12
. WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference Importação de embarcações marítimo às atividades de petróleo em uma empresa de Macaé Karen Luiza Batista da Costa (UFF/Macaé) Denise Cristina de Oliveira Nascimento (UFF/Macaé) Ailton da Silva Ferreira (UFF/Macaé) Resumo: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o procedimento de importação de uma embarcação de bandeira estrangeira de apoio marítimo para atender um contrato de afretamento em uma empresa norueguesa com base na cidade de Macaé atuante no mercado de petróleo e gás. Desta forma pretende-se, primeiramente, abordar o tema logística e importação e suas definições e normas de acordo com a legislação vigente, modais de transporte, aprofundar em transporte marítimo, tipos de embarcação de apoio marítimo e tipos de contrato de afretamento para que o estudo de caso da empresa tenha base para sua análise crítica. Em seguida, apresenta-se a empresa, seu histórico de fundação e atividades atuais, e o processo de importação de uma embarcação estrangeira passo-a-passo. A metodologia utilizada neste estudo consistiu em uma pesquisa qualitativa, compreensiva e naturalística feita através de livros, artigos científicos, teses de mestrado e websites. Foram abordados também dados secundários obtidos junto à empresa estudada. Assim, ao analisar os aspectos teóricos e práticos, é percebida a importância de tal procedimento ser conhecido e dominado pelas empresas da área, visto que caso o mesmo não seja realizado com exatidão ou caso haja algum contratempo, a empresa fretadora poderá perder contratos, ter sua embarcação exportada e levar multas, o que acarretaria em perda financeira, muitas vezes irreparável.

Business Conference - Convibra · ... o mercado interno, a nacionalização de ... de minerais e hidrocarbonetos. O foco ... dos tributos exigidos em lei. O processo de

Embed Size (px)

Citation preview

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

Importação de embarcações marítimo às atividades de petróleo em uma empresa de Macaé

Karen Luiza Batista da Costa (UFF/Macaé)

Denise Cristina de Oliveira Nascimento (UFF/Macaé)

Ailton da Silva Ferreira (UFF/Macaé)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo avaliar o procedimento de importação de uma

embarcação de bandeira estrangeira de apoio marítimo para atender um contrato de

afretamento em uma empresa norueguesa com base na cidade de Macaé atuante no mercado

de petróleo e gás. Desta forma pretende-se, primeiramente, abordar o tema logística e

importação e suas definições e normas de acordo com a legislação vigente, modais de

transporte, aprofundar em transporte marítimo, tipos de embarcação de apoio marítimo e tipos

de contrato de afretamento para que o estudo de caso da empresa tenha base para sua análise

crítica. Em seguida, apresenta-se a empresa, seu histórico de fundação e atividades atuais, e o

processo de importação de uma embarcação estrangeira passo-a-passo. A metodologia

utilizada neste estudo consistiu em uma pesquisa qualitativa, compreensiva e naturalística

feita através de livros, artigos científicos, teses de mestrado e websites. Foram abordados

também dados secundários obtidos junto à empresa estudada. Assim, ao analisar os aspectos

teóricos e práticos, é percebida a importância de tal procedimento ser conhecido e dominado

pelas empresas da área, visto que caso o mesmo não seja realizado com exatidão ou caso haja

algum contratempo, a empresa fretadora poderá perder contratos, ter sua embarcação

exportada e levar multas, o que acarretaria em perda financeira, muitas vezes irreparável.

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

1. Introdução

As embarcações que apóiam as atividades de exploração e produção de petróleo –

apoio marítimo – são recursos estratégicos e indispensáveis para que o Brasil consiga

aumentar sua capacidade de produção no mar. De acordo com o plano de negócios 2014-2018

da Petrobras a meta de aumento de produção é 66% até 2018 e 117% até 2020 com

investimento de US$ 220,6 bilhões até 2020 em exploração e produção. Essa projeção

impacta significantemente a infraestrutura logística devido ao aumento de número de poços

de petróleo, sondas e plataformas e, por isso, aumenta a demanda de embarcações para apoiar

essas atividades (PETROBRAS 2014).

O afretamento de embarcações de apoio marítimo no Brasil, conforme informa,

representa 70% do afretamento de embarcações na modalidade por tempo e por isso, as

empresas interessadas em fretar ou afretar embarcações, seja de bandeira nacional ou

estrangeira, devem ficar atentas as normas e legislação nacional, pois para a navegação de

apoio marítimo, os contratos de afretamento são baseados na lei brasileira, não utilizando

formulários padrão, conforme são amplamente utilizados em outros tipos de navegação, como

na navegação de longo curso ou cabotagem. Estes formulários padrão são baseados no direito

internacional e, teoricamente, oferecem mais segurança e equilíbrio jurídico para as partes

envolvidas (SARACENI, 2006).

Apesar das inúmeras barreiras administrativas impostas pelo Governo Federal para

equilibrar a Balança Comercial e proteger o mercado interno, a nacionalização de

embarcações de faz necessária para atender esse mesmo mercado. Em contrapartida, o

Governo dispõe alguns benefícios que proporcionam ao importador a suspensão ou isenção de

impostos facilitando a entrada de bens para a modernização da indústria de petróleo e gás,

como por exemplo, a Instrução Normativa da Receita Federal nº 1.415/14 que dispõe sobre o

REPETRO (regime especial de importação e exportação de bens destinados à pesquisa e lavra

de petróleo e gás) (SILVA, 2007).

A metodologia seguiu parâmetros de uma pesquisa que foi realizada, sua conceituação

e justificativa à luz da investigação específica de analise do objeto do estudo, o processo de

importação de embarcações de uma empresa em macaé. Para a classificação da pesquisa, dois

aspectos foram levados em conta, sendo eles: elaboração quanto aos fins e a elaboração

quanto aos meios. (VERGARA, 2009)

Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória, explicativa, e descritiva. Exploratória

porque, apesar de se tratar de uma prática bastante praticada no mercado nacional há poucos

trabalhos acadêmicos dissertando sobre o tema no Brasil. No contexto do estudo de caso, a

coleta de dados foi realizada com base em um processo específico o qual ocorreu entre os

meses de novembro de 2013 à fevereiro de 2014. O instrumento de pesquisa escolhido

consiste na compilação de todos os procedimentos realizados durante o processo de uma

embarcação.

Estes dados obtidos foram ser analisados à luz das fontes bibliográficas estudadas

nesse trabalho, e quando, necessário, será feito uma comparação entre a teoria e a prática a

fim de se alcançar uma análise mais detalhada e conclusiva.

O objetivo deste trabalho é realizar uma análise dos principais aspectos relacionados à

importação de embarcações de apoio marítimo para a exploração e produção de petróleo de

uma empresa com base em Macaé.

Nos próximos topicos serão analisados a introdução da logistica,transporte

maritimos,logistica internacional, importação, repetro, a empresa a ser analisada, bem como a

analise do processo de importação de embarcações de bandeira estrangeira, assim como a

metodologia e considerações finais.

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

2. Introdução à logistica

Devido aos avanços tecnológicos conquistados nas últimas décadas e com a abertura

econômica do mercado mundial, a logística se tornou importante para a redução de custo e

para a conquista da competitividade.

Existem diversas definições e conceitos para o termo logística. De acordo com o

Councilof Supply Chain Management Professionals (CSCMP, 2014), “logística é o processo

de planejar, implementar e controlar, de forma eficaz e eficiente, os processos de transporte e

armazenagem de mercadorias, incluindo serviços e informações relacionados a esse, do ponto

de origem até o ponto de consumo em conformidade aos requisitos do cliente” (COSTA;

DIAS; GODINHO,2010).

De acordo com BALLOU (2006), a logística trata de todas as atividades de

distribuição e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da

matéria prima até o ponto de consumo final.

A logística é vista no mundo offshore como uma ferramenta imprescindível e uma

oportunidade de redução dos custos operacionais assim como na mitigação de punições

contratuais devido à ausência ou demora no atendimento dos contratos (KEEDI, 2011).

3. Logística Internacional

Como logística internacional pode-se definir todas as atividades básicas e de suporte à

importação de matérias-primas ou equipamentos, bem como a exportação dos mesmos.

A atividade de exportação pode ser definida como a venda de bens para uma empresa

em outro país, isto é, pode ser considera como o escoamento da parcela excedente da

produção interna. É considera a principal forma de entrada de divisas extremamente

necessárias às importações das mercadorias, para suprir as necessidades do país. Também se

faz necessária para o pagamento de compromissos externos (FONSECA, 2009).

A importação, por sua vez, visa permitir ao país a obtenção de mercadorias que ele

não tem condições ou não tem interesse em produzir, a fim de suprir algumas falhas em sua

estrutura econômica (KEEDI, 2011).

De acordo com SILVA (2007) a logística internacional é uma ferramenta

imprescindível para a expansão do comércio exterior mundial, uma vez que pode ser utilizada

estrategicamente como um diferencial competitivo nas negociações internacionais, e não

somente como um mero instrumento operacional.

4. Transportes Marítimos

Na cadeia do Petróleo, nas fases de exploração e produção, o transporte tem

mais relevância em função da viabilidade operacional do negócio de que da sua

representatividade no custo total da atividade. Devido à característica dessa atividade no

Brasil, onde aproximadamente 90% do petróleo é extraído do mar, o transporte aquaviário é

o principal meio utilizado para viabilização das operações.

A seguir, uma conceituação dos tipos de transporte aquaviário, de acordo com a rota,

segundo a lei 9.432/97 (SOBENA, 2014):

Navegação de Longo Curso: a realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.

Navegação de Cabotagem: a realizada entre portos ou pontos do território brasileiro,

utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores;

Navegação Interior: a realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou

internacional;

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

Navegação de Apoio Portuário: a realizada exclusivamente nos portos e terminais

aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias;

Navegação de Apoio Marítimo: a realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações

em águas territoriais nacionais e na zona econômica, que atuem nas atividades de pesquisa e

lavra de minerais e hidrocarbonetos.

O foco desta pesquisa é a importação das embarcações de apoio marítimo e por este

motivo, o tipo de navegação abordada daqui pra frente será a navegação de apoio marítimo.

Com a construção da primeira plataforma de exploração no país, em 19 de novembro de

1968, houve o esforço em desenvolver a primeira frota nacional de embarcações de apoio

marítimo, utilizando rebocadores brasileiros. Nesta primeira fase, as empresas de apoio

marítimo estrangeiras tiveram papel fundamental para a geração de mão-de-obra e na

transferência de tecnologia para o desenvolvimento do apoio marítimo nacional (ABEAM,

2014). A evolução da quantidade de embarcações ao longo dos anos pode ser verificada a na

figura a seguir:

Figura 01 - Evolução do Número de Embarcações

FONTE: ABEAM, 2014.

O panorama atual do apoio marítimo pode ser verificado abaixo, segundo dados da

Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM, 2014):

139 empresas brasileiras autorizadas pela ANTAQ (Agência Nacional de Transporte

Aquaviário);

Cerca de 50 empresas operando ativamente no apoio marítimo;

39 empresas (78%) associadas à ABEAM;

Frota de 469 embarcações (224 de bandeira brasileira e 245 estrangeiras);

Cerca de US$ 4,5 bilhões gastos com afretamentos em 2013 (ABEAM).

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

5. Importação

No Guia de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior define-se importação como:

“O ingresso seguido de internalização de mercadoria estrangeira no território

aduaneiro. Em termos legais, a mercadoria só é considerada importada após sua internalização

no país, por meio da etapa de desembaraço aduaneiro e do recolhimento dos tributos exigidos

em lei. O processo de importação pode ser dividido em três fases: administrativa, fiscal e

cambial (MDIC, 2014)”.

No processo de despacho aduaneiro, existem duas modalidades, que são o de

importação e exportação. Será tratado neste trabalho, apenas o despacho aduaneiro de

importação.

O início do despacho aduaneiro de importação é determinado pelo registro da

Declaração de importação (DI) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX),

conforme anexo único da IN nº 680. Portanto, no momento deste registro, o importador deve

efetuar o pagamento de todos os tributos federais exigidos(RECEITA FEDERAL

BRASILEIRA, 2006).

É importante registrar que o início do despacho aduaneiro de importação deve

respeitar os prazos estabelecidos pelo Decreto nº 8.266 de 2014, ou seja, 90 dias contados a

partir do momento da chegada do bem no Brasil (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2014)

Conforme menciona BIZELLI (1997), a importação em caráter definitivo ocorre

quando a mercadoria estrangeira importada, nacionalizada, independente da existência de

cobertura cambial, o que significa integrá-la à massa de riquezas do país com a transferência

de propriedade do bem, para qualquer pessoa aqui estabelecida.

O Siscomex foi instituído pela edição do Decreto nº 660 de 1992 e implantado em

1993, para agilizar e desburocratizar as operações de exportação. Somente em 1997 começou

a funcionar também para as operações de importação (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,

2014).O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) consiste em:

Um software que interliga os importadores ou agentes credenciados, exportadores,

despachantes, transportadores, agências bancárias, dentre outros, à Secretaria de Comércio

Exterior (Secex), Banco Central e à Secretaria da Receita Federal que permite processar os

registros dos documentos eletrônicos das operações de importação e exportação (VIEIRA,

2010, p. 32).

De acordo com a Portaria nº 23 de 2011 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria

e Comércio Exterior, o sistema administrativo das importações consiste em três modalidades:

importações dispensadas de licenciamento, importações sujeitas a licenciamento automático e

importações sujeitas a licenciamento não automático (MDIC, 2014).

De acordo com a Lei 9.432 de 1997, a navegação de apoio marítimo é exclusiva de

Empresa Brasileira de Navegação (EBN), e apenas esta poderá afretar embarcações de

bandeira brasileira e, exclusivamente, estrangeiras nas seguintes situações (PRESIDÊNCIA

DA REPÚBLICA, 2014):

Quando constatada a inexistência ou indisponibilidade de embarcações de bandeira brasileira,

nas características necessárias às operações as serem desenvolvidas;

Quando as embarcações de bandeira brasileira não atenderem aos prazos para afretamento;

Quando as embarcações de bandeira brasileira, nas características requisitadas, estiverem em

construção, sendo o afretamento limitado ao prazo de entrega da embarcação de bandeira

brasileira pelo estaleiro.

Autorização de Afretamento

De acordo com a Resolução nº 1498 de 2009 (ANTAQ, 2009), dependem de

autorização de afretamento, todas as embarcações de bandeira estrangeira, operadas por EBN,

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

quando atendidas às exigências requeridas, limitadas ao prazo de disponibilidade da

embarcação brasileira pelo estaleiro, ou pelo prazo máximo de 36 meses. A autorização

deverá ser renovada a cada 12 meses.

Para a obtenção do CAA (Certificado de Autorização de Afretamento), a EBN terá

que seguir o fluxo (ANTAQ, 2009):

Figura 2 – Maplolfuxograma de obtenção do CAA.

Fonte: Adaptada pelo autor com base na Resolução nº 1.498 de 2009 (ANTAQ,2009)

Na etapa da circularização, a EBN interessada em afretar a embarcação de bandeira

estrangeira, deverá realizar consulta à ANTAQ, via Sistema de Gerenciamento de

Afretamento de Navegação Marítimo e de Apoio (SAMA) e na indisponibilidade deste, à

todas as empresas de navegação de apoio marítimo disponível na lista da ANTAQ, de forma

clara e objetiva, sendo passível de multa de até R$ 100.000,00 em caso de não atendimento

(ANTAQ, 2009).

6. A Repetro

O Regime Aduaneiro Especial de Importação e Exportação de Bens destinados às

Atividades de Pesquisa e Lavra das Jazidas de Petróleo e Gás Natural (REPETRO) foi

instituído pelo Decreto nº 3.161 de 1999, com previsão de vigência até 31/12/2020.

Atualmente, ele se encontra previsto na IN nº 1.415 de 2014 (RECEITA FEDERAL DO

BRASIL, 2014).

O REPETRO foi criado para reduzir os custos das atividades típicas do Setor de

Petróleo e Gás brasileiro, de modo a atrair investimentos e fomentar o seu desenvolvimento,

pois as importações sujeitas a esse regime tem suspensão total dos impostos devidos

(BNDES, 2011).

De acordo com o anexo 1 da IN nº1.415 os bens que podem ser admitidos no

REPETRO são (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2014):

Embarcações destinadas às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo ou gás

natural e as destinadas ao apoio e estocagem nas referidas atividades;

Máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e equipamentos destinados às atividades de

pesquisa e produção das jazidas de petróleo e gás natural;

Plataformas de perfuração e produção de petróleo ou gás natural, bem como as destinadas ao

apoio nas referidas atividades;

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

Veículos automóveis montados como máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e

equipamentos destinados às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo e gás

natural;

Estruturas para suportar plataformas.

7. A empresa

A empresa surgiu com a aquisição de navios para atender o mercado pesqueiro

norueguês. Devido a crescente demanda por navios de apoio à exploração e produção de

petróleo no Mar do Norte, houve a necessidade de expandir as atividades da empresa para o

mercado offshore, por isso, em 1981 em Austevoll na Noruega, a empresa, aqui denominada

Empresa Matriz, foi fundada.

Devido a sua eficiência e tecnologia de ponta, a Empresa Matriz se tornou um grupo

internacional de empresas com uma moderna frota de navios de abastecimento e submarinos

combinando com uma forte capacidade de engenharia com o objetivo de atender o mercado

de energia offshore.

Após 19 anos operando em diversos países, em 2001 a Empresa Matriz chega ao

Brasil sob o nome de Empresa N.

A empresa N se tornou uma das principais prestadoras de serviços complexos em alto

mar para o setor de petróleo e gás. Rapidamente expandiu-se a frota e tamanho e sofisticação

dos navios e se consolidou com uma das mais conceituadas empresas no mercado de

prestação de serviços para as atividades de exploração e produção de petróleo e gás offshore

no Brasil e, desde 2006, é a primeira colocada no Peotram, programa coordenado pela

Petrobras com o objetivo de elevar o nível de segurança operacional no transporte.

Todas as empresas e pessoas do Grupo se esforçam para fazer melhorias contínuas nas

operações, empregando medidas técnicas e organizacionais otimizadas para controlar e

gerenciar riscos. A visão e missão da empresa inclui integridade, respeito, trabalho em equipe,

excelência no atendimento ao cliente e realização de um trabalho sustentável.

A empresa possui certificado global ISO 9001:2008 que demonstra os padrões

rigorosos aplicados em seus sistemas.

O compromisso com o Meio Ambiente Externo Global é demonstrado através da

certificação global ISO 14001:2004 e os Padrões de Segurança e Saúde Ocupacional são

certificados através do OHSAS 18001:2007. Todos esses certificados são emitidos pela

empresa de certificação DNV.

Os principais clientes do Grupo ND são as empresas Petrobras, Statoil, Chevron,

Shell, Karoon e BG Group e seus principais parceiros são as empresas Vard, Technip e

AkerSolutions.

Atualmente, o Grupo ND possui cerca de 500 colaboradores no Brasil, a sua grande

maioria lotados em Macaé, e possui uma frota conforme abaixo:

8 navios do tipo ATHS;

6 navios do tipo RSV;

4 navios do tipo CSV;

4 navios do tipo PSV;

20 ROVs.

8. O processo de importação de uma embarcação de bandeira estrangeira

Durante o processo de circularização emitido pela Afretadora Petrobras, o

Grupo ND apresentou sua proposta de afretamento da embarcação de bandeira estrangeira G,

que no momento estava operando na Noruega. Como não havia nenhuma embarcação de

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

Embarcação no país de origem Embarcação no Brasil

De

pa

rta

me

nto

Co

me

rcia

l

De

pa

rta

me

nto

cn

ico

De

pa

rta

me

nto

de

Imp

ort

ão

Novo Contrato

Requisita ADE

Requisita inventário e demais informações

técnicas para emissão

da Licença de Importação

Providencia todas as informações técnicas

Providencia CAAProvidencia DI junto

ao despachanteEmbarcação

desembaraçada

bandeira brasileira disponível para atender a esse contrato não houve bloqueio e, devido às

boas condições da oferta, a empresa ND ganhou a negociação.

O processo de importação da embarcação envolve alguns setores da empresa,

conforme fluxograma visto na figura 3:

Figura 3 – Fluxograma de Afretamento da embarcação

Fonte: Própria

Com a assinatura do contrato de afretamento entre a afretadora e o fretador, foi dado

início ao processo de importação da embarcação com emissão do AA (Autorização de

Afretamento) pela ANTAQ, bem como teve que ser providenciado o CAA (Certificado de

Autorização de Afretamento) e o Ato Declaratório (ADE), conforme pode ser analisado na fig

acima.O primeiro passo foi a solicitação do inventário da embarcação no qual devem constar

todos os itens que compõem a embarcação inclusive a mesma e deve ser traduzido,

classificado e valorado por um despachante aduaneiro capacitado, conforme pode ser visto na

figura 4.

Figura 4 – Modelo de Inventário

Fonte: Própria

Por se tratar de uma embarcação usada, essa importação esteve sujeita ao

licenciamento não automático. Com inventário devidamente preenchido foi solicitada a LI

(Licença de Importação) junto à Receita Federal e emitida a Proforma Invoice.

NÚMERO

DE SÉRIENCM ITEM

DESCRICAO ITEM

PORTUGUES

UNIDADE

COMERCIAL

TABELA

SISCOMEX

QUANTIDADE

COMERCIAL

MOEDA

ORIGEM

TABELA

SISCOMEX

VALOR

UNITÁRIO

ITEM NA

MOEDA

LOCALIZAÇÃO

ITEM NA

EMBARCACAO

FABRICANTEMARCA/

MODELO

CODIGO

INTERNO DO

ITEM

DESCRICAO DO

ITEM INGLES

SERIAL

NUMBERNCM ITEM

PORTUGUESE

DESCRIPTION OF

ITEM

COMMERCIAL

UNIT

SISCOMEX

SCHEDULE

COMMERCIA

L QUANTITY

SOURCE

CURRENCY

SISCOMEX

SCHEDULE

ITEM TOTAL

AMOUNT IN

CURRENCY

ITEM

LOCATION ON

VESSEL

MAKERMAKE/M

ODEL

COMPANY

ITEM CODE

ENGLISH

DESCRIPTION

OF ITEM

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

Com o deferimento da LI, conforme figura 5, a embarcação pode começar a navegar

para o Brasil.

Figura 5 – Modelo de LI

Fonte: Receita Federal do Brasil, 2014

Concomitante à solicitação de LI, o analista de importação entrou com processo de

solicitação do Ato Declaratório (ADE), que é o documento oficial emitido pela Receita

Federal do Brasil habilitando e empresa requerente à utilizar o REPETRO. Esse documento é

publicado no Diário Oficial da União. Com o ADE publicado, foi solicitado o RAT –

Requerimento de Admissão Temporária., conforme pode ser visto na fig 6:

Figura 06 – Formulário de RAT

Fonte: Receita Federal do Brasil, 2014

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

Com a chegada da embarcação no Brasil, foi solicitado o CAA (Certificado de

Autorização de Afretamento) à ANTAQ e o AIT (Atestado de Inscrição Temporária) à

Marinha do Brasil.

Devido ao alto valor e complexidade do processo, todas as DIs de embarcações caem

em canal vermelho. Após a parametrização, a embarcação foi vistoriada pela Receita Federal

que emitiu o Comprovante de Importação (CI) e o Termo de Responsabilidade (TR), com o

prazo que a embarcação poderia operar em águas brasileiras. Abaixo segue a cronologia dos

fatos:

Quadro 1 – Cronologia do processo de importação da embarcação estrangeira

Fonte: Própria

Com a chegada da embarcação no Brasil, foi solicitado o CAA (Certificado de

Autorização de Afretamento) à ANTAQ e o AIT (Atestado de Inscrição Temporária) à

Marinha do Brasil.

9. Considerações finais

A perspectiva de evolução da economia brasileira é grande. Prevê-se que o mercado

de apoio marítimo cresça em até 70%. Este crescimento atrairá novas empresas para oferecem

embarcações estrangeiras ou construírem embarcações em estaleiros nacionais, aproveitando

os incentivos oferecidos pelo Fundo da Marinha Mercante para alavancar a frota nacional.

Através de todos os conceitos aqui abordados e, principalmente, diante do estudo de

caso, conclui-se é imprescindível para qualquer empresa do ramo o conhecimento dos

procedimentos, leis e normas que envolvem a autorização de afretamento, a importação de

embarcações e o desembaraço aduaneiro, pois se caso um dos passos não for seguido todo o

projeto é comprometido, implicando em atraso na entrega da embarcação, penalizações, perda

do próprio contrato e, ainda, perda da credibilidade no mercado.

Nesse estudo de caso, devido à exatidão todos os procedimentos e ao fato do prazo

pré-estabelecido ter sido respeitado, a embarcação foi entregue ao cliente em tempo hábil de

iniciar o contrato sendo importante salientar que não houve perda de receita. Com isso a

Data Fatos

07/11/2013 Solicitação de LI (Licença de Importação)

19/12/2013 Data de saída da embarcação da Noruega

03/01/2014 Emissão do AA (Autorização de Afretamento)

07/01/2014 Data de chegada da embarcação no Brasil

09/01/2014 Solicitação de CAA (Certificado de Autorização de Afretamento)

13/01/2014 Emissão do CAA

14/01/2014 Emissão do ADE (Ato Declaratório)

15/01/2014 Apresentação da documentação pertinente à Receita Federal e início do

processo de desembaraço

16/01/2014 Emissão da LI (Licença de Importação)

24/01/2014 Emissão do AIT (Atestado de Inscrição Temporária)

31/01/2014 Desembaraço Aduaneiro

01/02/2014 Emissão do TR ( Requerimento de Admissão Temporária)

05/02/2014 Início do contrato

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

empresa conseguiu manter sua credibilidade e eficiência e posicionando-se entre as melhores

prestadoras de serviço do ranking do cliente.

Referências

ABEAM. A navegação de apoio marítimo no Brasil. 1989. Disponível em

http://www.abeam.org.br/Estudo2005Port/HistoriaDoApoioMaritimoNoBrasil.pdf. Acesso

em 18 de outubro de 2014.

ANTAQ. Resolução nº 1498 de 22 de setembro de 2009. Disponível em

http://www.antaq.gov.br/portal/pdfSistema/publicacao/0000001844.pdf, acesso em 12 de

dezembro de 2014

BALLOU, RONALD H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos / Logística Empresarial.

5ª. Ed. – Porto Alegre, Bookman, 2006.

BIZELLI, J.S; BARBOSA, R. Noções básicas de importação. 6ª edição, São Paulo.Editora:

Aduaneiras, 1997. 201p.

BNDES. Panorama da tributação brasileira no setor de petróleo e gás. Disponível em

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/produt

os/download/chamada_publica_FEPProsp0111_Produto5.pdf, acesso em 01 de dezembro de

2014.

COSTA, J.P; DIAS, J.M; GODINHO, P. Logística. Disponível em

http://books.google.com.br/books?id=w_yr53GC2JMC&printsec=frontcover&hl=pt-

BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em 01 de setembro

de 2014.

CSCMP disponível em

http://cscmp.org/sites/default/files/user_uploads/resources/downloads/glossary-2013.pdf.

Acesso em 10/09/2014.

FONSECA, Kênia de Nazaré. Algumas definições em comérico internacional. 2009.

Disponível em http://www.webartigos.com/artigos/algumas-definicoes-em-comercio-

internacional/23491/. Acesso em 25/10/2014.

KEEDI , S. Logística de Transporte Internacional – Veículo prático de competitividade – 4ª

edição, São Paulo. Aduaneiras, 2011.

MDIC. Definição de importação. Disponível em http://www.brasilexport.gov.br/definicao-de-

importacao. Acesso em 14 de outubro de 2014.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Regulamento Aduaneiro/ Decreto nº 6.759 de 5 de

fevereiro de 2009. Disponível em

http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/decretos/2009/dec6759.htm

. Acesso em 25/10/2014.

.

WWW.CONVIBRA.ORG

Business Conference

PETROBRAS. Plano Plano Estratégico 2030 e o Plano de Negócios e Gestão 2014-2018.

Disponível em http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/estrategia/plano-de-negocios-e-

gestao/. Acesso em 18/10/2014.

RECEITA FEDERAL BRASILEIRA. Instrução Normativa nº 680 de 2 de outubro de 2006.

Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2006/in6802006.htm.

RECEITA FEDERAL BRASILEIRA. Instrução Normativa nº 1.415de 4 de dezembro de

2013. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2013/in14152013.htm,

acesso em 12 de dezembro de 2014.

SARACENI, PEDRO PAULO. Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados. 1ª ed.

Interciência, Rio de Janeiro, 2006.

SILVA, L.A.T. Logística no comércio exterior. 2ª edição. São Paulo. Aduaneiras, 2007.

SILVA, TOM PIERRE F. REPETRO – Regime Aduaneiro Especial de Importação e

Exportação de Bens destinados à Pesquisa e Lavra de Petróleo e Gás: Análise dos entraves e

propostas de soluções. Dissertação de Mestrado. FGV. 2007

SOBENA. Tipos de embarcação de apoio marítimo offshore. 2013. Disponível em

http://www.sobena.org.br/downloads/diciona_naval/Tipos%20de%20embarcacoes.pdf.

Acesso em 18 de outubro de 2014.

VIEIRA, A. Importação – Práticas, rotinas e procedimentos . Editora Aduaneiras, 4 edição,

São Paulo, 2010.

VERGARA, Sylvia Constant. Metodologia Científica.3. ed. Rio de Janeiro, Atlas, 2009.