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QUARTA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2008 ANO XXI, NÚMERO 7.461 Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, a Pop Art começa a tomar forma na década de 1950 e sobrevive por quase 60 anos no mercado. Roy Lichtenstein C onhecido por suas obras de histórias em quadrinhos, Lichtenstein criticava a cultura de massa e aspectos do mundo moderno através de clichês, misturando arte comercial e abstração. Socos, tiros, lágrimas de amor se transformam em arte com textos de apoio. Suas técnicas incluíam cores brilhantes com contorno preto, que gerava grande impacto, e o reticulado que imitava as revistas em quadrinhos. Ele define o movimento como o uso do que é desprezado. Já na década de 60 passa a empregar em sua arte elementos da propaganda, e faz de Mickey, Pernalonga e Pato Donald inspiração para quadros gigantes. Foi um grande crítico da massificação difundida principalmente pela propaganda. Andy Warhol U m dos grandes nomes da pop art, Warhol começou em Nova York como ilustrador de revistas importantes como a Vogue, Harper’s Bazaar e The New Yorker após graduar-se em design. Ganhou vários prêmios como diretor de arte do Art Director’s Club e do The American Institute of Graphic Arts. Em sua primeira mostra individual exibiu quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote, que foram mostrados em diversos outros lugares, inclusive o MoMA, Museum of Modern Art de Nova York. A partir dos anos 60, ele incorpora conceitos da publicidade às suas obras, trazendo cores fortes e tintas acrílicas. Traz para a pop art a reprodução mecânica e a serigrafia com temas do cotidiano e itens de consumo, tais como a lata de sopa Campbells e a Coca-Cola, e rostos de famosos como Marilyn Monroe, Elvis Presley e Che Guevara, reproduzidos com cores diferentes e berrantes. Atuou também em outras áreas artísticas, como o cinema, produzindo filmes conceituais, e a música, com o grupo de rock Velvet Underground, ajudando a difundir o glitter rock originado em Londres, que enfatiza elementos de androginia mostrando a decadência dos padrões de comportamento vigentes. A pop art surge na Inglaterra, durante o pós- guerra, quando o povo britânico cobiçava a prosperidade econômica da sociedade americana. Formada inicialmente pelo “Independent Group”, gru- po de artistas cujos partici- pantes eram Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake, a Arte Pop teve como pre- cussores america- nos Andy Warhol e Roy Lichtenstein. A arte transpos- ta à cultura indus- trial tem por finali- dade a reprodução em massa: retrato d o consumo exacerbado e desprovido de discerni- mento e crítica por parte dos consumidores. Perso- nalidades públicas como Marilyn Monroe, Elvis Presley e Marlon Bran- do, entre outros, são re- tratados por Andy Warhol como figuras impessoais e vazias, reflexo desse con- sumismo. Produtos como a sopa Campbell’s e as garrafas de Coca-Cola apresenta- das em latas serigrafadas e mecanizadas, ao invés do tradicional trabalho manual, transfor- mam personalidades famo- sas e objetos em símbolo cultural da época, figuras criadas pela publicidade. A pop arte é a cultura comercial cujo objetivo é a venda. Desmitificando conceitos entre “arte fina” e “arte vulgar”, o estilo pop art é produzido e consumido nos dias de hoje, embo- ra nos dias de hoje o pop exerça um papel mais estético do que crítico. Atualmente, os principais precurso- res da Pop Art são os estadunidenses Scott Lefavor e Jeff Koons, que fazem releituras de obras dos pioneiros Warhol e Lichtenstein, além do brasileiro Ro- mero Britto, radica- do em Miami. Sua arte atrai cantores e atores fa- mosos de Hollywood, mas recebe críticas nega- tivas dos puristas, que de- fendem a arte não-comer- cial, aquela que foge do maquinário da indústria cultural para o consumo em massa. Com suas cores gritantes e desenhos esti- A Pop Art é uma abreviação do termo inglês popular art, que não é feita pelo povo artesa- nalmente, mas para as massas. A Pop Art é considerada a mais extraordiná- ria inovação da arte no século XX, pois foi o movimento de maior aceitação, até hoje seus conceitos são usados na propaganda e em produtos. Em 1967, Andy Warhol esteve na Bienal em São Paulo. Os pop artistas dominaram a re- presentação nos EUA, já no Brasil não houve a mesma repercussão, a Pop Art ficou restrita a colecionadores, frequentadores de galerias e museus na época. Curiosidades lizados de corações, flores e pessoas, o pintor que começou no grafite tem suas obras reproduzi- das em carros, garrafas de vodka e até em caixas de sabão em pó, para a ale- gria das donas de casa e o desespero dos críticos de arte. A arte é pop Crying Girl, de Roy Lichtenstein. Andy Warhol Audi RS4 decorado por Romero Britto. caderno 2 pop.indd 1 27/4/2009 10:45:18

Caderno 2

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Trabalho de construção da primeira página do Caderno 2 realizado na Universidade Anhembi Morumbi

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Page 1: Caderno 2

QUARTA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2008ANO XXI, NÚMERO 7.461

Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, a Pop Art começa a tomar forma na década de 1950 e sobrevive por quase 60 anos no mercado.

Roy Lichtenstein

Conhecido por suas obras de histórias em quadrinhos, Lichtenstein criticava a cultura de massa e aspectos do mundo moderno através de

clichês, misturando arte comercial e abstração. Socos, tiros, lágrimas de amor se transformam em arte com textos de apoio.

Suas técnicas incluíam cores brilhantes com contorno preto, que gerava grande impacto, e o reticulado que imitava as revistas em quadrinhos. Ele defi ne o movimento como o uso do que é desprezado.

Já na década de 60 passa a empregar em sua arte elementos da propaganda, e faz de Mickey, Pernalonga e Pato Donald inspiração para quadros gigantes. Foi um grande crítico da massifi cação difundida principalmente pela propaganda.

Andy Warhol

Um dos grandes nomes da pop art, Warhol começou em Nova York como ilustrador de revistas importantes como a Vogue, Harper’s Bazaar e The New Yorker após graduar-se em design.

Ganhou vários prêmios como diretor de arte do Art Director’s Club e do The American Institute of Graphic Arts.Em sua primeira mostra individual exibiu quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote, que foram mostrados em diversos outros lugares, inclusive o MoMA, Museum of Modern Art de Nova York.

A partir dos anos 60, ele incorpora conceitos da publicidade às suas obras, trazendo cores fortes e tintas acrílicas. Traz para a pop art a reprodução mecânica e a serigrafi a com temas do cotidiano e itens de consumo, tais como a lata de sopa Campbells e a Coca-Cola, e rostos de famosos como Marilyn Monroe, Elvis Presley e Che Guevara, reproduzidos com cores diferentes e berrantes.

Atuou também em outras áreas artísticas, como o cinema, produzindo fi lmes conceituais, e a música, com o grupo de rock Velvet Underground, ajudando a difundir o glitter rock originado em Londres, que enfatiza elementos de androginia mostrando a decadência dos padrões de comportamento vigentes.

UHarper’s Bazaar e The New Yorker após graduar-se em design.

Art Director’s Club e do The American Institute of

York.

A pop art surge na Inglaterra, durante o pós-guerra, quando

o povo britânico cobiçava a prosperidade econômica da sociedade americana. Formada inicialmente pelo “Independent Group”, gru-po de artistas cujos partici-pantes eram Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake, a Arte Pop teve como pre-cussores america-nos Andy Warhol e Roy Lichtenstein.

A arte transpos-ta à cultura indus-trial tem por fi nali-dade a reprodução em massa: retrato d o consumo exacerbado e desprovido de discerni-mento e crítica por parte dos consumidores. Perso-nalidades públicas como Marilyn Monroe, Elvis Presley e Marlon Bran-do, entre outros, são re-tratados por Andy Warhol como fi guras impessoais e

vazias, refl exo desse con-sumismo.

Produtos como a sopa Campbell’s e as garrafas de Coca-Cola apresenta-das em latas serigrafadas e

mecanizadas, ao invés

do tradicional trabalho manual, transfor-mam personalidades famo-sas e objetos em símbolo cultural da época, fi guras criadas pela publicidade.

A pop arte é a cultura comercial cujo objetivo é a venda. Desmitifi cando conceitos entre “arte fi na” e

“arte vulgar”, o estilo pop art é produzido e consumido nos dias de hoje, embo-ra nos dias de hoje o

pop exerça um papel mais estético do que crítico.

Atualmente, os principais precurso-res da Pop Art são os estadunidenses Scott

Lefavor e Jeff Koons, que fazem releituras de obras dos pioneiros Warhol e Lichtenstein, além do brasileiro Ro-

mero Britto, radica-do em Miami.

Sua arte atrai cantores e atores fa-

mosos de Hollywood,

mas recebe críticas nega-tivas dos puristas, que de-fendem a arte não-comer-cial, aquela que foge do maquinário da indústria cultural para o consumo em massa. Com suas cores gritantes e desenhos esti-

A Pop Art é uma abreviação do termo inglês popular art, que não é feita pelo povo artesa-nalmente, mas para as massas.

A Pop Art é considerada a mais extraordiná- ria inovação da arte no século XX, pois foi o movimento de maior aceitação, até hoje seus conceitos são usados na propaganda e em produtos.

Em 1967, Andy Warhol esteve na Bienal em São Paulo. Os pop artistas dominaram a re-presentação nos EUA, já no Brasil não houve a mesma repercussão, a Pop Art fi cou restrita a colecionadores, frequentadores de galerias e museus na época.

Curiosidades

lizados de corações, fl ores e pessoas, o pintor que começou no grafi te tem suas obras reproduzi-das em carros, garrafas de

vodka e até em caixas de sabão em pó, para a ale-gria das donas de casa e o desespero dos críticos de arte.

A arte é pop

Crying Girl, de Roy Lichtenstein.

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Audi RS4 decorado por Romero Britto.

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