Brasil Paraguai Serra do Maracaju

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    A Questo da Serra do Maracaju

    Pedro Henrique Yacubian (2007)

    A questo da Serra do Maracaju, trecho de cerca de 1300 hectares situado na

    cabeceira norte da rea do reservatrio de Itaipu e reivindicado pelo Paraguai,

    teve incio na dcada de 60, mais precisamente em 1962, quando se iniciavam os

    trabalhos preliminares, pelo Brasil, para aproveitamento hidreltrico na regiode Sete Quedas. A primeira Nota, M.R.B. n 94 de 12/03/1962, enviada pela

    Embaixada do Paraguai no Rio de Janeiro, afirmou que o Paraguai consideraque su domnio territorial y fluvial se extiende sobre el Salto Del Guair o SaltoGrande de las Siete Cadas, alm de atestar que o trecho de 20 km do marco341/IV a Sete Quedas no estava demarcado.

    Seguiu-se Nota da Chancelaria brasileira, AAA/DAM/SDF/DAJ/24/254 (43) de19/09/1962, que afirmou ser o referido trecho territrio brasileiro, conforme os

    Tratado de 1872 e os trabalhos de demarcao realizados de 1872 a 1874. Aresposta paraguaia, pela Nota de sua Chancelaria D.P.I. n 368 de 10/06/1963,

    foi de que o Salto Grande de Sete Quedas no totalmente brasileiro, e que o

    Paraguai teria derechos de soberania y derechos de condomnio sobre las

    guas, en cuanto puedan ser utilizados cualquiera de sus recursos. As Notasnada diziam sobre nova linha de limites mais ao norte, o que viria a acontecer

    somente em 1965, pela Nota D.P.L. n 712 da Chancelaria paraguaia, de

    14/12/1965.

    Antes, porm, de analisar os fatos aduzidos pelo Paraguai, deve-se recordar que

    havia situao delicada na regio. O Porto Coronel Renato, situada no trecho em

    litgio, foi ocupada por destacamento militar brasileiro em 1965. A ComissoMista de Limites e de Caracterizao da Fronteira Brasil-Paraguai realizava

    trabalhos na regio. A Delegao paraguaia desta Comisso questionou a

    ocupao da cidade por brasileiros, tendo em vista que aquele trecho ainda no

    fora demarcado e, conseqentemente, no haveria como definir os limites entreos dois pases. Os militares, munidos de mapas confeccionados aps o trabalho

    demarcatrio de 1874, indicaram ser o territrio, de fato, brasileiro. Alguns

    meses depois, a Nota n 712 foi recebida pelo Governo brasileiro.

    Nela, os argumentos essenciais apresentados pelo Paraguai so os seguintes:

    1) O Tratado de Limites de 1872 afirma, em seu artigo 1: O territrio do

    Imprio do Brasil divide-se com a Repblica do Paraguay pelo lveo do rioParan, desde onde comeam as possesses brasileiras na foz do Iguass at oSalto Grande das Sete Quedas do mesmo rio Paran; Do Salto Grande das SeteQuedas continua a linha divisria pelo mais alto da Serra de Maracaju at ondeela finda; (...). Segundo o Governo paraguaio, a demarcao realizada entre1872 e 1874 fue parcial y no est concluda an, faltando poner hitos em losveinte kilmetros de linea divisoria por la cumbre de la sierra del Mbaracay

    prximos al Salto del Guair, recientemente ocupada por el Brasil com fuerzasmilitares. Para sustentar seus argumentos, afirmou:

    - A Comisso Mista, com instrues pelo Protocolo de 1930, que a instituiu,

    realizou trabalho ingente ao colocar 846 marcos ao longo da fronteira seca. Istono foi uma demarcao completa, tendo em vista que os 6 marcos colocados no

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    sculo XIX seriam insuficientes. No IV setor da fronteira seca, que vai do marco

    do Ibicu ao Salto Grande das Sete Quedas, conforme definido pela Ata da

    Dcima Segunda Conferncia (junho de 1940), os 341 marcos colocados

    demarcaram o trecho, enquanto os 20 km at as Quedas ainda estavam por

    demarcar (recordando que, na 5 Queda, no havia marco, j que os

    demarcadores consideraram o acidente geogrfico natural e imutvel).- Tanto no estava demarcada, que houve at novo Tratado de limites entre os

    dois pases, o de 1927, denotando que o prprio Governo brasileiro partilhava da

    opinio paraguaia.

    - Citou diversas Atas das Conferncias da Comisso Mista onde a palavrademarcao aparece. So elas a 2 (julho de 1933), a 11 (agosto de 1939), a

    13 (maio de 1941), a 15 (maio de 1945), a 16 (julho de 1949), a 19 (julho de

    1954), a 21 (21 de dezembro de 1955), a 22 (27 de dezembro de 1955) e a 25

    (novembro de 1961).

    - Como a Comisso Mista realizara, na dcada de 60, levantamento topogrfico

    do trecho em questo, o Paraguai afirmou que os mapas apresentados pelosmilitares eram insuficientes por apresentar erros. Devido a isso, deveriam ser

    desprezados em favor do que afirmam os Tratados.

    2) Segundo o Governo paraguaio, com base no trabalho topogrfico altimtrico

    da serra, o mais alto da Serra do Maracaju seria o ramal setentrional do trecho,

    e no o meridional reivindicado pelo Brasil: Estos trabajos realizados por la

    Comisin Mixta [o levantamento] demuestran acabadamente que la lneadivisoria en la cumbre de la Sierra de Mbaracay es la del ramal nortecorrespondiendo al Paraguay, por consiguiente, todo territrio situado al sur edicha lnea.

    A Nota termina com as seguintes afirmaes:

    a) No se ha terminado la demarcacin de los lmites fijados en el Tratado de1872 entre nuestros dos Estados; se halla incompleta y en ejecucin".

    b) Sera nula y sin valor cualquier demarcacin que se aparte del Tratado de

    1872, que es la ley fundamental de las partes.

    O Brasil respondeu pela Nota n 92, de 25/03/1966, elaborada pelo ento Chefe

    da Diviso de Fronteiras, Embaixador Joo Guimares Rosa. Sigo o esquemaelaborado para apresentar a argumentao paraguaia, com as respectivas

    respostas.

    1) Os trabalhos realizados pela Comisso Mista so de caracterizao da

    fronteira, no de demarcao. O que foi feito de 1872 a 1874 plenamente

    vlido e a colocao de novos marcos serviu to-somente para melhor identificar

    a linha de limite, tendo em vista que, na fase demarcatria, foram colocadossomente 6 marcos principais para indicar os pontos notveis da fronteira. As

    razes aduzidas so as seguintes:

    - Os marcos colocados pela Comisso Mista caracterizaram a fronteira,

    conforme afirma o Prembulo do Protocolo de Instrues para a Demarcao e

    Caracterizao da Fronteira Brasil-Paraguai: (...) Os Governos da Repblicados Estados Unidos do Brasil e da Repblica do Paraguai, no intuito e dar

    cumprimento ao estipulado no pargrafo nico do artigo terceiro do tratado delimites, complementar do de 1872, firmado no Rio de Janeiro a 21 de maio de

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    1927, e, por outro lado, no de ATENDER A NECESSIDADE DE SEREM REPARADOS ALGUNS DOS MARCOS DA FRONTEIRA ENTRE OS DOISPASES, DEMARCADA DE 1872 A 1874, POR UMA COMISSO MISTA

    BRASILEIRO-PARAGUAIA, de serem substitudos os marcos da mesma fronteira, que hajam desaparecido, e de serem colocados marcos

    INTERMEDIRIOS nos pontos QUE FOREM JULGADOS CONVENIENTES,resolveram celebrar o presente ajuste, no qual todas essas providncias seacham indicadas (realce no original). Como se percebe, ambos pases jhaviam acordado que a fronteira estava demarcada desde 1874. Mais: segundo o

    artigo 2 do Protocolo, foi constituda uma Comisso Mista de Limites e deCaracterizao da Fronteira Brasil-Paraguai. Ao longo da Nota n 712,

    principalmente no 8, o Governo paraguaio denominou-a Comisin Mixta deDemarcacin y Caracterizacin de la Frontera, de modo sub-reptcio.

    - O Tratado de 1927 nem cita o trecho da fronteira da seca. Foi elaborado em1927 devido aos problemas de delimitao do Chaco entre o Paraguai e a

    Bolvia. Resolvida a pendncia, o Brasil e o Paraguai assinaram o Tratado, quetrata do trecho da foz do rio Apa at a Baa Negra, ao longo do rio Paraguai.

    - A palavra demarcao utilizada, muitas vezes, de forma aleatria. O

    Protocolo de 1930 bastante claro. Inclusive, em seu artigo 10, afirma,

    novamente, de forma explcita: a finalidade da caracterizao seria proceder reparao ou substituio dos marcos da fronteira comum, DEMARCADA DE1872 a 1874, que estiverem danificados ou destrudos, mantendo suasrespectivas situaes. Alm disto, observadas as prescries do tratado delimites de 9 de janeiro de 1872, e o que se contm na ata da 18 e ltimaconferncia da comisso mista executora do dito tratado de 1872, assinada em

    Assuno a 24 de outubro de 1874, construir novos marcos entre os j

    existentes, nas terras altas da referida fronteira [refere-se fronteira seca],indicadas naquele tratado de modo que cada trecho da linha divisria fiquedefinido por uma poligonal rectilnea, caracterizados seus vrtices pelos marcosexistentes e pelos que forem construdos, cumprindo que de qualquer deles se

    possam avistar, diretamente e a olhos desarmados, os dois contguos (realce

    no original). A Nota n 92 afirma que, se o Brasil acatar a posio paraguaia, deque no houve demarcao no terreno, ir contra as disposies dos Tratados de

    1927 e o Protocolo de 1930, alm do Tratado de 1872, que afirma ser o ponto

    final da fronteira no Salto Grande das Sete Quedas.

    - Apesar do novo levantamento topogrfico altimtrico realmente indicar dois

    caminhos pelo mais alto da Serra do Maracaju, um ao norte e outro ao sul, este o que condiz com o Tratado de 1872, com as Atas dos demarcadores e daComisso Mista caracterizadora. De fato, o Tratado afirma at o Salto Grande

    das Sete Quedas, o que j , por si s, bastante explcito. A linha paraguaiasetentrional terminaria acima da 1 Queda, num remanso a montante, cerca de 2

    km do Salto Grande.

    Na Ata da 11 Conferncia da Comisso Demarcadora, de 30/03/1874, afirma-

    se: se reunio neste logar margem direita do Paran e em frente ao Salto das

    Sete Quedas a comisso mixta demarcadora dos limites dos dous pazes (...).Foi declarado pelos Srs. comissrios que o fim desta reunio era authenticar-se

    a chegada da commisso mixta neste logar, extremo da linha Oeste-Leste, que partindo do marco do Ibicuhy, vem pelo alto da serra de Maracaj at esteSalto. De acordo com as instrues dos mesmos Srs. commissarios no se

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    colloca marco neste ponto por ser o Salto das Sete Quedas balisa natural eimutavel. A posio geographica do Salto e a descripo da linha pela serra de

    Maracaj sero consignadas na conferncia em que frem apresentadas asplantas que vo ser postas limpo.

    Na Ata da 16 Conferncia da referida Comisso, de 19/10/1874, diz-se sobre as

    plantas que foram elaboradas da regio e agora contestadas pelo Paraguai:nestas plantas (da serra de Maracaj) est representada por um trao

    contnuo de tinta encarnada a linha de limites dos dous pazes. Esta linha,traada pelo mais alto da serra, parte do marco collocado junto vertente

    principal do Igatemi e (...). Do marco do Ibicuhy segue a linha divisoria (...)neste ultimo rumo chega 5 e mais importante das Sete Quedas, que so

    formadas pelo encontro da serra com o rio Paran, havendo em frente uma pequena ilha. Todos os elementos geogrficos referidos nesta Ata foram

    encontrados pela delegados da 5 Conferncia da Comisso Mista de Limites eCaracterizao da Fronteira Brasil-Paraguai, em 1934. Os paraguaios, no

    entanto, disseram, poca, no ter elementos suficientes para ter cincia precisae exata da regio, necessitando de maiores estudos (nada se dizia ainda sobre um

    ramal ao norte, cabe ressaltar).

    Na Ata da 17 Conferncia, de 20/10/1874, descreve-se a linha a partir do Salto

    Grande: A partir do Salto das Sete Quedas a linha tem o rumo geral de 32,21 S.O., at uma pequena ilha na distncia de 12 Kil. Esta ilha fica sendo do

    dominio paraguayo. Dessa ilha a linha toma o rumo geral de 9 S.O. at segundo ilha distante 152,2 Kil. da primeira. Esta segunda ilha, denominada deSanta Maria, fica pertencendo ao Brazil. Da ilha de Santa Maria at a Barra do

    Iguass a linha de limites tem o rumo geral de 1 45 S.E. em 9,5 Kil. deextenso. A foz do Iguass o extremo Sul da linha divisoria dos dous pazes norio Paran. A posio geographica do Salto das Sete Quedas latitude 24 0351.42 Sul; longitude 11 06 00.30 [a Oeste do Observatrio Imperial, o quecorresponde a 54 18]; a declinao da agulha de 5 36 15 Nordeste. (...)

    Depois de mandar-se consignar em acta a descripo, acima transcripta, desta parte a linha de limites e a posio geographica dos dous pontos que acompreendem, foi encerrada esta conferencia, lavrando-se em duplicata a

    presente acta que depois de lida e aprovada foi assignada por toda a commissomixta.

    Cabe ressaltar que todas as Atas citadas foram assinadas pela Comisso Mista.

    Mesmo que nos mapas ou nas coordenadas geogrficas houvesse algum erro, o

    Tratado de 1872 e as Atas de 1874 so bastante claros: o trecho na serra estavademarcado e eventuais discrepncias poderiam ser resolvidas, conforme oProtocolo de 1930, pela Comisso Mista caracterizadora. Esta, inclusive,

    corrigiu com marcos de deslinde as divisrias entre Ponta Por - Pedro Juan

    Caballero, Sanga Puit Zanja Pyt, Coronel Sapucaia Capitn Bado e

    ParanhosYpejhu.

    Creio que isto demonstra, claramente, o direito que tem o Brasil de seguir a

    linha meridional, em acordo com todos os instrumentos bilaterais assinados

    entre ambos os pases. Alm de razes de jure, h tambm razes de facto quedeslegitimam a pretenso paraguaia.

    2) A partir do marco de Ibicu, inicia-se a serra do Maracaj, que estende paraleste e forma o vale por onde corre o rio Igurey. A cerca de 8 quilmetros do

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    Salto Grande das Sete Quedas, a massa principal dessa serra se bifurca em duas:

    uma ramificao setentrional que, aps um percurso de crca de 7 quilmetros,na parte final do qual atravessa por um banhado, vai-se projetar no rio

    Paran, bem acima do Salto Grande das Sete Quedas (texto da Nota n 92);uma ramificao meridional (a reivindicada pelo Brasil e presente em TODOS

    os instrumentos bilaterais at a 5 Queda) que, aps um percurso de cerca de10 quilmetros, na parte final do qual tambm atravessada (j abaixo da 5Queda) por um banhado, termina no ngulo formado pelos rios Pirati e Parane, por conseguinte, j bem abaixo das Sete Quedas.

    Esta a geografia das duas ramificaes da Serra do Maracaju. Como a massaprincipal da serra est na parte meridional, a ramificao setentrional seria, to-

    somente, um contraforte da outra ramificao. Alm disso, conforme Ata da

    Dcima Segunda Conferncia da Comisso Mista Caracterizadora, de

    20/06/1940, dividiu-se a fronteira terrestre (seca) em quatro setores, sendo o IV

    setor Desde ste ltimo marco [o do Ibicu, a 136 quilmetros das Quedas] at

    o Salto Grande das Sete Quedas. A linha paraguaia interceptada por banhadoantes de chegar ao rio Paran, contrariando a idia de linha seca. E o maisimportante: a linha no termina no Salto Grande, mas acima da 1 Queda.

    Aps esses argumentos, no houve resposta paraguaia. Em 22 de junho de1966, assinou-se a Ata de Iguau, que acordou em aproveitar o potencial

    hidreltrico da regio de forma bilateral. Ademais, no pargrafo VII, afirma-se

    que em relao aos trabalhos da Comisso Mista de Limites e Caracterizao

    da Fronteira Brasil-Paraguai, convieram os dois Chanceleres em que taistrabalhos prosseguiro na data que ambos os Governos estimaremconveniente.

    Em 1973, assina-se o Tratado de Itaipu. O artigo VII deste instrumento deextrema relevncia para a questo em apreo: As instalaes destinadas

    produo de energia eltrica e obras auxiliares no produziro variaoalguma nos limites entre os dois pases estabelecidos nos Tratados vigentes.Pargrafo 1 - As instalaes e obras realizadas em cumprimento do presenteTratado no conferiro, a nenhuma das Altas Partes Contratantes, direito de

    propriedade ou de jurisdio sobre qualquer parte do territrio da outra.Pargrafo 2 - As autoridades declaradas respectivamente competentes pelas

    Altas Partes Contratantes estabelecero, quando for o caso e pelo processo quejulgarem adequado, a sinalizao conveniente, nas obras a serem construdas,para os efeitos prticos do exerccio de jurisdio e controle.

    O caput do artigo claro quanto a suas intenes. Os limites entre Brasil eParaguai no sero alterados, o que implica, na regio em litgio, preservar a

    demarcao realizada entre 1872 e 1874, que materializou os pontos notveis doTratado de 1872.

    Com a devida ressalva de que no h problema territorial, conclumos:

    1) O que foi inundado pelo Lago foram as Sete Quedas e cerca de 20% da serra.

    Em relao demarcao da 5 Queda, ponto notvel acordado nas Atas de

    1874, existem trs coordenadas astronmicas: a da 17 Ata de 02/10/1874

    (latitude 24 03 51.42 e longitude 54 18); a de 1934 (latitude 24 03 58.187

    e longitude 54 17 11.415 WG); e a de 1958 (latitude 24 03 59.3 e longitude54 17 10.5 WG). Estas podem ser utilizadas para localizar, com certa

    preciso, a posio da 5 Queda e projet-la na linha de limites.

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    2) Os limites do Lago so uma projeo dos limites antes existentes. H um lado

    paraguaio, um lado brasileiro e as guas condominiais do antigo leito do rio

    Paran, que exponho a seguir. Isso faz com que a criao do Lago no afete os

    limites entre ambos os pases, cumprindo as disposies do art. VII do Tratado

    de Itaipu. Creio que o Lago uma obra, mesmo que acessria.

    3) O Tratado de 1872 afirma o seguinte: O territrio do Imprio do Brasildivide-se com a Repblica do Paraguay pelo lveo do rio Paran (...). Quandoum tratado de limites tem a expresso pelo lveo ou pelo leito, refere -se a

    guas condominiais, pertencendo aos pases somente as margens dos rios (a terra

    firme). O artigo I do Tratado de 1927 utiliza o mesmo conceito em relao ao rio

    Paraguai: Da confluncia do rio Apa, no rio Paraguay, at a entrada ou

    desaguadouro da Bahia Negra, a fronteira entre os Estados Unidos do Brasil ea Repblica do Paraguay formada pelo lveo do rio Paraguay, pertencendo amargem esquerda ao Brasil e a margem direita ao Paraguay. Desse modo, nocaso do Lago de Itaipu, haveria, efetivamente, trs guas: uma paraguaia, uma

    brasileira e uma condominial, no antigo leito do rio Paran. A empresa Itaipupossui as plantas antes e depois do lago, e seria possvel determinar essas guas.

    Por fim, a regio contestada pelo Paraguai , hoje, patrimnio da Itaipu

    Binacional e um refgio biolgico, criado em 27/06/1984, conforme RDE-

    051/84. Conta com rea de 1356,51 ha.

    *** Atualizado em 28/jan/2008 ***