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www.diariodenoticias.com.br São Paulo, 2008 - Edição 17 - Página1 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Transações milionárias do futebol esquentam mercado do Direito Desportivo O s contratos milionários gerados na transferência em escala de grandes cra ques do futebol, bem como as complexas ques tões jurídicas envolven do os contratos do cha- mado “direito de imagem” dos atletas, estão transformando o Direito Desportivo numa das especialidades mais valorizadas do novo merca- do da advocacia empresarial. No Brasil, o assunto ganha, agora, importân- cia ainda maior em função das especulações que cercam as propostas de alteração da Lei Pelé – Lei 9615/ 98 –, a chamada “Lei do Passe”, que entre outras coisas, estabelece o balizamento jurídico que vem regulando os vínculos dos atle- tas com os clubes há última década. A nova legislação pro- moveu uma verdadeira revolu- ção nos critérios que antes ga- rantiam às agremiações direito de “posse” quase exclusivo sobre os seus jogadores. Na realidade, o tema é tão polêmico porque o futebol se trans- formou num dos maiores negóci- os do mundo, observa a advogada Jacira Teixeira Moura - sócia- fundadora do Escritório Valle, Moura & Leal Advogados -, es- pecializada em Direito Desporti- vo e Direito Internacional. Jacira assinalou importante participação nos antecedentes que contribuíram para a afirmação dos princípios consolidados na apro- vação da Lei Pelé, em 24 de mar- ço de 1998, depois de longos anos de polêmica e da articulação de vários “lobbies” que pretendi- am derrubar o projeto no Con- gresso Nacional e manter a “pos- se” dos atletas pelos “cartolas” que dominavam a cena do futebol brasileiro na época. Mesmo num meio de ampla predominância masculina, a advogada tornou-se pioneira ao fazer prevalecer a tese do livre exercício do trabalho, conforme prevista na Constituição Fe- deral (Artigo 5º, Inciso XIII), no pedido de liminar em favor de seu cliente, o zagueiro Marcelo Kiremitdjian, revelado pelo Corinthi- ans, concedida em 02 de outubro de 97 pelo ex- ministro do Trabalho Almir Pazzianotto, à épo- ca, corregedor da Justiça do Trabalho. De volta ao país, depois de defender o Clu- be Lyon, da França por três anos, o jogador Marcelo era dono de seu passe que, então, alugara ao Goiás. Tempos depois, ao pedir rescisão do contrato, o clube não aceitou e impetrou e ganhou mandado de segurança no TRT local, impedindo o atleta de se transferir para outro clube. Na prática, aquela decisão da Justiça impedia o jogador de trabalhar. A sentença do ministro Pazzianotto valeu à Jacira Moura, inclusive, citação na coluna de Celso Kinjô, no Jornal da Tarde (edição de 03/10/97), intitulada “Um exemplo para ajudar Pelé”, em que o colunista destacou: ..... Um exemplo como esse vai valer ao ministro Pelé mais do que cem aliados na Câmara Federal...” Especialista alerta para riscos do “tráfico internacional” de atletas menores de idade Hoje, contudo, as coisas estão bem diferen- tes, houve considerável avanço da legislação que rege o futebol, salienta Jacira Moura, pós- graduada em Direito Desportivo pela School of Practice Jurist de Madri, em 2001, e em Direito Internacional e Contratos Internacionais pela University of London, em 2000. Entretanto, a especialista chama a atenção para a prática do “tráfico de atletas”, sobretu- do menores de idade, que vem crescendo de forma alarmante no mundo todo, isso, porque nos casos envolvendo menores fica mais fácil camuflar os limites jurídicos, e também por- que é muito mais lucrativo para os empresári- os lidar com atletas que ainda não consolida- ram valor de mercado. “Para conseguir o rompimento do atleta com o seu clube, os agentes, antes, negociam um emprego no país de destino para um parente do garoto, como o pai ou a mãe.” Segundo a advogada, já são vári- os os exemplos de jogadores meno- res de idade, inclusive brasileiros, levados para clubes europeus, por exemplo, através do uso de uma prá- tica bastante questionável. A lei brasileira proíbe a transferência de menores para o exterior, mas “há casos em que para conseguir o rom- pimento do atleta com o seu clube no país de origem, os agentes, antes, negociam um emprego no país de destino para um parente do garoto, como mãe ou pai, que têm a tutela legal sobre o menor. Assim, não é o atleta que está se transferindo para outro clube, mas um adolescente que acompanha a família em emigração para outro país.” Os riscos para o atleta, caso ele não se suceda bem, é ter comprome- tida a sua própria sobrevivência no novo país, muitas vezes às custas de subempregos e atividades ilegais, “uma vez que muitos dos agentes que atuam nas transferências inter- nacionais de jogadores não são em- CONTINUA NA PÁGINA-2 O futebol se transformou num dos maiores negócios do mundo, diz a advogada Jacira Teixeira Moura - sócia-fundadora do Escritório Valle, Moura & Leal Advogados -, especializada em Direito Desportivo e Direito Internacional. GENÉSIO/DN GENÉSIO/DN “É certo que nos bastidores já se movimentam os poderosos “lobbies” em defesa de seus próprios interesses.” A estrutura básica da organização do Poder Judiciário está descrita na Constituição Federal a partir do art. 92, sendo que o art. 94, seguindo orientações das constituições anteriores, dispõe que um quinto dos lugares nos tribunais serão preenchidos por advogados e membros do Ministério Público. Justamente por permitir uma forma de ingresso na magistratura diferente daquela legalmente prevista (aprovação prévia em concurso de provas e títulos, conforme art. 92, I da Constituição Federal) a polêmica é estabelecida sempre que o assunto entra em debate. O CADERNO ADVOGADOS, abre espa- ço para opiniões de especialistas com a seguinte questão: ”O Quinto Constitucional para advogados deve existir ou não? Página - 8 Quinto Constitucional Valter de Lana - da Redação Falta apoio para a reforma da APL José Renato Nalini, desembargador do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) também é presidente da APL (Academia Paulista de Letras) e esperava com a Lei Rouanet obter maior apoio de empresas e da sociedade civil para dar início às reformas no prédio da Academia situado no largo do Arouche. A possibilidade de isenção do imposto de renda, graças à lei federal 8.313/91, ainda não motivou os interessados a aderirem ao projeto de restauração. Por exigência legal, caso não seja obtido 20% (vinte por cento) de um orçamento superior a R$ 3 milhões, Nalini não poderá dar início às reformas. Em entrevista concedida com exclusividade à reportagem do Diário de Notícias Nalini conta que seu próximo livro, está quase concluído, e tem como tema a morte. Páginas - 3 e 4

Caderno Advogados - Ed 17

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www.diariodenoticias.com.br São Paulo, 2008 - Edição 17 - Página1DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Transações milionárias dofutebol esquentam mercado

do Direito Desportivo

Os contratos milionáriosgerados na transferênciaem escala de grandes craques do futebol, bemcomo as complexas questões jurídicas envolvendo os contratos do cha-

mado “direito de imagem” dos atletas, estãotransformando o Direito Desportivo numa dasespecialidades mais valorizadas do novo merca-do da advocacia empresarial.

No Brasil, o assunto ganha, agora, importân-cia ainda maior em função das especulações quecercam as propostas de alteração da Lei Pelé –Lei 9615/ 98 –, a chamada “Lei do Passe”, queentre outras coisas, estabeleceo balizamento jurídico que vemregulando os vínculos dos atle-tas com os clubes há últimadécada. A nova legislação pro-moveu uma verdadeira revolu-ção nos critérios que antes ga-rantiam às agremiações direitode “posse” quase exclusivosobre os seus jogadores.

Na realidade, o tema é tãopolêmico porque o futebol se trans-formou num dos maiores negóci-os do mundo, observa a advogadaJacira Teixeira Moura - sócia-fundadora do Escritório Valle,Moura & Leal Advogados -, es-pecializada em Direito Desporti-vo e Direito Internacional.

Jacira assinalou importanteparticipação nos antecedentes quecontribuíram para a afirmação dosprincípios consolidados na apro-vação da Lei Pelé, em 24 de mar-ço de 1998, depois de longosanos de polêmica e da articulaçãode vários “lobbies” que pretendi-am derrubar o projeto no Con-gresso Nacional e manter a “pos-se” dos atletas pelos “cartolas”que dominavam a cena do futebolbrasileiro na época.

Mesmo num meio de ampla predominânciamasculina, a advogada tornou-se pioneira aofazer prevalecer a tese do livre exercício dotrabalho, conforme prevista na Constituição Fe-deral (Artigo 5º, Inciso XIII), no pedido deliminar em favor de seu cliente, o zagueiroMarcelo Kiremitdjian, revelado pelo Corinthi-ans, concedida em 02 de outubro de 97 pelo ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto, à épo-ca, corregedor da Justiça do Trabalho.

De volta ao país, depois de defender o Clu-be Lyon, da França por três anos, o jogadorMarcelo era dono de seu passe que, então,alugara ao Goiás. Tempos depois, ao pedirrescisão do contrato, o clube não aceitou eimpetrou e ganhou mandado de segurança noTRT local, impedindo o atleta de se transferir

para outro clube. Na prática, aquela decisão daJustiça impedia o jogador de trabalhar.

A sentença do ministro Pazzianotto valeu à JaciraMoura, inclusive, citação na coluna de Celso Kinjô,no Jornal da Tarde (edição de 03/10/97), intitulada“Um exemplo para ajudar Pelé”, em que o colunistadestacou: “..... Um exemplo como esse vai valer aoministro Pelé mais do que cem aliados na CâmaraFederal...”

Especialista alerta parariscos do “tráficointernacional” de atletasmenores de idade

Hoje, contudo, as coisas estão bem diferen-

tes, houve considerável avanço da legislaçãoque rege o futebol, salienta Jacira Moura, pós-graduada em Direito Desportivo pela School ofPractice Jurist de Madri, em 2001, e em DireitoInternacional e Contratos Internacionais pelaUniversity of London, em 2000.

Entretanto, a especialista chama a atençãopara a prática do “tráfico de atletas”, sobretu-do menores de idade, que vem crescendo deforma alarmante no mundo todo, isso, porquenos casos envolvendo menores fica mais fácilcamuflar os limites jurídicos, e também por-que é muito mais lucrativo para os empresári-os lidar com atletas que ainda não consolida-ram valor de mercado.

“Para conseguir o rompimento do atleta como seu clube, os agentes, antes, negociam um

emprego no país de destino para umparente do garoto, como o pai ou amãe.”

Segundo a advogada, já são vári-os os exemplos de jogadores meno-res de idade, inclusive brasileiros,levados para clubes europeus, porexemplo, através do uso de uma prá-tica bastante questionável. A leibrasileira proíbe a transferência demenores para o exterior, mas “hácasos em que para conseguir o rom-pimento do atleta com o seu clube nopaís de origem, os agentes, antes,negociam um emprego no país dedestino para um parente do garoto,como mãe ou pai, que têm a tutelalegal sobre o menor. Assim, não é oatleta que está se transferindo paraoutro clube, mas um adolescente queacompanha a família em emigraçãopara outro país.”

Os riscos para o atleta, caso elenão se suceda bem, é ter comprome-tida a sua própria sobrevivência nonovo país, muitas vezes às custas desubempregos e atividades ilegais,“uma vez que muitos dos agentesque atuam nas transferências inter-nacionais de jogadores não são em-

CONTINUA NA PÁGINA-2

O futebolse transformou

num dos maioresnegócios do mundo,

diz a advogada JaciraTeixeira Moura -

sócia-fundadora doEscritório Valle, Moura &

Leal Advogados -,especializada em Direito

Desportivo e DireitoInternacional.

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“É certo que nos

bastidores já se

movimentam os

poderosos “lobbies”

em defesa de seus

próprios interesses.”

A estrutura básica da organização do Poder Judiciário estádescrita na Constituição Federal a partir do art. 92, sendo que o art.94, seguindo orientações das constituições anteriores, dispõe que umquinto dos lugares nos tribunais serão preenchidos por advogados emembros do Ministério Público. Justamente por permitir uma formade ingresso na magistratura diferente daquela legalmente prevista(aprovação prévia em concurso de provas e títulos, conforme art. 92,I da Constituição Federal) a polêmica é estabelecida sempre que oassunto entra em debate. O CADERNO ADVOGADOS, abre espa-ço para opiniões de especialistas com a seguinte questão: ”O QuintoConstitucional para advogados deve existir ou não? Página - 8

Quinto Constitucional

Valter de Lana - da Redação

Falta apoio para a reforma da APLJosé Renato Nalini, desembargador do TJ-SP (Tribunal de

Justiça de São Paulo) também é presidente da APL (AcademiaPaulista de Letras) e esperava com a Lei Rouanet obter maior apoiode empresas e da sociedade civil para dar início às reformas noprédio da Academia situado no largo do Arouche.

A possibilidade de isenção do imposto de renda, graças à leifederal 8.313/91, ainda não motivou os interessados a aderirem aoprojeto de restauração. Por exigência legal, caso não seja obtido20% (vinte por cento) de um orçamento superior a R$ 3 milhões,Nalini não poderá dar início às reformas.

Em entrevista concedida com exclusividade à reportagem doDiário de Notícias Nalini conta que seu próximo livro, está quaseconcluído, e tem como tema a morte. Páginas - 3 e 4

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R. Ester Rombenso, 361 centro Osasco

CONTINUAÇÃO DA CAPA

presários devidamente credenciados pela FIFAnem pela CBF, ou seja, não têm qualquer res-ponsabilidade para com os atletas que agenci-am”, adverte Jacira.

Conforme ela, a própria FIFA determina quesomente agentes credenciados, podem fazer oagenciamento de jogadores, o que significa aintermediação e sua representação nos contratosde transferência de clubes e também nos contra-tos de marketing desportivo, de direito de ima-gem e direito de arena, e para isso, inclusive,eles prestam concursos nas confederações naci-onais. “Há uma cláusula no regulamento da FIFA,segunda a qual, além dos chamados “AgentesCredenciados” ou “Agentes FIFA”estão habili-tados para a função somente mãe, pai, cônjugeou um representante legal, como um advogadoespecializado, seja do atleta ou do clube do paísde origem, devidamente autorizado e credenci-ado.”

Do ponto de vista da realidade brasileira, agrande preocupação destacada por Jacira Mourasobre as mudanças propostas na legislação é ainércia com que o governo, o congresso e aspróprias entidades do futebol estão discutindo oprojeto de conversão da MP 079/2002, cujoobjetivo é estabelecer novos parâmetros quedepois poderão ser incorporados a um novomarco regulatório das relações do futebol. “Écerto que nos bastidores já se movimentam os

poderosos “lobbies” em defesa de seus própriosinteresses.”

No centro das discussões está a questãodo vínculo entre o atleta e o clube ou do

atleta com o empresário, diante doque, o grande temor é de que a LeiPelé teria trocada a antiga instituiçãodo passe com qual os clubes segura-vam os jogadores conforme os seusinteresses e dos “cartolas”, pela figu-

ra da “posse”, consagrando a figura dovínculo do atleta com o empresário.Uma das providências recomendáveis para o

impasse, no entender de Jacira, seria alertar osjovens atletas para a necessidade de contar coma assistência de um advogado especializado an-tes de assinar qualquer contrato ou procuração,prevenindo-se de cláusulas abusivas ou não muitoclaras. Outra medida, segundo ela, seria criaruma forma de indicar ao atleta se o “empresário”que está oferecendo-lhe serviços é credenciadoà FIFA ou CBF ou não. “Não se pretende comisso dar um atestado de idoneidade irrestrita aosagentes oficialmente credenciados, mas com cer-teza, o simples fasto de submetê-los a regras deatuação e conseqüentes penalizações, no casode descumprimento de contratos já seria umprogresso sgnificativo”, comenta advogada.

Além da Lei Pelé, outro importante avançoda legislação desportiva brasileira mencionadopor Jacira Moura foi o Código Brasileiro de

Justiça Desportiva, de dezembro de 2003. Am-bos os instrumentos legais passaram a regulardesde a organização até os direitos e deveres doesporte, tais como as relações de vínculo empre-gatício dos atletas do futebol.

A partir de então, ressalta a advogada, asquestões envolvendo os direitos dos atletas vêmganhando projeção cada vez maior, gerandonum novo e promissor segmento de prestação deserviços jurídicos de consultoria que participapraticamente toda a atividade profissional, nãoapenas do futebol, mas de todas as modalidadesdesportivas.

Para Jacira Moura, o mercado de DireitoDesportivo é relativamente recente no Brasil,mas exige uma grande dose de especialização,pois trata-se de um dos ramos jurídicos de maiorinterdisciplinaridade com outras áreas, tais comoDireito Internacional, Direito Trabalhista, Di-reito Tributário, Civil, etc.. “O contrato de tra-balho de um jogador de futebol é muito comple-xo, apresenta alguns aspectos comuns com aCLT, mas predominam as disposições da LeiPelé. As diferenças são muitas em relação aoscontratos dos trabalhadores comuns.”

Hoje já há no Brasil até cursos de pós-gradu-ação em Direito Desportivo e vários cursos deespecialização oferecidos por entidades como aFederação Paulista de Futebol, o Instituto Brasi-leiro de Direito Desportivo e Universidades,acrescenta Jacira.G

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“há casos em que paraconseguir o rompimento doatleta com o seu clube no

país de origem, os agentes,antes, negociam um

emprego no país de destinopara um parente do garoto,como mãe ou pai, que têm atutela legal sobre o menor.Assim, não é o atleta queestá se transferindo para

outro clube, mas umadolescente que

acompanha a família ememigração para outro país.”

Jacira: “Muitos dos agentesque atuam nas transferênciasinternacionais de jogadores

não são empresáriosdevidamente

credenciados pela FIFAnem pela CBF.”

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Por Robson Vitorino Em outros segmentos de prestação de servi-

ços, “cliente bem atendido” significa entregarao cliente o benefício esperado, atendendo suasexpectativas e se possível superando-as. Já naadvocacia, exercendo o seu ministério privado eprestando um serviço público, advogados nãopodem garantir aos seus clientes o êxito dasações, nem mesmo quando já houver jurispru-dências e entendimentos pacificados. Portanto,na advocacia não se pode garantir a entrega dosbenefícios ao cliente, mesmo que as circunstân-cias sejam totalmente favoráveis, porque a deci-são não depende exclusivamente do advogado.

Sendo assim, é necessário compreender osignificado do termo “cliente bem atendido”no segmento jurídico:

1. Encontrar no advogado qualificação epreparo – O cliente quando precisa dos servi-ços advocatícios, espera, no mínimo, que o pro-fissional apresente uma qualificação razoável,apresentando domínio sobre a matéria em ques-tão. Os escritórios e advogados precisam teruma área de atuação bem definida, onde sejamverdadeiramente “experts” no assunto, domi-nando-o com destreza. O cliente precisa saberque para aquele assunto, você ou seu escritórioforam a melhor opção. O segmento jurídicotambém tem vivido os reflexos da globalizaçãocom o surgimento de especialistas para os as-suntos mais diversos. A especialização pode ser

Clientes bem atendidos na Advocaciaum grande diferencial para o seu escritório.

2. Existir transparência e retorno no re-lacionamento com o cliente – O cliente precisaestar ciente dos riscos da ação, ou do serviçojurídico em questão. Cabe ao advogado manterseu cliente sempre atualizado sobre os anda-mentos, analisando as possibilidades e orientan-do seu cliente com total transparência. Muitosclientes reclamam que só vêem seus advogadosna hora de pagar os honorários. Tal comporta-mento é um grande obstáculo para se obter“clientes bem atendidos”. A emissão de relató-rios periódicos, a utilização de e-mail e as reu-niões presenciais, são indispensáveis para man-ter o cliente informado.

3. Estar comprometido com o cliente e

ir além da Tese – Sabemos que diversas sãoas variáveis que norteiam os entendimentosjurídicos do nosso País, e nem sempre osescritórios obtêm, por via judicial ou admi-nistrativa, o êxito. Ter um cliente bem aten-dido é estar comprometido em ajudá-lo aencontrar uma solução para resolver o seuproblema. Mesmo que isso signifique mos-trar que o cliente cometeu algum erro. En-contrar uma solução jurídica que ajude ocliente, significa ir além da tese. É compre-ender a realidade, interpretar os fatos e con-siderar as particularidades do negócio doseu cliente buscando soluções que transcen-dam a tese. Assim, ela irá se sentir “bematendido”.

4. Evite problemas para o cliente – Al-guns escritórios fazem a opção de “estaremdisponíveis”. Este comportamento acarreta emuma atuação reativa aos problemas apresenta-dos pelos clientes. Isso ocorre muitas vezesporque nem sempre o cliente tem conhecimen-to jurídico capaz de lhe fornecer uma atuaçãopreventiva. Atender bem o cliente significaevitar problemas para ele. E para que istopossa acontecer é necessário que haja um am-biente de proximidade entre o escritório e ocliente. É essencial que o advogado conheçabem o negócio do seu cliente suas caracterís-ticas jurídicas.

Estas são algumas descrições que nos aju-dam a compreender melhor o conceito de “bomatendimento”, apesar de serem apenas quatroitens, fica o desafio de implementá-las comêxito, em seu escritório por meio de uma estra-tégia de marketing jurídico ética e eficaz.

Robson Vitorino é consultor de MarketingJurídico em Portugal. Em Portugal criou o pri-meiro grupo de debates sobre o tema – Marke-ting Jurídico Portugal. É licenciado em Comuni-cação Social – Publicidade e Propaganda pelaUniversidade Veiga de Almeida (Rio de Janeiro- Brasil), MBA em Marketing de Serviços pelaUniversidade Cândido Mendes (Rio de Janeiro -Brasil), especializado em CRM e Novas Tecno-logias pelo IBMEC (Rio de Janeiro - Brasil).Professor de Marketing da Pós-graduação daUniversidade Cândido Mendes (Rio de Janeiro -Brasil).

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www.diariodenoticias.com.br São Paulo, 2008 - Edição 17 - Página3DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Desembargador José Renato Nalini:Sempre gostei de escrever, se um dia for “expulso da magistratura”tentarei sobreviver do jornalismo.

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Nalini buscarecursospara restaurara AcademiaPaulista de Letras

Literatura e Direito são indissolúveis no trabalho domagistrado e também do acadêmico Nalini.Lembra que quando era juiz da vara de registrospúblicos citava um trecho da peça Romeu e Julieta,de William Shakespeare, em suas decisões,ao deferir o pedido de mudança de nome e porconsiderar a lei equivocada ao lidar com o problema.

Roseli Ribeiro – da Redação

Atualmente, como desembargador do Tribunalpaulista, integra a Câmara Especial de Meio Ambi-ente, a Primeira Câmara de Direito Público e oÓrgão Especial, defende que o magistrado tem umaresponsabilidade maior e “poderia ajudar a erradi-car as injustiças do Brasil”.

Seu próximo livro, “Pronto para partir?”, estáquase pronto e aborda através da literatura, filoso-fia, medicina, religião e o Direito um tema denso: amorte. O autor justifica que “as pessoas esquecemque são finitas, que há um prazo, e só se preocupamcom as coisas materiais. Veja o mau trato contra omeio ambiente, a insensibilidade diante da miséria,a passividade diante de corrupção, tudo isso porqueo ser humano mergulhou em egoísmo, perdeu anoção da finitude”. Nalini usa a morte em seu novolivro como recurso para motivar seus leitores abuscarem o sentido de suas vidas.

Autor de vários livros, entre eles, A Rebelião daToga, Ética Ambiental, Constituição e Estado De-mocrático, Ética Geral e Profissional, Por que Filo-sofia, ele que é doutor em direito constitucional pelaUSP (Universidade de são Paulo) e também escreveno seu blog sobre as sessões da Academia, meioambiente e Direito. Conta que o site é bem visitadoe que o retorno dos leitores é muito bom e incentivao internauta a fazer suas críticas.

Entre os autores preferidos cita, entre os portu-gueses, José Saramago e Miguel Torga. Destaca ofilósofo francês, Edgar Morin e entre os brasileiros,Lygia Fagundes Telles e Gabriel Chalita, além dosjuristas, Miguel Reale e Aníbal Bruno.

Nalini tem agora outra grande tarefa, tirar dopapel o projeto de restauração do prédio da Acade-mia, e prepará-la para o aniversário de 100 anos, em2009, para isto busca a captação de recursos através

da Lei Rouanet, lei federal 8.313/91. Ele recebeu areportagem do Diário de Notícias na sala de reuni-ões do primeiro andar, da Academia, no largo doArouche.

DN - A Academia Paulista de Letras completa100 anos, em 2009, como está o trabalho do senhorem busca de patrocínio para reformar a Acade-mia?

Nalini - A Academia precisa estar em ordempara a comemoração do seu centenário, em 27 denovembro de 2009. Nós já tínhamos alguns proble-mas em relação ao prédio que é de 1948, que deveriaser tombado, embora ainda não seja, porque é de umarquiteto muito bom Jacques Pilon, que tem suaobra reconhecida. A prefeitura pediu algumas mo-dificações no prédio, como por exemplo, a adequa-ção dele para o acesso aos necessitados de atençãoespecial. Depois, houve a queda do teto do auditó-rio, que necessita de reforma urgente.

Por se tratar de um prédio que não pode seralterado com uma mera reforma, necessita de res-tauração, tivemos que procurar empresas especiali-zadas em projetos de restauração, uma contrataçãodispendiosa. Por isso, recorri a um amigo pessoal, oarquiteto, Walter Lafemina, que patrocinou o proje-

to de restauração e outro perante o Ministério daCultura, para a obtenção dos benefícios da LeiRouanet.

Conseguimos a permissão para captação de pa-trocínio pelo artigo 26 da lei, que não permiteisenção total, mas parcial. Agora, estamos tentandofazer com que o Ministério reexamine a questão epermita o abatimento total, pelo artigo 18 da lei, masainda não conseguimos.

Eu acreditava que a partir da aprovação doprojeto pela Lei Rouanet, houvesse uma participa-ção maior, considerada a relevância do prédio, daAcademia, que é a única casa inspirada na academiafrancesa e depois brasileira, de cultivo da literatura,do vernáculo. Até por estar situada no centro histó-rico de São Paulo, um lugar acessível, com Metrô,ônibus. Além do auditório que poderia ser usadopara uma série de outros eventos.

Por enquanto, não tenho tido grande receptivi-dade efetiva. Há muita promessa, interesse eviden-ciado, mas, se não tivermos 20% do montante dorestauro, que no ano passado foi orçado em mais R$3 milhões, não posso nem iniciar as obras com riscode perder a aprovação da lei Rouanet.

DN - De que maneira empresas e pessoascomuns podem se tornar parceiras desta iniciati-va?

Nalini - Temos agora uma pessoa responsávelAlessandra Trindade, ela é quem faz os esclareci-mentos para os interessados. Quem tiver interessepode destinar um percentual do Imposto de Rendaao patrocínio do projeto. Empresas podem destinaraté 4% do valor a ser pago de IR e pessoas comuns,até 6%. O valor destinado ao patrocínio será inte-gralmente deduzido do valor a ser pago do imposto.

DN – De que forma ocorre o trabalho em buscade patrocínios?

Nalini – A busca de patrocínio é feita por meiodo contato às empresas, potenciais patrocinadores,mostrando a importância deste projeto e as formasde patrociná-lo. Além do valor de patrocínio serintegralmente descontado da quantia a ser pago deimposto, as empresas e pessoas físicas estarão li-gando suas marcas e seus nomes à preservação deuma entidade de tamanha importância para a culturacomo a Academia.

DN - Que ano o senhor entrou para a Acade-mia? E o que mudou na sua vida?

Nalini – Quando entrei na Academia em 2003,Miguel Reale, a cada sessão dava uma aula. Eleabordou temas como globalização, os desafios dalinguagem no século XXI, a influência das infoviasno pensamento, na literatura. Outras do tipo, o fimdo livro, do jornal. O significado da morte, a des-cristianização do mundo.

Participar da Academia é um aprendizado, so-mos um grupo muito heterogêneo quanto a suaorigem. Historiadores, como o Hernâni Donato,Célio Debes, escritoras como, Ruth Rocha e LygiaFagundes Telles, o cientista, Crodowaldo Pavan.Há uma grande participação de juristas, Ives Gan-dra da Silva Martins, Ada Pellegrini Grinover, JoséCretella Junior, Paulo José da Costa Junior. Cronis-tas como Ignácio de Loyola Brandão, Anna MariaMartins. Poetas como Paulo Bomfim. Enfim, to-dos!

É um compromisso semanal que gera uma gran-de satisfação pessoal e um crescimento intelectualcontínuo. As sessões acontecem todas as quintas-feiras, à tarde, e são abertas ao público.

DN - Cite um escritor que mudou sua maneirade ver o mundo.

Nalini – Muitos. Um exemplo que me marcourecentemente é o escritor português Miguel Torga,já falecido. Ele escreveu aquilo que eu gostaria deescrever, tive uma grande identidade de pensamen-to com Torga, sobre concepção de vida, filosofia,apego ao passado, avaliação das perdas. Como a

Autor português Miguel Torga

Membros da Academia Paulista de Letras em solenidade

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gente perde pessoas queridas e continua vivendo.Outro autor é Edgar Morin, filósofo francês vivo,que nos leva a repensar a vida, a profissão, tudo.

DN - O que o senhor está lendo atualmente?

Nalini – Como estou escrevendo um livro sobrea morte, chama-se “Pronto para partir?”, estoulendo tudo que se refira ao tema, na literatura, nafilosofia, na religião, para refletir da melhor manei-ra possível. Na verdade, leio cinco, seis livros aomesmo tempo, conforme me canso, largo, pegooutro, retorno. Recentemente, li 1808, de Laurenti-no Gomes.

DN – Por que o senhor escolheu um tema tãodenso, como a morte?

Nalini – Estamos numa era da civilização, emque as pessoas esquecem que são finitas, que há umprazo, e só se preocupam com as coisas materiais.Veja o mau trato contra o meio ambiente, a insensi-bilidade diante da miséria, a passividade diante decorrupção, tudo isso porque o ser humano mergu-lhou em egoísmo, perdeu a noção da finitude.

No meu livro, que está quase pronto, pretendomostrar o sentido da morte, na literatura, na filoso-fia, na religião, na medicina, no Direito e que temosque nos preparar para a morte nas pequenas coisas.Não ficar amargando por isso, mas buscar dar umsentido à vida. Para que inimizades, ódio, ressenti-mentos, se amanhã poderemos estar prestando con-tas à eternidade?

DN – Qual o processo de criação dos seuslivros?

Nalini – O livro é um filho que se gera naconsciência. Primeiro há a idéia. Eu faço o título queé extremamente importante, a partir dele traço umesquema e passo a desenvolver, depois há os acrés-cimos.

DN - Qual o gênero literário que o senhor maisaprecia? E qual a razão?

Nalini - Biografias.

DN – Biografias autorizadas ou não autoriza-das?

Nalini – (Risos) Na verdade são dois. Biografi-as e memórias. Porque a memória é a única formapela qual podemos entrar na consciência da pessoa,partilhar de suas experiências, sentimentos, de pas-sagens tão íntimas, sem necessidade de ficar per-guntando, inquirindo. Ela está se abrindo, e conhe-cemos seus sofrimentos, as vicissitudes, os entusi-asmos, sonhos, utopias, aspirações. Isso mostra queo ser humano na sua matéria prima é um muitoparecido com o outro. Com esse resultado adquiri-mos o sentido de que pertencemos à espécie huma-na, temos os mesmos sentimentos, aspirações, eanseios dos nossos semelhantes.

DN - Um autor brasileiro indispensável?

Nalini – Lygia Fagundes Telles.

DN – Um autor estrangeiro indispensável?

Nalini – José Saramago.

DN - Indique jovens autores que o senhor gostae acompanha a trajetória literária.

Nalini – Gosto do Mia Couto, angolano, que atéconheci pessoalmente, Gabriel Chalita.

DN - Como surgiu o seu blog, o que essaferramenta acrescenta no seu trabalho literário?

Nalini – Os psicólogos dizem: há duas formasde não ficarmos louco, escrever e amar. Se puderamar e escrever, melhor ainda. Às vezes, escrever sópara si não satisfaz, queremos saber se tem alguémmais que pensa da mesma forma, queremos o retor-no.

O blog nasceu da sugestão de um estagiáriomeu, Wilson Levy, pois eu já escrevia para outraspublicações, como o jornal da minha cidade, Jun-diaí, o Jornal da Tarde, de vez em quando para oEstado de São Paulo, alguns artigos pequenos para

revistas jurídicas. Daí, colocamos tudo no blog, queé bem visitado, É bom ter o feedback, não só elogio,mas também crítica.

DN – O senhor cita no blog, o livro Rebeliãoda Toga, é o mais estimado?

Nalini – Não. Mas traz uma proposta de concep-ção do Judiciário. A Rebelião da Toga é umasaudável rebeldia do juiz. Se o magistrado, é tãoqualificado, passa por um concurso tão árduo, temo maior salário dentro do funcionalismo estadual,tem, também, uma responsabilidade crescida, epoderia ajudar a erradicar as injustiças do Brasil.Por isso, eu gostaria que o livro fosse lido, criticado,até para vermos como seria essa nova Justiça.

DN - Em sua opinião, a Internet fez surgir maisescritores? Democratizou a literatura?

Nalini – Acredito que sim, ela democratizou ainformação. Sou missivista, gosto de escrever, po-rém, ficava tolhido. Quando se escreve no papel, háa releitura, de repente se joga fora o que foi escrito.Se passar pela revisão, tem que colocar no envelo-pe, endereçar, procurar CEP, levar no correio, ficarna fila. Logo, de cem por cento da minha intenção deescrever, noventa fica na intenção.

Com a internet escrevo na hora. Há o risco, é um

impulso, muitas vezes, as pessoas não entendemuma brincadeira, ela recebe e lê com outro espírito.Há todo aquele problema de semiótica, de remeten-te, receptor, a mensagem, significante, significado.

A vontade de se comunicar não fica mais repri-mida, e depois que mandou a mensagem, não temvolta, mas é saudável. Há também a questão dohorário, eu, por exemplo, escrevo de madrugada,perco o sono e respondo os meus emails.

DN – O escritor só se considera escritor deverdade quando publica um livro, por que a Inter-net não traz esse sentimento de realização para oescritor?

Nalini – Temos um esquema mental, é a concre-tização do livro. São os cinco sentidos, o tato émuito importante, você abre o livrinho novo, aquelecheirinho de papel de impressão, a tinta, tudo isso jáestá tão esquematizado na nossa estrutura mental,que é difícil abandonar. Aquilo que você escreve novirtual, pode nem ser real. Vai demorar muito paraabandonarmos o suporte papel. Gosto também dolivro, hoje temos muita publicação desnecessária,como diz a Lygia, todo mundo escreve, agora pre-cisa cultivar o leitor, onde está o leitor?

DN - Qual a influência da literatura no seutrabalho como magistrado?

Nalini – Fico menos apegado à literalidadedo texto normativo, e procuro fazer com que avida penetre nas minhas decisões, até a lingua-gem é diferente. Partilho que o Direito tem queter uma linguagem técnica, é característica daciência, ter uma linguagem que a identifique.O Direito permeia toda a vida individual esocial, todas as questões chegam aos tribunais.O profissional do Direito tem obrigação deusar uma linguagem acessível, sem deixar deser técnica, mas compreensível. O Direito éuma ferramenta para resolver problemas, e senão for compreendida pelo homem comum per-derá a sua função pacificadora.

Mesmo quando eu não escrevia e não produziatanto, sempre tive a tendência a me servir daquiloque havia lido e que não era jurídico para integrar nasentença.

Quando fui juiz na vara de registros públicos, eumudava o nome das pessoas. Teve uma fase em quetoda Geni, não queria mais ser Geni. E os juízesachavam que não podia mudar em razão da traduçãoimperfeita da lei francesa, a nossa lei ficou assim: oprenome é imutável. Não tem sentido o prenome serimutável, o que não pode mudar, é o nome defamília, que indica a sua origem.

Ora, chamar Joana, Geni, Judith, Julieta, Ma-ria, tanto faz, assim, eu deferia a mudança denome e citava um trecho de Shakespeare. Há umdiálogo muito interessante de Romeu e Julieta,quando ela diz, “maldito nome, o que significa onome, se a rosa não tivesse esse nome ela nãoseria perfumada, o rouxinol, se não se chamasserouxinol não cantaria?”. Eu usava o trecho doShakespeare e colocava na sentença, isso há 20anos atrás, o pessoal xingava, quer fazer literatu-ra sai da magistratura!

Diário de Notícias – Vai para a Academia!

Nalini – (risos) Eu vim!

Diário de Notícias - Quais os autores que osenhor recomenda para o estudante de Direito epor quê?

Nalini – Ele precisa ler os clássicos, MiguelReale, desde Lições preliminares, A Filosofia doDireito, O Direito como experiência são obras fun-damentais. Caio Mario da Silva Pereira, OrlandoGomes.

A primeira leitura tem que ser a ConstituiçãoFederal, e quando ficar cansado, ler outra vez, seficar desanimado, ler mais uma vez, ter sempreconsigo, porque ela é a base. Depois ler os códigos,porque Direito é paixão, quem não se apaixona achamuito chato.

DN - No Direito quais os doutrinadores queinfluenciaram os seus estudos e o seu trabalho?

Nalini – Aníbal Bruno que estudei em direitopenal, desde então, ele foi com quem mais tiveafinidade, a concepção dele de direito penal, foi aminha, e que me guiou enquanto fui juiz criminal.

DN - O senhor já escreveu vários livros eartigos sobre a ética na magistratura, recentemen-te, o Conselho Nacional de Justiça criou umCódigo de Ética para os juízes, como avalia essetrabalho?

Nalini – Considero saudável. Fiz essa propostahá muitos anos, quando o dr. Hélio Bicudo começoua discutir a Reforma do Judiciário em 1992. Ajudeia redigir um projeto de capítulo do Poder Judiciário,na Constituição, e já tinha lá essa proposta doCódigo de Ética. É uma questão discutível, se deveou não existir o Código, porque a partir do momentoem que você codifica, muitas condutas ficam fora datipificação e deixam de ser infração. Mas como umaorientação, algo genérico é interessante e suscita areflexão.

DN - O senhor foi promotor público, e tambémpassou pelo jornalismo?

Nalini – Sou jornalista profissional, se for ex-pulso da magistratura, vou tentar sobreviver dojornalismo!

DN - Do que o senhor mais gosta no jornalis-mo?

Nalini – Gosto da parte ensaística, artigos dereflexão, editoriais. A parte política e cultural, o quemenos leio é esporte e economia.

Desembargador José Roberto Nalini

Colegas da Academia Paulista de Letras Lygia Fagundes Telles e Des. Nalini

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www.diariodenoticias.com.br São Paulo, 2008 - Edição 17 - Página5DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Carteira dos AdvogadosO deputado Fernando Capez, presidente da

Comissão de Constituição e Justiça da AssembléiaLegislativa de São Paulo designou o deputado An-dré Soares como relator do Projeto de Lei Comple-mentar 50/2008, que propõe a manutenção do Ipespcomo gerenciador das Carteiras Previdenciáriascriadas pelo instituto e a ele agregadas desde suacriação, caso da Carteira dos Advogados. “A pro-posta do deputado supre um hiato deixado pela Lei1.010/07, que criou a SPPrev e instituiu um regimepróprio de previdência social para os funcionáriospúblicos do Estado, fixando o prazo de dois anospara extinção do Ipesp e deixando sem solução oproblema da Carteira dos Advogados, que abrigacerca de 40 mil colegas”, diz Luiz Flávio ´D´Urso,presidente da seção paulista da Ordem dos Advoga-dos do Brasil (OAB-SP). Na mesma reunião naAssembléia Legislativa foi discutido outro projetode lei, do deputado Hamilton Pereira, que tambémconta com apoios da OAB SP e trata da mesmamatéria. Propõe que a Carteira de Previdência dosAdvogados seja administrada pela Fazenda do Es-tado. Este projeto já recebeu parecer favorável daCCJ e do relator da Comissão de Finanças e Orça-mento, Vitor Sapienzz.

Prêmio Jabuti 2008Duas publicações de professores da faculdade

de Direito da Fundação Getúlio Vargas ganharamos primeiros lugares na categoria Melhor Livro deDireito no 50º Prêmio Jabuti, promovido pela Câ-mara Brasileira do Livro (CBL). O primeiro lugarficou com a obra “Curso de Direito Tributário eFinanças Públicas – Do fato à Norma, do Conceitoà Realidade Jurídica”, do professor de Direito Tri-butário e Finanças Públicas da Direito GV, Euricode Santi. O segundo lugar foi para o livro “TeoriaGeral dos Direitos Fundamentais”, do professorDimitri Dimoulis, em co-autoria com LeonardoMartins. “Curso de Direito Constitucional”, escrita

pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),Gilmar Mendes, ficou em terceira posição.

Encontro Juízese Advogados

Numa promoção conjunta das entidades da ad-vocacia - OAB SP, AASP e AATSP - e dos magis-trados trabalhistas - AMATRA 2 e EMATRA 2-acontece o “Encontro Juízes e Advogados”, em SãoPaulo, de 23 a 25 de outubro. “Este evento éfundamental para ampliar o diálogo entre a toga e abeca, buscando aparar as arestas e viabilizar umtrabalho mais harmonioso da família forense”, diz o

sonalidade jurídica da empresa. Penhora on-line.Responsabilidade civil dos magistrados”, “Audiên-cia Trabalhista - Relacionamento juiz-advogado” e“ Litigância de Má Fé - Responsabilidade do Advo-gado” farão o encerramento do encontro. Informa-ções e inscrições na Associação dos Advogados deSão Paulo (AASP) – Rua Álvares Penteado, 151.

Segurança no TrabalhoO escritório Siqueira Castro Advogados será

representado pela advogada Cláudia Brum Mothé,coordenadora do Setor Trabalhista no Rio de Janei-ro, na 2ª Conferência sobre Segurança no Trabalhopromovido pelo IBC. O evento foi realizado nosdias 1º e 2 de outubro no Paulista Plaza Hotel, emSão Paulo. O evento tem como foco discutir aaplicação de normas do INSS e as melhores práticasde gestão na Segurança do Trabalho para evitaracidentes, doenças ocupacionais, geração de nexos,impugnação e minimizar riscos e custos com asaúde dos colaboradores. A advogada do escritórioserá a responsável pelo workshop sobre “Subsídiospara a Produção e Evidenciação de Provas: comopreparar a defesa para contestar o enquadramentode doenças e as impugnações e aplicar a inversão doônus da prova”. O workshop objetiva orientar efornecer subsídios para a produção e evidenciaçãode provas que auxiliem na defesa da empresa emsituações de má fé. Informações pelo site:www.informagroup.com.br/congressoambiental.

Congresso Internacionalda Anamatra

Os ministros do Tribunal Superior do Trabalho(TST) Horácio Raymundo de Senna Pires e JoséSimpliciano Fernandes, e a ministra do SupremoTribunal Federal (STF) Carmem Lúcia AntunesRocha já confirmaram participação como pales-trantes na 5ª Edição do Congresso Internacional daAnamatra, que será realizado entre os dias 13 e 17de outubro, na Alemanha. O congresso será realiza-do nas cidades de Frankfurt, Karlsruhe, Erfurt eBerlim. O conteúdo científico do congresso terárelação equilibrada entre teoria e prática, sendo aprimeira ministrada através do modelo tradicionalde conferências e painéis; enquanto a segunda sedará por meio de visitas supervisionadas a diversasinstituições germânicas, nas quais ocorrerão as ati-vidades culturais com a participação de autoridadesbrasileiras e alemãs. A abertura do evento ocorreráno dia 13 de outubro, na Universidade de Frankfurt,com o pronunciamento do Vice-Presidente da Uni-versidade, professor Ingwer Ibsen; e do presidenteda Anamatra, Cláudio José Montesso.

Conselho de controleexterno do TCU

Está na Comissão de Constituição, Justiça eCidadania (CCJ) do Senado, para ser relatadapelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), pro-posta de emenda à Constituição (PEC 30/07) deautoria do senador Renato Casagrande (PSB-ES) que cria o Conselho Nacional dos Tribunaisde Contas e do Ministério Público junto aosTribunais de Contas. Caso aprovada a proposta,terão parte no Conselho membros do TCU, con-selheiros dos Tribunais de Contas nos Estados,membros do Ministério Público, advogados es-colhidos pela Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) e dois cidadãos indicados pelo Senado epela Câmara dos Deputados. De acordo comoprojeto, o novo órgão funcionaria nos mesmosmoldes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)e do Conselho Nacional do Ministério Público(CNMP). Teria por metas combater a prática donepotismo, a má-gestão de recursos financeirose a improbidade administrativa, além de contro-lar a atuação administrativa e financeira dostribunais e os deveres funcionais de ministros,conselheiros e auditores.

AATSP: Aniversário de 30 anos A Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo (AATSP) realizou uma festa em comemoração aos 30 anos de sua fundação,

no dia 26 de setembro. Na ocasião, homenageou seu conselho fundador e todos os ex-presidentes que estiveram à frente da entidade aolongo de três décadas. No evento, foi rememorado o pioneirismo dos fundadores e a iniciativa de todos os 17 ex-presidentes que estiveramno comando da Associação em busca da evolução do Direito do Trabalho e proteção das prerrogativas dos advogados. Agenor BarretoParente foi convidado a discursar, representando os colegas fundadores, assim como Roberto Parahyba de Arruda Pinto, que liderou aAATSP durante dois mandatos. “A atuação desses profissionais deve ser rememorada e celebrada, uma vez que foram eles que fizeramda AATSP, a associação forte e representativa que ela é hoje, lutando e defendendo a classe dos advogados trabalhistas”, afirma FabíolaMarques, atual presidente da entidade.

A Presidência do Tri-bunal de Justiça de São Pau-lo (TJ/SP) recebeu visita dasjuízas norte-americanas Ar-line Pacht, Leslie M. Aldene Joan D. Winship, respec-tivamente fundadora, pre-sidente e diretora da Inter-national Association ofWomen Judges (IAWJ –Associação Internacionalde Magistradas), e da de-sembargadora ShelmaLombardi de Kato, do Tri-bunal de Justiça

do Mato Grosso (TJ/MT). Elas foram recebidaspelo presidente do TJSP,

desembargador Roberto Antonio Vallim Bellocchi, que é membro da IAWJ. As magistradas conhe-ceram algumas dependências do Palácio da Justiça e falaram um pouco sobre a IAWJ e suaatuação. Também estiveram presentes as desembargadoras Maria Cristina Zucchi, Constança Gonza-ga Junqueira de Mesquita e Isabela Gama de Magalhães Gomes, do Tribunal de Justiça de São Paulo;a juíza assessora da Presidência do TJSP, Ana Amazonas; e magistradas da capital.

O vice-presidente do Tribu-nal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), desembargador AntonioCarlos Munhoz Soares, dirigiuno dia 26 de setembro a cerimô-nia de vitaliciamento de 99 juí-zes aprovados no 177º Concur-so para Ingresso na Magistratu-ra, que teve início em 31 deoutubro de 2005 e foi concluídoem 31 de julho de 2006. O juizAdjair de Andrade Cintra fez ojuramento em nome dos demaiscolegas. O desembargador Se-bastião Carlos Garcia, membroda comissão examinadora doConcurso desejou “muitos êxi-

tos e uma longa e profícua jornada aos vitaliciados”. “Hoje é o ponto de partida, o início daconsolidação de sua formação como magistrado (a). Nos tempos de imediatismo, confundem-se asexpressões e dos juízes espera-se o discernimento ”, afirmou Munhoz Soares. A Comissão do 177ºConcurso foi composta também pelos desembargadores Carlos Paulo Travaian e Antonio Luiz PiresNeto e pelo representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo, Manuel AlceuAffonso Ferreira. O concurso teve 5.117 pessoas inscritas para o preenchimento de 120 vagas.

Visita das magistradas da IAWJ Juízes vitaliciados

A Associação Latino-Ame-ricana dos Juízes do TrabalhoALJT, entidade criada duranteas comemorações dos 30 anosda Associação Nacional de Ma-gistrados da Justiça do Traba-lho (Anamatra) em 2006, ele-geu no dia 25 de setembro adiretoria para a gestão 2008-2010. A nova composição terácomo presidente o juiz do tra-balho brasileiro e ex-presiden-te da Anamatra Hugo Caval-canti Melo Filho. A diretoriafoi eleita por aclamação em as-sembléia e é integrada, além doBrasil, por magistrados da Ar-gentina, Uruguai, Bolívia e Re-pública Dominicana. A enti-

dade possui filiados em oito países: Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, República Dominicana,México, Cuba e Colômbia. Durante a assembléia, a diretoria 2006-2008 divulgou e aprovou porunanimidade a Declaração de Brasília, documento que norteará a atuação da ALJT nos próximos doisanos e que sintetiza as preocupações dos magistrados do trabalho latino-americanos.

Nova diretoria

presidente da OAB SP, Luiz Flávio BorgesD’Urso.Na abertura, dia 23 de outubro, às 19 horas,haverá palestra do professor Luis Roberto Barros,sobre “Vinte anos da Constituição Federal”. No dia24 de outubro, acontecerão 4 painéis: “Danos eAssédio Moral e Sexual”, da palestrante Maria deFátima Zanetti Barbosa e Santos; “Acidente deTrabalho e Responsabilidade Civil do emprega-dor”, com José Affonso Dallegrave Neto; “A Moder-nização da Justiça do Trabalho - Processo Eletrôni-co”, com palestra do desembargador Décio Sebas-tião Daidone, presidente do TRT-2 e “Execuçõesprevidenciárias na Justiça do Trabalho”, com Sér-gio Pardal Freudenthal. No dia 26, os painéis “AExecução trabalhista e a desconsideração da per-

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Um utensílio indispensável em profissões comomédico, advogado, juiz, jornalista e outras. Com oobjetivo de entender um pouco mais sobre suaimportância, resolvemos conversar com um profis-sional que é referência do ramo, Roberto Marques,o qual atua neste mercado há 55 anos e é um“caneteiro” de mão cheia.

Um pouco de história

Roberto Marques, conhecido há 50 anos como“O Médico das Canetas”, nome de suas duas lojaslocalizadas na região central da capital paulistana,começou no ramo em 1953. Segundo ele, trabalha-va em uma joalheria com a venda e recuperação decanetas em um estabelecimento chamado na épocade “Joalheria e Caneta Leal”. Por conta disto, fezestágios na Parker e na Sheaffer (fabricantes derenomadas e importadas marcas de caneta). “Na-quela época tinham concessionárias aqui que da-vam estágio para que as pessoas começassem noramo, hoje já não tem mais isso”, conta Marques.Sua experiência como empregado durou do ano de1953 à 1958.

Em agosto de 1958 abriu uma lojinha já locali-zada na região central da capital paulistana, a qualconsertava e vendia canetas. Nesta época já existiao nome “O Médico das Canetas” e em 1972, Mar-ques comprou uma loja maior, localizada na mesmarua e começou a expandir seus negócios.

Particularidades

Nas lojas de Marques, a maior parte de seusclientes buscam canetas de pena, pois oferecemescrita macia, letra mais bonita e status, afinal decontas, seus clientes utilizam canetas de marcas deprimeira linha como: MontBlanc, Parker, Water-man, Sheaffer, Cross, Faber-Castell, Inxcrom eAurora. “Meus clientes têm um perfil de alto poderaquisitivo, em sua maioria, médicos, advogados,juízes e até mesmo alguns políticos”, diz Marques.São objetos caros e delicados, pois canetas de penassão sensíveis e frágeis, os clientes costumam con-sertá-las. “É um trabalho artesanal. É muito difícilencontrar peças, por isso eu mesmo as fabrico”,explica.

A caneta é um utensílioindispensável eobjeto de status entretodas as profissões

E com simplicidade e muito simpatia, Marquescontou algumas de suas experiências nesses mais de50 anos trabalhando com canetas. Ele não escondeque já quebrou muitas canetas para aprimorar-se,mas em contrapartida, se dedicou muito para chegaraonde está. “O diretor da MontBlanc no Brasil, háuns dois ou três anos atrás me mandou uma canetasérie especial para conserto. Era uma caneta rarae tive que fazer uma ferramenta só para consertá-la. Mas consegui arrumar e mandei de volta. Eleficou tão espantado com o serviço e satisfeitoao mesmo tempo, que a partir de entãopassou a mandar algumas edições limitadaspara conserto em nossa loja. Já recebemoscanetas direto da MontBlanc da Alemanhapara arrumar”, conta orgulhoso.

Saber escolher uma caneta é uma cul-tura que vem desde criança, ensinadapelos pais. “A cultura está passandode geração em geração. É muito co-mum eu atender netos de clientesmeus”, conclui.

Em suas lojas, trabalha comas melhores e mais conheci-das marcas, todas importa-das, além de acessórios,esferográficas e lapisei-ras.

O especialista renomado do setor, Roberto Marques, caneteiro desde 1953: “ Grande parte dos meus clientes sãoadvogados, médicos e juizes que utilizam a caneta de pena porque oferece escrita macia, deixa a letra mais bonitaé dá status”.

“Um caneteirovende e restauracanetas, é umprofissional quequase não há nomercado. Aquiem São Pauloconheço maisuns dois outrês”, contaMarques

Profissão caneteiro

Principais marcas vendidas*MontBlanc

*Parker

*Waterman

*Sheaffer

*Cross

*Faber Caster

*Lamy

“O Médico das Canetas” (Não estão em ordem de volume de vendas).

- Nunca deixe as canetas jogadas na gaveta;-Guarde-as na caixa de origem ou em estojos

especiais;- Não guarde-as com tinta;- Sempre lave-as somente com água fria.

Nunca deixe de molho para “dissolver” a tinta;- Nunca use produtos químicos para limpe-

za, como sabonetes, álcool e etc;- A tinta não precisa ser exatamente da marca

de sua caneta, basta que seja tinta para escrevera base de água, de boa qualidade e nunca nan-quim! Se você usa pouco a sua tinteiro, evitetinta preta;

- Nunca tente amaciar a pena com uma lixa,pode danificá-la.

Fonte: “O Médico das Canetas”

Dicas de conservaçãode canetas tinteiro

O Médico das CanetasMatriz – Loja Sérua Barão de Paranapiacaba, 51São Paulo/SPTelefones: (11) 3104 0015 ou 3104 2967

Filial 1 – Loja Repúblicarua Marconi, 67São Paulo/SPTelefones: (11) 3255 2027/ 3255 6465

Fabiana Mattos - da Redação

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www.diariodenoticias.com.brSão Paulo, 2008 - Edição 17 - Página8 DIÁRIO DE NOTÍCIAS

É hora de repensar o quinto constitucional,parcela dos tribunais ocupada pela classe dosadvogados e do Ministério Público. Não se põeem dúvida a importância da experiência, princi-palmente a da advocacia, na rotina dos julga-mentos de segundo grau. Mas o mundo passoupor mudanças. O juiz não é mais um recluso,alienado da sociedade em que vive, por força daconduta discreta que deve observar na socieda-de. Hoje, o magistrado vive o seu tempo. Emcontato permanente com a problemática socialno seu entorno, não perde a sensibilidade nosjulgamentos.

José Elias Themer é juiz em Sorocaba (SP)e diretor-adjunto de comunicação e diretor deimprensa da APAMAGIS.

“O quinto constitucional, previsto inicialmentena Carta Magna de 1934 e presente em todas asConstituições subseqüentes, constitui, a meu ver,instrumento necessário para a democratização epermanente atualização do Poder Judiciário.

A ascensão de advogado e de membro do Minis-tério Público ao Poder Judiciário pela via do quintoconstitucional traz uma grande contribuição, poisagrega a visão de quem milita em outro plano, facea face com os conflitos sociais: o advogado, por suaatuação na defesa dos interesses individuais; omembro do Ministério Público, pela atividade emprol dos interesses coletivos, da sociedade em geral.

Nesse sentido, acredito que o quinto constituci-onal seja fundamental para que os Tribunais possaminterpretar os conflitos sociais a partir de uma visãomais pluralizada, o que certamente contribui parareduzir a margem de erro na aplicação do Direito econcretização da justiça.”

Carlos Eduardo Eliziário de Lima, advogadodo escritório Dannemann Siemsen Advogados.

O quinto constitucional trata-se da garantia prevista no artigo 94 Constitui-ção Federal, a qual destina 20% dos lugares para profissionais oriundos daAdvocacia e do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, comnotório saber jurídico e reputação ilibada.

Tal expediente possibilita que a magistratura se beneficie da experiência deoutros operadores do direito no julgamento de demandas judiciais, em nível

recursal, integrando de forma sistêmica os tribunais de todo o território nacional.A presente análise, portanto, busca trazer à baila a oxigenação que tal procedimen-

to proporciona para os Tribunais de Justiça (Estaduais), Tribunais Regionais Federais,Tribunais Regionais do Trabalho, Tribunal Superior do Trabalho e do Superior Tribunalde Justiça (estes todos em nível Federal), em evidente esforço de cidadania, esteiofundamental da democracia e da JUSTIÇA!

Armando Luiz Rovai é Pesquisador e Professor do Mestrado daUniversidade Ibirapuera; Professor de Direito Comercial do Macken-

zie; Ex-Presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo por03 mandatos e Ex-Presidente do Ipem/SP.

O quintoConstitucional para

Advogados deveexistir ou não?

A regra do quinto constitucional do atual art. 94 é repetição da regra do art.144 da Constituição de 1967, com a emenda n° 1 de 1969, do art. 104, b daConstituição de 1946 e do art. 104, § 6° da Carta de 1934. Ou seja, o objeti-vo do constituinte de “injetar nos tribunais o fruto da experiência haurida emsituações outras que a do juiz” ( FERREIRA FILHO, 1993, P. 534) já estavapresente em ordens constitucionais anteriores, e reflete um pensamento que

até hoje vigora: de que a pluralidade das experiências vividas pelosprofissionais não oriundos da magistratura de carreira é essencial ao

revigoramento dos tribunais e ao dinamismo do Direito.No dia 15/9, uma decisão da Ordem dos Advogados do Brasil manteve o

impasse entre a entidade e o Superior Tribunal de Justiça.O Conselho Federal da OAB vai insistir nos nomes indicados

para uma vaga do STJ, aberta no ano passado com a aposentadoriado ministro Pádua Ribeiro. Os nomes, porém, já foram recusados

uma vez pelo tribunal. E o presidente do STJ,Cesar Asfor Rocha, já avisou que não há condição

de que sejam aprovados.O tema polêmico foi abordado pelos jornais

Correio Braziliense e O Estado de S.Paulo. Sendo assim, oCADERNO ADVOGADOS, abre espaço na seçãoMESA REDONDA para opiniões de especialistascom a seguinte questão: ”O Quinto Constitucional

para advogados deve existir ou não?

CONTRIBUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

VISÃO PLURALIZADA

HORA DE REPENSAR

REQUISITOS FRÁGEISHá que se cogitar ao menos no aprimoramento da Magistratura

representativa, que envolve os juízes não oriundos da carreira, na medidaem que o modelo vigente não atinge o fim almejado de retratar de formarepublicana o arcabouço das funções essenciais à prestação jurisdicional,inclusive Defensoria e Advocacia Públicas. Seu quociente claramenteelevado, a fluidez e a indeterminação dos frágeis requisitos constitucionaisdas indicações, mormente quanto ao seu procedimento, da formaçãopouco democrática da lista inicial até a ausência de concurso público deprovas e títulos na formação da lista tríplice pelo Judiciárioe, finalmente, a concomitância de indicações diretas

aos Tribunais Superiores devem sus-citar acurada reflexão.

Regis de Castilho BarbosaFilho é juiz em Guarulhos/SP e

diretor do Departamento deAssuntos Legislativos

da Apamagis.

NOVOS ARESO quinto constitucional previsto na Carta Política de 1988, que

determina que um quinto das vagas dos tribunais, seja ocupado poradvogados e membros de ministério público, com notável conhecimen-to jurídico e moral ilibada. E tal condução aos braços do poderjudiciário é o coroamento de uma carreira empenhada no conhecimento

das letras forenses.Com o passar dos anos, o processo institucional para composição das

indicações se revelou por vezes complexo. Será que o denominado“quinto constitucional” contribui para a aplicação da jurisdição aoscidadãos? Além das críticas habituais, quais os fundamentos constituci-

onais para se questionar a legitimação do poder executivo paraconduzir a pacificação dos conflitos na sociedade? Pensamos

que o fortalecimento da própria jurisdição brasileira temcaracterística harmoniosa entre os poderes constituídos eque, na democracia vivida pelos cidadãos brasileiros, naqual impera também a transparência, não apoiar a valoriza-ção e manutenção do quinto constitucional é um retrocesso.

Ricardo Alves Bento é Professor titular doMestrado da Universidade Ibirapuera.Advogado Criminal. Especialista, Mestree Doutor pela PUC/SP, Professorda Escola Paulista daMagistratura e PUC/Cogeae.