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ISBN: 978-85-64593-65-7 1ª Semana Nacional de História Leituras e Releituras de 1968 VIII Encontro Regional da ANPUH/DF Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe Caderno de Resumos Brasília, 18 a 20 de setembro de 2018 DHIS – Departamento de História PPGHIS – Programa de Pós- Graduação em História 1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ISBN: 978-85-64593-65-7

1ª Semana Nacional de HistóriaLeituras e Releituras de 1968

VIII Encontro Regional da ANPUH/DFUma Escola Democrática: Gênero,

Raça e Classe

Caderno deResumos

Brasília, 18 a 20 de setembro de 2018

DHIS –Departamento

de História

PPGHIS –Programa de Pós-

Graduação emHistória

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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Organização

Coordenação Geral do Evento

Dra. Eloísa Pereira Barroso (PPGHIS/PPGDH – UnB)

Dr. Mateus Gamba Torres (Departamento de História)

Comissão Organizadora

Dr. André Cabral Honor (PPGHIS/PPGDH – UnB)

Dr. Bruno Leal Pastor de Carvalho (Departamento de História/UnB)

Dra. Eloísa Pereira Barroso (PPGHIS/PPGDH – UnB)

Dr. Henrique Mondanez Santana- ( PPGHIS/UnB)

Dr. Jonas Wilson Pegoraro-( PPGHIS/UnB)

Dra. Ione de Fátima Oliveira- (Departamento de História- ANPUH- DF)

Dr. Luiz César de Sá Junior- ( PPGHIS/UnB)

Dr. Mateus Gamba Torres (Departamento de História)

Dra. Neuma Brilhante (Departamento de História)

Graduando Vinícius Prado (CAHIS – UnB)

Graduando Wanderson William Alves Silva

Comitê Científico

Dr. André Cabral Honor (PPGHIS/PPGDH – UnB)

Dr. Bruno Leal Pastor de Carvalho (Departamento de História/UnB)

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Dra. Chiara Pazzoto (Universidade de Gênova)

Dra. Eloísa Pereira Barroso- (PPGHIS/CET/ HIS – UnB)

Dr. Henrique Mondanez Santana- ( PPGHIS/UnB)

Dr. Jonas Wilson Pegoraro-( PPGHIS/UnB)

Dr. José Walter Nunes (PPGHIS/NECOIM – UnB)

Dr. Luís Antônia Pasqueti (Diretor da FUP/UnB)

Dr. Luiz César de Sá Junior- ( PPGHIS/UnB)

Dra. Rosângela Patriota (UFU)

Dr. Mateus Gamba Torres- (Departamento de História/UnB)

Dr. Neuma Rodrigues Brilhante- (Departamento de História/UnB)

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ST/01 – Dimensões políticas no Brasil republicano

Proponentes: Professoras Doutoras Ione Oliveira e Léa CarrerIamashita (UnB)

Local nos dias 19 e 20: Sala de Reuniões do HIS (ICC Norte-módulo25)

Este Simpósio Temático objetiva promover a troca deexperiências e o debate entre alunos, professores e pesquisadoresque tenham como referência reflexões e pesquisas, realizadas ou emrealização, sobre as dimensões políticas no Brasil Republicano, dofinal do século XIX aos dias atuais. Conforme Pierre Rosanvallon, opolítico não é uma ‘instância’ ou um ‘domínio’ entre outros darealidade: ele é o local onde se “articulam o social e suarepresentação, a matriz simbólica na qual a experiência coletiva seenraíza e se reflete ao mesmo tempo” (ROSANVALLON, 1996, p. 30).Nesta perspectiva, os estudos da historiografia e as pesquisasdocumentais sobre o período republicano oferecem caminhos parapensar e reinterpretar o passado brasileiro, possibilitando vislumbraralternativas para a criação de novas realidades sociais. O simpósioespera contribuir com a construção do conhecimento histórico noscampos da história política do Brasil republicano e pretende abarcaros múltiplos objetos e abordagens do exercício da política, tais comoa participação na vida política, as representações coletivas, aspráticas políticas da sociedade brasileira, os projetos políticos, osprocessos eleitorais, os liberalismos, os autoritarismos, as percepçõesde cidadania, os modelos de democracia, as noções de representação,as disputas de memórias, as formulações de identidades, entreoutros.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

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Utopias autoritárias para a salvação da nação: os projetos das LigasBrasileira e Paulista de Hygiene Mental (1923-1930)

Autor: Gustavo Igor Lopes de Jesus (UnB)

Resumo: Esta pesquisa objetivou identificar as representações demodernidade e eugenia, bem como os traços de autoritarismo, nos discursos enas formas de ação das Ligas Brasileira e Paulista de Higiene Mental durantea década de 1920. Partiu-se da hipótese de que ambas as ligas, baseadas emum discurso eugenista que entendia as “moléstias mentaes” comoenfraquecedoras da raça, delinearam projetos nacionais de significativoautoritarismo e violência a fim de “recuperar a nação”. Foram definidos comosuporte documental para a pesquisa os Archivos Brasileiros de HygieneMental e os Archivos Paulistas de Hygiene Mental – periódicos publicadospelas instituições – e, como recorte, as edições publicadas até o ano de 1930ou aquelas que, mesmo posteriores, fossem relativas ao período. Dessesperiódicos, foram selecionados os artigos que melhor fornecessem pistassobre os meios de ação propostos, os traços de autoritarismo e os temas demaior presença na ação das instituições. Verificou-se que as formas deatuação de ambas convergiam em dois eixos principais: o primeiro, de“higienizar” o povo brasileiro das doenças mentais, ou seja, evitar aproliferação de doenças causadoras de degeneração e, também, a“proliferação” dos indivíduos ditos degenerados e anormais que “estragariam”ainda mais a nação. O outro eixo tratava-se da educação do povo, ou seja, otrabalho para que a nação estivesse ciente de como não se infectar com essesmales. Constatou-se, a partir daí, que as representações sobre o futuro do paísamplamente difundidas entre esse intelectuais associavam a imagem demodernidade a uma nação livre de desvios, ou seja, que se encaixasse nopadrão de normalidade definido por eles. Confirmou-se, ademais, a hipótesede que os projetos de ação nacional delineados por essas ligas foram imbuídosde traços autoritários. Observou-se, também, o autoritarismo à medida que se"esvaziava" a humanidade dos indivíduos “indesejáveis”, que sequer tinham odireito de opinar sobre seus próprios corpos.Palavras-chaves: Autoritarismo; Eugenia; Liga Brasileira de Higiene Mental.

A descoberta do Brasil como país doente: a Liga Pró-Saneamento e omovimento sanitarista na Primeira República

Autor: Filipe Martins Soares (UnB)

Resumo: No contexto internacional do pós Primeira Guerra Mundial einspirados pelos novos ideais nacionalistas, diversos intelectuais brasileiros seviram como responsáveis pela criação de um projeto de desenvolvimento da

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nação. Dentre estes, os sanitaristas elegeram a promoção da saúde e aeducação para a saúde como os principais fatores para o progresso do Brasil,considerado à época como país muito atrasado. A maioria destes intelectuaispartiu para a defesa da saúde pública a partir das críticas ao sistemafederalista oligárquico da Primeira República, que não se interessava empromover políticas públicas de saúde. Foi assim que em 1918 criaram a “LigaPró-Saneamento do Brasil”, associação civil que defendeu um projeto depolítica pública de saúde coletiva, que deveria basear-se no nível federal doEstado brasileiro, e que deveria organizar-se segundo um caráter centralizadoe autônomo. Nosso objetivo foi então o de identificar as imagens, as ideias, osvalores que informavam as representações de cidadão moderno, higiênico esaudável, bem como os sentidos de modernidade e de progresso nos projetosda Liga Nacional de Higiene Sanitária no Brasil, nos anos 1920. Trabalhamosorientados pelo conceito teórico de cultura política uma vez que, ao articularos fatos políticos como expressão dos fatos culturais, o âmbito do político nãoocupa mais uma dimensão acima do cotidiano social. Ou seja, não é maispercebido como um nível de cúpula do poder, mas como uma esfera de redede relações sociais, de comportamentos, de memórias, de valores quecirculam entre os grupos sociais. Tal perspectiva foi fundamental paraentendermos como projetos autoritários alcançam respaldo social. O suportedocumental de pesquisa consistiu nas publicações acerca da fundação, dosprojetos e campanhas desenvolvidas pela Liga Sanitária em suas publicaçõespróprias ou na imprensa da época. A leitura dos textos, fotografias e charges,seguida de fichamentos e da análise dos mesmos articulada às orientaçõesteóricas, nos possibilitaram compreender a operação das culturas políticas ealguns caminhos responsáveis pela manutenção do autoritarismo na sociedadebrasileira. A pesquisa evidenciou que as propostas sanitárias da Ligapossuíam caráter político autoritário e elitista. Os líderes do movimentosequer consideraram o envolvimento das camadas populares nas tomadas dedecisão, pois estas eram percebidas como ignorantes, miseráveis, atrasadas edoentes, incapazes de lidar com escolhas. Além disso, quando defendiamacabar com as epidemias e endemias tão correntes no Brasil à época, ossanitaristas enfatizavam muito mais os benefícios que isto acarretaria para aprodutividade da nação, para o desenvolvimento do capitalismo, do que o bemestar do povo brasileiro que, como cidadãos, teriam direito à saúde e aodesenvolvimento. Identificada por nós na pesquisa, a postura política centradana obediência unilateral e na disposição de tratar com ignorância e desprezoas pessoas consideradas inferiores é de fato um dos critérios classificadoresdo perfil político autoritário. Acreditamos que ao pesquisar os discursosproduzidos em torno dos projetos de modernização da nação referentes aodesenvolvimento da saúde sanitária no Brasil pudemos contribuir para oentendimento da dificuldade histórica de superação da nossa autoritáriacultura política. Isso, porque, mesmo no caso de um movimento históricodefensor de um projeto coletivo para a saúde da população, os interessesprioritários não eram os de saúde das classes desfavorecidas, de estabelecer

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igualdade de oportunidades, de desenvolvimento da dignidade humana, dacapacidade criativa e produtiva dos cidadãos. Esses grupos, quando inseridosnos projetos modernizadores, ocupavam posição secundária ao interesseprimeiro, que são as elites políticas, econômicas e intelectuais, de forma amantê-las na posição superior da hierarquia social.Palavras-chaves: Liga Pró-Saneamento do Brasil; Saúde Pública;Autoritarismo.

“Combater o Analfabetismo é dever de honra de todo brasileiro”: amobilização social na Liga Brasileira Contra o Analfabetismo (1915-1922)

Autora: Isabela Martins Aragão (UnB)

Resumo: A importância da educação do povo como fundamento da sociedadepolítica foi defendida pelos intelectuais brasileiros desde o início da Repúblicano Brasil. Porém, no início do regime, o país inseria-se no ideário cientificistae racista, predominante no ocidente do final do século XIX ao início do XX.Isso significou a interpretação de que o atraso do povo brasileiro não se deviaa causas genéticas, mas a condições conjunturais como a miséria e oanalfabetismo. Nesse contexto, a educação passou a ser considerada projetopolítico, prioridade para o desenvolvimento da nação, e foi criada no Rio deJaneiro, em 1915, a instituição “Liga Brasileira Contra o Analfabetismo. Aalfabetização se articulou então à formação da nacionalidade, como declaradono próprio Estatuto da Liga, que tinha como objetivo extinguir oanalfabetismo, colocando em voga a formação intelectual do povo como sendoo verdadeiro surgimento da nacionalidade. Nosso objetivo foi, portanto,caracterizar e historicizar o movimento da Liga Nacional contra oAnalfabetismo no Brasil, nas décadas de 1910 e 1920. A pesquisa utilizoucomo fonte os periódicos cariocas e fluminense das décadas de 1910 e 1920,sobretudo, o periódico carioca A Noite, o qual constatamos ter sido o principalpublicador dos trabalhos da associação. Trabalhamos orientados pelo conceitoteórico de cultura política, articulando a produção de uma história cultural aode uma história política, analisando as imagens, valores e ideias presentes nosdiscursos produzidos pela Liga Contra o Analfabetismo. Trabalhamosorientados pelo conceito teórico de cultura política, articulando a produção deuma história cultural ao de uma história política, analisando as imagens,valores e ideias presentes nos discursos produzidos pela Liga Contra oAnalfabetismo. Constatamos a significativa mobilização social alcançada pelaLiga no combate ao analfabetismo, as estratégias de ação, as atuações noterritório nacional e o impacto de suas ações. Pudemos constatar o quanto foisignificativa a ação da Liga Brasileira Contra o analfabetismo pelo nível deconscientização sobre a importância da educação para o desenvolvimento danação e, principalmente, pela campanha de assunção do Estado pelaresponsabilidade da educação popular, o que acabou por acontecer na década

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de 1930. Embora tenha conseguido capitalizar significativa solidariedadesocial em torno da causa educacional, fundada no patriotismo e no senso dedever coletivo, o discurso da Liga também reafirmava a face autoritária denossa cultura política ̶ a de que cabia aos intelectuais a definição e a conduçãodos projetos nacionais, posicionando-se como missionários sociais em buscada construção de uma nação civilizada.Palavras-chaves: Liga Brasileira Contra o Analfabetismo; Educação noBrasil; Projeto de Modernização.

Ligas antialcoólicas: moralismo e autoritarismo para modernizar ocidadão brasileiro (1900-1930)

Autor: Flávio Cunha Lima (UnB)

Resumo: As Ligas Antialcoólicas surgiram no Brasil no contexto do projetomoderno republicano, sob influência de ideais higienistas e eugênicos,oriundos da Europa e dos EUA. Tinham como objetivo regenerar a nação(degenerada pela doença), livrando-a do alcoolismo e construindo assim uma“raça brasileira” mais saudável e forte, que lançaria o Brasil à tão almejadamodernidade. Setores da elite intelectual brasileira já se organizavam nocombate a esta doença no início do século XX, como “associações ousociedades de caráter privado, tal como a Liga Antialcoólica de São Paulo, aLiga Paulista de Profilaxia Moral e Sanitária e a União Brasileira Pró-Temperança. Todas elas se encarregaram de promover a educaçãoantialcoólica e as primeiras medidas assistenciais para alcoolistas, marcadaspor concepções moralistas e higienistas”. Com a fundação da Liga Brasileirade Higiene Mental, em 1923, na cidade do Rio de Janeiro, a Liga Contra oAlcoolismo passou a operar como uma subdivisão dela. Como nosso objetivoera compreender as ideias, valores e imagens que expressavam a visão demundo da sociedade brasileira e que orientavam seu projeto de modernizaçãoda nação, pesquisamos os discursos produzidos pelas Ligas Contra oAlcoolismo nas décadas 1900-1920. Orientamo-nos pelo conceito teórico decultura política e utilizamos como suporte documental artigos, reportagens epropagandas sobre o alcoolismo ou sobre a campanha de prevenção etratamento desta doença publicados nos periódicos da época, principalmentedo Rio de Janeiro, de forma a compreender como as Ligas atuavam e quaisideias as orientavam. Constatamos que o combate ao alcoolismo se deu deforma articulada ao combate à sífilis. Essa articulação era justificada por seacreditar que o alcoolismo e a sífilis eram doenças mentais, hereditárias e quetinham em comum um cunho moral. A classificação como doenças hereditáriassignificou articular ao projeto de combate a essas moléstias ideias eugênicas,que permeavam as pesquisas científicas naquela historicidade. A classificaçãocomo doenças articuladas à falta de moral, à vontade do indivíduo, aodesregramento do comportamento, significou traçar o projeto sobre basemoralista, voltado para a formação moral do povo, a fim de forjar padrões de

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conduta ordeira e obediente, que facilitasse a condução dos trabalhadorespelas elites. Evidenciou-se também que a atuação da Liga se organizava emtrês tipos de ações: a de assistência e tratamento aos doentes, a depropaganda de um programa antialcoólico e a de ações de controle, repressãoe formação moral. Podemos considerar que a forma de atuação das ligasantialcoólicas no Brasil nas duas primeiras décadas do século XX refletiam osanseios da elite dominante de modernizar o Brasil e, particularmente, suapopulação pobre e ignorante, dentre a qual se encontrava a maior parte dosalcoólatras. Dentre as ações de assistência, propaganda e educação, destacou-se a percepção da Liga da necessidade de investimento na formação moral dapopulação brasileira. A moral a ser imposta à sociedade era a burguesa,voltada aos processos de urbanização e industrialização, na qual ocidadão/operário deveria se enquadrar nos padrões de ordem e produtividade.Nesta perspectiva, o alcoolismo era percebido como grande empecilho. Nosseus discursos, as ligas diziam agir em resposta à ineficácia do Estado quantoà resolução do problema, ainda que este subsidiasse seus projetos. Encontrouna Igreja Católica uma parceira poderosa para seus projetos antialcoólicos.Mobilizaram parte da sociedade no atendimento aos doentes e noesclarecimento sobre os males do alcoolismo, mas suas propostas nãoultrapassaram o autoritarismo elitista e moralista. Não enfrentaram ascondições de miséria e desigualdade social articulada a esta doença.Palavras-chaves: Ligas antialcoólicas; Moralismo; Autoritarismo.

O Novo Estado Brasileiro e o enfrentamento ao velho problema daseca: rupturas ou continuidades

Autora: Thereza Cristina Pereira (UnB)

Resumo: Uma vez que o Estado nacionalista e centralizador estabelecido noBrasil a partir de 1930 significou um marco de modernização do Estado e danação, nossa proposta será a de historicizar as políticas públicas paraenfrentamento da severa seca de 1932, no Nordeste brasileiro. Pretendemosanalisar as continuidades ou inovações no que se refere às estratégiasgovernamentais de assistência aos flagelados e/ou intervenções que tenhamcontribuído para a mitigação do problema da estiagem naquela região. Nossasfontes de pesquisa constituem-se de documentação oficial tais como Leis eDecretos federais e estaduais, discursos de autoridades públicas,particularmente a série Obras de Combate às Secas, proveniente daInspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), órgão vinculado aoMinistério de Viação e Obras Públicas bem como de fontes impressas.Pesquisamos a questão da seca de 1932 nos periódicos A Manhã, publicadoem Fortaleza, edições de 1932-1933; Correio Carioca, publicado na cidadedo Rio de Janeiro, edições do ano de 1932, e a Gazeta de Pernambucana, deRecife, edições de 1931-1932.Pesquisamos ainda a pasta “Relatórios ememorandos dos Anos 1931 a 1937” de autoria de José Américo de Almeida,

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diretor do IFOCS entre 1931 e 1934.Palavras-chaves: Seca; Nordeste; República.

Visões de 1930: uma comparação entre as interpretações de Sertóriode Castro e Virgílio de Melo Franco

Autor: Leandro Ribeiro Tonete (UnB)

Resumo: A utilização do termo "Revolução" para caracterizar o levante quedepôs o então presidente Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestestomou conta da historiografia e faz parte dos manuais mais utilizados dehistória do Brasil. Mas com a recente revisão dos processos políticos daPrimeira República, a antes "invencível Revolução de 1930" (como Virgílio deMelo Franco denominou o processo) vem passando por uma descontração deseu perfil revolucionário. O termo "golpe" de 1930, já utilizado por diversosautores como Marieta de Moraes Ferreira, Cláudia Viscardi e Surama Sá Pintoparece suscitar um debate que era agudo quando do conflito. Logo após achegada de Vargas ao poder, uma série de escritos sobre o movimento surgiu,cada qual buscando revelar o fato como verdade de sua própria ideologia. Épossível citar a obra de Virgílio de Melo Franco, Outubro, 1930, como partedesse momento que busca mistificar o feito dos revoltosos. Outros escritos dotipo seguiriam esse fio condutor, mas Virgílio de Melo Franco – um dostenentes civis – ditou o tom dos fiéis da “Revolução invencível”. Em 1932, umano após a publicação original dos textos de Virgílio, Sertório de Castro,jornalista paulista, desenvolveu a obra A República que a RevoluçãoDestruiu, onde há uma defesa da Primeira República, experiência políticacheia de erros, mas “onde o Brasil cresceu, progrediu (...)”. Embora não tenhasistematizado uma obra sobre o tema, Getúlio também utilizou seus discursose seu diário como ferramenta para fincar posição na memória históricabrasileira, espaço que acabaria garantindo através de eventos futuros. Osprimeiros embates para escrever a história estavam abertos e já polarizados.Nos anos seguintes, algumas obras de destaque foram publicadas, como Averdade sobre a revolução de 24 de outubro 1930, onde Barbosa LimaSobrinho ergue a bandeira da experiência pessoal ao relatar a história domovimento casando sua opinião com manchetes de jornais e revistas. Odebate historiográfico presente na academia é um reflexo do próprio embateideológico na década de 1930. Se o fogo cruzado no campo da pesquisa “nãoalterou a centralidade do evento, nem o ‘nome’ com o qual é identificado,ainda que esse ‘nome’ não seja adequado à ‘coisa’ que nomeia”, para algunsacadêmicos (como afira Angela de Castro Gomes), ao menos tratou deevidenciar um questionamento contemporâneo aos agentes políticos desseperíodo, o movimento de 1930 foi, de fato, um divisor de águas? O que sepropõem nessa apresentação é um breve balanço dessa questão, tanto nocampo historiográfico quanto no campo das experiências socioeconômicas.Palavras-chaves: Revolução de 1930; Golpe; República.

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As relações políticas entre Brasil e Uruguai durante o Estado Novo(1937-1945): considerações preliminares

Autor: Rafael Nascimento Gomes (UnB)

Resumo: As relações entre Brasil e Uruguai, dois países vizinhos,ultrapassam as relações diplomáticas entre os Estados bem como suasfronteiras geográficas. Como consequência, a presente apresentação propõe-se, com base em fontes diversificadas, desde documentos diplomáticos aprincipais jornais desses países, uma análise das relações políticas entreBrasil e Uruguai no contexto da ditadura do Estado Novo (1937-1945) e daSegunda Guerra Mundial (1939-1945), momento de intensa polarização dasociedade mundial. E por sua vez, o posicionamento político-militar dessespaíses a nível regional – e internacional – frente a esse conflito de grandesproporções e consequências. Dessa forma, analisar-se-á a dimensão política doEstado Novo para a região do Prata, em especial, para o Uruguai.Palavras-chaves: Relações Brasil-Uruguai; História das RelaçõesInternacionais do Brasil; Estado Novo.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 17H00

Reforma do Ensino Secundário de 1942

Autor: Moisés de Sousa Rocha (UnB)

Resumo: Entender as bases da educação brasileira é crucial para que sepossamos compreender o processo histórico dos problemas do modelo atual eassim projetar soluções. Este trabalho investiga umas das bases na qual aeducação fundou-se: a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942. Instituídapelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, no período do EstadoNovo, a lei objetivava reformar o ensino secundário de forma elitista, criando“as mentes condutoras da nação” – como descrevia Capanema. Assimprocuramos analisar quais foram as ferramentas usadas pelo governo parainstituir seu objetivo no ensino secundário. Para isso pesquisaremos, de formaqualitativa, obras bibliográficas que tratam do assunto, fontes jornalísticas, oprojeto da Lei, bem como a própria Lei Orgânica. Ao final, pretendemoscompreender a reforma e os mecanismos utilizados para a sanção da LeiOrgânica do Ensino Secundário.Palavras-chaves: Ideologia; Educação; Mentes Condutoras; Lei Orgânica doEnsino Secundário.

A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e o desenvolvimento regionalgoiano: a remodelação da estrada de ferro de Goiás (1948-1960)

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ISBN: 978-85-64593-65-7

Autor: Matheus Mendonça e Silva (UnB)

Resumo: A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o DesenvolvimentoEconômico – CMBEU – atendeu a necessidade de compor um planejamentoque resolvesse os pontos de estrangulamento da economia Brasileira. Foiinstalada em 1951 após uma série de acordos diplomáticos e, por um lado, arepresentação brasileira aspirava, principalmente, o financiamento dogoverno norte-americano para o desenvolvimento do Brasil. Por outro lado, osEstados Unidos, sob a administração de Eisenhower, privilegiavam acooperação técnica em vez de apenas destinar recursos financeiros, havendouma suspensão da remessa de recursos por parte do Eximbank sob a suaadministração. A CMBEU se diferenciava de outras missões, tais como amissão Cooke ou Abbinck, por detalhar técnicas de análise e rentabilidade emseus 41 projetos. Ela também foi essencial para a criação do Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico – BNDE. No Relatório Geral da ComissãoMista, as deficiências do transporte ferroviário no Brasil foram percebidaspela falta de capacidade de escoamento dos produtos de exportação, taiscomo minério de ferro e manganês. Após os anos finais da década de 1930, asdificuldades em conservar o já existente sistema ferroviário se agravaramainda mais por causa dos impedimentos de importação de equipamentos ematerial dos trilhos durante os anos da guerra. Em paralelo a esse quadro,ocorreu a intensificação das rodovias – não pavimentadas – que apareceramcomo formas substitutivas das redes ferroviárias regionais. Menos oneroso, otransporte rodoviário demandava um menor investimento por parte do Estadoe exigia maior aplicação de capital individual. Começou então, através dessesprocessos, o sucateamento das ferrovias. Contudo, o problema central dotrabalho é compreender como se deu o desenvolvimento regional goiano noperíodo de 1948-1960 e se isso foi impulsionado por conta da expansão da suamalha ferroviária de Leopoldo de Bulhões até Goiânia e de Pires do Rio atéBrasília. Podemos pensar se isso esteve associado aos ideais de modernizaçãoe interiorização intensificadas pela ideologia do Estado no período após aSegunda Guerra Mundial, já que o reaparelhamento das Estradas de Ferrofazia parte de políticas públicas, de planos de governo e de projetosanteriormente aprovados pela CMBEU. Para atingir nossos objetivos,pesquisamos o Relatório Geral da CMBEU, os Planos de Desenvolvimento doGoverno Federal e as Atas Legislativas à luz da noção do conceito deplanejamento econômico e de desenvolvimentismo.Palavras-chaves: Desenvolvimentismo; Comissão Mista Brasil-EstadosUnidos; Planejamento Econômico.

Carlos Lacerda e as críticas do jornal “Tribuna da Imprensa”direcionada ao PTB

Autor: Fhanoel Ribeiro (UnB)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: Este trabalho tem por objetivo a análise das críticas do jornalistaCarlos Lacerda, através de seu jornal, Tribuna da Imprensa, direcionadas aoPartido Trabalhista Brasileiro (PTB). Carlos Lacerda fundou em 27 dedezembro de 1949 o jornal Tribuna da Imprensa, tendo-o como ferramentafundamental de oposição ao PTB e às forças políticas vinculadas ao getulismo,bem como meio fomentador para as principais propostas udenistas. Além daleitura da produção historiográfica sobre Lacerda, o jornal, a UDN e o PTB, osartigos e editoriais publicados na Tribuna da Imprensa constituem fontes depesquisa para a análise.Palavras-chaves: Pluripartidarismo; Lacerdismo; Tribuna da Imprensa, PTB.

Eleições presidenciais de 1960: a imagem de Jânio Quadros e HenriqueTeixeira Lott nas páginas da revista Manchete (1959- 1960)

Autora: Giovanna Nascimento Alves (UnB)

Resumo: O pleito de 1960 foi o primeiro após a proclamação da República aeleger um candidato de oposição. Durante a corrida presidencial, tanto JânioQuadros quanto o Marechal Henrique Teixeira Lott fizeram uso intenso derecursos da propagada para promoverem suas imagens. A utilização dosmeios de comunicação de massa como jornais, revistas, jingles, realização decomícios, distribuição de santinhos e outros, imprimiu a tentativa de se criaruma determinada imagem política com o objetivo de moldar a opinião públicae direcioná-la para a conquista do apoio eleitoral, visando a vitória nas urnas.Os candidatos Jânio Quadros e Teixeira Lott tinham propostas bem distintas.Quadros defendeu o uso legítimo do dinheiro público e da moralidade naadministração. O símbolo de sua campanha foi a vassoura e com ela prometeuvarrer a corrupção do cenário político. O Marechal Lott, cujo símbolo decampanha era a espada, pautava-se na defesa da democracia e da legalidade,além de ser o candidato que daria continuidade aos projetos nacionalistas deJuscelino Kubistchek. Este trabalho tem como objetivo analisar a imagem doscandidatos Jânio Quadros e Henrique Teixeira Lott durante a campanhaeleitoral para as eleições presidências de 1960 através da revista Manchete.Para tal, foram utilizadas edições da revista que compreendem o período entremeados de 1959 até outubro de 1960 e consulta à produção historiográficasobre o tema. Analisar criticamente as possíveis narrativas construídas apartir de matérias jornalísticas que apresentaram publicidade eleitoral sobreos candidatos e suas relações com a formação da opinião pública e o resultadodo pleito revelam um tópico importante para a compreensão, não só doprocesso eleitoral de 1960, mas do percurso histórico das eleiçõespresidências no Brasil. Fragmentações, ocultações e distorções de narrativasestão presentes no cotidiano da imprensa. A imprensa deveria resguardar ointeresse público e noticiar com imparcialidade os fatos de interesse docidadão, contudo pode ser observada ao longo do percurso histórico que amanipulação de textos e imagens é prática comum na construção discursiva

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ISBN: 978-85-64593-65-7

do chamado jornalismo político.Palavras-chaves: Eleição Presidencial; Publicidade eleitoral; Manchete;Imprensa.

As dimensões econômicas do governo Geisel: uma análise do II PND

Autor: Paulo César Rebello de Oliveira (UnB)

Resumo: O objetivo deste estudo é apresentar as estratégias voltadas aodesenvolvimento econômico brasileiro durante o governo do presidenteErnesto Geisel, analisando as principais políticas econômicas presentes no IIPlano Nacional de Desenvolvimento, sob a gestão de Mário HenriqueSimonsen e João Paulo dos Reis Velloso, Ministros da Fazenda e doPlanejamento, respectivamente. O recorte temporal compreenderá o períodode 1974 a 1979, com a análise do projeto de desenvolvimento econômicodurante o período citado.Palavras-chaves: II PND; Ernesto Geisel; Desenvolvimento Econômico.

Violência e burocracia: A memória do DOPS de São Paulo e acoordenação repressiva nos depoimentos de vítimas civis dados àComissão Nacional da Verdade

Autor: Luis Henrique Pilger Machado (UnB)

Resumo: Este artigo analisa a Delegacia de Ordem e Política Social (DOPS)de São Paulo durante a ditadura militar (1964-1985) a partir da memória dosdepoimentos de vítimas civis dados à Comissão Nacional da Verdade (CNV), etem como objetivo contribuir para construir a memória social do local a partirda perspectiva das vítimas. A memória-esquecimento torna-se essencialquando está vinculada a experiências traumáticas coletivas de repressão eaniquilação, como foi o caso das listas negras, prisões arbitrárias e torturaspraticadas pelo Estado brasileiro no período ditatorial. Dessa forma, é precisoanalisar os lugares de memória, que são parte importante da memóriacoletiva, sob o pressuposto de centralidade da experiência das vítimas, comofoi a proposta da CNV. A partir disso, o projeto “Direito à verdade e àmemória: Identificação e mapeamento de espaços de repressão durante aditadura militar (1964-1985)”, junto à bibliografia complementar sobrememória social, analisou 160 depoimentos a fim de mapear espaços dememória na história das vítimas. Esse projeto produziu centenas de fichas quecatalogaram - identificando a experiência do depoente no espaço, o endereço,a cronologia, os nomes (seja de companheiros, agentes repressivos ou pessoasque ajudaram as vítimas) relacionados ao local, o tipo de experiênciarepressiva e quais temas recorrentes nos depoimentos podem seridentificados naquela experiência – os lugares identificados. Além disso, oestudo dos depoimentos culminou nesta análise do DOPS de São Paulo, que foi

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ISBN: 978-85-64593-65-7

escolhido para estudo de caso devido à pluralidade de vivências relacionadasa ele, e conclui que a coordenação e a disputa entre os órgãos repressivos sefizeram presente na memória das vítimas e influenciaram as experiênciasligadas ao DOPS, uma vez que a trajetória das pessoas presas era alteradapelas atribuições do órgão e essas vítimas acabaram se beneficiando ousofrendo o dano colateral das disputas e da falta de coordenação entre asforças repressivas.Palavras-chaves: Memória Social; Ditadura Militar; Repressão; ComissãoNacional da Verdade.

O movimento estudantil e as políticas educacionais do governo Collor(1990-1992)

Autora: Rafaela Costa Vidal (UFG)

Resumo: O artigo tem como proposta analisar as políticas e as criseseducacionais nos anos do governo Collor (1990-1992) e os movimentosestudantis que culminaram na saída do primeiro presidente eleito por votodireto pós-ditadura no Brasil. Inicialmente, abordarei sobre a crise econômicaem que o Brasil se encontrava no final da década de 1980 e as políticas sociaistomadas pelos governos que se sucederam. Em um segundo momento,pontuarei os principais programas educacionais implementados pelo governoCollor, sua lógica neoliberal e seu plano de ação. Por fim, buscarei identificaro caráter social e político dos movimentos estudantis que impulsionaram asaída de Fernando Collor de Mello em 1992. Palavras-chaves: Políticas Educacionais

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ST/02 – Natureza, território e direitos humanos no Centro-Oeste e na Amazônia

Proponentes: Prof. Dr. José Luiz de Andrade Franco (HIS/ UnB),Prof. Dr. Kelerson Semerene Costa (HIS/ UnB)

Local no dia 19: Sala do Mestrado em Filosofia – sala 1 (ICCNorte-módulo 25)

Local no dia 20: Sala do Mestrado em Filosofia – sala 2 (módulo25)

Decorrido meio século, a discussão sobre o legado dosmovimentos de 1968 é ainda um debate sem conclusão. É certo,porém, que das inquietações que agitaram intelectuais, estudantes eoperários em diversos países resultou a incorporação de novos temase abordagens ao entendimento e à crítica das sociedadescontemporâneas, entre os quais a crítica às relações entre sociedadee natureza. Embora a preocupação com a destruição ambiental sejamuito anterior à década de 1960, foi a partir de então que ela seampliou, passou a envolver movimentos sociais, a originar partidospolíticos e a alertar para o caráter global da crise ambiental. Assimcomo diversas outras áreas do conhecimento, a historiografiatambém acolheu essas preocupações, o que deu origem ao campo deestudos da História Ambiental, que se dedica a estudar, em suasdiversas dimensões, as relações históricas entre as sociedadeshumanas e a natureza. Este simpósio temático tem por objetivo

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ISBN: 978-85-64593-65-7

discutir, em uma articulação da História Ambiental com os váriosaspectos da História Social e Política, as relações entre sociedade enatureza na Amazônia e no Centro-Oeste, regiões cujos processos decolonização, embora iniciados nos séculos XVII e XVIII, prosseguemem pleno século XXI – atualizando antigos métodos de violência e deviolação de direitos. Pretendemos, assim, colocar em questão, paraperíodos mais recentes ou para o passado colonial, temas de estudocomo: a ocupação e a representação do território (a cartografia, osrios e a navegação, as terras indígenas, as terras de quilombos, osprojetos estatais ou as iniciativas privadas de desbravamento, aurbanização acelerada, o ambiente urbano); a exploração dosrecursos naturais (o desmatamento, a mineração, o extrativismo) e asformas do trabalho (o trabalho indígena, a escravidão, o trabalhoanálogo à escravidão, o trabalho livre); as ideias e as representaçõessobre o mundo natural (as ideias e as iniciativas de conservação, ossaberes sobre a natureza, as representações artísticas).Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Santuário dos Pajés: território indígena frente à especulaçãoimobiliária urbana

Autora: Beatriz Bastos Rezende (UnB)

Resumo: Este estudo pretende analisar as relações territoriais, tendo emvista as representações sociais no que diz respeito ao Santuário dos Pajés eSetor Noroeste, sendo observados, pela óptica geográfica, os conflitos locais.O Santuário dos Pajés apresenta-se como um território indígena no DistritoFederal, que se encontra numa disputa com as imobiliárias e o Governo doDistrito Federal, causando uma instabilidade no cotidiano dos moradores doSantuário e uma pressão pela retirada da comunidade indígena do local.Palavras-chave: Território, Indígena, Urbano

Onde a morte tem mais vida: fotografias de pirarucus (Arapaima gigas)mortos nas praias do rio Araguaia na primeira metade do século XX

Autor: André Vasques Vital e Maydson Vieira Sila

Resumo: Esse estudo analisa os planos e as controvérsias sobre a integração

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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econômica do rio Araguaia via atividade pesqueira na primeira metade doséculo XX, por meio de fotografias de pirarucus (Arapaima gigas) mortos naspraias desse rio. Os animais mortos capturados pelas câmeras fotográficas sãoentendidos como coisa-poder, fenômeno cuja presença pode fortalecer,enfraquecer ou desestabilizar interesses políticos em um espaço público(BENNET, 2004). A morte, assim, é entendida como processo gerador paraalém do sentido de finitude que o termo tradicionalmente carrega(BRAIDOTTI, 2017). Esse estudo, utiliza-se das fotografias publicadas narevista A Informação Goyana (1917-1934) e em duas obras de viajantes:Encantos do Oeste (1945), de Agenor Couto de Magalhães e Dramas do Oeste(1950) de Leolídio Di Ramos Caiado. Trata-se de um desdobramento deanálises atuais que abordam os esforços de propaganda das elites do estadode Goiás sobre as potencialidades de uma indústria da pesca na região, peloBrasil Central reunir uma diversidade única de espécies aquáticas comhabitats próprios à diferentes regiões do país. Essa propaganda tinha comobase a imagem da área como divortium aquarum das bacias dos rios SãoFrancisco, Amazonas e Prata (VITAL & TEJERINA-GARRO, 2018). Aqui,aponta-se que as fotografias de pirarucus mortos proporcionaram, ao longodos anos, diferentes debates ligados à exploração econômica da região viapesca e turismo, bem como à políticas de conservação da espécie e alertassobre a sua extinção. Palavras-chave: Pirarucu; Arapaima gigas; Fotografia; Rio Araguaia.

Colonização e trabalho indígena no sul de Mato Grosso (1839-1928):algumas contribuições para a história dos Kaiowa

Autor: José Augusto dos Santos Moraes (UFGD)Resumo: No presente texto apresento algumas contribuições para o debateacerca da territorialidade da etnia Kaiowa. A partir da ocupação não indígenana região da antiga Vacaria e das transformações ocorridas nas relações detrabalho entre os colonizadores e os indígenas, o que se busca é discutir emquais sentidos estes processos impuseram aos kaiowa uma ressignificação deseus territórios e, por consequência, em sua organização social. Nestesentido, a partir da análise de relatórios do Império e da Província de MatoGrosso, de registros de viajantes e missionários, bem como de outros acervosdocumentais, como cartas e jornais produzidos no período de 1839 a 1928,esta comunicação pretende apresentar os resultados parciais da pesquisa quedesenvolvo sobre os desdobramentos históricos que culminaram com aexpulsão/saída/remoção dos kaiowa da Vacaria no século XX, eventos queincidem diretamente nos conflitos que atualmente ocorrem no sul de MatoGrosso do Sul. A etno-história foi utilizada como recurso metodológicoconvergente, dialogal e interdisciplinar, fundamental na constituição de umaHistória Indígena.Palavras-chave: Etnia Kaiowa; Territorialidade; Sul de Mato Grosso

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Povos indígenas em contexto urbano e politicas públicas.

Autor: Marco Paulo Froés Schettino (MPF)

Resumo: Esse trabalho pretende fazer uma reflexão sobre a presença dospovos indígenas em contexto urbano, as causas da ausência de políticaspúblicas específicas para eles nas cidades e os impactos dessa lacuna paraeles.Palavras-Chave: Povos Indígenas, Políticas Públicas, Cidades.

Evolução de campesinatos na Amazônia

Autor: Donald Rolfe Sawyer (ISPN)

Resumo: Ao contrário dos camponeses em todo o mundo, que existem hámuitos séculos e tendem a desaparecer com o tempo, os campesinatosamazônicos emergiram mais recentemente. Como no resto do Brasil, não sãosobreviventes da antiguidade, dos tempos coloniais ou de qualquer outroperíodo “pré-moderno”. Em vez de serem dissolvidos ao longo do tempo,expandiram-se e diversificaram-se à medida que a região se tornou cada vezmais integrada à economia capitalista dos países industrializados e do restodo Brasil, especialmente no século XX. Os diferentes grupos camponeses estãoamplamente dispersos em diversos contextos, com considerável variação naorganização de sua produção e suas relações com os não-camponeses. A fimde apreciar essa heterogeneidade e especificidade e compreender umaaparente inversão da tendência histórica geral, cabe examinar as condiçõeshistóricas em que surgiram as formas camponesas de produção na Amazônia.Essa revisão busca lançar luzes sobre as razões do aparecimento de certasformas no passado como também sobre as forças que continuam favorecendoou restringindo sua evolução. Assim, além de fornecer um pano de fundohistórico, pretende oferecer uma análise que aponte as peculiaridadesregionais dessas formas de produção e identificar as forças que geraram econtinuam a moldá-las.Palavras-chave: campesinato, Amazônia, agricultura, borracha.________________________________________________________________________

O Desafio da Floresta Urbana: história do processo de arborização deBrasília.

Marina Salgado Pinto (UnB)

Resumo: A relação da humanidade com o meio ambiente contempla umagrande variedade de formatos, entre eles o contexto urbano. Na medida emque as sociedades humanas se assentavam em locais, deixando para trás

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hábitos nômades, a utilização dos recursos naturais disponíveis em taisregiões torna-se mais sofisticada. A sociedade humana ocidental construiuuma estrutura antropogênica que media, por assim dizer, seu contato diretocom a natureza e os recursos naturais tão necessários para a manutenção davida humana. Encerrados em suas cidades, a humanidade experiência umnovo nível de meio ambiente: a natureza urbana. As árvores são um dosprincipais símbolos associados ao meio ambiente, funcionando, também, comoum conectivo entre seres humanos e o mundo natural. Sua presença napaisagem urbana não contempla apenas benefícios físicos aos habitantes daurbe, como o apaziguamento de altas temperaturas, provocadas, entre outrosfatores, pela presença de concreto em demasia, mas, sobretudo, aproximam oser humano da natureza. O plantio de árvores pela extensão urbana formauma floresta urbana, e assim como os diversos formatos florestais encontradosna natureza, cada cidade possui sua singularidade. As atividades dearborização da capital brasileira, Brasília, foram registradas por doisperiódicos: o Correio Braziliense e o Jornal de Brasília. A análise dos jornaisdemonstra como o plantio de árvores por Brasília se articulou com o corposocial que habitava a cidade, assim como com os projetos urbano-arquitetônicos que guiaram a construção da capital modernista, o Relatório doPlano Piloto, de autoria de Lúcio Costa e os edifícios planejados por OscarNiemeyer. A arborização da capital foi influenciada, principalmente, peloCerrado, o bioma encontrado no local onde a cidade foi erguida. Dessamaneira, a tentativa de unir os registros desse processo de plantio de árvores,gramas, arbustos e vegetação pela capital em uma narrativa históricaconfigura-se, sobretudo, em uma fértil reflexão sobre a relação das sociedadeshumanas com os elementos não-humanos, principalmente quando essahistória ocorre a nível urbano.

Palavras-chave: arborização urbana, Brasília, natureza urbana.

História da conservação da fauna ameaçada de extinção no Brasil:motivações, ações e projetos

Fernanda Cornils Monteiro Benevides (UnB)

Resumo: Trata-se da história das preocupações e das iniciativasconservacionistas destinadas à fauna ameaçada de extinção de primatas, avese mamíferos carnívoros que têm área de ocorrência em território brasileiro. Éapresentado também o desenvolvimento científico no campo da ecologia e dabiologia da conservação que deu suporte científico a essas iniciativas, assimcomo as justificativas éticas usadas para a conservação das espéciesameaçadas. A pesquisa que deu origem à tese foi realizada em bancos de

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dados de espécies da fauna ameaçadas de extinção nacionais e internacionais,em publicações científicas, relatórios de projetos destinados à conservação dafauna, e outros documentos relacionados. Foram realizadas entrevistascom pesquisadores, ambientalistas, gestores e leigos que atuaram ou atuamem projetos de conservação da fauna ameaçada no Brasil. A tese discute arelação entre o desenvolvimento científico e tecnológico com as estratégiasconservacionistas. As justificativas em torno da escolha das espécies que sãoconservadas se apoiam tanto em questões pragmáticas, que defendem apermanência da biodiversidade para fins de manutenção de uma boa saúde doecossistema com vistas à manutenção da espécie humana; como também emjustificativas éticas, que apontam que a natureza, e os animais, são portadoresde valor intrínseco.

Palavras-chave: História da Conservação; Fauna Ameaçada, Projetos deConservação; Ética ambiental; Espécies Ameaçadas.

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ST/03 – História Moderna e Colonial: teoria e método

Proponentes: Professor Dr. Luiz César de Sá (HIS/ UnB) e ProfessorDr. Jonas Wilson Pegoraro (PPGHIS/UnB)

Local no dia 19: Sala do PPGHIS – ICC Norte-ASS 675/12 (ICCNorte-sala ASS 686/13) Local no dia 20: Sala do PPGHIS – ICC Norte-ASS 675/12 (ICCNorte-sala ASS 680/13)

O objetivo deste Simpósio Temático é discutir metodologias detrabalho e aportes teóricos atinentes ao estudo dos séculos XVI-XVIII, naEuropa e na América. Entre as perspectivas privilegiadas, estão aspráticas administrativas de Antigo Regime; os repertórios teológico-jurídico-políticos das monarquias; protocolos retórico-poéticos daprodução de discursos; as experiências do sagrado e as dinâmicassociais em suas múltiplas escalas. Deseja-se, em todos os casos, enfocaraspectos formativos dos estudos apresentados, que devem caracterizaro corpus documental, as questões e hipóteses que o constituem e ométodo para elucidá-las. Com isso, esperamos criar um espaço paradiscussão de trabalhos em andamento em que a experiência coletivapossa ser mobilizada para a indicação de leituras e estratégias capazesde assistir as reflexões dos participantes.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Uma herança colonial: a consumação da lógica privada em domíniopúblico através da ótica do indivíduo enquanto categoria no Brasil

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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Autora: Gabriela Malesuik Aragão Barros (UnB)

Resumo: Por meio de uma viagem teórico-metodológica, perpassando porconceitos e embates sociológicos a respeito das noções de indivíduo esociedade, o artigo tem por objetivo analisar a concepção de Sérgio Buarquede Holanda acerca da constituição da pessoalidade individualizante comocerne da sociedade brasileira. Advinda de uma herança colonial da lógicasocial doméstica, essa constituição social é aplicada ao domínio público, aoqual o autor alega não possuir uma burocracia de fato, por ser resultante dasrelações do indivíduo brasileiro enquanto homem cordial. Por meio dahistoricidade da sociedade brasileira, busco as raízes do Brasil visandocontrapor à visão de Sérgio Buarque de Holanda no que concerne a ideia defuncionalismo patrimonial, reiterando, no entanto, alguns de seus pontosacerca do indivíduo e do funcionamento social da Colônia, bem como seusresquícios na contemporaneidade.

Palavras-chave: Brasil Colônia; Sérgio Buarque de Holanda; Indivíduo esociedade.

Inquisição e fiscalidade: análise comparativa da economia portuária deSalvador e Cartagena das Índias 1610-1660

Autora: Jéssika de Souza Cabral (UnB)

Resumo: O presente trabalho aborda de maneira comparativa a economiaportuária de duas cidades centrais para a monarquia Ibérica, Cartagena dasíndias e Salvador, no século XVII, mas sem esquecer suas conexões com oglobo. Tentou-se destacar os vínculos comerciais externos, o comércio a longadistância, e os internos com o interior do continente, no caso de Salvador orecôncavo e em Cartagena o interior de Nova Granada. Para tal tarefa foramutilizadas as fontes do Tribunal da Inquisição , da visitação e as fontes fiscaisde ambas as cidades, a fim de cruzar informações demográficas com dadosquantitativos das mercadorias desembarcadas nos portos entre 1610 a 1660.O objetivo aqui, é verificar se há correlação entre espaço ocupado pelosagentes envolvidos no tribunal da fé e a atividade econômica preponderantede cada porto. Ambas foram cidades cosmopolitas, abrigaram em siportugueses, holandeses, ingleses, franceses etc. Prosperaram com ocomércio de cativos, estiveram na rota do comércio oficial dos galeões efrotas, foram indispensáveis para administração política colonial, controlarama entrada e a saída dos produtos, o acesso ao interior do continente esofreram com os ataques dos corsários. No entanto, possuíam suassingularidades, a base de dados que dispomos mostra que a maior parte dosenvolvidos nos processos inquisitoriais em Cartagena se ocupavam do

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comércio, de pequeno e grande porte, ou seja, desde pessoas que compravampara revender mercadorias até os grandes traficantes portugueses quelucravam com a venda de escravos. Em Salvador, boa parte dos perseguidoseram lavradores, homens envolvidos mais com a terra do que com os negóciosdo mar, como é o caso de Cartagena. A partir dessa observação, formulou-se ahipótese de que pode haver correlação entre a atividade desenvolvida em cadacomplexo portuário e a localização dos indivíduos. De acordo com aHistoriografia, o açúcar é considerado o ouro branco de Salvador, responsávelpela riqueza e prosperidade da capitania. Desse modo, todas as atividadesdesenvolvidas no recôncavo seriam subsídios para os engenhos queconsumiam a madeira, a força do gado, a mão de obra indígena e logo depoisescrava, além das provisões destinadas ao autoconsumo. Enquanto Cartagenaera o destino da escravaria que saíra de Angola e Guinea com destino ao Perua serem empregues na exploração da prata. Um lugar onde circulavam ricoscristãos novos, judeus e huguenotes, que fizeram circular recursos e riquezas,responsáveis pela fama que cruzou o Atlântico e trouxe muitos imigrantes coma promessa de uma vida melhor. Para essa hipótese foram criados SIGs(Sistema de georreferenciamento), com a localização dos indivíduosperseguidos ou envolvidos indiretamente nos arquivos da fé, a fim decompará-los com o tipo de prática mercantil e econômica disponível nahistoriografia de ambas as cidades.

Palavras-chave: História Econômica; Inquisição; Fiscalidade; Salvador;Cartagena das Índias.

Sobre governar no Império português: notas de pesquisa

Autor: Jonas Wilson Pegoraro (UnB)

Resumo: A comunicação visa apresentar os primeiros passos da pesquisaintitulada “Homens para a função: agentes régios no Império UltramarinoPortuguês (primeira metade do século XVIII)” desenvolvida junto ao Programade Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UnB); investigaçãoessa que tem por objetivo promover um levantamento quantitativo e análisequalitativa dos agentes régios enviados para os domínios portugueses, maisespecificamente o Estado do Brasil, durante a primeira metade do séculoXVIII, com o objetivo de traçar o “perfil social” dos agentes régios e suastrajetórias no interior da estrutura jurídico-administrativa da Coroaportuguesa. As principais fontes para esta pesquisa foram disponibilizadas, noformato digital, no site do Arquivo Nacional da Torre do Tombo sendo três osprincipais registros: as leituras de bacharéis, os registros de mercê do reinadode Dom João V e os processos de habilitação para familiar do Santo Ofício.Complementa estas documentações o “Memorial de Ministros”, conservado na

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Biblioteca Nacional de Lisboa-PT, e que obtivemos acesso por meio docatálogo confeccionado por Nuno Camarinhas e disponível por meio de e-book.Palavras-chave: Agentes régios; Império Ultramarino Português; governo eadministração.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Thomas Müntzer e a guerra dos camponeses na Alemanha comoproblemas interpretativos para a Sociedade Corporativa (1515-1525)

Autor: José Willem Carneiro Paiva (UnB)

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo discutir os aspectosfundamentais (problema, hipóteses, fontes, método) da pesquisa que oradesenvolvemos no curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação emHistória da Universidade de Brasília. O projeto de pesquisa propõe ainterpretação da teologia política de Thomas Müntzer (1489-1525) e daGuerra dos Camponeses na Alemanha (1524-1525) como problema analítico aser enfrentado pelas noções medievais e teorias contemporâneas da sociedadecorporativa. A pesquisa busca atuar em dois níveis: o primeiro é o doentendimento e análise do objeto em seu próprio contexto, ou seja, entender oque Thomas Müntzer e a Guerra dos Camponeses, com seus questionamentosdas estruturas sociais e políticas da época, representam para uma sociedadeque entende a si mesma como um corpo dotado de partes que agem de acordocom sua integridade e equilíbrio; no segundo nível, buscamos empreenderuma discussão teórica sobre a perspectiva contemporânea da sociedadecorporativa da Idade Média a partir dos desafios e problemas que o estudo donosso objeto pode gerar. Para alcançar estes objetivos, procuramos analisar asfontes através de um cruzamento exaustivo, onde os escritos de ThomasMüntzer e os programas da Guerra dos Camponeses serão relacionados comsua comunidade de debate, que são as tradições protestantes e a católica, como intuito de situá-los no contexto maior da tradição cristã que desenvolveu areflexão teológica e eclesiológica que forneceu o paradigma interpretativo dasociedade como um corpo.

Palavras-chave: Thomas Müntzer; Guerra dos Camponeses da Alemanha;sociedade corporativa; teologia política.

As intervenções editoriais e a instrumentalização das Examinações de

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Anne Askew

Autora: Thalyta Valéria Castro de Oliveira (UnB)

Resumo: As Examinações de Anne Askew – livro publicado pela primeira vezem duas partes nos anos de 1546 e 1547 na Inglaterra – consistem em relatosautobiográficos das prisões, interrogatórios, condenação e tortura da mulherque dá nome à obra. Anne Askew, de fé reformada, foi acusada e condenadapor heresia, sendo morta na fogueira em 1546. Ela ganhou fama comoexemplo de martírio cristão na Inglaterra e suas Examinações ganharamnotoriedade que perdurou nos séculos seguintes. Trata-se de um ricodocumento que, para a presente pesquisa, é analisado com foco não apenas nadimensão religiosa da obra, mas privilegiando a instrumentalização danarrativa evidenciada pelas intervenções editoriais de John Bale e John Foxe –os primeiros e mais importantes editores do texto em questão. Para que issofosse possível, a análise inicial do documento se deu em duas frentes: análisedas intervenções verbais (comentários e apontamentos em geral) e o examepormenorizado das imagens. Em seguida, essas duas dimensões foramcomparadas com o texto principal, tornando evidentes as estratégiasempregadas pelos projetos editoriais de Bale e Foxe na remodelagem da obrae na construção de Anne Askew como mártir da causa reformada.

Palavras-chave: Reforma Religiosa na Inglaterra, Cultura Impressa na IdadeModerna, Martírio.

O Livro dos Mártires e seu paratexto: transformações de 1563 a 1684

Autor: Rebeca Mylena Gouveia de Lima (UnB)

Resumo: O Livro dos Mártires, publicado primeiramente em solo inglês em1563, consagrou seu autor, John Foxe, como um dos principais nomesassociados ao protestantismo inglês. Através de suas diferentes edições, tem-se acesso a um conjunto de transformações paratextuais que caracteriza oLivro dos Mártires como uma obra por meio da qual se fazem observáveisconvenções tipográficas e discursos que marcaram a trajetória da teologiaprotestante na Inglaterra. Considerando-se o paratexto enquanto conjunto deproduções verbais que acompanham o texto principal a fim de apresentá-lo, apesquisa aqui introduzida tem como objetivo compreender de que forma asalterações paratextuais, observadas na inclusão ou retirada de elementoscomo prefácios, tabelas, comentários, índices, entre outros, ao longo dasdiferentes edições, foram significativas para o desenvolvimento do Livro dosMártires no que se refere a sua elaboração, edição, distribuição e recepção. Ocorpus documental da pesquisa corresponde, por sua vez, ao conjunto de 9

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edições do Livro dos Mártires, publicadas nos anos de 1563, 1570, 1576,1583, 1596, 1610, 1632, 1641 e 1684.

Palavras-chave: Livro dos Mártires, John Foxe, Paratexto, Edições,Protestantismo.

A morte, a transfiguração e a vida: a reversão da pena capital de umabruxa normanda do século XVII

Autor: Erico Saad Campos (UnB)

Resumo: Este trabalho procura repensar os motivos que levam um acusadoou uma acusada de bruxaria, na França do século XVII, a ter sua pena demorte revogada. Para isso, estudaremos minuciosamente o julgamento deMarie Bucaille – ocorrido na região da Normandia, no ano de 1699 – emperspectiva com a postura adotada pelos magistrados parlamentares no fim doséculo XVII quando confrontados por julgamentos da mesma espécie. Aparticularidade do caso de Bucaille – registrado em onze impressos publicadosdurante o intervalo de tempo no qual o Parlamento de Rouen reconsiderava apena de morte atribuída em primeira instância à acusada – parece jogar luzsobre motivações envolvidas em uma reversão de veredito imperceptíveisquando o tema é abordado de maneira macroscópica.

Palavras-chave: Bruxaria; França; Microanálise.

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ST/04 – História oral, relações de gênero e sexualidades:abordagens contemporâneas

Proponentes: Professor Ms. Clerismar Aparecido Longo (IDA/UnB),Professora Dra. Eloísa Pereira Barroso (PPGHIS/UnB), Professor Dr.Mateus Gamba Torres (HIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: Laboratório de História Social (ICC Norte-módulo 20)

O presente Simpósio Temático tem como objetivo acolherpropostas de trabalhos que abordem, numa perspectiva histórica emultidisciplinar, a construção das identidades de gênero e sexuais esuas interfaces com outros marcadores sociais – raça, classe,geração, religião etc -, tendo como metodologia a história oral. Serãoaceitos trabalhos não só do campo da História, mas de várias outrasáreas do conhecimento, dentre elas a Sociologia, Antropologia,Psicologia, Filosofia, Educação, Artes, Turismo, Ciência Política,Relações Internacionais, Geografia, Direito, dentre outras áreas quese debruçam sobre a referida temática. Também serão bem-vindaspesquisas que versem sobre: violência de gênero, em seus diferentescontextos; pedagogias de gênero e das sexualidades;heteronormatividade; heterossexualidade compulsória;performatividades de gênero; homoconjugalidades e outras formas deuniões entre pessoas do mesmo sexo. Aceitaremos, ainda, trabalhosque tratem sobre homofobia, lesbofobia, misoginia, movimentos demulheres e movimentos LGBT. Intenta-se, assim, abrir o leque depossibilidades de discussão sobre as formas como os sujeitosexperienciam os significados de gênero, de sexo e das sexualidades;como suas identidades sexuais e de gênero são construídas dentrodessa teia de significados que é a cultura; quais são osdesdobramentos das performatividades de gênero que, em diferentescontextos, burlam determinadas normas culturais – o queer; como aviolência de gênero e a violência sexual vêm sendo experienciadas, ecomo os sujeitos, vítimas da violência, reagem e se manifestam, pormeio de movimentos sociais, em busca da igualdade de direitos e dorespeito à alteridade.Trabalhos a serem apresentados:

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19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Relações de gênero no cotidiano de mulheres e homens emreassentamentos

Autora: Samara Letycia Moura Borges (UnB)

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as representações de gênerodas mulheres e dos homens do reassentamento São Francisco de Assis,situado no município rural de Porto Nacional (TO). O reassentamento SãoFrancisco de Assis foi criado em decorrência da construção da UsinaHidrelétrica Luís Eduardo Magalhães. O presente trabalho está inserido nosestudos da História Cultural, nesse sentido, as representações sociais é umacategoria de muita relevância no desenvolvimento dessa pesquisa. Trata-seaqui de uma pesquisa ainda em andamento, sendo que a metodologia a serutilizada é a história oral. Serão entrevistas doze pessoas do reassentamentoSão Francisco de Assis. As narrativas dos sujeitos que colaborarão com apesquisa constituirão a fonte de análise da presente investigação em curso.Para tanto, o trabalho é embasado na perspectiva de teóricos como DeniseJodelet, Serge Moscovici, Joan Scott e Michael Pollak.Palavras-chave: Gênero; Representação; Memória.

Realidades distópicas: diálogos entre história e literatura na reflexãosobre fazer historiográfico e história das mulheres

Autora: Isabela Gomes Parucker (UnB)

Resumo: A história investiga não somente acontecimentos e fenômenos dopassado, como também maneiras de estudar, narrar e interpretar estepassado. Em vista disso, a presente comunicação propõe discutir aspossibilidades de exame das relações entre os fazeres literário ehistoriográfico tanto no âmbito da criação de representações para examinar,conhecer e compreender a experiência humana no tempo, quanto de reflexãoacerca da construção dessas representações. Assim, a partir da sugestão deanálise de obras distópicas de autoria feminina que têm como tema centraldebates sobre direitos e controle reprodutivos de mulheres, procuro entendernão apenas quais são as representações de um fenômeno e de violênciaspresentes na vivência e na história de mulheres, mas, sobretudo, como podemser elaboradas essas representações e como elas é possível articulá-las com aformulação de discursos sobre o passado e a experiência feminina, bem comosobre o próprio ser mulher.

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Palavras-chave: História. Literatura. Distopia. Mulheres. ControleReprodutivo.

Representações de mulheres no contexto de construção de Brasília

Autor: José Gomes do Nascimento (UnB), Outros co-autores: Larissa Brunnon Querino de Almeida (UniCEUB) eAnna Lorena Morais Silva (UniCEUB)Resumo: O projeto faz parte de uma pesquisa mais ampla, que busca analisarrepresentações construídas por e sobre mulheres durante o período daconstrução de Brasília. Nesta etapa foi realizado o mapeamento de diversasfontes documentais que auxiliassem o cotejamento de dados acerca do tema,como ocorrências policiais, registros de óbitos, carteiras de trabalho demulheres e recortes de jornais. As ocorrências policiais foram consideradas adocumentação mais relevante para essa etapa de pesquisa, pois contém omaior volume documental: são 10 livros-ata que registram 3.971 ocorrênciasde crimes ocorridos entre os anos de 1957 e 1961, o que torna possívelmapear as situações de violência às quais as mulheres estiveram submetidasno contexto da construção. Nesse mapeamento foram identificadas 279situações de crimes cometidos contra mulheres, presentes em 236 registrosde ocorrências, sendo em sua maioria denúncias feitas pelas próprias vítimas.Um número bem maior apresenta mulheres na condição de envolvidas, como:denunciantes de violências cometidas contra outros, testemunhas ou acusadasde algum crime. A fim de qualificar essas formas de violência, foram utilizadasas tipificações estabelecidas pela Lei Maria da Penha (violência em âmbitofamiliar e doméstico) presente em 91 registros, e pelas violências classificadosde acordo com Código Penal (crimes contra a pessoa e a vida que nãodenominam especificamente a esfera familiar e doméstica), presentes em 145registros. Há de se ressaltar que as denúncias de violências contra mulheres -naquele período bem como nos dias de hoje - se caracterizam por seremcrimes sub-notificados, visto que estão inscritos em uma cultura patriarcal emachista que desestimula, sobretudo, as denúncias de violências que ocorremem âmbito doméstico e àquelas que se referem a crimes sexuais. Assim,interessou mais compreender os tipos de crimes cometidos e denunciados doque identificar um percentual representativo das violências às quais àsmulheres estiveram expostas naquele momento. Assim, este trabalho visaapresentar os resultados dessa primeira etapa projeto, onde o panoramaapresentado fornece um referencial muito significativo para o desdobramentode pesquisas, bem como, a possibilidade de pensar transformações epermanências em relação à situação histórica de violência contra mulheres noBrasil.Palavras-chave: Construção de Brasília. Violência contra Mulheres.Ocorrências Policiais.

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Violência contra as mulheres nos presídios da Ditadura Militar (1964-1985)

Autora: Giulia Bianca Bacarin Fay de Sousa (UnB)

Resumo: A pesquisa realizada busca trazer uma reflexão acerca dasviolências sexuais e de gênero ocorridas nos cárceres da Ditadura Militar(1964-1985), levando em conta especialmente aquelas sofridas pelas mulheresque foram presas políticas durante o período. A partir do capítulo décimo doRelatório Final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), dedicado à violênciade gênero e à violência contra crianças, surge a necessidade de se pensarsobre as razões e os significados de uma violência específica contra mulheres,assim como sobre os elementos que a rodeiam, relacionando à questão damilitância política das presas. Levando em consideração a relevância daHistória Oral para a elaboração de narrativas que geralmente são silenciadaspelos documentos oficiais, uma vez que estes geralmente têm umafuncionalidade relacionada ao poder político dominante, foram analisadosrelatos orais prestados por mulheres que foram presas políticas durante aDitadura Militar. A partir da análise dos depoimentos foi possível levantaralguns pontos, como a predominância masculina enquanto estrutura darepressão e como essa oposição masculino/feminino e dá na hora da tortura,bem como o silêncio a respeito da violência sexual sofrida, que geralmentedura mais do que o silêncio sobre a tortura em si.Palavras-chave: Ditadura Militar, Violência contra a mulher e Violência deEstado.

Relações de gênero e práticas de tortura na ditadura civil militarbrasileira (1964-1985)

Autora: Clerismar Aparecido Longo (UnB)Outros co-autores: Eloísa Pereira Barroso (UnB)

Resumo: Baseada em relatos colhidos pela Comissão Nacional da Verdade,esta comunicação apresenta uma discussão sobre as experiências de mulheresque lutaram contra a ditadura civil militar brasileira de 1964. Tem como fitoanalisar, a partir de fragmentos de memórias subtraídos dos depoimentos,como o gênero estruturou determinadas relações vivenciadas entre essasmulheres e os órgãos e agentes repressivos do Estado ditatorial, quando, naqualidade de participantes dos movimentos de esquerda, eram perseguidaspor esses órgãos, e nas prisões, quando submetidas a práticas de torturasfísica, sexual e psicológica.Palavras-chave: Mulheres, Relações de Gênero, Ditadura Civil Militar,Tortura

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20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Maternidade e Violência de Gênero: quando a vida e a morte convivemnos mesmos espaços

Autora: Mariana Gonçalves Penna (UnB)

Resumo: Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto “GEOGRAFIASDA REPRESSÃO: Pesquisa histórica e políticas públicas para espaços darepressão durante a ditadura militar (1964-1985) ”, coordenado pelaprofessora Adrianna Setemy. Esta pesquisa tem por objetivo analisar de quemaneira a maternidade foi uma condição feminina instrumentalizada poragentes da repressão a fim de torturar mulheres detidas, entre 1970 a 1973,em dois espaços de repressão diferentes: o Departamento de Ordem Política eSocial (DOPS) de Recife e o Comando da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Doiscasos específicos de mulheres que sofreram aborto decorrente da torturaenquanto presas foram selecionados a partir dos depoimentos das vítimascivis recolhidos pela Comissão Nacional da Verdade. A noção de violência degênero adotada nessa pesquisa vai além da violação sexual, pois considera astorturas simbólicas e físicas cometidas em função da condição de mulhercomo expressão desse tipo específico de violência. A escolha do tema desteartigo surgiu a partir de questionamentos sobre a violência cometida contra amulher durante a Ditadura Militar, especialmente, contra mulheres grávidasque foram encarceradas. De acordo com os depoimentos, as prisões iam muitoalém de sua função primordial: nesses espaços nasciam crianças e bebês eramgerados. Portanto, além de analisar a gravidez como uma condiçãoinstrumentalizada pelos agentes na repressão contra mulheres, a partir damemória das vítimas civis pretende-se discutir que as experiências narradasrevelam não somente a brutalidade e a violência associada aos espaços derepressão, mas também uma grande diversidade de experiências relacionadasa vivências ali experimentadas, sendo impossível limitar os presídios a umporão de tortura.Palavras-chave: Violência de gênero, Ditadura Civil-Militar, Maternidade

Homossexualidades na ditadura – Travestis e transexuais: uma análisesobre a representação da imagem feminina marginal.

Autor: Mateus Henrique Siqueira Gonçalves (UnB)

Resumo: O presente artigo se encaminhou na proposta de evidenciar asrepresentações que a sociedade, intrinsecamente, ligadas aos meios de

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comunicação à época fizeram do corpo e das práticas das travestis no eixo Riode Janeiro-São Paulo durante os anos 1980. Nas evidências dasrepresentações e, logicamente, dos discursos que se emitem das mesmasatravés da mídia impressa e áudio visual, é possível enxergar às violências edesumanidades que as existências travestis enfrentaram durante o declínio efim da ditadura e do início da nova democracia. Muito para além do discursomoralista, patriarcal, religioso, criminológico, médico-legal sobre corposlegítimos ou não, a questão da AIDS – doença que surgiu de forma epidêmicadurante a década de 1980 – também foi um fator crucial para orecrudescimento da violência, do preconceito, contra às travestis. Palavras-chave: História das Homossexualidades; Travestis; Gênero;Ditadura Militar.

Promíscua, infiel e depravada: os usos das representações das práticasbissexuais contra a rainha Maria Antonieta

Autora: Bianca de Sousa Guimarães (UnB)

Resumo: Objetivou-se abordar no artigo a forma como as representações darainha Maria Antonieta em práticas sexuais com homens e mulheres foramusadas para difamar a sua imagem política, refletindo as ligações possíveisentre passado e presente, pensando as influências da estrutura socialpatriarcal na política e sociedade francesas revolucionárias, e, por fim,também problematizando os estigmas colocados às práticas bissexuais antesmesmo destas existirem enquanto uma identidade. Esta análise utilizou comofonte os panfletos pornográficos que circularam nas ruas da França noperíodo pré-revolução, pensando os significados da iconografia sexualizada esuas ligações com o amplo contexto revolucionário e iluminista francês. Palavras-Chave: História das Mulheres; Representações Sociais; Mulheresna Revolução Francesa.

Cura para quase tudo: mapeamento social de raizeiros e raizeiras,patrimônio imaterial do Distrito Federal

Autora: Eliana Aparecida Silva Santos Feitosa (UnB)

Resumo: O ofício de raizeiro ocorre em todo o território nacional, parteintegrante do patrimônio imaterial brasileiro, presente na memória e no dia adia da sociedade através do conhecimento tradicional sobre plantas ervas eseus usos. Este conhecimento é repassado de geração a geração através daoralidade e convívio. O objetivo geral desta pesquisa é identificar e mapear osraizeiros do Distrito Federal, analisando suas relações na dinâmica urbana eseu conhecimento tradicional construído e compartilhado através da

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metodologia da História Oral. É importante destacar que chás, efusões,garrafadas são historicamente utilizadas por populações em que o acesso àsaúde formal é deficiente ou ainda inexistente. O conhecimento tradicional fazparte da identidade e cultura do raizeiro que vive no Distrito Federal.Palavras chave: História Oral, Memória, Raizeiros, Mapeamento Social.

ST/05 – Culturas políticas nos anos da ditadura

Proponente: Professora Dra. Teresa Cristina Novaes Marques(PPGHIS/UnB)

Local no dia 19: Sala de Reuniões da Filosofia (ICC Norte-módulo24) Local no dia 20: Sala Aquário (ICC Norte-módulo 24)

A partir da leitura que Formisano (2001) oferece do conceito deCultura Política, este ST pretende reunir trabalhos que explorem osaspectos comportamentais de grupos políticos não hegemônicos nosanos de repressão política no Brasil, isto é, que linguagem os gruposescolhem para expressar as suas insatisfações políticas. Além deoferecer um espaço de debate sobre dinâmicas políticas de gruposnão integrados no sistema político institucional, o ST busca reunir,em abordagem comparativa, estudos sobre grupos políticos cujaidentidade se baseie no questionamento das relações de gênero eraciais da sociedade brasileira.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Sob o olhar da espionagem: o papel do movimento estudantil mineirocontra a Lei Suplicy (1964-1967)

Autor: Alexandre da Silva Braz (UFF)

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Resumo: Após a derrubada de João Goulart da Presidência da República nofinal de março de 1964, viu-se, mais uma vez, a constituição de um novoregime ditatorial no Brasil. O golpe civil-militar abriu as portas para uma sériecassação de mantados parlamentares, fechamento de associaçõesrepresentativas e perseguições a diversos movimentos sociais; e, também, deuinício a um processo de construção de uma estrutura burocrática-autoritária,cuja função era promover a espionagem, produzir informações,contrainformações e, sobretudo, realizar operações de repressão contra o‘’inimigo interno’’. A partir disso, a proposta deste artigo consiste em analisaras ações da Ditadura Militar de neutralizar as atividades do movimentoestudantil – com maior ênfase ao movimento estudantil de Belo Horizonte; efocalizaremos nossa pesquisa sobre as comunidades de informações e oaparato repressivo que aturaram sobre a Universidade Federal de MinasGerais, analisando quais eram suas matrizes ideológicas, como funcionavamos complexos mecanismos de controle e coletação de informação e,principalmente, suas formas de atuação sob o movimento estudantil mineiro.O estudo da documentação produzida pelo aparato repressivo do RegimeMilitar nos mostrará a grande atuação e vigilância de dois atores políticosatuando naquela universidade: a Infantaria Divisória da 4ª Região Militar e aagência de vigilância, o Serviço Nacional de Informação, estabelecendocontato direto com o Reitor e os diretores das Unidades Universitárias,autorizando o início do ano letivo, ordenando a instalação de Comissões deInquérito para investigar atividades subversivas envolvendo docentes,discentes e funcionários públicos da Casa, assim como promovendo diversasintervenções militares na UFMG por considerá-la uma célula comunista. Adocumentação aqui analisada aponta como a vigilância sobre o movimentoestudantil da UFMG foi intenso entre 1964 a 1967. Alunos brasileiros eestrangeiros acusados de atividades subversivas foram investigados,Diretórios Acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes tiveram seusdireitos de representação suspensos e suas instalações fechados inúmerasvezes por não criarem um Regimento nos moldes da Lei Suplicy. Dessa forma,buscaremos apontar como a UFMG e o ME foram fortemente atacados, diretae indiretamente, e vigiados pelo aparato repressivo. Mais do que isso,mostraremos como a universidade teve sua autonomia ferida e como o Estadoautoritário que ali se constituía buscava desarticular e neutralizar o ME,criando novas entidades de representação controladas pelo MEC e legislaçõesque o proibiam os estudantes de exercerem sua liberdade de expressão eassociação.

Palavras-chaves: Ditadura Militar; Cultura Política; Comunidade deInformações.

A vida cultural brasiliense face à Ditadura Militar: possibilidades e

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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ISBN: 978-85-64593-65-7

limitações

Autora: Amanda de Oliveira Passos (UnB)

Resumo: O objetivo principal deste artigo é realizar uma análise de parte davida cultural brasiliense frente à censura da ditadura militar, com enfoquemais específico no ano de 1976. O interesse principal é demonstrar aquantidade de dados levantados em relação à esta vida cultural mesmo com acensura comum à época. À luz da análise de uma série de matérias do Jornalde Brasília1, propõe-se levantar um debate acerca dos limites e possibilidadesde arte e cultura no Distrito Federal durante o período ditatorial.

Palavras-chave: Jornal de Brasília, Ditadura Militar, Vida cultural.

Por uma história social das memórias da ditadura militar brasileira

Autora: Natália Batista (USP)

Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar os debates históricos ehistoriográficos contidos no livro “A ditadura aconteceu aqui: a história oral eas memórias do regime militar brasileiro” organizado por Carolina Dellamore,Gabriel Amato e a autora desta proposta, Natália Batista. O livro apresentaaos leitores uma abordagem sobre um passado-presente da história brasileira– a ditadura militar. Ele tentou contemplar temas e sujeitos diversos,observados a partir de pressupostos teórico-metodológicos diferentes entre si,mas que têm em comum a utilização da história oral nas pesquisas e nasnarrativas históricas contempladas. Em conjunto, pode-se dizer que os textosafirmam: A ditadura aconteceu aqui, entre nós, e muitas são as vozes quepodem narrar os traumas, os jogos de estratégias e táticas, os afetos e asexperiências vivenciados neste contexto. Para situar o livro e suas motivações,é preciso responder uma importante pergunta: Qual o lugar da história oral edas memórias sociais no estudo da ditadura militar no Brasil? Algumaspeculiaridades do longo regime autoritário que vivemos entre 1964 e 1985,tornam a resposta desta questão plena de matizes e tensões. É precisodestacar que a própria longevidade do regime permitiu, de maneiracontraditória e paradoxal, a sedimentação de muitas memórias daquelaexperiência histórica ainda durante sua vigência política. A partir destasproblematizações convidamos uma gama diversa de pesquisadores querealizaram trabalhos de campo em história oral para participar do projeto. A

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ideia é sublinhar a diversidade das memórias sobre a ditadura e, por isso, háhistoriadores que trabalham com diferentes grupos sociais: mulheresmilitantes da luta armada, artistas do teatro de resistência, operários daCidade Industrial de Contagem, militares, estudantes universitários queparticiparam do Projeto Rondon, familiares de mortos e desaparecidos,militantes dos movimentos negros, moradores das regiões de guerrilha que seaproximaram das Forças Armadas, moradores das agrovilas daTransamazônica, populações indígenas, anarquistas, pessoas LGBT+, presospolíticos. Nos trabalhos que compõem essa publicação, as fontes oraisdialogam com fontes escritas, com o tempo em que foram produzidas e com ostempos em que foram re/vividas, buscando compreender os conflitos, asdisputas e os interesses que permeiam as memórias narradas. A ditaduraaconteceu aqui, é preciso que saibamos. Mas não teve forma única e nem teveponto final. Nunca terá. No entanto, ouvir os sujeitos que a viveram, tentarcompreender como suas lembranças compõem o nosso presente e colocarsuas narrativas em perspectiva pode ser uma forma de compreender osdeslocamentos do presente.

Palavras-chave: Ditadura Militar; História Oral; Memória.

O feminismo de Heloneida Studart na obra "Mulher Objeto de cama emesa"

Autora: Lorena Coutinho (UnB)

Resumo: A relação entre história e literatura é uma relação válida e longa,que apesar de não saciado os debates, dispuseram em favor da harmoniaentre ambos. Portanto, neste presente trabalho pleiteamos discorrer arespeito da cultura feminista da década de 1970, tendo como locus depesquisa o livro, Mulher objeto de cama e mesa escrito em 1974, porHeloneida Sturdat, escritora, jornalista, feminista e posteriormente deputadapelo MDB. A autora usa uma linguagem direta que mostra a condição damulher naquele momento histórico, denunciando os abusos impostos elevantando-se contra o padroado imposto a elas. Carregada de uma escritajornalística e cheio de imagens o livro é didático, deixando claro os pontoslevantados e criticados pela autora. Traços que saltam do livro e quedistinguimos como pertencentes a uma cultura política própria ao movimentofeminista brasileiro da década de 1970. Usitamos como corpus documental, aprimeira edição da obra de 1974. O suporte teórico pautara-se nos autorascomo Joana Maria Pedro e Cynthia Sarti entre outros, ajudaram a terconhecimento a respeito do Movimento Feminista na década de 1970; SergeBerstein e Ronald Formisano auxiliaram nas análises sobre Cultura Política.Este estudo pretende colaborar nos debates a respeito de História e

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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Literatura, Ditadura Civil–Militar e Cultura Política e estes eixos temáticosarticulados com o tema movimentos feministas; refletiremos as mudanças nopensamento das mulheres militantes e a política que exerciam. Sendo parte deum trabalho maior, ainda não chegou a maturação e conclusões satisfatórias,assim sendo, não apresentar-se-á dados perfeitos e sim pontos que ossuscitaram.

Palavras-chave: Ditadura civil-militar; Feminismo; Literatura.

Memória e Identidade: imaginários sobre a ditadura no processo deguerrilha urbana no eixo Goiânia/Brasília

Autor: Vinicius Victor do Prado Pereira (UnB)

Resumo: Inserido no contexto de oposição ao governo implantado em 1964 oprocesso de guerrilha urbana cresce após 1968 e se estabelece para combatero regime vigente; nesse trabalho busca-se o entendimento dos movimentos deguerrilha em Goiânia e Brasília nos anos dos militares no poder, sob a ótica da11ª Circunscrição Judiciária Militar. O objeto aqui discutido é a análise doimaginário sob o viés do processo de guerrilha urbana nas cidades de Brasíliae Goiânia e a construção do conceito de subversão ligado aos guerrilheiros.Sob a ótica dos militares envolvidos nesse processo a questão do imaginárioproposto como uma relação de contraposição de pensamentos, nesse caso dosmilitares e das organizações ligados aos setores de esquerda. Apoiado pelaperspectiva da História Social e Cultural há um processo de questionamentodas fontes, sendo essas fontes questionadas ao conceito de imaginárioconstruído pelos militares. As informações desse trabalho aproximam o objetoda pesquisa ao interlocutor dessas duas capitais, assim como para aqueles quese interessarem pelas relações sociais construídas nesse período. A posição doministério público da 11ª CJM acerca dos réus é construída sob o Decreto-Lein° 898/69 e o n°510/69, assim o Estado é usado como legitimador essasacusações e posteriormente condenações dos réus como inimigos do estadoforam julgados e sentenciados perante um órgão da justiça militar. A guerrilhaé analisada nas duas cidades de atuação se não expressiva pelo menosexistente, a fonte coliga os movimentos nas cidades; sendo assim o conceitode inimigo interno é atrelado não somente a atividades de guerrilha, mascomo influenciadores políticos da população.

Palavras-chave: guerrilha, ditadura, imaginário.

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1968 e a política criminal de drogas brasileira

Autor: Luiz Henrique Santos Brandão (UnB)

Resumo: A Ditadura Militar não foi o primeiro exemplo da aplicação dapolítica de perseguição aos usuários de drogas no Brasil, no entanto, o golpede 1964 pode ser considerado como uma espécie de divisor de águas namedida em que passa a associar o uso de drogas aos movimentos de‘subversão’ política. Esta associação marca a transição do modelo sanitário –comum ao Segundo Reinado e à Primeira República –, para o bélico. Em1964, a Lei nº 4.483 cria o Serviço de Repressão a Tóxicos e Entorpecentes ereorganiza os departamentos de Polícia Federal de modo a expandir eradicalizar o controle e a vigilância policial sobre o cotidiano. Mais tarde,utilizando-se dos poderes instituídos pelo parágrafo 1º do artigo 2º do recémdecretado Ato Institucional de nº 5, o general Costa e Silva introduz uma sériede alterações legais no artigo 281 – que tipificava o crime de tráfico –, pormeio do Decreto-Lei de nº 385. Entre as principais mudanças, vale destacar aequiparação das penas previstas para usuário e traficante (§ 1º, inciso III),marcando um distanciamento do modelo de diferenciação. Trata-se de umpadrão legiferante sintomático da radicalização do Sistema de SegurançaNacional, que produziu extensa estrutura legislativa dirigida ao combate do‘inimigo’ interno. O estranhamento que conduzirá minha análise é, portanto,o de que a Constituição de 1988 não só não revê a Lei de Tóxicos produzidapela ditadura como radicaliza o modelo repressivo, equiparando o crime detráfico aos crimes hediondos no que diz respeito ao processo penal. Assim, apartir de 1988, o “tráfico ilícito de entorpecentes” passa a ser punido com omesmo rigor que crimes como tortura, estupro e terrorismo, não sendosuscetível à fiança nem anistia e com pena fixada em até 15 anos em regimefechado (mais do que o dobro previsto pela lei anterior).

Palavras-chave: Ditadura Militar; Guerra às Drogas; CF88; Lei de Drogas;

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ST/06 – Escola Democrática, Escola Cidadã: Os desafios daigualdade/diferença

Proponentes: Professora Dra. Dayane Augusta Santos da Silva (IFB);Professora Dra. Diva do Couto Gontijo Muniz (UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 07 – Faculdade de Direito

Propomos um amplo e diversificado espaço para reflexão ecompartilhamento de experiências e conhecimento acerca dasabordagens de gênero/ raça / classe nos currículos de ensino dehistória e nas práticas docentes cotidianas, nos três níveis de ensino.Entendendo a escola como campo político, atravessado por tensões edisputas, por relações de poder, pretendemos, nesse espaço, pensar eagir em relação aos desafios contemporâneos para a construção deuma escola cidadã, comprometida com o projeto político de respeitoás diferenças, sem abrir mão, porém, do direito de igualdade daspessoas ao ensino gratuito e de qualidade. Com tal propósito, investe-se, nesse simpósio, na possibilidade de abrigar múltiplas experiênciasde ensino, de pesquisa e de projetos pedagógicos da área dehistória/humanidades no ensino fundamental, médio e/ou superior.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

O Livro Didático como Tecnologia de Gênero: uma análise da formacomo as mulheres são apresentadas na Coleção História de EditoraSaraiva

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Autora: Valéria Fernandes da Silva (Colégio Militar de Brasília)

Resumo: O livro didático é o principal instrumento de trabalho de professorese alunos e as mulheres são o grande ausente da História ensinada nas escolas.Ainda que nas últimas duas décadas os estudos de gênero e as pesquisas comos livros didáticos tenham suscitado reflexões e críticas aos silêncios emrelação às mulheres e outras minorias, como os negros, os LGBTQ, e outrosgrupos sub-representados, o material que chega às nossas escolas ainda semostra insuficiente, seja para preencher lacunas, seja para discutir novaspossibilidades para o estudo da disciplina. A questão da representação daschamadas minorias – mulheres, negros, indígenas, jovens, crianças, etc. – noslivros que chegam às mãos de nossos estudantes tem impacto direto naconstrução do imaginário dos alunos e alunas sobre os mais diversos grupossociais e sua atuação ao longo da História. Em nosso trabalho, vamos analisara forma como as mulheres são representadas, ou são silenciadas, em umacoleção que consta no último do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático),os volumes 1, 2 e 3 da coleção História da editora Saraiva, de autoria deRonaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria, Jorge Ferreira e Georgina dos Santosa partir da perspectiva dos Estudos Feministas e de Gênero, isto é,percebendo a literatura em questão como tecnologias de gênero que atuam naconstrução de homens e mulheres, assim como na percepção das relações ehierarquias de gênero e na percepção do mundo para além da sala de aula.

Palavras-Chave: Livro didático, Mulheres, gênero.

Cinema e história das mulheres: possibilidades para o ensino deHistória

Autora: Rebecca Maria Queiroga Ribeiro (UnB)

Resumo: Neste artigo, discutimos as possibilidades de abordagem de doisfilmes históricos – Alexandria (2009) e Joana D’Arc de Luc Besson (1999) – noensino de história das mulheres. Apresentamos algumas análises eorientações pedagógicas, tendo em vista as possibilidades de utilização dosfilmes históricos enquanto recursos didáticos que visam um ensino de históriaque promova a historicização da violência contra as mulheres. Em umprimeiro momento, pretendemos realizar algumas observações pontuaisacerca das representações de gênero e do recurso didático do filme históricoem sala de aula, definindo o que consideramos como filme histórico e suacontribuição para o ensino de História. Em seguida, propomos algumaspossibilidades de leituras guiadas por dois filmes históricos específicos:Alexandria (2009) e Joana D’Arc (1999). Entendemos que é fundamental que

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as/os professoras/es promovam a desnaturalização de concepções de gêneroque ainda são base para práticas e discursos de discriminação e violênciacontra as mulheres em nossa sociedade, e que o cinema abra espaço paraesses debates, por permitir um momento de crítica e análise acerca docontexto histórico visto em tela, assim como a forma com que o filme seapropria do discurso historiográfico. Os filmes históricos enquanto recursosdidáticos podem suscitar uma série de questionamentos sobre a história e asrepresentações das mulheres e das relações de gênero, podendo de algumaforma colaborar na educação para a igualdade de gênero e enfrentamento daviolência contra as mulheres no tempo presente. Os filmes selecionados nesteartigo representam contextos históricos que estão sempre presentes nos livrosdidáticos – Alexandria versa sobre a cristianização do Império Romano,enquanto Joana D’Arc aborda a Guerra dos Cem Anos – e, muitas vezes, nãovemos a presença das mulheres nesses contextos em sala de aula. A propostade abordagem dos filmes históricos levanta reflexões sobre a violência degênero presente nesses contextos, questionando sobre as mulheres durante osperíodos analisados. Essa proposta coloca em evidencia a história dasmulheres, com o objetivo de promover um ensino de história que estejapreocupado em desnaturalizar concepções de gênero e questionar osmecanismos de exclusão e opressão das mulheres na história.

Currículo e discussões de gênero em prol de uma escola maisdemocrática

Autoras: Karoline Rabelo de Andrade (UniPROJEÇÃO) e Celly CristinneCaldas Frota (UniProjeção)

Resumo: As questões sobre gênero ainda são temas de debate e de análiseprincipalmente nas escolas, e as matrizes curriculares feitas por elas nemsempre se dispõem a trabalhar com as discussões a respeito deste âmbito ouquando se é trabalhado não são analisados como estão sendo empregados asdiscussões a respeito desse assunto. Diante de tal cenário, o objetivo dessapesquisa é questionar se a escola tem efetivado as discussões de gênero. Paratal, será analisado o projeto “Mulheres Inspiradoras”, desenvolvido no Centrode Ensino Fundamental 12 (CEF12) de Ceilândia elaborado pela professoraGina Vieira Ponte. Apple (2006) analisa que a formação do currículo enquantoárea de concentração de conhecimentos tem sua raiz no controle social. Nessesentido, o controle social se tornou o aspecto mais evidente do estudo docurrículo, posto que o domínio dessa seleção cultural seja essencial para apreservação de privilégios sociais e interesses do conhecimento dito legítimo.Nesse sentido, é possível verificar que os estudantes recebem por meio doscurrículos determinados significados que são as prerrogativas paramanutenção do afastamento de grupos menos favoráveis. Sacristán (1998,p.124) corrobora a perspectiva de Apple sobre distribuição cultural. Issosignifica dizer que na escolarização não se aprende tudo e nem todos

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aprendem o mesmo, assim tanto Apple quanto Sacristán apontam ainvestigação do conteúdo por meio do currículo como sendo fundamental paracompreender a reprodução cultural. É nesse sentido que essa pesquisapretende indagar como o currículo desenvolvido por essa escola rompe com areprodução cultural e com a hegemonia heteronormativa. Para talcompreensão, será utilizado como metodologia a análise documental comoforma de compreender as percepções e adequações de objetivos e organizaçãoda proposta em relação a epistemologia feminista e à história das mulheres,utilizando como base para tais análises os trabalhos desenvolvidos por JoanScott, Michele Perrot e Margareth Rago. É importante ressaltar que ajustificativa para que este projeto de pesquisa possa se aprofundar no assunto,são as taxas altas de feminicídio e os casos de homofobia. Não cabendo excluira escola deste tipo de violência, visto que ela também enfrenta problemas emsancionar as atitudes discriminatórias que ocorrem em seu ambiente, e queenvolvem principalmente as ações ligadas ao gênero e a orientação sexualafetando diretamente seus alunos.

Palavras-chave: Currículo, Gênero, Ensino, Escola.

Discutindo representações de gênero em sala de aula: relato de umaexperiência com estudantes do ensino médio de uma escola pública deTaguatinga - DF (2017).

Autora: Ana Vitoria Sampaio Castanheira Rocha (UnB)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo relatar a experiênciacom a oficina "História das representações de gênero" associada ao projeto deextensão "Mbopyau - Ensinando Histórias do Possível", da Profª. Drª. SusaneRodrigues de Oliveira (Departamento de História - UnB). As oficinas foramministradas por alunas e alunos dos cursos de graduação e pós-graduação emHistória desta Universidade, que por meio de imagens, dinâmicas ediscussões, levaram para três turmas do Ensino Médio de uma escola públicade Taguatinga - DF, o debate sobre a desigualdade entre homens e mulheres.Os objetivos das oficinas eram registrar, discutir e também questionarestereótipos de gênero que ainda estão em circulação na sociedade,perpetuando o sexismo e a misoginia entre as gerações mais novas. Emcontrapartida, foram apresentados exemplos de mulheres na Historia quequestionam tais representações, confrontando diretamente a desigualdade degênero.

Palavras-chave: Representações de Gênero, História das Mulheres, ProjetoMbopyau.

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O PNLD em suas redes interdiscursivas: Análise de Editais deConvocação do Programa Nacional do Livro e do Material Didático

Autor: João Rodrigues Quaresma Neto (UnB)

Resumo: Esse trabalho aborda editais de convocação do que, atualmente, sechama Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Nesseseditais, estão especificadas as características que os livros didáticos devempossuir para serem distribuídos no âmbito do PNLD. O foco dessa exposiçãooral recai sobre os itens relativos à formação cidadã, a saber, itens que tratamparticularmente da questão étnico-racial e de gênero. O fio condutor dessaapresentação, então, é o questionamento sobre os possíveis impactos dessesitens para a elaboração dos livros voltados para o ensino de história. Com esseintuito, optamos por selecionar como fontes os editais do PNLD 2015 ao PNLD2020. Assim, podemos demonstrar as permanências e mudanças nos últimosciclos desse programa para o ensino de história no que concernem osreferidos itens.

Palavras-chave: Editais, PNLD, Ensino de História.

O lugar da História africana nos livros didáticos: reflexões acerca dacoleção “História Global”

Autora: Adínia Santana Ferreira (UnB)

Resumo: O presente trabalho objetiva analisar o lugar que a História daÁfrica ocupa nos três volumes da coleção didática “História Global”,selecionada para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2018.Assinados por Gilberto Coutrim e publicados no ano de 2018, os livros sãodirecionados ao público que cursa o Ensino Médio da Educação Básica.Procuraremos mostrar as representações sobre o continente presentes nostextos e nas imagens inseridas no corpo das obras, atentando-se para as osassuntos priorizados, omitidos ou silenciados. A investigação aqui propostanasce da busca por obter um quadro que informe como a África vem sendoretratada nos manuais didáticos, haja vista que a elaboração deste tipo deliteratura é influenciada por programas governamentais, pelo mercadoeditorial e por currículos nacionais e estaduais.

Palavras chave: História da África, Livro Didático, Representações, Ensinode História.

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Eugenia, Infância e Educação no Brasil a partir das publicações doBoletim de Eugenia (1929-1933).

Autor: Douglas de Araújo Ramos Braga (Colégio Militar de Brasília)

Resumo: A Eugenia, termo cunhado pelo cientista britânico Francis Galton,surgiu em meados do século XIX como a ciência do aprimoramento humano.Em meio ao cientificismo e às discussões sobre evolucionismo ehereditariedade, Galton acreditava ser possível aprimorar o estoque genéticohumano por meio da seleção e reprodução daqueles indivíduos consideradosadequados. As ideias eugênicas se espalharam por várias regiões do mundo noinício do século XX, ora enfatizando políticas de matrimônio e perpetuação dedeterminados agentes, ora medidas mais “duras”, como esterilizaçãocompulsória e eutanásia. A Eugenia, assim, apresentou um caráter polimorfo,com especificidades e discussões variadas nos diversos países em que sedesenvolveu. No Brasil, a Eugenia cresceu especialmente a partir dos anos1910, com a fundação da Sociedade Eugênica de São Paulo e a atuaçãopreponderante do médico paulista Renato Kehl. Dentro de um contexto emque as elites e intelectuais brasileiras se preocupavam em levar o país emcaminho à “modernidade” e “civilização”, as ideias eugênicas encontraramgrande acolhida, embora não sem resistências e nem discussões sobre suavalidade, ou mesmo entre os eugenistas brasileiras sobre questões-chavenaquele momento histórico, como a mestiçagem e o branqueamento dapopulação. A fundação do Boletim de Eugenia, em 1929, foi um marco nesteprocesso, sendo a primeira publicação voltada exclusivamente para apropaganda eugênica criada no Brasil, seguindo a linha de seu criador, RenatoKehl. Neste mesmo período, crescia a preocupação com a infância, suaeducação e formação, vista como elemento fundamental para o crescimento eregeneração da nação, com uma série de discussões e políticas sendoelaboradas em torno da população infantil. Medidas eugênicas eramentendidas como fundamentais para a gestação e bom crescimento dascrianças. Neste sentido, entendendo a Eugenia como um movimento científicoe social, buscaremos analisar como o Boletim de Eugenia, durante o períodoem que foi publicado (1929-1933), buscou difundir determinadas ideias,representações e políticas sobre e para a infância, tema ainda poucoexplorado na historiografia da Eugenia, visando aprofundar a relação entreteorias eugênicas e infância no Brasil.

Palavras-Chave: Eugenia; Infância; História do Brasil.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

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Concepções e sentidos de história e ensino de história na EducaçãoBásica do Distrito Federal: o caso do Centro de Ensino Médio 02 daCeilândia

Autor: João Pedro Sales Fernandes (UnB)

Resumo: O ensino de história aparece quase que de forma naturalizada entreos que vivenciam a educação básica no Brasil. É por isso que, longe dosambientes acadêmicos, acabamos não refletindo com a devida profundidadesobre as concepções e sentidos que são atribuídos e gerados a partir doensino de história. Nas salas de aula coexistem diferentes sentidos sobre opassado e se constroem diferentes relações entre estudantes e o estudo dasatividades humanas no passado. Pensando na importância de tais acepções,este trabalho busca conferir alguns desses significados atribuídos porestudantes do Terceiro Ano do Ensino Médio do Centro de Ensino Médio 02(CEM 02) da Ceilândia, Região Administrativa do Distrito Federal. Para atingiresse fim, foi realizada uma oficina em três turmas do Terceiro Ano, comaplicação de questionários que tentavam traduzir os sentidos atribuídospelos/as estudantes à palavra “história”, a importância dada ao seu estudo ede que formas acreditavam que ela aparecia em suas vidas fora do ambienteescolar (cinema, jogos, televisão, etc.). A partir da análise dos discursosproduzidos nos questionários, podemos traçar alguns apontamentos sobre omodelo de ensino de história e os conteúdos adotados na educação básicabrasileira, ainda pautado pelo eurocentrismo e com pouco diálogo com amaioria da população brasileira (JOSÉ DA SILVA; MEIRELES, 2017). A partirdeste trabalho, pensando no rompimento com os legados do colonialismo,podemos pensar em novos objetivos para o ensino de história. Tendo em vistauma perspectiva decolonial e visando ao direito ao passado (OLIVEIRA, 2014),é possível construir uma nova relação entre a sociedade brasileira e o seupassado.

Palavras-chave: ensino de história; passado; educação básica;decolonialidade.

Vivas histórias de vida: ensino-aprendizagem de história comopossibilidade transformadora no Recanto das Emas, DF.

Autor: Jorge Artur Caetano Lopes dos Santos (Secretaria do Educaçãodo DF)

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Resumo: Entre 2014 e 2018, realizei pesquisa na cidade-satélite do Recantodas Emas, região administrativa do Distrito Federal, em que analisei edialoguei com relatos memorialísticos de moradoras dessa localidade. Asnarrativas de mulheres, todas elas avós de alunas e alunos de uma escoladessa cidade, permitiram dar a ver e a ler as possibilidades de narrar esseespaço urbano, sua espacialidade, entre outros eixos-temáticos que faziamdesse lugar um espaço no sentido proposto por Michel de Certeau. Essetrabalho encontra-se em minha tese de doutorado defendida em março desseano no PPGHIS - UnB. No presente ano, a pesquisa, que ao contrário da tesenão finda, retornou para o espaço escolar de onde havia me licenciado. Trago,portanto, no presente texto algumas análises dos resultados do diálogo entre apesquisa acadêmica e minha prática de ensino-aprendizagem de história emdez turmas de 6º ano do ensino fundamental. Essa análise é pautada pelo meuinteresse de romper com os ranças tradicionais da escola costumeiramentepraticada nas salas de aula dos diferentes níveis de ensino. Dessa forma,quatro são as questões aqui destacadas: a relação história, memória eidentidade na sala de aula tendo em vista a promoção de novas formas desubjetividade indicada por Foucault; histórias de vida e história local comoalternativas significativas ao quadripartismo europeizante tradicional; avalorização da diversidade e a pluralização dos sujeitos como eixo transversaldas práticas escolares.

Palavras-chave: Ensino de história, Memória, Histórias de vida.

"O Mulato" como veículo para representar/problematizar o Brasiloitocentista nas aulas de história

Autor: João Pedro Pereira Rocha (UFG)

Resumo: A historiografia, ao longo de seu desenvolvimento, registroutransformações significativas que modificaram a forma como historiadoresobservariam o passado. Essas mudanças podem ser visualizadas desde asraízes cientificas do conhecimento histórico, em fins do século XIX, até aatualidade. Nos anos 1980, aproximadamente, emerge uma tendência queprocurou repensar a relação entre História e Antropologia sobre aspectosdiferentes daqueles registrados anteriormente, surge assim à Nova HistóriaCultural. No contexto da Nova História Cultural o passado enquantorepresentação ganhou destaque em pesquisadores como Roger Chartier(2006) (1988) causando forte influência nas pesquisas históricas e,atualmente, permitindo (re) pensar o conhecimento histórico nos diversosespaços, a exemplo do escolar. Nesse sentido, é objetivo do presente trabalhoanalisar o modo como, por meio da literatura, a representação, em sua relaçãocom o passado, pode servir ao ensino de história em consonância com a

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proposta para Educação das Relações Étnico-Raciais, e que orienta aspolíticas da diversidade para a Educação Básica. Para tanto, construímos umpercurso metodológico atento à relação entre história, literatura e ensino.Essa relação é possível a partir de um posicionamento que pensa o romance OMulato (1881), de Aluísio de Azevedo, como fonte para análise/discussão, nasaulas de história, e em aproximação com Diretrizes Curriculares Nacionaispara a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História eCultura Afro-Brasileira e Africana. O romance, assinalado, serve comocaminho de possibilidade, por meio do qual professore e estudante, podemverificar o modo como, no Brasil do século XIX, o preconceito racial semanifestava em meio às relações sociais. Tratado como representação dopassado o romance O Mulato permite o diálogo com outras linguagens, aexemplo da própria literatura (quando do uso do romance Úrsula, porexemplo, entre outros), de charges e da imprensa que, no contexto do séculoXIX, expunha as dificuldades impostas à população africana e afrodescendenteno Brasil do período. Assim, e como possibilidade para o ensino de história, asrepresentações históricas possíveis por meio, e a partir, de O Mulatopermitem ao ensino da História problematizar o passado à luz da configuraçãosocial em sua relação com o preconceito racial e o(s) lugar (es) do negro nodesenvolvimento da sociedade brasileira.

Palavras-Chave: Ensino de História. Literatura. Representações.

A universidade agindo na sociedade: o PADU/UFT e o acessodemocrático a universidade

Autores: Walkeny Izidio Soares Macêdo (UFT), Maycon Dougllas Vieirados Santos (UFT) e Wedster Felipe Martins Sabino (UFT)

Resumo: O Programa de Acesso Democrático à Universidade - PADU, foicriado pela Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários(PROEX) da Universidade Federal do Tocantins, em 2010 e normatizado pelaResolução do CONSEPE nº 09 de 15 de abril de 2015 (CONSEPE/UFT, 2015).O Programa tem como objetivo agregar e fortalecer cursos preparatórios (Pré-Vestibulares) existentes nos Campus da UFT e nas comunidades vizinhas. Écomposto por estudantes de graduação que, bolsistas ou voluntários, atuamcomo Professores de suas respectivas áreas. As atividades do PADU/UFTrelatadas aqui são realizadas no Campus de Porto Nacional, em parceria como Colégio Estadual Angélica Ribeiro Aranha. Os encontros, abrigados peloColégio, acontecem aos sábados e são compostos por duas aulas diversas, coma duração de uma hora e meia cada. Além das aulas, os professores-voluntários, junto aos Coordenadores do PADU preparam atividades deintegração dos estudantes ao Campus da UFT, como simulados, visita aos

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laboratórios e apresentação dos Cursos de Graduação da Universidade. Oprojeto nasce, com a preocupação de minimizar a exclusão histórica dedeterminadas classes e/ou grupos minoritários de nossa sociedade no que dizrespeito ao acesso dos mesmos a uma educação pública, gratuita e dequalidade. Temos como consensual a tamanha desigualdade que há entreestudantes de escolas públicas e privadas e como essa questão afetadiretamente no ingresso ou na restrição desses estudantes ao ensino superior.Tendo em vista os desafios que essas iniciativas possuem, o presente trabalhopretende relatar as experiências vivenciadas pelos professores voluntários doprograma, na tentativa de captar quais as dificuldades enfrentadas nodecorrer do projeto, bem como, descrever as ações realizadas durante o anode 2018, que exigiram de bolsistas, voluntários e estudantes certo esforçopara além das quatro paredes da Universidade/Escola. Por fim, pretende-secontribuir com os debates acerca do acesso à Educação, acreditando ter aUniversidade papel central na quebra de vários estigmas sociais que temcontribuído fortemente na exclusão de grupos historicamente marginalizados.

Palavras-chave: Educação; Democracia; Desigualdades; Formação deProfessores.

Perfil dos Estudantes de Licenciatura em História da Universidade deBrasília".

Autora: Nathália Barros Ramos (UnB)

Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar o perfil socioeconômico dosestudantes de licenciatura em história da UnB, nos anos de 2014 a 2017, apartir de variáveis físicas, educacionais e econômicas. Empreendemos umametodologia com abordagem quantitativa, que se desenvolveu em três etapas:levantamento bibliográfico; levantamento de dados específicos do cursoelegido, por meio de questionário socioeconômico aplicado pelo Programa deAvaliação Seriada (PAS), Censo Superior e Vestibular, e tabulação e análisedos dados. Referente aos resultados, identificamos que o perfil dos estudantesingressantes na licenciatura em história, mantém um equilíbrio em relação aosexo. A idade nos mostra que o estudante e futuro professor de história éjovem, com uma faixa etária correspondente aos recém saídos do ensinomédio. Em relação a cor, identificamos uma progressiva mudança entre oquantitativo de brancos e pardos, e se mantém estabilidade em relação anegros. A respeito do tipo de escola em que cursou o ensino médio, temos omaior número de ingressantes oriundos da escola pública. Em relação a rendafamiliar, os dados nos mostram uma diferença gritante nas formas deingresso, pois temos no PAS em 2014, um total de 56.25% de ingressantescom renda familiar correspondente a mais de 10 salários mínimo, enquanto novestibular esse número varia entre 20% e 25%. Sendo o número de estudantes

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que se enquadram no grupo social de baixa renda, muito inferior a totalidadedas vagas. Ao analisarmos o curso de história em âmbito nacional,constatamos que os ingressantes oriundos do PAS destoam expressivamenteem comparação ao restante do Brasil, já os ingressantes pelo Vestibularcorrespondem ao percentual geral nacional. Os dados nos revelam queembora esteja ocorrendo uma mudança progressiva no panorama de ingresso,e os dados estejam começando a refletir a implementação das cotas sociais, oacesso ainda se dá por uma elite rica e branca que é minoria se comparada asociedade brasileira, mas que configura uma maioria esmagadora nalicenciatura em história, na UnB. Co-autoras do trabalho: Kátia AugustaCurado Pinheiro Cordeiro da Silva –UnB e Ana Sheila Fernandes Costa- UnBPalavras-Chave: Perfil Socioeconômico; Licenciatura em História;Ingressantes.

Representações de Mulheres Negras: Literatura de Jorge Amado nasLentes do Cinema (1935 - 2011)

Renata Melo Barbosa do Nascimento (UnB)

Resumo: Esta comunicação tem como tema de estudos as representaçõescinematográficas de mulheres negras difundidas em filmes, baseados nasobras literárias de Jorge Amado, como Jubiabá (1987), Capitães de Areia(2011), Os pastores da noite (1979), Dona Flor e seus dois maridos (1976) eTenda dos Milagres (1979), produzidos pelos cineastas Nelson Pereira dosSantos, Cecília Amado, Marcel Camus e Bruno Barreto. Propõe-se umaabordagem discursiva das representações sob o aporte teórico dos estudosfeministas interseccionais, com ênfase nas vertentes dos feminismos negros,pós-estruturalistas e decoloniais, com o objetivo de investigar as condições deprodução, sentidos, significados, valores, crenças, imaginários, práticassociais e modos de subjetivação que informam as imagens das mulheresnegras difundidas nestes filmes.Trata-se, também, de apreender confluênciasquanto às imagens e lugares atribuídos às mulheres negras, desvendandoconexões históricas e culturais. Por outro lado, busca-se ainda apreender avariabilidade e as divergências na maneira como as mulheres negras sãoretratadas nas obras em questão, com atenção às ênfases de cada autor. Essaproposta de análise, atenta, sobretudo, para o caráter histórico e cultural dasrepresentações, com a finalidade de desnaturalizá-las, abrindo espaço paraque outras representações possam ser construídas e veiculadas, pondo emquestionamento linguagens e imagens que foram tomadas como verdadeiras enaturais acerca das mulheres negras no Brasil. Permite ainda a compreensãode que as mulheres negras são sujeitos com subjetividades plurais e múltiplas,que não são fixas ou permanentes, e que, portanto, se transformam e serelacionam com vários outros aspectos da vida social, como classe, raça,

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profissão, geração, religiosidades, sexualidade, dentre outros, ou seja, temasque se mostram relevantes ao serem abordados em sala de aula.

Palavras-chave: representações, mulheres negras, sexismo, racismo, JorgeAmado, literatura, cinema

Currículo e discussões de gênero em prol de uma escola maisdemocrática

Autora: Maria Beatriz Gomes dos Santos (UniProjeção)

Resumo: As questões sobre gênero ainda são temas de debate e de análiseprincipalmente nas escolas, e as matrizes curriculares feitas por elas nemsempre se dispõem a trabalhar com as discussões a respeito deste âmbito ouquando se é trabalhado não são analisados como estão sendo empregados asdiscussões a respeito desse assunto. Diante de tal cenário, o objetivo dessapesquisa é questionar se a escola tem efetivado as discussões de gênero. Paratal, será analisado o projeto “Mulheres Inspiradoras”, desenvolvido no Centrode Ensino Fundamental 12 (CEF12) de Ceilândia elaborado pela professoraGina Vieira Ponte. Apple (2006) analisa que a formação do currículo enquantoárea de concentração de conhecimentos tem sua raiz no controle social. Nessesentido, o controle social se tornou o aspecto mais evidente do estudo docurrículo, posto que o domínio dessa seleção cultural seja essencial para apreservação de privilégios sociais e interesses do conhecimento dito legítimo.Nesse sentido, é possível verificar que os estudantes recebem por meio doscurrículos determinados significados que são as prerrogativas paramanutenção do afastamento de grupos menos favoráveis. Sacristán (1998,p.124) corrobora a perspectiva de Apple sobre distribuição cultural. Issosignifica dizer que na escolarização não se aprende tudo e nem todosaprendem o mesmo, assim tanto Apple quanto Sacristán apontam ainvestigação do conteúdo por meio do currículo como sendo fundamental paracompreender a reprodução cultural. É nesse sentido que essa pesquisapretende indagar como o currículo desenvolvido por essa escola rompe com areprodução cultural e com a hegemonia heteronormativa. Para talcompreensão, será utilizado como metodologia a análise documental comoforma de compreender as percepções e adequações de objetivos e organizaçãoda proposta em relação a epistemologia feminista e à história das mulheres,utilizando como base para tais análises os trabalhos desenvolvidos por JoanScott, Michele Perrot e Margareth Rago. É importante ressaltar que ajustificativa para que este projeto de pesquisa possa se aprofundar no assunto,são as taxas altas de feminicídio e os casos de homofobia. Não cabendo excluira escola deste tipo de violência, visto que ela também enfrenta problemas emsancionar as atitudes discriminatórias que ocorrem em seu ambiente, e queenvolvem principalmente as ações ligadas ao gênero e a orientação sexualafetando diretamente seus alunos.

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Palavras-Chave: Currículo, Gênero, Escola

ST/07 – Caminhos e descaminhos da liberdade e cidadanianegra no Brasil independente

Proponentes: Professora Dra. Ana Flávia Magalhães Pinto (His/UnB)e Marcelo Balaban- (PPGHIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 09 – Faculdade de Direito

Em 2018, completam-se 130 anos da abolição da escravidão e30 anos da chamada “Constituição Cidadã” brasileira. Há pouco maisde três décadas, o cruzamento entre as demandas levantadas porsujeitos sociais atuantes nos momentos mencionados suscitourevisões e reflexões promovidas por intelectuais acadêmicas/os eativistas acerca dos limites, desafios e possibilidades da cidadanianegra no Brasil. Ao tempo em que os movimentos sociais protestavamcontra a “farsa da abolição” e descontruíam o “mito da democraciaracial” no cotidiano, historiadoras/es aprofundavam as pesquisas noâmbito do que ficou conhecida como Nova História da Escravidão. Osestudos s obre a liberdade negra e o pós-abolição, não por acaso, seconstituem em grande medida como desdobramento dessas frentesde leitura sobre a experiência brasileira, tendo ganhado o interesse

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de um crescente número de pesquisadoras/es e leitoras/es. Emsintonia com essa dinâmica, este Simpósio Temático, vinculado ao GTNacional Emancipações e Pós-Abolição da Anpuh, visa congregartrabalhos voltados a: trajetórias individuais e coletivas de pessoasnegras no campo e na cidade; racialização e etnicização; memóriasda escravidão e da liberdade; lutas e conquistas de direitos; práticasde associativismo negro em seus diferentes momentos e formas;interseccionalidade de raça, gênero, classe e sexualidade; entreoutros temas afins.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Liberto de pia. Os sentidos da liberdade e a trajetória política de PadreDaniel na Província do Amazonas (1858-1880)

Autor: Tenner Inauhiny de Abreu (UEA)

Resumo: O presente texto tem por objetivo analisar a trajetória política dopadre Daniel Pedro Marques de Oliveira, a partir de sua atuação na provínciado Amazonas, utilizando sua biografia política como chave interpretativa doprocesso de participação no sistema representativo do império e nas eleiçõesde indivíduos classificados como libertos no século XIX. As experiências docativeiro e a tentativa de mobilidade social por parte do sacerdotedemonstram as estratégias de trabalhadores cativos ou libertos, marcadospela sua origem racial. O uso dos jornais como fonte e de fontes oficiais(relatórios, falas e exposições de presidentes de província, atas da Assembleiageral e provincial) nos auxiliam com uma massa documental seriada e quetratam das experiências dos indivíduos na sociedade amazonense dooitocentos.Palavras-chave: Escravidão, liberdade, cidadania

“Nos cantos da minha história”: os vissungos como práticasidentitárias de escravos e seus descendentes no garimpo emDiamantina – MG (1833 – 1928)

Autor: Ada Vitenti (UnB)

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Resumo: Vissungos são cantos entoados pelos escravos e escravas na regiãodo garimpo em Diamantina - MG durante o século XIX e XX. Esse projeto dedoutorado insere-se na linha de pesquisa “História Cultural, Memórias eIdentidades”. O interesse nesse objeto para uma pesquisa em história recaisobre a possibilidade de explorar uma fonte que traga a experiência daescravidão a partir do ponto de vista do escravo, uma vez que os cantos foramuma das formas que tais sujeitos encontraram para contar e dar sentido a estaexperiência. Além disso, nos interessa sobremaneira a reelaboração dosvissungos pelos descendentes dos escravos na região citada, pois nos leva asupor que a rememorização dos mesmos constitui-se como elemento queconectou os descendentes aos seus antepassados numa relação queestabeleceu um espaço no qual identidades foram constituídas ereconstituídas, criando assim instrumentos que delimitaram fronteiras,conferindo-lhes poder de criar sua história, exercendo no cotidiano estratégiasque lhes possibilitassem atuar com autonomia.Palavras-chave: vissungos, escravidão, experiência, memória, identidade.

O Humanitismo como meritochacina: Machado de Assis, crítico dapedagogia excludente.

Autor: Marcos Fabrício Lopes da Silva (Faculdade JK)

Resumo: O grande elemento característico do fascismo no Brasil se encontrano fato de ele se assentar numa história de 300 anos de escravidão do povonegro, retirado à força da África (1550-1888), e das populações indígenasoriginárias. A escravidão de grande parte da população gerou um solonacional específico para as manifestações fascistas. Falar em fascismo noBrasil é se referir a um momento histórico que não pode ser entendido fora datradição de séculos de escravidão. O peso da escravidão, do autoritarismogovernamental e do fundamentalismo mercadológico asseguraram ascondições favoráveis para a disseminação de movimentos fascistas no país.Não à toa conta Machado de Assis (1839-1908), em Quincas Borba (1892), quea grande reflexão do Humanitismo dá-se a partir da premissa: “Ao vencedor,as batatas”, que surge de uma parábola contada pelo filosofo Quincas Borba,ao apresentar sua teoria a Brás Cubas. Para ele, a luta pela sobrevivênciapermite que as regras das relações interpessoais e intercomunitárias sejamusurpadas, pois o mais importante é a satisfação das necessidades pessoais eindividualistas. Ao afirmar que é “natural” que os seres lutem e que o maisfraco seja eliminado (“meritochacina” ou “darwinismo social”), Quincas Borbaaceita as desigualdades e injustiças sociais e as afirma como mecanismos de

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progresso. O termo Humanitismo e sua pedagogia excludente se revelamtambém como traço irônico de Machado de Assis voltado para criticar adegeneração, em terras brasileiras, do termo Humanitas, consagrado, desdeos tempos romanos, como concepção humanista que não se restringe ao idealde homem sábio, mas se estende à formação do homem virtuoso, como sermoral, político e literário.Palavras-Chave: Humanitismo; Machado de Assis; Pedagogia excludente.

Relações de poder no escravismo brasileiro: o caso do engenhoSantana, Ilhéus, em 1789

Autor: Andrey Soares Pinto (UnB)

Resumo: Este projeto busca analisar o caso de revolta escrava no engenhoSantana, em 1789, porém, levando em consideração as vivências, relações eperspectivas de mundo que foram engendradas nesse engenho. Possibilitando,assim, um melhor entendimento dos vínculos de poder que eram existentes noregime escravista brasileiro. A pretensão em compreender as representaçõessociais e os discursos que encontravam-se presentes nesse sistema, dos finaisdo século XVIII, tem como ênfase uma análise estrutural, mas sem esqueceros fatores subjetivos dos cativos que integravam tal sistema no contexto desteengenho baiano.Palavras-Chave: Resistência, Revolta escrava, Relações de poder.

Rosário associativo: Venerável Ordem Terceira do Rosário e coletivosde trabalhadores negros na cidade de Salvador (1888-1930)

Autora: Mariana de Mesquita Santos (UnB)

Resumo: No mesmo ano em que temos o 130º aniversário da aboliçãocompleta do trabalho escravo no Brasil, comemora-se também os 333 anos defundação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos doPelourinho, localizada em Salvador. Seu legado como promotora deexperiências para a população africana e afrodescendente para além docativeiro nos seus primeiros séculos de existência é recorrentementemencionado na historiografia. No entanto, poucos pesquisadores sedebruçaram sobre a sua trajetória após a emancipação, a partir do final doséculo XIX. Afinal, no contexto de liberdade, qual seria a importância dasirmandades negras em Salvador? Em 1900, esta confraria foi elevada aOrdem Terceira depois de muitas solicitações por parte dos seus confrades.Esta promoção certamente lhe conferiu maior prestígio como instituição eindividual para seus membros, sobretudo diante de um cenário avesso à sua

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permanência. Ao investigar os arquivos da agremiação, vimos que sua reuniãomuito provavelmente não se firmava apenas pela religiosidade. Oenvolvimento de muitos de seus membros com outras associações de relevosocial, político e religioso também nos atentou para o fato de que oengajamento de trabalhadores/as na cidade de Salvador se dava em diversasfrentes e a irmandade do Pelourinho era uma delas. Há vários nomes emcomum entre as listas de filiados de associações como a Sociedade Protetorados Desvalidos, Centro Operário da Bahia, Montepio dos Artistas, bem comooutras irmandades, demais associações por ofício, blocos carnavalescos ecasas de candomblé espalhadas pela cidade. Em muitos casos, o engajamentonestas organizações contribuiu para que estes sujeitos chegassem a ocuparcargos públicos na administração do estado. Esta recorrência nos apresentauma dimensão da atuação política do operariado baiano, que não deixou dever as irmandades como um espaço relevante na busca por igualdade. Sejapela utilização do seu espaço para reuniões, ou pelo trânsito das ideias eplataformas por meio dos encontros desses sujeitos nos seus eventos, aspautas da irmandade não estavam de fora de um projeto social e político.Assim, neste trabalho, buscaremos analisar a “geografia associativa”(BATALHA, p. 260, 2009) de trabalhadores da capital baiana, tendo comocentro a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosário, ressaltando o uso deseus espaços para o agenciamento não só cultural, mas também social epolítico.Palavras-Chave: Irmandades Negras, Associativismo Negro, Salvador, Pós-abolição.

“Os locutores do inferno”: representações de violências no RAP doFacção Central (1995-2006)

Autor: Matheus de Andrade Gomes (UnB)

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as representações de violêncianas letras de músicas do grupo de rap Facção Central entre os anos de 1995 e2006. Formado em 1989 na cidade de São Paulo, este grupo teve destaque naHistória do rap de São Paulo e do Brasil por suas letras que denunciam adesigualdade socioeconômica do povo negro, seu genocídio, as grandesmídias, seletividade do sistema judiciário, a violência policial e preconceitocontra o rap e moradores da periferia. Busca-se compreender se essasmúsicas desses grupos são fundamentais para a formação e o“empoderamento” político de milhares de jovens de periferia. Sobre o rap,recai o estigma de música “de bandido”, representação histórica reforçadapelos meios de comunicação. Tal imagem invisibiliza a compreensão do rapcomo expressão artística e política da cultura negra e periférica,fundamentando as ações estatais e policiais contra a juventude negra, estaque sofre vários tipos de violência, entre as quais a física, psicológica e

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material. A intenção desta pesquisa é ainda analisar como o grupo discutiutemas relevantes para as relações raciais no Brasil, comparando um grupoque tem como letrista e vocalista um rapper branco – Eduardo Taddeo, quecanta ao lado do rapper Dum Dum, este negro, buscando se apreender asdiferenças entre as representações deste grupo com grupos paulistas damesma época cujos letristas eram negros. Em que medida aautorrepresentação, músicos negros falando de negros, permite ou não ummaior rompimentos das imagens negativas sobre o povo negro construídashistoricamente? A pesquisa tem como referencial teórico-metodológico oestudo da história do rap no Brasil, estudos culturais acerca derepresentações e memórias, a história oral por meio de diversas entrevistasdadas em Tvs e vídeos no Youtube pelos integrantes do grupo e aepistemologia dos estudos produzidos por intelectuais negros sobre o racismoe colonialidade.Palavras-Chave: Facção Central; Representações; Violências.

Historiografia, genética de população, raça, racismo: A formação dopovo brasileiro

Autor: Flávio Henrique Freitas-Silva (UnB)

Resumo: Em 1500 o Brasil contava com 4 a 5 milhões de nativos, até meadosdo XIX entraram no Brasil cerca de 4 a 5 milhões de africanos e entre 0,5 a 1milhão de europeus, enquanto a população indígena nativa havia quasedesaparecido. Com proibição do trafico de escravos intensificam-se aimigração europeia estendendo-se até por volta de 1940 quando imigram parao País cerca de 4 milhões de europeus. A construção do Brasil constitui umaamálgama tri-híbrido a partir dos ameríndios, europeus e africanos. Nossoprimeiro censo (1872) mostrou uma população com 60% de negros e mestiços;por esta data tomam importância as ideias eugenistas de branqueamento, queperdem folego após a década de 1930 quando trabalhos como Casa Grande eSenzala passam a defender como positiva a característica mestiça dapopulação, embora propague o mito da democracia racial que os estudospromovidos pela UNESCO a partir da década de 1950 colocaram por terra. Apartir da década de 1990 há um crescente desenvolvimento de pesquisasacerca da assinatura genética de populações brasileiras que embora reportemdistâncias significantes entre populações, mostram que as magnitudes destasdiferenças em geral não atingem mais que 10%, revelando uma divergênciagenética pequena onde os três principais elementos raciais formadores daspopulações estão presentes de maneira significativa em todas as regiões doBrasil, promovendo importantes avanços na compreensão da formação de suapopulação que, avaliada por meio dos marcadores informativos deancestralidade, independente de seu fenótipo, mostram que mais de 95% dosbrasileiros são mestiços afrodescendentes registrando uma assinatura

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genética média em torno de 50-60% de genes europeus, 20-30% de genesafricanos e em torno de 10% de genes ameríndios. Quando avaliados por meiodos marcadores de ascendência materna os brasileiros exibem descendênciapredominante africana. A distância social mais espantosa do Brasil é aquelaque separa os ricos dos pobres e a ela se soma a discriminação que pesa sobrenegros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros compondo um racismomascarado. As informações levantadas por meio dos estudos da genética depopulações podem e devem ser utilizada como instrumento político eficaz decombate ao racismo. Palavras chave: historiografia, raça, racismo, genética de população.

Mulheres negras no Pós-Abolição: Uma análise da personagemBertoleza, de O Cortiço de Aluísio Azevedo

Autora: Keilla Vila Flor (UnB)

Resumo: O Cortiço foi lançado em 1890. Não teve seus capítulosperiodicamente publicados em páginas de jornais, porque foi lançado comolivro. Nele, o narrador observador conta a história de como se formou umcortiço carioca e quais personagens foram importantes para oestabelecimento deste como um dos maiores do Rio de Janeiro. O livro tratade uma história que se passa em 1876, década em que os cortiços estãocomeçando a se estabelecer no Rio de Janeiro. Essas moradias eram umconglomerado de casas pequenas, na maioria das vezes com apenas umcômodo e o banheiro era de uso comum a todos os moradores. A maior partedas pessoas que habitavam esses espaços era negra, podendo ser escravos,livres e libertos. Os anos que precedem o lançamento do livro são tambémmarcados por inúmeros debates em jornais sobre quais providências ogoverno deveria tomar a respeito da quantidade de cortiços e sobre seusmoradores, porque na década de noventa do século XIX, essa forma dehabitação teria se tornado um problema de segurança e saúde pública. Noromance, o primeiro personagem apresentado ao leitor é João Romão, umportuguês que tem delírios de riqueza e poupa migalhas com o sonho de umdia fazer fortuna. Em seguida, conhecemos Bertoleza, uma escravaquitandeira famosa por seus saborosos quitutes, o que lhe garantiu clientesfiéis. Os caminhos dos dois se cruzam, porque era na quitanda de Bertolezaque João Romão se alimentava diariamente. Para melhor compreensão do usode literatura como fonte para História, é preciso buscar entender os processosdo tempo no qual a obra literária foi escrita e, não sendo o enredocompletamente fantasioso, buscar conexões da realidade de época com anarrativa exposta pelo autor. Dentre todas as histórias que entremeiam oromance, a relação amorosa entre Bertoleza e João Romão é o que servirácomo motivadora para estudo de alguns sentidos da liberdade de mulheresnegras no imediato pós-abolição. Bertoleza, afinal de contas, é personagemcriada por Azevedo para politizar o tema. Com isso, é importante lembrar que

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”. VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe. 18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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não se é possível estudar o pós-abolição sem antes retornar algumas poucasdécadas antes da Lei Áurea para buscar algumas raízes do meio ao qual estãoemersas essas mulheres.Palavras-Chave: Pós-Abolição, Aluísio Azevedo, Literatura

ST/08 – Divulgação de História & História Pública: projetos,modelos e teoria

Proponente: Professor Dr. Bruno Leal Pastor de Carvalho (HiS-UnB/Café História)

Local nos dias 19 e 20: A1 011 – Faculdade de Direito

Nos séculos XIX e XX, a despeito de suas conhecidas tensões efragmentações, a História se institucionalizou no meio acadêmico e

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ocupou um lugar proeminente no campo das humanidades. No cursodeste processo, porém, a comunicação voltada para o grande públicodesenvolveu-se pouco e lentamente, dedicando o(a) historiador(a) boaparte de sua atenção à pesquisa e ao ensino. Apenas recentemente adifusão do conhecimento historiográfico para o grande públicocomeçou a ganhar destaque entre os profissionais da área, dentreoutros motivos, pelo surgimento de novas mídias e pelo enormesucesso alcançado por jornalistas e escritores independentes naformulação de narrativas sobre o passado. Este simpósio temáticotem o objetivo de discutir reflexões e projetos que pensem a relaçãodo campo historiográfico com o grande público, englobando trabalhosno campo da História Digital, da História Pública, da DivulgaçãoCientífica, da História do Tempo Presente e da História Oral.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Histórias Poéticas dos Museus – a multiplicidade de formas nadivulgação histórica – seduzindo pela emoção

Autora: Eneida Quadros Queiroz (IBM)

Resumo: A presente comunicação versa sobre estratégias de divulgaçãohistórica que atendam às crescentes demandas por memória nacional, tendocomo meta sensibilizar o grande público, ainda distante das narrativasacadêmicas. Para tanto, o foco se dará nas experiências de um projetoliterário, “Histórias Poéticas dos Museus”, que objetiva o aumento deidentificação, empatia e interesse do público pela história do Brasil e dosmuseus brasileiros, por meio da biografia e da literatura. O projeto conta comdois romances: A mulher e a Casa (2013) e Úmida Trama (2017), ambos sobrepersonagens femininas dos museus e da história brasileira: a financistaEufrásia Teixeira Leite (Museu Casa da Hera) e Maria Laura do Amaral Gurgel(Pinacoteca de São Paulo). Se romances históricos, biografias e o híbrido dosromances histórico-biográficos não são um fenômeno novo no cenáriobrasileiro: entendemos que uma linha de romances sobre os museusbrasileiros, e sobre as personagens femininas a eles ligadas, é uma inovadoraforma divulgação do patrimônio histórico-cultural brasileiro. Embasados nosestudos do historiador François Dosse, os livros que integram esse projetoseguem a linha da nova biografia: aquela que expressa a heterogeneidade e amultiplicidade de identidades dos personagens narrados, e que combate a

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“ilusão biográfica”, definida por Pierre Bourdieu como a tendência em narrarpersonalidades coerentes e estáveis. Em oposição à linguagem acadêmica,tida como dura e por vezes hermética, o potencial do romance reside emcapturar o leitor pelo lado emocional, promovendo a conexão entre esse e ocontexto narrado. A neuroeducação aponta para a importância da emoção noprocesso de aprendizagem, e assim compreendemos o romance histórico comoum elemento aguçador da curiosidade. A ficção historicamente embasada éuma estratégia parceira, complementar às demais formas de divulgaçãohistórica: desde as mais tradicionais às mais recentes, geradas pela revoluçãodigital.Palavras-chaves: Biografia; Literatura; Museus; Feminismo; Gênero;Divulgação Histórica.

A Olimpíada Nacional de História do Brasil: o prazer de ensinar eaprender história na educação básica

Autora: Mayra Paniago (UFG)

Resumo: A presente Comunicação tem por objetivo divulgar as conclusõespreliminares do Projeto da Pesquisa de Doutorado, cujo tema gira em torno da"ONHB - Olimpíada Nacional em História do Brasil - e suas contribuições parao Ensino e Aprendizagem em História".Palavras-Chave: Educação Histórica, Ensino de História, OlimpíadasEscolares, Olimpíada Nacional em História do Brasil

A banda Sabaton e o Front Oriental da Segunda Guerra Mundial

Autor: Pedro Brandão Nogueira de Oliveira Moraes (UnB)

Resumo: A banda Sabaton de Power Metal e as suas músicas contandograndes batalhas ocorridas no mundo, focando nessa pesquisa a SegundaGuerra mundial, mais especificamente o Front Oriental, verificando aautenticidade da mensagem passada nas letras, utilizando fonte bibliográficacomo apoio, e utilização de outros meios além dos livros didáticos paraensinar história, como filmes, músicas, documentários, exposições evisitações.Palavras-Chave: Sabaton; Segunda Guerra Mundial; Front Oriental; História;Música.

O passado brasileiro projetado nas telas de cinema: o filme histórico

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em tempos de ditadura

Autora: Míriam Silvestre Limeira (UnB)Resumo: Apesar do enfoque inicial de minha pesquisa centrar-se sobre acomédia em filmes históricos, o período da Ditadura Civil-militar abarca ummomento significativo de produções do gênero histórico no cinema brasileiro.Ainda mais quando consideramos que os diversos incentivos para suaprodução. Sobre que passado se quer tratar? E que tempo presente foi esse noqual se privilegiou olhar para o passado e querer representa-lo na tela, aindamais em se tratando de um regime de exceção?Palavras-Chave: Cinema brasileiro, Teoria da História, Cinema e História,

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ST/09 – ST/09 – História Social: análises, métodos e teoria

Proponentes: Professor Dr. André Cabral Honor (PPGHIS/UnB) eProfessora Dra. Neuma Rodrigues Brilhante (PPGHIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 013 – Faculdade de Direito

O presente simpósio tem por objetivo promover reflexões sobreo estudo e escrita de trabalhos que se identificam com a chamadaHistória social, seja através de análises de fontes ou discutindoaportes teóricos e metodológicos, compreendendo essa abordagemcomo um espaço que prioriza as experiências dos sujeitos históricosem seu cotidiano e os processos de individuação e diferenciação dasidentidades e comportamentos coletivos, informados por ideias,práticas culturais e contextos econômicos específicos.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

“Já não é um pyrilampo”: Imprensa Médica no Brasil de 1860

Autora: Vanessa de Jesus Queiroz (UnB)

Resumo: A comunicação objetiva discutir “imprensa médica”, noção ainda emformação na segunda metade do século XIX, a partir de duas folhas médicasem circulação no período: a Gazeta Medica da Bahia e os Annaes Brasiliensesde Medicina. Trata-se da exposição de perfis, diferenças e semelhanças entreos dois jornais tidos pelos grupos que os dirigiam como expoentes daquelegênero especializado de imprensa, ainda parco no Brasil. Buscamos analisarobjetivos de existência e propagação dos referidos periódicos, bem como dos

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vínculos institucionais envolvidos nas publicações. A relação da imprensamédica com os vários tipos de jornais não médicos é parte central de nossoargumento de que a empreitada de sustentar um jornal médico estava ligada aobjetivos que ultrapassavam o registro e a circulação de saberes puramentecientíficos e buscavam o campo da atuação legitimada, principalmente peloEstado. As demandas por reconhecimento e autorização estavam relacionadasàs necessidades daqueles médicos de se fazerem autoridade exclusiva sobre asaúde da população. Junto aos boletins de saúde e discussões teóricas,pululavam questões de segurança nacional, legislação e outras que elegiamuma preocupação comum: os trajetos necessários aos bons caminhos da naçãobrasileira, rumo à civilização e ao progresso. Buscamos expor, dentro doslimites de uma pesquisa em andamento, de que forma cada folha médica sepronunciava sobre determinados assuntos, para demonstrar que “imprensamédica” era uma noção vasta, que envolvia pactos, conflitos, resistências evisões de mundo específicas. Palavras-chave: Imprensa Médica, Gazeta Medica da Bahia, AnnaesBrasilienses de Medicina.

Brasilidade na música choro e seus discursos contragemônicos emGoiânia (1970-1990)

Autor: Wilton John dos Santos Silva (UFG)

Resumo: A música choro nasceu do encontro e da influência de outros estilosmusicais em meados de 1870. A questão nacional pode ser pensada a partirdas identidades musicais no choro, há um debate sobre a construção deCultura Popular e de Identidade no país, podemos discutir as questões de umabrasilidade ou “Nacionalidade” principalmente representada pelo choro.Desde os tempos do império algumas cidades já eram consideradas um celeirocultural da música em transformação Tinhorão (2001), um caldeirão de ritmosdos mais diversos compunham a passagem do século XIX, algo importante napermanência e do surgimento deste gênero da música brasileira, édesenvolvida dentro desse contexto histórico social-cultural na capital doimpério Rio de Janeiro. A principal matriz musical, que se tornará maispresente será a sincopa – elemento distinto rítmico na música diásporica. Oespirito da musicalidade chorona já se destacava no cenário nacional, dentreum conjunto de músicas rurais e urbanas, muitas delas constituídas deressignificações da musicalidade afrodescendente, é parte de um movimentode diálogo entre estilos e gêneros musicais que se transformaram nessecenário. A música produz sensações, de pertencimento, de sentimentosdiversos, apontam vivências de uma região, de um país, de um determinadotempo. Ela mexe com a subjetividade humana; permite a comunicações, ativaa memória dos indivíduos, os sons e letras são linguagens, que passamimagem, faz com que pensamos em algo já vivido, ativa emoções, faz sentir

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alegria, tristeza, indignação e coragem, ela representa comportamentos,indicam traços culturais de uma sociedade. E traremos átono o caráter deidentificação, de uma música abrasileirada, discutir as questões sociopolíticasque permeiam o imaginário da construção de um Brasil. A acerca deste estudopercebemos a discussão historiográfica sobre a interculturalidadeevidenciando as discussões sobre identidade, estética musical, e delinguagens musicais. Palavras chave: História, Choro, Identidade.

Partideiros e Mercado Fonográfico

Autor: Lellison de Abreu Souza (UnB)

Resumo: O samba manteve, ao longo do século XX, estreita relação com omercado fonográfico. Ao longo das décadas, a sonoridade típica do sambagravado foi modificada em diversos aspectos, como arranjos instrumentais eestilos de canto. Contudo, um subgênero do samba ficou fora do mercadofonográfico: o partido alto. Considerada a vertente mais tradicional do sambae a principal via de ligação desse gênero musical com suas raízesafroamericanas, caracterizado fortemente pelo improviso dos versos, ebastante influente entre sambistas, o partido alto na sua forma tradicional defeitura não costumava ser gravado e raramente os partideiros conseguiamlançar discos próprios, mesmo adaptando as composições. Cenário que mudaao longo dos anos 70 e 80, quando ocorrem mudanças na estrutura eorganização das gravadoras e nomes como Fundo de Quintal, Almir Guineto eZeca Pagodinho gravam discos e participam ativamente da consolidação deum estilo de samba influenciado pelo partido alto como item de sucessocomercial. Esse aumento de espaço no mercado fonográfico é o objeto dopresente estudo.Palavras-Chave: Partido Alto, Samba, Mercado Fonográfico.

Entrechoque Salubre: A trajetória política do vigário Haasler noPiemonte da Diamantina (1938-1955)

Autor: Raian Souza Santos (UnB)

Resumo: A apresentação no Simpósio Temático História Social: análises,métodos e teoria busca analisar a trajetória de um padre austríacocisterciense que de forma estratégica tentou contornar os conflitos no sertãobaiano pela via relacional. Alfredo Bernardo Maria Haasler, padre Alfredocomo popularmente conhecido, foi protagonista de um “regime de coabitação”na região do Piemonte da Diamantina - BAHIA entre os anos de 1938 a 1955.

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Motivado pelo ideal de estruturar uma série de Escolas Paroquiais, padreAlfredo estabeleceu um controle de sua própria imagem calcado na Regra deSão Bento, comportamento que dificultou inicialmente formas de sociabilidadeessenciais a aproximação de universos culturais distintos. Original econtextualizado, o exercício analítico dessa trajetória adquire plenitudequando os significados sociais produzidos por ela estabelecem uma interfacecrítica com o que podemos chamar o sistema relacional brasileiro que tendehistórica e socialmente a incorporar os elementos exógenos como“divergências complementares”. Nessa perspectiva, o sistema de relaçõesbrasileiro reproduz um padrão ou uma constante que é caracterizada porexercer certa atração/fascínio sobre os elementos estrangeiros, queincorporados tornam-se sujeitos de um processo constante de assimilação. Emindissociabilidade com esse contexto, temos o itinerário do vigário Haaslerque possui um caráter representativo, pois ele esboçou uma organizaçãoformidável na região do Piemonte da chapada, regendo em meio à tessiturasocial desfavorável um sistema arrojado de 48 Escolas Paroquiais que tinhamcomo intuito primeiro corresponder às necessidades brasileiras de meio físicoe social. Destinado a colisão com os valores locais, o vigário Haasler buscou acontemporização mediante uma filosofia conciliatória de valores cosmopolitas,cujo fundamento basilar era a interpenetração de culturas que integradasatuariam em nome da sua permanência no Brasil e do desenvolvimento dacausa educacional nos mais remotos rincões do interior baiano. Parapotencializar seu projeto pedagógico de orientação cristã, ele foi superlativo,mediando uma relação única que envolveu a região do Piemonte daDiamantina, os EUA, a Áustria e a Alemanha em meio à instabilidade causadapelos efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Essa mediação afetouprofundamente a mentalidade sertaneja, resultando em entrechoquesideológicos personificadores da cultura brasileira à época, em linhas gerais,foi demarcada com a presença do vigário Haasler uma relação de provínciasertaneja com a influência cultural européia, onde tensões se revelaram comosubstrato. Expressões que também produziram permanências, sendoindubitável que nos povoados que compõe o Piemonte da Diamantinaergueram-se obras materiais e imateriais subsidiadas diretamente por paíseseuropeus, tendo como artífice o vigário Haasler que se tornou ícone de umamística de progresso nas pequenas cidades que emergiram. Plástico no tratocom a população, o vigário Haasler produziu um conhecimento de carátertranscendente, interferindo incisivamente no campo educacional econstruindo permanentemente uma memória sobre si, mas sem perder nessaação a capacidade pragmática de se associar aos mandatários e figurascarismático-políticas locais.

Palavras-Chave: Padre Alfredo Haasler • Regra de São Bento • EscolasParoquiais • Ordem Cisterciense

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ST/10 – O passado recente como objeto e problemahistoriográfico

Proponentes: Adrianna Setemy (UFPR) e Paulo César Gomes (UFF)

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Local nos dias 19 e 20: Miniauditório do Instituto de CiênciasSociais (ICS)

Os debates em torno da história e da memória dos traumas quemarcaram o século XX tem grande atualidade em todo o mundo. Maisespecificamente na América Latina, tem ganhado grande destaque asdiscussões sobre o modo adequado de tratar historicamente osconflitos armados, as ditaduras e massacres perpetrados por agentesdo Estado em um passado bastante próximo do nosso presente.Opassado recente vem se consolidando como objeto de pesquisahistórica e se constituindo como campo de pesquisa e campodisciplinar, na Europa e em países da América Latina queatravessaram processos históricos traumáticos similares earticulados, o que se evidencia pelo crescente número de trabalhosacadêmicos dedicados ao estudo do período. Em termosepistemológicos, metodológicos, conceituais e políticos, a história quetem por objeto o passado recente caracteriza-se por tensões própriasa um campo acadêmico que tem como uma de suas peculiaridades ofato de estar fortemente articulado com o debate político ememorialístico do tempo presente. Em função disso, o simpósio foipensado com a ideia de explorar a historicidade e constituição docampo da história recente em suas diversas dimensões, reunindopesquisas que permitam discutir algumas perspectivasinterpretativas e noções conceituais que são usadas correntementepelos pesquisadores do campo. Espera-se que ao longo do simpósioos participantes tenham a oportunidade de conhecer e discutir algunsdos principais debates epistemológicos, metodológicos, éticos epolíticos vinculados ao campo da história recente.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Fidel Castro - Barack Obama e a construção de um diálogo entre Cuba-Estados Unidos: uma análise através dos artigos no jornal digitalcubadebate

Autora: Uelma Silva (UnB)

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ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: O objetivo desta pesquisa é buscar através da seção Reflexiones deFidel, que se encontra no jornal digital Cubadebate, posicionamentos do ex-líder cubano em relação ao ex-presidente dos Estados Unidos da América(EUA), Barack Obama, durante seus dois mandatos. Serão usados artigos quemostram o protagonismo do norte-americano e aqueles em que se mostrafundamental seu posicionamento buscando perceber as temáticas que Fidelaborda. Busca-se delimitar o posicionamento político de Fidel Castro queinfluênciou gerações pelo mundo mostrando as principais bases do seupensamento. Também mostrar a política desenvolvida por Obama frente aCuba através dos seus discursos disponíveis no site oficial da Casa Cranca.Buscando agregar no debate sobre a abertura das relações entre os doispaíses, tal pesquisa tem como hipótese a de que esses artigos foram umaforma de Fidel ainda se manter no cenário cubano influênciando na políticadesenvolvida pelo seu irmão Raul Castro, que foi aos poucos desenrolando odiálogo entre Cuba e Estados Unidos. Palavras-chave: Fidel Castro. Barack Obama. História

Memórias e narrativas do Lago Paranoá: o presente como delimitadordos moradores de Brasília

Autor: Guilhermo S. B. Vilas Boas (CNPq)

Resumo: O registro de trajetórias de vida em meio aos espaços da cidade deBrasília e as diferentes impressões frente ao Lago Paranoá forneceram umretrato do que foi e como se apresenta tal corpo hídrico no tocante à históriada capital federal. Em dissertação intitulada “Navegando no Lago Paranoá:Brasília e seus moradores” foi explorado o universo que envolve as relaçõesentre o Lago Paranoá com os moradores de Brasília.. Partiu-se do pressupostode que as apropriações do Lago Paranoá pelos moradores da cidadecontribuíram para a construção/reconstrução do sentimento de pertença àcidade, onde o Lago Paranoá fora um agente propiciador de embates edisputas em torno dos espaços por ele originados. Por meio das oralidades,principal instrumento escolhido para a pesquisa, foi possível discutir questõesrelacionadas à Historia do tempo presente, pois através da presença detestemunhos vivos e com voz ativa em um processo inacabado, suas relações einterações impactam na tarefa do historiador em sua busca de concatenaçãoentre o passado e o presente através de uma narrativa imbuída de sentido eexplicação. Assim, as narrativas que permitiram compor a história do LagoParanoá, em diferentes temporalidades e entremeadas por elementos docotidiano, articulam memórias que intentam explicar o mundo que as rodeia,explicitando diversas visões sobre a cidade e sobre as suas próprias vidas,adentrando questões que envolveram também exclusões e silenciamentos.Palavras-Chave: Brasília, Lago Paranoá, História Oral, Narrativas, Tempo

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Presente.As disputas pela memória de 1964

Autor: Italo Maciel Ouriques (UnB)

Resumo: O objetivo dessa comunicação é expor um estudo acerca damemória militar cujo problema surge ao questionar a relação que osressentimentos têm com a prática política dos militares do exército brasileiro.O objeto da pesquisa para tal análise é uma coleção de depoimentosintitulada, 1964 – 31 de março de 1964: o movimento revolucionário e suahistória, cuja publicação foi em 2003 e 2004 pela Editora da Biblioteca doExército, a Bibliex. Para isso faz-se necessário levar em consideração todos osaspectos constitutivos da coleção, isto é, trabalhar com depoimentos oraisacarreta o pesquisador a questionar a natureza da fonte. Os elementosparatextuais ressaltados por Gérard Genette nos indica maneiras pelas quaispodemos investigar como foi construído o Projeto de História Oral do Exércitosobretudo a coletânea. Para compreender a inserção e os efeitos dossentimentos, das paixões na política, recorremos às contribuições teórico-metodológicas de Pierre Ansart. Entender como, por que e quais caminhostomaram um determinado grupo social a se empenhar, segundo o General-de-Exército Antonio Jorge Correa, em “resgatar a memória da participação doExército em fatos importantes”, nos ajuda a perceber que assim como aideologia, a memória histórica pode ser manipulada conforme os interesses deum grupo. Nessa batalha pelo estabelecimento dos fatos nos interessacompreender como a coleção é construída: quais são os elementos que acompõem? Sobre quem ela fala e para quem? Com quem e o que ela dialoga,sobretudo no âmbito de uma guerra da memória sobre a ditadura militarbrasileira?Palavras-Chave: Memória, Ressentimentos, Exército.

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