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DULCÉLIA MENEGUETE
CADERNO TEMÁTICO
RECURSOS TECNOLÓGICOS NA APRENDIZAGEM DO ALUNO
COM BAIXA VISÃO
DULCÉLIA MENEGUETE
CADERNO TEMÁTICO
RECURSOS TECNOLÓGICOS NA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM
BAIXA VISÃO
Fonte: - 4.bp.blogspot.com/.../olhos%2Blindosssssssss.jpg
Caderno Temático apresentado como requisito parcial de avaliação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, à Secretaria de Estado da Educação, Superintendência da Educação, Diretoria de Políticas e Programas Educacionais, Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Paulo R. Ross
CURITIBA 2011
“Eu nunca vi, nunca ouvi ou fiz isso antes” com a qual alguém se justificaria para não aceitar uma tarefa não usual não pode mais ser aceita numa sociedade de cultura e tecnologia descontínua. Ao invés disso, a resposta “Deixe-me ver como posso aprender a fazer isso” representa a resposta mais adequada, adaptativa. Uma prontidão para aprender e uma propensão para mudar do conhecimento para o desconhecimento é um requisito vital num mundo em mudança. Feuerstein
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 05
2. O DEFICIENTE VISUAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA........06
2.1 As políticas de Inclusão......................................................................06
2.2 Acessibilidade digital .........................................................................14
3. CONSIDERAÇÕES SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL.......................................22
3.1 O que é Deficiência Visual....................................................................22
3.2 Classificação.........................................................................................24
3.3.Professor Itinerante ..............................................................................28
4. TECNOLOGIAS ASSISTIVAS..........................................................................32
4.1 Programas mais conhecidos e difundidos no Brasil .........................41
4.1.1 DOSVOX..............................................................................42
4.1.2 NVDA...................................................................................46
4.1.3 ORCA ..................................................................................49
4.1.4 VIRTUAL VISION.................................................................49
4.1.5 JAWS...................................................................................49
4.1.6 LIVRO DIGITAL FALADO....................................................50
4.2 Alguns Recursos de Acessibilidade...................................................52
4.3 Sugestões de Sites de Acessibilidade...............................................53
5. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA............................................55
5.1 Ficha de Inscrição..............................................................................55
5.2 Ficha de Avaliação.............................................................................56
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................57
7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................58
1. APRESENTAÇÃO
Este trabalho refere-se ao material didático apresentado em formato de
Caderno Temático consiste em um dos processos de avaliação do Programa de
Desenvolvimento Educacional-Turma 2010, a ser apresentado à coordenação
Geral do PDE/SEED.
O presente Caderno Temático tem como objetivo subsidiar os
professores do CRAID (Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente)
sobre a utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação, no processo
educacional dos alunos, com baixa visão associado à significação da Tecnologia
assistiva e como meio que os instrumentalizem para a formação de sujeitos
emancipados academicamente e, consequentemente, socialmente.
A proposta deste trabalho é apresentar o tema “Recursos Tecnológicos
na Aprendizagem do aluno com baixa visão”; através de três textos: No primeiro:
“O Deficiente visual no contexto da Educação inclusiva”: há uma discussão sobre
as políticas de inclusão e Acessibilidade; o segundo texto: ”Considerações sobre
Deficiência visual”; apresenta uma reflexão sobre a deficiência e a proposta de
inclusão educacional; e finalmente no terceiro texto: “Tecnologia assistiva”: uma
reflexão e discussão sobre as ferramentas de Acessibilidade digital.
O aluno com deficiência visual pode ser bem sucedido se lhes forem
oferecidos às condições e os recursos necessários para a verdadeira inclusão
social, através do acesso às Tecnologias assistivas.
No decorrer da pesquisa serão apresentadas entrevistas abertas,
coletadas com pessoas cegas e com baixa visão na faixa etária entre 14 a 48
anos de idade, sobre o uso das tecnologias na aquisição do conhecimento, na
vida profissional e no lazer.
Este documento não esgota a temática sobre a inclusão de alunos com
deficiência visual, mas tem por finalidade, orientar os professores sobre os
recursos das Tecnologias da Informação e da Comunicação para assegurar a
participação no processo e aquisição do conhecimento.
“ O desenvolvimento do sujeito humano se dá
a partir das constantes interações com o meio
social em que vive já que as formas
psicológicas mais sofisticadas emergem da
vida social”.
Vygotsky
2. O DEFICIENTE VISUAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
2.1 As políticas de Inclusão
A evolução da história levou a humanidade a criar acordos humanitários de
respeito e compreensão de todas as raças e credos, assim também o paradigma
está alicerçado na concepção dos direitos humanos.
A sociedade contemporânea busca meios para assimilar o conceito da
diversidade, com fins de minimizar os efeitos das segregações e discriminações
aos sujeitos que fogem dos padrões determinados pelos meios de produções
globalizados e competitivos. Estas intenções estão impressas nos documentos
internacionais como na Declaração dos direitos humanos de 1947.
Nos meios educacionais, acompanhando essa tendência, elucidam-se os
princípios da Educação Inclusiva. No Brasil eclode na década de 1990 reafirmada
na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394 de 1996, que determina o direito à
educação de todos os alunos, independentemente das condições que se
apresentem no mesmo espaço escolar.
O Decreto nº 6.094/2007 estabelece dentre as diretrizes do Compromisso
todos pela Educação, a garantia do acesso e permanência no ensino regular e ao
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a
inclusão educacional nas escolas públicas.
Quando pensamos na escola inclusiva que se busca construir, cada vez mais
reconhecemos a necessidade de se analisar como vem se processando a
formação dos professores e dos demais profissionais da educação, percebendo-a
não apenas numa perspectiva teórico-prática, mas também no tocante a atitudes e
disposições para com a diversidade dos alunos. Manzini (2006, p.20).
As novas tecnologias fizeram a humanidade entrar na era da comunicação
universal, abolindo as distâncias, as informações mais atualizadas podem ser
postas ao dispor de qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, em um tempo
real, permitindo não só, emitir e receber informações, mas também dialogar,
discutir e transmitir conhecimentos.
O computador representa o estágio mais desenvolvido na escala de
instrumentos, que contribuiu para tornar os seres humanos em seres inteligentes,
interativos e éticos.
Além da tecnologia permitir a apropriação da realidade objetiva, além de
permitir o conhecimento das leis da física, da biologia, da química, o ser humano
também pode tomar consciência de si mesmo.
Historicamente, a tecnologia está relacionada à evolução e mudanças dos
fatos e situações que ocorrem na nossa sociedade.
Grinspun (1999, p.52) faz uma reflexão sobre: a relação educação-tecnologia
e, portanto, sobre uma formação adequada do indivíduo para viver o que se
denominou chamar de era tecnológica. Ressalta-se nesta questão, em termos de
formação, a qualificação exigida para o trabalhador e sua respectiva inserção no
mercado de trabalho.
Mas quem é o ser humano?
O homem é um ser social por natureza, ele só se constitui na presença de
outro ser humano, e só desenvolve-se pela interação com o outro. Ele precisa
desenvolver instrumentos que ampliem sua capacidade de intervenção no mundo
criado por ele.
Saber “quem sou eu” é um sentimento fundamental do ser humano, ele nos
diz o que somos e como somos. Segundo Winnicott. Apud AMIRALIAN, (2004,
p.22). ” É uma conseqüência da tendência inata a continuar a existir e constitui-se
pela identificação da mãe com seu bebê, que possibilita a identificação primária
deste para com a mãe”.
Continuando seu pensamento, diz: “... e a experiência a esse respeito abre
caminho para o sujeito que se objetivou, isto é, a idéia de um si mesmo e o
sentimento do real que se origina do sentimento de possuir uma identidade”.
A partir dessa condição é que o ser humano torna-se capaz de viver
experiências que podem ser sentidas como próprias.
VYGOTSKY (1997, p.28) enfatiza as características do homem
através do estudo da origem e do desenvolvimento da espécie
humana, tomando o surgimento do trabalho e a formação da
sociedade humana, com base no trabalho, como sendo o
processo básico que vai marcar o homem como espécie
diferenciada. É o trabalho que, pela ação transformadora do
homem sobre a natureza, une homem e natureza e cria a cultura
e a história humana.
Dentro desse contexto, desde a origem e o desenvolvimento do homem,
vivemos a era da tecnologia que, com o seu poder multiplicador, tem se voltado a
quase todos os campos da esfera humana.
Segundo Grinspun (1999, p.16). Podemos perceber, seja no lar, na escola,
na indústria, no comércio, na fábrica ou na igreja, na cultura e no lazer,seja em
que área ou campo nos dedicarmos, que a tecnologia trouxe-nos uma nova
linguagem, um novo conhecimento, um novo pensamento, uma nova forma de
expressão.
Observemos sucintamente como isto ocorreu ao longo do que se denominou
Revolução Industrial.
A primeira Revolução Industrial, que começou na Inglaterra no fim do século
XVIII e depois se expandiu para o resto do mundo no século XIX, teve como
marco a máquina a vapor, a indústria do aço e o surgimento das ferrovias. Nesse
momento, a máquina começa a modificar a vida do trabalhador. Na segunda
Revolução Industrial, que surge no final do século XIX e é caracterizada pelo
aparecimento do aço, energia elétrica, petróleo e indústria química. Relações do
trabalho marcadas pela administração fordista. Nesta fase, surge o fortalecimento
de uma área na educação- a Orientação Vocacional/Profissional, tendo como
objetivo, orientar os indivíduos para uma nova escolha profissional de acordo com
suas possibilidades e limitações.
A terceira Revolução Industrial, marca dos últimos trinta anos, caracterizada
por uma acelerada transformação tecnológica, envolvendo, também, no modo de
organização dos trabalhadores e qualificação dos mesmos.
Baptista (in GRINSPUN, p.53) diz que existem três grandes elementos na
técnica que são os fatores determinantes nas grandes linhas de sua evolução: a
energia, o material e a informação. Acrescenta o autor que os grandes marcos da
evolução técnica são sempre e claramente assinalados pela renovação de cada
um desses fatores:
- A revolução industrial troca a madeira pelo ferro;
- A revolução tecnológica dos séculos XIX e XX troca o carvão pelo petróleo
e eletricidade;
- A revolução informática troca tratamento analógico da informação ( via
homem) pelo processamento digital ( via máquina).
Gallino (in GRINSPUN, p. 54) diz que temos, hoje, a tecnologia de processos
produtivos, a tecnologia informática, a tecnologia de processos de decisão, a da
comunicação de massa, de transportes, biológicas, químicas e médicas.
Estamos convivendo com o homem que tem de aprender a lidar com essas
tecnologias, adquirir conhecimentos e saber como se relacionar, de modo que as
sociedades façam uso da tecnologia como um bem a serviço do progresso.
Dica de Filme
Assista ao filme: Tempos Modernos. Após sofrer um colapso nervoso devido ao seu cansativo trabalho, o vagabundo é levado para um hospital, e ao voltar para sua vida exaustiva, encontra a fábrica fechada. Sem saber do que viver, ele vai atrás de outros empregos. E nessa busca acaba fazendo uma grande amizade.O filme e produzido e dirigido por Charlie Chaplin- preto e branco/ aproximadamente 90 min. Produzido em 1938.
“O desenvolvimento do psiquismo humano é
sempre mediado pelo outro; outras pessoas do grupo
cultural indicam, delimitam e atribuem significados à
realidade”.
Vygotsky
Assim o desenvolvimento tem como objetivo a realização do homem, é um
processo dialético que começa pelo conhecimento de si mesmo, para, em
seguida, à relação com o outro.
Segundo os quatros pilares do conhecimento sugeridos pelo Relatório para
a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI é
fundamental para a construção de um novo paradigma que valoriza a vida e as
pessoas.
A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares: aprender a
conhecer, aprendera fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser.
• Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente
vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de
matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das
oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda vida.
• Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação
profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa
apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também
aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais e do trabalho.
• Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a
percepção das interdependências.
• Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à
altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e
de responsabilidade pessoal. UNESCO/MEC (2000, p.101)
Segundo Ross, Urbanek (2010, p.52). As mudanças provocadas com a
inclusão escolar e social da pessoa com deficiência produzem benefícios no
âmbito das atitudes, nas políticas públicas, nas inovações tecnológicas, nos
processos de gestão, nas concepções, no conhecimento do tempo, do ambiente e
do ser humano.
Continuando com o pensamento dos autores, [...] O professor manifesta
sempre atitudes encorajadora, proativa, positiva, seu comprometimento com a
ética, com a justiça e com o direito à autoria da diversidade de cada um.
Segundo AMIRALIAN (2004, p.25).
O fato das pessoas de um modo geral não saberem como se relacionar com
os indivíduos com baixa visão ocasiona outra circunstância prejudicial a eles: suas
necessidades nem sempre são satisfeitas, um elemento a mais colaborando para
dificuldades em sua identidade pessoal. O fato central que deveria ser
compreendido por todos é que, na realidade, elas não são nem cegas nem
videntes, são crianças que precisam construir uma identidade como pessoas com
baixa visão.
As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência
requerem atenção das instituições responsáveis que possam prover as condições
necessárias para sua educação.
MOSQUERA (2010, p.46) “Entender as causas da deficiência, bem como o
desenvolvimento dos primeiros anos e vida do aluno, pode ajudar muito o
professor a estabelecer novos programas de atendimento na escola inclusiva”.
O processo de ensino-aprendizagem na escola deve ser construído, então,
tomando como ponto de partida o nível e desenvolvimento real da criança num
dado momento e com relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido.
OLIVEIRA (1995, p.62).
Segundo Vygotsky (1998, p.62)
Acreditamos que uma característica essencial da aprendizagem é
que ela cria a zona de desenvolvimento proximal; isto é, a
aprendizagem desperta uma variedade de processos de
desenvolvimentos internos, que só têm condições de funcionar
quando a criança está interagindo com pessoas em seu ambiente
e em cooperação com seus colegas. Uma vez internalizados,
esses processos tornam-se parte da realização do
desenvolvimento independente da criança.
“Quanto mais eficaz for o processo de mediação,
maior será a capacidade da criança de se beneficiar
e de se tornar modificável pela exposição direta ao
estímulo”.
Feuerstein
O professor tem o papel explícito de interferir no desenvolvimento proximal
dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente. O único
bom ensino, afirma Vygotsky, é aquele que se adianta ao desenvolvimento. (Idem
p.62).
O sentido geral dessa “zona” é que, em um determinado estágio de seu
desenvolvimento, uma criança consegue resolver certa gama de problemas
apenas sob a orientação de adultos e em colaboração com outros, serão, mais
tarde solucionados de forma completamente independente. Como destaca
Vygotsky, “o desenvolvimento a partir da colaboração e o desenvolvimento a partir
da aprendizagem são um fato primordial na vida da criança.
Assim a pedagogia deve estar voltada não para o passado, mas para o futuro do
desenvolvimento da criança. Só assim será capaz de criar, no processo de
educação, os processos de desenvolvimento que estão presentes na zona de
desenvolvimento proximal.
Para COX (2003, p.75).
O professor precisa de formação continuada é peça-chave na
estrutura de transformação da escola, pois é o fomentador natural
da mudança na prática educacional, principalmente, em virtude do
seu papel mediador... ”O professor, em conjunto como aluno,
constitui a instância escolar mais próxima da formação
propriamente dita do ser humano, objetivo primordial da
educação”.
Feuerstein considera fundamental prover as pessoas de ferramentas
cognitivas que lhes possibilitem sentir-se como parte de um processo de
transformação que nunca para: dar-se conta do que está ocorrendo ao seu redor
sensibilizar-se para os problemas do mundo. Para ele, a modificabilidade é uma
condição essencial para a adaptação do ser humano.
Segundo os movimentos internacionais que resultaram na Declaração
Mundial de Educação para todos na cidade de Jomtien em 1990 e a Declaração
de Salamanca- Espanha em 1994 defendeu a inclusão de todas as crianças e
jovens no ensino regular independente de condições físicas, sensoriais,
intelectuais, emocionais, sociais ou culturais.
Esses documentos propõem como metas o desenvolvimento pleno das
potencialidades humanas, a satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem e a melhora da qualidade de vida e do conhecimento.
A Constituição Federal estabelece o direito de as pessoas com necessidades
especiais receberem educação preferencialmente na rede regular de ensino
(art.208,III). A diretriz atual é a da plena inclusão dessas pessoas em todas as
áreas da sociedade.
Trata-se, portanto, de duas questões- o direito à educação, comum a todas
as pessoas, e o direito de receber essa educação sempre que possível junto com
as demais pessoas nas escolas “regulares”.
Com base na Resolução CNE/CEE nº 02/2001, a educação especial oferta
serviços e apoio especializado aos alunos que apresentam necessidades
educacionais.
A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que
reconhece e valoriza a diversidade, como característica inerente à constituição de
qualquer sociedade. Partindo deste princípio e tendo como horizonte o cenário
ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a
participação de todos, a todos as oportunidades independentemente das
peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social.
A Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED-PR) até o ano de 2010
situava a sua política como “inclusão responsável”, no documento “inclusão e
Diversidade: Reflexões para a Construção do Projeto Político Pedagógico” (DEE,
2006, p.6). Neste documento, afirma sua posição e a necessidade de se respeitar
e atender às diferenças individuais, utilizando como um dos referenciais
CARVALHO (SEED/DEE, 2006,p.6). Atualmente com a mudança de governo
estadual, estão sendo implantadas as novas diretrizes.
A Deliberação nº 02/03 do Conselho Estadual de Educação do Paraná,
referente à Educação Especial estabelece no cap.II-seção I- art.9. Garante em sua
proposta pedagógica o apoio Especializado ao Ensino comum. Cabe, portanto as
escolas e aos professores assegurar e administrar a convivência digna e
respeitosa numa sociedade complexa e diversificada.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 9.394/96, no
artigo 59; “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais”:
I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica, para atender às suas necessidades.
É nesse contexto de legislações, de garantia de direitos, de novas idéias e
desafios, é que a escola deve identificar a melhor forma de atender às
necessidades educacionais de seus alunos, em seu processo de aprender, com
os auxílios necessários adequados as suas habilidades e necessidades.
2.2 Acessibilidade digital
“Todas as pessoas são modificáveis”.
Feuerstein
De acordo com a atual perspectiva inclusiva, o ambiente escolar é que
precisa se transformar para receber os alunos.
Segundo Ross, Urbanek (2010, p.67). Pensar assim representa uma grande
mudança, não só nas estruturas de ensino, mas em toda sociedade. Significa,
ainda, mudar posturas para combater o preconceito e a exclusão de todos os
grupos marginalizados, inclusive entre as próprias pessoas com deficiência.
Os autores destacam o direito do aluno, de expressar seus desejos com
relação à sua educação, que possibilite atingir e manter um nível de aprendizagem
adequado dentro de suas necessidades.
A escola inclusiva não exclui os alunos com ou sem dificuldades, mas se
mostra aberta à diversidade, a flexibilidade das propostas curriculares, respeitando
às habilidades e necessidades dos alunos.
A proposta do uso do computador para os alunos com deficiência visual,
torna-se viável às escolas, já que estas, possuem um laboratório de informática,
precisamos de capacitação para que o professor possa conhecer e utilizar como
recurso para o aprendizado do aluno.
Com os avanços da informática, vem sendo produzidos instrumentos
softwares que permitem que pessoas cegas e pessoas com baixa visão, possam
utilizar um computador e consiga desempenhar uma série de tarefas, adquirindo
certo grau de independência, autonomia pessoal, social, intelectual e econômica.
Os professores precisam conhecer esses instrumentos. Os softwares
garantem a acessibilidade, permitindo a escrita, leitura, navegação na internet,
ampliam a imagem exibida no monitor, permitindo velocidade no desempenho das
atividades escolares, É possível aplicar tais recursos para ampliar a participação
do aluno com deficiência visual no processo de aquisição do conhecimento.
A facilidade de comunicação gerada pela Internet nos leva a rever o preparo
das nossas aulas, bem como os conteúdos a serem abordados. Buscando
adequar às tecnologias, linguagens, necessidades e capacidades de cada um dos
alunos.
A formação da criança e jovem cego são muito prejudicados por falta de
acesso a recursos, tecnologia e cultura. Nas classes comuns os livros são todos
impressos no sistema comum. Nessas circunstâncias, o aluno pode utilizar a
tecnologia Braille para copiar e fazer seus trabalhos escolares, mas isso esbarra
em duas questões:
• Poucos professores sabem o Braille;
• Sem o apoio de pessoas que disponham a ler os livros impressos comuns,
o aluno com deficiência ficará restrito à informação verbal transmitida pelo
professor. www.freedomscientific.com >acesso em 04/05/2011.
“Um professor deverá fazer perguntas que
acentuem o processo de aprendizagem e
não o seu produto”.
Feuerstein
REFLITA
Na escola inclusiva os alunos aprendem participando. Não é apenas a
presença física que conta, mas sentir-se pertencentes à instituição e ao
grupo de tal maneira que o sentimento de pertencimento por parte do aluno
e de responsabilidade por parte da escola seja mútuo. O educando não é
uma parte do todo, mas compõe o todo. ROSS, URBANEK (2010, p.69).
A deficiência é uma condição não se pode definir de maneira estática o que
é a pessoa. O professor precisa conhecer o aluno, não só a sua patologia,
mas a sua capacidade.
Relato de um aluno.
Quando o professor fica perdido sem saber como trabalhar com o deficiente.
Quando o professor diz: Como vou fazer?
Nesta perspectiva, a presença do aluno com deficiência em sala de aula
resulta no desconhecimento, o medo do enfrentamento que pode ser adquirido no
movimento dialético da troca de experiências, enfim, o quanto vou aprender com
este aluno.
É importante que todos os profissionais da escola sejam preparados para as
novas mudanças de paradigmas.
Para Ross (2010, p.82). Planejar um processo de inclusão de qualidade
requer a programação deliberada para conhecer “Quem é o aluno com
deficiência”.
DICAS IMPORTANTESDICAS IMPORTANTESDICAS IMPORTANTESDICAS IMPORTANTES:
Ao iniciar o ano letivo, é aconselhável organizar palestras referentAo iniciar o ano letivo, é aconselhável organizar palestras referentAo iniciar o ano letivo, é aconselhável organizar palestras referentAo iniciar o ano letivo, é aconselhável organizar palestras referentes ao es ao es ao es ao
relacionamento com pessoas com deficiência, envolvendo os professores, relacionamento com pessoas com deficiência, envolvendo os professores, relacionamento com pessoas com deficiência, envolvendo os professores, relacionamento com pessoas com deficiência, envolvendo os professores,
funcionários e alunosfuncionários e alunosfuncionários e alunosfuncionários e alunos.
O professor precisa conversar com o aluno e seus familiares, conhecer sua trajetória O professor precisa conversar com o aluno e seus familiares, conhecer sua trajetória O professor precisa conversar com o aluno e seus familiares, conhecer sua trajetória O professor precisa conversar com o aluno e seus familiares, conhecer sua trajetória
de vida, buscar informações sobre as dificuldades do aluno, os recursosde vida, buscar informações sobre as dificuldades do aluno, os recursosde vida, buscar informações sobre as dificuldades do aluno, os recursosde vida, buscar informações sobre as dificuldades do aluno, os recursos e as e as e as e as
adaptações necessárias para um bom desempenho escolaradaptações necessárias para um bom desempenho escolaradaptações necessárias para um bom desempenho escolaradaptações necessárias para um bom desempenho escolar.
AÇÃO E REFLEXÃO
QUAL A MAIOR DIFICULDADE DOS DEFICIENTES VISUAIS NO
AMBIENTE ESCOLAR?
ROSS, URBANEK (2010, p.87)
O processo educativo é o resultado do esforço de todos, que são
corresponsáveis na resolução dos problemas. Para que as respostas
encontradas sejam pertinentes, oportunas e adaptadas, devem ser
construídas nos contextos em que se desenvolvem os problemas,
contando com o comprometimento dos interessados na sua resolução, o
que requer mudanças metodológicas organizacionais na escola.
Continuando com o pensamento dos autores, o professor precisa de apoio e
sustentação direta por, geralmente, sentir-se inadequado, inseguro, com baixa
auto-estima e frustrado, acabando, por vezes, sendo solidário com os pais na
ansiedade e na dúvida.
A flexibilidade constitui-se fundamento da inclusão escolar, porque
contemplam as diferentes alternativas de participação, os estilos, os canais de
comunicação, os recursos a serem utilizados pelos alunos em suas necessidades
SUGESTÕES PARA ENRIQUECER SUA PRÁTICA O acesso ao currículo para todas as crianças com necessidades especiais pode ser assegurado se a escola levar em conta os seguintes fatores:
• Enfatizar mais o que a criança pode fazer do que aquilo que ela é incapaz de fazer; • Ser criativo em apresentar trabalhos que sejam acessíveis; • Reconhecer que o método de apresentação pode impedir o controle total da criança
sobre uma tarefa particular; • Evitar escolher uma criança e dar-lhe atenção especial, por ser uma atitude imprópria
e inadequada. Os professores devem lembrar que essas crianças podem precisar de:
• Mais tempo para completar uma tarefa. Trabalhando em Braille ou usando auxílios ópticos próprios da baixa visão, por exemplo, consome mais tempo e torna-se mais cansativo que as leituras comuns;
• Mais demonstrações práticas (trabalhar concretamente as questões antes ou depois de uma aula pode ser mais efetivo que explanações verbais);
• Mais ensino direto de conceitos, tendo em vista que as demais crianças podem obtê-los e formá-los ocasionalmente. ROSS; URBANEK, 2010 p.148).
especiais e especificidades nas mesmas atividades dos demais colegas, mesmo
que não o façam na mesma atividade dos demais colegas. Idem p.149
Segundo Vygotsky (apud MANZINI, p.99)
A deficiência deve ser considerada a partir de três pontos fundamentais, a começar pela própria concepção de deficiência, que, conforme assevera é algo determinado pelo caráter biológico e social do defeito. Em segundo lugar, o conceito de compensação social, por fim, o trabalho relacionado à educação de sujeitos com deficiência. O caráter biológico, conforme o autor corresponderia à deficiência em si mesma (a cegueira, a surdez, a deficiência motora).
Se uma criança com deficiência visual puder dispor de uma condição
educacional adequada, notadamente nas etapas iniciais de sua formação, isso
ampliará, de forma significativa, as possibilidades de obter sucesso, seja em
termos sociais, intelectuais ou profissionais. Manzini, (2006, p.100).
Para atender ao aluno com ou sem deficiência, a escola inclusiva precisa de
algo mais do que fornecer conteúdos, ou seja, necessita, além de transmitir
conhecimentos precisa reconhecer a diferença, livre de preconceitos, de
heterogeneidade das turmas.
Tal escola considera que o conhecimento não obedece critérios rígidos
estabelecidos e limitados pelas disciplinas curriculares, mas configura ampla rede
de ideias introduzindo objetivos e conteúdos funcionais.
A inclusão considera a criação de condições e possibilidades para que as
pessoas com deficiência possam realmente usufruir de direitos , ao mesmo tempo
em que tenham suas singularidades respeitadas.
Segundo Ross (2010, p.63) O paradigma da educação inclusiva compreende
que toda criança tem direito à educação e que os seus limites e possibilidades
devem ser respeitados. [...] têm o direito de se beneficiar dos serviços e da
atenção ofertados na escola comum ou na escola especial, independentemente
das dificuldades ou diferenças que elas possam apresentar.
Segundo PAPERT (1980, p.50)
O educador deve atuar como um antropólogo. E, como tal, sua
tarefa é trabalhar para entender que materiais dentre os
disponíveis são relevantes para o desenvolvimento intelectual.
Assim, ele deve identificar que tendências estão ocorrendo no
meio em que vivemos. Uma intervenção significativa só acontece
quando se trabalha de acordo com essas tendências. O autor diz,
em meu papel de educador-antropólogo eu vejo novas
necessidades sendo geradas pela penetração dos computadores
na vida das pessoas.
Para saber mais sobre Educação Inclusiva leia: Educação Inclusiva –
Dinéia Urbanek, Paulo Ross. – Curitiba: Editora Fael,2010.
Apresentam-se aqui, relatos coletados de entrevistas abertas, realizadas com
alunos do Centro de Informática para Deficientes visuais da Escola de Educação
Especial Prof. Hermann Gorgen. Os alunos frequentam aulas de informática e
também estão matriculados em escola do Ensino Fundamental e Médio na Região
Metropolitana de Curitiba.
1º-Relato de uma aluna com o Diagnóstico de Retinoplasia.
1) Como é feito a avaliação dos conteúdos em sala de aula?
R: Usando reglete, a matéria era toda ditada e a avaliação feita oralmente. Na
minha escola onde terminei o Ensino regular tinha um laboratório de informática,
mas não participava, ficava de lado. Cursei o Magistério e atualmente faço
INDICAÇÃO
pedagogia, recebi do MEC o leptop. Ela faz uma observação: muitos professores
esquecem o pendrive com os conteúdos das aulas. Fica difícil, por que preciso de
ajuda de outras pessoas.
2) Que mudanças o computador promoveu em sua vida?
Ela responde, facilita bastante, com os programas me viro sozinha, tinha
vergonha de não conseguir usar o computador, agora entro no e-mail, faço
pesquisas, leitura, acompanho as aulas sem precisar de ninguém. Uso o
DOSVOX.
2º- Relato de um aluno com o diagnóstico de catarata congênita
1) Pergunta-se ao aluno sobre a importância do computador.
Ele relata: Ficou melhor, não precisa ninguém transcrever na máquina. Recebi do
MEC o laptop, atualmente curso a 8ª série do Ensino Fundamental. Os
professores passam no pendrive ou enviam por e-mail os conteúdos a serem
trabalhados. Tenho uma relação normal com todos, faço as pesquisas pela
Internet, gosto das Redes Sociais principalmente MSN. Lembra ainda que alguns
professores ainda fazem as avaliações oralmente.
3º Relato de uma aluna com diagnóstico de Atrofia do Nervo óptico.
Quando perguntei sobre a importância do computador ela prontamente
respondeu, que as suas dificuldades visuais começaram a partir dos 6 anos e sua
maior dificuldade é a leitura, usa uma lupa como recurso.
Atualmente com o computador gosta de fazer pesquisas e usa o programa JAWS.
Relatou: Estava aguardando uma consulta médica, em um determinado
posto de saúde, falei para a atendente que não conseguia ler o painel onde
chamava pelo nome, explique que tinha dificuldades visuais. Meu pedido não teve
atenção, por que aparentemente enxergo uso óculos e a atendente não
demonstrou nenhum interesse em ajudar, mandou pedir ajuda para quem
estivesse próximo. Devido às dificuldades resolvi ir embora sem atendimento.
ROSS, URNABEK (2000, p.171)
[...] O bom planejamento auxilia o professor haver a inclusão como algo possível e fácil de ser administrado no dia a dia, assim todos os seus benefícios são estendidos aos educandos. [...] às mudanças, as adequações, a acessibilidade à comunicação, o usufruto das conquistas humanas: os recursos tecnológicos, os espaços das redes sociais, o compartilhar dos territórios reais e imaginários, o exercício das escolhas, da crítica, o direito à construção da história, a ocupação do lugar possível no contexto familiar, no mundo do trabalho, nas trocas sociais, a proclamação de suas aspirações na política, a celebração de sua existência pela contemplação e reconhecimento de sua própria obra.
Feuerstein (in GARCIA; MEIER, 2007, p.73) afirma que a experiência de
aprendizagem mediada não deve ser considerada como a única influência eficaz
no desenvolvimento do indivíduo. [...] são necessárias à criação dos pré-requisitos
do pensamento, da flexibilidade necessária para a adaptação e da base para o
funcionamento operacional.
A mediação é necessária para o desenvolvimento das funções cognitivas do
sujeito, entretanto, tão importante quanto beneficiar-se das ações mediadas
provenientes do mediador, o sujeito precisa também desenvolver sua própria
autonomia na busca da aprendizagem e da construção do conhecimento de forma
independente. (ibid, p.73)
3. CONSIDERAÇÕES SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL
3.1 O que é Deficiência Visual
Conforme a definição extraída na reunião sobre deficiência visual infantil,
promovida pela OMS- Organização Mundial de Saúde, realizada em Blangkok,
Tailândia, no ano de 1992.
“...é aquela que possui um comprometimento em seu funcionamento visual, mesmo após tratamento e/ou correção de erros refracionais com lentes comuns e tem uma acuidade a 6/18 até a percepção de luz ou um campo visual inferior a 10º do seu ponto de fixação, mas que utiliza ou é potencialmente capaz de utilizar a visão para o planejamento e execução de uma tarefa”.
Em outras palavras o aluno com baixa visão também pode ser definido como,
aquele que apresenta uma perda significativa da visão não corrigível por
tratamento clínico ou cirúrgico ou com óculos convencionais. Não é cego, possui
resíduo visual, percebem luzes, cores, vultos, conseguem identificar e discriminar
e apresentar dificuldades relacionadas com profundidade, movimentos, detalhes
distintos em forma e dentro de figuras, grafias e outros aspectos dentro de um
vasto campo.
O termo “baixa visão”, foi criado pelo Dr. Gerald Fonda em 1953. Ele é
considerado o pioneiro dessa sub-especialidade oftalmológica nos Estados
Unidos. O termo substitui oficialmente “visão subnormal” em 1976, durante uma
assembléia da OMS. VEITZMAN (2000, p.1).
Conforme Dec.3298/98, no seu art.3º, para os efeitos deste Decreto,
considera-se:
I-deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
SAIBA MAISSAIBA MAISSAIBA MAISSAIBA MAIS
Conforme o Censo Demográfico 2000Conforme o Censo Demográfico 2000Conforme o Censo Demográfico 2000Conforme o Censo Demográfico 2000----IBGE. No Brasil, 14,5% da população são pessoas IBGE. No Brasil, 14,5% da população são pessoas IBGE. No Brasil, 14,5% da população são pessoas IBGE. No Brasil, 14,5% da população são pessoas
portadoras de deficiência. O resultaportadoras de deficiência. O resultaportadoras de deficiência. O resultaportadoras de deficiência. O resultado do Censo, mostra que aproximado do Censo, mostra que aproximado do Censo, mostra que aproximado do Censo, mostra que aproxima---- ooodamente, 24,6 milhões ooodamente, 24,6 milhões ooodamente, 24,6 milhões ooodamente, 24,6 milhões
de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência.de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência.de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência.de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência.
Entre 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visuais, quase 150 mil se declaram Entre 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visuais, quase 150 mil se declaram Entre 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visuais, quase 150 mil se declaram Entre 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visuais, quase 150 mil se declaram
cegas.cegas.cegas.cegas.
www.ibge.gov.br>Acesso em 16/ 06/2011
II- deficiência permanente é aquela que ocorreu ou se estabilizou durante
um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter
probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e
III- incapacidade é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de
integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou
recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber
ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao
desempenho de função.
Assim, para Ross (1998, p.26) “não é a distinção física ou sensorial que
determina a humanização ou desumanização do homem. Suas limitações e
ilimitações são determinadas socialmente”.
E, para Vygotsky et al., citado por Ross (2010, p.63):
A cegueira por si só não torna uma pessoa com defeito, não é uma deficiência, isto é uma insuficiência, uma dislalia, uma enfermidade. A cegueira se converte em uma deficiência somente em certas condições sociais da existência do cego. A cegueira é o signo da diferença entre sua conduta e a conduta das demais pessoas.
3.2 CLASSIFICAÇÃO
A caracterização de Deficiência Visual, atualmente usada em todo o mundo é
baseada na 1ª e 2ª edição da décima revisão do código Internacional de doenças
(CID), que deriva do grupo de estudos da OMS em prevenção de cegueira que se
reuniu em 1972 para criar uma definição padronizada. Isso foi feito para facilitar a
coleta de dados populacionais, sobre a prevalência de deficiências visuais e
cegueira de uma maneira uniforme e comparável.
Novas propostas estão sendo estudadas pela consultoria da OMS
(Organização Mundial de Saúde) para a “padronização da definição de perda de
visão e funcionamento visual”.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ATUAL
Nova redação da caracterização de deficiência visual- artigo 4º do Decreto
número 3.298/99.
Deficiência Visual- compreende:
• Cegueira- na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05
(20/400) no melhor olho com a melhor correção óptica.
• Baixa visão ou visão subnormal-que significa acuidade visual entre
0,3 (20/60) a 0,05 (20/400 no melhor olho e com a melhor correção
óptica. A situação na qual a somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos, for igual ou menor que 60° (sessenta graus); ou a
ocorrência simultânea de qualquer uma das condições anteriores.
Definição atual da OMS- Cegueira legal: presença de acuidade visual igual
ou pior que 20/400 no melhor olho e com a melhor correção possível ou ainda a
presença de campo inferior a 20º graus centrais do melhor olho.
O QUE SÃO AUXÍLIOS ÓPTICOS?
São muito importantes para que os alunos com baixa visão tenham bom
desempenho visual. Devem ser indicados e prescritos pelo médico oftalmologista.
Podem ser: lupas manuais, lupas fixas, telessistemas, telelupas, óculos, lentes de
contacto.
Fig.1-Lupas manuais ou lupas de mesa e de apoio: úteis para ampliar o tamanho de fontes para leitura, as dimensões de mapas, gráficos, diagramas, figuras e outros. Quanto maior a ampliação de velocidade de leitura é maior a fadiga visual.
Foto: Dulcélia Meneguete
O telescópio (figura 2) é um pequeno aparelho formado por lentes especiais
que aumenta a aproxima a imagem de coisas que estão longe. Os telescópios são
usados principalmente por crianças e adolescentes na escola para enxergar a
lousa, mas também podem ser usados para assistir TV, ao cinema, no trabalho,
para ver nomes de ruas, números de casas, sinais de trânsito, placas, etc.
Fig.2 Recurso óptico para longe: Telescópio.
Foto: Dulcélia Meneguete
O Ampliador eletrônico de imagens foi desenvolvido para auxiliar a leitura de
pessoas com baixa visão que necessitam de grande ampliação de textos e
imagens. Constitui-se de uma micro câmera que amplia textos e imagens
reproduzindo-os em qualquer TV convencional que possua uma entrada para
vídeo. Amplia até 40 vezes em TV de 20”.
Fig.3. Ampliador eletrônico de imagens
. Foto: Dulcélia Meneguete.
A baixa visão conforme a conceituação vista anteriormente, implica em dizer
que a pessoa que possui, promove todo o mecanismo da utilização da acuidade
visual que possui, através das adequações dos recursos ópticos e não ópticos que
lhes são disponíveis através da orientação e acompanhamento do professor
especializado.
SAIBA MAIS
Segundo a Sociedade Brasileira de Visão Subnormal 70, a 80% da criança diagnosticada como
cegas possuem algum resíduo visual. Em países em desenvolvimento a prevalência de
cegueira infantil é de 1 a 1,5 para cada mil crianças. A prevalência de visão subnormal é três
vezes maior (estimativa da Organização Mundial de Saúde- OMS).
As causas mais comuns da baixa visão em crianças são congênitas (presentes no nascimento)
como nos casos de corioretinite macular por toxoplasmose, catarata congênita glaucoma
congênito, atrofia congênita de Leber e outras.
Saiba mais acessando o site: www.portaldaretina.com.br
CURIOSIDADE
IMPLANTE DE CHIP NA RETINA DEVOLVE VISÃO DE PACIENTE CEGO
LONDRES- Três pacientes recuperaram parte da visão após uma cirurgia
revolucionária que implantou um chip em suas retinas. Os dois homens e a mulher
que se submeteram ao procedimento conseguiram distinguir formas e objetos
apenas dias depois da intervenção, criando esperança para milhões de pessoas
em todo mundo. Os três operados estavam entre 11 pacientes do estudo que
perderam a visão há pelo menos 5 anos por causa de uma doença chamada
retinite pigmentosa, condição genética que destrói a retina.
Fonte: http://oglobo.globo.com/
Para saber mais visite http://www.retina.implant.de/
O dispositivo, conhecido como implante subretinal, fica por baixo da retina e
funciona substituindo os receptores de luz destruídos pela doença.
3.3 PROFESSOR ITINERANTE
Ninguém ignora tudo; Ninguém sabe tudo;
Todos nós sabemos alguma coisa; Todos nós ignoramos alguma coisa;
Por isso, aprendemos sempre.
Paulo Freire
Este professor é um professor do magistério pedagogo ou professor que
através de embasamento teórico e prático, adquire conhecimento
anatomofisiológico do globo ocular, seu funcionamento, sequelas patogênicas,
enfim todas as demais implicações resultantes do déficit visual do aluno com baixa
visão.
Assim, o professor faz um trabalho itinerante dando apoio e ajuda ao
professor de classe comum. Nos seguintes aspectos:
• Interpretação e orientação quanto ao diagnóstico oftalmológico do
aluno;
• Orientar o professor para a utilização dos recursos ópticos lupas,
telescópios, barra de leitura,
• Orientação quanto à elaboração, confecção e utilização dos recursos
não ópticos como definição de cores, tamanho de figuras e imagens, jogos e
brinquedos pedagógicos, ampliação de textos, adequação e utilização de
lápis e canetas, luminárias e outros materiais.
• Orientação do quanto à posição da carteira do aluno dentro da sala
de aula. Sentar o aluno em lugar sombrio se ele tiver fotofobia (dificuldade de
ver bem em ambiente com muita luz).
• Orientações do quanto os meios informáticos facilitam as atividades
de educadores e educando possibilitando a comunicação, a pesquisa e o
acesso ao conhecimento. Existem programas leitores de tela com síntese de
voz, concebidos para usuários cegos, que possibilitam a navegação na
internet, o uso dos correios eletrônicos, o processamento de textos, de
planilhas e uma infinidade de aplicativos usados por meio de comandos de
teclado.
O fato de receber o aluno com deficiência visual, não significa que a
educação seja especial, há sim necessidade, por parte do professor de conhecer o
tipo de deficiência através do diagnóstico do médico oftalmologista, e os recursos
indicados. Esses alunos são encaminhados a um Centro especializado para
treinamento conforme a sua defasagem, com o auxílio óptico indicados, sejam
eles correções simples, lupas ou telescópios.
OLIVEIRA (1997, p.57) destaca a importância do sistema educacional,
“Hoje encontramos o nosso sistema educacional num constante alerta para as inovações do ensino, procurando uma revitalização estrutural e qualitativa capaz de atender às crescentes demandas decorrentes das exigências globais de um processo de desenvolvimento que se acelera a cada dia no Brasil”.
VYGOTSKY, (1998, p.56) enfatiza, a importância dos processos de
aprendizado. Para ele, desde o nascimento da criança, o aprendizado está
relacionado ao desenvolvimento e é “um aspecto necessário e universal do
processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas
e especificamente humanas”.
A escola precisa estar aberta à diversidade, isto é, que respeite o tempo de
cada aluno, há necessidade, por parte do professor de conhecer o tipo de
deficiência e a história de vida do aluno. Proporcionando um espaço inclusivo, que
atenda as diversidades e que propicie uma educação de qualidade.
Para Ross (2006, p.179) educar-se na diversidade significa enriquecer essa
qualidade no humano. Isto significa agregar valor ao humano, recuperando o
sentido do que aprendem, sentidos no seu presente, sentidos para suas vivências,
compreensão de sua missão no mundo, “Educar-se na diversidade significa
menos abstrair os sentidos e mais sentir os sentidos”.
INDICAÇÃO
DOCUMENTÁRIO. “BORBOLETAS DE ZAGORSK”
EM Zagorsk (atual Sergiev, Posod) cidade a 80 km de Moscou,
professoras promovem o desenvolvimento de diferentes formas e
níveis de linguagens em crianças surdas e /ou cegas.
Feuerstein (1994) diz que a escola deve prover à criança oportunidades de
conquistas reais dentro de suas capacidades para que ela desenvolva um
sentimento positivo em relação a si mesma já que o número de experiências bem
sucedidas é grande. A escola deveria ser um lugar especial de experiências de
sucesso, de realizações pessoais, de conquistas alcançadas, de desenvolvimento
de auto imagem positiva e real.
Neste momento tendo em vista que, para a transformação da prática
educativa, um dos elementos chave, é o professor, torna-se imprescindível refletir
sobre as concepções da integração entre a teoria e as práticas educativas.
AÇÃO E REFLEXÃO
• O QUE PODE MUDAR NA VIDA DE UM DEFICIENTE VISUAL COM O USO DO COMPUTADOR?
• COMO UTILIZAR O COMPUTADOR E OUTRAS TECNOLOGIAS PARA
AJUDAR NO PROCESSO DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL?
INDICAÇÃO
Para saber mais sobre MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM leia: Mediação
Da aprendizagem: contribuições de Feuerstein e de Vygotsky- Marcos
Méier, Sandra Garcia- Curitiba: Edição do autor, 2007.
Com o avanço das novas tecnologias, a sociedade passou a conhecer uma
nova realidade que, sistematicamente vem alterando os hábitos e costumes dos
indivíduos. A influência dos computadores nos meios de produção e comunicação,
bem como na aquisição do conhecimento têm sido tão marcante que já não deixa
espaço para sua não utilização em sala de aula como um recurso para o aluno
com deficiência visual.
Os professores devem ser orientados como enxerga uma pessoa com baixa
visão, as possibilidades e necessidades de adaptações. Se o aluno usa um
recurso óptico é preciso explicar para todos os alunos a importância e como ele
utiliza a visão, as condições de iluminação e adequação à luz, posicionamento em
sala de aula e também a utilização dos recursos não ópticos e tecnológicos.
É necessário considerar que todos os alunos têm suas próprias necessidades
educativas.
De acordo com FEITOSA (2001, p.129)
‘O aprender é um processo de mudança contínua; o ser indivíduo é um sujeito inacabado que está sempre aprendendo e se transformando. A sua transformação deve ir além de suas alterações internas, mas transcender externamente. Se o indivíduo consegue transformar, significa que ele conseguiu aprender e formular um novo conhecimento a partir de suas interconexões biológicas, psicológicas e históricas, sociais e culturais’.
DELVAL (2001, p.111), os seres humanos necessitam aprender para
adaptar-se ao meio e para sobreviver e tem enorme capacidade para fazê-lo e
também para ensinar aos outros. Essa capacidade está em sua carga genética e,
ao longo de toda sua história, aprendeu-se de maneiras muito diferentes.
Os indivíduos aprendem de maneiras muito diferentes em função de seus
interesses, de suas possibilidades e das situações, precisamos respeitar o tempo
de cada um.
O uso de ferramentas computacionais dentro de um processo de
aprendizagem vem a somar com a inclusão do aluno com baixa visual, facilitam as
atividades de educadores e educando porque possibilitam a comunicação, a
pesquisa e o acesso ao conhecimento.
SAIBA MAIS
Podem ser observados dois problemas que afetam diretamente as
pessoas com baixa visão: a falta de identificação como pessoas com baixa
visão e o deslocamento da sua problemática para outras áreas.
Em relação à questão identificação como possuidor de baixa visão, elas
nunca são tratadas como pessoas que possuem capacidades limitadas para
perceber visualmente o mundo ao ser redor. São tratadas às vezes como
pessoas cegas e em outros momentos como pessoas visualmente normais.
Parece não existir uma compreensão clara e definida do que sejam pessoas
com baixa visão (AMIRALIAN, 2004, p.19-20).
Diante dos paradigmas educacionais, percebemos o quanto precisamos estar
abertos para a nova realidade, conhecendo os Recursos de acessibilidade ao
computador.
“Não existe mais a condição de o educador deter todo o conhecimento. Ele está em constante atualização e negociação para se adaptar às novas condições intelectuais e, para isso, ele precisa também se autoconhecer para que consiga interagir com todos e tudo que está ao seu redor, consciente das relações coletivas do seu próprio aprendizado”. FEITOSA (2001, p.129).
AÇÃO E REFLEXÃO
O papel do ser humano como transformador é transformar a si mesmo, ele cria
instrumentos que ampliam a educação criando novas formas de agir e de pensar!
4. TECNOLOGIAS ASSISTIVAS
Tecnologia Assistivas de acordo com a definição proposta pelo Comitê de
Ajudas Técnicas (CAT), tecnologia assistiva é uma área do conhecimento, de
característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades
ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida
e inclusão social.
Na perspectiva da educação inclusiva, a tecnologia assistiva é voltada a
favorecer a participação do aluno com deficiência nas diversas atividades do
cotidiano escolar, vinculados aos objetivos educacionais comuns. São exemplos
de tecnologias assistivas na escola os materiais escolares e pedagógicos
acessíveis, a comunicação alternativa, os recursos de acessibilidade ao
computador, os recursos para mobilidade, localização, a sinalização, o mobiliário
que atenda às necessidades posturais; entre outros. www.assistiva.com.br -
Acesso em 11/04/2011
Num sentido mais amplo percebemos que a evolução tecnológica caminha
na direção de tornar mais fácil. Utilizamos constantemente ferramentas que foram
desenvolvidas para favorecer e simplificar as atividades do cotidiano, como os
SAIBA MAIS
A baixa visão também pode ser adquirida por doenças como
diabetes, deslocamento de retina, glaucoma, catarata, traumas
oculares e degeneração sinil de mácula, ou seja, envelhecimento da
retina (tecido sensível à luz no fundo da retina). É importante salientar
que, a baixa visão pode acontecer em qualquer idade.
Saiba mais acessando o site: – http://www.portaldaretina.com.br
talheres, canetas, computadores, controle remoto, automóveis, telefones
celulares, relógios e outros, que fazem parte da nossa rotina.
A tecnologia assistiva se compõe de Recursos e Serviços. Os Recursos são
todo e qualquer item, equipamentos ou parte dele, produto ou sistema fabricado
em série ou sob-medida utilizado para aumentar, manter ou melhorar as
capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Os Serviços são definidos
como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a selecionar,
comprar ou usar um recurso.
Podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema
computadorizado ou ainda equipamentos que visam à independência das pessoas
com deficiência visual na realização de tarefas como; consultar o relógio, usar
calculadora, verificar a temperatura do corpo, identificar se as luzes estão acessas
ou apagadas, cozinhar, identificar cores e peças do vestuário, ter mobilidade e
outros.
A Tecnologia Assistiva engloba outras áreas como:
• Comunicação Alternativa e Ampliada;
• Adaptações de acesso ao computador;
• Equipamentos de auxílio para visão e audição;
• Próteses, órteses;
• Mobilidade alternativa.
Os recursos de acessibilidades ao computador desempenham funções para
tornar o computador acessível, no sentido de que possa ser utilizado por pessoas
com privações sensoriais e motoras. Como, por exemplo, os teclados virtuais com
varredura, mouses especiais, softwares de reconhecimento de voz, ponteira de
cabeça por luz entre outros.
“A tecnologia é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar,
que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de
pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidades reduzida,visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”. (CORDE- Comitê
de Ajudas Técnica- ATA VII).
Figura 3. Prancha de leitura inclinada com lupa deslizante.
Fonte: www.bonavision.com.br >acesso em 16/06/2011
Figura 4. Calculadora
Fonte: www.amplivisão.com.br >acesso em 16/06/2011
Figura 5. Aparelho celular
Fonte: www.amplivisão.com.br >acesso em 16/06/2011
Figura 6. Relógio em Braille.
Segundo DEVAL (2001, p.111)
Os seres humanos necessitam aprender para adaptar-se ao meio
e para sobreviver e tem enorme capacidade para fazê-lo e
também para ensinar aos outros. Essa capacidade está em sua
carga genética e, ao longo de toda sua história, aprendeu-se de
maneiras muito diferentes.
Os indivíduos aprendem de maneiras muito diferentes em função de seus
interesses, de suas possibilidades e das situações, precisamos respeitar o tempo
de cada um.
O desempenho acadêmico do aluno com baixa visão, depende da satisfação
de suas necessidades, como adaptação do material didático, desde a ampliação
até os recursos tecnológicos, o computador, livros digitalizados, internet,
programas de fala e outros.
O uso de ferramentas computacionais dentro de um processo de
aprendizagem vem a somar com a inclusão do aluno com baixa visual, facilitam as
atividades de educadores e educando porque possibilitam a comunicação, a
pesquisa e o acesso ao conhecimento.
Para tal, o compromisso da SEED/DEEIN e o Centro de Apoio Pedagógico
para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual CAP- Curitiba está
direcionado ao respeito às necessidades educacionais especiais dos alunos com
deficiência visual no que diz respeito ao material didático pedagógico necessário
ao desenvolvimento de suas potencialidades e acesso ao currículo.
O objetivo é atender à diversidade que há nas escolas, não só pela inclusão,
mas para nos levar a refletir a nossa prática cotidiana.
Uma escola inclusiva se distingue por um ensino de qualidade que consegue
aproximar os alunos entre si, tratar os conteúdos como meios de conhecer melhor
o mundo e as pessoas que nos rodeiam.
Essa procura de sentidos se dá no encontro do “Eu com o Outro”. Visualizar,
compreender o outro é uma forma de entender-se.
Mas o que são as diferenças?
O professor neste contexto não procurará eliminar as diferenças em favor de
uma suposta igualdade entre os alunos, mas, ficará atento na diversidade,
investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente de aprendizagem e de
experiências.
A luta pela melhoria da qualidade de educação e pela integração
social é uma luta pedagógica e social. A escola para todos, a
escola inclusiva, tem como princípio fundamental que todas as
crianças devem aprender juntas, sempre que possível,
independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que
possam ter. (CARVALHO, 2007, p.62).
PENSE NISSO:
Professor:
1) Os currículos são guias são mapas, mas o caminho é feito por você!
2) Você elege o conteúdo fundamental!
3) Você possibilita aos alunos discutir o significado do que vão aprender?
4) Você oportuniza com os alunos o espaço para propor conteúdos, questões que
lhes identificam ou que lhes favoreçam a participação, o exercício da condição de
sujeito?
5) Não tenha pressa, professor, pois podemos ser o senhor do nosso tempo.
Podemos ser o senhor dos hábitos de concentrar nossos esforços no fundamental.
Diante dos paradigmas educacionais, percebemos o quanto precisamos estar
abertos para a nova realidade, conhecendo os recursos tecnológicos e como
adaptá-los a nossa realidade no processo de inclusão do aluno.
Segundo FEITOSA (2001, p.129):
“Não existe mais a condição de o educador deter todo o conhecimento. Ele está em constante atualização e negociação para se adaptar às novas condições intelectuais e, para isso, ele precisa também se autoconhecer para que consiga interagir com todos e tudo que está ao seu redor, consciente das relações coletivas do seu próprio aprendizado”.
O que permitiu o acesso das pessoas com deficiência visual à informática, foram
os programas leitores de tela. O aluno pode ser bem sucedido se lhe for oferecido
condições e recursos necessários para sua inclusão, através do acesso às tecnologias.
O leitor de tela é um software usado para obter respostas do computador por meio
sonoro. Com esses programas o deficiente visual pode não apenas ler e escrever
textos no computador, como navegar na Internet.
Pense nisso:
• Pessoas com baixa visão podem ler jornais on-line em que se pode
ampliar o tamanho do texto.
• Os recursos trazidos pela Internet foram fundamentais, abrindo
espaço importante para a inclusão do aluno com deficiência.
Relato de um aluno sobre a importância da Internet.
“Faço minhas pesquisas e gosto de ler os jornais pela
Segundo FREIRE, VALENTE (2001p. 32) a abordagem que usa o
computador como meio para transmitir informações ao aluno mantém a prática
pedagógica vigente na maioria das nossas escolas. Na verdade, o computador
está sendo usado para informatizar os processos de ensino já existente.
A utilização de novas ferramentas transforma os alunos, em agentes críticos,
capazes de problematizar e de aprofundar o conhecimento mediante a
apropriação do diálogo crítico, afirmando, argumentando e questionando a favor
de um mundo qualitativamente melhor para todos. (NARDI, 2001p. 95)
Relato de um aluno.
“Na minha escola tem laboratório de informática, mas é somente para uso dos
professores, não tem computador adaptado”.
Uso o computador em casa para fazer as pesquisas, ler jornal, uso o MSN e
twitter. Seria bem mais fácil com o uso do computador nas aulas.
REFLEXÃO
Refletir sobre a escolaridade do aluno com deficiência visual é conhecer as
diferentes trajetórias no processo de aprendizagem. A tecnologia é um
instrumento que amplia as facilidades de aprender, de fazer, de pensar,
desde as capacidades físicas e intelectuais. Precisamos refletir a posição de
cada um de nós, não só pela inclusão do deficiente, mas sobre a diversidade
que há nas escolas.
Você sabia que metade dos alunos não tem acesso a computador?
Metade dos alunos brasileiros está desconectada e o país soma uma década
de atraso em relação aos países ricos no que se refere ao acesso a computadores
e internet. Se não bastasse, as escolas brasileiras estão entre as piores em
relação ao contato dos alunos com a informática. Esse é o resultado do primeiro
levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) para
analisar a relação entre os sistemas de ensino e a tecnologia. Segundo o
documento, elaborado com dados de 2009 pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, as escolas brasileiras não estão equipadas, é o
último em uma lista de 38 países avaliados em relação ao número de
computadores por alunos na escola. De 65 países avaliados, somente dez estão
em situação pior que a do Brasil. Alunos de Romênia, Rússia e Bulgária têm mais
acesso à tecnologia que os brasileiros. No Brasil, 53% dos estudantes de 15 anos
tem computadores em casa. Há dez anos, a taxa era de 23% na Europa, 90% têm
computador. O acesso no Brasil é hoje equivalente ao da Europa no ano 2000
(GAZETA DO POVO- 29/07/2011).
VOCÊ SABIA.
Deficientes visuais aprendem locução e radialismo.
Alunos da Adevirp ( Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto)
participam do projeto “voz que transforma”, alunos gravam histórias e textos
para produção de livros-áudio.
Para saber mais acesse o site: http://eptv.globo.com>acesso em 07/08/2011
Educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa,
pessoa ou idéia que vemos, ouvimos, sentimos, tocamos,
experienciamos, lemos, compartilhamos e sonhamos; quando
aprendemos em todos os espaços em que vivemos na família, na
escola, no trabalho, no lazer. Educamos aprendendo a integrar em
novas sínteses o real e o imaginário; o presente e o passado
olhando para o futuro; ciência, arte e técnica; razão e emoção.
MORAN
Disponível no site www.eca.usp.br/prof/moran/uber.Acesso
em03/07/2011.
4.1 PROGRAMAS MAIS CONHECIDOS E DIFUNDIDOS NO BRASIL
As mudanças provocadas com a inclusão escolar e social produzem
benefícios, nas inovações tecnológicas. Isto significa que as dificuldades para se
beneficiar do conhecimento, dos saberes e valores sociais não se localizam na
pessoa, mas no modo como se organizam a escola e a sociedade. Assim, se as
condições estruturais, forem adaptadas, então, a pessoa com deficiência visual,
tem plena oportunidade para garantir sua independência e autonomia.
Na medida em que os computadores com software de fala forem colocados à
disposição de pessoas com deficiência visual, sua condição de cegueira deixa de
ser impeditiva para obter o acesso à educação e ao trabalho. Ross, (2010, p.72).
Figura 7. Software leitor de tela
Figura 8. Linha Braille
Foto: Dulcélia Meneguete
4.1.1 DOSVOX:
4.1.2Características Gerais
Sistema operacional desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro vem nos últimos anos se dedicando à
criação de um sistema de computação destinado a atender aos deficientes visuais.
Possui um conjunto de ferramentas e aplicativos próprios além de agenda, chat e
jogos interativos. Pode ser obtido gratuitamente por meio de “download” a partir do
site do projeto DOSVOX.
O DOSVOX permite que o usuário através do uso de sintetizador de voz. O
sistema conversa com o deficiente visual em Português, sem sotaque, senso que
a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas e dá a ele muitas
facilidades, como um sistema de gerência de arquivos adequado ao uso por
deficiente visual, editor e leitor de textos, impressor a tinta e em Braille, ampliador
de telas para visão subnormal, diversos jogos. Todo acesso é feito pelo teclado, e
o sistema de seleção por menus conduz o deficiente a uma operação com muito
menos erros.
O subprojeto do DOSVOX que teve mais impacto foi o de acesso a Internet.
Para a pessoa cega, a comunicação pela Internet é especialmente importante,
essa ferramenta permite o acesso às últimas tendências e descobertas, com isso
os nossos alunos com deficiência visual, ficam no mesmo patamar dos alunos
ditos normais.
BORGES, afirma que: Os professores, poderiam produzir programas simples
para os deficientes visuais, com o uso de ferramentas simples (muitas delas
disponíveis junto com o sistema DOSVOX), mas não existe formação para tal nos
cursos de pedagogia. Desta forma, somos levados a afirmar que infelizmente o
número e crianças que pode ter acesso pleno a todo potencial desta tecnologia é
pequeno.
SAIBA MAIS
O sistema DOSVOX evoluiu a partir do trabalho de Marcelo Pimentel Pinheiro, estudante de informática cego, e que desenvolveu o editor de textos do sistema. Marcelo é programador do NCE, onde trabalha sob orientação acadêmica do prof. José Antonio Borges, responsável pela coordenação do projeto DOSVOX.
PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Diversas dificuldades do processo de alfabetização de crianças com graves
problemas visuais decorrem de problemas mecânicos do método de escrita
manual com o método Braille. Aqui se utiliza um estilete (punção).
Com o computador pode ser usado para escrita com menos necessidade de
habilidade. O teclado pode ser coberto (parcialmente, em geral) com adesivos
com alguns códigos Braille, de forma, quando a criança aperte uma tecla, ela sinta
qual o código Braille e o computador verbalize a tecla apertada, eventualmente
associada a algum jogo didático. Desta forma, a criança pode aprender a escrever
e a ler, simultaneamente. BORGES (1998).
VOCÊ SABIA? - O projeto DOSVOX pode ser obtido gratuitamente por meio “download” a partir do site do projeto DOSVOX: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox.
CURIOSIDADE
O autor cita como exemplos dois jogos. Letravox e o Letrix;
-O primeiro associa cada letra teclada a uma história que tem relação com a letra em
questão.
- O segundo ajuda na formação de palavras, sonorizando o que a criança teclar, e
caso a palavra faça sentido, dando alguma resposta agradável (em geral uma
piadinha). No Letrix o professor pode gravar novas piadinhas de acordo com o
interesse da turma.
Os professores acabam aproveitando as descobertas dos alunos para dar uma
motivação maior ao ensino de Braille, aprendem, mesmo antes que seja capaz de
escrever.
O autor destaca a importância do ensino em preparar a pessoa para o trabalho.
No caso do deficiente visual, existem diversas funções em que o computador pode ser
um meio efetivo de obter emprego.
Figura 9. Máquina Perkins para escrita em Braille
Fonte: www.bengalabranca.com.br
Uma das vantagens da máquina Perkins é que a escrita e a leitura, são feitas
da esquerda para a direita, diferentemente da reglete. Além disso, tudo o que é
possível executar com a reglete também pode ser efetuada com a máquina. Os
objetivos pedagógicos são os de tornar o aluno cada vez mais autônomo e crítico
na manifestação do pensamento e nas interações sociais, a saber.
6º Relato de um aluno com o diagnóstico de Retinopatia da Prematuridade.
É usuário do DOSVOX,utiliza o computador desde 1998.
Relata as dificuldades encontradas durante seu processo de escolaridade.
Os colegas ditavam os conteúdos e a professora itinerante transcrevia as provas e
textos para o Braille.
Perguntado sobre as principais dificuldades em sala de aula, ele relata:
Ficava de lado nos trabalhos em grupo, as aulas eram gravadas e muitas vezes as
avaliações eram feitas oralmente.
Hoje com o computador posso utilizar a Internet para fazer as pesquisas, posso
jogar usar a agenda eletrônica, conversar no MSN. Destacou a importância da
mãe durante todo o seu processo acadêmico é formado em Letras/Português.
Lembrou-se de um fato ocorrido com ele no jardim de infância: A professora
mandava desenhar, eu rasgava tudo. Como ia ver o desenho? Rasgava tudo.
4.1.2- NVDA –
1 Características Gerais
Através de voz sintética o NVDA, sigla em Inglês para “Acesso Não Virtual ao
Ambiente de Trabalho”, permite que usuários cegos ou com deficiência visual
possam acessar e interagir com o sistema operacional Windows e vários outros
aplicativos.
Como surgiu o NVDA:
O NVDA foi iniciado em meados de 2006, pelo jovem australiano Michael
Curran, cursava o segundo ano de bacharelado em Ciências da Computação, mas
muito tempo ele já percebera as dificuldades das pessoas com deficiência visual
em relação ao alto custo financeiro desses produtos, a insatisfação com alguns
detalhes desses softwares e o principal problema para ele, envolve aspectos
morais e éticos.
Michael relata: “não é justo que as pessoas cegas tenham de providenciar
sozinhos os recursos necessários a arcar por si só com os custos das soluções
assistivas, para dispor de acesso às mesmas informações que as demais pessoas
dispõem proporcionadas pela tecnologia”.
Em razão de tudo isso, resolveu abandonar por completo a faculdade de
Ciência da Computação e dedicar-se a um projeto capaz de solucionar esses e
outros problemas de quem necessita trabalhar em sistemas Windows.
PENSE NISSO
Pessoas com baixa visão podem ler jornais on-line em que se pode ampliar o tamanho do
texto.
Os recursos trazidos pela Internet foram fundamentais, abrindo espaço importante para a
inclusão do aluno com deficiência.
Para atingir esses objetivos, estabeleceu alguns princípios básicos a serem
seguidos:
• O leitor deve ser gratuito, com o fim de facilitar a disponibilidade do mesmo
e o acesso de qualquer pessoa aos mesmos sistemas dos demais leitores
de tela sem custos adicionais.
• O leitor deve ser licenciado de modo que qualquer pessoa possa contribuir
para a melhoria e aperfeiçoamento deste, como adaptá-lo a necessidades
específicas e redistribuí-lo se for o caso.
• O leitor deve sempre permanecer aberto a novas ideias, sugestões e
experimentos provindos de todas as partes do mundo.
• O leitor deve, na medida do possível, seguir um “design” de fácil
entendimento. (Fonte: www.bengalalegal.com>acesso em 18/04/2011).
É importante que pessoas em qualquer lugar do mundo, não importando seu
idioma, tenham o mesmo acesso às tecnologias. Até o presente momento, o
NVDA foi introduzido para mais de 20 idiomas, incluindo: Português Brasileiro,
Croata, Tcheco, Finlandês, Francês, Alemão, Italiano, Japonês, Português, Russo,
Espanhol, Chinês tradicional, Polonês, Tailandês, Ucraniano e Vietnamita.
Além de proporcionar suas mensagens e interface em vários idiomas, o
NVDA também possibilita ao usuário fazer a leitura de conteúdos em qualquer
idioma, contando que eles tenham um sintetizador de voz capaz de falar aquele
idioma em particular.
O NVDA é equipado com o espeak, um sintetizador de voz gratuito, de
código aberto e multidiomas. Além disso, também pode usar as ferramentas de
voz SAAP14 e SAP15, bem como o sintetizador de voz Audiologic.
o NVDA é coberto pela GNU (Licença Pública Geral – Versão 2). Você é livre
para compartilhar ou modificar este software da maneira que desejar contanto que
distribua a licença juntamente com o software original quanto às cópias
modificadas, e também a qualquer outro software que utilize código retirado deste
software.
VOCÊ SABIA?
O NVDA pode fazer o “download” a partir do site: http://www.nvda-
project.org/
Sintetizador de Voz
Além de proporcionar suas mensagens e interface em vários idiomas, o
NVDA também possibilita ao usuário fazer a leitura de conteúdos em qualquer
idioma, contanto que eles tenham um sintetizador de voz capaz de falar aquele
idioma.
Utilizando o NVDA
Iniciá-lo é muito simples: ou pressionando control+alt+n, ou através do menu
Iniciar. Para iniciar a versão em zip vá até o diretório para o qual você
descompactou e pressione ENTER ou faça um duplo clique em nvda. A maneira
mais comum de navegar pelo Windows com o NVDA é usando comandos normais
do teclado. Quando anuncia um objeto ele geralmente irá falar o nome do objeto,
seu tipo, descrição. Isto é similar a outros leitores de tela. NAPNE/SIEP-IFET
(2009).
4.1.3-ORCA
1. Características Gerais
Hoje, uma pessoa cega tem acesso ao Linux e suas ferramentas, através de
um leitor de telas chamado ORCA. Ele roda em qualquer distribuição Linux que
tenha a interface gráfica Gnome, e algumas distribuições, como Ubuntu. O ORCA
dá autonomia para que a pessoa cega possa executar tarefas desde as mais
básicas, assim como também as mais avançadas, como navegar na internet, ouvir
rádio online, editor áudio, receber, ler e enviar e-mails, abrir, ler editar
documentos e planilhas, trabalhos com bancos de dados, criara páginas web,
utilizar Messenger e outros, ler arquivos PDF, ouvir os mais variados formatos de
áudio, assistir filmes no computador .
A disponibilidade de um computador ou laptop é bastante útil para que o
aluno possa usar estes recursos em sala de aula. O professor deve providenciar a
digitalização do texto (pendrive) para que o aluno possa acompanhar a aula.
Dessa forma, os recursos de acessibilidade devem ser assegurados para que o
aluno com baixa visão, possa participar das aulas com autonomia.
- Para saber mais acesse o site: www.linuxacessivel.org
4.1.4- VIRTUAL VISION
Leitor de tela. Idioma: Português. É um software brasileiro desenvolvido pela
Micropower, em São Paulo, concebido para operar com os utilitários e as
ferramentas do ambiente Windows. É distribuído gratuitamente pela Fundação
Bradesco e Banco Real pára usuários cegos. No mais, é comercializado.
Para saber mais, acesse o site www.micropower.com.br
4.1.5- JAWS
Software desenvolvido nos Estados Unidos e mundialmente conhecido como
o leitor de tela mais completo e avançado. Possui uma ampla gama de recursos e
ferramentas com tradução para diversos idiomas, inclusive para o português. O
programa tem a capacidade de ler certos recursos de páginas de internet que
outros programas do gênero não têm.
Para saber mais , acesse o site www.lerparaver.com; www.laramara.org.br
4.2 LIVRO DIGITAL FALADO
No programa: Livros acessíveis a alunos com deficiência visual, em parceria
com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Ministério da Educação
desenvolveu uma ferramenta de produção de livro digital falado.
O novo padrão de livros digitais que integra recursos de leitura visual,
sincronizada a narração em áudio. Inclui navegabilidade plena (anotações,
marcadores e apresentação de imagens), além de dar ao usuário a possibilidade,
por exemplo, de inserir, marcar mudanças de frase, parágrafo, seção, capítulo,
página, ir para frente, para trás, e navegar pelo documento de forma suave
mantendo o sincronismo entre a voz e o texto escrito. Os alunos com deficiência
visual ou cegueira terão acesso gratuito a qualquer livro ou documento a partir da
nova tecnologia que transforma texto escrito em áudio gratuitamente no portal do
MEC para qualquer interessado. A ferramenta Mecdaisy é compatível com os
sistemas Windows e Linux.
A tecnologia brasileira foi denominada de Mecdaisy e está disponível Com a
medida, o Ministério da Educação amplia o apoio aos sistemas de ensino para
tornar disponíveis recursos de tecnologia assistiva nas escolas e cumpre o
disposto no artigo 58 do Decreto nº 5.296/2004, que estabelece: “O poder público
adotará mecanismos de incentivo para tornar disponíveis em meio magnético, em
formato de texto, as obras publicadas no país.”
Quando se trata da manipulação de livros, o formato DAISY permite que o
leitor tenha acesso a vários recursos semelhantes aos que ele teria ao ler um livro
em papel, o leitor pode:
• Ir diretamente para uma determinada página,
• Fazer anotações no livro,
• Marcar um determinado trecho,
• Navegar pelo índice do livro e ir direto a um capítulo ou seção.
Fonte: Projeto MEC DAISY
http://intervox.nce.ufrj.br/mecdaisisy/index.htm >Acesso em 23/02/2011.
Para saber mais sobre a nova Tecnologia Mecdaisy, acesse o site:
http://portal.mec.gov.br
Segundo MANTOAN (2000 p.55-60):
Para garantir a todas as pessoas indistintamente, uma vida de qualidade e para que todos possam compartilhar dos avanços científicos e tecnológicos de uma dada época, a sociedade precisa estar fundada em princípios de igualdade, de interdependência e reconhecer e aceitar a diversidade humana, em todas as suas manifestações.
Precisamos somar competências, produzir tecnologia, aplicá-la à educação,
à reabilitação, mas com propósitos muito bem definidos e a partir de princípios que
recusam toda e qualquer forma de exclusão social e toda e qualquer atitude que
discrimine e segregue as pessoas, mesmo em se tratando das situações mais
cruciais de apoio às suas necessidades. (Idem, p.60)
Segundo KALINKE (2003, p.15). Em contrapartida, no ambiente escolar,
essa nova realidade faz com que nossos alunos estejam cada vez mais
informados, atualizados e participantes. O professor precisa estar envolvido nessa
tecnologia e preparado para captar as necessidades de seus alunos.
A utilização da Internet permite a interação, seja entre alunos, aluno com o
professor e o acesso direto a diversos dados, produzindo assim conhecimento
numa dimensão mais interdisciplinar ao currículo.
O uso de ferramentas computacionais dentro de um processo de
aprendizagem vem a somar com a inclusão do aluno com baixa visão, facilitam as
atividades de educadores e educandos porque possibilitam a comunicação, a
pesquisa e o acesso ao conhecimento. Através de leitores de tela com sintetizador
de voz e os recursos que a internet apresenta as pessoas com baixa visão podem
dar continuidade a seus estudos, de uma forma mais independente.
O uso dos recursos e das tecnologias deve fazer parte constante nas
práticas pedagógicas, para que haja uma inclusão verdadeira onde seja
respeitado o princípio de “equidade”.
Ross, (2010, p.72)
[...] não basta concentrarmos todos os esforços em diagnóstico
precoce, tratamentos médico, reabilitação profissional e social da
pessoa com deficiência se não provocarmos mudanças na esfera
do trabalho, na pesquisa científica e tecnológica, nas práticas
educacionais e formativas, nas relações familiares e humanas em
geral.
Segundo, GRINSPUN (1999, p.62) A educação convivendo com a tecnologia,
que vem se caracterizando por grande velocidade nas mudanças dos processos
tecnológicos, na escala de produção, na organização do processo produtivo, tem
que capacitar os indivíduos para os novos tempos que já chegaram. [...] não se
limita ao conhecimento de conteúdos para criar novas tecnologias, para se fazer
ciência, mas, sim, as novas atitudes e valores advindos deste momento.
4.3 ALGUNS RECURSOS DE ACESSIBILIDADE
Serão apresentados alguns recursos tecnológicos disponíveis no mercado
para pessoas com deficiência.
- Ampliador My READER 2- ampliador de caracteres com leitura automática
do texto.
- ZOOM TEXT- ampliador e leitor de tela para Windows com diferentes níveis
de contraste e ampliação de tela de até 36X.
- POET COMPACT- leitor autônomo digital é possível ouvir o conteúdo de
qualquer texto em tinta ou em Braille com auxílio de uma linha Braille.
- Mesa tátil IVEO- mesa de relevos táteis falantes. Com ela é possível
explorar a imagem visual e tatilmente.
- EMPRINT- produz relevos gráficos 3D em oitos níveis diferentes, é possível
produzir Braille e tinta ao mesmo tempo.
- WINDOW EYES- Compatível com todas as versões do Windows, é possível
ter contraste total do computador.
-LINHA BRAILLE ESYS- Com ela é possível controlar o computador sem a
necessidade de um teclado normal. www.tecassistiva.com.br>Acesso em
16/06/2011. Tecnologia & Acessibilidade.
Para saber mais informações, sobre os Recursos tecnológicos
disponíveis no mercado para deficientes visuais acesse o site:
www.tecaassistiva.com.br
4.4 SUGESTÕES DE ALGUNS SITES DE ACESSIBILIDADE
A seção de LINKS tem como objetivo contribuir para que o professor conheça
os Sites e informações referentes à Educação e os recursos que eles oferecem ao
deficiente visual.
www.saci.org.br A Rede Saci atua como facilitadora da Comunicação e da difusão
de informações sobre deficiência, visando a estimular a inclusão social e
digital.Promove discussão,bate-papo, pública artigos sobre deficiência.
www.acessibilidade.net/at/kit Programas nas áreas de acessibilidades, apoios
educativos e comunicação.
www.comunicacaoalternativa.com.br Informações sobre Tecnologia Assistiva e
Comunicação alternativa.
www.eduk.com.br/index.php Comunidade de professores para troca de
experiências em educação.
www.edutecnet.com.br é um espaço virtual voltado para a aprendizagem
colaborativa, através da Internet, na área da Educação.
www.abt-br.org.br Associação Brasileira de Tecnologia Educacional. Essa
associação tem como objetivos contemplar ação, reflexão, análise, pesquisa e
informação sobre a relação existente entre Tecnologia e Educação.
www.niee.ufrgs.br/software/software-html# O NIEE está ligado à Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e desenvolve experiências: pesquisas, software e
trabalha com a formação de recursos humanos na área de Informática na
Educação Geral e Especial.
www.scielo.br Pesquisa artigos científicos.
www.bancoescola.com Informações, textos e artigos sobre inclusão escolar e
social de pessoas com deficiência.
www.fundacaodorina.org.br Oferece produtos e serviços especializados ao
deficiente visual.
www.laramara.org.br É uma organização da Sociedade Civil que visa apoiar a
inclusão educacional e social da pessoa com deficiência visual.
www.lerparaver.com Contém notícias, informações, links e software para
deficientes visuais.
www.bengalabranca.com.br Acessórios para deficientes visuais.
www.cegueta.com.br Este site tem a finalidade de ajudar a todos na Internet,
fornecendo suporte online.
www.mundocegal.com.br É um portal de diversificado conteúdo voltado para
pessoas com deficiência visual. Aqui pode encontrar arquivos para download,
receitas culinárias, rádio, mensagens de reflexão, tutoriais em áudio e texto,
apostilas, notícias e informações sobre cegueira, Braille, bengala e demais tópico.
www.mundoacessivel.com.br Página de filmes com áudio e descrição
5. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
5.1 FICHA DE INSCRIÇÃO
Professor: ____________________________________________________
RG:__________________________________________________________
E-mail: _______________________________________________________
Escola:________________________________________________________
1º Encontro: _______________________________________________
2º Encontro ________________________________________________
3º Encontro:________________________________________________
4º Encontro: ________________________________________________
5º Encontro:________________________________________________
6º Encontro: ________________________________________________
7º Encontro: ________________________________________________
8º Encontro: ________________________________________________
5.2 AVALIAÇÃO
Professora - _____________________________________________________
1-Aprendi que ......
2- Acredito que ...
3- Trabalho ...
4- Aponte avanços. O que você passou a compreender?
5- O que manter em sua prática profissional?
6- O que transformar em sua prática profissional?
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se que este material venha contribuir para os professores que se
interessam mais diretamente com recursos e processos aplicáveis no trabalho
com alunos com baixa visão.
A escola inclusiva, portanto, é aquela que concebe e põe em prática um
currículo que tenha como princípio o compromisso com a formação integral do
aluno.
É nesse contexto de ideias que a escola deve identificar a melhor forma de
atender às necessidades educacionais de seus alunos, em seu processo de
aprender, com os auxílios ópticos necessários e usando a tecnologia como uma
das ferramentas dentro do processo de aprendizagem.
Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve
organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de
toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da
compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente;
aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as
atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três
precedentes.
Diante dos paradigmas educacionais, percebemos o quanto precisamos
estar aberto para nova realidade. Precisamos refletir sobre algumas das práticas
pedagógicas que, historicamente, tem sido construída na educação da pessoa
com deficiência.
O uso da tecnologia permite ao deficiente visual ampliar suas possibilidades
de interação, com o uso da Internet, e com a ajuda de programas de
Acessibilidade computacional, os deficientes visuais podem ter acesso a diversos
recursos e serviços, sem depender de ninguém.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
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da cegueira por meio de Desenhos- Estórias. São Paulo: Casa do Psicólogo,
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