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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação
XXVIII Encontro Anual da Compós, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, 11 a 14 de junho de 2019
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BRASILEIROS NA ESPANHA: comunicação e ativismo transnacional em contexto de crise econômico-política 1
BRAZILIANS IN SPAIN: communication and transnational activism in the context of economic-political crisis
Denise Cogo 2
Resumo: Esse artigo visa a analisar a comunicação e o ativismo transnacional de imigrantes
brasileiro (a) s, em Barcelona, Espanha, vinculado ao atual contexto de crise econômico-
política do Brasil, focalizando especialmente, as ações coletivas desses (a) s imigrantes contra
o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Fundamentado na interface teórica entre
comunicação, migrações, transnacionalismo e ativismo, o artigo se constrói com base na
realização de entrevistas semiestruturadas com sete ativistas brasileiro (a)s e a coleta de
materiais comunicacionais compartilhados em espaços digitais. Os resultados evidenciam a
complementaridade dos espaços da rua e das redes sociais digitais no exercício de um
ativismo no qual o(a) s imigrantes reatualizam os vínculos, participam e intervêm na política
do país de origem, se articulam com a diáspora brasileira no mundo e dão visibilidade à crise
econômico-política do Brasil em espaços sociais e midiáticos na Espanha e em outros países
da Europa.
Palavras-Chave: Comunicação. Emigração brasileira. Ativismo.
Abstract: This article aims to analyze the communication and transnational activism of
Brazilian immigrants in Barcelona (Spain), linked to the current context of economic and
political crisis in Brazil, focusing especially on the collective actions of these immigrants
against the impeachment of former President Dilma Rousseff. Based on the theoretical
interface between communication, migration, transnationalism and activism, the article is
based on semi-structured interviews with seven Brazilian activists and the collection of
communicational materials shared in digital spaces. The results highlight the
complementarity of street spaces and digital social networks in the exercise of an activism in
which immigrants update their links, participate and intervene in the politics of the country of
origin, articulate with the Brazilian diaspora in the world and give visibility to Brazil's
economic and political crisis in social and media spaces in Spain and other European
countries.
Keywords: Communication. Brazilian emigration. Activism
1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cidadania do XXVIII Encontro Anual da Compós,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS, 11 a 14 de junho de 2018. 2 Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM (Escola
Superior de Propaganda e Marketing), Pesquisadora Produtividade 1D do CNPq. E-mail:
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1. Emigração brasileira no mundo e na Espanha 3
Os anos 80 marcam uma inversão relevante na direção dos fluxos migratórios
internacionais no Brasil a partir do crescimento da emigração brasileiros para destinos como
Estados Unidos, Japão, Portugal e Paraguai. (MASANET; BAENINGER; MATEO, 2012;
SILVA, 2008). Cabe lembrar, contudo, que, já nas décadas de 60 e 70, se observa a existência
de fluxos migratórios de brasileiros, seja na condição de trabalhadores temporários nos Estados
Unidos, seja como exilados políticos da ditadura em diferentes países. Assis (2017) destaca,
ainda, que o fato do Brasil não possuir nessa época uma tradição emigratória, somado à pouca
relevância numérica destes fluxos migratórios, explicam, em grande medida, a falta de atenção
que esse novo fenômeno recebeu tanto por parte das autoridades brasileiras como de
acadêmicos.
A crise econômica dos anos 80 é apontada como um dos principais fatores
impulsionadores da emigração de brasileiros para o exterior, assim como, posteriormente,
também as frustrações associadas ao contexto político dos primeiros anos de redemocratização
do país vão colaborar para o incremento desses fluxos (MASANET, BAENINGER E MATEO,
2012). Além disso, a redução, nas últimas décadas, da mobilidade social para setores da
população brasileira, as altas taxas de desemprego e a precariedade laboral (emprego informal
elevado, instabilidade e baixos salários) são elencados igualmente como outros fatores que
impulsionam o deslocamento de brasileiros para outros países.
Pesquisadores vão se preocupar também em compreender a mobilidade de brasileiros
inscrita nas novas dinâmicas do capitalismo e da globalização e, dessa forma, como expressão
das crescentes desigualdades socioeconômicas entre as nações e das necessidades de mão de
obra por parte dos chamados países ricos (PATARRA, 2005). Essas novas dinâmicas
promoveram a flexibilização tanto dos processos e do mercado de trabalho, como de produtos
e padrões de consumo, colaborando para que a globalização dos hábitos de consumo e dos
estilos de vida dos países desenvolvidos através dos meios de comunicação de massas desse
origem também a aspirações “que não poderiam ser satisfeitas nos países de origem, o que se
traduz em potencialidades migratórias”. (MASANET; BAENINGER; MATEO, 2012, p. 8).
3 Artigo com resultados da pesquisa realizada, entre outubro de 2018 e fevereiro de 2019, durante estágio no
Instituto de la Comunicación da Universitat Autònoma de Barcelona, com Bolsa de Pesquisa no Exterior, processo
número 2018/02581-4, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
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Assis (2017) aborda a intensificação da emigração brasileira ao longo dos anos 90
articulada e alimentada por redes sociais que se constituíram ao longo do processo migratório,
favorecendo as conexões de bens, recursos, informações, e a conformação de comunidades
transnacionais que vinculam países de origem e destino dos imigrantes. Embora reconheçam
nas redes uma dinâmica importante na mobilidade de brasileiros sobretudo para o Norte global,
Dias e Martins Junior (2018) lançam um outro argumento de ordem estrutural no qual
relacionam às políticas socioeconômicas implementadas no Brasil a partir do final dos anos 90
o atual aumento e diversificação de classe, gênero e procedência regional dos fluxos de
emigração brasileira. Em estudo com brasileiros em Londres e de retornados ao Brasil, os
autores distinguem aspectos dessa política - como a abertura econômica brasileira ao fluxo de
capital internacional, a implementação de programas sociais e a expansão do mercado interno
– responsáveis por promover as condições estruturais que facilitaram a constituição de redes
sociais e incrementaram a emigração brasileira para o Reino Unido.
Dados levantados por Bogus e Baeninger (2018, p. 8) junto ao site Ministério de
Relações Exteriores (MRE) indicam que, em 2008, o número de brasileiros no exterior variava
entre 2.059.623 e 3.735.826 pessoas4. Em 2015, último ano com informação disponível no site
MRE, a comunidade brasileira vivendo fora do país somava 3.083.255. Entre os anos 2008 e
2011 e os anos de 2014 e 2015, houve, de acordo com as autoras, um aumento de imigrantes
brasileiros residindo no exterior, ao passo que os anos de crescimento do emprego no Brasil –
2012 e 2013 - registraram a diminuição no número de emigrantes. Embora reconheçam que
diversos fatores possam estar relacionados à decisão de migrar, Bogus e Baeninger (2018, p.
8) assinalam que “a dinâmica da economia nacional ainda se revela como causa importante
para a explicação do fenômeno emigratório que potencializa a saída ou retorno de brasileiros
e brasileiras para o país”.
A análise dos destinos da emigração no período 2008-2015 aponta para o crescimento
da comunidade brasileira na Alemanha, França e Suíça. Em outros países europeus, corno
Portugal, Espanha e Itália, onde a crise econômico-política nos últimos anos teve maior
impacto na dinâmica do mercado de trabalho, houve a diminuição na presença de brasileiros
e brasileiras. O mesmo é observado em relação ao Japão, um dos principais destinos da
4 Os dados do MRE não incluem a parcela expressiva de brasileiros que se encontram em situação não
documentada. O Japão é o único país onde praticamente toda a comunidade brasileira está regularizada e
documentada pelas estatísticas oficiais.
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imigração brasileira para o exterior em décadas passadas, que registrou o retorno de 42,04%
dos brasileiros residentes entre 2008 e 2014. Os Estados Unidos é um dos poucos países em
que, no período entre 2008 e 2015, manteve os padrões migratórios em patamares próximos as
anteriores, registrando um total de 1.490 mil brasileiros, possivelmente em função de ser um
destino migratório mais antigo em relação aos demais. No ano de 2015, os imigrantes
brasileiros estavam presentes em 138 países contra 112 em 2008. Os dez países com maior
número de residente brasileiros eram Estados Unidos, Paraguai, Japão, Reino Unido, Portugal,
Espanha, Alemanha, Suíça, Itália e França. (BOGUS e BAENINGER, 2018, p. 8).
Assis (2017) e Masanet Baeninger e Mateo (2012) explicam o crescimento da emigração de
brasileiros para a Europa relacionado, por um lado, às dificuldades de obtenção de vistos para
os Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001, e, por outro lado, à crise
econômica que se inicia naquele país em 2008. A essa conjuntura, soma-se a mobilidade de
brasileiros que escolhem países europeus para estudar e dos descendentes de italianos, alemães
e espanhóis que conseguem a cidadania para trabalharem legalmente na Europa.
Espanha é um dos países europeus que registrou, nas últimas décadas, um crescimento
importante da presença de brasileiros. Contudo, até meados do século passado, a Espanha
posicionou-se, principalmente, como um país de emigração que vivenciou deslocamentos
importantes de seus nacionais para destinos como Estados Unidos, Argentina, Brasil e Cuba
(RIPOLL, 2008). Contudo, o ingresso do país na União Europeia, em 1986, impulsionou um
novo cenário de incremento de fluxos migratórios para a Espanha, que, a partir dos anos 90, se
reposiciona como um destino de imigrantes procedentes de países da África, América Latina e
leste europeu5.
Embora a emigração brasileira para Espanha não possa ser considerada um fenômeno
recente, se considerarmos os brasileiros que buscavam a cidadania espanhola, o incremento
desse fluxo migratório de brasileiros, imperceptível numericamente nas estatísticas espanholas
até meados de 1990, se intensifica a partir dos anos 2000, associado sobretudo a dois fatores.
Por um lado, estariam as dificuldades de concessão do visto norte-americano e a exigência de
obtenção de visto para o México imposto aos brasileiros, o que passou também a dificultar a
migração para os Estados Unidos através da fronteira mexicana. Por outro lado, se situaria a
5 Dados de 1 de julho de 2018 divulgados pelo INE (Instituto Nacional de Estadística) registram que, do total de
uma população de 46.733.038, a Espanha possui 4.663.76 mil estrangeiros, considerando aqueles registrados no
chamado “padrón municipal”. Disponível em: www.ine.es
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dinâmica de crescimento da economia espanhola a partir do ano 2000 vinculado ao boom
imobiliário e às oportunidades de emprego abertas no setor da construção civil. assinalados
por (ASSIS, 2018; MASSANET E BAENINGER, 2011)
Outros fatores de atração de brasileiros para a Espanha referem-se à existência de uma
política de imigração mais flexível do país em relação a outros países europeus, assim como às
diferenças salariais entre Espanha e Portugal e o maior dinamismo da economia e do mercado
de trabalho espanhol antes da crise de 2008, o que acabou funcionando como atração de
brasileiros que já estavam morando em Portugal. (MASSANET; BAENINGER, 2011, p. 68).
Dados recentes do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) espanhol indicam que, em 1
de janeiro de 2018, viviam na Espanha, 130.975 brasileiros, dos quais 83.405 são mulheres e
47.390 são homens. Dentre as regiões da Espanha, a Comunidade Autônoma da Catalunha,
onde se situa Barcelona, é a região onde há maior registro de presença de brasileiros, total de
29.475, dos quais 22.234 residem na cidade de Barcelona.6 Entre os grupos migratórios da
Espanha, os brasileiros se destacam pela maior predominância de imigração feminina em
relação aos demais países latino-americanos. As brasileiras imigrantes, com perfis bastante
diversos, estão concentradas em setores de serviço, tanto doméstico como de cuidados, mas
também em outras atividades, assim como no mercado do sexo. (ASSIS, 2018)
Na perspectiva desses vínculos entre Brasil e Espanha engendrados pelos fluxos
migratórios, nos propomos a analisar, nesse artigo, a comunicação e o ativismo transnacional
de imigrantes brasileiro (a) s na cidade de Barcelona, relacionado ao atual contexto de crise
econômico-política do Brasil, focalizando especialmente, as ações coletivas desses (a) s
imigrantes relacionados ao processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Inicialmente, desenvolvemos, algumas reflexões conceituais para, em segundo momento,
apresentarmos a metodologia e os resultados da pesquisa.
2. Transnacionalismo, ativismo migrante e tecnologias da comunicação
Retis (2018) lembra que as aproximações teóricas ao transnacionalismo surgem nos
anos 90, conformando um campo de reflexão e crítica sobre o nacionalismo metodológico e a
necessidade de integrar, nas análises sobre as migrações, os espaços e condições de origem e
destino dos migrantes, o que possibilitaria compreender como os imigrantes não rompem com
6 Disponível em: www.ine.es
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o país de origem, mas configuram um campo social transnacional. Glick-Schiller, Basch e
Szanton Blanc (1992, p. 3) recorrem ao termo transmigrante para refletir que a vida cotidiana
dos migrantes, sobretudo nos contextos europeu e norte-americano, está constituída por
interconexões múltiplas e constantes entre fronteiras internacionais e identidades públicas
configuradas por relação múltiplas e simultâneas com mais de um estado-nação.
Guarnizo (2004) emprega a expressão “viver transnacional” para postular que as
dinâmicas de transnacionalismo migrante não se reduzem ao impacto econômico das remessas
monetárias norte-sul nas localidades de origem, , mas se compõe de um intenso fluxo de ideias,
comportamentos, identidades e capital social que coloca em relação as comunidades dos países
de acolhida e emissores de migração. (GUARNIZO, 2004). Mezzadra (2005, p. 100) ressalta,
contudo, que grande parte das pesquisas que enfatizam a constituição de novos espaços
transnacionais não sugerem a produção, por parte dos migrantes, de um espaço organizado de
conexão unidirecional entre o lugar de assentamento e o lugar de origem, mas sim de espaços
de contínuos e contraditórios movimentos de desterritorialização e reterritorialização que
decorrem dos processos de globalização e reconfiguram a própria noção de espaço e
pertencimento.
Portes (2004, p. 77) adverte, a esse respeito, que o exercício do transnacionalismo nem
sempre constitui uma prática universal ou regular entre os migrantes. Em contrapartida, não
deixa de reconhecer que o impacto macroeconômico e social para as comunidades e nações
gerados pelas ações dos migrantes não pode ser avaliado apenas pela dimensão numérica dos
envolvidos nessas ações, mas deve levar também em consideração a soma das ações
transnacionais regulares dos ativistas e daquelas pontuais realizadas por outros migrantes.
Dentre as ações transnacionais dos imigrantes, Tarrow (2010) lembra que podem abranger
desde a remessa de dinheiro e/ou visitas regulares dos ativistas aos países de origem para
investimento em empresas, obras filantrópicas e organizações de eventos culturais, até a
intervenção e participação direta nos processos políticos e eleitorais nesses países. No entanto,
o autor não deixa de ressalvar que essa participação não exclui os nacionalistas imigrantes que
mobilizam discursos das diásporas para, através do uso da violência, desestabilizar ou derrubar
governo dos países de origem, como, por exemplo, os croatas do Canadá, os irlandeses de
Boston, e os curdos da Alemanha. (TARROW, 2010, p. 60)
Sassen (2003, p.113) vislumbra na confluência entre globalização econômica e
digitalização social a emergência de dinâmicas de cidadania e política que se desenrolam no
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contexto de cidades globais, como é o caso, dentre outras, de Barcelona, Londres e São Paulo.
A grande cidade atual desponta como um lugar estratégico para uma série de novas formas de
ação políticas, econômicas, culturais e subjetivas que criariam, na visão da autora, também
novas estruturas de poder, mas também oportunidades narrativas e de ação para novos tipos de
atores políticos, como os imigrantes “até então possivelmente submergidos, invisíveis ou
silenciados”. Em perspectiva similar a de Lefbvre, que encontrou na classe trabalhadora de
Paris do século XX a força ativa de uma cidade que ele conceituava como obra, Sassen localiza
essa força ativa em dois atores das cidades globais: o capital global corporativo e a imigração.
Ao escapar de ordenamentos formais, as possibilidades dessas novas modalidades de
ação política e cidadã vão depender de projetos concretos e das práticas de distintas
comunidades na medida em que o sentido de pertencimento a estas comunidades não está
subsumido no nacional, podendo “revelar a possibilidade de ação política que, apesar de ser
transnacional, está centrada na realidade de localizações concretas” (SASSEN, 2003, p.113).
A autora interpreta essas formas de ação política como um movimento pelo exercício da
cidadania que gira em torno da reivindicação de novos direitos que abrangem desde os
protestos contra a brutalidade policial e a globalização até as políticas de orientação sexual e
ocupação de imóveis por grupos anarquistas.
Nesse contexto das cidades globais definidas por Sassen (2003, p. 91) como
“progressivamente privatizado, globalizado e escorregadio”, o desenvolvimento tecnológico
que propiciou tanto o barateamento dos custos dos transportes como a ampliação de acesso às
tecnologias da informação e comunicação são dois dos principais fatores apontados por autores
como a própria Sassen (2003), e ainda Portes (2004) e Retis (2018) como desencadeadores
de ações políticas de caráter transnacional. Portes (2004, p. 74) acrescenta, ainda, que, embora
exista em toda a história das migrações exemplos de transnacionalismo, “se comparado com o
passado, os migrantes dispõem hoje de muitos mais recursos tecnológicos para manterem laços
econômicos, políticos ou culturais com os respectivos países de origem”.
Navarro García (2014) se ocupa, igualmente, em analisar a emergência de vozes
coletivas dos migrantes e a renovação das modalidades de participação e mobilização políticas
através do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na produção do que
denomina de “novas esferas públicas transnacionais”. Nesses espaços, segunda ela, “as
populações migrantes e não migrantes podem se reencontrar, compartilhar interesses e valores
comuns; e como podem se mobilizar juntas para defender causas em novos espaços de ação
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coletiva”. (NAVARRO GARCÍA, 2014, p. 80). A autora sustenta, ainda, que a compreensão
da ação política que envolve os usos das tecnologias da comunicação não deveria se
fundamentar em uma concepção binária entre espaços midiáticos tradicionais e espaços criados
e produzidos pelos imigrantes. Ou, ainda, que esses espaços não podem ser considerados
intrinsecamente subversivos apenas pelo fato de envolverem questões de identidade étnica.
Martín-Barbero (2014) vislumbra na contradição de processos de globalização
centrados na técnica e na comunicação digitais, espaços e brechas que podem potencializar a
associação, a participação democrática e a defesa de direitos sociopolíticos e culturais, assim
como ativar experiências de expressividade e criação. Sem desconsiderar a globalização uma
fonte de desigualdades entre setores sociais, culturais e nacionais, o autor compreende as
dinâmicas globais como aqueles demarcadas por um modelo de comunicabilidade em rede,
interativo e conectivo. Nessa perspectiva, a noção de redes, entendidas como instâncias ou
organizações sociais heterogêneas que, na maioria das vezes, têm um caráter informal, tem
permitido aos pesquisadores das migrações rastrear e compreender as brechas referidas por
Martín-Barbero nas práticas comunicacionais concretas dos migrantes em espaços
transnacionais, nas quais se produzem dinâmicas de convivência, conectividade, vínculos e
intercâmbios. (COGO, 2018)7.
As novas formas organizativas baseadas em redes descentralizadas e horizontais e no
trabalho coletivo com suporte da internet, assim como a relevância da comunicação nos
processos de ativismo social e político, são elencados por Lago Martinez (2008, p. 103) como
duas características centrais das novas formas de intervenção política e ação coletiva, com usos
da internet e das tecnologias digitais, adotadas, desde o final dos anos 90, pelos movimentos
de resistência global em nível mundial e por coletivos sociais e culturais envolvidos nas lutas
dos movimentos sociais. A esses dois aspectos, a autora agrega também a mundialização do
protesto e a simultaneidade das ações de resistência, as novas estratégias de ação coletiva e
estética do protesto, e a integração da comunicação e da imagem em expressões escritas visuais,
audiovisuais e gestuais.
Assim, estudar as dinâmicas de comunicação em rede exige pensar a tecnologia não só
como novidade dos aparatos, mas como novos modos de linguagem e percepção, novas
sensibilidades e escrituras capazes de produzirem apropriações diversas e nem sempre
77 As redes sociais preexistem e, muitas vezes, alimentam as redes migratórias. Da mesma forma que não são
equivalentes as noções de redes sociais e de redes sociais digitais. (COGO, 2018).
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previsíveis das TICs em torno das quais o ativismo desponta “como possibilidade de
participação social, de experimentação transnacional e, em alguns casos, de transformação
social a partir de práticas cidadãs” (BRIGNOL, 2018, p. 127)
3. Metodologia da pesquisa
A metodologia da pesquisa aqui abordada, de caráter qualitativo, abrangeu dois
procedimentos - a realização de entrevistas semiestruturadas com sete ativistas brasileiros em
Barcelona e a coleta de materiais comunicacionais digitais produzidos e/ou compartilhados por
esses ativistas em espaços comunicacionais digitais, como as redes sociais Facebook, o
aplicativo de mensagens WhatSapp, sites, blogs e outras plataformas. A pesquisa partiu,
inicialmente, de um mapeamento exploratório que consistiu da observação das interação e
coleta de postagens sobre o episódio do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff 8 em
oito grupos de Brasileiros em Barcelona, na Catalunha e na Espanha no site de rede social
Facebook9:
Esse levantamento inicial serviu, por um lado, para identificar a existência de
mobilizações e debates de imigrantes brasileiros em Barcelona em torno do impeachment,
principalmente em dois grupos do Facebook - Brasileños em Barcelona e Brasileiros na
Espanha – grupo oficial. As interações de brasileiros nesses grupos, conforme observamos,
estiveram demarcadas pela polarização contra e a favor do impeachment e de sua configuração
ou como um “golpe”. Os dois grupos constituíram-se também como espaços de
compartilhamento de materiais informativos e midiáticos sobre o tema e de difusão de
convocatórias para mobilizações pró e contra o impeachment realizadas em Barcelona e em
outras cidades espanholas. Por outro lado, esse mapeamento colaborou para localizarmos
imigrantes para as entrevistas, embora, a partir da realização das entrevistas, tenha sido possível
constatar que alguns desses grupos do Facebook que escolhemos observar não eram os mais
utilizados pelos imigrantes no exercício do ativismo contra o impeachment.
8 Lembrando que esse artigo é o recorte de uma pesquisa que focalizou também o ativismo de brasileiros no
processo independentista da Catalunha e do referendo de outubro de 2017. 9 Os grupos podem ser acessados em: https://www.facebook.com/groups/brasileirosembcn/;
https://www.facebook.com/groups/5664956854/; https://www.facebook.com/ groups/neibcn/; Brasileiros em
https://www.facebook.com/groups/ 2054116884909867/; https://www.facebook.com/groups/conexionbrasil/;
https://www.facebook.com/groups/542353699258629/; https://www.facebook.com/groups/ 1898942280351278
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Um segundo procedimento da pesquisa consistiu na realização de sete entrevistas
semiestruturadas com imigrantes brasileiros em Barcelona que resultaram da observação dos
grupos do Facebook, mas principalmente de meu contato pessoal posterior com integrantes de
redes migratórias de brasileiros que moram na cidade.10 Como procedimento metodológico
complementar, solicitei aos entrevistados para adicionar seus perfis pessoais a meu Facebook
e para me adicionarem a um dos grupos do WhatSapp 11 – Amigos da Democracia – referido
pelos primeiros entrevistados, o que me permitiu acompanhar suas postagens e mensagens,
interagir com alguns deles, assim como me informar sobre a realização de eventos na cidade
com a participação desses ativistas12. Passei a acompanhar também os sites citados pelos
entrevistados e a coletar matérias nas mídias e redes sociais nas quais os imigrantes brasileiros
aparecem como fontes em entrevistas ou autores de matérias de opinião sobre o impeachment.
Por fim, reuni imagens de manifestações relacionadas ao impeachment que foram promovidos
pelos imigrantes em espaços públicos de Barcelona13.
4. Comunicação e ativismo de brasileiros: entre as ruas e as redes digitais
Dos sete brasileiros entrevistados em Barcelona, dois homens e sete mulheres, dois têm
origem afrodescendente14, e se situam na faixa etária entre 35 e 64 anos. Os entrevistados
procedem de cidades das regiões Sul, Sudeste e Nordeste de Brasil e possuem distintos tempos
de residência em Barcelona – entre 2 e 25 anos – conforme sintetizamos na tabela a seguir:
10 Agradeço especialmente à pesquisadora Maria Badet por ter me orientado sobre o perfil dos brasileiros em
Barcelona, disponibilizado seus contatos e me apresentado a alguns dos entrevistados. 11 Também pelo WhatSapp contatei os entrevistados e agendei as entrevistas. 12 Assisti, por exemplo, à exibição do documentário Processo, sobre o impeachment de Dilma Rousseff, exibido
em uma sala alternativa de cinema em Barcelona. 13 As imagens, algumas utilizadas nesse artigo, foram cedidas por um dos entrevistados que também as produziu. 14 Ambos (Edi e Daiana) se auto-reconhecem como afrodescendentes.
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TABELA 1
Caracterização dos brasileiros entrevistados
Nome Idade
Ocupação atual
Cidade de origem Tempo de residência
em Barcelona
Anna 55 Professora de português
e música. Artista Belo Horizonte (MG) 10 anos
Daiana 35 Livreira e capoeirista Rio de Janeiro (RJ) 17 anos
Edi 61 Músico Rio de Janeiro (RJ) 22 anos
Flavio 46 Administrativo no
Consulado Brasileiro Olinda (RJ) 13 anos
Ivonete 52 Advogada Salto de Lontra (PR) 11 anos
Juracy 64 Psicóloga aposentada Curitiba (PR) 2 anos
Maria 49 Departamento Financeiro
de empresa Aracajú (SE) 25 anos
FONTE – Elaboração própria
Seis dos entrevistados vivem ou vivenciaram o que se pode definir como experiências
de circularidade migratória, especialmente no que se refere ao eixo binacional Brasil-Espanha,
mas também no trânsito por outros países da Europa, como França, Alemanha e Portugal, seja
para viver temporadas, seja para trabalhar alguns meses, visitar ou passar férias. Juracy,
aposentada, vive, anualmente, temporadas na Espanha e no Brasil, assim como Daiana viveu
entre 2014 e 2017 no Brasil e Ana também se dividiu entre os dois países nos últimos anos. O
que nos sugere pensar que nesses movimentos de ir e vir, muitas vezes esporádicos, também
se constroem práticas transnacionais, se articulam as redes migratórias e se reatualizam os
vínculos com o país de origem.
Todos os entrevistados relataram experiências de ativismo anteriores aos episódios do
impeachment no Brasil, com exceção de Ivonete. Além disso, sobretudo entre o (a) s imigrantes
que visitam o Brasil com maior frequência, o ativismo relacionado ao impeachment é vivido
simultaneamente no Brasil e na Espanha, com diferentes níveis de envolvimento. Além disso,
dos sete brasileiro (a) s entrevistado (a) s, vários integram redes migratórias e espaços
comunicacionais digitais em comum, assim como, em alguns casos, participaram, em
Barcelona, das mesmas experiências de ativismo relacionadas ou não ao impeachment15.
Tarrow (2010, p. XII) define o ativismo transnacional como aquele constituído por um
subconjunto de pessoas e grupos que se encontram enraizados em contextos nacionais
específicos, mas que se envolvem em atividades de luta política que os levam a participar em
15 Dentre outras, no Conselho de Cidadania Jurisdição Consulado Brasil e no Conselho de Representantes
Brasileiros no Exterior.
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redes transnacionais de contatos e conflitos. Sob a denominação de “cosmopolitas enraizados”,
o autor postula que a novidade dos ativistas estaria em sua conexão tanto com a atual dinâmica
de globalização, quanto com as estruturas em transformação da política internacional.
Lago Martínez destaca, entre as experiências de ativismo contemporâneo, o novo ciclo
de protestos que, a partir da de 2009 e 201016 sucedem o período de lutas protagonizadas pelos
movimentos de resistência global uma década atrás, a fim de destacar que “das transformações
ocorridas em pouco mais de uma década, é muito importante o salto tecnológico (equipamento,
infraestrutura e capacidades para o uso) e sobretudo a apropriação das tecnologias digitais para
a atividade política”. (LAGO MARTINEZ, 2015, p. 121). A autora assinala, ainda, que, nessas
lutas, o espaço público urbano de interação cara a cara se matiza com a dimensão mediada das
redes digitais, lembrando que as fronteiras entre os chamados mundo online e off-line se tornam
difusas nos novos modos de intervenção política.
Com base nessas reflexões, observamos que o ativismo transnacional dos imigrantes
brasileiros em Barcelona, relacionado ao episódio do impeachment, é desenvolvido a partir de
um conjunto de ações coletivas que evidenciam a complementaridade entre dois espaços de
interação comunicacional ocupados por esses imigrantes – a rua e as redes sociais digitais- ,
Com o objetivo inicial de darem visibilidade ao episódio do impeachment, os ativistas
articulam práticas políticas e comunicacionais que alimentam as redes e as ruas, mas visam
também à ocupação de outros espaços sociais e midiáticos, especialmente o das mídias
espanhola e europeia, e a busca de alianças institucionais com setores como a Prefeitura de
Barcelona e o Parlamento Europeu. Além disso, após a aprovação do impeachment e a
destituição de Dilma Rousseff, as ações dos imigrantes brasileiros em Barcelona se desdobram
em um outro conjunto de movimentos e atos de protestos que se desenvolviam também no
Brasil, como o da denúncia do impeachment como golpe de Estado no Brasil, o #ForaTemer
e a reinvindicação por eleições diretas, a luta pela liberdade do ex-presidente Lula
(#LulaLivre), Marielle Franco, presente!”, e o #EleNão – contra a eleição de Bolsonaro.
Seis dos sete brasileiros entrevistados participaram de atos de protesto contra o
impeachment em espaços públicos de Barcelona 17, recorrendo à manifestação de rua como
16 Como os do grupo 15-M, na Espanha; Occupy Wall Street, nos EUA; ou, ainda, movimentos naIslândia, Grécia,
Portugal, Rússia, Itália, Turquia; a Primavera Árabe, no Egito, Irã, Líbia, Tunísia, Iemen, Marrocos, Síria. E, na
América Latina, os protestos no México, Chile, Brasil, Argentina, Venezuela. 17 Manifestações que conviveram com aquelas em favor do impeachment promovidas por brasileiros em
Barcelona.
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um repertório já consagrado da ação coletiva que, segundo retomam Fillieule e Tartakowsky
(2015, p. 24), se consolida em meados do século XIX, em uma sociedade de mercado produto
do triunfo da revolução industrial “As ações locais e demarcadas pelas elites tradicionais,
prevalentes até então, cedem passo a ações nacionais e autônomas; a manifestação, portanto,
se fiança, uma vez deixadas atrás a revoltas e revoluções”.
Assim, a manifestação converte-se em um fenômeno essencialmente urbano ligado à
invenção da rua como espaço público e concreto de protesto político, conforme recuperam os
relatos dos brasileiros sobre as manifestações contra o impeachment vivenciadas em Barcelona.
Eu lembro exatamente a data, 17 de abril de 2016 [...] Aí eu vi aqui estava todo mundo
fazendo manifestação em várias partes do mundo e aí eu pensei, nossa a gente podia
fazer em Barcelona. Pensei na Luiza que está no grupo e no Edi. O Edi saiu do grupo,
mas está com a gente. Saiu do Facebook e do WhatsApp porque agora ele está
morando na França. Aí pensei a gente vai para a praça eu, a Luísa e o Edi, vamos lá
nós três com cartazes. [...]. Isso foi o que eu pensei a princípio, e tinha o João também.
Aí falei vamos nós quatro, não, vamos fazer um evento no Facebook. Aí fui lá e fiz
o evento. Sabe quantas pessoas foram? 300. Foi só botar fogo no negócio que pegou.
Porque já estava todo mundo assim super preocupado e ansioso e querendo fazer
alguma coisa, e o negócio alastrou assim. Aí nós montamos o grupo Amigos da
Democracia no Facebook e também acho que no WhatsApp. (Anna)
Enfim o impeachment do Brasil foi um antes e um depois na vida aqui de todos os
brasileiros, a comunidade brasileira aqui está muito polarizada desde a época do
impeachment, que para mim foi um golpe de estado, né? Por mais que tenha roubado
o PT [...] não houve uma configuração jurídica para o impeachment da Dilma, ou
seja, não e não e não [...] ela pode até ter roubado, que ainda não se provou, mas para
um impeachment constitucionalmente não [...] foi realmente um golpe político,
mediático e gerencial do Brasil. Durante o processo, [...] foi criado a nível
internacional o Comité Internacional contra o Impeachment e aqui formamos o que
se chama Comité Internacional contra o Impeachment Catalunha, e criamos uma
coisa à parte, um coletivo que se chama Amigos da Democracia, fizemos muitas
manifestações, concentrações aqui na Plaza Sant Jaume, ações, panfletagem. (Maria)
Lá no Brasil sempre que eu estava lá e tinha qualquer mobilização contra o
impeachment, enfim eu estive. E também estive aqui. Aqui a gente fez na praça Sant
Jaume [...] Lá eu estive em muitas antes do golpe para tentar que não acontecesse o
golpe, mas não foi possível, infelizmente [...] A questão é, tanto faz estar lá ou está
aqui. Continuo sendo brasileira e lutando pelas causas. (Juraci)
As imagens a seguir ilustram algumas das manifestações convocadas por coletivos de
brasileiros em diferentes espaços públicos de Barcelona e que contaram com a participação de
alguns dos ativistas entrevistados.
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As redes sociais digitais, como Facebook, Twitter, Instagram, e aplicativos de
mensagens como WhatSapp, Telegram e Signa, além de sites e blogs, foram amplamente
utilizadas para a organização e mobilização dos manifestantes, assim como para divulgação e
articulação de um conjunto de ações que envolveram os imigrantes brasileiros em Barcelona.
Dentre alguns dos espaços criados e/ou utilizados, os entrevistados citaram Amigos da
Democracia18 FIBRA - Frente Internacional Brasileiros contra o Golpe19 , Comitê Internacional
pela Anulação do Impeachment, Comitê Lula Livre BCN 20 ; Unidos contra o Lawfare21 ,
Brasileiros no exterior pró-PT 201822 e Mujeres Brasileñas contra el Facismo BCN23 .
18 Grupo do WhatSapp. 19 https://fibrabrasil.wordpress.com/ e https://www.facebook.com/groups/BrasileirosnoMundoContraoGolpe/ 20 https://www.facebook.com/ComiteDeLutaContraOGolpeLulaLivreBCN/ 21 https://www.facebook.com/groups/1722348404453592/about/ 22 https://www.facebook.com/brasileirosnoexteriorproptcomiteinternacional/ 23 https://www.facebook.com/BrasileirasxFascismobcn/
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O ativismo em rede possibilita aos brasileiros a articulação não apenas no espaço local
da cidade de Barcelona, mas também com coletivos de brasileiros de outros países e cidades
tanto da Europa como da América do Norte e América Latina que estiveram e estão engajados
em mobilizações contra o impeachment. Uma dessas articulações está relacionada à Frente
Internacional de Brasileiros contra o golpe (FIBRA), que reúne grupos, coletivos e associações
de brasileiros, e amigas e amigos do Brasil, em diversas cidades do mundo24, se define como
suprapartidiária, e com objetivo comum de “luta pela democracia e contra o golpe no Brasil, a
defesa de Lula Livre e a luta contra o fascismo”25.
Anna relembra a constituição da Frente que se organizou a partir de um evento
presencial realizado em Amsterdam e se articulou via redes digitais.
Aí teve uma menina que chama Márcia, ela é de Amsterdam, e ela começou a entrar
em contato com todas as pessoas de fora do Brasil, brasileiros que moram fora do
Brasil [...]. Para a gente se reunir, para lutar juntos. Então, começamos a fazer ações
coordenadas. Quando tinha uma data importante, nós organizávamos em várias
cidades ao mesmo tempo [...] Aí a gente tem um grupo que chama articuladores
internacionais e eu estou nesse grupo. Agora tem o FIBRA que agora chama Frente
Internacional de Brasileiros, antes tinha outro nome [...] Paralelamente a isso, eles
estavam lutando contra o golpe, mas quando a Dilma saiu definitivamente que foi 31
de agosto, depois que teve a votação do Senado, no mesmo dia petistas, Psolistas,
PCdoB, todo mundo já foi lá para o caminhão que teve no evento para falar diretas
já, Diretas já. Eu falei: Gente mas o defunto nem esfriou, como assim? (Anna)
Outra ação transnacional que decorre das lutas dos brasileiros contra o impeachment
em Barcelona foi articulada em torno do movimento “Unidos contra o Lawfare - ” que, além
de presença nas redes sociais digitais 26, se dinamizou a partir de mobilizações dos brasileiros
em espaços da cidade e em eventos, como “Los Golpes de Estado modernos: Lawfare en el
Mundo”, realizados com a participação de representantes países da América Latina, como
Brasil e Equador, e da própria Catalunha27 que atravessam o mesmo processo de judicialização
da política.
24 No ano de 2018, o grupo era integrado por 56 coletivos distribuídos por 24 países. Ver
https://fibrabrasil.wordpress.com/coletivos/ 25 https://fibrabrasil.wordpress.com/ 26 https://www.facebook.com/groups/1722348404453592/about/ 27 O processo que resultou na prisão de políticos que participaram do referendo de autonomia da Catalunha em
outubro de 2017.
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No Facebook, o Movimento “Unidos pelo Lawfare” se apresenta como um grupo que
[..] nació con la intención de unir a los ciudadanos y representantes o miembros de
colectivos y partidos políticos de diferentes países, para luchar contra del LAWFARE
(Guerra jurídica), una nueva modalidad de guerra utilizada para derribar gobiernos
democráticos y progresistas. Con el LAWFARE, el poder judicial, que debería ser
imparcial, pasa a actuar con intereses políticos, militares y económicos, y cuenta con
la valiosa ayuda de los medios de comunicación. Es el plan Condor del siglo 21. Esto
está pasando en Latinoamérica y también en Catalunya, por eso pensamos que ha
úllegado el momento de unirnos para hacer un trabajo de denúncia, concientizar a la
gente, hacer actos ocupando los espacios públicos, organizar debates, buscar
estrategias de lucha y hacer frente a esta práctica nefasta y destructiva28.
No entrelaçamento entre os espaços da rua e das redes sociais digitais, os imigrantes
brasileiros tecem, ainda, estratégias de comunicação que visam dar visibilidade pública ao
processo de impeachment nas mídias espanholas e europeias, evidenciando que a visibilidade
do conflito é tão importante como seu enfrentamento, e que a dimensão estética e comunicativa
da ação política contemporânea é central e se entrelaça com o campo da representação tanto
no contexto das redes sociais digitais quanto no das grandes organizações midiáticas. (LAGO
MARTINEZ, 2008)
A ocupação de espaços em mídias espanholas e de outros países europeus esteve
voltada a construir outras versões sobre a narrativa do impeachment que chegavam, na Espanha
e em outros países da Europa, através de agências de notícias e mídias brasileiras, conforme
relata Edi,
[..] mais ou menos o pessoal seguia as pautas do Brasil, que eu pessoalmente não
estava muito de acordo, porque a gente aqui está limitado em um determinado alcance
[...] então quer dizer, o que a que a gente pode fazer, mostrar as pessoas o que está
acontecendo lá, a gente não pode fazer muito mais do que isso. [...] mas eu acho que
28 https://www.facebook.com/groups/1722348404453592/about/
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de toda forma esse movimento que a gente fez, através da Maria Dantas e outras
pessoas que eram jornalistas, essa informação foi chegando aqui no jornais da Europa
e tinha conexões com grupo na França, da Alemanha e de vários lugares. [...] eu acho
que esse pouquinho de gente, sem me gabar nem nada, fez com que essa notícia saísse
e se veiculasse na Europa.[...] que até então não se sabia e era pouco divulgado o que
acontecia no Brasil [...] eu acho que as pessoas e os jornais sempre estavam na
agência de notícia, que vem do Globo e da grande impressa, depois eles já tinham
uma outra informação direta com as pessoas que já estavam aqui e conheciam alguns
políticos daqui, e ai essa informação já foi tendo um outro caráter. (Edi)
Maria lembra que “a gente fez várias participações em programas de televisão, de rádio,
artigos para jornais, fizemos mesas”29. Flavio participou, dentre outros, de um debate realizado,
em 2016, no Comitê de Jornalistas e Colégio de Jornalistas da Catalunha intitulado “O poder
da mídia?”, na perspectiva de discutir o papel da mídia na crise brasileira e no impeachment.
Edi lembra, ainda, que algumas dessas iniciativas abrangeram também as mídias alternativas
brasileiras através do envio de imagens e outros registros de atos contra o impeachment em
Barcelona a coletivos como Mídia Ninja.
E, por fim, um desdobramento mais recente do ativismo do impeachment é sugerido
pelo primeiro entrevistado da pesquisa, Flavio, quando observa que “não existe coletivo tão
feminilizado como as brasileiras, pelo menos aqui na Catalunha”, e que, em certo sentido,
guarda relação como uma presença feminina majoritária entre os imigrantes brasileiros na
Espanha. Na sua relação com o Brasil, esse ativismo se vincula ao movimento Marielle Franco,
presente!, em torno da morte da vereadora do PSOL, do Rio de Janeiro, e #EleNão contra a
eleição de Bolsonaro. Da perspectiva das questões de gênero, ambos colaboram para o
surgimento do coletivo Mujeres brasileñas Contra el Fascismo BCN30, segundo explicam duas
entrevistadas que integram o movimento.
Esse coletivo começou a partir do assassinato da Marielle, a Maria junto com outras
meninas organizou um ato e fomos e a partir de ali foi um encontro de mulheres com
o mesmo pensamento, talvez de linhas partidárias diferentes, mas com um pensamento
suprapartidário, então pouco a pouco o projeto foi crescendo [...] a gente tinha essa
expectativa no início, mas com tudo isso acontecendo a gente achou importante ter
uma posição porque acho que o Brasil está em uma posição política hoje onde ficar
por fora é impossível, somos todos tão consequentes de tudo o que vai passar que não
dá para ficar em cima do muro né? [...] Tipo, desde pessoas que moram aqui desde faz
30 anos até quem recém chegou, a gente acredita que todo mundo tem algo a aportar,
pensamentos frescos do Brasil até pensamentos já consolidados daqui [...] (Daiana)
29 Ver. dentre outros , http://www.dretsdelspobles.org/mm/file/Revista%20Papers/Papers-64-online(1).pdf. E
https://www.periodistes.cat/actualitat/noticies/debat-crisi-politica-al-brasil-i-lauge-de-la-violencia-contra-els-
moviments
30 https://www.facebook.com/BrasileirasxFascismobcn/
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[...] depois de eu ver que a coisa realmente era PT, PT, PT, eu comecei a esmorecer
então, ei, disse, vou procurar outra linha [...] E essa linha foi quando eu fui ao Brasil o
ano passado [...] e foi justamente quando mataram a Marielle, e eu cheguei aqui dois
dias depois e organizei uma concentração aqui da Marielle na Plaza Sant Jaume que
eram umas 200, 300 pessoas, e, a partir desse dia, algumas mulheres começamos a nos
organizar, mas mulheres que nem conhecia, brasileiras que moravam aqui, o #EleNão
começou nessa época [...] não se chamava assim, porque naquela época Bolsonaro não
estava [...] E aí a gente começou a fazer uma movimentação por aqui, né? E ai quando
começou com apresentação das candidaturas que começou depois do #EleNão, foi que
realmente nos organizamos. De fato, a mulher que organizou o #EleNão foi Cacá de
Gaspari que é uma atriz brasileira que mora aqui já faz muito tempo, maravilhosa, e
me manda uma mensagem e diz “Maria e que, vamos fazer” e aí umas quantas
mulheres nos organizamos e formamos o que hoje é a Plataforma de Mulheres
Brasileiras Contra o Facismo em Barcelona. Fizemos as concentrações o dia 28, nos
mesmos dias do Brasil e estamos reunidas [...] nesta semana passada, fizemos uma
ação, uma papelada de “#EleNão” e “Marielle Presente” fizemos uma mobilização no
dia da posse na Rambla do Raval, [...] Tentamos não fazer muitas publicações,
tentamos não ser sensacionalistas, tentamos ser bastante objetivas, entendeu? Agora
mesmo somos umas 44 mulheres suprapartidárias, tem um monte de artista metido no
grupo, muito jornalista também [...] é um grupo muito legal [...] heterogéneo, mulheres
diversas [...] Sim, construímos agenda, saímos nos meios de comunicação, a última
saída foi antes de ontem, na cadena SER com Josep Cuníl [...] e, quem puder, fará
agora uma entrevista o dia 23. (Maria)
Entendemos que essas mobilizações das brasileiras em torno do gênero desencadeiam
também a configuração de um ativismo político transnacional de caráter suprapartidário e com
ênfase culturalista que se materializa, dentre outros, em movimentos como Mujeres brasileñas
contra el Fascismo BCN. Tributário das ações do impeachment, mas também de outros
engajamentos anteriores dos imigrantes, trata-se de um ativismo que convive, disputa e negocia
com um ativismo de cunho mais acentuadamente partidário e relacionado a pautas como a de
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#Lulalivre. Em 1 de janeiro de 2019, em um ato público intitulado “Posse alternativa
Presidência Brasil - #MarielleFranco Presente!”31, convocado pelo coletivo Mujeres Brasileñas
contra el Facismo BNC, foi realizado, em um mesmo espaço da cidade de Barcelona, um
protesto convocado pelo Comitê Lula Livre Barcelona.32
Considerações finais
As reflexões reunidas nesse texto sobre a comunicação e o ativismo de brasileiros e
brasileiras na cidade de Barcelona contra o impeachment evidenciam a complementaridade
dos espaços da rua e das redes sociais digitais no exercício de um ativismo transnacional a
partir do qual o (a) s imigrantes reatualizam os vínculos, participam e intervêm na política do
país de origem, se articulam com a diáspora brasileira no mundo e dão visibilidade à crise
econômico-política do Brasil em espaços sociais, institucionais e midiáticos espanhóis e
europeus.
No marco das especificidades dos ativismos contemporâneos (LAGO MARTINEZ,
2015; CASTELLS, 2012), entendemos que, nas intersecções entre redes migratórias e redes
sociais digitais, múltiplos nós foram criados e utilizados pelos brasileiros nas mobilizações em
torno do impeachment, na perspectiva de articularem, mobilizarem e ampliarem o impacto de
suas ações em diferentes espaços locais e nacionais. O que também deixou mais difusa e, às
vezes, também efêmeras e transitórias essas mesmas ações, exigindo, de parte da própria
pesquisadora, um esforço metodológico de reconstituição desses nós através tanto do recurso
à memória dos entrevistados como da coleta de materiais nos diferentes espaços digitais criados
e ocupados pelos ativistas.
Foi possível observar, ainda, que as ações do impeachment recriadas no contexto de
imigração brasileira seguiram pautas similares as do país de origem, inclusive em termos de
dissensos que demarcam um ativismo tensionado pela polarização partidária e pelo partidário
versus suprapartidário. No entanto, observa-se também a recriação de formas próprias de
interação, cooperação, linguagem e estéticas no exercício de um ativismo que demanda dos e
das imigrantes a tradução, para outro contexto nacional, de um episódio específico da crise
econômico-política brasileira, especialmente na perspectiva de atribuir visibilidade a esse
31 https://www.facebook.com/events/215121062770568/ 32 https://www.facebook.com/ComiteDeLutaContraOGolpeLulaLivreBCN/
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episódio nas mídias espanholas e europeias, mas também em outros espaços sociais e
institucionais. Em sintonia com as estruturas em transformação da política internacional
definida por Tarrow (2010), essa recriação parece conduzir os ativistas imigrantes a
encontrarem no atual fenômeno da judicialização da política – através do movimento “Unidos
pelo Lawfare” - convergências entre o impeachment brasileiro, o independentismo catalão e os
processos similares ocorridos em países latino-americanos, como o Equador.
Por fim, cabe mencionar que o estudo realizado fez emergir duas questões que
mereceriam aprofundamento. A primeira delas alude à relevância do marcador geracional dos
imigrantes entrevistados no ativismo político do impeachment. Com idades entre 46 e 64
anos33, alguns desses ativistas lembraram de sua militância, principalmente no país de origem,
vinculada a movimentos sociais no período da redemocratização do Brasil e/ou no contexto de
surgimento e consolidação do Partidos dos Trabalhadores como força política de perfil
progressista que assumiu protagonismo na vida política e institucional brasileira. Uma segunda
questão remete à presença dominante, em Barcelona, de mulheres brasileiras ativistas e que se
cruza também com a questão geracional. O ativismo demarcado pelo gênero, e interseccionado
com questões como a racial, parece mobilizar as anteriores, mas também as novas gerações de
imigrantes brasileiras, muitas recém-chegadas à Barcelona, motivando, conforme o relato de
Daiana, a se agregarem a coletivos como Mujeres Brasileñas contra el Facismo BCN por
encontrarem nele proximidade com movimentos similares recentes de que participavam no
Brasil.
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33 Ressalvamos aqui que, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, não pretendemos propor qualquer
generalização em torno dessa perspectiva geracional.
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