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EXPOSIÇÃO MODULAR ITINERANTE SOB A PERSPECTIVA DA OBRA “OS MISERÁVEIS” Cristiane Kobayashi Faleiros, 7248. Orientador: Prof. Dr. César Rocha Muniz

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Caderno de Projetos para banca intermediária - Cristiane Faleiros

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Page 1: Caderno de projetos

EXPOSIÇÃO MODULAR

ITINERANTE SOB A

PERSPECTIVA DA OBRA

“OS MISERÁVEIS”

Cristiane Kobayashi Faleiros,

7248.

Orientador: Prof. Dr. César Rocha

Muniz

Page 2: Caderno de projetos

Trabalho Final de Graduação /

Projeto Integrado II

Curso de Arquitetura e

Urbanismo

Centro Universitário

UniSEB

Ribeirão Preto, OUTUBRO de

2012

Page 3: Caderno de projetos

S U M Á R I O

1 Apresentação 01

2 Objeto 01

3 Tema 01

3.1 Processo de escolha 01

3.2 O tema 02

4 Contexto da investigação 03

4.1 Pesquisa documental 03

5 Quadro de referencias empíricas 14

6 Primeira etapa 23

7 Segunda etapa – evolução da ideia 26

8 Conceito 39

9 Desenho 39

10Problematização 42

11Projeto 43

12Bibliografia 51

Page 4: Caderno de projetos

1

1 APRESENTAÇÃO

Este é um trabalho final de graduação na área de arquitetura e urbanismo que tem como objetivo trabalhar

com um espaço destinado a exposições, projetando uma instalação flexível e itinerante podendo ser

considerada um elemento de intervenção em um espaço urbano. O objetivo deste trabalho é usufruir dessa

estrutura mutável e usá-la a favor de um projeto que possibilite interpretar, de forma contemporânea, a obra

literária “Os Miseráveis”, de Victor Hugo.

2 OBJETO

O objeto deste trabalho consiste em uma interpretação de uma obra literária no qual a proposta é fazer uma

intervenção urbana.

3 TEMA

3.1 O PROCESSO DE ESCOLHA

O ponto de partida do tema teve um aspecto pessoal muito forte de querer conhecer Paris, tornando este

trabalho um caminho. O primeiro contato aconteceu com o filme musical Moulin Rouge, com ele criei um grande

interesse em aprofundar o estudo sobre a Paris do século XIX em seus aspectos sociais, culturais e

artísticos determinando, assim, um recorte físico e espacial. Embora o filme mostrasse Paris de maneira

fantasiosa e romântica houve, por interesse pessoal, identificação e curiosidade com a os elementos da vida

parisiense retratados no filme, definindo o tema deste trabalho. A maior motivação, desde o inicio da escolha,

foi trabalhar com os aspectos históricos, arquitetônicos e o design do vestuário com o intuito de entender

toda a sua influência até os dias atuais. O objetivo inicial era criar um espetáculo a partir do filme, a fim de

destacar não somente a história do romance, mas o cenário e os figurinos de época. No entanto o musical

Moulin Rouge se limitava apenas ao período final do século XIX, mostrando apenas o estilo de vida boêmio e a

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2

atmosfera glamorosa do grande bordel. O filme também não possuía um roteiro acessível. Sendo assim, Moulin

Rouge tornou-se apenas um ponto de motivação inicial para o trabalho.

A fim de fazer um levantamento maior sobre esse recorte físico e espacial, deu-se inicio a uma vasta pesquisa

de obras literárias que visassem descrever de forma naturalista, o período, com o intuito de torna-lo um

documento.

A obra “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, mostra com veracidade a realidade que vai além da ficção, muito

embora, ainda numa perspectiva pessoal retratada pelo autor. Essa obra foi escolhida devido ao seu caráter

detalhista ao decorrer da estória, não deixando de ser uma grande contribuição para o estudo.

3.2 O TEMA

A cenografia foi o tema inicial desse trabalho, mas logo se encaminhou para um trabalho de direção de arte

por vontade pessoal de fazer uma pesquisa mais minuciosa de detalhes, querendo ser mais apontando para um

estilo tendenciosamente naturalista. O grande impasse ocorreu com a questão de que se seria viável

reconstruir o cenário parisiense. A partir dessa dificuldade optei por unir a narrativa de Victor Hugo com

uma interpretação pessoal, permitindo, até mesmo, mais liberdade para criar.

Na obra “Os Miseráveis”, nota - se que o fator da ambiência é muito relevante no contexto da estória. Os

ambientes em que acontecem as cenas são sempre cuidadosamente descritos pelo autor, que se preocupa em

descrever desde a materialidade até a funcionalidade dos objetos no ambiente e na vida dos personagens.

O fator social e moral são fortemente destacados no livro tornando-se razão principal na obra.

As artes e arquitetura, quase sempre, estarão ligadas ao modo de vida e como acontecem todo o desfecho da

estória, passando por guerras e revoluções que se tornaram marcos na sociedade refletindo na cultura até

os dias atuais. Os personagens talvez, nesta obra, representam de forma metafórica imposta por Victor Hugo

o desenho de uma sociedade que perdura até a nossa atualidade, mostrando-nos que muitos dos problemas de

caráter social são atemporais.

Page 6: Caderno de projetos

3

4 CONTEXTO DA INVESTIGAÇÃO

Os Miseráveis é uma obra que traz o pensamento político de Victor Hugo sob a Paris do século XIX. Envolve

grandes situações sociais de um povo a mercê de guerras, revoluções, processo de industrialização e a

pobreza. A questão urbanística da cidade está envolvida de maneira muito cuidadosa em meio a tantos

ocorridos. Nesse ponto, torna-se crucial entender neste trabalho, as condições sociais, arquitetônicas e

urbanísticas em que viviam os miseráveis. Para isso, a pesquisa está delimitada em um contexto temporal e

territorial, Paris do século XIX.

A primeira etapa tem em foco buscar e identificar obras iconográficas, que retratam esse período, está

estritamente ligada ao estudo de uma leitura gráfica através da apresentação de croquis, de modo a colher

detalhes e aspectos que contribuam na descoberta dos elementos principais de estudo. Com esse método, a

proposta é retirar a essência dos elementos descritos em um texto e traze-los de maneira tangível para a

realidade sob uma perspectiva individual.

4.1 Pesquisa documental de referencias teóricas

4.1.1 A habitação

A estória se inicia nos contando o espaço em que vive o personagem Charle Myriel, o bispo. No capítulo em

que está inserido (Hugo, 2007, p. 27) nos deparamos com a questão da habitação no século XIX e Victor Hugo

nos descreve muito bem como o Fator construtivo da cidade interferia diretamente aos aspectos econômicos,

de pós-revolução, em que a sociedade vivia.

O personagem mostra-nos que, mesmo sendo bispo, teve que experimentar da mesma sorte de qualquer um

recém – chegado a uma cidade pequena, Digne. Observa-se nesse ponto que o posto religioso não trazia

preferencias e/ou regalias naquela sociedade. Inclusive, em sua posição, a solidão lhe era imposta.

Sua vida e o ambiente em que vivia são minuciosamente descritos apontando-nos detalhes de mobiliário,

materialidade e a composição do espaço de acordo com a rotina deste.

Na descrição da ambiência, muitas vezes são apontados, problemas corriqueiros que eram enfrentados na

época, como por exemplo, a falta de planejamento e organização do sistema que afetava diretamente na

questão da higiene que levavam como consequência para a população epidemias e mortes. Cita-se até mesmo

uma parte da vida de Myriel, antes de ser bispo, que sofre com a morte de sua mulher que morreu devido a uma

doença pulmonar.

Page 7: Caderno de projetos

4

Segue uma parte do sermão descrito, no texto, pela personagem do bispo:

Caríssimos irmãos, meus bons amigos: na França há um milhão, trezentas e vinte mil casas de camponeses

que só têm duas aberturas, uma porta e uma janela; e, finalmente, trezentas e quarenta e seis cabanas,

cuja única abertura é a porta. E isso por causa do denominado imposto de portas e janelas! Coloquem

pobres famílias, velhas senhoras e criancinhas dentro dessas habitações, e verão as febres e as doenças!

(Hugo, 2007, p. 37)

Fazendo uma interpretação dessa passagem podemos ver claramente os

interesses políticos de época e a falta de interesse destes sob os povos

abastados. A proliferação de doenças e epidemias que matavam e ao final

de sua infestação unia a periferia ao centro de nobres e burgueses. O

problema apontado era um só, mas a raiz desse problema estava presa

na proscrição social. Com poucas condições de vida as doenças

encontravam espaço para tornarem-se epidemias.

As guerras, a Revolução e toda a reforma imposta de Paris são

referencias importantes, mas o grande cerne da estória gira em torno

da miséria e da eminência da burguesia, a diferença de poderes e

interesses sob as tristes criaturas sem nome, os miseráveis.

Grande parte das habitações, na França, era mal construída, com pouca

ou nenhuma iluminação, pois nem todas possuíam sequer velas, muito

menos lâmpadas. Para os pobres, a lareira era frequentemente a única

fonte de calor e luz (Coelho, 2008, p. 146).

Na imagem ao lado que chamarei de Leitura gráfica represento de

maneira bem particular uma forma pela qual visualizo e projeto essas

habitações, a partir das pesquisas obtidas no quadro teórico.

Leitura Gráfica 1-ILUSTRAÇÃO em forma de

croqui DE UMA PEQUENA HABITAÇÃO DE SIMPLES

RECURSOS CONSTRUTIVOS E CONDIÇÕES

PRECÁRIAS, LAREIRA AO FUNDO.

Page 8: Caderno de projetos

5

A Leitura Gráfica 2, também foi feita a partir de pesquisas teóricas que

traziam descrições características de como eram as habitações mais

simples da Paris do século XIX.

Casas geminadas de apenas duas aberturas (uma porta e uma janela)

que não permitiam entrada de luz, o que gerava insalubridade no

interior das habitações muitas vezes se os moradores se aglomeravam

em um único cômodo dividindo espaços.

Leitura Gráfica 2-CROQUI DE ESTUDO

PRELIMINAR DE UMA HABITAÇÃO NA FRANÇA

DO SÉCULO XIX. NOTA-SE HABITAÇÕES

GEMINADAS, COM PESSOAS DIVIDINDO O

MESMO ESPAÇO, POUCAS ABERTURAS

(PORTA E JANELA) E UMA CHAMINÉ

PROVAVELMENTE PROPORCIONANDO A ÚNICA

FONTE DE LUZ E CALOR.

Page 9: Caderno de projetos

6

O crescimento populacional implicou em parte no mal

planejamento urbano, já que a cidade crescia de maneira bem

irregular em plena insalubridade. As crises de epidemias foi o

grande motivo para que ocorresse a maior reforma em Paris.

Até a metade do século XIX Paris mantinha aspectos e estrutura

de uma cidade medieval, as ruas eram estreitas com traçado

irregular e sem estrutura de saneamento, até mesmo o centro

era composto por ruas e quarteirões insalubres como podemos

observar na Figura 1.

Em seguida representei de maneira bem esquemática a malha viária

de Paris medieval, com o intuito de facilitar a visualização da

hierarquia organizacional, Leitura gráfica 3.

Figura 1- Rede viária da Paris medieval.

(http://geopolicraticus.wordpress.com/2008/12/12/rati

onal-reconstruction-of-cities/ - acessado em

06/04/2012)

Leitura Gráfica 3-CROQUI DE ESTUDO E

REPRESENTAÇÃO DA MALHA VIÁRIA DA PARIS

MEDIEVAL.

Page 10: Caderno de projetos

7

No século XIX houve grande imigração no território europeu, mais

precisamente na França, devido ao impulso de industrialização que sofreu

o país, sob o Segundo Império (1852 – 1870) e sua intensificação na

Terceira República (1871 – 1940), (Coelho, 2008, p. 38). De acordo com

Coelho, nesse período a franceses começaram a receber imigrantes,

vindos de diversos países europeus, em seu território. Ao contrario do

que ocorreu com os demais países europeus, a taxa de natalidade na

França diminuía fator que futuramente afetou o desenvolvimento

industrial, justamente no período em que o país estava ávido por mão-de-

obra barata e desqualificada. O crescimento da população estrangeira no

país aconteceu de maneira muito rápida.

O aumento populacional causado pela Revolução Industrial implicou

grandes mudanças no desenho da cidade na época. Na primeira metade do

século XIX os problemas da cidade industrial eram muito numerosos, com

isso, surgem tentativas para tentar melhora-la com reformas setoriais.

Entre a realidade e o ideal a diferença parecia impossível de ser

preenchida (Benevolo, 2009).

Em um breve contexto histórico, a revolução de 1848 colocou em crise

os movimentos de esquerda e os regimes liberais da primeira metade do

século. Os movimentos de esquerda perderam a confiança nas reformas

setoriais criticando os socialistas do período. Os operários deveriam

conquistar poder e mudar a relação das produções e assim tornando

possível a mudança nos outros setores. As direitas que saíram

vitoriosas das lutas de 1848 deixam de lado a tese liberal da não

intervenção do Estado nos mecanismos setoriais. Assim a burguesia

vitoriosa conseguiu estabelecer um novo modelo de cidade. Em suma, esse

novo modelo sugere que a administração gere um espaço para comportar

redes de percurso tais como ruas e espaços públicos além de

instalações básicas e a propriedade administra os terrenos servidos

Figura 2-O primeiro gênero de

fabricação na cidade do século XIX: as

casas na linha da rua.

Figura 3-Segundo gênero de fabricação

na cidade do século XIX: pequena vila

isolada. (Benevolo, 2009, p. 575)

Page 11: Caderno de projetos

8

pela rede de percursos e instalações (Benevolo, 2009, p. 573 a 574). A definição entre o espaço público e o

privado também. As linhas de limite entre esses espaços já eram suficientes para ajudar no desenho urbano

da cidade. Temos duas situações, os edifícios construídos sobre frentes de ruas como na Figura 2 e os

afastados das frentes de ruas como, por exemplo, as vilas representada na figura 3.

A cidade de Paris teve que ser totalmente repensada. A primeira intervenção

foi pensar em um ideal urbano. O que mais tarde viraria as ruas corredores,

com belos passeios, mas monótonas, Leitura Gráfica 4.

Os bairros periféricos, seguindo o regulamento

de 1875, com a máxima vontade de desfrutar os

limites dos espaços, consequentemente causa uma

grande uniformidade na malha urbana. Contudo, é

notável a diferença dos primeiros modelos

apresentados, os quais possuíam apenas duas

aberturas.

Paris foi “embelezada” e melhor planejada em

função das reformas Haussmanianas, mas, por

outro lado, foi uma reforma que, em suma,

priorizou os interesses da burguesia já que com a

hierarquização urbanística e arquitetônica a

divisão de classes ficaria mais clara. Haussmann

foi nomeado por Napoleão III como prefeito do

departamento do Sena, ocupando seu cargo de

1853 a 1870. O intuito de Napoleão III ao indicar

Haussmann como prefeito de Paris era transformá-

la em uma cidade grandiosa, que pudesse mostrar

uma França que estava prosperando e que, ao mesmo tempo, estava se

industrializando mesmo tendo passado por inúmeras revoluções.

O objetivo da reforma era recriar o espaço urbano de maneira a oferecer condições de vida mais salutares à

população. Isso implicou em ruas mais largas, permitindo maior distancia entre uma edificação e outra

consequentemente uma melhor aeração dos espaços de moradia; áreas verdes destinadas ao uso coletivo;

instalações de água e esgoto (Figura 4 e Leitura Gráfica 5).

Leitura Gráfica 4-CROQUI

REPRESENTATIVO BASEADO NO

DESENHO DE LE CORBUSIER: A RUA -

CORREDOR.

Figura 4-Instalação da cidade

na metade do século XIX: a

secção de uma Rua de Paris

(1853).

Page 12: Caderno de projetos

9

Mas, embora tenha havido muita melhora, as mudanças da reforma contribuiu

diretamente para a exacerbação das divisões de classes distinguindo mais

ainda os miseráveis da burguesia.

Todo o processo de expansão, portanto, ocorreu no período do Segundo

Império cooperando com a desigualdade, pois se leva a entender que muita

gente ganhou dinheiro à custa da especulação decorrente da redivisão de

lotes.

Somente operários especializados e trabalhadores das novas indústrias

melhoraram seu padrão de vida, enquanto os artesãos viviam com frequentes

dificuldades.

O novo desenho da cidade apresentava grandes vias de circulação com

traçado mais racional, desenho estrategicamente pensado para evitar

rebeliões como as que ocorreram, por exemplo, em 1848. Haveria, portanto,

um maior controle sobre os revoltosos. A nova cidade não se desenvolveu

nos espaços vazios, as ruas

foram demolidas para abrirem

espaço para novas avenidas e

bulevares conforme mostra as

Figuras 5 e 6. A escala das

demolições era bastante

ambiciosa e Paris transmitia a

todos os seus habitantes uma

ideia de modernidade.

A malha urbana passou a

estruturar-se por grandes e

largas avenidas e bulevares,

traçados em linhas retas e

concêntricas assim como no

esquema representado na

Figura 7.

Leitura Gráfica 5-DESENHO

REPRESENTATIVO DA CONSTRUÇÃO

DO ESGOTO/ RELEITURA.

Figura 5 - Félix Thorigny, Percement Du Boulevard

Sébastopol; aspect das démolitions de la Barillerie,

1859. Musée Carnavalet, Paris.

Page 13: Caderno de projetos

10

Haussmann projetou parques e bulevares para criar uma ambiência

mais agradável e proporcionar momentos de lazer, passeios e um ar

mais agradável. Observamos bem o trabalho de Haussmann na Figura

8 em que os grandes bulevares se sobressaem nas grandes avenidas

arborizadas.

Figura 6-Mapa mostrando as principais ruas

abertas entre 1850 e 1870. (Frascina, 1998, p.

100)

Figura 7-A rede viária de Paris obedece a dois

princípios: os grandes bulevares radiais e os

eixos concêntricos. (Coelho, 2008, p. 147)

Figura 8-Foto aérea de Paris (http://o-mundo-do-

turismo.blogspot.com.br/2012/01/vista-aerea-de-

paris.html - acessado em 06/04/2012)

Page 14: Caderno de projetos

11

O quadro de Caillebotte ilustra claramente o novo traçado da cidade, figura 9.

Contudo, a reforma de Haussmann, em Paris, não implicou somente à

abertura de avenidas, bulevares,

parques e jardins. Uma legislação

regulando as construções privadas,

com normas restritas foi fundamental

na determinação da altura e estilo

das edificações, estabelecendo um

padrão representado na Figura 10

com interpretação pessoal indicada na

Leitura Gráfica 6.

Figura 9-Gustave Caillebotte, Rue de Paris:

Temps de pluie (Rua de Paris: dia chuvoso),

1877, óleo sobre tela, 212x276 cm. The Art

Institue of Chicago. Charles H. and mary F. S.

Worcester Collection 1964.336©1990 The

Art Institute of Chicago. Todos os direitos

reservados. (Exposto na Terceira mostra

impressionista,1877.) (Frascina, 1998, p. 159)

Figura 10-Imóvel típico parisiense

conforme os padrões arquitetônicos

estabelecidos por Haussmann:

estabelecimentos comerciais no térreo,

mansardas no sexto e claraboias no

sétimo para iluminar os quartos dos

empregados. (Coelho, 2008, p. 151)

Leitura Gráfica 6-ESTUDO EM PERSPECTIVA

DE UMA RUA NO ESTILO HAUSSMANIANA.

Page 15: Caderno de projetos

12

No período da reforma de paris ainda não havia tecnologia suficiente que permitisse o uso de elevadores nas

construções, isso impôs um limite na altura dos edifícios. O acesso a agua encanada também era difícil já que

não havia motores para o bombeamento, portanto, dependiam da lei da gravidade para garantir a distribuição

de agua.

As maiorias das edificações possuem de cinco a seis andares e segue o mesmo padrão. Na Figura 11 mostra uma

vista em corte para melhor visualizar a hierarquia interna da habitação.

Figura 11- A secção de um palácio parisiense em 1853, mostrando as condições dos inquilinos,

nos diversos andares: a família do porteiro no andar térreo; o casal de ricos burgueses que se

aborrecem no primeiro andar; a família burguesa média que vive um pouco mais apertada no

segundo andar; os pequenos burgueses no terceiro andar (um deles recebe a visita do

senhorio); os artistas e os velhos no sótão; e o gato, no telhado. (Benevolo, 2009, p. 597)

Page 16: Caderno de projetos

13

No andar térreo ficam os apartamentos de menor valor, lojas ou

até mesmo pequenos estabelecimentos comerciais em ruas e avenidas

de maior circulação. No primeiro andar situam-se apartamentos mais

modestos com pé direito relativamente baixo, sem balcões ou

sacadas e espremidos entre o térreo e o segundo andar que

abrigava os apartamentos mais nobres cujo pé direito era mais alto

e ornado possuíam balcões, portas e janelas mais trabalhados. A

partir do terceiro andar, as condições de vida já eram menos

confortáveis. O quinto andar, apenas por um a questão estética,

geralmente é ornado por pequenas sacadas de ferro fundido. O

espaço dos apartamentos do sexto andar era bem reduzido devido à

inclinação do telhado e ao fim, no sétimo andar pequenos quartos

de empregados iluminados apenas por uma claraboia, figura 12.

Figura 12-Um típico palácio parisiense construído

na época de Haussmann (de uma revista inglesa de

1858) (Benevolo, 2009, p. 596)

Page 17: Caderno de projetos

14

5 Quadro de referencias empíricas

Após um breve estudo arquitetônico e urbanístico da Paris do século XIX, nesta etapa comecei um estudo mais

próximo do mobiliário e dos objetos, para isso tive que usar do método empírico. Visitei museus e assisti ao filme

os miseráveis (1998-Bille August), os duelistas (1977-Ridley Scott) e meia noite em paris (2011-Woody Allen),

usando mais o recurso iconográfico. Nas figuras 13,14 e 15 apresento, respectivamente, algumas cenas dos

filmes.

Observando os elementos que compunham a ambiência desses filmes como, por exemplo, arquitetura, mobiliário e

vestuário foi de extrema necessidade buscar o contato real com estes elementos da época. Para isso, fiz uma

visita ocasional no Museu da Dona Beja, Minas Gerais, onde pude localizar alguns objetos que foram presentes

na época e que, por suas características, provavelmente tiveram influencia francesa.

O primeiro museu que tive contato foi com o Museu de Dona beja situado na cidade de Araxá, Minas Gerais. Nele

pude estar em contato mais com a parte de mobiliário já que os objetos nele expostos pertenciam a própria Ana

Jacinta de São José (Dona Beja). As figuras 16 e 17 mostram uma das formas de iluminaçao utilizada no período

em estudo.

Figura 13- Cena de os miseráveis. Figura 14-Cena de Os duelistas Figura 15-Cena de meia noite em paris

Page 18: Caderno de projetos

15

Na Figura 19 temos um exemplo de balança de precisão usada para usada para pesar

diamante e ouro em pó.

Figura 16- Castiçais, objeto de iluminação do

século XIX.

Figura 17-Outro modelo de castiçal usado no

século XIX.

Figura 19-Balança de

precisão.

Page 19: Caderno de projetos

16

A Figura 20 mostra um tipo de mobiliário datado da época. Na Leitura Gráfica 7 representei alguns outros

modelos de cadeiras provavelmente uzadosno século XIX.

Outra experiência empírica aconteceu no Museu do Ipiranga, São Paulo, em que tive um contato direto com

elementos de influencia francesa que não se restringiu somente à mobiliários, mas outros elementos de escala

urbana, como por exemplo automóveis, importados de Paris e França. Não houve a possibilidade de usar o recurso

fotográfico, sendo o croqui um método de documentação utilizado e por final, de maneira particular, foi mais rico,

pois ao reproduzir o objeto em forma de desenho me atentei mais em alguns detalhes.

Figura 20- Móveis de possível influencia francesa,

observa-se na cadeira o braço em volutas.

Leitura Gráfica 7-Estudo de alguns outros possíveis

modelos de mobiliário.

Page 20: Caderno de projetos

17

A Leitura Gráfica 8 mostra alguns elementos pertencentes da Catedral da Sé.

Embora a catedral seja inspirada no estilo neo-gótico, deve-se lembrar de que

neo é o que vem depois, no caso

o neogótico faz um revival ao

estilo gótico que teve seu

desenvolvimento no período da

Idade Média, sendo pioneiro na

arquitetura de catedrais na

França em meados do século XII.

Considerei também o vestuário

de Dom João VI, representado em

forma de croqui na Leitura

Gráfica 16, talvez se torne uma

referencia de estilo devido as

relações que ocorreram entre

França e Portugal durante a sua

regência. Momento em que

Portugal sentia os reflexos da Revolução Francesa. Surgindo mais trade uma

aliança entre Portugal e Inglaterra para combate aos franceses.

as Leituras Gráficas 10 e 11 temos dois modelos automotivos, um de Londres e outro de Paris. Ambos foram

fabricados para usos diferentes, mas possuem grande semelhança estética

e de materialidade.

Leitura Gráfica 8-ESTUDO DE ALGUNS ELEMENTOS DA

CATEDRAL DA SÉ.

Leitura Gráfica 9- CROQUI DO

VESTUÁRIO DE D. JOÃO VI.

Page 21: Caderno de projetos

18

A Leitura Gráfica 12 é uma parte do vestuário feminino provavelmente do tipo

chemise já do final do século.

Leitura Gráfica 10-CARRO DE BOMBEIRO PERTENCENTE

DO FINAL DO SÉCULO XIX, IMPORTADO DE LONDRES.

Leitura Gráfica 11-CARRO DO SERVIÇO SANITÁRIO,

IMPORTADO DE PARIS.

Leitura Gráfica 12- PEÇA DO VESTUÁRIO

FEMININO USADO NO PERÍODO DE 1895 -

1906.

Page 22: Caderno de projetos

19

O estilo de sofá com braços em volutas como mostra a Leitura Gráfica 13 e de mesa, Leitura Gráfica 14 são

pertencentes ao período. Esse estilo com volutas acaba por fazer referencia a leitura gráfica 7.

A cômoda, leitura gráfica 15 também possui ornamentos em volutas e refere ao período, embora tenha sido uma

peça utilizada no Brasil, tem o espelho com acabamento bisote importado de Paris.

Leitura Gráfica 13-ESTILO DE SOFÁ DO INICIO DO

SÉCULO XIX.

Leitura Gráfica 14-MESA DO

SÉCULO XIX.

Leitura Gráfica 15-CÔMODA

LAVATÓRIO DO FINAL DO SÉCULO

XIX FEITO EM NOGUEIRA COM

ESPELHO CRISTAL BELGA,

IMPORTADO DE PARIS.

Page 23: Caderno de projetos

20

As Leituras Gráficas 16, 17 e 18 estão representando algumas peças pertencentes a louças utilizadas por

nobres franceses no período referente ao século XIX.

Leitura Gráfica 16-BULE, AÇUCAREIRO, XÍCARA E

BANDEJA NO ESTILO FRANCÊS.

Leitura Gráfica 17-SERVIÇO DE JANTAR

E CHÁ EM PORCELANA FRANCESA. Leitura Gráfica 18-

MOLHEIRA E PRATO EM

PORCELANA FRANCESA.

Page 24: Caderno de projetos

21

Para fazer uma pesquisa breve sobre vestuário utilizei referencias iconográficas, Figura 21 e 22, e a partir de uma

interpretação e criei alguns modelos, leitura gráfica 18 e 19.

Figura 21-

Vestuário

padrão

masculino,

década de

1820.

Leitura Gráfica

18- Releitura

do vestuário

masculino.

Figura 22-Vestido e xale

de musselina, 1800 -

1811.

Leitura Gráfica 19-

Releitura do vestuário

feminino.

Page 25: Caderno de projetos

22

No capítulo “Paris estudava em seus átomos” Victor Hugo chega a descrever o pequeno míserável atribuindo-le

algumas características do vestuário:

Esse pequeno ser é alegre. Não come todo dia, mas, se bom lhe parecer vai ao espetáculo todas as

noites Não tem uma camisa no corpo, não tem calçado nos pés, nem um teto sobre a cabeça; ele é como as

moscas do céu que não tem nada de tudo aquilo. Tem entre sete e treze anos, vive em bandos; vagueia pelas

ruas; dorme ao relento; usa umas calças velhas que eram de seu pai; tão compridas que passam dos

calcanhares, usa um velho chapéu, de algum outro pai, que vai abaixo das orelhas, um único suspensório de

tiras amarelas (...) (Hugo, 2007, p.557).

Com a interpretação dessa citação criei um figurino inspirado no menino miserável, leitura

gráfica 20.

Leitura Gráfica 20-Figurino criado a

partir da citação de Victor Hugo.

Page 26: Caderno de projetos

23

6 Primeiros estudos

A priori o objetivo desse era ser o mais naturalista possivel na criaçao de um cenário que pudesse levar

como, por exemplo, a arquitetura francesa para qualquer lugar. Contudo, chegamos a conclusao de que ser

naturalista não era a melhor opçao pois não se tornaria viável se utilizar de uma réplica da atmosféra

parisiense sendo que Paris “já existe”. Entao surgiu a questao de porque não compor uma peça, ou uma

telenovela na própria paris. Lembro que criar uma peça e ou um espetáculo televisivo foi a primeira ideia deste

trabalho, onde tudo começou e deu sequencia a evoluçao do resultado final, o qual nesse periodo de

amadurecimento da ideia houveram muitas mudanças e divergencias.

Neste campo vou mostrar apenas os primeiro estudos os quais vou chamar de método 1. Nele me basiei no capítulo

“A Queda”. Foi uma escolha aleatória somente para teste.

Abaixo segue um trecho do capítulo:

Nos primeiros dias do mês de outubro de 1815, quase uma hora antes do por-do-sol, um homem que viajava a pé

entrou na pequena cidade de Digne.

Os raros moradores que, àquela hora, achavam-se à janela ou à porta de suas casas olhavam-no com uma

espécie de preocupaçao. Era dificil encontar alguém com aspécto mais miserável. Era um homaem ainda no vigor

da idade, robusto encorpado, de estrutura mediana (...)

Aquele homem deve ter caminhado o dia inteiro. Parecia muito cansado. Algumas mulheres do antigo bairro,

situado na parte baixa da cidade viram-no parar sob as árvores do boulevar Gassendi e beber no chafariz que

fica na extremidade da rua. Devia estar com muita sede, pois as crianças que iam atrás dele viram quando parou

e tornou a parar e beber, uns duzentos passos adiante, no chafariz da praça do mercado.

Chegando à esquina da rua Poichevert, virou à esquerda e dirigiu-se a prefeitura, onde entrou (...)

(Hugo, 2007, p.80).

Num método totalmente intuitivo e imagético tentei desenhar o que Victor Hugo descrevia nesse trecho da estória.

O trabalho é realizado em escalas, como descreve-se a seguir:

Tomando como ponto de partida as referencias do quadro teórico, foi escolhida, no mapa que representava a

malha viária da cidade de Paris medieval, uma área qualquer (Ver Figura 1). Obtendo a imagem como base de fundo,

foi utilizado os recursos do programa de modelagem SketchUp. As “manchas” foram localizadas na imagem,

contornadas de forma a criar volumes hipotéticos (Figura 23).

Page 27: Caderno de projetos

24

A escolha da área para criar o conjunto de volumes

foi de forma aleatória já que não havia uma referencia

exata de lugar.

Algumas vistas foram capturadas como se

fossem representar as tomadas de filmagem

assim como representa a Leitura Gráfica 11.

Figura 23-Maquete eletrônica com volume das edificações.

TOMADA 1

Leitura Gráfica 21-REPRESENTAÇÃO DAS TOMADAS E O MAPA AO FUNDO

CRIANDO O DESENHO DE UMA PARTE DE ONDE IRÁ OCORRER A CENA.-

Page 28: Caderno de projetos

25

Primeiro ocorreu um estudo dos planos e o desenho em perspectiva

que esses planos criavam, assim como está representado na Leitura

Gráfica 22.

Em cima das perspectivas criei traços baseados na pesquisa teórica

de como seria a arquitetura da época em questão. Foi como “moldar”

um desenho simples de perspectiva dando – lhe características,

leitura gráfica 23.

Leitura Gráfica 22-PERSPECTIVA FORMADA PELA

VISTA DA TOMADA 1.

Leitura Gráfica 23-A PERSPECTIVA DEIXA DE SER

SIMPLES E COMEÇA A GANHAR TRAÇO MAIS

DEFINIDO E CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS DE UM

ESTILO, MOSTRANDO A ARQUITETURA EM UM

CENÁRIO.

Page 29: Caderno de projetos

26

O cenário foi sendo construído de maneira iconográfica com camadas

constituídas de perspectiva, traço e cor, criando uma identidade

para o trabalho, leitura gráfica 24.

7 Segunda etapa – Evolução da ideia

Após a primeira avaliaçao deste trabalho, a perspectiva pela qual eu criava sob este trabalho mudou bastante.

Levando a questao, já citada anteriormente, de que talvez optar em ser naturalista não fosse o melhor caminho,

comecei, entao, a pensar em um espaço que eu pudesse colocar a estória de victor hugo, dentro.

No começo a ideia era muito abstrata e comecei a trabalhar com planos. Comecei a buscar referencias e adotei o

conceito do estilo neoclássico, tomando como base a casa Schröder, Gerrit Rietveld (1888-1964). A primeira ideia

saiu bem como representa a leitura gráfica 25. Algo que tivesse uma mistura do neoplástico com a liberdade da

arte contemporânea.

Leitura Gráfica 24-O DESENHO GANHA UMA CAMADA

JÁ COM UM ESTUDO DE COR APROXIMANDO MAIS A

REALIDADE DO CENÁRIO A SER CONSTRUÍDO.

Page 30: Caderno de projetos

27

Abaixo a Leitura Gráfica está mostrando como eu estava planejando que

este espaço iria acontecer.

Leitura Gráfica 25-Croqui do primeiro estudo

de um espaço composto por planos.

Leitura Gráfica 26-Esquema com a organização dos

espaços.

Page 31: Caderno de projetos

28

A partir daqui resolvi escolher definitivamente um capitulo pelo qual iria trabalhar. Escolhi “Paris estudava em

seus átomos” um capitulo que fala do verdadeiro cerne que Paris carregava naquele momento, explicando os

papeis do moleque e do basbaque na sociedade. Paris é vista como um grande espaço obscuro onde o pequeno

miserável não tem um lugar só, ele é a base da Paris. Victor Hugo faz uma metáfora muito bem colocada entre o

menino e o pássaro, Paris e a floresta. Segue abaixo a citação introdutória do capítulo:

Paris tem um menino e a floresta tem um pássaro. O pássaro chama-se pardal; o menino chama-se moleque (...)

(Hugo, 2007, p.557).

Entendo nessa passagem do texto que assim como a floresta necessita do pássaro para lhe semear, Paris

necessita do menino para que exista o basbaque (burguês). Acho que fica mais evidente na citação:

O moleque de Paris é o anão da gigante (...) (Hugo, 2007, p.557).

Seguindo a mesma linha de raciocínio, interpretei alguns trechos do capítulo e tentei buscar uma liberdade de

criação usando alguns conceitos de arte contemporânea. A arte contemporânea é questionadora assim como a

própria estória de Victor Hugo.

Procurar secretos pelas pedras é um divertimento do tipo

arriscado. Outro divertimento é levantar bruscamente uma pedra e

ver os cloportes-bichos-de-conta. Cada região de Paris é célebre

pelos interessantes achados que nela podem ser feitos (...) (Hugo,

2007, p.552).

Um corredor com painéis dispostos com

imagens de Paris medieval e algumas

partes do filme Os Miseráveis. Induz ao

indivíduo andar por um caminho e buscar

sinais que lhe assemelha alguma coisa.

Page 32: Caderno de projetos

29

Imagem 1-Simulaçao

Vários televisores instalados em sequencia

formando um único painel que passa

imagens aleatórias de Paris medieval e o

filme, o conceito se manteve, mas a forma

mudou desde o croqui inicial.

Page 33: Caderno de projetos

30

Quem como nós, já vagou por esses locais ermos, contíguos aos nossos bairros afastados, aos quais

poderíamos chamar de limbos de Paris, entreviu neles, aqui e ali, no lugar mais abandonado, no momento mais

inesperado, por trás de alguma sebe seca ou no canto de um muro lúgubre, um bando de crianças reunidas em

tumulto fétidas, enlameadas, cobertas de pó, esfarrapadas, despenteadas, brincando coroadas de flores. São

todos fugitivos de famílias pobres. A rua é seu meio respirável, a periferia pertence a eles. (...) (Hugo, 2007,

p.552).

A ideia principal aqui é usar luzes

redondas para iluminar o individuo

fazendo-o ser o centro do átomo e

um espelho que multiplicará sua

imagem.

Page 34: Caderno de projetos

31

Imagem 2-Simulaçao

Logo que o individuo entra no espaço, se

depara com a Imagem da Liberdade guiando

o povo. Motivo da escolha: Embora não se

trate de um quadro sobre a Revolução

francesa, mas sobre a Revolução liberal

de 1830 traduz muito bem o espírito

revolucionário francês.

Espelhos em formas

circulares para

simular os átomos

As luminárias em formas

circulares também

remetem ao átomo e aos

cosmos, ficam em

balanço e podem ser

tocadas pelos

indivíduos.

Page 35: Caderno de projetos

32

Paris é sinônimo de Cosmos. Paris é Atenas, Roma, Síbaris, Jerusalém, Pantin; Todas as civilizações, e também

todas as barbáries encontram-se aí. Paris ficaria bastante aborrecida por não ter uma guilhotina.

Aqui inseri um novo elemento que simula uma guilhotina bem na entrada da sala o intuito é chamar atenção do

individuo e faze-lo entrar na sala sem saber o que vai encontrar. Esse elemento Também faz grande referencia a

imagem da liberdade guiando o povo.

Guilhotina

Page 36: Caderno de projetos

33

Paris começa no basbaque e termina no moleque, duas criaturas que nenhuma outra cidade é capaz de ter; a

aceitação passiva que se contenta em olhar, e iniciativa inesgotável (...)

Só Paris tem algo assim em sua história natural. Toda a monarquia está no basbaque. Toda a anarquia está no

moleque. (...)

Aqui a ideia é um suporte com os

desenhos do moleque e do

basbaque

Page 37: Caderno de projetos

34

Imagem 3-Simulaçao

Um suporte metálico com vidro, como se

fosse uma vitrine em que está exposto o

perfil do moleque e do basbaque e no meio

um espelho o qual o individuo se vê e se

identifica fazendo uma reflexão de sua

imagem.

Page 38: Caderno de projetos

35

Perambular pensando, ou seja, flanar é um bom emprego de tempo para o filósofo; particularmente nessa

espécie de campo um tanto espúrio, bastante feio, mas curioso e composto de duas naturezas que se estende em

torno de algumas grandes cidades, especialmente de Paris. Observar os arrabaldes é observar um anfíbio. Fim

das árvores, começo dos telhados, fim da relva começo do calçamento, fim dos sulcos do arado, começo das

lojas, fim da rotina, começo das paixões, fim do murmúrio divino, começo do rumor humano; daí um interesse

extraordinário.

Vem daí, desses lugares pouco atraentes, e marcados para sempre pelos passantes com o epíteto de tristes, os

passeios aparentemente sem objetivo do pensador (...) (Hugo, 2007, p.555).

Aqui a ideia é criar um ambiente frio,

triste e sufocante. Despertar as

sensações do individuo que circula

em meio a planos altos que não lhe

dá tanta liberdade em visualizar a

paisagem externa. Dai a ideia dos

caminhos monótonos. Ao lado de fora

essa torre tem uma grande estampa

de torre medieval. A ambiência da

torre é feita por duas grandes

estampas, o dentro e os fora,

separados por um elemento

semicircular.

Page 39: Caderno de projetos

36

Imagem 4- Simulaçao

Estampa das janelas iguais

para simular os caminhos

tristes e rotineiros

Page 40: Caderno de projetos

37

Arcos em

referencia a

arquitetura

medieval

Imagem 5-Simulaçao

Page 41: Caderno de projetos

38

Imagem 6-Simulaçao

O mesmo plano

estampa o dento

e o fora da

torre. O dentro

é envolto por um

elemento

semicircular.

Page 42: Caderno de projetos

39

8 Conceito

O projeto consiste em várias placas de madeira que se encaixam e compõem um espaço modular. Dessa forma a

estrutura possibilita que a exposição que ele carrega seja itinerante. Para testar essa estrutura, uma exposição

baseada em Os Miseráveis torna-se um projeto piloto, mesmo porque trabalhar com a estória de Victor Hugo foi a

essência deste trabalho desde o inicio.

9 O desenho

A primeira ideia do uso de planos deu origem a um desenho que

fazia referencia ao estilo neoplástico, mas percebi que as cores

neoplásticas não conversavam muito bem com a atmosfera sóbria que

Victor Hugo passa no texto, e também seria difícil fazer outros

arranjos com a estrutura se ela

sempre tivesse uma estética em

questão de cores tão marcante,

que não pudesse ser alterada,

por isso resolvi trabalhar

usando cores neutras e adotei a

madeira como materialidade.

O conceito de arte

contemporânea ajudou a

alcançar bastante liberdade na

composição, e ganhou uma

expressão gráfica bem intuitiva

assim como mostra a imagem 7.

Particularmente ficou uma

composição bem lúdica que tinha

Imagem 7-simulaçao do primeiro desenho

Imagem 8-Croqui de estudo

Page 43: Caderno de projetos

40

grandes problemas em ser racionalizado como, por exemplo, a

maneira de como iriam ser equilibrados esses planos, a questão da

estrutura e a conexão entre os elementos.

No croqui da imagem 8 tem um breve estudo em que comecei a

pensar nessas placas como sendo auto estruturais. Mas com a

maquete de estudo comprovei que não haveria possibilidade, já que

não teria sustentação e alguns planos iriam flambar e outros

fletir, Imagem9. A imagem 10 mostra o tipo de encaixe usado na

maquete.

A partir da maquete percebi que o projeto iria necessitar de algum

tipo de conector entre os planos.

Então comecei a fazer croquis de estudo baseados em modulação,

imagem11.

Imagem 9- maquete simples de estudo

Imagem 11-com uma malha distribui de maneira

bem racional os planos que seriam presos por

uma cinta metálica.

Descartamos a

necessidade de

dois planos

juntos.

Imagem 10-desenho do encaixe

Page 44: Caderno de projetos

41

Mas a opção da imagem 11 seria muito limitadora em questão de criar espaços e não seria também a escolha mais

econômica.

A segunda opção foi usar pequenas peças como conectoras, mas teria problemas de segurança e resultaria em uma

variedade de peças muito grande.

Imagem 11- Conectores, chapas metálicas

reta e em cantoneira.

Page 45: Caderno de projetos

42

10 Problematização

O problema da conexão ainda não está resolvido. Contudo, já temos algumas soluções que estão em fase de

avaliação. As opções estão representadas na imagem 12.

Imagem 12- Estudo das possíveis conexões entre os planos de

madeira.

Page 46: Caderno de projetos

43

11 Projeto

O projeto é uma estrutura modular que tem por objetivo ser flexível e itinerante. São placas de madeira

laminada compensada, sendo as de piso revestidas por uma capa metálica ante derrapante.

Para esse arranjo pensou-se em montar dois andares. A estética do trabalho consiste em criar formas bastante

regulares a partir da modulação, ou seja, a estrutura deve se moldar ao que nela for abrigado.

A instalação por ser flexível, pode ser instalada em vários lugares do meio urbano (Imagem 14 e 15), contudo,

para este projeto piloto para obter uma melhor noção de escala do objeto na cidade foi escolhida a área central

do município de ribeirão preto, a praça XV. (imagem 13)

Imagem 13-Projeto inserido no meio urbano.

Page 47: Caderno de projetos

44

Imagem 14-Estrutura montada em forma de placo para um

possível evento.

Imagem 15-Estrutura montada em forma de ponte cortando uma rua.

Page 48: Caderno de projetos

45

Painel de interação: aqui é um espaço destinado para o

individuo interagir com a exposição. A proposta é vender

pequenos recipientes com tinta vermelha para simbolizar o

sofrimento, a guerra e a Revolução. O painel permite a seja

deixada a marca de cada pessoa que visita a exposição.

Caixotes onde

serão

armazenados os

recipientes de

tinta

Page 49: Caderno de projetos

46

A ideia deste espaço é criar um ambiente que

faz referencia ao período medieval (ver Leitura

Gráfica) brincando com a elementos em 2d

(película com estampa do desenho) e 3d (uma

cadeira real replica de algum modelo

pesquisado no quadro teórico).

Page 50: Caderno de projetos

47

A bandeira francesa posta a frente do painel

interativo que simula manchas de sangue deve

ter um valor de expressão gráfica bem

significativo e passar a mensagem da

importância de lutar pelos seus ideais.

Page 51: Caderno de projetos

48

A ponte metálica tem o intuito de levar o

individuo que passeia pela exposição, ter

outra perspectiva e a possibilidade de

criar novas vistas. Nela ele pode assistir

os painéis que passam imagens de paris

medieval e ou trechos do filme os

miseráveis em uma perspectiva diferente.

Também pode contemplar de cima o grande

mapa exposto ao centro da exposição.

Elevador hidráulico

Page 52: Caderno de projetos

49

O grande mapa da Paris medieval está situado bem

ao centro da instalação pois representa o coração,

a essência da composição do trabalho e a exposição

ocorre em volta desse elemento central para fazer

referencia a estrutura de uma paris murada e

medieval. A disposição da instalação permite que se

de a volta na exposição.

Page 53: Caderno de projetos

50

Mapa

Elevador hidráulico

Passarela

Espelho do contentamento

Torre medieval

Sala dos Átomos

Corredor das descobertas

Page 54: Caderno de projetos

51

12 Bibliografia

Benevolo, L. (2009). História da cidade. São Paulo: Perspectiva.

Coelho, R. C. (2008). Os franceses. São Paulo: Contexto.

Frascina, F. (1998). Modernidade e Modernismo. São Paulo: Cosac & Naify.

Hugo, V. (2007). Os Miseráveis. São Paulo: Martin Claret.

Perrot, M. (1991). Figuras e papéis. In: M. Perrot, História da vida privada (p. 3). São Paulo: Companhia das

Letras.

Mackenzie, M. (2011). Ismos. Para entender a moda. São Paulo: Globo.