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www.diariodenoticias.com.br São Paulo, 2008 - Edição 18 - Página1 DIÁRIO DE NOTÍCIAS O avanço em larga escala da “indús- tria da pirataria” no Brasil vem trans- formando o Direito de propriedade industrial e intelectual num dos seg mentos mais técnicos e especializa- dos da nova advocacia empresarial no país, valorizado ainda mais pelo vertiginoso cres- cimento das demandas tanto de ordem judicial cível e criminal, como por consultoria na elaboração de estratégias preventivas que possam garantir, sobretu- do às empresas, proteção jurídica de seu valioso patrimônio intelectual, envolvendo desde marcas, patentes e até direito autoral, desenho industrial, entre muitas outras aplicações. Apesar do aumento dos esforços do governo federal no combate às formas ilegais de produção, comércio e distribuição de falsificações e cópias não registradas, o chamado mercado de produtos “piratas” representa uma ameaça à economia for- mal de dimensões incalculáveis, comprometendo o próprio crescimento do pais, da arrecadação de impostos e a geração de empregos. Tornar mais ágil o processo de registro de mar- cas e patentes pelo INPI, que atualmente demora cerca de dez anos para patentes e em torno de cinco anos para marcas, é fundamental para solucionar parte do problema, já que é muito mais difícil combater a pirataria de uma marca que ainda não conta com proteção legal, observa o advogado Gustavo de Freitas Moraes, da Dannemann, Siem- sen, Bigler & Ipanema Moreira, um dos mais conceituados escritórios especializados em propri- edade industrial e intelectual no país. “Na Europa, o procedimento demora entre três e quatro anos no caso de patente e em torno um ano para o licencia- mento de marca”, assinala. País aguarda aprovação de lei que aumenta as penas dos infratores Contudo, a solução efetiva do fenômeno que vem transformando o Brasil no quarto maior merca- do de pirataria do mundo é muito mais complexa, passa, obrigatoriamente, pela aprovação urgente pelo Congresso Nacional do projeto de lei 333/99, que aumenta as penas dos crimes contra a proprie- dade intelectual e confere ao juiz o poder de deter- minar a busca, apreensão e destruição dos produtos piratas apreendidos, bem como de equipamentos e materiais de suporte utilizados em sua produção. “É inaceitável como um projeto desta importân- cia pode ficar em tramitação no Congresso durante quase dez anos, a completar ano que vem”, lamenta o advogado José Henrique Werner, também do escritório Dannemann Siemsen, e ainda diretor da Angardi - Associação Nacional pela Garantia dos Direitos Intelectuais e membro do Conselho Naci- onal de Combate à Pirataria. Segundo ele, o projeto de lei representa impor- tante evolução em termos de eficácia da legislação processual penal, porque vai evitar que um crime possa prescrever em quatro anos, quando não, me- nos, como ocorre hoje. “Aumentando-se a pena, o prazo prescricional também aumenta, assegurando ao titular do direito maior oportunidade de proces- sar o infrator”, analisa. A grande expectativa é que a lei, que reforma e estabelece um novo paradigma nas questões das penas e procedimentos de proteção da propri- Direito de propriedade industrial e intelectual Avanço da “indústria da pirataria” gera novas demandas por serviços jurídicos especializados edade industrial e intelectual no Brasil seja apro- vada nos próximos meses, ou talvez em 2009, mas a verdade é que não há uma perspectiva concreta da aprovação do PL, enfatiza Werner. Ações do Governo ampliam combate ao mercado ilegal Por outro lado, o empenho do governo e da própria sociedade brasileira no combate à pirataria vem aumentando nos últimos anos, a partir de inici- ativas como a criação, em 2003, da CPI da Pirataria no Congresso e do próprio Conselho Nacional de Combate à Pirataria. No ano passado, as operações intensificaram-se, algumas, inclusive, de âmbito in- ternacional, demonstrando que o combate ao merca- do ilegal, que hoje se confunde com o crime organi- zado, passou a ser prioridade do governo brasileiro. Ao mesmo tempo, os mecanismos de repressão também têm se mostrado mais eficazes, por meio da deflagração de inúmeras operações conjuntas en- volvendo Receita Federal, Ministério Público, Po- lícia Federal e Polícias Civis dos estados. A iniciativa privada tem colaborado através de várias ações, a exemplo de um trabalho que vem sendo feito em parceria com a Receita Federal, fornecendo informações técnicas para ampliar a fiscalização nos portos, indicando que a disponibi- lidade de informações e o acesso rápido aos deten- tores legais das marcas e patentes é vital para conter as fraudes e barrar a entrada de produtos piratas nas fronteiras e entradas do país. Um dos projetos nesse sentido é um programa de treinamento dos agentes aduaneiros realizado pela FIESP em parceria com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos (US Chamber of Commerce). Para se ter uma vaga idéia da dimensão do mercado de produtos piratas no Brasil, calcula-se, em números bastante parciais, que somente o co- mércio ilegal na fronteira com o Paraguai movimen- tou perto de US$ 1,5 bilhão em 2006. Contudo, os indicadores são muito mais rigorosos quando leva- do em conta os prejuízos bilionários que o contra- bando e a importação fraudulenta vêm causando à indústria e a economia brasileira como um todo. Dados veiculados pela mídia apontam, por exem- plo, que pelo menos metade das câmeras digitais e perto de 70% dos aparelhos de MP3 comercializados no país têm origem ilegal. Entretanto, a lista de produtos piratas que hoje disputam o mercado brasileiro legalmente estabelecido inclui muito mais do que CDs, DVDs, videogames, roupas, óculos e tênis de grifes, abrange também equipamentos médico-hospitalares, como ca- téteres, seringas e luvas cirúrgicas, produtos farmacêu- ticos, autopeças, fios e cabos de aço, softwares e todo tipo de equipamentos de informática. Brasil perde por ano mais de R$ 20 bilhões em impostos apenas nos setores de tênis, roupas e brinquedos Com o objetivo de traçar um perfil ainda que modesto do mercado de produtos piratas no país, a Angardi – Associação Nacional pela Garantia dos Direitos Intelectuais em parceria com a Câ- mara de Comércio dos Estados Unidos contra- tam ao IBOPE uma pesquisa sobre o impacto da pirataria do setor de consumo, apresentada em dezembro do ano passado, que tomou como base entrevistas feitas com consumidores acima de 16 anos. A pesquisa revelou que o Brasil perde anu- almente mais de R$ 20 bilhões de impostos para a indústria da pirataria apenas nos setores de tênis, roupas e brinquedos e que o valor do mercado pirata nos mesmos três setores em 2007 (em números estimados) ultrapassou os R$ 50 bilhões, o dobro do valor total do mercado legal nos três segmentos, da ordem de R$ 25 bilhões. Isso, considerando-se o preço de venda dos produtos piratas na proporção de 50% do valor dos produtos legais. Tomando-se por base a comercialização dos produtos na faixa de 25% do preço real, o impacto saltaria para mais de R$ 100 bilhões, salienta José Henrique Werner. A sondagem, realizada entre 26 e 31 de outubro de 2007 com 2.226 consumidores mostrou também que o valor gasto com produtos contrafeitos e pira- tas no país cresceu 8% em 2007 nas três categorias e que 73% da população pesquisada somente nas capitais de São Paulo, Rio de Janeiro de Belo Horizonte já compraram produtos piratas, com- pram às vezes ou compram sempre. Índice de consumo registrou queda nas maiores capitais Em contrapartida, provavelmente já como refle- xo das ações de combate à pirataria mobilizadas pelo governo e entidades do setor privado, incluindo campanhas educativas veiculadas nos meios de co- municação, a pesquisa também mostrou redução em 2007 de 19% do valor gasto com produtos piratas no total consolidado de consumidores das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Somente em São Paulo, a redução foi de 37%. Neste segmento, o estudo considerou 13 importantes categorias de produtos piratas divididas em três segmentos: -Imitação de marcas famosas e falsificação com personagens - brinquedos e roupas. -Imitação de marcas famosas – tênis, relógios, óculos, bolsas/ carteiras e mochilas, canetas, perfu- mes, jogos eletrônicos (games), tesouras e alicates de cutícula, furadeiras e parafusadeiras, pilhas e baterias. -Falsificação de artigos com personagens artigos de papelaria/ escritórios/ adesivos. “É inaceitável como um projeto desta importância pode ficar em tramitação no Congresso durante quase 10 anos.” GENÉSIO/DN GENÉSIO/DN O processo de registro de marcas e patentes pelo INPI demora atualmente cerca de dez anos para patentes e em torno de cinco anos para marcas, diz o advogado Gustavo de Freitas Moraes, da Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira, Valter de Lana - da Redação Ayres Britto ressaltou recentemente que o Supremo Tribunal Federal já definiu que candidatos que respondem a processo na Justiça podem se eleger. “Espero que o próprio Legislativo produza algo de novo na matéria, exigindo dos candidatos uma boa vida pregressa como condição de elegibilidade, com os critérios objetivos constando de lei”, declarou. Diante de tal declaração fizemos a alguns especialistas a seguinte questão: “O Poder Legislativo teria mecanismos legais que poderiam coibir ou punir a prática da promessa de campanha eleitoral não cumprida?” A reportagem do Diário de Notícias para comemorar a data realiza uma série especial de reportagens que aborda aspectos fundamentais da Carta Magna e sua importância na vida de milhares de brasileiros. Foram entrevistados vários especialistas que discutiram temas como direitos humanos, liberdade religiosa, direito tributário, divisão de poderes, dano moral, direitos trabalhistas e previdência social. VINTE ANOS DE CONSTITUIÇÃO Páginas - 3 e 4 Página - 8 PROMESSA NÃO CUMPRIDA

Caderno Advogados

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Caderno Advogados - Edição 18

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Page 1: Caderno Advogados

www.diariodenoticias.com.br São Paulo, 2008 - Edição 18 - Página1DIÁRIO DE NOTÍCIAS

O avanço em larga escala da “indús-tria da pirataria” no Brasil vem trans-formando o Direito de propriedadeindustrial e intelectual num dos segmentos mais técnicos e especializa-dos da nova advocacia empresarial

no país, valorizado ainda mais pelo vertiginoso cres-cimento das demandas tanto de ordem judicial cívele criminal, como por consultoria na elaboração deestratégias preventivas que possam garantir, sobretu-do às empresas, proteção jurídica de seu valiosopatrimônio intelectual, envolvendo desde marcas,patentes e até direito autoral, desenho industrial,entre muitas outras aplicações.

Apesar do aumento dos esforços do governofederal no combate às formas ilegais de produção,comércio e distribuição de falsificações e cópiasnão registradas, o chamado mercado de produtos“piratas” representa uma ameaça à economia for-mal de dimensões incalculáveis, comprometendo opróprio crescimento do pais, da arrecadação deimpostos e a geração de empregos.

Tornar mais ágil o processo de registro de mar-cas e patentes pelo INPI, que atualmente demoracerca de dez anos para patentes e em torno de cincoanos para marcas, é fundamental para solucionarparte do problema, já que é muito mais difícilcombater a pirataria de uma marca que ainda nãoconta com proteção legal, observa o advogadoGustavo de Freitas Moraes, da Dannemann, Siem-sen, Bigler & Ipanema Moreira, um dos maisconceituados escritórios especializados em propri-edade industrial e intelectual no país. “Na Europa,o procedimento demora entre três e quatro anos nocaso de patente e em torno um ano para o licencia-mento de marca”, assinala.

País aguarda aprovação de lei queaumenta as penas dos infratores

Contudo, a solução efetiva do fenômeno quevem transformando o Brasil no quarto maior merca-do de pirataria do mundo é muito mais complexa,passa, obrigatoriamente, pela aprovação urgentepelo Congresso Nacional do projeto de lei 333/99,que aumenta as penas dos crimes contra a proprie-dade intelectual e confere ao juiz o poder de deter-minar a busca, apreensão e destruição dos produtospiratas apreendidos, bem como de equipamentos emateriais de suporte utilizados em sua produção.

“É inaceitável como um projeto desta importân-cia pode ficar em tramitação no Congresso durantequase dez anos, a completar ano que vem”, lamentao advogado José Henrique Werner, também doescritório Dannemann Siemsen, e ainda diretor daAngardi - Associação Nacional pela Garantia dosDireitos Intelectuais e membro do Conselho Naci-onal de Combate à Pirataria.

Segundo ele, o projeto de lei representa impor-tante evolução em termos de eficácia da legislaçãoprocessual penal, porque vai evitar que um crimepossa prescrever em quatro anos, quando não, me-nos, como ocorre hoje. “Aumentando-se a pena, oprazo prescricional também aumenta, assegurandoao titular do direito maior oportunidade de proces-sar o infrator”, analisa.

A grande expectativa é que a lei, que reformae estabelece um novo paradigma nas questõesdas penas e procedimentos de proteção da propri-

Direito de propriedade industrial e intelectual

Avanço da “indústriada pirataria” geranovas demandaspor serviços jurídicosespecializados

edade industrial e intelectual no Brasil seja apro-vada nos próximos meses, ou talvez em 2009,mas a verdade é que não há uma perspectivaconcreta da aprovação do PL, enfatiza Werner.

Ações do Governo ampliamcombate ao mercado ilegal

Por outro lado, o empenho do governo e daprópria sociedade brasileira no combate à piratariavem aumentando nos últimos anos, a partir de inici-ativas como a criação, em 2003, da CPI da Piratariano Congresso e do próprio Conselho Nacional deCombate à Pirataria. No ano passado, as operaçõesintensificaram-se, algumas, inclusive, de âmbito in-ternacional, demonstrando que o combate ao merca-do ilegal, que hoje se confunde com o crime organi-zado, passou a ser prioridade do governo brasileiro.

Ao mesmo tempo, os mecanismos de repressãotambém têm se mostrado mais eficazes, por meio dadeflagração de inúmeras operações conjuntas en-volvendo Receita Federal, Ministério Público, Po-lícia Federal e Polícias Civis dos estados.

A iniciativa privada tem colaborado através devárias ações, a exemplo de um trabalho que vemsendo feito em parceria com a Receita Federal,fornecendo informações técnicas para ampliar afiscalização nos portos, indicando que a disponibi-lidade de informações e o acesso rápido aos deten-tores legais das marcas e patentes é vital para conteras fraudes e barrar a entrada de produtos piratas nasfronteiras e entradas do país.

Um dos projetos nesse sentido é um programade treinamento dos agentes aduaneiros realizadopela FIESP em parceria com a Câmara de Comérciodos Estados Unidos (US Chamber of Commerce).

Para se ter uma vaga idéia da dimensão domercado de produtos piratas no Brasil, calcula-se,

em números bastante parciais, que somente o co-mércio ilegal na fronteira com o Paraguai movimen-tou perto de US$ 1,5 bilhão em 2006. Contudo, osindicadores são muito mais rigorosos quando leva-do em conta os prejuízos bilionários que o contra-bando e a importação fraudulenta vêm causando àindústria e a economia brasileira como um todo.

Dados veiculados pela mídia apontam, por exem-plo, que pelo menos metade das câmeras digitais e pertode 70% dos aparelhos de MP3 comercializados no paístêm origem ilegal. Entretanto, a lista de produtos piratasque hoje disputam o mercado brasileiro legalmenteestabelecido inclui muito mais do que CDs, DVDs,videogames, roupas, óculos e tênis de grifes, abrangetambém equipamentos médico-hospitalares, como ca-téteres, seringas e luvas cirúrgicas, produtos farmacêu-ticos, autopeças, fios e cabos de aço, softwares e todotipo de equipamentos de informática.

Brasil perde por ano mais de R$20 bilhões em impostos apenasnos setores de tênis, roupas e

brinquedos

Com o objetivo de traçar um perfil ainda que

modesto do mercado de produtos piratas no país,a Angardi – Associação Nacional pela Garantiados Direitos Intelectuais em parceria com a Câ-mara de Comércio dos Estados Unidos contra-tam ao IBOPE uma pesquisa sobre o impacto dapirataria do setor de consumo, apresentada emdezembro do ano passado, que tomou como baseentrevistas feitas com consumidores acima de 16anos.

A pesquisa revelou que o Brasil perde anu-almente mais de R$ 20 bilhões de impostospara a indústria da pirataria apenas nos setoresde tênis, roupas e brinquedos e que o valor domercado pirata nos mesmos três setores em2007 (em números estimados) ultrapassou osR$ 50 bilhões, o dobro do valor total domercado legal nos três segmentos, da ordem deR$ 25 bilhões. Isso, considerando-se o preçode venda dos produtos piratas na proporção de50% do valor dos produtos legais. Tomando-sepor base a comercialização dos produtos nafaixa de 25% do preço real, o impacto saltariapara mais de R$ 100 bilhões, salienta JoséHenrique Werner.

A sondagem, realizada entre 26 e 31 de outubrode 2007 com 2.226 consumidores mostrou tambémque o valor gasto com produtos contrafeitos e pira-tas no país cresceu 8% em 2007 nas três categoriase que 73% da população pesquisada somente nascapitais de São Paulo, Rio de Janeiro de BeloHorizonte já compraram produtos piratas, com-pram às vezes ou compram sempre.

Índice de consumo registrouqueda nas maiores capitais

Em contrapartida, provavelmente já como refle-xo das ações de combate à pirataria mobilizadas pelogoverno e entidades do setor privado, incluindocampanhas educativas veiculadas nos meios de co-municação, a pesquisa também mostrou redução em2007 de 19% do valor gasto com produtos piratas nototal consolidado de consumidores das cidades deSão Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Somenteem São Paulo, a redução foi de 37%. Neste segmento,o estudo considerou 13 importantes categorias deprodutos piratas divididas em três segmentos:

-Imitação de marcas famosas e falsificaçãocom personagens - brinquedos e roupas.

-Imitação de marcas famosas – tênis, relógios,óculos, bolsas/ carteiras e mochilas, canetas, perfu-mes, jogos eletrônicos (games), tesouras e alicatesde cutícula, furadeiras e parafusadeiras, pilhas ebaterias.

-Falsificação de artigos com personagens –artigos de papelaria/ escritórios/ adesivos.

“É inaceitável como umprojeto desta importânciapode ficar em tramitação

no Congresso durantequase 10 anos.”

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SIO

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O processo de registro de marcase patentes pelo INPI demora

atualmente cerca de dez anos parapatentes e em torno de cinco anos

para marcas, diz o advogado Gustavode Freitas Moraes, da Dannemann,Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira,

Valter de Lana - da Redação

Ayres Britto ressaltou recentemente que o Supremo Tribunal Federaljá definiu que candidatos que respondem a processo na Justiçapodem se eleger. “Espero que o próprio Legislativo produza algo denovo na matéria, exigindo dos candidatos uma boa vida pregressacomo condição de elegibilidade, com os critérios objetivos constandode lei”, declarou. Diante de tal declaração fizemos a algunsespecialistas a seguinte questão: “O Poder Legislativo teriamecanismos legais que poderiam coibir ou punir a prática dapromessa de campanha eleitoral não cumprida?”

A reportagem do Diário de Notícias paracomemorar a data realiza uma série especial dereportagens que aborda aspectos fundamentais daCarta Magna e sua importância na vida de milharesde brasileiros. Foram entrevistados váriosespecialistas que discutiram temas como direitoshumanos, liberdade religiosa, direito tributário,divisão de poderes, dano moral, direitostrabalhistas e previdência social.

VINTE ANOS DE CONSTITUIÇÃO

Páginas - 3 e 4 Página - 8

PROMESSA NÃO CUMPRIDA

Page 2: Caderno Advogados

www.diariodenoticias.com.brSão Paulo, 2008 - Edição 18 - Página2 DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Diretor Responsável:Márcio Antonio Lopes da [email protected]

Diário de Notícias de São Paulo - Propriedade daEDITORA DN S/C LTDA - CNPJ: 65528770/0001-57

CADERNO DOS ADVOGADOS

EXPEDIENTE

Gerente Comercial:Carlos Araújo

[email protected]

Editor Responsável:Valter da Lana

Editor Executivo:Adriano Miranda

[email protected]

Estagiárias:Carolina Oliveira

[email protected]

Editoração Gráfica:Marcos E. Vendramello

[email protected]

Impressão:Gráfica e Editora ponto a Ponto

R. Ester Rombenso, 361 centro Osasco

Pela Internet, os advogados podem rea-lizar agora serviços que antes demandavamidas ao cartório, como emissão on-line denotificações. Com o sistema do 2º Registrode Osasco, um dos cartórios pioneiros emregistro eletrônico de documentos no país, épossível personalizar as notificações e con-cluir todo o processo de envio pela web,com segurança e validade jurídica, e aindafazer o acompanhamento on-line dos pedi-dos. O acesso ao portal é por meio de iden-tificação e senha disponibilizadas gratuita-mente pelo cartório.

O 2º Registro de Osasco, um dos cartó-rios pioneiros no país em registro eletrôni-co de documentos, apresentou na Fenalaw2008 o seu Portal de Serviços. Pelo endere-ço eletrônico os advogados podem agorarealizar do próprio computador serviços queantes demandavam idas ao cartório, como aemissão de notificação. O Portal tem umainterface simples e segura e os serviçosrealizados pela Internet contam com a mes-ma validade jurídica.

O acesso ao portal é por meio de identi-ficação e senha, disponibilizadas pelo Car-tório após cadastro simples de dados e assi-natura, que são adaptadas para o meio digi-tal e atestadas pela fé pública dos oficiaisregistradores do cartório.

“Os serviços eletrônicos podem redu-zir custos, diminuir prazos e melhorar aeficiência na gestão dos escritórios e notrabalho dos advogados”, afirma Ruy V.P. Rebello Pinho,Oficial do 2º Re-gistro de Osascoe membro da Co-missão de Docu-mentos Eletrôni-cos do Institutode Registro de Tí-tulos e Documen-to s do Bra s i l(IRTD), Diretorde E-Business daAnoreg Brasil.

A Notificaçãoon-line é oprincipalrecurso doPortal.

Pelo Portal épossível efetuarnotificações comefeitos jurídicos,em um processototalmente on-linepara o advogado –desde a concepçãoaté a geração doboleto para paga-mento -, basta quetenha feito com aequipe do 2º Re-gistro o cadastrode dados e assina-tura que dá direitoao login e senha

D.ODILO PEDRO SCHERER,Arcebispo de São Paulo, proferiupalestra na ACADEMIA PAULIS-TA DE LETRAS para relatar osfrutos da CELAM – ConferênciaEpiscopal da América Latina eCaribe. Analisou os efeitos da glo-balização e da urbanização para amigração religiosa – fenômenoocorrente em todo o Brasil, no-tadamente nas grandes ci-dades.

Não se desco-nhece que 25% dos ca-tólicos deixam a Igrejade origem para se so-correr de novas confis-sões. Por que aconteceisso? Há muitas causas.A primeira delas é o conjunto de mudançasculturais e de valores que sacode a civilizaçãocontemporânea. As pessoas têm mais autono-mia e liberdade de opções. Evidente que orelativismo incentivado pelo egoísmo é umaconcausa eficiente: eu “acho” que isso me ser-ve; eu “acho” que isto não me serve.

Vive-se uma situação de espaço culturalaberto. Tudo vale, tudo é igual, tudo é a mesmacoisa. O risco do niilismo – se tudo vale, nadavale – não é apreendido por todos. Principal-mente pelos menos dotados de discernimento.Será que o mundo se notabiliza pelo bom uso daliberdade? É isso o que está a acontecer noBrasil de nossos dias?

Mas não há de se recusar que tambémfalta a evangelização. É insuficiente a pregaçãoevangélica no sentido de mostrar a todas aspessoas que a “boa nova” é perene. É perma-nente. Ainda responde às inquietações existen-ciais deste início turbulento de mais um séculoe de mais um milênio.

Diante desse quadro, qual o recado daConferência de Aparecida do Norte? Conscien-tizar todos os católicos de que há novos areópa-gos a serem percorridos. Em todos os ambienteshá espaços a serem reconquistados.

Cada integrante da Igreja precisa se mos-trar convencido de que é um discípulo deCristo. Qual a mensagem de Jesus Cristo? Éurgente recompor a identidade cristã diluída erenovar a consciência do que somos e do quetemos a dizer. O Evangelho continua a ser aboa novidade. É preciso redescobrir a suaorigem e atentar para o que significa o discipu-lado. Cada pessoa receptora da mensagem nãopode continuar a ser a mesma. Ela tem neces-sidade de proclamar o caminho da salvaçãopara os seus semelhantes.

A riqueza da Igreja é o seu pluralismo.“Em casa de meus pais há muitas moradas”. Asvocações aparentemente conflitantes encontramo ponto de convergência na síntese evangélica:“amai-vos uns aos outros”. É preciso repudiar opecado, mas amar o pecador. Difícil? Quaseimpossível. Mas é esse o treino diuturno.

Essa postura só será possível se a relaçãopessoal com Cristo vier a ser vivenciada e ro-bustecida. Quando se está a serviço de JesusCristo, haverá condições de uma serenidade noolhar, a despeito da miséria moral circundante.Malgrado a fraqueza humana – somos vasos

frágeis de barro – se tivermos o encontrocom Cristo seremos tesouros preciosos.

Antigamente havia o movimentoreligioso chamado de “missões”. Sacer-dotes com dons oratórios passavam umasemana a pregar. Pregações para casais,para crianças, para idosos. Para os já

devotados à vida religiosa. Para os ope-rários. Para os patrões.

Hoje, todos são chamados aser missionários. É responsabi-

lidade de quem realmentesente em sua lucidez queo Cristo vive e que amorte é uma falácia, poisderrotada pela ressurrei-ção, fazer com que to-dos Nele – no Cristo –também vivam e encon-

trem esperança.Essa mensagem não é dirigida apenas aos

que nunca vivenciaram a Igreja ou a abandona-ram. É também para aqueles que já são Igreja,que se autodenominam católicos ou cristãos, masque não levam uma vida coerente com as verda-des evangélicas.

O momento é de conversão missionária daIgreja. A esta incumbe não apenas gerenciar asovelhas que já se encontram no redil. Precisapartir para a missão permanente. Sair ao encon-tro do irmão. Ter algo a dizer. Afirmar que nemtudo está perdido. Que existe Alguém a quemrecorrer quando parece que tudo o mais falhou,apodreceu, mostrou sua verdadeira face.

Missionários são todos. O laicato é aIgreja. Seu envolvimento é preciso e é obrigató-rio. Existe espaço para todas as vocações. AIgreja Universal pode conviver com movimen-tos ortodoxos, considerados de extrema direita,com aqueles ainda não inteiramente compreen-didos pelos mais conservadores. Cristo se mos-tra em iniciativas como a “Missão Belém”, comoa “Toca de Assis”, como a “Aliança de Miseri-córdia” ou o “Amparo Maternal”. São expres-sões múltiplas da riqueza exuberante da capaci-dade eclesial e laica de viver o Evangelho noséculo XXI.

Cada qual encontrará a vocação mais ade-quada ao seu talento. Saberá encontrar o seumelhor mas a messe é grande e os discípulos emnúmero infinitamente menor do que as necessi-dades. Deus está presente em tudo, em todos oslugares, é atemporal. Mas, - paradoxalmente - ,precisa deste miserável instrumento humano parase mostrar expressão concreta na cidade, nosespaços vazios das periferias, junto à populaçãocarente. A verdadeira “cidade submersa” queconvive com o progresso e a decantada qualida-de de vida presente em alguns núcleos privilegi-ados.

É urgente um novo sentido da presençada Igreja junto a todo o povo que, esteja ou nãocontido nela, é chamado a participar da cons-trução de um mundo melhor. O único, na ver-dade, compatível com a dignidade da pessoahumana.

José Renato NaliniDesembargador do Tribunal de Justiça de

São Paulo Presidente da Academia Paulista deLetras

Cartório apresenta Portal de Serviçospara Escritórios e Advogados

para acesso. Além destes recursos o advo-gado terá à disposição um editor de textoextremamente simples para inserir os dadosdesejados para a notificação, podendo in-clusive anexar arquivos.

Também é possível combinar previamen-te com a equipe do cartório um modeloexclusivo e personalizado para as notifica-ções. Para grandes empresas e escritórios, ocartório também faz a integração do bancode dados com o sistema do cartório paraenvio das notificações. Não há limite míni-mo ou máximo para o serviço, uma ou 500notificações serão executadas com a mesmapraticidade. A advogada Simone Costa, daAires Barreto Advogados, ressalta que “nãoimporta o tamanho da demanda de notifica-ções, os dados e os modelos do escritóriopermanecem no nosso ambiente restrito den-tro do portal e posso acessá-los quandoquiser e de qualquer computador, sem per-der tempo”.

Ao concluir as notificações, o advoga-do pode gerar on-line o boleto bancáriocom os valores correspondentes aos servi-ços solicitados, que contam com preçoúnico em todo o Estado de São Paulo, ouseja, o advogado só paga pelo serviço queutilizar. Após a realização das notifica-ções é possível fazer o acompanhamentodos “pedidos” on-line, pelo próprio Por-tal. O Portal de Serviços pode ser utiliza-do por advogados e escritórios de qual-quer Estado.

VAZIO ÉTICOJosé Renato Nalini

Ultimamente, uma das coisas que mais vem ame chamar a atenção é o fato dos departamentosjurídicos das empresas estarem cada vez maismaduros. Os advogados “In House” estão cadavez mais envolvidos em atividades estratégicasem suas empresas. Uma prova disso é o surgi-mento dos “CLO - Chief Legal Officer”, que sãoverdadeiramente homens de negócios a gerirobjetivos, metas e orçamentos do seu departa-mento. Os advogados “In House” ao longo dotempo, por exigência do próprio mercado, de-senvolveram um perfil diferenciado de atuação,uma advocacia altamente especializada no corebusiness da sua empresa, acabando por buscarformações complementares nas escolas de negó-cios.

Por outro lado, percebo também que os de-partamentos jurídicos estão cada vez mais enxu-tos e mais estratégicos, como se fossem um“Grupo de Elite” jurídico da empresa.

Obviamente este movimento nos traz um ce-nário bastante interessante, pois se as equipas deadvogados “In house” estão cada vez mais enxu-tas e estratégicas, fatalmente precisarão de umaequipe externa de apoio para execução. A partirdaí temos um fato relevante do mundo corpo-rativo: Os advogados Outsourcing passam adesempenhar funções mais operacionais, afazer parte de uma plano de atuação macrodesenvolvido pelos advogados “In House”.

Advogados “In house” X Advogados “Outsourcing” - E o Cliente?Essa mudança tem gerado muitos desconfor-

tos para as sociedades de advogados. Anterior-mente, acostumados a traçar suas próprias estra-tégias e a se relacionar diretamente com o CEO.Tenho visto que muitos escritórios de advocacia,bem como algumas associações, no início tenta-ram “diminuir” os advogados que atuam em em-presas menosprezando sua atividade. E ainda,muitas sociedades de advogados a tentar retirardemandas que são feitas internamente para se-rem realizadas pelo seu escritório. Sinceramen-te, não futuro neste tipo de relacionamento, poisquem sai perdendo são todos os lados, principal-mente o cliente. Aliás, o Cliente é quem deve sera estrela principal desta trama. Mas parece que operfil do cliente mudou, agora passa a integrartambém neste papel o departamento jurídico daempresa.

Existem aqueles que percebem as mudançasde mercado e se reposicionam , e aqueles que aignoram e continuam a avançar do mesmomodo. Para os que se reposicionam, será necessá-rio, a partir de agora perceber que dentro douniverso de clientes, também estão os Advogados“In House” que precisam de apoio qualificadoexterno, e que pelo fato de estarem full time naempresa conhecem de forma pormenorizada asprincipais características do seu negócio. Nãovale à pena competir, não é inteligente competircom os advogados “In house”. O objetivo passar

a ser “Como contribuir para o alcance dosobjetivos internos do Departamento Jurídicodo meu cliente?”.

Para aqueles que optam por ignorar esta mu-dança, resta entrar em numa competição desleal,onde o outro competidor (os advogados “In Hou-se” possuem informações privilegiadas e o seuescritório é dentro da empresa do seu cliente.Além do mais, por mais que o escritório sejaexcelente em sua atividade, nada como uma equi-pa full time a pensar o negócio do cliente.

Portanto, busque nos advogados “In house”parceiros de negócio. Procure compreender quaissão seus objetivos e metas, ofereça serviços querealmente estejam alinhados às suas necessida-des. Desenvolva um relacionamento de colabora-ção com o CLO.

Robson Vitorino é consultor de Marketing Jurí-dico em Portugal. Em Portugal criou o primeiro grupode debates sobre o tema – Marketing Jurídico Portugal.É licenciado em Comunicação Social – Publicidade ePropaganda pela Universidade Veiga de Almeida (Riode Janeiro - Brasil), MBA em Marketing de Serviçospela Universidade Cândido Mendes (Rio de Janeiro -Brasil), especializado em CRM e Novas Tecnologiaspelo IBMEC (Rio de Janeiro - Brasil). Professor deMarketing da Pós-graduação da Universidade Cândi-do Mendes (Rio de Janeiro - Brasil).

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Após encerrar os trabalhos deelaboração da ConstituiçãoFederal, promulgada em 5de outubro de 1988, confor-me o artigo 64 do Ato dasDisposições ConstitucionaisTransitórias, milhões de

exemplares da Carta Magna foram impressos edistribuídos de modo que cada cidadão pudessereceber o seu exemplar, para permitir ao povoconhecer as novas diretrizes do país. Após vinteanos, uma constatação é óbvia, a Constituição épouco conhecida e compreendida pelo povo,bem como o guardião dela o Supremo TribunalFederal, na opinião de especialistas como asocióloga Maria Tereza Sadek e do advogadoconstitucionalista Pedro Serrano.

“O Supremo não é compreendido pela popula-ção, e não apenas ele, como também o Poder Judi-ciário, as leis, e as funções das demais instituiçõesda Justiça”, avalia Maria Tereza. No mesmo senti-do, Serrano diz que “nossa população tem aindauma deficiência educacional incompatível com opleno exercício da cidadania”. E esse desconheci-mento se deve na opinião de Maria Tereza, “a

Vinte anos

Constituição brasileira mesmo sendodetalhista mantém o prestígio

inúmeros fatores, talvez o mais importante delesseja a educação. O País nunca fez uma apostadecisiva na educação”.

Com 250 artigos a Constituição sofreu 56emendas constitucionais de 1988 até hoje, asdisposições transitórias ainda existem e possu-em 95 artigos. Embora seja um documento reco-nhecidamente detalhista e repetitivo, seu prestí-gio é imenso entre os especialistas.

O advogado civilista, João Biazzo Filho,avalia que nossa Constituição é boa, emborarepetitiva, “estamos ainda aprendendo a lidarcom ela”. No mesmo sentido, Maria TerezaSadek concorda “a Constituição brasileira émuito detalhista”.

Fernando Quércia, advogado trabalhista,embora reconheça que nossa Carta é uma dasmais completas, tiraria muitos artigos, “A Cons-tituição tem que dar as diretrizes bases, osparâmetros básicos, não tem que entrar emdetalhes”.

Por outro lado, Pedro Serrano, está mais preocu-pado com a aplicação das normas constitucionais,“nossa Constituição ainda não é aplicada. As pessoasnão têm consciência do valor que ela tem. A socieda-de não defende a Constituição como ela deveria, e nocotidiano ela acaba não sendo aplicada”.

Carta de 88 traz inovações em váriasáreas e pode ser aperfeiçoada

A reportagem do Diário de Notícias paracomemorar a data realiza uma série especial dereportagens que aborda aspectos fundamentaisda Carta Magna e sua importância na vida demilhares de brasileiros. Foram entrevistados vá-rios especialistas que discutiram temas comodireitos humanos, liberdade religiosa, direitotributário, divisão de poderes, dano moral, di-reitos trabalhistas e previdência social.

como último painel lançamos a seguinte per-gunta aos entrevistados – “Se lhe fosse dado,nesse momento o poder constituinte, o que vocêmudaria na Constituição brasileira?”

A provocação mostrou que a ConstituiçãoFederal pode ser objeto de mudanças e quemuitas delas, feitas pelos especialistas, podemcontribuir para uma reflexão maior sobre osdesafios constitucionais.

Quando o assunto versa sobre direitos huma-nos os especialistas confirmam que o Brasilainda está longe de sua missão de dar uma vidadigna para todos os cidadãos.

Conforme Flavia Piovesan, a Carta de 88 éum marco importante na história dos direitoshumanos, embora nossa cultura traga “uma tra-

dição de negativa de direitos humanos”. Elalembra que “leva décadas para endossarmos”uma nova visão.

No campo tributário, Marcelo Prado, advo-gado tributarista, ressalta a importância dos di-reitos constitucionais tributários que são umagarantia ao voraz apetite do Fisco, que tentafazer “gato e sapato do contribuinte”.

O dano moral é uma das inovações de maiorimpacto no cotidiano das pessoas, caiu no gostodo povo. Quem não experimentou uma situaçãoconstrangedora, e não pensou em processar al-guém ou alguma empresa por dano moral queatire a primeira pedra. Nossos tribunais estãorepletos de ações que envolvem dano moral,seja nas relações de trabalho, família, de consu-mo. A Constituição de 88 é o divisor de águasnessa matéria tanto que muitos perguntam afi-nal, o pedido de dano moral ficou banalizado?Veja em nossa matéria que os especialistas nãochegaram a um consenso, se existe uma indús-tria do dano moral.

Quando o assunto é direito do trabalho osespecialistas demonstram satisfação pelo fatodos direitos trabalhistas estarem garantidos cons-titucionalmente. E defendem a redução dos en-cargos, mas sem a diminuição dessas garantiaspara o crescimento do País.

Com relação ao sistema de previdência social,Marcel Cordeiro, professor de Direito Previden-ciário, argumenta que o déficit previdenciário éprovocado em grande parte pelo governo queutiliza o dinheiro da seguridade social para cons-truir estradas, rodovias. E que um dos problemasa ser enfrentado é o regime diferenciado de pre-vidência aplicado ao servidor público.

Para os especialistas as discussões entre oExecutivo, Legislativo e Judiciário jamais irãoentrar em consenso, é próprio da administraçãopública um poder interferir na área do outro. Poroutro lado, se cada um fizesse melhor a sua liçãode casa a harmonia entre eles seria melhor.

Entre tantas liberdades importantes e discuti-das pela mídia vale ressaltar que na ConstituiçãoFederal a liberdade religiosa é prestigiada com 3incisos. Henrique Nelson Calandra, presidenteda Apamagis (Associação Paulista de Magistra-dos) e desembargador do TJ-SP (Tribunal deJustiça de São Paulo), lembra que embora exis-tam as garantias constitucionais há discriminaçãoquando o tema é opção religiosa ainda “temos queresgatar uma cultura de respeito”.

O último painel lança a seguinte perguntaaos entrevistados – “Se lhe fosse dado, nessemomento o poder constituinte, o que você muda-ria na Constituição brasileira?”

A provocação mostrou que a Constituição Fe-deral pode ser objeto de muitas mudanças e quealgumas sugeridas pelos especialistas devem con-tribuir para uma reflexão maior sobre o papel e aimportância de nossas normas constitucionais.

Roseli Ribeiro – da Redação

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A convenção coletiva é um instrumento hábilpara flexibilizar a forma como são pagos osdireitos trabalhistas, afirmam os especialistas,que por outro lado, não aceitam a redução dasgarantias trabalhistas.

A Constituição Federal de 88 fez uma grandeinovação nas relações de empregado e emprega-dor ao consagrar no artigo 7º, trinta e sete garan-tias trabalhistas, que englobam desde salário-mínimo, seguro-desemprego, 13º salário, fériase tantos outros.

Essas garantias se equiparam as cláusulaspétreas, de acordo com Ana Lúcia Saugo Lim-berti Nogueira, advogada trabalhista do escritó-rio Biazzo Simon Advogados, por isso “nãopodem ser modificadas nem por emenda consti-tucional, são direitos e garantias irrenunciá-veis”.

Embora o status constitucional dos direitostrabalhistas seja apontado como um dos entra-ves para o crescimento econômico do País, osespecialistas defendem que essa teoria é falsa.“Não são os direitos dos empregados que enges-sam a economia, e sim os tributos, mas todos sócriticam o que o empregado tem de direito”,sustenta Ana Lúcia.

Marcel Cordeiro, professor de direito dotrabalho na PUC-SP (Pontifícia UniversidadeCatólica), lembra que os encargos sociais sãoelevados. “Sob a folha de pagamento é recolhi-do em torno de 26,8% a título de contribuiçãoprevidenciária”.

Um caminho para desonerar a folha de paga-mento seria transferir parte desse recolhimentopara outros tributos que garantam a seguridadesocial, como a COFINS e PIS, que são cobradosconsiderando o faturamento e a receita das em-presas.

Todos os especialistas concordam que é pos-sível fazer a flexibilização na forma como sãopagos os direitos trabalhistas, mediante negoci-ação coletiva entre sindicatos. Sabrina B. FarhatFernandes, advogada trabalhista do escritórioRayes, Fagundes e Oliveira Ramos, explica “pelaconvenção coletiva é possível alterar condiçõesimportantes da prestação trabalhista”. Por exem-plo, redução da jornada de trabalho, desde queocorra uma compensação pela parte do empre-gador.

Mesmo esse caminho, também tem impedi-mentos, “há regras mínimas, que não podem seralteradas, por exemplo, a concessão de férias. Oempregador não pode conceder férias como bem

Reforma tributária

Constituição protege ocontribuinte, mas não ésuficiente, dizem especialistas

A Constituição Federal é um freio à desme-dida ambição de tributar do governo, na opiniãodos especialistas. Apesar do apetite voraz doFisco os princípios tributários inseridos na Cons-tituição Federal protegem o contribuinte, embo-ra dezenas de leis, portarias, e regulamentossejam feitos em desrespeito às regras constituci-onais. Só a Constituição não basta para garantiro cidadão, mas é o grande freio.

Marcelo Baptistini Moleiro, gerente jurídicoda Kihatiro Kita Advogados, exemplifica comoé burocrático pagar tributos no país. “Segundo oIBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tri-butário) são editadas, em média, no Brasil, 37normas tributárias por dia, ou seja, 1,57 porhora”, o que cria na avaliação de Moleiro “inse-gurança jurídica para os contribuintes”. Osadvogados tributaristas, Fernando Quércia eMarcelo Prado concordam que a burocracia tri-butária atrasa a vida do país.

Marcelo Prado, advogado tributarista do es-critório Queiroz, Prado Advogados, destacaque um dos vilões da burocracia é a legislaçãodo ICMS (imposto sobre circulação de merca-dorias e serviços), são 27 legislações estaduaisdiferentes que tratam do ICMS, o volume buro-crático é imenso. Para o advogado, “a guerrafiscal não foi enfrentada pela Carta de 88 epermanece até hoje”.

Além desse aspecto, Fernando Quércia, só-cio do escritório Fernando Quércia Advogados,critica a centralização do agente arrecadador,que na prática impede o desenvolvimento dadescentralização tributária criada na Constitui-ção. Para Quércia, “os recursos municipais nãoretornam ao município atrasando o desenvolvi-mento das cidades, onde esse valor deveria sercorretamente aplicado, pois o prefeito é quemmelhor sabe as carências da população”.

Diminuição da carga tributária

Os especialistas sabem que a redução dacarga tributária só irá ocorrer quando o Estado

cortar despesas. O difícil é imaginar se um diaisso possa ocorrer.

Moleiro avalia que seja pouco provável amudança dessa equação, pois o crescimentodemográfico é constante, o que gera a neces-sidade de haver maior assistência aos cida-dãos, hospitais, escolas, creches. Essas des-pesas somente podem ser custeadas “pelaarrecadação dos impostos, que, infelizmen-te, é feita de forma desordenada, pois osentes estatais acabam contratando cada vezmais pessoas para gerir tais recursos”.

Quércia também ataca o custo do Estado edá um exemplo prático comparando duas ci-dades, Miami (EUA) tem 3 mil funcionários,Campinas tem 17 mil, as duas cidades possu-em a mesma média de território e população.Para o especialista esse exemplo “mostra opeso que a máquina estatal carrega”.

Outro aspecto que impede a redução dosimpostos é a sonegação, na avaliação de Mo-leiro, pois o bom pagador acaba sendo obri-gado a pagar mais impostos em razão dorombo criado pelo sonegador.

Fernando Quércia defende que para ga-nhar mais o governo deveria cobrar menos.Ele explica que o Estado deveria alargar abase de cálculo e diminuir o valor das alíquo-tas.

“Um exemplo, Campinas em 2002 arreca-dou 198 milhões de ISS (imposto sobre servi-ço), a alíquota era de 5%. São José dos Cam-pos, na mesma época arrecadou 300 milhõesde ISS, com uma alíquota de 2%. Cobrarmenos é um bom negócio”. Ou seja, cobrandoum valor menor de imposto o município con-seguiu atrair mais investimentos.

Na opinião dos especialistas, se um dia oEstado simplificar o sistema tributário, gas-tar bem a receita, diminuir o déficit público,a carga tributária será reduzida. Para issotudo isso acontecer, antes o governo precisater vontade política, só assim será feita a tãosonhada reforma tributária.

Especialistas são contra aredução de direitos trabalhistas

entender. A CLT (Consolidação das leis do Tra-balho) traz regras mínimas sobre o tema.

Marcel Cordeiro considera isso bom, emrazão do território nacional, o empregado emSão Paulo conhece mais os seus direitos, “masem muitas cidades do norte, nordeste, as empre-sas acabam nem atendendo esse mínimo, imagi-ne, se fosse possível uma flexibilização maior”,argumenta.

Para os especialistas é simplista afirmarque as garantias trabalhistas emperram o cresci-mento econômico do Brasil. O que engessa aeconomia, na opinião deles são os tributos, osdireitos do trabalhador acabam sendo o bodeexpiatório da discussão.

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OAB-BA e Universidadede Lisboa

O intercâmbio de informações, realização decursos, troca de publicações e realização de ativida-des científicas e culturais entre os advogados baia-nos e os portugueses já é possível graças ao convê-nio firmado entre a Seccional da Ordem dos Advo-gados do Brasil (OAB) da Bahia e a Faculdade deDireito da Universidade de Lisboa, em Portugal. Oprotocolo, que também concederá uma bolsa deestudos para doutorado e duas para mestrado aadvogados baianos a partir de 2009, foi assinadopelo presidente da Seccional da OAB, Saul Qua-dros, o reitor da Universidade de Lisboa, JorgeMiranda e o presidente do Conselho Diretivo daUniversidade, Eduardo Vera-Cruz. Ser inscrito naOrdem, estar adimplente, não ter processo ético-disciplinar e ser hipossuficiente são os critérios queserão analisados pela Seccional para a fase de pré-seleção dos candidatos às bolsas. A avaliação téc-nica e acadêmica para a escolha dos contempladosficará a cargo da instituição portuguesa, informou odiretor da Escola Superior de Advocacia OrlandoGomes (ESAD), Carlos Rátis.

Desagravo públicoA Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil

do Mato Grosso do Sul realizou no último dia 26 deagosto ato de desagravo público do advogado Má-rio Edson Monteiro Damião, conforme nota divul-gada pelo presidente da OAB-MS, Fábio Trad. Oadvogado, quando no exercício de sua profissão,dia 17 de dezembro de 2004, fora desrespeitado emsuas prerrogativas profissionais pelo juiz de DireitoNélio Stábile. O pedido de desagravo foi analisadoe aprovado pelo Conselho Federal da OAB dia 9 dejunho deste ano.

Lei OrgânicaA Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil

(OAB) da Paraíba vai oferecer sugestões ao processo dereformulação da Lei Orgânica do Tribunal de Contas doEstado. O pedido à entidade foi feito pelo vice-presiden-te da Corte, conselheiro Nominando Diniz. Em visita aopresidente da Seccional da OAB-PB, José Mário Porto,Diniz fez o pedido de contribuição, que foi prontamenteatendido. Com 15 anos de existência, a Lei Orgânica doTribunal de Contas sofrerá modificações em suas nor-mas e preceitos legais implantados na Paraíba ao longodesse período. A Nova Lei Orgânica não entrará emvigor antes de 2009.

Exame de Ordem:referência para provade professores

Após o IBGE divulgar que 2,1 milhões deestudantes brasileiros de 7 a 14 anos são analfabe-tos, apesar de freqüentarem a escola regularmente,a presidente do Conselho Nacional de Secretáriosde Educação (Consed), órgão que reúne as secre-tarias estaduais, Maria Auxiliadora Resende, de-fendeu a aplicação de prova em todo o País paraavaliar professores do ensino básico. O objetivoseria identificar deficiências de formação e atémesmo impedir que profissionais desqualificadospossam dar aulas. “Há professor incapaz de escre-ver um pequeno texto”. Para Maria Auxiliadora, a

avaliação nacional é indispensável, mas deixa emaberto o formato para pôr a idéia em prática. Umadas propostas seria copiar o modelo da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), que realiza perio-dicamente o chamado exame de Ordem. Sem apro-vação no exame, bacharéis em direito não podemadvogar.

Justiça restaurativaO juiz Leoberto Brancher, titular da 3ª Vara do

Juizado da Infância e Juventude de Porto Alegre ea jornalista Susiâni Silva lançaram o livro “Semean-do Justiça e Pacificando Violências: Três Anos deExperiência da Justiça Restaurativa na Capital Ga-úcha”, no dia 7 de outubro, no auditório da EscolaSuperior da Magistratura da Associação dos Juízesdo Rio Grande do Sul. A obra apresenta 34 artigospresentes. O lançamento é uma promoção da Asso-ciação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e daSecretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-dência da República, com o apoio do Tribunal deJustiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS).

Academia Cristã deLetras visita Apamagis

A Associação Paulista de Magistrados (Apama-gis) promoveu no último dia 2 de outubro umencontro entre o Judiciário e a Literatura brasileira.“Recebemos agora, aqui, os representantes da Aca-demia Cristã de Letras e pretendemos fazer com queesse encontro seja o primeiro entre vários quepromoveremos ao longo de nossa história”, disse odesembargador Sebastião Amorim, recepcionandoos convidados da Academia Cristã de Letras, daqual é integrante. Alguns dos ícones da poesia erepresentantes do civismo público transformaram areunião em um sarau de idéias. “Para nós é umagrande honra receber os acadêmicos e poder dealgum modo compartilhar as idéias e a mesa com ossenhores.”, afirmou o presidente da Associação,desembargador Nelson Calandra.

24º FonajeEstão abertas as inscrições para o 24º Fórum

Nacional de Juizados Especiais (Fonaje) que acon-tece entre os dias 12 a 14 de novembro em Florianó-polis (SC). O tema principal do evento é SegurançaJurídica nos Juizados Especiais. Durante os trêsdias de programação serão discutidas formas deencaminhamento de proposta à Corregedoria doConselho Nacional de Justiça. Juízes de diversosEstados vão apresentar projetos bem sucedidos noâmbito dos Juizados Especiais. Grupos de trabalhotambém serão formados. As inscrições podem serfeitas nos sites: www.fonaje.org.br ouwww.tj.sc.gov.br/fonaje2008.

Convênio deCooperação Jurídica

O presidente nacional da Ordem dos Advoga-dos do Brasil (OAB), Cezar Britto, e o presidente daOrdem dos Advogados de Portugal (OAP), AntonioMarinho e Pinto, iniciaram conversas para assinatu-ra de um Convênio de Cooperação Jurídica paraassistência recíproca a cidadãos desses dois países.O convênio deverá seguir os mesmos moldes da-quele que Britto assinou no último dia 2 de outubro,em Madri, com o presidente do Conselho Geral daAdvocacia Espanhola, Carlos Carnicer Díez. “Masdeve ser algo ampliado, mais abrangente, levandoem conta inclusive o fato de que o número deportugueses nas relações com o Brasil é maior doque o de espanhóis”, observou Britto ao iniciar astratativas com o presidente da OAP. A celebraçãodo convênio com Portugal, que começa a ser discu-tido, ainda não tem data marcada.

Nomeação A desembargadora do Tribunal Regional do

Trabalho da 2ª Região e professora da UniversidadePresbiteriana Mackenzie, Jane Granzoto Torres daSilva, assumiu o cargo de vice-diretora do corpodiretivo da Escola da Magistratura do TribunalRegional de São Paulo. A eleição aconteceu para obiênio 2008/2010 e a posse ocorreu em 15 desetembro último. Atualmente, Jane Granzoto é pro-fessora nos cursos de graduação e pós-graduação doMackenzie em Direito Empresarial e da especiali-zação em Direito do Trabalho e Direito Processual

Exposição: ConstituiçãoFederal de 1988

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP)promoveu no último dia 2 de outubro, solenidadeem homenagem ao centenário de nascimento dodesembargador Edgard de Moura Bittencourt e aosjuízes Dácio Aranha de Arruda Campos e JoséFrancisco Ferreira, cassados pelo Regime Militar.Na ocasião, foi inaugurada no Salão dos PassosPerdidos, 2º andar do Palácio da Justiça, uma expo-sição em homenagem à Constituição Federal de1988, que completou vinte anos ontem, 5 de outu-bro. Na abertura do evento, o presidente do Tribu-nal, desembargador Roberto Antonio Vallim Be-llocchi, disse: “Os homenageados merecem tal lem-brança pelo que passaram anos atrás, e não sei sedevemos chamar isso de resgate histórico ou dejustiça tardia”. Orador do Tribunal na homenagemao desembargador Edgard de Moura Bittencourt, odesembargador Antonio Carlos Mathias Coltro co-mentou as qualidades do magistrado, “um dos gran-des juízes que esta Corte já abrigou e que muitocontribuiu para o engrandecimento do Poder Judi-ciário brasileiro”.

TJ/SP:homenagem aPaulo Bomfim

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP)homenageou na quarta-feira, 1º, o poeta PauloBomfim, chefe do Cerimonial e Relações Públicas,pelos seus 82 anos de vida, completados no últimodia 30 de setembro. A cerimônia foi realizada no“Salão dos Passos Perdidos” do Palácio da Justiçae teve início com a apresentação de um vídeomostrando as diversas etapas da vida do poeta,incluindo imagens de capas de seus livros, solenida-des de que participou, homenagens e condecora-ções recebidas, além de eventos significativos quefazem parte da história paulista e brasileira. Opresidente do TJSP, desembargador Roberto Anto-nio Vallim Bellocchi, destacou a importância dePaulo Bomfim, não apenas para o Tribunal deJustiça de São Paulo, mas para a poesia e a culturapaulista. Ressaltou ainda o prazer de compartilharde sua amizade.

do Trabalho. É também membro da Amatra II(Associação dos Magistrados da Justiça do Traba-lho da 2ª Região).

I Congresso Internacionalde Delitos de Altatecnologia

No dia 4 de novembro será realizado, em SãoPaulo, o I Congresso Internacional de Delitos deAlta Tecnologia (CIDAT). O objetivo do evento éinformar e aperfeiçoar profissionais de tecnologiada informação, de Direito e outras áreas interessa-das no enfrentamento dos crimes cibernéticos pra-ticados contra instituições financeiras. Contará compalestras proferidas por Anthony Reyes, CoriolanoAlmeida Camargo Santos e Paulo Quintiliano. En-tre os assuntos do congresso estão o Direito Digitale Perícia Digital: questões legislativas relaciona-das, novos golpes com o uso de tecnologias avança-das, perícia digital, entre outros. Informações edetalhes do encontro no site: www.cidat.org.br.

Marcas, patentes ecombate à pirataria

O sócio do Veirano Advogados César Carvalhoe o consultor Fernando Braune ministrarão duaspalestras no Japão sobre marcas, patentes, combateà pirataria e Direito societário, nos dias 14 e 15 deoutubro. Apresentarão as palestras a convite deKyioshi Muraki e Fujio Sasajima, sócios fundado-res do escritório de propriedade intelectual japonêsMatsubara, Muraki & Associates e Sasajima &Associates. As exposições serão na Association forthe Protection of Intellectual Property (AIPPI),instituição de propriedade intelectual e na CustomsIntellectual Property Information Center (CIPIC),entidade ligada ao Japan Tarif Association, organi-zação devotada aos assuntos tarifários e de comér-cio internacional no Japão.

Ives Gandra: convidadoda Comissão doJovem Advogado

O jurista Ives Gandra da Silva Martins foi oconvidado do evento “Minha Experiência a Ser-viço do Colega”, promovido pela Comissão doJovem Advogado da seccional paulista da Ordemdos Advogados do Brasil (OAB-SP), no dia 7 deoutubro, no Hotel Braston. Presidida por HélioGustavo Alves, a Comissão realiza pela primeiravez um jantar por adesão para esta série de pales-tras. “A bem sucedida história profissional deIves Gandra certamente será uma fonte de inspi-ração para os jovens colegas”, diz o presidente daseccional da Ordem, Luiz Flávio Borges D´Urso,que criou a série de palestras sobre histórias devida, quando ainda era presidente do Conselho doJovem Advogado.Ives Gandra é professor eméri-to das universidades Mackenzie, FMU, Paulista eda Escola de Comando do Estado Maior do Exér-cito. É residente do Conselho da Academia Inter-nacional de Direito e Economia, membro dasAcademias de Letras Jurídicas, Brasileira e Pau-lista, Internacional de Cultura Portuguesa (Lis-boa), Brasileira de Direito Tributário e Paulistade Letras.

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Para entender o quadro atual sobrea discriminação por idade no Bra-sil, é importante ter em mente queo Brasil, até 1807, era a principalcolônia de Portugal, mantendo suaestrutura Social alicerçada sobre

o trabalho escravo e exploração de seus recursosminerais em benefício da economia Lusitana.Somente após 1807 que temos uma mudançasuperficial de suas estruturas basilares, momen-to histórico experimentado pela chegada da Fa-mília Real Portuguesa e a abertura dos Portos àsNações Amigas, principalmente a Inglaterra.

De 1807 até 2008, apenas 200 anos, o Brasildeixou de ser Colônia (1807), para se tornar umImpério (1822), e finalmente uma República(1889), aboliu o trabalho escravo (1888) e em1891 já demonstrava o rumo que a relação entreo capital e o trabalho seriam permeados. É nesteano que se dá a promulgação da primeira LeiBrasileira relacionada à proteção do menor tra-balhador.

Após um início tímido da regulamentaçãodas condições de trabalho e do total descasopelos trabalhadores brasileiros, novamente omomento histórico foi fundamental para o ama-durecimento e desenvolvimento da Sociedade,iniciava-se a Década de 30. Em 1943, foi pro-mulgada a Consolidação das Leis do Trabalho,regulamentando o Direito do Trabalho como umtodo, estabelecendo limites e obrigações a se-rem observadas pelos empregadores. Difundiu aproteção ao trabalho da mulher e do adolescen-te, proibindo o trabalho ao menor de 16 anos e

Antes mesmo da promulgação da Car-ta Republicana de 1988, era comumse ouvirmos falar da figura dos cha-mados “arapongas”, agentes que, su-postamente, trabalhavam a serviçodo Governo e estariam lotados no

extinto Sistema Nacional de Informação – SNI, sempresob o comando dos militares.

Atualmente, o extinto SNI – hoje ABIN (AgênciaBrasileira de Inteligência), subordinado ao Gabinetede Segurança Institucional da República Federativa doBrasil, portanto, ainda com resquício militar, circulavez ou outra pelos noticiários policiais impressos etelevisivos por conta da “arapongagem”.

A prática vulgarmente conhecida como “grampoilegal”, cada vez mais, vem ocupa espaço no debatenacional.

Necessário frisar, que a prática de “grampos ile-gais”, são efetuados ao arrepio da Constituição Fede-ral, bem como da Lei 9.296/96.

Nos dias atuais, ante a chamada “revolução tecno-lógica”, o aparato usado está cada vez mais moderno,o que faz com que os grampos se difundam ainda maise sejam efetuados para diversos interesses, seja pesso-al, empresarial ou até mesmo político.

Desde o marido traído, passando pelo desafetopolítico e chegando à espionagem industrial, os gram-pos ilegais estão sendo usados de maneira corriqueira,como se fosse uma prática normal e comum.

Todavia, necessário lembrar, que a Constituição daRepública Federativa do Brasil, de 05 de outubro de1988, além de prever expressamente a tutela do sigilodas correspondências e comunicações telegráficas etelefônicas, instituiu a proteção contra as intercepta-ções ilegais das comunicações e violação dos sigilos dedados, só permitindo a violação do sigilo de comunica-ções telefônicas nas hipóteses por si estabelecidas, e naforma da legislação infraconstitucional:

“XII - é inviolável o sigilo da correspondência e dascomunicações telegráficas, de dados e das comunicaçõestelefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nashipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins deinvestigação criminal ou instrução processual penal;”

Por óbvio, em 1988, as comunicações ainda nãoeram feitas da maneira como são hoje, inexistindoainda, à época a telefonia celular, internet, Voip’s, etc.

Passados 12 anos da promulgação da Lei 9.2961[1],agora, o país está sentindo os efeitos da evoluçãotecnológica. Os grampos ilegais pipocam por todos oslados, quer seja para uma eventual espionagem indus-trial, quer seja para uma espionagem política, quer sejapara saber sobre eventual prática de adultério.

Portanto, resta atualmente, banalizada a prática degrampos no país, e mais ainda, constatamos que oBrasil carece de uma legislação especial mais atual emoderna que coíba tais práticas, com severas sançõesàqueles que se proponham a praticar tais condutas.

O que devemos ter em mente é que a distinção entreas interceptações telefônicas (permitidas por lei, apenase unicamente, para investigações criminais e medianteautorização judicial) e os “grampos ilegais”, os quais sãosupinamente inconstitucionais e ferem frontalmente osdireitos fundamentais garantidos na Carta Republicana.

Para efeitos processuais, certo é que os “gramposilegais” são considerados provas ilícitas e, assim sen-do, nos termos do artigo 157 do Código de ProcessoPenal, devem ser desentranhadas do processo:

“Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desen-tranhadas do processo, as provas ilícitas, assim enten-didas as obtidas em violação a normas constitucionaisou legais.”

É de se notar, que a proibição do uso de provasilícitas, como é o caso dos “grampos ilegais”, é vedadotambém pela ordem Constitucional, que veda o uso detais provas, quer seja nos procedimentos judiciais, querseja em procedimentos administrativos.

Salutar também ressaltar, que as provas derivadasdestas também serão consideradas ilícitas, “contami-nando” todas as demais decorrentes desta.

Tal princípio, derivado do direito norte americano,e conhecido como teoria da árvore dos frutos envene-nados, já amplamente consagrada pela doutrina e juris-prudência pátria, em tempo, na novatio legis 11.690/2008 foi expressamente regulamentada (artigo 157, §1º, do Código de Processo Penal).

Conclui-se, portanto, que há uma preocupação

iminente e importante a cerca dos “grampos ilegais”,mormente pelas recentes notícias de práticas destetipo envolvendo pessoas importantes do alto escalãodos Três Poderes.

A discussão deve vir à tona, sendo necessário oenvolvimento tanto dos estudiosos quanto da socieda-de em si, pois, cedermos a tais práticas é retroceder nahistória de conquistas que nos levaram a um EstadoDemocrático de Direito, soterrando anos de lutas econquistas.

Paulo José I. de Morais, advogado, formado pelaUniversidade de São Paulo - USP, pós-graduado pelaUniversidade Clássica de Lisboa, Diretor Tesoureiroda Subsecção de Pinheiros da OAB/SP, membro daComissão de Meio Ambiente da OAB/SP e , membrodo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBC-CRIM.

Aluísio Monteiro de Carvalho, advogado, for-mado pela Universidade Paulista - UNIP,, pós-gra-duando em Direito Penal Econômico e Europeu peloInstituto de Direito Penal Econômico e Europeu(IDPEE), da Faculdade de Direito da Universidadede Coimbra, Portugal, membro do Instituto Brasilei-ro de Ciências Criminais – IBCCRIM e pós-Gradu-ando em Direito Empresarial pela Escola Paulista deDireito

(Nota)1[1] LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996:

“Art. 2° Não será admitida a interceptação de comu-nicações telefônicas quando ocorrer qualquer dasseguintes hipóteses: I - não houver indícios razoá-veis da autoria ou participação em infração penal;II - a prova puder ser feita por outros meios disponí-veis; III - o fato investigado constituir infração penalpunida, no máximo, com pena de detenção.”

ao menor de 18 em ambientes insalubres, emhorário noturno, em ambientes prejudiciais àsua moralidade, esclarecendo como prejudiciaisa venda de jornais e revistas nas ruas, o trabalhoem cassinos, boates e teatros, e no comércio debebidas entre outros.

Passado o Regime Militar, o final da décadade 80 e início da década de 90, o aumento daconcorrência pelas vagas no mercado de traba-lho passou a privilegiar a melhor formação téc-nica e profissional dos trabalhadores. Passou-seentão à contratação de trabalhadores mais jo-vens, mais bem preparados e em início de carrei-ra, em detrimento de trabalhadores de mais ida-de, com 20 ou 30 anos a mais, antigos operáriosdas décadas de 60 e 70, que não tiveram umaformação técnica e profissional adequada e con-tavam com altos salários. O País começou aviver o seu primeiro período de discriminaçãopelos trabalhadores de idade mais avançada.

Outro dado relevante que deve constar dopresente é o fato de que no Brasil há limite deidade para ingresso em concursos públicos, ouseja, para o preenchimento de algumas vagas, oEstado exige discriminatoriamente que os can-didatos tenham entre 18 e 35 anos, por exemplo,quando promovem concursos para a contrataçãode Policiais. Em que pese a indignação de diver-sos veículos de informação, tais como televisãoe mídia escrita, até o momento nada foi feitopara conter este tipo de discriminação.

Afora este tipo de discriminação praticadopelo Estado, o Brasil apresenta sinais de que omercado de trabalho não mais será conduzidopor tal prática. Aparentemente o mercado buscaum equilíbrio. Os índices oficiais sinalizaramque no final de 2007 e início de 2008 o númerode contratações de trabalhadores com mais de40 anos aumentou significativamente, e que ten-de a permanecer neste rumo.

Diferentemente do cenário Britânico e Euro-peu, no Brasil temos apenas algumas leis insípi-das à proteção do trabalho dos jovens, a exem-plo da vedação ao empregador de exigência decomprovação de experiência prévia por temposuperior a 6 meses do mesmo tipo de atividade.

Contudo, contrariamente ao que está sendoobjetivado pelos Países Europeus, onde há leisespecíficas para coibir práticas desta natureza, oBrasil tem seguido por um caminho de incentivoà contratação de pessoas mais velhas. Atual-mente existem projetos de Lei que objetivamcriar incentivos fiscais às empresas que tiveremum percentual significativo de empregados comidade superior a 45 anos, representado peloprimeiro Projeto de Lei de n.º 688/1999. Todosos projetos estão em fase de conclusão dostrabalhos e em breve devem alterar o cenário doquadro de trabalhadores.

Quanto ao acesso dos jovens ao emprego,atualmente o Brasil impõe quotas de contrata-ção obrigatória de Menores Aprendizes, comidade entre 14 a 24 anos, em alíquotas de 5% a15% do total de empregado , em percentuais quevariam de dois a cinco por cento do total deempregados. E agora pretende conceder incenti-vos fiscais àqueles que mantiverem em seusquadros um número significativo de trabalhado-res com mais de 45 anos.

Estas são as considerações que entendemosserem necessárias a fim de demonstrar que noBrasil a vedação à Discriminação Etária vemavançando, em suma, por meio de incentivos àsempresas que contratam pessoas mais velhas e àimposição de quotas mínimas para a contrataçãodos jovens e coibição à exigência de experiênciaanterior acima de 6 meses para o acesso dosjovens às vagas de trabalho.

Discriminação poridade no contextobrasileiro

Grampos IlegaisPROVAILÍCITA

Paulo José I. de Morais

Uma tendência mundial nos mais diversossegmentos empresariais tem sido a busca pelaconcentração de mercados de grandes e médiasempresas, por meio das operações conhecidascomo fusões e aquisições1. Esta evolução tempossibilitado às empresas atuação em regiõesgeográficas distintas; ganhos em escala de pro-dução e prestação de serviços; atuação em novasáreas/segmentos e com novos produtos; aquisi-ção de novas tecnologias; e principalmente, si-nergia e economia administrativa e financeira.

Os setores bancário, telecomunicações, ener-gia elétrica, bens de consumo (alimentos, cos-méticos, higiene e limpeza) e na prestação deserviços a área de saúde têm sido, no Brasil, osprincipais alvos de aquisições e reorganizaçõessocietárias, tendo em vista o grande interesse deinvestidores nos setores, possibilitando umamodernização (novas tecnologias), bem como oaumento do fluxo de capitais e incentivos parapesquisa e desenvolvimento.

Entretanto, para que as empresas possamrealizar tais operações, alguns cuidados devemser observados, especialmente quanto à sua pro-fissionalização e adoção de boas práticas degovernança corporativa.

Normalmente o processo de fusões2, aquisi-ções e reorganizações societárias geralmenteocorre em três fases, sendo a primeira referenteà avaliação e seleção das empresas a seremadquiridas; negociação das condições do acordoe, por fim, ocorre o processo de sua implemen-tação.

Mais especificamente, o processo de aquisi-ção tem por início a assinatura de um memoran-do de entendimentos entre os interessados, con-dições gerais da operação a ser realizada edefinição de seu preço inicial. Para a definiçãodo preço e para a concretização do negócio,geralmente há processo de investigação de com-pra (due diligence).

Aspectos relevantes sobre fusõese aquisições na área de saúde

Dentro do setor de saúde, uma questão rele-vante a ser analisada quanto aos processos defusão e aquisição refere-se à vedação da partici-pação direta ou indireta de empresas ou capitaisestrangeiros na assistência à saúde no País. Estavedação é prevista no parágrafo 3º do artigo 199da Constituição Federal, sendo exceção a estaregra os casos relacionados à operação de planosprivados de assistência à saúde, conforme deter-mina a Lei nº 9.656/98.

Deste modo, pode-se entender que para os

processos de fusão e aquisição por grupos estran-geiros, somente as operadoras de planos de saúdee seguradoras estariam aptas a participarem des-tes processos.

É por este motivo que operadoras de planos

de saúde têm conseguido abertura de seu capitaljunto ao mercado, e que grupos hospitalares nãoconsiderados operadoras de planos de saúde,apesar de seguirem todos os preceitos da boagovernança corporativa, não têm obtido êxito naabertura de seu capital.

Carlos Eduardo Martins Mammana - ad-

vogado especialista em direito societário. In-tegrante de Neumann, Salusse, MarangoniAdvogados.

Felipe Hannickel Souza - advogado especi-alista em direito regulatório na área de saúdesuplementar. Integrante de Neumann, Salus-se, Marangoni Advogados.

(Notas)1 Inseridas, do ponto de vista societário, den-

tro de um cenário mais abrangente, tambémconhecido por reorganizações societárias.

2 O termo, ainda que tradicionalmente usado,é a forma menos freqüente.

Mesquita Barros AdvogadosNadia Demoliner LacerdaRenato Cabral Soares

Page 8: Caderno Advogados

www.diariodenoticias.com.brSão Paulo, 2008 - Edição 18 - Página8 DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Da redação

Durval de Noronha Goyos Jr., sócio sêniorde Noronha Advogados, árbitro da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da

Comissão Internacional de Arbitragem Comercialda China (CIETAC), lança amanhã (2 de outubro)na residência oficial do Embaixador do Brasil emLisboa, a 2ª edição do Guia de Investimento emPortugal, resultado de uma parceria entre NoronhaAdvogados e a Embaixada do Brasil em Lisboa como apoio do Banco do Brasil.

Escrito em linguagem simples, com foco noentendimento do empresariado brasileiro, a obraapresenta informações importantes sobre o merca-do português e seu sistema legislativo, tendo comoprincipal objetivo apresentar à comunidade empre-sarial internacional, em especial aos empresáriosbrasileiros, um resumo dos aspectos legais a consi-derar antes de darem início a um processo de inves-timento em Portugal, explica o árbitro da OMC.

Noronha destaca que Portugal significa para oBrasil não apenas uma porta aberta para a Europacomo também para África, em especial Angola,onde as oportunidades de investimento estrangeirosão bastante apelativas e com quem Portugal temacordos de cooperação em vários setores da econo-mia Este triângulo pode ser fundamental para oprocesso de internacionalização das empresas bra-sileiras e, paradoxalmente, para a sua afirmação naEuropa.

O guia desde sua primeira edição pretende serum documento inicial para auxiliar todas as entida-des privadas que tem como objetivo o investimentoem Portugal. Voltado para as empresas estrangeiraso guia não se preocupa em posicionamentos acadê-micos ou teóricos, abordando a prática da operação.

Segundo Durval Noronha Goyos “Portugal éhoje um país moderno, integrado na União Euro-peia, é pautado por princípios econômicos estrutu-rantes voltados para a liberdade de iniciativa priva-da a plena concorrência, liberdade de circulação decapitais, pessoas e bens. Portugal tem mantido ainflação sob controle e demonstra grande maturida-de econômica, principalmente no que concerne aestabilidade de preços e diminuição de taxas dejuros. As condições de financiamento em Portugalem termos históricos, também são consideradaspelos economistas como bastante favoráveis”.

Noronha Advogados lança a 2ª ediçãodo Guia de Investimento em Portugal

Na foto, estão(da esq. para dir.),Durval de NoronhaGoyos Jr., sóciosênior de NoronhaAdvogados, CelsoMarcos Vieira deSouza, embaixadordo Brasil em Lisboae o Basílio Horta,presidente do AICEP(Agência para oInvestimentoe Comércio Externode Portugal)

Marianne Mendes Webber foi co-autora do Guia de In-vestimento em Portugal (Editora Observador Legal).Atualmente é diretora do Departamento Societário deNoronha Advogados. Formada em Direito pela Faculda-de de Direito de Curitiba, também freqüentou o curso dePós Graduação em Direito Societário nesta mesma insti-tuição. É, ainda, especialista em Direito do Comércio In-ternacional e Arbitragem pela Faculdade de Direito daUniversidade de Lisboa, em Portugal. É membro da Or-dem dos Advogados do Brasil e da Ordem dos AdvogadosPortugueses, Conselho Distrital de Lisboa. Entre 2006 e2008 atuou como advogada na filial de Noronha Advoga-dos em Lisboa (Portugal). Colabora ativamente com aCâmara Portuguesa de Comércio no Brasil/São Paulo.

É notório que as condições geográficas e jurídicasque são muito atrativas ao investidor estrangeiro,sendo ponto de destaque uma extensa linha de costamarítima servida por importantes portos comerciais,importante rede de transportes que permite um fácilacesso aos restantes países europeus.

A legislação portuguesa, segundo Noronha, en-contra-se pautada por uma harmonização comunitáriaem constante evolução e por uma contínua simplifica-ção e desburocratização dos procedimentos legislati-vos e empresariais.

A distribuição do guia é gratuita e será feita inicial-mente em câmaras de comércio, entidades de classe e aoempresariado português. Em novembro, após ser lançadoem São Paulo, o guia estará disponível também paradownload no site www.noronhaadvogados.com.br. Quemtiver interesse em receber um exemplar, deve entrar emcontato com o escritório de Lisboa pelo [email protected].

Sobre Noronha Advogados:Primeiro da América Latina a ter uma filial na China

(2000) e único escritório global de advocacia originário de

Não há no código eleitoral nem na legislaçãoesparsa uma tipificação clara e direta sobre estetema. Para dimensionar com precisão e facilitar avida do eleitorado, o Poder Legislativo poderia, emseu papel, criar uma situação jurídica para a “propa-ganda eleitoral enganosa”, tal como o CDC repelee prevê para a publicidade enganosa. Contudo, seconsiderarmos que o ato de promessa em campanhaeleitoral é um ato volitivo, e que o político cumpreos requisitos do art. 104 e 107 do Código Civil,temos então celebrado um contrato perfeito. Ocidadão poderia cobrar junto ao Poder JudiciárioEleitoral a execução desta promessa, da mesmaforma que um contrato não cumprido, ou acionar oMinistério Público. Assim, em tese, o político jápoderia ser acionado sem uma inovação legislativa,seguindo a linha do contrato verbal inadimplido.

INADIMPLEMENTO DECONTRATO VERBAL

Promessascumpridas

Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente do Tribunal SuperiorEleitoral, ministro Ayres Britto defende que cidadão possa ir à Justiçacontra os candidatos que não cumpriram suas promessas de campanha.

“Há um movimento para que ela [cobrança de promessa não cumprida] passea se fazer também no plano jurídico, uma espécie de extensão ao direito eleitoral

de um princípio do direito do consumidor: não pode haver propaganda enganosa”,afirmou. Segundo Britto, a princípio, ainda não há mecanismos legais

que permitam esse entendimento.Ayres Britto também ressaltou que o Supremo Tribunal Federal já definiu que

candidatos que respondem a processo na Justiça podem se eleger. “Espero que opróprio Legislativo produza algo de novo na matéria, exigindo dos candidatos

uma boa vida pregressa como condição de elegibilidade, com os critériosobjetivos constando de lei”, declarou. Diante de diversas opiniões deste

tema atual o CADERNO ADVOGADOS convidou especialistaspara posicionar sobre a seguinte questão:

“O Poder Legislativo teria mecanismos legaisque poderiam coibir ou punir a prática

da promessa de campanha eleitoralnão cumprida?”

É muito comum, em época de eleições, os políticos candidatos fazerem promessas aos eleitores,oferecendo benefícios de difícil ou impossível realização.

Essa questão é bastante complexa, pois implica situações de possibilidades, após a eleição daquele queprometeu.

Entendo, também, que o eleitor, que representa uma parcela da coletividade, destinatária das promessaseleitorais, pode defender a comunidade contra esses inadimplementos lesivos do interesse do cidadão.

Não deixa de existir um induzimento doloso do eleitor, pelo político, quando ele faz promessas eleitoraissabendo da impossibilidade de cumpri-las.

Nesse caso, deve existir uma responsabilização do político, ante esse dano causado à coletividade, noâmbito municipal, estadual ou federal. A condenação deve refletir-se principalmente na área política,retirando desse mau político a possibilidade de candidatar-se em eleições futuras, em determinado tempo.

Por isso, regulamentando essa atuação dos candidatos, é preciso que o Poder Legislativo limite essaliberdade política de prometer coisas impossíveis aos eleitores, criando um sistema próprio de penalidades.

Prof. Álvaro Villaça Azevedo é professor titular Aposentado de Direito Civil da Faculdade de Direito da USP eDiretor da Faculdade de Direito FAAP; advogado, Parecerista e Consultor Jurídico

LIMITAÇÃO DA LIBERDADE POLÍTICA

O eleitor está sempreem desigualdadecom o político,po is poucossão os referen-ciais para esco-lher seu candi-dato. Interes-ses pessoais ,vantagens ob-jetivas e neces-sidades pragmáticas falam mais forte quando se tratade uma decisão eleitoral, deixando em segundo planoas propostas e diretrizes governamentais. Sem culparos “marketeiros” eleitorais, as campanhas por si só,não tem a função de esclarecer, mas sim, convencer,através de inúmeras promessas, as quais nem semprepossíveis nos cargos pleiteados e outras de conteúdofolclórico.

Não podemos pensar em punir ou coibir campa-nhas eleitorais, isto seria um retrocesso a liberdade,mas sim preparar candidatos e eleitores a passar peloprocesso eleitoral conscientes dos seus deveres e obri-gações. Assim sendo, iniciativas de Organizações NãoGovernamentais como, por exemplo, a realizada peloMovimento Nossa São Paulo e divulgada pela rádioCBN tem como finalidade a fiscalização da atuaçãodos candidatos eleitos, perseguindo as promessas re-alizadas no curso da campanha e não cumpridas.

Desta forma, não é uma questão de maior ou menorpoder de punição ou coibição, mas sim de consciênciados eleitores. Face ao acima exposto concluímos paraque a democracia seja plenamente exercida seria im-prescindível que candidatos e eleitores procurasseminteirar-se melhor sobre as limitações do exercíciodos primeiros e o infinito poder dos segundos.

Prof. Odílio Prado Bacelar. Advogado militante naárea eleitoral, professor doutor de ciência política daUFMG e autor de inúmeros artigos acadêmicos publicadosnos EUA e Europa.

CONSCIENTIZAÇÃOANTES DE VOTAR

Ivan Betevello - advogado coordenadorgeral da Machado Advogados eresponsável pela área de direito tributário.

um país em desenvolvimento, Noronha Advogados, além dasede em São Paulo (SP), possui sucursais em Belo Horizon-te (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS),Recife (PB) e Rio de Janeiro (RJ) e mantém parcerias eminúmeros estados da federação. No exterior, está presentetambém na Argentina, Estados Unidos, Portugal e no ReinoUnido, além da China.