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cabakla
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O Que É Cabalá?
A Alma do Judaísmo
Dentro de seu corpo respira uma pessoa – uma
alma. Dentro do corpo da prática judaica
respira uma sabedoria interior – a alma do
Judaísmo. Nós a chamamos de “Cabalá”, que
significa “receber”. Assim como a prática
judaica é recebida por meio de uma tradição
antiga e ininterrupta da revelação no Sinai,
assim é a sua alma.
Cabalá, então, é a sabedoria recebida, a
teologia e a cosmologia nativas do Judaísmo.
Outro nome para Cabalá – mais revelador – é
“Torat ha’Sod.” Comumente, é mal traduzido
como “o ensinamento secreto”. A tradução cor-
reta, porém, contém o significado oposto: “o ensinamento do secreto.”
“O ensinamento secreto” significa que estamos tentando esconder algo de você.
“O ensinamento do secreto” significa que estamos tentando ensinar algo a você,
abrir e revelar algo oculto.
Ora, você poderia dizer, se o segredo é ensinado, não é mais um segredo. Um
segredo revelado, poderia parecer, é uma contradição.
Seria assim se estivéssemos discutindo um segredo artificial, que é secreto apenas
porque é velado em segredo, porque outros não querem que você descubra. Os
verdadeiros segredos, uma vez revelados, explicados, ilustrados, analisados e
integrados em sua consciência, permanecem tão misteriosos quanto antes. Não –
muito mais misteriosos, pois à medida que a ilha de conhecimento se expande,
assim também sua praia sobre o infinito mar do desconhecido.
A vida tem muito desses mistérios: O que é amor? O que é mente? O que é vida?
O que é existência? Como acontecem? De onde emergem? O que é a sua alma, a
pessoa dentro do seu corpo? Você passa por todos esses a cada momento. Eles
são você. E apesar disso, quanto mais você contempla as profundezas de seus
mistérios, mais profundas as águas se tornam.
A Cabalá não é um ensinamento sagrado. É o ensinamento de um segredo.
Os segredos mais profundos são aqueles conhecidos de todos, aqueles que
aprendemos quando somos crianças pequenas, aceitamos como certo pelo resto da
nossa vida, vivenciamos diariamente – e mesmo assim jamais conseguimos
desvendar ou entender com nossa mente cognitiva.
Existe. As coisas existem. Eu existo. Estou vivo. A vida é a não-morte. Escuridão
não é luz. Existe aquilo que é maior que eu.
A Cabalá mergulha nesses segredos e traz suas profundezas para a luz. Fornece
metáforas para cura e crescimento na vida diária. É por isso que a experiência de
estudar Cabalá é “Sim! Eu sabia essa verdade o tempo todo! Meu coração sabia,
mas minha boca era incapaz de expressá-la!” As verdades da Cabalá pertencem a
todo ser que sente.
Porém, acima de tudo, a Cabalá proporciona uma sensação do além; o
conhecimento daquilo que não pode ser conhecido, a sabedoria do mistério, o
entendimento daquilo que não entendemos. A Cabalá é o conhecimento do
assombro.
Por que a Cabalá é tão secreta?
Ensinar um segredo é perigoso. O aluno está em perigo, pois pode acreditar que
realmente entende. Um mistério jamais pode ser apresentado sem as coberturas da
metáfora e da parábola. Talvez o estudante entenda a capa mas não consiga
desvendar seu conteúdo, como aquele que mastiga a casca e descarta o interior do
fruto.
O professor está em perigo, pois como pode saber se realmente entendeu? Vai
ensinar muitos alunos, suas ideias serão popularizadas, a essência será perdida e
seu significado será retorcido ao oposto da sua intenção.
A própria Cabalá está em perigo, pois uma vez que tenha perdido sua integridade,
imediatamente deixa de ser “a sabedoria recebida”. Pode ser sábia, pode ser bela,
porém não é mais Cabalá.
É por isso que, na maior parte do tempo, a Cabalá foi transmitida de mestre para
alunos selecionados e de confiança, na maior confiabilidade. Quando foi escrita,
os textos eram propositadamente crípticos e misteriosos, em enigmas sussurrados,
parábolas e alusões obscurecidas. Às vezes, as restrições tinham de ser
reafirmadas para impedir todos, exceto alguns poucos, de estudar Cabalá.
As águas desta fonte devem ser mantidas puras; devem continuar sendo
águas vivas.
Somente nas últimas centenas de anos os mestres começaram a revelar
abertamente estas verdades. Os mestres chassídicos revelaram uma luz e
forneceram um conjunto de metáforas que permite a todos abordarem aquela luz,
trazendo a Cabalá ao domínio até da alma mais simples.
Mas mesmo assim, um guia é indispensável, e deve-se tomar muito cuidado para
preservar a pureza dos ensinamentos.
Quem é este guia? Como você sabe que está recebendo águas puras, direto da
fonte original?
Por um lado, água pura reflete claramente. Se a vida do professor não reflete seus
ensinamentos, suas águas são impuras.
Depois, saiba que até Mashiach chegar, o caminho interior nunca é sem conflito.
Se o ensinamento vem facilmente, não é o ensinamento interior.
E em terceiro: É verdade que você não precisa ser judeu para se embeber no doce
vinho da Cabalá ou para aprender seus caminhos de cura. Mas a alma da Cabalá é
diferente de uma alma humana – jamais pode ser arrancada de seu corpo, pois o
casamento de alma e corpo é completo. A prática judaica e a Cabalá são uma só.
Se você ouvir “Não tem nada a ver com o Judaísmo”, está ouvindo uma mentira.
Como o estudo de Cabalá pode me ajudar?
Cabalá é um aspecto da Torá, e Torá significa “orientação” ou “instruções”. Tudo
na Cabalá é para ser uma instrução na vida. Estudamos Cabalá não apenas para
atingir um ponto alto, mas porque precisamos de sua inspiração na vida cotidiana,
e porque nos fornece direção e orientação prática.
Para o Cabalista, o supremo paraíso é aqui agora, porque a Luz Infinita está
aqui agora.
A Cabalá proporciona uma dimensão cósmica aos assuntos da vida humana de
todos os dias. A doença é um reflexo da doença de amor da divina presença para a
Luz Infinita. Os desafios da vida são as centelhas perdidas no ato primitivo da
criação, vindas a você para serem consertadas e elevadas. Sua vida é uma missão,
na qual você é direcionado para as centelhas divinas que pertencem unicamente à
sua alma, pelas quais sua alma tem retornado muitas vezes a este mundo até que
sejam todas reunidas.
Entender a dimensão cósmica significa que nada na vida é trivial. Tudo tem
significado. Tudo se move rumo a um só propósito, com uma única meta. O
entendimento permite que você aceite estes desafios e complete a jornada da sua
alma.
Como a Cabalá difere de outros ensinamentos espirituais?
Há muitos ensinamentos espirituais sábios de pessoas em toda parte do globo. Em
sua prática, as pessoas encontram transcendência do mundo material, esclare-
cimento e serenidade.
O foco da Cabalá não é a serenidade. Também não é o esclarecimento trans-
cendental. Proporciona estes também, mas como um meio, não como meta. A
meta da Cabalá é a ação inspirada. Qualquer que seja a sabedoria que o cabalista
adquire, qualquer que seja o estado de êxtase ou união mística ao qual ele
ascende, o resultado será sempre um ato de beleza no mundo físico.
Falando de outra forma: muitos mestres dirão a você para praticar boas ações e
atos de bondade porque esta é uma pedra ao longo do caminho da consciência
mais elevada. O cabalista lhe dirá que no momento da boa ação, você já está ali.
O ato em si é a sua meta, à qual uma consciência mais elevada deve levar você.
Para o cabalista, o supremo paraíso é aqui agora, porque a Luz Infinita está aqui
agora, e mais que qualquer reino espiritual, é onde a Luz Infinita anseia por ser
descoberta. Nosso trabalho é descascar o fruto para revelar aquela luz dentro de
cada artefato físico do mundo. Para iluminar não apenas a nós mesmos, mas todo
ser vivo, e até a matéria inerte do nosso mundo.
Quando a Cabalá começou?
A revelação no Sinai foi a primeira e a suprema experiência da verdade
interior.
As histórias dos ancestrais são pintadas com uma paleta de visões místicas,
revelações divinas e comunicação com seres não-físicos. Porém a Torá, incluindo
a Cabalá, não é definida por aquelas visões. O evento central da narrativa judaica
é a revelação em massa no Monte Sinai, quando “todo o povo viu os sons e a
iluminação”.
Digamos que você viveu pouco tempo depois do evento. Digamos que você
perguntou às pessoas que tinham estado lá: “Diga-me o que aconteceu.” O que
elas diriam a você?
“Fomos instruídos a não ter outros deuses.”
“Fomos instruídos a honrar nossos pais, a não roubar nem matar.”
Não creio nisso.
Mais provavelmente, a resposta deles seria algo assim:
“Vimos todos os segredos do cosmos abertos à nossa frente. Vimos como cada
coisa é gerada para ser a todo momento, vimos como não há realmente nada
exceto um Criador, e tudo o mais são articulações de Sua vontade.”
Os próprios mandamentos – não ter outros deuses, honrar os pais, não roubar ou
matar – são apenas o conteúdo daquela experiência. O meio, a experiência – isto
foi o âmago da mensagem. Foi naquela experiência mística que nosso povo
nasceu – a experiência de um mundo no qual “de toda direção, D'us falou com
eles.” Eles viram toda a realidade como nada exceto as palavras de uma única,
incognoscísvel origem de todas as coisas. E eles entraram em comunhão com
aquela Fonte.
Por cerca de mil anos após o Sinai, a experiência judaica permaneceu definida
pela profecia. A sabedoria era conhecida às pessoas através de videntes e
profetas, homens e mulheres que se afastaram dos desejos e vaidades humanas
para atingir uma visão clara dos reinos interiores. Porém nenhuma dessas visões
forneceu uma nova revelação, acrescentando ou subtraindo coisa alguma da Torá.
Estavam simplesmente afirmando, esclarecendo e sustentando a visão partilhada
do Sinai.
A era de profecia acabou no início do período do Segundo Templo, mas a
revelação Divina e a visão mística nunca partiram. Nem os rececptores daquela
sabedoria se sentaram à beira da tradição judaica. Muitos, se não a maioria, dos
mais conhecidos mestres da alma da Torá foram também os mestres estabelecidos
sobre o corpo da prática da Torá. Rabi Akiva é considerado o pai da Mishná, e o
Talmud e Sefer HaBahir descrevem suas jornadas místicas. Seu aluno, Rabi
Shimon bar Yochai, foi responsável pela clássica obra cabalística, o Zohar, e suas
opiniões permeiam toda seção do Talmud.
Às vezes, e em determinados lugares, a inquirição filosófica deixou de lado a
tradição recebeida para dominar o pensamento judaico. Porém raramente foi
considerada a teologia nativa, mas sim uma espécie de enxerto vindo de vinhas
estranhas. As obras de filosofia ascendentes, lutando para criar uma única visão a
partir de partes disparatadas. A Cabalá faz a conversão, começando com uma
visão vívida, holística, e tentando transmitir aquela visão a outros. Apesar disso,
especial-mente após a expulsão da Espanha, o racionalismo e grande parte da
terminologia dos filósofos se integrou à sabedoria holística da Cabalá. O
resultado foi um florescimento e uma popularidade sem precedentes do
pensamento cabalístico.
A investigação filosófica jamais foi considerada nossa teologia nativa. Porém
a Cabalá mais tarde se beneficiou através da síntese com ela.
Na era crítica quando a Halachá foi codificada e estabelecida (a partir da expulsão
espanhola até a metade do Século 17), quase todos os eruditos sérios estavam
mergulhados na Cabalá. Rabi Yosef Caro, autor do código padrão da Lei Judaica,
o Shulchan Aruch; Rabi Moshê Isserles, cujos retoques tornaram aquele código
aceitável ao Judaísmo askenazita; bem como a maioria dos comentaristas padrão
daquele código, escreveram obras cabalísticas também. Até o popular sermão na
sinagoga com frequência era revestido e enfeitado com referências cabalísticas.
Para a maior parte dos judeus de países muçulmanos, o Zohar é tão sagrado
quanto o Livros dos Salmos. O Movimento Chassídico cresceu diretamente a
partir da Cabalá. Os oponentes originais ao Movimento Chassídico, como Rabi
Elijah de Vilna, foram mestres da Cabalá. Muitos dos comentários padrão
estudados atualmente sobre os Cinco Livros de Moshê estão repletos de
referências a ideias cabalísticas.
É por isso que tentar entender a experiência judaica sem entender a Cabalá é o
mesmo que analisar o comportamento de uma pessoa sem saber o que se passa
em sua mente. Os judeus notáveis das eras passadas que não provaram a Cabalá
sentiam aquela alma interior intuitivamente dentro da Torá que eles estudavam,
dentro de suas preces e dentro da prática das mitsvot. Em todas essas coisas, suas
almas brilhavam vibrantemente. No decorrer dos séculos, à medida que o mundo
se tornava mais estéril, materialista e confuso, aquela alma se tornou cansada e
sentiu-se adormecida. Hoje, o caminho cecrto para uma pessoa que raciocina
sentir a alma da experiência judaica é provar seus segredos íntimos. Hoje, o
Judaísmo privado da Cabalá é um corpo privado de sua alma.
Hoje o estudo da cabala é vital por um motivo ainda mais importante – como um
estágio essencial para a evolução definitiva da humanidade. Abordaremos isto
depois.
Você pode ser criativo com a Cabalá?
Uma sabedoria recebida pareceria não deixar espaço para originalidade ou criati-
vidade. O Zohar nos diz que aquele que cria as próprias ideias e as chama de Torá
está criando um ídolo.
A comparação é significativa: como um ídolo é uma falsa representação de D'us,
também essa ideia é uma falsa representação da sabedoria Divina, e “Ele e Sua
sabedoria são um.”
Porém, como em outros campos da Torá, a Cabalá ferve com pensamento criativo
e originalidade. Eis como Rabi Moshê Cordovero, um professor líder do Século
16 da escola racionalista-cabalista de Tzfat, explicava a necessidade e os
parâmetros de originalidade na Cabalá:
O Livro da Formação diz: “Entenda com sabedoria; seja sábio com
entendimento.”
“Entender com sabedoria” significa investigar bem tudo que seu mestre ensinou a
você na sabedoria das modalidades. Afinal, nesses assuntos transmitimos apenas
um mero esboço. A partir deste esboço, cada pessoa deve entender uma ideia a
partir de outra.
O Cabalista é criativo, pode ter visões iluminadoras, porém tudo que ele
ensina não passa de comentário sobre a tradição recebida.
Você pode ver isto nas palavras de nossos Sábios quando eles disseram: “Este
assunto é falado somente a um sábio que entende com sua própria mente.” A
partir disto, você vê que uma pessoa deve usar a própria mente para comparar
uma coisa com outra, e assim extrair uma ideia de dentro da outra. Dessa maneira
ele terá uma mente procriativa e não uma estéril.
E ainda diz; “Seja sábio com entendimento”. Isso significa que quando você
origina e analisa com o próprio intelecto para que possa entender, deve tomar
cuidado para conceber a ideia e explicá-la dentro da estrutura da tradição dos
rabinos e suas palavras verdadeiras. As ideias originais devem estar incluídas
naquilo que você adquiriu, seja pouco ou muito.
Os cabalistas podem ter visões, mas eles não encontraram seus ensinamentos
naquelas revelações. Sejam quais forem as visões que eles tiveram, veem aquelas
como meras iluminações dos textos sagrados e dos ensinamentos que já
receberam. Nesta maneira, a Cabalá permanece uma árvore da vida, com
profundas raízes segurando-a firmemente no lugar, enquanto dá doces frutos
novos a cada estação.
Quais são algumas ideias básicas da Cabalá?
Embora tudos se estendam a partir de uma só visão unificada, os temas que a
Cabalá aborda são vastos e variados. Aqui estão alguns dos principais:
Luz Infinita:
Uma metáfora para D'us. D'us é incognoscível e sem forma, porém todas as
formas se expandem a partir Dele. A ideia de luz ilimitada ajuda a comunicar essa
ideia. Porém a essência de D'us está além até do infinito. E D'us é encontrado nas
trevas assim como é encontrado na luz.
Luz e Recipientes:
Similar à ideia moderna de energia e matéria. O ato da criação é sustentado
através de uma dinâmica de luz infinita comprimida em estados definidos de ser
chamados “recipientes”, que então projetam a luz para criar uma infinidade de
seres.
Dez Sefirot:
A conexão entre a Luz Infinita e uma criação finita deveria ser intransponível, e
mesmo assim aqui estamos nós, decididamente projeções finitas daquela Luz
Infinita. Este é o mistério das dez sefirot: como o Infinito interage com os
mundos que gerou através de dez modalidades luminosas, A ordem das sefirot se
move a partir do domínio intelectual através da emoção e desce até o âmbito do
“domínio” – a esfera de realmente conseguir algo feito. Esta é a “divina imagem”
na qual o ser humano é criado. Ao nos conhecermos como seres humanos,
portanto, podemos descobrir o divino. E ao entender o divino, somos mais
capazes de curar e nutrir o ser humano.
O Mistério do Alfabeto Hebraico:
Em hebraico, não há coisas, somente palavras. O nome hebraico de cada coisa
contém sua força de vida essencial. O poder infinito do Criador é encontrado
dentro de cada exemplo e objeto da criação; nada está fora dessa luz e nada é
vazia dela. As vinte e duas letras do alfabeto hebraico expressam as articulações
específicas daquela força criativa. Aquele que domina seus mistérios tem a chave
para entender a natureza de cada coisa.
União de Opostos:
O universo inteiro é uma união dinâmica de macho e fêmea. A alma-vida do uni-
verso, conhecida como Shechiná, e a Luz Infinita, anseiam por se reunir, como a
alma humana anseia por se reunir com sua origem dentro de D'us. O estudo de
Torá e o cumprimento das mitsvot provocam essas uniões, permitindo assim que
a luz nova e transcendental penetre no cosmos.
Tikun:
O mais notável dos cabalistas, Rabi Yitschak Luria, conhecido como “o Ari” (o
leão), conseguiu explicar muitas passagens arcanas do Zohar por meio de uma
dou-trina de tikun, que significa “conserto”. Revertendo o modelo padrão, o Ari
expli-cou que o mundo foi criado num estado quebrado, e o ser humano foi
colcoado nele para recolher as peças espalhadas e consertar sua integridade. O
resultado eventual é a união da existência finita com a Luz Infinita, além até
daquilo que era no início da criação.
Como a Cabalá se encaixa no mundo moderno?
A Cabalá tem o potencial de amainar o conflito entre o frio mundo exterior
que observamos e o cálido mundo interior do observador.
Nos últimos cem anos, a ciência desnudou a complicada e pura vastidão do
mundo físico numa maneira antes inconcebível. Descobrimos uma
impressionante har-monia pela qual todo o universo físico é visto como uma
singularidade, toda partí-culo integralmente relacionada a toda outra partícula,
uma harmonia pela qual até a matéria e a energia em si mesmas são
essencialmente uma única dinâmica.
A tecnologis nos deu meios para partilhar e examinar este conhecimento que era
inimaginável há uma geração. Programar nossos próprios ambientes virtuais nos
enriquece com uma metáfora pela qual podemos imaginar o que significa criar
um mundo e sustentar sua existência a cada momento.
A humanidade deveria ser tomada por reverência e assombro, mas em vez disso
temos sido deixados no frio. Ironicamente, em nossa busca pela unidade da lei
fisiica, temos nos afastado daquela unidade, cavando um vácuo devastador entre o
mundo difícil e material que nos cerca e o mundo suave e humano que arde no
inte-rior. Ao mediar este divórcio, nos mesmos nos tornamos órfãos.
A Cabalá cura esta ferida. Descreve o mundo ao redor na linguagem da nossa
psique. Ela nos põe em contato com um mundo composto não de matéria crua,
mas de mente inimaginável.
O cientistas descreve o universo dentro das dimensões de tempo e espaço, em
termos que ele pode contar e mensurar. Porém nem tudo que conta pode ser con-
tado. Uma das obras mais antigas da Cabalá, o Livro da Formação, descreve
ainda outra dimensão: aquela da vida, consciência e alma. Tudo que existe no
tempo e no espaço, aprendemos, é primeiro encontrado no fundo daquela
dimensão interior.
É uma dimensão com a qual estamos intimamente familiarizados.
O artista olha para uma árvore e vê não uma estrutura celular de carbono, mas
beleza, vida e magnificência. O amante da música escuta num quarteto de cordas
não as vibrações das cordas de nylon e sua série de tons, mas a luta pela resolução
dentro da alma do compositor. O crítico literário lê dentro das palavras do
romance os pensamentos do autor, dentro dos pensamentos as atitudes, dentro das
atitudes a percepção do mundo que gera tais atitudes, e dentro daquela percepção
a persona do próprio autor.
Assim também, o cabalista vê dentro de cada exemplo da realidade não sua pre-
sença palpável e definida, mas uma energia divina sustentando toda a existência,
sempre nova como a água da cachoeira é renovada a cada momento, gerando e re-
generando cada detalhe do vácuo absoluto, imbuindo cada coisa com suas propri-
edades particulares e com vida, cada instante da existência em sua maneira
particu-lar. E dentro daquela dinâmica da criação, o cabalista vê o próprio D'us.
Como resultado, temos uma afinidade com este universo ao redor. Assim como
sentimos dentro de nós mesmos camada sobre camada de personalidade, mais
profundamente cada extrato da consciência, e ainda dentro de tudo isso uma
indefinível essência do ser, também podemos perceber profundamente dentro do
universo uma sentença infinitamente maior que a nossa, e uma essência que
transcende o conhecimento e o saber juntos.
Na verdade, somos os filhos daquela essência incognoscível, nossas mentes um
pálido reflexo de sua luz dentro das águas barrentas do mundo material, nossas
almas seu próprio sopro dentro daqueles limites corpóreos.
Por que precisamos agora da Cabalá?
O franco estudo da Cabalá atualmente não é apenas porque precisamos da inspira-
ção que ele fornece, mas porque este é um estágio vital na evolução do mundo.
Divulgar os ensinamentos da Cabalá numa forma que a mente possa
entender prepara o mundo para a Era Messiânica.
A suprema fase deste mundo é uma era messiânica na qual “a ocupação do
mundo inteiro será apenas conhecer a D'us”. Isso não significa simplesmente
saber que há um D'us, mas conhecer Seu universo como Ele o conhece, e a
sabedoria por trás disso como aquela sabedoria é uma com Ele. A preparação para
este tempo já começou, e estamos nela.
A obra principal da Cabalá, o Zohar, descreve uma era que espelhará o dilúvio de
Nôach – dessa vez com um mundo inundado com sabedoria em vez de água:
“No seiscentésimo ano da vida de Nôach… todos os mananciais da grande
profun-deza se abriram, e as janelas do céu ficaram abertas…” – Bereshit, 7:11
Sobre isto, o Zohar declara:
“No 6º século do 6º milênio os portões da sabedoria sobrenatural serão abertos,
como as fontes de sabedoria terrena, preparando o mundo para ser elevado ao
séti-mo milênio.”
O sexto século do sexto milênio do calendário judaico corresponde ao período de
1740-1840, na verdade um período de explosivos avanços em tecnologia e
ciência. Ao mesmo tempo, os portões da sabedoria sobrenatural foram abertos
através dos mestres chassídicos da Cabalá.
Agora é hora de partilhar ambas as sabedorias, a terrena e a celestial, para fundi-
las como uma só e inundar o mundo até que seja cumprida a promessa do profeta:
“A terra ficará repleta com a consciência de D'us como a água cobre o oceano.” -
Yeshayahu 11:9
Onde posso aprender a Cabalá autêntica?
Fale com seu Mestre. Talvez ele esteja dando aulas sobre Cabalá, ou algum tópico
a partir de uma perspectiva cabalística.