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cadernos do CREA-PR Série de fascículos sobre ética, responsabilidade, legislação, valorização e exer- cício das profissões da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia no Paraná. n. °5 As Entidades de Classe e a Ética Profissional Claudemir Marcos Prattes Jaime Pusch 3ª Edição

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Caderno de ética- crea

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  • 1cadernos do

    CREA-PRSrie de fascculos sobre tica, responsabilidade, legislao, valorizao e exer-

    ccio das profisses da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia no Paran.

    n.5As Entidades de Classe e a tica Profissional

    Claudemir Marcos PrattesJaime Pusch

    3 Edio

  • EM BRANCO

  • As Entidades de Classe e a tica Profissional

    CURITIBA - 2011

    Claudemir Marcos PrattesArquiteto Jaime Pusch

  • 4Gesto 2011

    PRESIDENTE: Engenheiro Agrnomo lvaro Jos Cabrini Jnior1 VICE-PRESIDENTE: Engenheiro Civil Andr Luis Gonalves2 VICE-PRESIDENTE: Engenheiro Agrnomo Orley Jayr Lopes1 SECRETRIO: Engenheiro Civil Jos Rodolfo de Lacerda 2 SECRETRIO: Engenheiro Eletricista Aldino Beal 3 SECRETRIO: Tcnico em Edificaes Mrcio Gamba1 TESOUREIRO: Engenheiro Mecnico Silmar Brunatto Van Der Broocke2 TESOUREIRO: Engenheira Agrnoma Adriana BaumelDIRETOR ADJUNTO: Arquiteta Ana Carmen de Oliveira

    [ contedo de responsabilidade do autor ]

    Cadernos do CREA-PR

    N. 1 - tica e Responsabilidade ProfissionalN. 2 - tica e Direitos ProfissionaisN. 3 - tica e Organizao ProfissionalN. 4 - Acessibilidade: Responsabilidade ProfissionalN. 5 - As Entidades de Classe e a tica ProfissionalN. 6 - Responsabilidade SocialN. 7 - Responsabilidade na Construo CivilN. 8 - tica e Cultura Profissional

    CREA-PR - Rua Dr. Zamenhof, 35 - CEP 80.030-320 - Curitiba - PR Central de Informaes: 0800-410067 E-mail: [email protected]

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  • 5A necessidade apresentada pelas organizaes profissionais ligadas ao Sistema CONFEA/CREA foi o estmulo principal para a produo do presente trabalho. Registramos aqui agradecimento especial ao apoio dado pelos colegas da Comisso de tica da Associao dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel; equipe de trabalho que idealizou e contribuiu com os autores no desenvolvimento e elaborao do contedo - colegas Israel Ferreira de Mello, Gilmar Pernoncini Ritter, Jefferson de Oliveira da Cruz, Vander Della Colleta Moreno, Mario Guelbert Filho, Rui Silveira Jnior, e ainda ao apoio sempre presente do superintendente deste Conselho, engenheiro agrnomo Celso Roberto Ritter, e do presidente engenheiro agrnomo lvaro Jos Cabrini Jnior.

    Agradecemos a todos pela disposio e empenho na construo desta obra que esperamos ser de grande valor para o fomento s discusses das questes ticas nas organizaes profissionais em todo o Estado.

    Os autores

    agradecimento

  • 6apresentaoA atual gesto do CREA-PR tem em sua proposta de Governana Cooperativa,

    entre outros, o objetivo da melhoria do ambiente do exerccio profissional. Esta proposta procura alcanar as Entidades de Classe de todo o Estado do Paran com vistas melhoria das condies laborais, elevao da auto-estima e valorizao tica e cidad dos seus associados.

    As Comisses de tica Profissional nas Entidades de Classe so instrumentos de aperfeioamento da atuao dos Engenheiros, Arquitetos, Agrnomos, Agri-mensores, Gelogos, Gegrafos, Meteorologistas, Tecnlogos e Tcnicos junto sociedade.

    Tem como referncia, o compromisso com a tica Profissional adequada, prevista no Cdigo de tica Profissional, proclamado pelas Entidades de Classe Nacionais e adotado pela Resoluo do Conselho Federal de Engenharia, Arqui-tetura e Agronomia sob n 1002 de 26 de novembro de 2002.

    O presente documento tem por finalidade difundir os preceitos ticos e as boas prticas de convvio at as bases do sistema, alcanando os profissionais associados das Entidades de Classe. Visa tambm orientar os seus dirigentes a criarem ou adequarem e definirem o funcionamento de seus rgos prprios de tica profissional.

    importante a participao de todos os associados no processo, de modo que a Comisso tenha a aprovao dos membros das Associaes e que sua origem seja a partir de um pacto tico registrado dentro da Entidade de Classe.

    Nosso objetivo que as questes ticas sejam discutidas e, sempre que possvel, resolvidas atravs da participao dos rgos de classe no processo.

    O bom funcionamento das Comisses de tica nas Entidades contribui com o princpio do associativismo tornando as Entidades fortes e legtimas represen-tantes dos profissionais, em especial no que trata da defesa dos seus direitos e na melhoria do ambiente do exerccio das profisses.

  • 7I - DOUTRINA

    COMPROMETIMENTO TICODAS ENTIDADES DE CLASSE

    As corporaes profissionais e a tica1

    O corporativismo no melhor sentido da palavra - nada mais que uma idia formal de organizao social pelas afinidades scio-econmicas que os indiv-duos possam ter em comum. a doutrina das corporaes. Como tal pretende o desenvolvimento da cooperao e da lealdade concorrencial, a valorizao da comunidade profissional e das prprias profisses, o consenso entre seus pares, a expresso da afetividade pela solidariedade. Tem como objetivo ltimo o bem comum.

    Enquanto do interesse da sociedade, quer visando o bem estar de seus mem-bros, quer organizando, desenvolvendo ou harmonizando a ao profissional para o bem desta prpria sociedade, as corporaes se apresentam como estruturas de carter eminentemente tico.

    1 Texto base: Corporativismo publicado na Revista CREA-PR; ed. 37.

  • 8Este carter pode ser lido na sua prpria definio: Corporao - congregao de pessoas de atividade profis-

    sional afim, sujeitas s mesmas regras e com os mesmos objetivos, direitos e deveres.

    Corporativismo doutrina que considera as agremiaes profissionais como fundamentos para a organizao pol-tica, social e econmica da sociedade, sendo seu controle e proteo de interesse do Estado.

    O corporativismo , pois, expresso positiva e pretende a construo do bem comum, quando praticado sob a preceituao tica.

    No Brasil se pratica o modelo corporativista para a organizao, normalizao e controle profissional, com vistas sua utilidade social e econmica. As profis-ses so praticadas livremente, porm seu exerccio individual regulamentado em lei e permitido em forma de concesso, demonstrando a permanente tutela do Estado sobre sua prtica. O Estado manifesta este cuidado pelas autarquias normalizadoras e fiscalizadoras, em nosso caso, o sistema CONFEA-CREA.

    Da mesma forma, na sociedade civil, a organizao profissional livre, ob-servados alguns requisitos formais e de objetivos que o Estado impe, segundo o interesse da sociedade e da nao. Assim, as Entidades de Classe se organizam livremente, porm segundo normas legais pr-estabelecidas.

    Do ponto de vista tico-normativo, as nossas profisses consensuaram sua codificao em comum atravs de suas entidades corporativas nacionais. Preser-vando o perfil prprio de cada uma, estabeleceram normas de conduta comuns prtica de todas elas.

    Indo alm dos deveres e direitos a serem observados por cada indivduo praticante, entenderam que suas corporaes tambm tm o comprometimento com a preceituao tica. Assim que, proclamado no Cdigo de tica Profis-sional, em seu artigo 7:

    As entidades, instituies e conselhos integrantes da organizao profissional so igualmente permeados pelos preceitos ticos das profisses e participantes solidrios em sua permanente construo, adoo, divulgao, preservao e aplicao.

  • 9As Entidades de Classe so corporaes profissionais

    naturalmente compromissadas com a tica.

    O que infrao tica2

    Embora o nosso Cdigo de tica Profissional tenha sido concebido como uma cartilha de orientao de condutas, no podemos ignorar sua funo de tambm ser um referencial identificador de eventos antiticos. O cdigo , antes de tudo, um rol de normas ticas pactuadas pelo coletivo profissional. a expresso afirmativa da vontade geral apontando como se deseja a conduta individual, no interesse deste coletivo. Como tal, ele dispe das condutas esperadas, das condutas obrigatrias e das condutas vedadas. A virtude, o bem, est no cum-primento destas normas e o vcio, o mal, em quaisquer aes praticadas em contrrio a suas prescries.

    Este cdigo vai alm dos simples deveres bsicos de conduta exclusiva-mente tcnico-profissional. Ele incorpora entre outros deveres os havidos da tica humana geral, os valores morais da contemporaneidade, um zelo quase sagrado com a prpria profisso e um forte compromisso com o ser humano e o ambiente. Alm deste amplo leque de deveres, estabelece limites para a ao profissional, na forma de atitudes vedadas. E, de forma indita na histria dos cdigos disciplinares profissionais, proclama sua carta de direitos do profissional e de sua profisso.

    O nosso Cdigo de tica Profissional no dispe sobre negativas de ao. Vale dizer, em momento nenhum ele probe ou obriga qualquer coisa de forma imperativa ou negativa, mesmo porque a norma tica no tem este escopo. Seu carter e sempre dever ser recomendatrio. Como um pai ou professor, ele sugere que trilhemos este ou aquele caminho, que tomemos tais e quais atitudes, que observemos esta ou aquela postura. O cdigo no se impe como um patrulheiro implacvel, como um policial de conscincias, como um tirano inflexvel. Mas, ele no deixa de estar atento a possveis falhas de ao de cada profissional no exerccio de seu ofcio.

    da natureza humana a incurso eventual no erro. E o erro, quando cometido, qualificado como infrao norma e sujeita o infrator punio.

    2 Texto base: Infrao tica publicado na Revista CREA-PR; ed. 33.

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    O prprio cdigo estabelece como sendo infrao apenas e to somente o contrrio de tudo que ele coloca afirmativamente. No seu penltimo artigo o prprio cdigo estabelece clara e concisamente o critrio de infrao. infrao tica todo ato cometido por profissional em direo contrria a alguma das suas recomendaes.

    sempre bom lembrar que s so passveis de apreciao os atos cometidos por profissional. Apenas a estes, quer no exerccio de sua profisso ou mesmo na vida cidad comum, so considerados como possveis infratores. No seriam suscetveis de imputao infracional nem as empresas, nem os leigos, nem as instituies.

    infrao qualquer ato que apresente:Atentado contra princpios ticos;

    Descumprimento de dever de ofcio;Conduta expressamente vedada;

    Leso a direito reconhecido de outrem.

    At onde vai a punio da infrao3.

    No prprio da norma tica o estabelecimento de penalidades aplicveis a quem infrinja a qualquer de seus dispositivos. Em uma norma pactuada cole-tivamente por um grupo social caso de nosso Cdigo de tica Profissional - a nica sano cabvel a da reprovao moral, do repdio conduta considerada antitica.

    Neste aspecto nosso cdigo mostra-se coerente com o conceito de normali-zao tica. Em nenhum de seus artigos encontraremos qualquer aluso a pe-nalidades. Limita-se a definir o que seja infrao tica e remeter sua apreciao, tipificao e penalizao para a esfera administrativa do sistema profissional.

    Por seu turno, a lei 5.194/66 estabelece as penas para tal sorte de infrao. Em seu art. 71 dispe sobre cinco penas possveis de serem aplicadas adminis-trativamente em caso de infrao contra seus mandamentos. Duas delas parti-cularmente nos interessam aqui: a advertncia reservada e a censura pblica.

    3 Texto base: Penalizao por Infrao tica Publicado na revista CREA-PR; ed. 34 e 35.

  • 11

    A prpria lei 5.194/66 em seu art. 72 delimita a aplicabilidade destas penas aos profissionais que deixarem de cumprir disposies do Cdigo de tica. Vale dizer, so as penas que podem ser aplicadas apenas sobre a infrao tica e to somente sobre elas.

    O que notvel o fato de a lei estabelecer penas de peso moral para a questo que , por princpio, de natureza moral. Nada mais adequado, porquanto no se poderia esperar que fosse possvel punir-se uma infrao desta espcie com penas pecunirias (multa) ou penas de privao de direito (restrio temporria da liberdade do exerccio profissional).

    A pena de advertncia reservada tem um aspecto quase paternal em relao ao infrator. Em verdade, chama-se o profissional que cometeu algum deslize tico de menor poder ofensivo e este recebe reservadamente um puxo de orelha com a recomendao de no mais cometer tal atitude. A aplicao desta pena atende ao princpio da recuperao da boa conduta, onde se espera que o infrator corrija-se e no reincida no erro.

    J a pena de censura pblica muito mais severa, podendo ser at mes-mo terrvel para quem tem escrpulos acentuados. O infrator que recebe esta sano v-se exposto execrao pblica, pois que dado ao conhecimento da sociedade em geral que sua conduta foi considerada pelos seus pares como repudiada, intolervel e nefasta aos interesses de sua profisso. Ainda neste caso, o penalizado no tem nenhuma perda de ordem material ou de seus direitos bsicos, porm sobre ele repousar o estigma de ser um mau profissional. uma penalidade bastante dura!

    Uma terceira penalidade, prevista no art. 71 e tipificada no art. 75, tambm pode ser examinada sob o ponto de vista da tica profissional. Este art. 75 trata dos casos de cancelamento do registro profissional junto ao CREA. O cancela-mento significa a excluso da pessoa infratora do meio social a que ela pertence, ou seja, da sua prpria profisso. Implica em perda do direito de exercer seu ofcio para o qual estava qualificado. uma sentena capital, onde pode ser lido que h a supresso da prpria identidade profissional do apenado.

    A lei dispe de duas circunstncias onde tal punio aplicvel. A primeira delas, de interesse puramente tico, a situao em que se verifica m conduta pblica ou escndalos praticados pelo profissional. A outra, no menos grave, a ocorrida quando se verifica sua condenao definitiva por crime considerado infamante.

    Neste segundo caso, o da condenao por crime infamante, a perda do registro pode ser vista como uma pena moral acessria aplicada ao crime praticado e deve ser estudada dentro da tica l do direito penal.

    J, a condenao por m conduta e escndalos praticados, passa a ter um vis tico. Aqui se pretende proteger no apenas os valores morais e os princpios de

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    conduta estabelecidos no estrito universo destas profisses, mas de uma maneira bem mais ampla, os valores ticos universais. Assim que, um profissional, mesmo que no em prtica de seu ofcio, vier a apresentar uma m conduta e esta for aprecivel e reprovvel publicamente, estar sujeito a esta sano m-xima. Da mesma forma, qualquer prtica reprovvel que ganhe repercusso na opinio pblica, constituindo-se em escndalo punvel da mesma forma. Esta punio, via de regra, tem sido imposta apenas em casos extremos, publicamente muito rumorosos e apenas a estes deve ser aplicada, tal o seu poder retaliativo.

    Isto o que acontece na esfera do sistema CONFEA-CREA, um sistema gerido pelo direito administrativo. No mbito de uma Entidade de Classe, organismo da sociedade civil, as punies devero ser aplicadas segundo seus estatutos. Um modelo de graduao de penas segundo seu nvel de gravidade pode ser adotado conforme o pactuado pelo seu corpo associativo. Porm, o recomendvel que para atos contrrios moral, as penas sejam tambm de carter moral.

    As Entidades de Classe podem ter um sistema prprio

    estatutrio de julgamento moral.

    A via conciliatria4. A resoluo 1004/03 do CONFEA regulamenta o processo disciplinar tico.

    Estabelece as rotinas para a instaurao, instruo e julgamento dos processos por infrao tica. Estabelece ainda a normativa para a aplicao das penalidades previstas em lei ao profissional considerado infrator. Neste regulamento no foi prevista a hiptese da soluo infracional pela via da conciliao. Em verdade, nem poderia. Uma vez que a resoluo norma subordinada lei, no pode criar, suprimir, mudar, reduzir ou ampliar nada que a lei determina. E a lei, no caso a 5.194/66, no prev nenhuma forma de composio ante a infrao tica, seno a retribuio pela aplicao de penalidades.

    No universo tico, no se objetiva a retribuio, nem se procura obstinada-mente a punio. Espera-se a ao honesta de cada um e busca-se o pedaggico ajuste de condutas em direo ao bem comum. O esforo dos componentes do grupo deve objetivar a restaurao de uma conduta individual quando em conflito.

    4 Texto base: Conciliao: o razovel e o possvel Publicado na Revista CREA-PR; ed. 44.

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    A motivao da tica apontar o bom caminho e procurar trazer de volta a ele os que dele eventualmente se afastem.

    Do ponto de vista prtico parece improvvel que uma infrao tica seja pos-svel de conciliao nos foros do rgo gestor de nossas profisses. O sistema movido por leis. Uma denncia infracional tica que eventualmente d entrada na Cmara Especializada, necessariamente receber uma deciso. Punitiva ou absolutria, mas sempre uma sentena. Como ento possibilitar um conserto de coisas erradas antes do frio efeito de castigo que a lei prev?

    Sabemos pela vivncia que h um certo perfil recorrente na maioria das infra-es ticas. So questes de desinteligncias localizadas entre colegas ou entre profissional e cliente. Em grande parte so de pequeno poder de ofensividade, produzem dano moral apenas ao ofendido e so reparveis no ambiente da prpria relao ofensor-ofendido. Via de regra, o infrator apresenta arrependimento e disposio de reparao e o ofendido dispe-se a aceit-la. Se o infrator apresenta boa conduta habitual, no tem contumcia no uso de expedientes maliciosos e o erro reparvel, pode-se pensar em uma composio. Ante um quadro destes, onde h um conflito moral sanvel entre colegas, ou um pecadilho consertvel, o melhor caminho seria a soluo da pendenga pela conciliao.

    Resta uma questo: onde promov-la se a Cmara Especializada no tem essas atribuies? O art. 7 do nosso CEP oferece um argumento para a resposta, quando proclama que as entidades de classe so permeadas pelos nossos pre-ceitos ticos e so partcipes solidrias na sua permanente construo, adoo, divulgao, preservao e aplicao.

    no meio profissional de base onde ocorreu o desvio de conduta que se tem o dever da preveno e do possvel ajuste. Vale dizer, no prprio ambiente gerador da norma tica que ela se movimenta e produz resultados positivos. Legitimamente, o foro adequado para a soluo destas infraes a associao qual o profissional pertence.

    Para a efetivao, bastante que estes organismos da sociedade civil equipem-se de suas cortes ticas prprias. Estes grupamentos teriam a nobre misso de alm da divulgao preventiva, a misso conciliatria. A promoo de termos de ajuste de conduta resulta em compromissos eficazes para reparaes de ofensas e preveno de reincidncias. Sempre que possvel, promovem a composio das desinteligncias que se mostram sanveis sem a necessidade da montagem de processos com fins punitivos no mbito da Cmara Especializada. Valem tanto quanto o velho e bom pedido de desculpas e da promessa de emendar-se, formalizados e sacramentados luz da tica.

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    Nos processos ticoso CREA tem que julgar. As Entidades de Classe

    podem tambm conciliar.

    A entidade de classe e a concorrncia profissional5.

    Por princpio, cada um tem o direito de buscar seu sustento na sua arte e assim o faz, pois a realizao da profisso necessariamente remunerada.

    O nosso CEP diz claramente que cada um tem direito justa remunerao proporcional sua capacidade e dedicao e aos graus de complexidade, risco, experincia e especializao requeridos por sua tarefa. Estes seriam os par-metros necessrios e suficientes para a pessoa formular os valores que ela julga serem justos para a cobrana de seus honorrios. A avaliao de quanto do seu esforo seria demandado, qual a sua possibilidade pessoal de resoluo, a po-sio relativa de seu saber ante o dos demais profissionais face quele desafio, os riscos a serem corridos, so alguns dos componentes que convergem para a formulao de valores financeiros para tal trabalho. Ningum melhor que o prprio profissional para dizer quanto vale seu produto.

    Mas e se os seus honorrios divergirem dos propostos por outro profissional para tarefa semelhante? O prprio CEP aponta o direito competio honesta no mercado de trabalho. Ento, podemos competir no mercado com preos dife-renciados? A resposta sim. A competio por preos no antitica, porquanto ao profissional cabe formular os valores de sua remunerao e lhe assegurado apresentar-se competitivamente no mercado.

    No rol de nossos direitos fica claro que tanto somos livres para competir com nossos colegas quanto podemos formular nossos honorrios a nosso juzo. Isto, porm no nos faculta enviesar pelo caminho do inescrupuloso mercantilismo, da barganha mesquinha e do regateio depreciativo. H limites! No prprio texto,

    5 Textos base: Competio e remunerao Publicado na Revista CREA-PR, ed. 32; Limites da remunera-o - Publicado na Revista CREA-PR, ed. 36; A validade das tabelas de honorrios - Publicado na Revista CREA-PR, ed. 40.

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    extrado do CEP, duas palavras devem ser lidas e relidas: justa e honesta. Estes os limites: a remunerao deve ser justa e a competio honesta.

    No fora por si s suficiente a adjetivao dos direitos para configurar os pa-rmetros limitadores de nossa natural liberdade de ganharmos quanto pudermos e da forma que quisermos, no rol de deveres h outros dispositivos que pautam mais ainda nossa conduta financeira ante a profisso. L, no captulo dos deve-res, impomo-nos a obrigao de atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princpio da igualdade de condies. Vale dizer: competir, sim, mas com proporcionalidade de recursos, com eqidade, sem solerte esperteza e sem artifcios rasteiros para a conquista do contrato.

    Tambm, no mesmo CEP, pactuamos outros limites de ao na forma de con-dutas vedadas. Assim que nos proibimos, entre outras coisas, a apresentar propostas de honorrios com valores vis ou extorsivos.... Por este mandamento dois limites ficam claros para o quanto de dinheiro podemos ganhar.

    Um, o patamar abaixo do qual o valor ser considerado aviltante, apresen-tando correlao irrisria com a efetiva capacidade do profissional ou com o real valor do seu produto.

    Outro limite o teto. Na ultrapassagem de um razovel valor superior os ho-norrios podero ser considerados exorbitantes ou extorsivos. o momento em que, prevalecendo-se de uma situao de privilgio excepcional, hegemonia no mercado, de ignorncia ou ingnua boa-f do cliente o profissional cobra valores muito acima dos considerados razoveis ou comumente praticados.

    Os extremos so eticamente reprovveis.Para que, ento, tabelas de honorrios? Sua primeira utilizao como parmetro de valores referenciais para uma

    concorrncia leal. Naturalmente indicam o que seria a transgresso tica pelo aviltamento ou exacerbao de preos no ambiente concorrencial. Presta-se, conseqentemente, como produtora de prova em processos disciplinares por infrao ao CEP.

    Outra utilizao, no menos importante, de servir como expresso de equi-lbrio. Pela formulao de uma tabela podemos avaliar se ela est atendendo pretenso de justa remunerao a que os profissionais tm direito.

    Ainda dentro da perspectiva de ganhos justos, ela se apresenta como fator estimulador ao bom profissional. Este ter na tabela uma referncia de piso sobre a qual poder orar seus ganhos segundo sua prpria capacidade e dedicao.

    Quanto quele profissional que costuma desviar sua conduta tica, pela prtica sistemtica de ofertar servios (nem sempre satisfatrios para o cliente e para a profisso) mediante remuneraes ridculas, a tabela tambm ter uma utilidade. Prestar-se- como um fator impulsionador da melhoria de sua prtica profissional e resgate de sua conduta tica possibilitando-lhe ganhos melhores.

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    Para ganhos melhores, requer-se melhores servios e melhor conduta ante os colegas e a clientela. Tabelas podem e devem ser vistas como fatores de valo-rizao profissional, mais do que como meras armadilhas para pegar eventuais maus profissionais.

    No entanto, as tabelas de honorrios s tm validade e razo de ser se, alm de servirem para estes objetivos, tenham legitimidade, legalidade e aplicabilidade.

    A legitimidade se alcana pela sua construo e prtica atravs de um pacto tico, patrocinado por uma corporao regular. Este pacto dever conter o mais amplo consenso na sua formulao e a universalidade na sua aceitao.

    A legalidade de uma tabela se obtm mediante o seu registro no CREA, encaminhada pela entidade de classe que a chancela, como determina a lei 5.194/66.

    A aplicabilidade condio requerida pelo prprio CEP. Uma tabela aplicvel se, entre outras condies, seja objetiva, contemple servios efetivamente sujeitos concorrncia, limite-se circunscrio da entidade que a patrocine, expresse os usos e costumes profissionais, garanta remunerao justa, seja suportvel pelos destinatrios dos servios, seja atual e atualizvel, permita-se ser autofiscalizvel pelos profissionais e fiscalizvel pelo CREA.

    E aqui entra o papel das Entidades de Classe e suas Comisses de tica. Elas tm o condo de promover a formulao e a pactuao das tabelas. So elas que vigiaro a sua aplicao e estaro atentas s demandas para sua correo e atualizao. Sobretudo, caber a estas organizaes a verificao da eticidade da conduta dos profissionais no plano concorrencial, balizando-se pela observncia das tabelas compactuadas e pela sensatez na formulao de seus honorrios.

    As Entidades de Classe so legtimasconstrutoras das tabelas de honorrios.

    As suas Comisses de tica tm como misso o zelo pela justa e honesta concorrncia profissional.

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    II - MANUAL

    IMPLANTAO DE UMA COMISSO DE TICANA ENTIDADE DE CLASSE

    As funes bsicas da comisso de tica nas entidades de classeAs Comisses de tica Profissional das Entidades de Classe tem por finali-

    dade a promoo da tica, o aperfeioamento moral e o resgate da boa atuao profissionais, particularmente no concernente conduta do profissional ante a profisso, aos seus colegas e sociedade.

    As Comisses possuem trs funes primordiais no desenvolvimento de suas atividades:

    Preventiva - divulgando, esclarecendo e orientando a atuao profissional em conformidade com os preceitos ticos da profisso;

    Conciliatria mediando e conciliando desinteligncias entre profissionais e recuperando a sua boa conduta;

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    Corretiva aplicando sanes em casos de desvio de conduta tica, na forma do estatuto da (Entidade de Classe), quando couber, e encaminhando denncia C-mara Especializada do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que jurisdiciona o profissional infrator.

    Adequao estatutriaA Entidade de Classe dever promover a sua alterao estatutria criando ou

    adequando, se existente, seu rgo prprio de tica Profissional. Este rgo poder ter a denominao de Comisso, Cmara, Comit, Junta,

    Departamento, Grupo, ou o que melhor se adaptar sua estrutura funcional. Para efeito de utilizao neste trabalho empregaremos o termo Comisso de tica Profissional.

    A estrutura hierrquica da Comisso de tica Profissional dever ser restrita estrutura do estatuto da Entidade de Classe, devendo evitar externalizao das hierarquias.

    O rgo de tica profissional dever ser regido por Regimento Interno devida-mente aprovado pela Entidade de Classe na sua forma estatutria.

    Para seu bom funcionamento o rgo dever ser composto por nmero no inferior a trs membros do quadro associativo e, no caso de entidades multipro-fissionais, sugere-se que todas estejam representadas paritariamente, preferen-cialmente com dois integrantes de cada modalidade.

    Lembrando que para toda e qualquer alterao estatutria h de se observar o Cdigo Civil Brasileiro Lei n. 10.406/2002, em especial seu Captulo II, que trata das associaes (anexo).

    Regimento interno da Comisso de ticaPara a implantao da Comisso de tica Profissional da Entidade de Classe

    necessrio se faz a aprovao de seu regimento interno.O regimento interno tem a funo de nortear, de modo justo, os procedimentos

    para apreciao de eventuais infraes ticas e para a promoo da composio conciliatria entre pessoas envolvidas em desinteligncias ocorridas em atos profissionais.

    Ressaltamos, no entanto que a Entidade de Classe ao instituir ou adequar seu rgo prprio de tica profissional dever faz-lo observando seus objetivos sociais, sua estrutura organizacional e as peculiaridades de relacionamento interpessoal.

    Anexo, sugerimos um modelo de regimento interno para um rgo de tica profissional em uma Entidade de Classe.

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    O processo tico nas Entidades de ClasseO Cdigo de tica Profissional resultante de um pacto, de um acordo cr-

    tico coletivo em torno das condies de convivncia e relacionamento que se desenvolvem entre as pessoas integrantes de um mesmo sistema profissional, visando uma conduta profissional cidad.

    A criao, implantao, funcionamento e aperfeioamento das Comisses de tica nas Entidades de Classe est devidamente fundamentado no Cdigo de tica Profissional, da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, pactuado e proclamado pelas Entidades de Classe Nacionais.

    A Resoluo n. 1002 de 26 de novembro de 2002, do CONFEA Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia adota o Cdigo de tica Profis-sional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia.

    Quanto ao processo tico, este regulado pela resoluo do CONFEA de n 1004 de 27 de junho de 2003. Esta resoluo aprova o regulamento para a conduo do processo tico disciplinar.

    O regulamento para o processo tico estabelece todos os passos a serem se-guidos pelos rgos instrutores julgadores do sistema (Cmaras Especializadas, Comisses de tica, Plenrios de CREAs e do CONFEA). Confirma que o papel de juiz cabe, em primeira instncia, s Cmaras Especializadas da modalidade do profissional em julgamento. Aos Plenrios do CREA e do CONFEA, como manda a lei, cabe o papel de instncias recursais sucessivas. s Comisses de tica dos CREAs destacado o papel de rgos de instruo processual.

    Este regulamento o oficial, com fora de lei. Ele no atinge a organizao de um processo tico no nvel de Entidades de Classe. No entanto, bom se observar que nele, as Entidades de Classe so dadas como possveis legtimas iniciadoras de processo tico contra profissional infrator.

    O regulamento do processo disciplinar aprovado na resoluo 1004 presta-se como referncia modelar para as Entidades de Classe ao institurem suas Comisses de tica prprias.

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    Os seis passos do tratamento do processo tico

    nas entidades de classe

    1. Passo: DO INCIO DO PROCESSO O processo tico inicia-se pelo recebimento de denncia for-

    mal ou verbal, porm nestes casos necessita-se de formalizao e coleta de identificao e assinatura do denunciante.

    importante verificar a identificao do denunciante. Caso no conste, a denncia no dever ser aceita.

    2. Passo: DO TRATAMENTO DAS DENNCIASA denncia deve ser encaminhada ao Presidente ou Secret-

    rio da Comisso de tica, que a recebe e procede pr-anlise, verificando se realmente trata-se de processo tico:

    Caso no se trate de processo tico, o Presidente ouSecretrio da CEP emite despacho determinando o ar-quivamento, e encaminha para homologao na reunio da CEP;

    Apshomologao,deverseremitidoofcio,comAR,aodenunciante, informando o arquivamento;

    Casosetratedeprocessotico,oPresidenteouSecretrioda CEP designa o relator para o processo.

    3. Passo: DA CONCILIAOO Relator dever identificar se h a possibilidade de con-

    ciliao.No sendo possvel conciliar, dever relatar o processo e

    encaminhar para reunio da CEP. Havendo possibilidade dever convocar as partes para

    reunio de conciliao, atravs de ofcio com comprovao de recebimento:

    Casohajaconciliao,elabora-seumtermodeconcilia-o, que dever ser assinado pelas partes e pela CEP e arquiva-se o processo;

    Casonohajaconciliao,oprocessodeverserinstrudoe a documentao encaminhada CEP.

  • 21

    4. Passo: DA INSTRUO PROCESSUALInicia-se com o envio de ofcio, com AR, ao denunciado

    com prazo para manifestao em 10 dias, a contar da data do recebimento pelo arrolado:

    Casonohajaoatendimento,poderserreiteradooofcio,com novo prazo de 10 dias;

    Caso no haja atendimento segunda notificao, oprocesso seguir revelia.

    Registra-se o pronunciamento do denunciado por via de documento entregue pelo mesmo, ou atravs de assinatura em depoimento prestado, devidamente redigido, e anexado ao processo:

    Numeram-setodasasfolhasdoprocesso; EncaminhaprocessoparaaReuniodaCEP.

    5. Passo: DA ANLISE DO PROCESSOA CEP analisar o processo, podendo solicitar maiores es-

    clarecimento ao arrolado. Vale lembrar que qualquer membro da CEP poder pedir vistas ao processo, devendo fazer relato para apreciao e voto na reunio seguinte da CEP.

    Estando de acordo, o processo dever ser apreciado pelos membros da Comisso.

    6. Passo: DO JULGAMENTO Trata-se da deciso final da Comisso de tica da Entidade

    de Classe, que poder decidir:

    Pelo arquivamento do processo;Os documentos devero ser arquivados em local seguro e

    sigiloso e devero ser arquivados at cinco anos aps a data de sua ltima tramitao, podendo ser incinerados na seqncia.

    Pelo encaminhamento Cmara Especializada da mo-dalidade do denunciado;

    O processo ser duplicado, encaminhando-se a via original ao CREA, atravs de ofcio de encaminhamento da Entidade, registrando-se atravs de protocolo para posterior acompanha-mento. A fotocpia dever ser arquivada na Entidade.

  • 22

    Pelapenalizaododenunciadonombitodasdisposiesestatutrias.

    Se a CEP decidir pela punio do profissional, na sua for-ma estatutria, dever encaminhar o processo ao CREA para conhecimento.

    Vale lembrar que a nica sano cabvel a da reprovao moral, do repdio conduta considerada antitica. Se o esta-tuto previr, em casos extremos de m conduta comprovada, aceitvel a pena de excluso do associado de seus quadros.

    Cuidados especiaisDentro da misso preventiva, a Comisso de tica dever promover perma-

    nentemente campanhas pela boa conduta dos seus associados e assessorar a Diretoria em seus atos visando a sua retido moral.

    Se a Entidade de Classe adotar tabela de honorrios, caber Comisso de tica fazer com que ela seja cumprida, orientando sua aplicao e prevenindo a infrao.

    Apenas profissionais, pessoas fsicas, podero ser submetidos a processo tico. Pessoas jurdicas e leigos no podem figurar no plo passivo do processo.

    Apenas os profissionais associados podem ser submetidos a processo tico no mbito da Comisso de tica da Entidade de Classe respectiva. Em caso de evidente infrao tica, o profissional no associado dever ser denunciado Cmara Especializada de sua modalidade, podendo a Comisso de tica da Entidade figurar como denunciante ou informante.

    A Entidade, como denunciante, encaminha processo ao CREA com parecer e voto sobre o assunto, cabendo nica e exclusivamente ao CREA o efetivo enquadramento e julgamento do profissional como infrator ao Cdigo de tica Profissional.

    A Comisso de tica somente poder penalizar os profissionais no mbito das penas previstas em seus estatutos, as quais devero estar expressamente definidas.

    Todos os processos devero tramitar em absoluto sigilo. As penas de adver-tncia reservada tambm sero mantidas em sigilo.

    A Entidade de Classe, para efetuar o julgamento moral, h de observar que o enquadramento das infraes, bem como suas sanes, devero estar expressos e claramente definidos em seus estatutos.

    S ser admissvel a punio de associado havendo justa causa e sempre havendo lhe sido assegurado o amplo direito de defesa e de recurso, cujos termos devem estar previstos em estatuto e na forma do que diz a lei.

    Dever ser informado aos arrolados que os mesmos possuem o direito de

  • 23

    recorrer Assemblia Geral da Entidade, conforme dispe o Cdigo Civil. Dever ser informado aos arrolados que os mesmos possuem o direito de

    acionar juridicamente a outra parte a qualquer momento, independentemente do andamento do processo junto Entidade ou ao CREA.

    Em nenhum momento do processo dever ser negligenciado o amplo direito de defesa. O acusado ainda tem a seu favor o benefcio da dvida e a presuno da inocncia at prova em contrrio.

    importante que toda e qualquer discusso ou deciso tomada nas reunies da Comisso de tica tenha seu registro efetuado em ata.

    Os profissionais so detentores de direitos universais e dos que lhes assegura a Constituio Federal. Para reflexo e juzo, sempre bom destacarmos os direitos profissionais estabelecidos no Cdigo de tica Profissional.

    O Profissional tem direito:

    liberdadedeescolhadeespecializao; liberdade de escolha demtodos, procedimentos e

    formas de expresso; aousodottuloprofissional; exclusividadedoatodeofcioaquesededicar; justa remunerao proporcional sua capacidade e

    dedicao e aos graus de complexidade, risco, experincia e especializao requeridos por sua tarefa;

    aoprovimentodemeiosecondiesdetrabalhodignos,eficazes e seguros;

    recusaouinterrupodetrabalho,contrato,emprego,funo ou tarefa quando julgar incompatvel com sua titulao, capacidade ou dignidade pessoais;

    proteodoseuttulo,deseuscontratosedeseutra-balho;

    proteodapropriedadeintelectualsobresuacriao; competiohonestanomercadodetrabalho; liberdadedeassociar-seacorporaesprofissionais; propriedadedeseuacervotcnicoprofissional.

    A via conciliatria s possvel no mbito da Entidade de Classe e a sua Comisso de tica dever promov-la sempre que for oportuno e cabvel.

  • 24

    A conciliao poder ser proposta por membro da Comisso de tica Profis-sional da Entidade de Classe ante a evidncia de:

    baixopoderdeofensividadedainfrao; danomoralreparvel; disposiodoinfratoremrecuperaraboaconduta; disposiodoofendidoemaceitarareparao; inexistnciadereincidnciaoudescumprimentodetermo

    de ajuste anteriormente firmado por parte do infrator; boacondutaticahabitualdoinfrator.

    Fluxograma do processo disciplinar nas Comisses de tica das Entidades

    de Classe

  • 25

    III - NORMATIVA

    I - Modelo de Regimento da Comisso de tica na Entidade de Classe;

    II - Cdigo de tica Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agrono-mia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia;

    III - Regulamento para a Conduo do Processo tico Disciplinar - Anexo da Resoluo n. 1.004, de 27 de junho de 2003;

    IV - Cdigo Civil Brasileiro - Lei n. 10.406/2002 - Captulo II - Das As-sociaes;

    V - Deciso Normativa do CONFEA n 069, de 23/03/2001.

  • 26

    CAPTULO I Das caractersticas

    Artigo 1 Comisso de tica Profissional da (Entidade de Classe) instrumen-to de aperfeioamento da atuao dos (profissionais) e dever ter como referncia e fundamento o compromisso com a tica profissional, conforme previsto no Cdigo de tica Profissional adotado pela Resoluo 1002/2002 do CONFEA, o regulamento para a conduo do processo tico disciplinar aprovado pela Re-soluo 1004/2003 do CONFEA e demais normas aplicveis boa conduta.

    Artigo 2 A Comisso de tica Profissional da (Entidade de Classe) do-tada de autonomia na execuo de suas decises, deliberaes e exerccio de competncias no se subordinando hierarquicamente diretoria da (Entidade de Classe).

    Pargrafo nico A Comisso de tica Profissional atuar como rgo au-xiliar da administrao da (Entidade de Classe), sendo o agente orientador da eticidade de suas aes.

    CAPTULO II Da competncia

    Artigo 3 Compete Comisso de tica Profissional a promoo, o aper-feioamento e o resgate da boa atuao dos profissionais, particularmente no concernente conduta tica do profissional ante a profisso, aos seus colegas e sociedade.

    Pargrafo nico - No desempenho de sua competncia a Comisso de tica atuar:

    a) Preventivamente divulgando, esclarecendo e orientando a atuao profissional em conformidade com os preceitos ticos da profisso;

    b) Conciliatoriamente mediando e conciliando desinteligncias entre profissionais e recuperando a sua boa conduta;

    c) Corretivamente aplicando sanes em casos de desvio de conduta tica, na forma do estatuto da (Entidade de Classe), quando couber, e encami-nhando denncia Cmara Especializada do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que jurisdiciona o profissional infrator.

    CAPTULO III Da composio

    Artigo 4 A Comisso de tica Profissional composta por (n.) membros, [assegurada a representao paritria de todas as modalidades que compem o quadro associativo], com mandato de (n.) ano(s).

    I - MODELO DE REGIMENTO DA COMISSO DE TICA NA ENTIDADE DE CLASSE

  • 27

    [Pargrafo nico: A falta ou vacncia de representante de qualquer modalidade no impedir o funcionamento da comisso.]

    Artigo 5 A Comisso de tica Profissional ser eleita com o mandado de (n) ano (s) pelos profissionais do quadro associativo em eleio prpria.

    Artigo 6 Os membros eleitos da Comisso de tica Profissional elegero seu Presidente.

    Artigo 7 O Presidente da Comisso de tica Profissional, em cada processo, designar um relator, [preferencialmente profissional de modalidade diferente das partes envolvidas].

    Artigo 8 Qualquer membro da Comisso de tica Profissional poder re-nunciar de suas funes ou declarar-se impedido em processo especfico desde que o faa por escrito.

    Pargrafo nico No caso de renncia de 01 (um) ou mais membros da Co-misso de tica Profissional, ser convocado substituto na forma estatutria.

    Artigo 9 O membro convocado que se ausentar, sem justificativa por 03 (trs) reunies em um ano, ser automaticamente desligado da Comisso de tica Profissional.

    Artigo 10 No caso de denncia contra um membro da Comisso de tica Profissional, o mesmo ser afastado temporariamente at o julgamento do pro-cesso.

    Pargrafo nico - Em se confirmando infrao ao Cdigo de tica Profissional o mesmo ser desligado definitivamente.

    Artigo 11 O membro convocado para reunio que no puder se fazer pre-sente dever justificar-se com antecedncia.

    Artigo 12 O membro que mantiver qualquer relao com quaisquer das partes envolvidas no processo, dever declarar-se impedido de nele participar, salvo na condio de testemunha.

    CAPTULO IV Do funcionamento

    Artigo 13 A Comisso de tica Profissional se reunir ordinariamente cada (n) ms (es) em local e datas previamente agendados.

  • 28

    Pargrafo 1 - Poder tambm a Comisso de tica Profissional realizar reunies extraordinrias, conforme as necessidades, desde que convocadas no mnimo com 48 (quarenta e oito) horas de antecedncia.

    Pargrafo 2 As reunies extraordinrias sero convocadas pelo Presidente da Comisso de tica Profissional, pelo Presidente da (Entidade de Classe) ou por dois teros de seus membros.

    Artigo 14 O quorum mnimo para reunio da Comisso de tica Profissional ser de 03 (trs) membros.

    Pargrafo nico O quorum mnimo para deliberao ser de dois teros dos membros.

    Artigo 15 Todas as reunies da Comisso de tica Profissional sero regis-tradas em livro de atas prprio.

    CAPTULO V Do Processo

    Artigo 16 Todas as ocorrncias que envolvam desvios de conduta tica profissional devero ser encaminhadas diretamente Comisso de tica Pro-fissional.

    Artigo 17 Todas as denncias devem ser encaminhadas por escrito, assi-nadas, com identificao do solicitante, acompanhadas de prova e podem ser feitas por qualquer cidado.

    Artigo 18 O Presidente da Comisso de tica Profissional responsabilizar-se- pela montagem dos processos e elaborao da pauta da reunio.

    Artigo 19 A Comisso de tica Profissional deliberar pelo encaminhamento dos processos segundo sua tipificao, grau de gravidade infracional e existncia de provas.

    Artigo 20 - Havendo possibilidade conciliatria entre as partes, a Comisso de tica Profissional preferencialmente a promover mediante termo de ajuste de conduta a ser celebrado mutuamente.

    Pargrafo nico - A conciliao ser proposta por membro da Comisso de tica Profissional ante a evidncia de:

    a) Baixo poder de ofensividade da infrao;b) Dano moral reparvel;c) Disposio do infrator em recuperar a boa conduta;d) Disposio do ofendido em aceitar a reparao;

  • 29

    e) Inexistncia de reincidncia ou descumprimento de termo de ajuste anteriormente firmado por parte do infrator;

    f) Boa conduta tica habitual do infrator.

    Artigo 21 Em cada processo sero anexados os pareceres, bem como c-pias de todas as correspondncias recebidas e emitidas e dos documentos que digam respeito ao caso.

    Artigo 22 Os pareceres devero conter fundamentalmente relatrio obje-tivo contendo o enquadramento em dispositivo do Cdigo de tica Profissional, discusso e concluso.

    Artigo 23 Os processos correro reservadamente, sendo acessveis Co-misso de tica Profissional e s partes envolvidas.

    Artigo 24 Qualquer membro da Comisso de tica Profissional no exerccio de suas funes poder pedir vistas a processo, devolvendo-o com pronuncia-mento de voto fundamentado por escrito.

    Artigo 25 A tramitao processustica observar, no que couber, as dispo-sies da Resoluo 1004/2003 do CONFEA.

    CAPITULO VI DAS DISPOSIES GERAIS

    Artigo 26 A Comisso de tica Profissional utilizar toda a estrutura da (Entidade de Classe) para seu bom funcionamento.

    Artigo 27 A Comisso de tica Profissional juntamente com o Presidente da (Entidade de Classe), dever manter arquivo seguro para guardar os documentos da Comisso de tica Profissional.

    Pargrafo nico - Todo o processo depois de encerrado, ser arquivado por um perodo mnimo de 05 (cinco) anos a partir da data da ltima tramitao do processo.

    Artigo 28 O denunciado ser comunicado de todos os procedimentos pro-cessuais e ter amplo direito a defesa.

    Artigo 29 Ante a fato novo ou a defeito processual, cabe a qualquer das partes requerer reconsiderao de deciso da Comisso de tica Profissional.

  • 30

    Artigo 29 O processo no poder ultrapassar o prazo de 180 (cento e oitenta) dias na Comisso de tica Profissional.

    Artigo 28 Qualquer ato processual no poder ultrapassar o prazo de 30 (trinta) dias.

    Pargrafo nico Na impossibilidade circunstancial de cumprimento do prazo, o Presidente poder, justificadamente, dilat-lo por mais 30 (trinta) dias, com efeito cumulativo sobre o prazo disposto no artigo anterior.

    Artigo 30 A Comisso de tica Profissional dever, em conjunto com a Presidncia da (Entidade de Classe), estabelecer um programa de trabalho que tenha como fundamento precpuo a orientao, a educao e a insero do profissional na cidadania e na tica.

    Artigo 31 Os casos omissos sero resolvidos pela Comisso de tica Pro-fissional.

    Pargrafo nico No que couber aplicar-se-o aos casos omissos o disposto na Resoluo 1004/2003 do CONFEA, e os princpios gerais da tica e do direito.

    Nota: expresses entre colchetes so aplicveis a entidades multiprofis-sionais.

  • 31

    II - CDIGO DE TICA PROFISSIONAL DA ENGENHARIA, DA ARQUITETURA, DA AGRONOMIA, DA GEOLOGIA, DA GEOGRAFIA E DA METEOROLOGIA.

    1. PROCLAMAO

    As Entidades Nacionais representativas dos profissionais da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia pactuam e proclamam o presente Cdigo de tica Profissional.

    2. PREMBULO

    Art. 1 O Cdigo de tica Profissional enuncia os fundamentos ticos e as condutas necessrias boa e honesta prtica das profisses da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia e relaciona direitos e deveres correlatos de seus profissionais.

    Art. 2 Os preceitos deste Cdigo de tica Profissional tm alcance sobre os profissionais em geral, quaisquer que sejam seus nveis de formao, modalida-des ou especializaes.

    Art. 3 As modalidades e especializaes profissionais podero estabelecer, em consonncia com este Cdigo de tica Profissional, preceitos prprios de conduta atinentes s suas peculiaridades e especificidades.

    3. DA IDENTIDADE DAS PROFISSES E DOS PROFISSIONAIS

    Art. 4 As profisses so caracterizadas por seus perfis prprios, pelo saber cientfico e tecnolgico que incorporam, pelas expresses artsticas que utilizam e pelos resultados sociais, econmicos e ambientais do trabalho que realizam.

    Art. 5 Os profissionais so os detentores do saber especializado de suas profisses e os sujeitos pr-ativos do desenvolvimento.

    Art. 6 O objetivo das profisses e a ao dos profissionais voltam-se para o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas diversas dimenses: como indivduo, famlia, comunidade, sociedade, nao e humani-dade; nas suas razes histricas, nas geraes atual e futura.

    Art. 7 As entidades, instituies e conselhos integrantes da organizao profissional so igualmente permeados pelos preceitos ticos das profisses e

  • 32

    participantes solidrios em sua permanente construo, adoo, divulgao, preservao e aplicao.

    4. DOS PRINCPIOS TICOS

    Art. 8 A prtica da profisso fundada nos seguintes princpios ticos aos quais o profissional deve pautar sua conduta:

    Do objetivo da profisso:I - A profisso bem social da humanidade e o profissional o agente capaz

    de exerc-la, tendo como objetivos maiores a preservao e o desenvolvimento harmnico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;

    Da natureza da profisso:II A profisso bem cultural da humanidade construdo permanentemente

    pelos conhecimentos tcnicos e cientficos e pela criao artstica, manifestando-se pela prtica tecnolgica, colocado a servio da melhoria da qualidade de vida do homem;

    Da honradez da profisso:III - A profisso alto ttulo de honra e sua prtica exige conduta honesta,

    digna e cidad;

    Da eficcia profissional:IV - A profisso realiza-se pelo cumprimento responsvel e competente dos

    compromissos profissionais, munindo-se de tcnicas adequadas, assegurando os resultados propostos e a qualidade satisfatria nos servios e produtos e observando a segurana nos seus procedimentos;

    Do relacionamento profissional:V - A profisso praticada atravs do relacionamento honesto, justo e com

    esprito progressista dos profissionais para com os gestores, ordenadores, des-tinatrios, beneficirios e colaboradores de seus servios, com igualdade de tratamento entre os profissionais e com lealdade na competio; Da interveno profissional sobre o meio:

    VI - A profisso exercida com base nos preceitos do desenvolvimento susten-tvel na interveno sobre os ambientes natural e construdo e da incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores;

  • 33

    Da liberdade e segurana profissionais:VII - A profisso de livre exerccio aos qualificados, sendo a segurana de

    sua prtica de interesse coletivo.

    5. DOS DEVERES

    Art. 9 No exerccio da profisso so deveres do profissional:

    I ante o ser humano e seus valores:a) oferecer seu saber para o bem da humanidade;b) harmonizar os interesses pessoais aos coletivos;c) contribuir para a preservao da incolumidade pblica;d) divulgar os conhecimentos cientficos, artsticos e tecnolgicos inerentes

    profisso;

    II ante profisso: a) identificar-se e dedicar-se com zelo profisso;b) conservar e desenvolver a cultura da profisso;c) preservar o bom conceito e o apreo social da profisso;d) desempenhar sua profisso ou funo nos limites de suas atribuies e de

    sua capacidade pessoal de realizao;e) empenhar-se junto aos organismos profissionais no sentido da consolidao da

    cidadania e da solidariedade profissional e da coibio das transgresses ticas.

    III - nas relaes com os clientes, empregadores e colaboradores:a) dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princpio da eqi-

    dade;b) resguardar o sigilo profissional quando do interesse de seu cliente ou em-

    pregador, salvo em havendo a obrigao legal da divulgao ou da informao;c) fornecer informao certa, precisa e objetiva em publicidade e propaganda

    pessoal;d) atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbitrais e periciais;e) considerar o direito de escolha do destinatrio dos servios, ofertando-lhe,

    sempre que possvel alternativas viveis e adequadas s demandas em suas propostas;

    f) alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos s prescries tcnicas e as conseqncias presumveis de sua inobservncia;

    g) adequar sua forma de expresso tcnica s necessidades do cliente e s normas vigentes aplicveis;

    IV - nas relaes com os demais profissionais:

  • 34

    a) Atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princpio da igualdade de condies;

    b) Manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exerccio da profisso;

    c) Preservar e defender os direitos profissionais;

    V ante ao meio:a) Orientar o exerccio das atividades profissionais pelos preceitos do desen-

    volvimento sustentvel;b) Atender, quando da elaborao de projetos, execuo de obras ou criao

    de novos produtos, aos princpios e recomendaes de conservao de energia e de minimizao dos impactos ambientais;

    c) Considerar em todos os planos, projetos e servios as diretrizes e disposies concernentes preservao e ao desenvolvimento dos patrimnios scio-cultural e ambiental.

    6. DAS CONDUTAS VEDADAS

    Art. 10. No exerccio da profisso, so condutas vedadas ao profissional:

    I - ante ao ser humano e a seus valores:a) Descumprir voluntria e injustificadamente com os deveres do ofcio;b) Usar de privilgio profissional ou faculdade decorrente de funo de forma

    abusiva, para fins discriminatrios ou para auferir vantagens pessoais;c) Prestar de m-f orientao, proposta, prescrio tcnica ou qualquer ato

    profissional que possa resultar em dano s pessoas ou a seus bens patrimo-niais;

    II ante profisso: a) Aceitar trabalho, contrato, emprego, funo ou tarefa para os quais no

    tenha efetiva qualificao;b) Utilizar indevida ou abusivamente do privilgio de exclusividade de direito

    profissional;c) Omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida a tica profis-

    sional;

    III - nas relaes com os clientes, empregadores e colaboradores:a) formular proposta de salrios inferiores ao mnimo profissional legal;b) apresentar proposta de honorrios com valores vis ou extorsivos ou des-

    respeitando tabelas de honorrios mnimos aplicveis;

  • 35

    c) usar de artifcios ou expedientes enganosos para a obteno de vantagens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;

    d) usar de artifcios ou expedientes enganosos que impeam o legtimo acesso dos colaboradores s devidas promoes ou ao desenvolvimento profissional;

    e) descuidar com as medidas de segurana e sade do trabalho sob sua coordenao;

    f) suspender servios contratados, de forma injustificada e sem prvia co-municao;

    g) impor ritmo de trabalho excessivo ou, exercer presso psicolgica ou assdio moral sobre os colaboradores;

    IV - nas relaes com os demais profissionais:a) intervir em trabalho de outro profissional sem a devida autorizao de seu

    titular, salvo no exerccio do dever legal;b) referir-se preconceituosamente a outro profissional ou profisso;c) agir discriminatoriamente em detrimento de outro profissional ou profis-

    so;d) atentar contra a liberdade do exerccio da profisso ou contra os direitos

    de outro profissional;

    V ante ao meio:a) prestar de m-f orientao, proposta, prescrio tcnica ou qualquer ato

    profissional que possa resultar em dano ao ambiente natural, sade humana ou ao patrimnio cultural.

    7. DOS DIREITOS

    Art. 11. So reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes s profis-ses, suas modalidades e especializaes, destacada-mente:

    a) livre associao e organizao em corporaes profissionais;b) ao gozo da exclusividade do exerccio profissional;c) ao reconhecimento legal;d) representao institucional.

    Art. 12. So reconhecidos os direitos individuais universais inerentes aos profissionais, facultados para o pleno exerccio de sua profisso, destacadamente:

    a) liberdade de escolha de especializao;b) liberdade de escolha de mtodos, procedimentos e formas de expresso;c) ao uso do ttulo profissional;

  • 36

    d) exclusividade do ato de ofcio a que se dedicar;e) justa remunerao proporcional sua capacidade e dedicao e aos graus

    de complexidade, risco, experincia e especializao requeridos por sua tarefa;f) ao provimento de meios e condies de trabalho dignos, eficazes e segu-

    ros;g) recusa ou interrupo de trabalho, contrato, emprego, funo ou tarefa quan-

    do julgar incompatvel com sua titulao, capacidade ou dignidade pessoais;h) proteo do seu ttulo, de seus contratos e de seu trabalho;i) proteo da propriedade intelectual sobre sua criao;j) competio honesta no mercado de trabalho;k) liberdade de associar-se a corporaes profissionais;l) propriedade de seu acervo tcnico profissional.

    8. DA INFRAO TICA Art. 13. Constitui-se infrao tica todo ato cometido pelo profissional que

    atente contra os princpios ticos, descumpra os deveres do ofcio, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem.

    Art. 14. A tipificao da infrao tica para efeito de processo disciplinar ser estabelecida, a partir das disposies deste Cdigo de tica Profissional, na forma que a lei determinar.

  • 37

    III - REGULAMENTO PARA A CONDUO DO PROCESSO TICO DISCIPLINAR

    ANEXO DA RESOLUO N. 1.004, DE 27 DE JUNHO DE 2003.

    CAPTULO I DA FINALIDADE Art. 1 Este regulamento estabelece procedimentos para instaurao, instruo

    e julgamento dos processos administrativos e aplicao das penalidades relacio-nadas apurao de infrao ao Cdigo de tica Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, adotado pela Resoluo n 1.002, de 26 de novembro de 2002.

    1 Os procedimentos adotados neste regulamento tambm se aplicam aos casos previstos no art. 75 da Lei n 5.194, de 1966.

    2 Os procedimentos estabelecidos aplicam-se aos profissionais da Engenha-ria, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, em seus nveis superior e mdio, que transgredirem preceitos do Cdigo de tica Profissional, e sero executados pelos vrios rgos das instncias administrativas do Sistema Confea/Crea.

    Art. 2 A apurao e conduo de processo de infrao ao Cdigo de tica Profissional obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contra-ditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    CAPTULO II DA COMISSO DE TICA PROFISSIONAL Art. 3 A Comisso de tica Profissional rgo auxiliar das cmaras espe-

    cializadas, constituda de acordo com o regimento do Crea.

    1 Recomenda-se observar na sua composio a presena de um represen-tante de cada cmara especializada.

    2 O Crea dever colocar disposio da Comisso de tica Profissional servidores com a incumbncia de apoiar as reunies, lavrando ata, termo de depoimento, atividade administrativa e assessoramento jurdico necessrios ao seu funcionamento.

  • 38

    Art. 4 atribuio da Comisso de tica Profissional:

    I iniciar o processo tico ante notcia ou indcio de infrao;

    II - instruir processo de infrao ao Cdigo de tica Profissional, ouvindo testemunhas e partes, e realizando ou determinando a realizao de diligncias necessrias para apurar os fatos; e

    III emitir relatrio fundamentado a ser encaminhado cmara especializada competente para apreciao, o qual deve fazer parte do respectivo processo.

    Art. 5 A Comisso de tica Profissional, para atendimento ao disposto no inciso II e III do art. 4, dever:

    I - apurar o fato mediante recebimento e anlise de denncias, tomada de depoimentos das partes e acolhimento das provas documentais e testemunhais relacionadas denncia visando instruir o processo; e

    II - verificar, apontar e relatar a existncia ou no de falta tica e de nulidade dos atos processuais.

    Art. 6 O coordenador da Comisso de tica Profissional designar um de seus membros como relator de cada processo.

    Pargrafo nico. O relator designado dever ser, preferencialmente, de mo-dalidade profissional diferente daquela do denunciado.

    CAPTULO III DO INCIO DO PROCESSO

    Art. 7 O processo ser instaurado aps ser protocolado pelo setor competente do Crea em cuja jurisdio ocorreu a infrao, decorrente de denncia formulada por escrito e apresentada por:

    I instituies de ensino que ministrem cursos nas reas abrangidas pelo Sistema Confea/Crea;

    II qualquer cidado, individual ou coletivamente, mediante requerimento fundamentado;

    III associaes ou entidades de classe, representativas da sociedade ou de profissionais fiscalizados pelo Sistema Confea/Crea; ou

  • 39

    IV pessoas jurdicas titulares de interesses individuais ou coletivos.

    1 O processo poder iniciar-se a partir de relatrio apresentado pelo setor de fiscalizao do Crea, aps a anlise da cmara especializada da modalidade do profissional, desde que seja verificado indcio da veracidade dos fatos.

    2 A denncia somente ser recebida quando contiver o nome, assinatura e endereo do denunciante, nmero do CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas, se pessoa jurdica, CPF Cadastro de Pessoas Fsicas, nmero do RG Registro Geral, se pessoa fsica, e estiver acompanhada de elementos ou indcios comprobatrios do fato alegado.

    Art. 8 Caber cmara especializada da modalidade do denunciado proceder a anlise preliminar da denncia, no prazo mximo de trinta dias, encaminhan-do cpia ao denunciado, para conhecimento e informando-lhe da remessa do processo Comisso de tica Profissional.

    Art. 9 Caber Comisso de tica Profissional proceder instruo do processo no prazo mximo de noventa dias, contados da data da sua instaurao.

    1 Acatada a denncia, a Comisso de tica Profissional dar conhecimento ao denunciado da instaurao de processo disciplinar, juntando cpia da denncia, por meio de correspondncia encaminhada pelo correio com aviso de recebimento, ou outro meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega ser anexado ao processo.

    2 No acatada a denncia, o processo ser encaminhado cmara espe-cializada da modalidade do profissional, que decidir quanto aos procedimentos a serem adotados.

    Art. 10. Duas ou mais pessoas podero demandar questo no mesmo proces-so.

    Pargrafo nico. A Comisso de tica Profissional, mediante justificativa, poder determinar a juntada de duas ou mais denncias contra um mesmo profissional, em razo da falta cometida ou fatos denunciados.

    Art. 11. O processo instaurado ser constitudo de tantos tomos quantos forem necessrios, contendo at duzentas folhas cada, numeradas ordenadamente e rubricadas por servidor credenciado do Crea, devidamente identificado pela sua matrcula.

  • 40

    Pargrafo nico. Todos os atos e termos processuais - a denncia, a defesa e os recursos - sero feitos por escrito, utilizando-se o vernculo, com a data e o local de sua realizao e a assinatura do responsvel.

    Art. 12. Os processos de apurao de infrao ao Cdigo de tica Profissional correro em carter reservado.

    Pargrafo nico. Somente as partes envolvidas o denunciante e o denun-ciado e os advogados legalmente constitudos pelas partes tero acesso aos autos do processo, podendo manifestar-se quando intimadas.

    Art. 13. O processo ser duplicado quando houver pedido de vista ou recurso ao Confea, mantendo-se uma cpia na unidade ou Crea de origem.

    Art. 14. Os procedimentos relacionados ao processo devem realizar-se em dias teis, preferencialmente na sede do Crea responsvel pela sua conduo, cientificando-se o denunciado se outro for o local de realizao.

    CAPTULO IV DA INSTRUO DO PROCESSO

    Art. 15. As atividades de instruo, destinadas a apurar os fatos, consistem na tomada de depoimento do denunciante, do denunciado e suas respectivas testemu-nhas, obteno de todas as provas no proibidas em lei e na adoo de quaisquer diligncias que se faam necessrias para o esclarecimento da denncia.

    1 O depoimento ser tomado verbalmente ou mediante questionrio, se requerido pela parte e autorizado pela Comisso de tica Profissional.

    2 So inadmissveis no processo as provas obtidas por meios ilcitos.

    3 A prova documental dever ser apresentada em original ou cpia au-tenticada em cartrio, ou ainda, cpia autenticada por servidor credenciado do Crea.

    4 As reprodues fotogrficas sero aceitas como prova desde que acom-panhadas dos respectivos negativos.

    Art. 16. Cabe ao denunciado a prova dos fatos que tenha alegado em sua defesa, sem prejuzo do dever atribudo Comisso de tica Profissional para a instruo do processo.

  • 41

    Art. 17. O denunciado poder, na fase de instruo e antes da tomada da deciso, juntar documentos e pareceres, bem como apresentar alegaes refe-rentes denncia objeto do processo.

    Art. 18. No caso de tomada de depoimento ou quando for necessria a cincia do denunciado, a prestao de informaes ou a apresentao de provas propostas pelas partes, sero expedidas intimaes para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condies para atendimento do requerido.

    1 A intimao, assinada pelo coordenador da Comisso de tica Profis-sional, ser encaminhada pelo correio com aviso de recebimento, ou por outro meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega ser anexado ao processo, registrando-se a data da juntada e a identificao do funcionrio responsvel pelo ato.

    2 No sendo encontradas as partes, far-se- sua intimao por edital divulgado em publicao do Crea, ou em jornal de circulao na jurisdio, ou no dirio oficial do estado ou outro meio que amplie as possibilidades de conhecimento por parte do denunciado, em linguagem que no fira os preceitos constitucionais de inviolabilidade da sua intimidade, da honra, da vida privada e da imagem.

    3 A intimao observar a antecedncia mnima de quinze dias quanto data de comparecimento.

    4 O no atendimento da intimao no implica o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renncia a direito pelo denunciado.

    5 O denunciado no poder argir nulidade da intimao se ela atingir os fins para os quais se destina.

    Art. 19. No caso de encontrarem-se as partes ou testemunhas em local dis-tante da sede ou fora de jurisdio do Crea onde o processo foi instaurado, os depoimentos sero tomados pela Comisso de tica Profissional da jurisdio onde se encontram ou, por delegao, pelos inspetores da inspetoria mais prxima das suas residncias ou locais de trabalho.

    Pargrafo nico. A Comisso de tica Profissional da jurisdio onde o processo foi instaurado encaminhar questionrio e as peas processuais necessrias tomada dos depoimentos.

  • 42

    Art. 20. As partes devero apresentar, at quinze dias antes da audincia de instruo, o rol de testemunhas.

    1 O rol dever conter o nome completo, a qualificao, RG e endereo para correspondncia de cada testemunha.

    2 As testemunhas sero intimadas a comparecer audincia por meio de correspondncia encaminhada pelo correio, com aviso de recebimento, ou por outro meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega ser anexado ao processo.

    3 No podero compor o rol de testemunhas das partes as pessoas inca-pazes, impedidas ou suspeitas.

    4 A Comisso de tica Profissional poder, a seu critrio, ouvir outras testemunhas alm das arroladas.

    Art. 21. A testemunha falar sob palavra de honra, declarando seu nome, profisso, estado civil e residncia; se parente de alguma das partes e em que grau; quais suas relaes com quaisquer delas e seu interesse no caso, se houver; relatar o que souber, explicando sempre as razes da sua cincia.

    Art. 22. O depoimento ser prestado verbalmente, salvo no caso dos surdos-mudos, que podero fazer uso de intrprete da Linguagem Brasileira de Sinais.

    Art. 23. Os depoimentos sero reduzidos a termo, assinados pelo depoente e pelos membros da Comisso de tica Profissional.

    Art. 24. vedado, a quem ainda no deps, assistir ao interrogatrio da outra parte.

    Art. 25. Durante a audincia de instruo a Comisso de tica Profissional ouvir em primeiro lugar o denunciante, em segundo o denunciado, e, em sepa-rado e sucessivamente, as testemunhas do denunciante e do denunciado.

    1 Devero ser abertos os depoimentos indagando-se, tanto ao denunciante quanto ao denunciado, sobre seu nome, nmero do RG, naturalidade, grau de escolaridade e profisso, estado civil, idade, filiao, residncia e lugar onde exerce sua atividade e, na seqncia, sobre a razo e os motivos da denncia.

    2 Ao denunciado ser esclarecido que o seu silncio poder trazer prejuzo prpria defesa.

  • 43

    3 Aps ter sido cientificado da denncia, mediante breve relato do coorde-nador da Comisso de tica Profissional, o denunciado ser interrogado sobre:

    I - onde estava ao tempo da infrao e se teve notcias desta;II - se conhece o denunciante e as testemunhas arroladas e o que alegam

    contra ele, bem como se conhece as provas apuradas;

    III - se verdadeira a imputao que lhe feita;

    IV se, no sendo verdadeira a imputao, tem algum motivo particular para atribu-la; e

    V - todos os demais fatos e pormenores que conduzam elucidao dos antecedentes e circunstncias da infrao.

    4 Se o denunciado negar em todo ou em parte o que lhe foi imputado, dever apresentar as provas da verdade de suas declaraes.

    5 As perguntas no respondidas e as razes que o denunciado invocar para no respond-las devero constar no termo da audincia.

    6 Havendo comprometimento na elucidao dos fatos em decorrncia de contradio entre os depoimentos das partes, a Comisso de tica Profissional, a seu critrio, poder promover acareaes.

    7 As partes podero fazer perguntas ao depoente, devendo dirigi-las ao coordenador da Comisso de tica Profissional, que aps deferi-la, questionar o depoente.

    8 facultado s partes, requisitar que seja consignado em ata as perguntas indeferidas.

    Art. 26. A audincia de instruo una e contnua, sendo os interrogatrios efetuados num mesmo dia ou em datas aproximadas.

    Art. 27. A Comisso de tica Profissional elaborar relatrio contendo o nome das partes, sumrio sobre o fato imputado, a sua apurao, o registro das principais ocorrncias havidas no andamento do processo, os fundamentos de fato e de direito que nortearam a anlise do processo e a concluso, que ser submetido cmara especializada da modalidade do denunciado.

  • 1 O relatrio ser submetido aprovao da Comisso de tica em pleno, na mesma sesso de sua leitura.

    2 A Comisso de tica aprovar o relatrio por votao em maioria simples, estando presentes metade mais um de seus membros.

    3 No caso de haver rejeio do relatrio, o coordenador designar novo relator para apresentar relatrio substitutivo, na mesma sesso.

    4 Caso o relatrio manifeste-se pela culpa do denunciado, dever indicar a autoria, efetiva ocorrncia dos fatos e a capitulao da infrao no Cdigo de tica Profissional.

    5 Caso o relatrio manifeste-se pela improcedncia da denncia, dever sugerir o arquivamento do processo.

    CAPTULO VDO JULGAMENTO DO PROCESSO NA CMARA ESPECIALIZADA

    Art. 28. O relatrio encaminhado pela Comisso de tica Profissional ser apreciado pela cmara especializada da modalidade do denunciado, que lavrar deciso sobre o assunto, anexando-a ao processo.

    1 A deciso proferida pela cmara especializada e uma cpia do relatrio da Comisso de tica Profissional sero levados ao conhecimento das partes, por meio de correspondncia encaminhada pelo correio com aviso de recebimento, ou por outro meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega ser anexado ao processo.

    2 A deciso, se desfavorvel ao denunciado, informar as disposies legais e ticas infringidas e a penalidade correspondente.

    3 Nos casos em que houver a impossibilidade de julgamento pela cmara especializada da modalidade do denunciado, as atribuies deste artigo sero exercidas pelo Plenrio do Crea.

    4 No caso das partes se recusarem a receber o relatrio e a deciso da cmara especializada ou obstrurem o seu recebimento, o processo ter prosse-guimento, nele constando a recusa ou obstruo.

    Art. 29. A cmara especializada dever julgar o denunciado no prazo de at noventa dias, contados da data do recebimento do processo.

  • Art. 30. Ser concedido prazo de dez dias para que as partes, se quiserem, manifestem-se quanto ao teor do relatrio.

    1 O prazo para manifestao das partes ser contado da data da juntada ao processo do aviso de recebimento ou do comprovante de entrega da deciso e do relatrio ou, encontrando-se em lugar incerto, da data da publicao da intimao.

    2 Mediante justificativa, a juzo do coordenador da cmara especializada, o prazo para manifestao das partes poder ser prorrogado, no mximo, por mais dez dias.

    Art. 31. Apresentada a manifestao das partes, o coordenador da cmara especializada indicar um conselheiro para relatar o processo.

    Pargrafo nico. O relator indicado no poder ter participado da fase de instruo do processo como membro da Comisso de tica Profissional, nem ter sido o autor da denncia.

    Art. 32. A falta de manifestao das partes no prazo estabelecido no obstruir o seguimento do processo.

    Art. 33. O relato e apreciao do processo na cmara especializada obede-cero s normas fixadas no regimento do Crea.

    Art. 34. Estando as partes presentes no julgamento, considerar-se-o inti-madas desde logo da deciso, dando-lhes conhecimento, por escrito, do incio da contagem do prazo para recurso.

    Art. 35. Ausentes as partes no julgamento, sero intimadas da deciso da cmara especializada por meio de correspondncia encaminhada pelo correio com aviso de recebimento, ou por outro meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega ser anexado ao processo.

    1 Da intimao encaminhada s partes constar o prazo de sessenta dias para apresentao de recurso ao Plenrio do Crea.

    2 No sendo encontradas as partes, far-se- sua intimao por edital divul-

  • 46

    gado em publicao do Crea, ou em jornal de circulao na jurisdio, ou no dirio oficial do estado ou outro meio que amplie as possibilidades de conhecimento por parte do denunciado, em linguagem que no fira os preceitos constitucionais de inviolabilidade da sua intimidade, da honra, da vida privada e da imagem.

    Art. 36. Quando do trmite do processo na cmara especializada, o conselheiro relator poder, em carter excepcional, requerer diligncia visando complementar informaes julgadas relevantes para a elucidao dos fatos.

    CAPTULO VI DA APRESENTAO DO RECURSO AO PLENRIO DO CREA

    Art. 37. Da deciso proferida pela cmara especializada, as partes podero, dentro do prazo de sessenta dias, contados da data da juntada ao processo do aviso de recebimento ou do comprovante de entrega da intimao, interpor recurso que ter efeito suspensivo, para o Plenrio do Crea.

    Pargrafo nico. O teor do recurso apresentado ser dado a conhecer a outra parte, que ter prazo de quinze dias para manifestao.

    Art. 38. Recebido o recurso e manifestao da outra parte, o presidente do Crea designar conselheiro para relatar o processo em plenrio.

    Pargrafo nico. O relator indicado no poder ter participado da fase de ins-truo do processo como membro da Comisso de tica Profissional ou membro da cmara especializada que julgou o denunciado em primeira instncia, nem ter sido o autor da denncia.

    Art. 39. O processo, cuja infrao haja sido cometida por profissional no exerccio de emprego, funo ou cargo eletivo no Crea, no Confea ou na Mtua, ser remetido para reexame do plenrio do Crea qualquer que seja a deciso da cmara especializada e independentemente de recurso interposto por quaisquer das partes, em at trinta dias aps esgotado o prazo estabelecido no art. 37.

    CAPTULO VII DO JULGAMENTO DO PROCESSO NO PLENRIO DO CREA

    Art. 40. O processo ser apreciado pelo Plenrio do Crea, que lavrar deciso sobre o assunto, anexando-a ao processo.

  • 47

    Art. 41. O Plenrio do Crea julgar o recurso no prazo de at noventa dias aps o seu recebimento.

    Art. 42. O relato e apreciao do processo pelo Plenrio do Crea obedecero s normas fixadas no regimento do Crea.

    Art. 43. Ausentes do julgamento, as partes sero intimadas da deciso do plenrio por meio de correspondncia encaminhada pelo correio com aviso de recebimento, ou por outro meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega ser anexado ao processo.

    1 Da intimao encaminhada s partes constar o prazo de sessenta dias para apresentao de recurso ao Plenrio do Confea.

    2 No sendo encontradas as partes, extrato da intimao ser divulgado em publicao do Crea, ou em jornal de circulao na jurisdio, ou no dirio oficial do estado ou outro meio que amplie as possibilidades de conhecimento por parte do denunciado, em linguagem que no fira os preceitos constitucionais de inviolabilidade da sua intimidade, da honra, da vida privada e da imagem.

    CAPTULO VIII DA APRESENTAO DO RECURSO AO PLENRIO DO CONFEA

    Art. 44. Da deciso proferida pelo Plenrio do Crea, as partes podero, dentro do prazo de sessenta dias, contados da data da juntada ao processo do aviso de recebimento ou do comprovante de entrega da intimao, interpor recurso que ter efeito suspensivo, para o Plenrio do Confea.

    Pargrafo nico. O teor do recurso apresentado ser dado a conhecer a outra parte, que ter prazo de quinze dias para manifestao.

    Art. 45. O Crea dever encaminhar o recurso ao Confea acompanhado do processo.

    Art. 46. Recebido o recurso no Confea, o processo ser submetido anlise do departamento competente e, em seguida, levado apreciao da comisso responsvel pela sua anlise.

    Art. 47. Pautado o assunto para anlise da comisso, a apreciao da matria seguir o rito previsto em seu regimento.

  • 48

    Art. 48. A comisso, aps a apreciao da matria, emitir deliberao em conformidade com o estabelecido em regimento, que ser levada considerao do Plenrio do Confea.

    Art. 49. O processo, cuja infrao haja sido cometida por profissional no exerccio de emprego, funo ou cargo eletivo no Crea, no Confea ou na Mtua, ser remetido para reexame do plenrio do Confea, qualquer que seja a deciso do Crea de origem e independentemente de recurso interposto por quaisquer das partes, em at trinta dias aps esgotado o prazo estabelecido no art. 44.

    CAPTULO IX DO JULGAMENTO DO PROCESSO NO PLENRIO DO CONFEA

    Art. 50. O processo ser apreciado pelo Plenrio do Confea, que lavrar deciso sobre o assunto, anexando-a ao processo.

    Art. 51. O relato e apreciao do processo pelo Plenrio do Confea obedecero s normas fixadas no seu regimento.

    CAPTULO X DA APLICAO DAS PENALIDADES

    Art. 52. Aos profissionais que deixarem de cumprir disposies do Cdigo de tica Profissional sero aplicadas as penalidade previstas em lei.

    1 A advertncia reservada ser anotada nos assentamentos do profissional e ter carter confidencial.

    2 A censura pblica, anotada nos assentamentos do profissional, ser efetivada por meio de edital afixado no quadro de avisos nas inspetorias, na sede do Crea onde estiver inscrito o profissional, divulgao em publicao do Crea ou em jornal de circulao na jurisdio, ou no dirio oficial do estado ou outro meio, economicamente aceitvel, que amplie as possibilidades de conhecimento da sociedade.

    3 O tempo de permanncia do edital divulgando a pena de censura pblica no quadro de avisos das inspetorias e da sede do Crea, ser fixado na deciso proferida pela instncia julgadora.

    Art. 53. A aplicao da penalidade prevista no art. 75 da Lei n 5.194, de 1966, seguir os procedimentos estabelecidos no 2 do art. 52.

  • 49

    Art. 54. A pena ser aplicada aps o trnsito em julgado da deciso.

    Pargrafo nico. Entende-se como transitada em julgado, a deciso que no mais est sujeita a recurso.

    CAPTULO XI DO PEDIDO DE RECONSIDERAO

    Art. 55. Caber um nico pedido de reconsiderao de deciso em processo disciplinar, dirigido ao rgo julgador que proferiu a deciso transitada em julgado, pelas partes interessadas, instruda com cpia da deciso recorrida e as provas documentais comprobatrias dos fatos argidos.

    Pargrafo nico. A reconsiderao, no interesse do profissional penalizado, poder ser pedida por ele prprio ou por procurador devidamente habilitado, ou ainda, no caso de morte, pelo cnjuge, ascendente e descendente ou irmo.

    Art. 56. O pedido de reconsiderao ser admitido, depois de transitada em julgado a deciso, quando apresentados fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada.

    Art. 57. Julgado procedente o pedido de reconsiderao, o rgo julgador po-der confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso.

    Pargrafo nico. Da reviso do processo no poder resultar agravamento da pena.

    CAPITULO XII DA EXECUO DA DECISO

    Art. 58. Cumpre ao Crea da jurisdio do profissional penalizado, onde se iniciou o processo, a execuo das decises proferidas nos processos do Cdigo de tica Profissional.

    Pargrafo nico. No havendo recurso instncia superior, devido ao esgo-tamento do prazo para sua apresentao ou quando esgotadas as instncias recursais, a execuo da deciso ocorrer imediatamente, inclusive na hiptese de apresentao de pedido de reconsiderao.

  • 50

    CAPTULO XIII DA REVELIA

    Art. 59. Ser considerado revel o denunciado que:

    I - se opuser ao recebimento da intimao, expedida pela Comisso de tica Profissional, para apresentao de defesa; ou

    II se intimado, no apresentar defesa.

    Art. 60. A Declarao da revelia pela Comisso de tica Profissional no obstruir o prosseguimento do processo, garantindo-se o direito de ampla defesa nas fases subseqentes.

    Art. 61. Declarada a revelia, o denunciado ser intimado a cumprir os prazos dos atos processuais subseqentes, podendo intervir no processo em qualquer fase.

    CAPTULO XIV DA NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

    Art. 62. Nenhum ato ser declarado nulo se da nulidade no resultar prejuzo para as partes.

    Art. 63. Os atos do processo no dependem de forma determinada seno quando a lei expressamente a exigir, considerando-se vlidos os atos que, reali-zados de outro modo, alcanarem a finalidade sem prejuzo para as partes.

    Art. 64. A nulidade dos atos processuais ocorrer nos seguintes casos:

    I - por impedimento ou suspeio reconhecida de um membro da Comisso de tica Profissional, cmara especializada, Plenrio do Crea ou do Plenrio do Confea, quando da instruo ou quando do julgamento do processo;

    II - por ilegitimidade de parte; ou

    III - por falta de cumprimento de preceitos constitucionais ou disposies de leis.

    Art. 65. Nenhuma nulidade poder ser argida pela parte que lhe tenha dado causa ou para a qual tenha concorrido.

  • 51

    Art. 66. As nulidades devero ser argidas em qualquer fase do processo, antes da deciso transitada em julgado, a requerimento das partes ou de ofcio.

    Art. 67. As nulidades considerar-se-o sanadas:

    I - se no forem argidas em tempo oportuno, de acordo com o disposto no art. 66 deste regulamento; ou

    II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim.

    Art. 68. Os atos processuais, cuja nulidade no tiver sido sanada na forma do artigo anterior, sero repetidos ou retificados.

    Pargrafo nico. A repetio ou retificao dos atos nulos ser efetuada em qualquer fase do processo.

    Art. 69. A nulidade de um ato, uma vez declarada, causar a nulidade dos atos que dele, diretamente, dependam ou sejam conseqncia.

    Art. 70. Dar-se- o aproveitamento dos atos praticados, desde que no resulte prejuzo ao denunciado.

    CAPTULO XV DA EXTINO E PRESCRIO

    Art. 71. A extino do processo ocorrer:

    I quando o rgo julgador proferir deciso definitiva;

    II quando a cmara especializada concluir pela ausncia de pressupostos de constituio e de desenvolvimento vlido e regular do processo;

    III quando a cmara especializada ou Plenrio do Crea ou Plenrio do Confea declararem a prescrio do ilcito que deu causa ao processo; ou

    IV quando o rgo julgador concluir por exaurida a finalidade do processo ou o objeto da deciso se tornar impossvel, intil ou prejudicado por fato su-perveniente.

    Pargrafo nico. Estes dispositivos no se aplicam aos casos referidos nos arts. 9 e 49.

  • 52

    Art. 72. A punibilidade do profissional, por falta sujeita a processo disciplinar, prescreve em cinco anos, contados da verificao do fato respectivo.

    Art. 73. A intimao feita a qualquer tempo ao profissional faltoso interrompe o prazo prescricional de que trata o art. 72.

    Pargrafo nico. A intimao de que trata este artigo ensejar defesa escrita a partir de quando recomear a fluir novo prazo prescricional.

    Art. 74. Todo processo disciplinar que ficar paralisado por trs ou mais anos, pendente de despacho ou julgamento, ser arquivado por determinao da au-toridade competente ou a requerimento da parte interessada.

    Art. 75. A autoridade que retardar ou deixar de praticar ato de ofcio que leve ao arquivamento do processo, responder a processo administrativo pelo seu ato.

    1 Entende-se por autoridade o servidor ou agente pblico dotado de poder de deciso.

    2 Se a autoridade for profissional vinculado ao Sistema Confea/Crea, estar sujeito a processo disciplinar.

    CAPTULO XVI DAS DISPOSIES FINAIS

    Art. 76. Nenhuma penalidade ser aplicada ou mantida sem que tenha sido assegurado ao denunciado pleno direito de defesa.

    Art. 77. Se a infrao apurada constituir violao do Cdigo Penal ou da Lei das Contravenes Penais, o rgo julgador comunicar o fato autoridade competente.

    Pargrafo nico. A comunicao do fato autoridade competente no paralisa o processo administrativo.

    Art. 78. impedido de atuar em processo o conselheiro que:

    I tenha interesse direto ou indireto na matria;

  • 53

    II tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante;

    III haja apresentado a denncia; ou IV seja cnjuge, companheiro ou tenha parentesco com as partes do pro-

    cesso at o terceiro grau.

    1 O conselheiro que incorrer em impedimento deve comunicar o fato ao coordenador da Comisso de tica Profissional, cmara especializada ou plenrio, conforme o caso, abstendo-se de atuar.

    2 A omisso do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.

    Art. 79. Pode ser argida a suspeio de conselheiro que tenha amizade ntima ou inimizade notria com alguma das partes ou com os respectivos cnjuges, companheiros, parentes e afins at o terceiro grau.

    Art. 80. Os prazos comeam a correr a partir da data da juntada ao processo do aviso de recebimento ou do comprovante de entrega da intimao, excluindo-se da contagem o dia do comeo e incluindo-se o do vencimento.

    1 considera-se prorrogado o prazo at o primeiro dia til seguinte, se o vencimento cair em dia em que no houver expediente no Crea ou este for en-cerrado antes da hora normal.

    2 Os prazos expressos em dias contam-se de modo contnuo.

    Art. 81. Nos casos omissos aplicar-se-o, supletivamente ao presente regu-lamento, a legislao profissional vigente, as normas do direito administrativo, do processo civil brasileiro e os princpios gerais do Direito.

    Art. 82. Este regulamento aplica-se, exclusivamente, aos processos de infrao ao Cdigo de tica Profissional iniciados a partir da publicao desta Resoluo no Dirio Oficial da Unio.

  • 54

    IV - CDIGO CIVIL BRASILEIRO (assinalado)Lei n. 10.406/2002

    CAPTULO IIDAS ASSOCIAES

    Art. 53. Constituem-se as associaes pela unio de pessoas que se organizem para fins no econmicos.

    Pargrafo nico. No h, entre os associados, direitos e obrigaes recpro-cos.

    Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associaes conter:I - a denominao, os fins e a sede da associao;II - os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associados;III - os direitos e deveres dos associados;IV - as fontes de recursos para sua manuteno;V o modo de constituio e de funcionamento dos rgos deliberativos;

    (Redao dada pela Lei n. 11.127, de 2005)VI - as condies para a alterao das disposies estatutrias e para a

    dissoluo.VII a forma de gesto administrativa e de aprovao das respectivas contas.

    (Includo pela Lei n. 11.127, de 2005)

    Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poder instituir categorias com vantagens especiais.

    Art. 56. A qualidade de associado intransmissvel, se o estatuto no dis-puser o contrrio.

    Pargrafo nico. Se o associado for titular de quota ou frao ideal do patrimnio da associao, a transferncia daquela no importar, de per si, na atribuio da qualidade de associado