, alergista, alergologista, alienista, alopata, anatomopatologistaMédico: anestesista, anestesiologista, angiologista, cancerologista, cardiologista, clinicoMédico: cirurgião, dermatologista, embriologista, endocrinologista, endoscopista

Chefe de clínica médica, obstetriz, plantonista de ambulatórioClinico: geral, patologista, psicólogoMédico de: família, medicina esportiva, perícias médicas, saúde públicaMédico do trabalho

Médico: epidemiologista, facultativo, fisiatra, fisiologista, foniatra, gastroenterologistaMédico: geneticista, geriatra, gerontologista, ginecologista, hansenólogo, hematologistaMédico: hemoterapeuta, higienista, histologista, homeopata, Interno de hospitalMédico: laboratorista, laringologista, legista, litotomista, metabolista, metabologistaMédico: militar, nefrologista, neuroanatomista, neurocirurgião, neurologista, neuropediatraMédico: neuropsiquiatra, obstetra, oculista, oftalmologista, oftalmotorrinolaringologistaMédico: oncologista, ortopedista, otorrino, otorrinolaringologista, parteiro, patologistaMédico: pediatra, pneumologista, pneumotisiologista, proctologista, psiquiatra, radiologistaMédico: radioterapeuta, reumatologista, roentgenologista, sanitarista, sexologistaMédico: tisiologista, traumatologista, traumato-ortopedista, urologista, visitadorChefe de clínica dentaria, cirurgião dentista, práticoEndodontólogo, odontologista, odontólogo protesista, odontopediatra, odontoradiologistaOrtodontista, ortodontólogo, periodontistaDono, empresário, proprietário de serviços veterinários - conta própriaMédico, chefe de clínica, cirurgião, patologista (em medicina veterinária)Veterinário - incl. SanitaristaAuxiliar de cosmetologiaBioquímico, boticário, farmacologista, farmacotécnico, hemobioquímico, sorologistaDono, empresário, sócio proprietário(na fabr. de produtos farmacêuticos) - conta própriaFarmacêutico (diplomado)Farmacêutico: bioquímico, bromatologista, cosmetólogo, cosmiatra, hospitalar, de alim.Farmacêutico: imunologista, industrial, sanitarista, toxicologista ToxicólogoIndustrial (na fabricação de produtos farmacêuticos) - conta própria

Professores do ensino superiorLente, livre docente, mestreMestre, professor de amostragem estatística Mestre, professor de análise estrutural Mestre, professor de análise: macroeconômica, microeconômica Mestre, professor de clínica: cirúrgica, médica Mestre, professor de construções metálicas e de concreto Mestre, professor de direito: administrativo, comercial, constitucional Mestre, professor de direito: financeiro e tributário, penal, civil Mestre, professor de ensino: de pós-graduação, do 3º grau, superiorMestre, professor de fundamentos específicos da comunicação Mestre, professor de literatura da língua: francesa, inglesa, portuguesa Mestre, professor de matemática - incl. financeira Mestre, professor de materiais de construção (engenharia e arquitetura) Mestre, professor de mecânica dos solos (engenharia e arquitetura) Mestre, professor de metodologia da educação física e dos desportosMestre, professor de orientação educacional Mestre, professor de pesquisa: econômica, educacional, operacional Mestre, professor de planejamento de arquitetura Mestre, professor de planejamento urbanístico (engenharia e arquitetura) Mestre, professor de química: inorgânica, orgânica Mestre, professor de religião, sociologia, topografia Mestre, professor de resistência dos materiais (engenharia e arquitetura)Mestre, professor de tecnologia especializada (engenharia e arquitetura) Mestre, professor de teoria: econômica matemática de sistemasMestre, professor de: administração, álgebra linear, anatomia Mestre, professor de: antropologia, astronomia, biologia geral Mestre, professor de: cálculo numérico, ciências políticasMestre, professor de: circuitos elétricos e eletrônicos, contabilidadeMestre, professor de: demografia, desenho técnico, didáticaMestre, professor de: economia, enfermagem, engenharia rural Mestre, professor de: estatística, farmacologia, filosofia, físicaMestre, professor de: fisiologia, fisioterapia, francês, geografia Mestre, professor de: geologia geral, história, inglês, lingüística Mestre, professor de: medicina do trabalho, meteorologia Mestre, professor de: metalografia, mineração e petrografia (engenharia)Mestre, professor de: plástica, português, prática de ensino, psicologia Mestre, professor de: siderurgia, tratamento de minérios (engenharia) Mestre, professor: pesquisador, universitário

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2511/2512/2513/251425112512251225122512251225122512251225122512251225132514251425162516251625162516251625222522252225222522252225222522252225222515251525152515

Profissionais das ciências sociais e humanasAntropologista, antropólogo, arqueólogo, paleetnólogo, sociólogoAnalista (em economia), assistente econômico-financeiroAnalista de processamento: bolsa, de investimentos, open, ouroAnalista de: controle orçamentário, custo e orçamento, economia, finanças, investimentoAnalista de: estudos econ., mercado de produtos e serviços, mercadologia, orçamentosAnalista de: previsão financeira, promoção de investimento, underwritingAnalista: econômico, financeiroAssistente de estatística e análise econômico-financeiraEconomista - incl. AuxiliarEconomista: em mercadologia, em programação econômico-financeira, budget, ruralEspecialista (em: planejamento econômico e social, setor financeiro)FinancistaGenealogista, geógrafo, historiador, historiógrafoCientista político, filósofo, politicólogoEspecialista em ciências políticas

Assistentes sociais e economistas domésticosAdjunto de serviços assistenciaisAgente, assistente, atendente de serviço socialAuxiliar de: assistente, previdência, serviço socialAuxiliar, visitador socialEconomista doméstico

Contadores e auditoresAdministrador de contadoria e registros fiscaisAnalista de: balanço, contabilidade, contas a pagar, custos, documentos fiscais, escrita Analista, especialista, inspetor contábilAuditor: contábil, fiscal, financeiro, geral, interno, de contabilidade e orçamentosChefe de contabilidade: comercial, de custo, de importação, financeiraChefe de: contas, controle contábil, escritório de contabilidadeContabilista, contador, subcontador (com formação superior)

Psicólogo: clínico, de esporte, de trânsito, do trabalho, educacional, industrial, jurídicoPsicólogo: social, selecionador

Inspetor de: auditoria, escrita fiscal, finançasPerito: contador, de balanço, liquidador

Psicólogos e psicanalistasPraxiterapeuta, psicanalista, Técnico de seleção de pessoal (psicólogo)