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Jos? SemedoP2 Sbado 7 Maio 2011 [email protected] do m da histria, Francis Fukuyama j no quer fazer previses. Mas diz que as revolues rabes nos vo desiludir Pg. 4/5DANIEL ROCHA2 P2 Sbado 7 Maio 201107.05.11Os chimpanzs so os animais geneticamente mais prximos do homem, partilhamos mais de 98% de ADN. Esta espcie comunica atravs de expresses faciais, posturas corporais e mais de 30 vocalizaes diferentes. Vive em grupos sociais numerosos e muito complexos. A estrutura social, em que a dominncia hierrquica dos machos to claramente superior das fmeas, implica uma inteligncia estratgica com manipulaes e alianas entre os animais do grupo. Por essa razo, o chimpanz passa muito do seu tempo a criar, manter e reforar a estrutura do grupo atravs de brincadeiras, exibies hierrquicas e outras actividades, como catar-se. Utiliza e constri ferramentas para diversos fins, como retirar formigas de pequenas fissuras ou palitar os dentes. No Jardim Zoolgico um grupo de 15 chimpanzs continua a reproduzir-se trazendo esperana para a continuidade destes fantsticos animais na natureza.Jardim Zoolgico de LisboaChimpanz(Pan troglodytes) No passado 7 de Maio de 1983Parece que sempre que em Portugal se organiza uma grande exposio internacional Europlia (Blgica, 1991), Expo-98 ou Encompassing the Globe(Lisboa e Washington, 2009) , os Descobrimentos so tema central. A primeira foi a XVII Exposio de Arte, Cincia e Cultura do Conselho da Europa, em 1983, comissariada por Pedro Canavarro. As 1700 peas desta exposio, com o subttulo Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento, foram divididas por cinco ncleos dispersos por Lisboa, do Convento da Madre de Deus Torre de Belm, passando pela Casa dos Bicos, restaurada para o efeito, pelo Museu Nacional de Arte Antiga, que foi, ento, reorganizado, e pelo Mosteiro dos Jernimos.Segundo o Guia Geral dos Fundos da Torre do Tombo, a organizao cronolgica desta exposio, que contou com obras de museus de todo o mundo, fez com que na Madre de Deus estivesse o mdulo dedicado aos antecedentes da Expanso (coordenado por Jos Mattoso), seguindo-se A Dinastia de Avis e a Europa (Casa dos Bicos, Victor Pavo dos Santos), A Arte, Cincia e Cultura nos Sculos XV e XVI (Arte Antiga, Jorge Borges de Macedo), As Navegaes Portuguesas e as Suas Consequncias no Renascimento e A Arte na Rota do Oriente (Mosteiros dos Jenimos) e A Armaria Portuguesa nos Sculos XV e XVI (Torre de Belm), os trs ltimos da responsabilidade de Avelino Teixeira da Mota e Lus de Albuquerque. Com um oramento de 800 mil contos (4 milhes de euros), a exposio foi visitada por um milho de pessoas.Abre a XVII Exposio de Arte, Cincia e CulturaCaso BPN nas negociaes da troikaPorqu o BPNhttp://eopovopa.wordpress.comQuando falamos do buraco nas contas pblicas deixado pelo BPN, referimo-nos a cerca de 6500 milhes de euros, ou seja, a mais de 13 milhes de salrios mnimos, mais de um salrio mnimo por cada habitante deste pas. A Caixa Geral de Depsitos enterrou directamente no BPN cerca de 4600 milhes de euros, a somar aos 2000 milhes de euros em imparidades (activos txicos), o que perfaz cerca de 4% do PIB. Explicitando: este valor assemelha-se ao encaixe total que o Estado portugus prev fazer com o plano de privatizaes. Dito de outra forma, assemelha-se ao valor previsto pelo plano de austeridade de 2010, em que para o cumprir foram necessrios os PEC, mas tambm o fundo de penses da PT, no valor de 1600 milhes de euros. Este Blogues em papel o valor da factura que todos ns estamos a pagar. Quase trs anos aps a falncia do BPN, podemos dizer que aquilo que estamos a pagar a fraude, a promiscuidade entre a poltica e a nana, a cumplicidade e a troca de favores, os oshores, a evaso scal. Enm, estamos a pagar o preo de um crime que no cometemos. Quando nos dizem que o tempo de sacrifcios, sabemos que a sua distribuio no justa nem democrtica. Quem escolhe salvar bancos para salvar amigos legitima a corrupo. Para o fazer, corta onde mais necessrio: nos servios pblicos e nas prestaes sociais. No nos falem de austeridade, falem-nos dejustia.Escndalo e impunidade recordar o BPNhttp://aespeciaria.blogspot.comO FMI, ao discutir a ajuda de 78 mil milhes de euros, a Portugal tambm se pronunciou no sentido da venda do BPN pelo preo mnimo. E o que acontece aos responsveis por este roubo, militantes do PSD e ex-ministros de Cavaco Silva, e a todos aqueles que beneciaram com ele? Nada! Uns sentam-se na cadeira do poder, outros continuam como gestores bem pagos. Comparem o valor emprestado pelo FMI a Portugal com o valor que Dias Loureiro, Oliveira e Costa e outros zeram desaparecer do pas. Claro que assim temos dce (...).Ficou-se pela venda http://poliscopio.blogspot.comO programa do FMI para Portugal esteve em perigo devido alternativa de liquidao como queria a troika ou venda como queria o Governo do BPN. Ficou-se pela venda. No h problema. O prximo ministro das Finanas Eduardo Catroga especialista em vender ou liquidar bancos, como fez com o BPA em 1994/1995. As promessas que Scrates no vai cumprirhttp://tripalio.blogspot.com(...) Os grupos econmicos cam isentos de medidas, sendo-lhes transferidos 12 mil milhes de euros mais 35 milhes de euros de garantias estatais. Ser ainda consumada a assuno pelo Estado dos prejuzos da gesto fraudulenta do BPN, com a sua privatizao at Junho deste ano a preo da uva mijona (no tem limite mnimo) (...).Contradio insanvelhttp://fjsantos.wordpress.com(...) Achar sensato vender o BPN limpo de encargos, depois de o OE ter assumido os custos da sua gesto ruinosa e no impondo um valor mnimo para a sua aquisio, pactuar com o roubo dos contribuintes e uma contradio insanvel. (...)P2 Sbado 7 Maio 2011 3Do assassinatoa Do assassinato dos chefes de Estado enquanto acto cvico e moral: eis um belo tema. Escolhi-o, no por causa de Bin Laden, que no era um chefe de Estado, nem da tentativa contra Khada, porque os assassinos so estrangeiros, mas porque isto me fez pensar que, quando os chefes de Estado so assassinados por elementos do seu prprio povo, costuma haver razes cvicas e morais para tal ( justicadas ou no, isso depende do ponto de vista). A verdade que so mais ou menos criminosos todos os chefes de Estado do sculo XVII em diante (at ento no havia Estados): eleitos ou no eleitos, controlados ou controladores, todos escolhem ignorar ou autorizam actos que provocam a morte de pessoas. normal, portanto, que haja quem tente mat-los a eles. Alis, o assassinato de chefes de Estado um aceitvel padro de medida para o grau de empenhamento poltico de uma comunidade. Tudo comeou com uma das primeiras naes modernas, a Inglaterra, que se iniciou na modernidade fazendo executar Carlos I em 1649. Os franceses guilhotinaram Lus XVI em 1793, no ano seguinte despacharam Robespierre, em 1894 foi a vez do presidente Carnot e, mais recentemente, em 1962, a OAS tentou matar De Gaulle. Os russos mataram os czares Paulo III (1762) e Alexandre II (1881) e os bolcheviques comemoraram com espavento esta tradio, limpando o sarampo a toda a famlia real em 1918. Os srvios interromperam bruta o passeio por Sarajevo do arquiduque Francisco Fernando em 1914. Em Itlia, os comunistas caaram e mataram Mussolini em 1945. Em Espanha, uma bomba da ETA mandou em 1973 o primeiro-ministro almirante Carrero Blanco to arriba como muitos espanhis gostariam de ter mandado Franco. Gandhi foi morto em 1948 (no era exactamente um chefe de Estado, mas quem no quer ser lobo no veste a pele de cordeiro) e a srie prosseguiu com o despacho da primeira-ministra Indira Gandhi (1984) e do seu lho Rajiv (1991). Portugal, por uma vez, no ca atrs de outros. Pelo contrrio, est bem colocado no ranking: o rei D. Carlos em 1908, Sidnio Pais em 1918, a tentativa de assassinar Salazar em 1937 (e, qui, a morte de S Carneiro em 1980).A prova denitiva de que o assassinato de chefes de Estado um acto cvico e moral que, nessa rea, ningum bate a mais cvica e moral de todas as naes: os Estados Unidos da Amrica. Os americanos j mataram quatro presidentes (Lincoln, Gareld, MacKinley e Kennedy) e atentaram contra muitos outros. O grande falhano desta histria de empenhamento cidado foi no terem acertado em Reagan em 1981. claro que os chefes de Estado no so todos igualmente criminosos: h diferenas considerveis entre Hitler e, por exemplo, Jos Scrates. Mas o ponto no ca por isso invalidado. bom consola-me bastante que os chefes de Estado tenham plena conscincia de que no enveredaram por uma prosso que s banquetes ociais e frias nos trpicos. Entre a lagosta e o mojito, podem car denitivamente sem apetite.Cartas do InteriorPaulo Varela GomesHistoriadorPEDRO CUNHANo futuroSaber o que vai na cabea dos adolescentes pode ser difcil. E que tal perguntar-lhes? Nos EUA, foi feito um inqurito aos jovens que incluia a pergunta: Se tivesses direito a trs desejos, quais seriam?. A equipa de Eliana Perrin, da Universidade da Carolina do Norte, analisou as respostas de 110 rapazes e raparigas com 11 a 18 anos e apresentou os resultados no congresso das Sociedades Acadmicas de Pediatria em Denver (EUA). Algumas surpresas: s 8 por cento dos desejos so sobre a aparncia pessoal e s 4 por cento gostaria de ser mais magro, diz Perrin. A maioria previsvel, mas o ocasional gostava que a mam se sentisse melhor lembra-nos a importncia de fazer perguntas. Ana GerschenfeldPerguntem aos adolescentes!Portugal foi moldado agora para o futuro com base em conceitos ideolgicos do mais cruel liberalismo.Joo Paulo GuerraDirio Econmico A perda da independncia econmica que nos ameaa no pode ser separada da perda da independncia dos valores ticos e das convices polticas.Vicente Jorge Silva, SolNo temos polticos altura dos acontecimentos que nos afligem.Baptista-BastosJornal de NegciosNo se pode pedir poupana a quem vive abaixo do limiar da pobreza - agora mais de um quinto dos portugueses.Francisco Sarsfield Cabral, SolH definitivamente demasiado Estado em Portugal.Poul ThomsenDirio de NotciasO Estado portugus precisava de ir ao Peso Pesado da SIC.Paulo Pinto MascarenhasCorreio da ManhFrases de ontemEscrito na pedra Nunca penso no futuro. Chega demasiado depressa. Albert Einstein (18791955), Nobel da Fsica de 1921CartoonTem piada... estou a subir nas sondagens...Autor AMORIMJornal Correio do Povo, Rio Grande do Sul, Brasil4 P2 Sbado 7 Maio 2011Entrevista Francis FukuyamaNo h excepo rabe na tendncia global em direco democraciaAcredita na aspirao universal democracia, mas diz que a nica garantia que h sobre as revolues rabes que vo acabar por desiludir-nos. Defende que a China uma coisa totalmente diferente. E que a Alemanha se comporta como a China. Apesar do Fim da Histria, Fukuyama no um optimista. a Ficou famoso quando, em 1989, escreveu um ensaio na revista americana The Nacional Interest a que chamou O Fim da Histria?. Trs anos depois transformou-o num livro com o mesmo ttulo, mas sem o ponto de interrogao. A ideia era simples: com o colapso do comunismo, a grande questo sobre a organizao poltica das sociedades humanas estava resolvida; mesmo que o caminho fosse longo, seria a democracia liberal. Namorou com os neoconservadores. Escreveu outras obras importantes. Hoje, com 58 anos, trocou Washington pela Califrnia e d aulas na Universidade de Stanford. A sua ltima grande obra acaba de sair nos EUA e sobre a origem da organizao poltica nas sociedades humanas. O seu interesse concentra-se na China. Esteve em Lisboa para participar nas II Conferncias do Estoril, onde falou do impacto global da situao no Mdio Oriente. Veio falar sobre o impacto global dos acontecimentos no mundo rabe. Ningum previu estes movimentos populares exigindo democracia e liberdade e, sobretudo, que eles surgissem no mundo rabe. Pensvamos, talvez erradamente, que a democracia estava em recesso escala mundial. A sua ideia sobre o m da Histria anal estava certa? O que estamos a ver que no h uma excepo rabe nesta tendncia global em direco democracia. E o mundo rabe era a nica regio que no tinha experimentado o levantamento democrtico que comeou nos anos 70 e se prolongou nos anos 80 e 90. Muita gente tendia a dizer que essa excepo se devia cultura rabe e ao islo. Qual , ento, a explicao?Corresponde a uma aspirao universal de no viver sob regimes autoritrios incapazes de reconhecer a dignidade fundamental das pessoas e o desejo de cidadania dos seus povos. Se olhar para Mohamed Bouazizi, esse jovem vendedor de hortalia que comeou tudo, que viu a sua banca conscada pela polcia, que tentou queixar-se, mas no tinha quem o ouvisse, que se viu esbofeteado e insultado por uma mulher polcia e que decidiu imolar-se pelo fogo O que ele fez e os motivos por que o fez tiveram eco em muitos pases onde os regimes no conseguem respeitar a dignidade bsica dos seus cidados. interessante como um facto localizado numa pequena cidade de provncia tunisina consegue desencadear um acontecimento de tamanha dimenso. O que que faz mover a Histria? muito difcil prever coisas como esta. Mas podemos dizer que as comunicaes modernas, as novas tecnologias, tm um papel na divulgao muito rpida destes pequenos factos. Mas isso no chega para explicar por que que um incidente ou uma imagem, em particular, desencadeia uma resposta emocional de tais dimenses, nem por que razo isso no aconteceu h dez anos.A ideia de uma natureza humana comum que creio que central sua obra vemo-la de alguma maneira traduzida nas praas do mundo rabe em que a pessoas querem dignidade e respeito. A China pode ser o pas que se segue? Ou uma histria completamente diferente?No creio que iremos assistir a um levantamento democrtico desta natureza na China, pelo menos nos prximos tempos. O regime chins muito mais competente. autoritrio, mas assente em instituies fortes, os seus lderes abandonam o poder em cada dez anos, muito ecaz a criar empregos e a gerar um enorme dinamismo da economia. O que interessante que, em todos os estudos de opinio feitos na China, verica-se que uma maioria dos chineses pensa que a democracia uma coisa boa, mas acredita que o regime j democrtico, porque, de alguma maneira, responde s suas necessidades. Se, por acaso, houvesse um retrocesso econmico de grandes dimenses, que levasse as pessoas a perderem os empregos e a expectativa de melhorar as suas vidas, se um segmento cada vez maior de gente educada no visse um futuro, ento poderia haver algum tipo de instabilidade.O regime chins competente de que forma? um dos temas do meu novo livro, The Origins of Political Order, no qual dedico seis captulos China e vou at s origens do Estado. Os chineses tiveram um Estado centralizado e burocrtico em moldes modernos desde o sculo III a.C. No creio que nos devamos surpreender que tenham hoje um Estado competente muito mais moderno do que as ditaduras em frica ou no Mdio Oriente.Mas a legitimidade do poder do Partido Comunista assenta hoje no crescimento econmico e na capacidade de satisfazer as aspiraes materiais das pessoas. Esse crescimento est a gerar cada vez maior desigualdade que imensa entre as grandes cidades costeiras e o interior rural. No h aqui tambm um problema e uma fragilidade a longo prazo? Isso absolutamente verdade. A legitimidade do poder chins depende da sua performance econmica, mas o que tambm temos de entender que eles prprios percebem isso muito bem essa desigualdade tem sido uma preocupao da liderana chinesa, que est a fazer grandes investimentos nessas regies mais pobres. Este apenas um exemplo de que so muito mais competentes do que a generalidades dos lderes dos regimes autoritrios em outros pontos do globo, preocupados sobretudo em enriquecer-se a si prprios, s famlias e aos amigos. essa aspirao liberdade e dignidade que est na base dessa natureza humana comum de que fala nas suas obras? comum num sentido evolutivo, o que quer dizer que parte desse sentimento tambm resulta do crescimento econmico. Se vive numa sociedade camponesa extremamente pobre, provvel que no esteja preocupado com os seus direitos polticos, nem em escrever cartas atravs da Internet a queixar-se. Mas quando as pessoas comeam a ter mais acesso educao, quando se comea a formar uma classe mdia que teme que o Governo lhe possa tirar aquilo que j conseguiu, quando as pessoas podem comunicar, essas exigncias polticas de participao comeam a desenvolver-se.H dez anos, a democracia e economia americanas eram admiradas e emuladas e acreditvamos que o crescimento econmico chins levaria progressiva democratizao. Hoje vemos que as coisas so diferentes. Pode dizer-se que h um modelo chins alternativo? Houve muitas coisas que aconteceram entretanto. Os EUA zeram muito para desacreditar o seu prprio modelo na ltima dcada. No s em matria de poltica externa. O consenso de Washington, que consubstanciava esse modelo americano de desenvolvimento, terminou numa crise nanceira. A Amrica tratou de macular a sua prpria imagem. Mas no se pode dizer que seja um modelo alternativo, no sentido em que o comunismo o foi no passado. Creio que ningum pode imitar o modelo chins, porque para isso seria preciso pertencer sua esfera cultural e s suas tradies histricas para dar um exemplo, o respeito pela educao , que no existem noutras partes do mundo. Os chineses so os primeiros a dizer que ningum vai emular o seu modelo.Mas h esse novo tipo de capitalismo autoritrio na Rssia, em Singapura... completamente diferente. Singapura est na mesma esfera cultural. A Rssia o oposto, um regime incompetente que, se no tivesse a energia, no sei o que seria. Ningum compra um produto manufacturado russo, eles no sabem gerir uma economia moderna. Emergem grandes potncias como a China e mesmo as que so democrticas querem armar-se atravs do desao hegemonia ocidental. Devemos esperar um mundo completamente diferente? A inuncia da Amrica e da Europa vai continuar a ser muito forte, mesmo que estejamos a avanar para um mundo multipolar que, num certo sentido, mais normal do que um mundo completamente dominado pelos Estados Unidos. Os EUA vo ter de aceitar ideias alternativas. O que interessante que as novas grandes democracias, particularmente Brasil, ndia, Turquia e frica do Sul, no tm o mesmo compromisso cultural com a ideia de democracia que os europeus e os americanos partilham.Mesmo o Brasil?Mesmo admitindo que o Brasil possa ser um caso diferente, creio que a sua poltica externa, pelo menos com Lula da Silva, foi bastante irresponsvel no sentido em que estvamos a falar. Aquela coisa do Iro, etc. Penso que Dilma est a mudar isso. Mas estava a dizer que tinham uma cultura democrtica diferente da nossa.Sim. A ideia de democracia, em si mesma, no essencial sua identidade no sentido em que o para a identidade americana, por exemplo. Esto mais centrados nos seus interesses nacionais do que na promoo dos valores democrticos e dos direitos humanos. Isso tem, talvez, a ver com o facto de estarem ainda a emergir como grandes economias de mercado.O que est a acontecer no mundo rabe pode ser uma oportunidade para o presidente Barack Obama recongurar a poltica externa americana?A capacidade dos EUA para inuenciar a regio de uma forma real sempre foi mais limitada do que ns realmente pensamos. [George W.] Bush cometeu um enorme erro ao pensar que o simples exerccio do poder americano podia levar a essas mudanas.Por Teresa de SousaP2 Sbado 7 Maio 2011 5O presidente Obama j ter muita sorte se conseguir ir gerindo estas crises de forma a que no se transformem em desastres. Em teoria, talvez possa aproveitar os acontecimentos para fazer algum progresso no conito israelo-palestiniano. Por isso, as minhas expectativas so bastante baixas sobre o que pode realmente vir a sair daqui. O Imen, por exemplo, que no tem estado nas primeiras pginas nos ltimos tempos, pode ser, de todas estas sublevaes, a mais importante pelo facto de a Al-Qaeda ter a uma das suas bases principais. Apesar de Bin Laden ter sido nalmente eliminado? O centro das actividades da Al-Qaeda moveu-se de Bin Laden para o Imen h j alguns anos e, mesmo sem Bin Laden, ainda ter uma base poderosa para a sua actividade. Mas, a prazo, esta aspirao democrtica no mundo rabe no pode ser tambm uma oportunidade?Temo que os levantamentos democrticos acabem por ser reprimidos em alguns desses pases. Na Sria?No quero fazer previses especcas. Mas ningum tem a certeza de que vo ter sucesso, incluindo no Egipto e na Tunsia. A nica coisa de que talvez possamos ter a certeza que vamos car desiludidos com o que se vai passar, porque muito difcil criar democracias estveis em pases que acabaram de sair de anos e anos de regimes autoritrios deste tipo. Depois, h pases como o Paquisto, que possui uma centena de bombas nucleares, e que provavelmente o pas mais antiamericano do mundo, apesar desta relao disfuncional com os EUA. Creio que o Paquisto muito mais perigoso para a segurana mundial do que o Afeganisto. E no temos uma forma de sair dessa situao.Muitos comentadores escreveram que a eliminao de Bin Laden pode ser um impulso para a popularidade do presidente Obama e para a sua reeleio. Concorda? Mesmo antes disso, a popularidade de Obama no estava assim to mal. Muita gente, se tivesse de apostar em quem vai ser eleito em 2012, apostaria em Obama. Em matria de poltica externa [a eliminao de Bin Laden] ajuda-o, de facto. Os americanos, no entanto, no vo votar por causa das questes de poltica externa, mas pelas questes da economia. A economia est a recuperar, o desemprego deve estar a baixar mais signicativamente em 2012 e as pessoas vo sentir-se melhor.DANIEL ROCHAOs resgates visam proteger os bancos [alemes] e no resolver esta crise do euro. Isso cria um grande problema a Portugal ou Grcia. Os alemes tm de repensar tudo istoComo que avalia a presidncia de Obama? Na poltica externa, comportou-se bastante bem. Na poltica interna, penso que interpretou mal a sua eleio, considerando que ela lhe dava um mandato mais alargado para virar esquerda do que realmente recebeu. por isso que tem tido tantos problemas, incluindo a emergncia do Tea Party. Creio que tem de afastar-se desse caminho em direco a polticas mais centristas para ter a certeza de que vai mesmo ser reeleito.O que que o Tea Party nos diz sobre a Amrica? Nada de novo. Se conhece a histria do populismo nos EUA, que comeou com o presidente Andrew Jackson nos anos 1830 So pessoas que se orgulham da sua independncia, que detestam o Grande Governo e que querem defender a sua liberdade perante ele. Mas no mais do que isso? No gostam de imigrantes, por exemplo complicado, porque h grupos diferentes para os quais essas questes podem ou no ser importantes. Mas as pessoas do Tea Party esto mais preocupadas com o Grande Governo do que com a imigrao e creio que no so comparveis com os grupos populistas na Europa. Escreveu h j algum tempo que faltava aos pases europeus uma viso positiva dos seus valores e da sua identidade, que fosse para alm do credo da tolerncia. Como v esta crise europeia? O fenmeno da imigrao desencadeou, pela primeira vez desde 1945, uma discusso sobre a identidade nacional e sobre se esta exige uma lealdade positiva, assente num conjunto de valores, e no apenas um identidade negativa que tudo tolera. Nesse sentido, este debate foi positivo. Mas h, naturalmente, muitas maneiras de denir a identidade nacional e h uma delas que torna muito difcil assimilar pessoas vindas de fora. Creio que hoje h o perigo real de que esse processo de denir esses valores possa ser feito de uma forma exclusiva. Por exemplo, o facto de Geert Wilders [lder do Partido das Liberdades, populista e anti-imigrantes] poder ser primeiro-ministro da Holanda preocupante Mas h tambm outro tipo nacionalismo, que no se manifesta apenas contra os imigrantes, dos ricos do Norte contra os pobres do Sul. E h a emergncia da Alemanha como pas dominante. Como que observa tudo isto? complicado. S para pr as coisas em termos claros, creio que os problemas de Portugal, da Grcia e da Irlanda foram criados pelos prprios. Dito isto, os alemes comportam-se bastante como os chineses. Beneciaram do facto de j no terem o marco e poderem tirar partido de uma moeda menos valorizada que ajudou s suas exportaes. Esperam poder exportar para todo o mundo e no ter de importar nada. Esta frmula que criaram dos resgates nanceiros visa basicamente proteger os seus bancos. No uma frmula que vise realmente resolver esta crise do euro. E isso cria um grande problema a Portugal ou Grcia: ningum consegue crescer atravs de programas de austeridade como estes. Creio que os alemes tm de repensar tudo isto.6 P2 Sbado 7 Maio 2011Mostrar a Fazer de Bin Laden uma alma errante tambm muito perigosoa Benito Mussolini e a sua amante, Clara Petacci, foram pendurados pelos tornozelos e expostos publicamente depois de mortos por resistentes antifascistas em Milo, em Abril de 1945 h fotograas dos corpos como bonecos a baloiar num cordel, roupas a pender pateticamente para a cabea.Che Guevara foi executado em Outubro de 1967 e o seu cadver tambm foi exposto e fotografado, descalo e em tronco nu, deitado sobre uma padiola dezenas de curiosos foram ver e militares bolivianos posaram orgulhosamente volta do corpo. Nicolae Ceaucescu e a mulher, Elena, foram fuzilados na Romnia em Dezembro de 1989; tivemo-lo a ele cado por terra a xar-nos de olhos bem abertos, fato completo e sobretudo, camisa branca e gravata grenat, cabea ligeiramente descada sobre um ombro um morto coberto de p. E tivemos Pol Pot, em Abril de 1998, o lder do Khmer Vemelho repousado sobre o orido colcho azul e rosa de uma pequena casa no Camboja, leque branco ao lado, chinelas bem arrumadas junto cama. E Jonas Savimbi, em Fevereiro de 2002, sob uma rvore, entre um mar de capim verde, em Angola uma farda cheia de manchas de sangue, calas abertas, a deixar ver umas cuecas s riscas. E depois houve ainda o dia dos rostos macerados dos irmos Udai e Qusai Hussein, mostrados por foras norte-americanas trs anos antes de o pai, Saddam, ser enforcado em Bagdad e imagens do momento da sua morte se terem tornado virais na Internet. Agora foi a vez de Osama bin Laden, o inimigo pblico nmero um dos Estados Unidos abatido dez anos aps os atentados do 11 de Setembro. Houve imagens de Barack Obama, de rosto carregadssimo, e Hillary Clinton a tapar ansiosamente a boca com a mo, enquanto assistiam juntos, via satlite, entrada dos Navy Seals na casa forticada do lder da Al-Qaeda no Paquisto. De Bin Laden morto nenhuma imagem, apenas a notcia de um rpido enterro no mar. E as opinies dividiram-se, em muitos sentidos. P2 Sbado 7 Maio 2011 7morte?Um dilema complexo: uma fotograa de Bin Laden morto podia incendiar o mundo islmico e criar um smbolo, um cone, mas no a mostrar tambm comporta riscos. Esta semana, ao dar uma morte imaterial ao lder da Al-Qaeda, a Casa Branca pode ter criado um ser fantasmtico, uma alma errante, um no-morto. As fotograas que cam por mostrar tambm tm deixado a sua marca na Histria. Por Vanessa Rato assim que o sculo XXI e a maior democracia ocidental devem tratar um inimigo de guerra? E qual , anal, o poder de uma imagem que ca por revelar? A mordacidade de Allan Sekula feroz. Para este artista plstico norte-americano, professor do California Institute of the Arts conhecido pela utilizao da fotograa como crtica globalizao e ao capitalismo tardio, o mais interessante , precisamente, o reter pseudomoralista da fotograa de Bin Laden morto porque seria indecoroso exibir o corpo de um antagonista como trofu de guerra , enquanto se mostram imagens do testemunho em tempo real do seu assassinato pelo Presidente norte-americano e seus conselheiros. No vemos o assassinato, mas podemos ver os que deram ordens aos assassinos a assistir ao assassinato. nisto que a democracia se tornou: testemunho em segunda mo distncia.Num breve e duro email, Sekula diz-nos que, ao contrrio de George W. Bush, seu antecessor, Obama comete poucos erros quando fala: Podemos estar seguros da sua preciso enquanto comandante/testemunha ocular, quando arma que Bin Laden foi morto depois de um tiroteio. Por outras palavras: foi executado ali mesmo. Regressamos assim, refere Sekula, a uma antiga e h muito desacreditada ideia de justia: lex talionis a lei de talio, a ideia de justia retributiva do Cdigo de Hamurabi veiculada pelo Antigo Testamento na mxima olho por olho, dente por dente. Esta a lio da Amrica para o mundo, conclui Sekula. Propaganda e manipulao uma viso particularmente aguerrida e no necessariamente partilhada por uma maioria dos observadores. O jornalista Henry Chapier, que nasceu em Bucareste em 1933 e foi obrigado ao exlio pelo regime comunista romeno, hoje presidente da Maison Europenne de la Photographie, em Paris, e diz que Obama tem toda a razo em no mostrar uma fotograa de Bin Laden morto. RICKLOOMIS/LOS ANGELES TIMESChapier est ao lado dos muitos analistas internacionais que, ao longo dos ltimos dias, tm defendido a posio da Casa Branca, armando que a imagem de Bin Laden se tornaria num objecto de culto, um cone passvel de ser usado como propaganda por muitas faces. Por todo o lado, tanto no Oriente como no Ocidente, se gritaria barbrie. Para Chapier, este assunto que se disseca agora ao innito , na verdade, muito simples. poltica, uma deciso poltica ligada a um caso [o terrorismo] que ainda no acabou. O que acabou foi Bin Laden, que agora uma pgina virada, sublinha Chapier. Mas apenas uma fora de expresso, porque, precisamente, uma nica fotograa poderia tornar-se incendiria, mostrando a fora viva deixada por um idelogo em milhares de radicais, numa pgina que no , anal, a morte a virar por completo. Esta , alis, segundo Chapier, a principal diferena entre uma potencial imagem do lder da Al-Qaeda e as imagens de outros inimigos pblicos. Ceaucescu, por exemplo, j no ameaava ningum. Mas uma imagem deixada por revelar tem o seu poder prprio, e para esse poder que chama ateno a crtica norte-americana de fotograa Vicki Goldberg, autora do livro The Power of Photography. As fotograas que no so mostradas tm feito uma diferena na Histria, refere.H, por exemplo, o caso de Muhammad Ali Jinnah, o fundador do Paquisto independente, que, sabendo-se doente, obrigou o mdico a esconder os raio-X que provavam que tinha tuberculose. Vicki Goldberg v os raios-X como uma espcie de fotograa uma prova documental. Na opinio que considera razovel, e de que faz tese em The Power of Photography, diz que se Ghandi, fundador do Estado indiano, soubesse que Jinnah estava perto da morte, teria provavelmente Imagem de Bin Laden apreendida por soldados americanos no Afeganisto rural, em 2002cParceiros MediaTeleviso Ocial Rdio Ocial Jornal OcialParceiros Institucionais Co-ProduoCINEMA SO JORGE | CULTURGEST | TEATRO DO BAIRRO | CINEMATECA PORTUGUESA5 A 15 DE MAIO| WWW.INDIELISBOA.COMINDIEJNIOR FAMLIAS +966 7 de Maio | 15h00 | Cinema So JorgeSala 1NEIL YOUNG TRUNK SHOW Jonathan Demme, doc., Holanda/Canad, 2010, 83 7 de Maio | 21h45 | Cinema So JorgeSala 1COMPETIO NACIONAL CURTAS 162 7 de Maio | 18h00 | Culturgest Grande AuditrioTRABALHO DE ACTRIZ, TRABALHO DE ACTOR Joo Canijo, doc., Portugal, 2011, 80 7 de Maio | 21h30 | Culturgest Grande Auditrio8 P2 Sbado 7 Maio 2011tentado ganhar mais tempo contra a transformao de seis provncias indianas no futuro Estado paquistans, deciso de 1947 que levaria a muitas mortes.Por outro lado, podemos tentar inverter vrios momentos da Histria recente: o que teria acontecido se as imagens da priso de Abu Ghraib nunca se tivessem tornado pblicas? Essas imagens provocaram a raiva do mundo rabe e, muito justamente, destruram a imagem do Exrcito norte-americano. A sua no revelao levaria impunidade, sublinha Goldberg. Mas a mesma especialista recorda que, geralmente, uma imagem, s por si, no diz nada e pode ser interpretada de formas opostas por diferentes grupos. Como aconteceu no caso das vrias decapitaes de refns ocidentais por radicais islmicos, imagens recebidas com horror nos pases de origem das vtimas e tornadas veculo de jbilo celebratrio e arma de recrutamento pelos jihadistas. Estas imagens, diz Goldberg, asseguraram aos radicais islmicos que o seu mundo tinha poder para placar o seu inimigo. De outra forma, foi tambm o tipo de manipulao a que se prestou a histrica imagem do Rebelde Desconhecido, um dos resistentes do massacre de Tiananmen, em 1989. Um homem de camisa branca e calas pretas, imvel, sozinho no caminho de uma coluna de tanques do Exrcito que avanam na sua direco. Apesar de nunca se ter conhecido a identidade deste homem ou o seu destino, o Ocidente em peso leu a fotograa como um acto de coragem extrema, ao mesmo tempo que viu nela o requiem de uma morte anunciada. O regime chins mostrou-a como smbolo da indulgncia do seu Exrcito face aos manifestantes como se a coluna de tanques estivesse placidamente espera que o Rebelde se desviasse.A interpretao de uma imagem depende sempre de um ponto de vista. Ao optar por no mostrar Bin Laden, Obama parece bem consciente disto, sublinha ainda Goldberg. Por outro lado, parece tambm consciente da falncia da credibilidade da fotograa enquanto prova do real, um desmoronar agravado no imaginrio colectivo da segunda metade do sculo XX pela imagem digital e as vrias tcnicas de manipulao. No captulo da descrena ou do puro negacionismo, Chapier quem atira a pedra ao charco: Quantos milhares de imagens existem dos campos de concentrao? E, mesmo assim, quantos continuam a dizer que a Shoa nunca aconteceu?O caso de Bin Laden distinto. A maior parte do mundo acredita na morte, diz Goldberg. No divulgar a imagem de Bin Laden no violar essa certeza. uma equao a quatro elementos: quem acredita na morte no precisa da imagem, quem no acredita no mudaria com ela a sua convico. Ou mudaria? Srgio Mah, antigo comissrio-geral da Bienal LisboaPhoto, confessa ter sentido inicialmente que a histria estava mal contada. Foi o primeiro embate da falta de provas. Apesar de tudo, antropologicamente, com uma fotograa comprova-se: est morto e a vida continua. Estados Unidos quiseram proteger o imaginrio americano de corpos mutilados e, por isso, as pessoas no perceberam realmente o que aconteceu. A nica imagem de facto aterrorizadora foi a das pessoas a carem das torres.Memento moriApesar de um mainstream televisivo e cinematogrco cheio de vsceras humanas, em geral, a sociedade contempornea no quer ser recordada da sua mortalidade. Para todos os efeitos, estamos j longe do sculo XIX em que persistia a tradio fotogrca do memento mori, com os mortos a serem fotografados com a famlia viva ou aparentemente entretidos ainda nas suas actividades preferidas um av morto com o neto vivo ao colo, uma jovem a tocar piano, uma criana em cima do seu triciclo...Deixmos at de querer fotografar os nossos familiares perto da hora da morte. Afastmos a doena e a morte para longe da vista, para sanatrios, casas de repouso e hospitais. No queremos ver, diz Vicki Goldberg. Passou a imperar o american way of life, mas tambm o american way of death. S a sida, nos anos 1980, voltou a trazer a morte para dentro de casa e para as fotograas de famlia, diz ainda Goldberg.Mas haver casos em que preciso ver para crer? Porque no acreditar na morte de um homem como Bin Laden, anncio que imediatamente acendeu o rastilho das teorias da conspirao (no morreu, mentira, etc.)? O lsofo Jos Gil fala do carcter transcendental que associamos ainda a um homem de poder: A imagem e, sobretudo, a imagem de um homem de poder, carismtico, tem uma propriedade estranhssima, mgica. Ns no atribumos a morte possvel a um chefe de Estado. Vem de uma longa tradio, uma tradio de milnios em que o poder dava imortalidade. Um chefe de Estado no tem doenas, puro e imune a tudo no pode morrer. assim que os chefes tribais deviam pensar no Bin Laden como um imortal.Vem de muito longe, na linha da tradio das realezas mgicas, na linha da forma como, historicamente, nos habitumos a ler o poder e o carisma como graas, prolongamentos do poder divino. toda uma histria do poder e do corpo que vai at ao m do Antigo Regime, diz Jos Gil. Um tipo de imaginrio que, em teoria, a secularizao da sociedade ocidental veio desmontar, mas que persiste como fundo enterrado em ns. Jos Gil recorda a doena de Pompidou, o sucessor de De Gaulle, em Frana. Quando se soube que tinha cancro, quantos franceses no acreditaram?Um lder magicamente visto pelo povo, porque o povo quer ser protegido e s o pode ser por um fundamento, um poder divino: o caso de Bin Laden, um imputrescvel. Jos Gil reconhece a complexidade do dilema com que o Governo norte-americano se confrontou (Uma prova fotogrca presta-se a uma manipulao. E, ao mesmo tempo, no uma prova. Como que se d a prova? No uma fotograa. Por outro lado, a imagem do Guevara tornou-se num culto, imagine-se o que poderia acontecer imagem de Bin Laden no Oriente). Contudo, deixa tambm um alerta para o O ditador italiano Benito Mussolini e a amante, Clara Petacci; o ditador romeno Nicolae Ceaucescu; o cone da revoluo cubana Che Guevara; e o lder da UNITA Jonas Savimbi perigo nas opes de ocultamento tomadas, nomeadamente a de fazer perder no mar o corpo de um lder, numa espcie de morte imaterial.Porque se quer reaver um corpo que desapareceu? Por que que mesmo o corpo de um marinheiro ou de um pescador annimo tem que ser repescado para sossegar a famlia? Parte fundamental das nossas existncias d-se enquanto corpo. As pessoas sossegam quando vem ou recuperam um corpo, porque uma parte delas que se perdeu ali. Est at no Coro: um morto tem que ser enterrado para entrar na linhagem dos mortos antepassados, caso contrrio torna-se numa alma errante.So os no-vivos, ou no-mortos, que enchem a nossa cultura. Reaver a imagem reaver parte do corpo. H tambm aqui uma questo de posse. Uma fotograa no s uma prova mais: um bocado do ser que se perdeu. Fazer do Bin Laden uma alma errante tambm muito perigoso, diz Jos Gil. So velhas crenas dos povos exticos vivas aqui [no Ocidente e Oriente contemporneos]. O fundamento destas hesitaes e mal-estar [perante o caso de Bin Laden] est nestas crenas ancestrais, arcaicas mostrar que isso perdura hoje, face ao desaparecimento, muito difcil.Celebrao tribalO mundo arcaico a reemergir, pois: Jos Gil recorda ainda que Obama disse que se tinha feito justia, mas que as pessoas a danar nas ruas e praas norte-americanas gritaram vingana, numa espcie de celebrao tribal. No seu blogue Rue69, Irne Costellian, investigadora de Cincias Polticas do Centro Montesquieu da Universidade de Bordeaux, escreve que se voltou a levantar a questo sobre a capacidade das democracias ocidentais em respeitar os seus compromissos nas questes de direitos do homem.Cptica perante a justicao do Governo norte-americano de sepultar Bin Laden no mar para no criar um lugar de peregrinao ou comemorao, fala tambm num Ocidente que sempre foi assombrado por mortos sem sepultura: A falta de referncias espaciais alimentam o fantasma e convidam directamente ao culto, transformando em heri.Um referente visual serve para cristalizar a realidade e condenar o mal. A imaterialidade conferida ao lder da Al-Qaeda d-lhe o estatuto fantasmtico que j tinha em vida. Os Estados Unidos deram uma nova vida a Bin Laden, ofereceram-lhe a imortalidade.Era o problema da Antgona, de Sfocles, onde se levanta a questo da sepultura para o autor do fratricdio. Aquele que capaz do pior guarda um rosto humano ou o mal retira-lhe toda a sua humanidade?, pergunta Costellian. Para Sfocles a resposta clara: ao recusarmos sepultura aos criminosos, tornamo-nos como eles. Para Costellian tambm: toda a nossa sociedade se baseia na possibilidade da redeno, diz; e recorda que desde os processos de Nuremberga consideramos que o mal absoluto merece um m semelhante quele dado aos inocentes. por isso que a imerso de Bin Laden provoca hoje um mal-estar.Estaria sempre contra a divulgao da imagem de um corpo mutilado e desgurado, diz Srgio Mah, que sublinha ainda os efeitos imprevisveis, de arrastamento que tal imagem poderia ter no mundo islmico. Mas refere tambm que a violncia tem que ser mostrada, em doses contidas e que no a banalizem: O que aconteceu nos atentados do 11 de Setembro, por exemplo, foi que faltaram cadveres.Sem eles, cmos numa espcie de mundo flmico, innitamente mais limpo do que a realidade: Os P2 Sbado 7 Maio 2011 9Os Homens da Luta esto a curtir bu a Euroviso conta da delegao nacional ao Festival da Cano, at em Dsseldorf se ouve falar da troika. Mesmo que a 14 de Maio os resultados possam no ser os melhores... eles j ganharama Nuno Duarte, ou Jel, ou Neto, o homem do megafone da dupla Homens da Luta, conta como so os dias passados em Dsseldorf, a cidade alem que acolhe este ano o festival da Euroviso, desde que ali chegaram no dia 2 de Maio: Todos os dias acordamos de manh, vestimos a personagem e andamos a correr a cidade e a ensaiar. E a personagem que vestem est a entusiasmar participantes e jornalistas na Alemanha.Dar nas vistas , basicamente, o que tm feito os Homens da Luta, que tm concentrado em si as atenes dos outros participantes e dos jornalistas que cobrem o evento. A participao portuguesa, com uma pgina no Facebook com mais de 300 mil seguidores, j mereceu um artigo no dirio britnico Guardian, assinado pela jornalista portuguesa Susana Moreira Marques, onde a dupla vista como a voz dos protestos sociais que tm ecoado em Portugal em tempos de crise.Nuno Duarte confessa que tem presente a fora da mensagem que a dupla passa e o que signica esta participao no festival da Euroviso, como palco virado para toda a Europa: J falamos para a Europa toda, do Azerbaijo a Malta. Perguntam por que nos vestimos assim e querem saber tudo sobre a poltica em Portugal, a crise e a troika. Ns explicamos que somos fruto dessa situao, do protesto gerado pela crise e como somos polmicos em Portugal.E a mensagem passa, transmitida em voz alta, com muitos camaradas e p! mistura, bigode, patilhas, calas boca-de-sino e camisola justas, arma Neto. Todos cantam em ingls, ns somos os nicos que cantamos na lngua original. E usamos msica popular. O resto tudo mais beat carrinhos de choque. Mas o pessoal que acompanha isto altamente entendido. Podem no saber ao certo o que foi o 25 de Abril. Mas sabem todas as msicas que Portugal trouxe ao festival e sabem que foi a msica do Paulo de Carvalho que foi a senha da revoluo, diz Neto sobre a participao de Portugal em 1974 que valeu um ltimo lugar com zero pontos a Paulo de Carvalho (ver caixa). Mesmo assim foi calorosa a reaco da imprensa estrangeira em Dsseldorf, durante uma conferncia de imprensa, quando Os Homens da Luta desataram a cantar E Depois do Adeus ou Grndola Vila Morena, com um jornalista alemo, sem palavras, sentado no meio dos dois a tentar fazer o seu trabalho.Em ingls, Struggle MenApesar de poucos os verem como Nuno e Vasco Duarte, Os Homens da Luta Neto e Falncio, ou os Struggle Men como se tm apresentado em ingls nas conferncias de imprensa dos preparativos para a Euroviso conseguem (ainda) despir a personagem, confessa Nuno Duarte: Durante o dia somos assim, histrinicos, mas depois tiramos tudo e camos muito calmos. Conseguimos fazer isso. E o facto de vestirmos um personagem ajuda-nos aqui.Acompanhados permanentemente por voluntrios ao servio do festival e por uma equipa da RTP e um operador de cmara, encarregados de colocar diariamente vdeos dos Homens da Luta na pgina do Facebook, os portugueses dizem que esto a aproveitar ao mximo.Tudo o que envolve o espectculo altamente prossional. A organizao de outro mundo. E uma coisa muito competitiva. Anal de contas, o festival da cano o grande acontecimento televisivo do ano para muitos destes pases, principalmente os de Leste. Tambm j o foi para ns. Os outros concorrentes levam isto muito a srio, h uma grande presso. Depois chegamos ns, muito descontrados, e corre-nos tudo muito bem. Para ns xe! Estamos a curtir bu, confessa Nuno Duarte.E descreve mais um pouco como so ali passados os dias E as noites, antes da parte calma, e da personagem arrumada, nas festas, organizadas pelos vrios pases participantes na Euroviso. A ltima festa, antes de falar ao P2, tinha sido a da Turquia. Temos aqui o Euroclube, que uma espcie de discoteca das delegaes e os pases organizadores das festas oferecem as bebidas. Ontem [dia 4] foi a festa da Turquia. Entrmos l a tocar tambor e de megafone em punho e roubmos a festa aos gajos. Era tudo nossa volta, parecamos a Lady Di da Euroviso!, descreve.Sobre o resultado que esperam para o festival marcado para dia 15, Nuno Duarte no tem dvidas: O melhor que Portugal conseguiu foi um sexto lugar. Ns no estamos espera de nada. Vamos ver. Mas estamos a aproveitar ao mximo. Por isso j ganhmos.Ana MachadoCom Luta alegria, os Homens da Luta do nas vistas em DusseldorfINAFASSBENDER/REUTERSO ano de estreia de Portugal na Euroviso, 1964, no foi um bom arranque para a delegao nacional, com Antnio Calvrio, que cantou Orao. O tema no arrecadou nenhum ponto e saiu na ltima posio, o mesmo lugar que Portugal teve em 1974, com E depois do adeus, de Paulo de Carvalho (mas com trs pontos). Portugal voltaria a um ltimo lugar, com pontuao zero, em 1997, com Antes do adeus, interpretado por Celia Lawson. Em 1970 Portugal decidiu no participar, em protesto contra o facto de a Euroviso ter escolhido quatro vencedores em 1969, ano em que Simone de Oliveira cantou Desfolhada, com que conseguiu quatro pontos apenas.J em 1971, Menina do alto da serra, de Tonicha, conseguiu o melhor lugar at ento, um nono lugar. Mas a melhor participao portuguesa foi em 1996, com Lcia Moniz, e O meu corao no tem cor: um sexto lugar. At hoje ningum conseguiu melhor resultado.Uma sucesso de maus resultados levou Portugal a decidir no participar em 2000, pela segunda. E em 2002 seria a terceira vez em que uma delegao lusa estaria ausente.Portugal na EurovisoOia Luta Alegria em www.publico.pt10 P2 Sbado 7 Maio 2011Atlntico Sul1. O rapper Criolo Doido canta No existe amor em SP, mas o que as meninas do Rio me dizem todos os dias que no existe amor no Rio de Janeiro. 2. Homem do Rio preguioso. Homem do Rio machista. Homem do Rio no quer compromisso. Homem do Rio no est nem a para namorar, menos ainda casar. Homem do Rio s ca, o que em dialecto de menina do Rio quer dizer s transa, o que em lngua geral quer dizer sexo. Homem do Rio um saco. Em suma, pior que homem do Rio, s no ter um homem do Rio. 3. Vejam por exemplo esta mesa no Bar Lagoa, ou aquela ali, no Baixo Gvea: tudo mulheres, todas lindas, meninas do Rio. Adivinhem do que esto a falar. No produo de moda. No novela. desespero, mesmo.Ou o escndalo do calado, neste escndalo de cidade, porque tanta beleza escndalo. Garota de Ipanema j era. Por cada uma que Vinicius viu, hoje tem mil, tanto bumbum durinho, tanta virilha cavada, e ningum para as imortalizar. Olha a os Vinicius da vida, ocupados com os prprios bceps, enquanto elas vm e passam, a caminho do mar.4. A propsito de virilha cavada, ai deus e u . Ser menina do Rio no mole no. Depois de me dizerem que no havia homens no Rio, a segunda coisa que as meninas do Rio me disseram foi que eu no ia saber o que era o Rio enquanto no zesse uma virilha. Tem todo um cardpio: Virilha Total, Virilha Comum, Virilha Cavada, Virilha Comum + Faixa de Contorno, Virilha Cavada + Faixa de Contorno e ainda Virilha Modelada. No h homens no Rio, mas just in case as meninas do Rio fazem virilhas para eles. E isso quer dizer que vo s depiladoras ou as depiladoras vm a elas para, na maior parte dos casos, as meninas do Rio carem com aquilo que em dialecto de menina do Rio se chama um bigodinho de Hitler, e, nos casos radicais, bundinha de beb, ou seja, nem um plo no hemisfrio sul. Essa da bundinha de beb a Virilha Total, de que as outras so graus intermdios, com a variante da Virilha Modelada, em que a depiladora deixa o desenho de um corao ou mesmo de uma seta, no v o homem do Rio perder-se.H depilao com linha, com caramelo, com cera, com laser, servio expresso ou la carte, no prprio sof. O que no varia a tortura, mais do que uma vez ao ms. Mas menina do Rio cool, at l revista enquanto uma mulata de mo rme pina l nos conns obscuros e posteriores que mais ningum realmente viu ou ver, pelo menos com dois focos de luz assim apontados.5. Nos cabeleireiros, as revistas mostram Wagner Moura, o Capito Nascimento de Tropa de Elite, e na pgina ao lado por exemplo Chico Buarque, que agora namora a jovem cantora Thas Gulin. E na verdade o que as meninas do Rio querem aquele homem entre Wagner Moura e Chico Buarque. Um comando mas prncipe. 6. Que porm no haja engano: elas lem bem mais que revista. Alis, no sei como os dias tm 24 horas, porque todas as que conheo trabalham, e alm de virilha, sobrancelha & etc, fazem ginstica, corrida na praia, bicicleta na Lagoa, unha do p, unha da mo e anlise; esto com a famlia, com os amigos e no Facebook; vo a Londres, a Paris e a Nova Iorque; lem jornais em papel, leram Lispector e ainda discutem Deleuze.Claro que no estou a falar das favelas, nem de todo o resto da populao fora da Zona Sul. Menina do Rio um micro-clima existencial, ali entre o Flamengo e a Barra da Tijuca.7. Para ler podem pr culos, mas s se estiverem em casa. rarssimo encontrar meninas do Rio com culos de Meninas do [email protected] Lucas CoelhoDRver na rua, sobretudo em sadas nocturnas. Menina do Rio mope opera ou usa lentes. No anda por a descuidadamente de culos.Um dos momentos inesquecveis da minha vida carioca foi quando aquele transsexual num baile funk da Mangueira me perguntou se eu era professora de matemtica. por causa desse culos8. E no vamos falar das plsticas, porque estamos a falar de meninas. 9. O ltimo Censo no ajudou: o Rio de Janeiro um dos lugares do Brasil com menos homens. Comprova-se estatisticamente que muitas meninas do Rio cam mesmo de fora, como no jogo da cadeira. E quanto mais assim for, menos os homens do Rio tero de se esforar.No so bons sinais para a evoluo.Dos dois lados do Atlntico parece consensual que a sub-espcie homem mais bvia e a sub-espcie mulher mais complexa. Como no sculo XX a mulher se teve de esforar muito, excedeu-se naquilo em que os homens eram bons, at porque eram nicos, e o desequilbrio acentuou-se. Concluso favorecida pela atmosfera do Rio de Janeiro: os homens caram para trs na evoluo humana. Ser por isso que as meninas do Rio, lhas do feminismo, intuitivamente recuam nas conquistas feministas? A verdade que a espcie tem de sobreviver.10. Um amigo portugus recm-chegado contava-me daquele amigo europeu que dizia: L na Europa temos de pensar muito antes de acabar uma relao porque no to fcil assim achar uma mulher, mas aqui noPorque aqui elas so demais e de mais. Ou seja, o medo de car sozinho no problema para um homem do Rio. Na viso das meninas do Rio, ser mesmo o nico problema que os homens do Rio no tm. Ento, talvez a nova emigrao europeia para o Brasil possa fazer disto um trunfo. Homens de Portugal, esqueam os currculos, universidades, escritrios, ateliers. Foda mesmo o amor. O rapper Criolo canta: Me d um gole de vida/ No precisa morrer pra ver Deus. Um gole at que fcil, e todos os dias? P2 Sbado 7 Maio 2011 11Poeta, crtico literrio, tradutor, editor, Manuel de Freitas nasceu no Vale de Santarm em 1972. Estreou-se em livro no ano 2000, com Todos Contentes e Eu Tambm. Desde ento, publicou cerca de trinta ttulos, incluindo Game Over, [SIC], Beau Sjour, A Flor dos Terramotos ou Boa Morte. A Nova Poesia Portuguesa (Poesia Incompleta, 2010) o seu mais recente livro de poemas.para o Ricardo lvaro Fevereiro de 2011: quei a saber, por uma revista de merda, queos poetas no so tipos normais(vinha na capa da tal revista). um bocadinho discutvel; os poetas fodem, cagam, gostam ou no gostam de francesinhas e marujos.Tm, como toda a gente, de vigiaro colesterol e de pagar impostos. Porm, e antes mesmo de haver verbo, h poetas e puetas. H-osgestores, contentinhos, polivalentes assim como os h revoltados,insubmissos, crus e sem sada. Uns acreditam nas palavras, outros calam-se. Uns ministros,outros deputados, mas capazes (quase todos) de prefaciar mendigosque olharam de frente o sol. Os poetas morrem e isso, falta de melhor, torna-os bastante normais. Manuel de FreitasPoema ao sbadoOs poetasIndito12 P2 Sbado 7 Maio 2011Ponto de Vista Jorge Almeida FernandesASria caminha rapidamente para um ponto de no retorno, advertiu esta semana o International Crisis Group (ICG). Ao responder s manifestaes com uma escalada de violncia militar, o regime fecha a porta a qualquer soluo honrosa e aprofunda a crise nacional. Ontem voltou a haver protestos e represso em vrias cidades, de norte a sul. O regime lanou uma campanha de propaganda sem precedentes. Cartazes em todas as esquinas, mensagens no Facebook e Twitter, clips na televiso apelam coexistncia entre comunidades e unidade nacional em torno do presidente Bashar al-Assad. Os manifestantes so denunciados como terroristas, jiahdistas, mercenrios ou agentes provocadores. A palavra de ordem : A estabilidade ou o caos. A ciberguerra mais frentica do que a prova de fora nas ruas, opondo agncias de propaganda e adeptos do regime principal pgina da oposio no Facebook Syrian Revolution 2001.A crise ainda no atingiu um nvel que permita augurar a queda do regime, decidido a reprimir um movimento que o pe radicalmente em causa. Mesmo que uma macia represso tenha sucesso a curto prazo previne o ICG ser, na melhor hiptese, uma vitria de Pirro. A credibilidade domstica e internacional do presidente Assad ser estilhaada e poucos pases aceitaro investir na Sria. A represso alimenta o protesto, o que eleva o risco de uma ruptura em linhas tnico-confessionais e faz temer efeitos devastadores nos pases vizinhos.A equao poltica sria distinta da dos outros pases tocados pela primavera rabe. Assenta no controlo do poder por uma comunidade minoritria, os alautas, outrora marginalizados e desprezados pela maioria sunita (ver P2 de 30 de Abril). Representam entre 10 e 12 por cento da populao, contra 70 por cento de sunitas. Os alautas dominam o sistema poltico desde 1963 graas ao controlo das foras armadas, dos servios de segurana e do partido nico, o Baas. A hegemonia alauta no assenta apenas na fora militar e num rgido controlo policial. O sistema montado por Hafez al-Assad, pai do actual Presidente, pressupe uma aliana com outras minorias, designadamente os cristos e os drusos, e com a alta burguesia sunita, que partilha formalmente do poder e dos grandes negcios. A grande interrogao perceber os efeitos da vaga de protestos em que predominam os sunitas sobre os pilares do regime.O primeiro pilar o militar. Os comandantes das principais foras militares so alautas e, nos casos da Guarda Republicana e da famosa Quarta Diviso, membros do cl Assad, que tambm controlam directamente os principais servios de informao. Foras menos poderosas so cheadas por generais sunitas. A Fora Area dominantemente sunita, mas so ociais alautas quem controla as informaes e a logstica, refere a agncia Stratfor. Cristos e drusos tm um papel importante na segurana. interessante a distribuio dos efectivos. Se os sunitas predominam largamente entre os cerca de 300 mil conscritos, os alautas representaro cerca de 70 por cento dos soldados prossionais. Ainda segundo a Stratfor, cerca de 80 por cento dos ociais do Exrcito so alautas. O partido Baas permanece rmemente controlado. A recente demisso de 230 militantes pouco signica num total de dois milhes de membros. O que a continuidade das manifestaes ameaa provocar a eroso das alianas. Os dignitrios sunitas que participam no regime no so insensveis ao clima que se vive nas suas cidades. Os curdos sunitas e com tradio de rebeldia participam nos protestos, exigindo liberdades polticas. H sinais de agitao entre os drusos. H tambm notcia de incidentes pontuais em que soldados se recusaram a disparar sobre manifestantes. A campanha de propaganda de Assad no de todo incua. Se h testemunhos de revolta, h tambm outros de receio e resignao. Declara um sunita da elite de Damasco: O pas corre um imenso risco de confrontos comunitrios. O regime no recuar perante nada para manter o poder. No vale a pena opormo-nos.O pilar mais importante o alauta. Enquanto ele se mantiver unido em torno de Assad, o regime resistir. No por acaso que alguns oposicionistas no exlio imaginam uma ruptura atravs de generais alautas e cristos. Foi Hafez al-Assad quem disciplinou e uniu autoritariamente os alautas, com longa tradio de rivalidades internas. O medo de serem de novo marginalizados e alvo de vingana um factor de coeso. H indcios de tenses internas, em parte ligados generalizao da corrupo, mas nenhum sinal de ruptura. A sua diviso implicaria uma verdadeira fractura do Exrcito, mais grave do que a rebeldia de generais sunitas. o sistema fechado construdo pelo cl Assad que impede quaisquer reformas polticas. O recurso a eleies signicaria o esmagamento poltico dos alautas pelos sunitas. Por outro lado, os alautas sabem que ser cada vez mais difcil a um dcimo da populao manter o domnio nos actuais moldes. O cl Assad no cede, mas tambm no pode correr o risco de uma revolta em massa que degenere em guerra civil, que o condenaria. Um dissidente srio no exlio, Ahed Al Hendi, escreveu esta semana na Foreign Aairs: Os chefes militares alautas podem temer uma ressaca e vinganas contra a comunidade alauta por causa da poltica de Assad. Por outras palavras, o facto de os alautas ocuparem demasiadas posies de comando no Exrcito pode, de facto, minar o regime. As manifestaes pr-democracia so um catalisador. O quebra-cabeas dos alautas organizar o m da sua hegemonia evitando a sua posterior marginalizao. O desfecho passar pela sua atitude perante o cl Assad o que tem tudo a perder e quase nula margem de recuo. O quebra-cabeas de DamascoLOUAI BESHARA/AFPMesmo que uma maciarepresso tenha sucesso a curto prazo, ser na melhor hiptese uma vitria de PirroInternational Crisis [email protected] Sbado 7 Maio 2011 13Crtica de TeatroFrgil teatro de enganos e maravilhamentosUne flte enchantemmmmmDe Peter Brook a partir da pera de MozartCentro Cultural Vila Flor, 5 Maio, 22hSala a dois terosRepete-se amanh e depois, Teatro Nacional S. Joo, PortoNo ser uma surpresa para quem estiver familiarizado com o trabalho do encenador Peter Brook, mas o palco vazio, os poucos adereos e os ps nus dos intrpretes aparecem nesta sua adaptao da pera de Mozart A Flauta Mgica como se fossem o revelar de um discurso sobre a delicadeza do prprio teatro. Talvez no exista melhor soluo para exemplicar a fragilidade mgica, para usar uma expresso do terico francs Georges Banu, que Brook explora como um mestre. Desde logo, pelo modo como atravs das varas de bambu que usa como cenrio e que os intrpretes fazem deslocar transformando-as em jaulas, serras, asas, canas , e sustentando-se apenas na elocuo, e numa coreograa orgnica, Brook nos envolve numa sedutora mentira: a do teatro.De ps nus, os intrpretes preenchem a cena com a qualidade de uma interpretao em que se evidencia o primado da palavra. Atravs da concentrao da aco, exploram-se, sem disfarces, as fragilidades das personagens. Brook desaa o nosso olhar numa pea em que os actores-cantores, falando em francs e cantando em alemo, falam de vingana, sequestro, amor e felicidade como se fossem no apenas realidades quotidianas, mas as nicas que importam. E, por isso mesmo, justicativas de grandes caminhadas descoberta do que no se sabe.Todas as personagens, frgeis como so na defesa das suas ambies, tolhidas que esto pelo amor ou a vingana (sentimentos to prximos), balanam entre o humor e sagacidade. E o palco vazio, territrio onrico por excelncia, serve de cenrio para a oresta, o palcio da Rainha da Noite ou a priso dos dois amantes, Tamino e Pamina, no palcio de Sarastro. Iluminado em intensos vermelhos e azuis, como se dos corpos emanasse luz prpria, Brook estabelece um espao limpo e liberto de simbolismos, tanto mais surpreendente quanto se trata de uma pera que habita um territrio onrico.A sua leitura da complexa composio de Mozart, numa verso para hora e meia e sete actores mais um pianista, clara na assuno de um teatro sem artifcios, sem modelos retricos nem defesas calorosas do excesso. De um barroquismo quase auto-explicativo, Brook transporta-nos, efectivamente, para um outro plano: o da iluso, do desejo de evaso e da crena. E f-lo deixando que sejamos ns a escolher como nos guiar-mos num palco vazio. um convite verosimilhana, como se a realidade teatral dependesse, exclusivamente, da nossa ambio em torn-la mais do que aquilo que .Uma nota negativa no to secundria como isso, mas ainda assim esquecvel perante a qualidade da pea para a legendagem em portugus do Brasil, usado pela companhia, mas que, por vezes, no permite a quem no saiba francs ou alemo acompanhar a poesia desta pera.Tiago Bartolomeu CostaO P2 viajou a convite do programa Odisseia: Teatro do MundoCrtica de MsicaO poder da comunicaoUne flte enchantemmmmnPodemos sentar-nos espera de ouvir as belas reas da Flauta Mgica belamente interpretadas, por vozes encantadoramente belas, acompanhadas por uma belssima orquestra e belissimamente dirigidas... e car decepcionados, porque a orquestra um magro piano de som pouco cuidado, pouco rigorosamente executado, talvez at mesmo pouco anado, que acompanha vozes pouco perfeitas e algo vulgares. Talvez uma das ideias subjacentes a Une te enchante (e a muito do trabalho de Peter Brook) seja precisamente a de agitar o pblico preparado, com todos os seus preconceitos, para assistir a algo que conrme tudo o que j conhece , conduzindo-o a algo intimamente inesperado e, se possvel, atingindo essa mgica associao da dimenso mundana espiritual.Tentemos esquecer-nos, por momentos, de tudo a que estamos habituados e at mesmo de que o espectculo a que privilegiadamente assistimos a ltima produo do lendrio Peter Brook. Ouamos, ento, a histria o enredo, atravs do teatro e da msica e a forma peculiar como a mltipla mensagem transmitida. Atentemos na sua essncia, em nada desvirtuada, veiculada por recursos mnimos (e no pobres), leitura entre muitas possveis, depurada de personagens acessrias e de elementos cuja ausncia surge quase imperceptvel. No palco, apenas contracenam luz (muito simples), sete cantores, dois actores, um pianista, um piano e vrias estacas que, ora se rmam no cho, e so oresta, prtico, grade, obstculo, ora so manuseadas pelos actores e se convertem noutras tantas funes. Quem no se sente em irrecusvel dilogo com os cantores e actores? Ou com a prpria mensagem, que surge to acessvel, assim desvelada? Quem no se comove com a angustiante tristeza de Pamina, que to dramaticamente sente o imaginado abandono do seu amado? Quem se sente capaz de negar a empatia despertada pela determinao de um Tamino puro, destemido e prudente?Ao mesmo tempo que abandona os cantores s suas prprias fragilidades, a economia de recursos resulta na potenciao dos efeitos dramticos, semelhana da generalizada supremacia do intimismo na msica de cmara face msica orquestral. A partitura, uma reinveno do prprio pianista com formao em interpretao e composio , traduz-se num inteligente contnuo que teria certamente beneciado com uma maior conteno na miscelnea de estilos no que liberdade de execuo respeita.Em suma: esta sedutora Flauta Mgica no a mais maravilhosa adaptao e interpretao musical dos ltimos tempos, mas ser difcil igualar o seu poder de comunicao. Diana FerreiraDRCulturaa Mau mnnnn Medocre mmnnn Razovel mmmnn Bom mmmmn Muito Bom mmmmm Excelente14 P2 Sbado 7 Maio 2011Crtica de MsicaDe soul a soulAloe BlaccmmmmnLisboa, Aula MagnaQuarta-feira, s 22h00Sala cheiaH uns bons anos, popularizou-se uma imagem entre as bandas de rock, um Jesus Cristo amarelado, de olhar perdido na sua coroa de espinhos, encimando uma frase to simples quanto programtica: kill your idols. Ou seja, o rock reclamava-se edipiano, queria assumir a sua ascendncia mas em seguida livrar-se dela, recolher ensinamentos para depois os transformar ou adulterar, matar os dolos e seguir em frente, sem olhar para trs. A msica soul no nunca foi assim. Ostenta orgulho na sua linhagem, no quer cortar com o passado, precisa at de invocar os seus heris.Foi o que fez Aloe Blacc na quarta-feira, na Aula Magna, em Lisboa. Entrando em palco com o rgo a anunciar (falsamente) I Need a Dollar, logo guinou em direco a um destino funk/soul, apressando-se a pedir a bno de James Brown, Stevie Wonder, Marvin Gaye e Al Green numa est l escarrapachada: quem que, depois de Jackson, pega na bandeira da soul (claro que untada com muita pop e um batalho de outras referncias) e a carrega com a dignidade devida? Blacc, por muito que at possa no ser essa a inteno, est claramente a apresentar a sua candidatura com concertos deste calibre.E o calibre, precisemos, no foi de brilhantismo. Mas no andou longe: Aloe Blacc mostrou que s h espao na derme das suas canes para tatuar a palavra soul, a sua voz no gigante mas soberbamente usada, a sua direco musical milimetricamente clssica e no invocou os nomes dos Deuses (acima referidos) em vo. No fosse o apadrinhamento excessivo da cantora australiana Maya Jupiter que, alm da primeira parte, assegurou ainda o dueto das Carabas para casais em lua-de-mel na Repblica Dominicana , teria sido uma apresentao quase perfeita. Aloe Blacc est l. S lhe falta arranjar os seus Funk Brothers ou Booker T. and the MGs as bandas residentes da Motown e da Stax. Gonalo Frotasequncia em que rimava estes nomes que deveriam vir sempre em maisculas e, em seguida, a banda passava brevemente por um dos seus temas mais emblemticos. E mostrando o respeito pelos progenitores (reais ou artsticos), logo Blacc incorreu na lamechice da noite, dedicando a belssima interpretao de You Make Me Smile a todas as mes, pedindo que cada um gritasse o nome da sua me ao sinal 3, 2, 1, o nome da vossa me. Depois, virou-se novamente para os pais: e transformou Femme Fatale, dos Velvet Underground, numa quente e deliciosamente pegajosa balada de Al Green.A outra verso da noite teve um simbolismo impossvel de sacudir. A abrir o encore, depois da euforia esperada com I Need a Dollar, uma desacelerada e sedutora verso de Billie Jean, de Michael Jackson, que foi esmorecendo at quase se apagar. A questo, mesmo que Aloe Blacc no a coloque directamente, MIGUEL MANSOCulturaViagem a Portugal no IndieLisboaTrs perguntas a Srgio Trfauta Srgio Trfaut, de 46 anos, um dos mais aclamados documentaristas portugueses, autor de Lisboetas, tem actualmente nas salas o premiado A Cidade dos Mortos, mas apresenta amanh na competio nacional do IndieLisboa a sua primeira longa-metragem de co. Interpretada por Maria de Medeiros e Isabel Ruth, Viagem a Portugal inspira-se num caso verdico ocorrido no incio da dcada passada, sobre o pesadelo de uma ucraniana que, em visita ao marido senegals, se v acusada de estar a tentar entrar ilegalmente em Portugal.Como passar do documentrio para a co? O documentrio ensina muito como enquadrar de forma a ir buscar o mximo possvel da situao que se est a lmar. Aprendi como quero enquadrar uma cena e, por isso, no senti nada de novo na co sabia a intensidade que podia ir buscar com a cmara dentro das limitaes de produo, que tambm estou habituado a gerir, por ser produtor e estar habituado a gerir equipas em stios muito diferentes. So essas limitaes que explicam que o lme decorra apenas no aeroporto?Originalmente, o lme prolongava-se com a expulso para a Ucrnia e terminava com o regresso dela a Portugal. Cheguei a lmar esse material e decidi jog-lo fora. Havia coisas at muito bonitas, mas no me sentia satisfeito. Senti que a concentrao [no aeroporto] lhe dava uma fora muito maior. A sua escolha de actrizes muito forte para uma primeira co.A primeira frase de dilogo do lme foi escrita a pensar na Isabel Ruth. E sempre quis dar Maria de Jorge MourinhaDANIEL ROCHAMedeiros um papel altura do que eu acho que ela capaz de fazer. Ela maravilhosa em teatro, mas no cinema muitas vezes no quei convencido dos resultados. A dado momento, houve uma hiptese de co-produo com o Brasil e disse, meio a brincar, que para ter uma actriz brasileira, s se fosse a Marlia Pra. Ela mostrou interesse e inventei para ela uma personagem que, por causa da lngua, diria aquilo que a ucraniana no pode dizer. Quando a co-produo no se concretizou, para substituir a Marlia Pra transpus os seus dilogos para a personagem transexual, que correspondia quilo que eu conseguia dentro de um contexto de produo portugus...Viagem a Portugal, de Srgio Trfaut, exibido amanh s 21h45 no Cinema So Jorge, repetindo quarta (dia 11) s 21h30. A sua estreia nas salas est prevista para Junho. Site ocial: www.viagemaportugal.netP2 Sbado 7 Maio 2011 15a Mau m Medocre mm Razovel mmm Bom mmmm Muito Bom mmmmm ExcelenteFrana distingue coregrafoRui Horta vai ser Cavaleiro das Artesa A Frana vai homenagear o coregrafo e bailarino Rui Horta, que se tornar Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras numa cerimnia dia 10 na embaixada francesa em Lisboa. Com esta distino, a Frana pretende destacar o percurso exemplar e brilhante de um dos pioneiros da dana contempornea portuguesa, explica uma nota divulgada pela embaixada. Rui Horta junta-se a um grupo de personalidades portuguesas que j receberam a Ordem das Artes e das Letras, criada em 1957: os escritores Ldia Jorge e Antnio Lobo Antunes, as fadistas Msia e Mariza, o comendador Joe Berardo, o ensasta Eduardo Loureno, o editor Manuel Alberto Valente, o programador Antnio Pinto Ribeiro, o jornalista Carlos Pinto Coelho ou o encenador Joaquim Benite. A homenagem surge no ano em que Rui Horta festeja 35 anos de carreira e 10 frente do centro multidisciplinar de pesquisa e criao O Espao do Tempo, que funciona no Convento da Saudao em Montemor-o-Novo e que um ponto de encontro de criadores nacionais e internacionais. O coregrafo foi condecorado em 2008 com a Cruz de Ocial da Ordem do Infante D. Henrique e recebeu em 2001 o Prmio ACARTE da Fundao Calouste Gulbenkian para a melhor produo do ano. Recebeu tambm j vrios prmios internacionais, nomeadamente, em 1999, o German Producers Prize, atribudo de dois em dois anos por um jri de 14 directores de teatro para premiar trabalhos da cena independente de dana alem, e em 1992 o primeiro prmio nos Rencontres Chorgraphiques Internationales de Bagnolet.MECENAS CICLO JAZZ APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MSICA MECENAS CASA DA MSICASEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL COMPLETO NA CASA DA MSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO PARA ESTE CONCERTO. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES E VLIDA APENAS PARA UM CONVITE POR JORNAL E POR LEITOR.www.casadamusica.com | www.casadamusica.tv T 220 120 220PATROCINADOR PRINCIPALPAS TEMAPATROCINADOR OFICIALPAS TEMAAPOIOINSTITUCIONALJ . J.lJ5)1..: `.. . 3MV>IVLMZUIZSsaxofone tenor5IOV][*ZWWtrompete;\M^M;_MTTtrombone2WM?QTTQIU[WVcontrabaixo5QKPIMT>I\KPMZbateriawww.fap.ptmais informaes em16 P2 Sbado 7 Maio 2011CulturaEm busca da origem das palavrasa A deciso estava tomada. Depois de anos a planear a compra de um dicionrio etimolgico, iria aproveitar a edio deste ano da Feira do Livro para concretizar o desejo de ter na estante o meu primeiro volume com a origem e a histria das palavras portuguesas. Para poder comparar preos e fazer a minha compra com critrio fui primeiro ao pavilho da Associao Portuguesa de Editores e Livreiros, onde um funcionrio insistia em perguntar-me pela editora do dicionrio que pretendia, dando a entender que era melhor circunscrever a minha busca seno nunca mais saamos dali. Depois da resistncia inicial a fazer apenas a pesquisa Catarina Gomess voltas na feirasimples percebeu ele que anal a tarefa lhe estava mais facilitada do que antecipava: havia apenas dois, o Dicionrio Etimolgico da Lngua Portuguesa, do portugus Jos Pedro Machado, em vrios volumes, da Livros Horizonte, e um outro de Antnio Geraldo da Cunha, no, corrigiu, porque o autor era brasileiro, era de Antnio Geraldo da Cunha, da Editora Nova Fronteira, que tambm estava esgotado. Mal me anunciou a notcia enveredei por um monlogo interior feito de moralismos encadeados: que j ningum se importa com a origem das palavras, que tanta coisa com a lngua portuguesa ser falada por mais de 250 milhes de pessoas em todo o mundo e a lusofonia e etc., at que fui interrompida na minha maledicncia mental pelo funcionrio que me apresentava uma possvel sada podia ser que encontrasse o dicionrio brasileiro de que me tinha falado, s que agora a editora tinha mudado e era a Lexikon, e at era edio revista e actualizada de acordo com a nova ortograa. L o comprei, no pavilho da Dinalivro, onde me custou 54,27 euros, face aos cerca de 67 euros que custaria numa livraria. Manuseei com prazer o meu recm-adquirido volume. Sugestionada pelo stio onde estava, encaminhei-me primeiro para a palavra livro, que vem do latim liber, que signica poro de cadernos manuscritos ou impressos e cosido ordenadamente, e depois para feira, que deriva do latim feria que queria dizer dia de festa e mais se explica que na Alta Idade Mdia, por inuncia da Igreja, os nomes dos dias da semana, com excepo de sbado e domingo, eram designados em latim por secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria e sexta feria e que nas lnguas romnicas a nica que adoptou estas designaes foi o portugus, onde se documentam desde a origem do idioma. Depois de tanta tinta gasta em defesa e oposio ao acordo ortogrco, senti que o dicionrio etimolgico podia ser a nossa plataforma comum de entendimento estaramos, anal, de acordo em relao origem das palavras. Enquanto assim pensava, recuei em direco ao vocbulo aco e mesmo sabendo que aquela era a verso atualizada senti pena de no o encontrar entre acaz e cea encontrei ao mais atrs, entre acanto e acapelado, ambas derivam do latim actio e querem as duas dizer atuao, ato, feito, obra. Mas, confesso, custou-me, fez-me falta a aco.Pea do colectivo SophieMariea Desde a teoria do Big Bang, o incio dos incios, at simples descrio de ns prprios h constantes interrogaes que nos invadem e se vo transformando no nosso elefante privado, questes que compem e adocicam o texto desta pea, em cena at amanh.Theres an elephant in the room (H um elefante na sala), co-produo do colectivo SophieMarie/Teatro Turim e encenao e interpretao de Filipa Leo, Sophie Pinto e Vanda Cerejo, mostra que estamos impossibilitados de falar das coisas grandes da vida, porque o elefante que est na sala nos impede de o fazer, signicado inerente expresso idiomtica inglesa que d ttulo pea.Hoje, como todas as manhs, acordei e fui ver o meu mail, Hoje li uma notcia no jornal sobre uma senhora que foi encontrada morta em sua casa, Hoje no tenho nada de interessante para dizer... Acho que deve ser a sndrome pr-menstrual, assim entram em cena as trs personagens.A rotina diria o mote para este espectculo onde os temas da actualidade e as dvidas existenciais so uma constante. Banalidades dirias, hbitos mecnicos aos quais nos cingimos, sem nenhuma explicao para os mesmos, o conformismo que invade o ser humano e que o impossibilita de tentar reectir em possveis respostas que permitam a libertao do nosso elefante privado.H coisas que temos que tentar muitas vezes para conseguir, diz uma das personagens, mas a inrcia da sociedade nem sempre permite que no nos deixemos asxiar pelo elefante que habita em cada um de ns, explicaram as actrizes.Estilhaos espalhados pelo cho, o preto e o branco, um vdeo como pano de fundo onde as intrpretes pretendem organizar metodicamente cacos de um prato, mas que na realidade no tem nenhuma nalidade , o silncio, olhares, o som de objectos a partirem-se so parte integrante do cenrio onde as trs actrizes contracenam.Falar da actualidade motivou a construo deste espectculo, desvendaram as actrizes, sobretudo pela passividade quase forada em que as pessoas vivem hoje em dia.Theres an elephant in the room uma pea que no pretende dar respostas, mas que se prende com a autoconsciencializao, sobretudo pela existncia de uma nova cidadania [atravs das redes sociais], embora ainda no se saiba como trabalhar com ela, refere Filipa. Qual o nosso contributo? Qual o nosso papel na sociedade?, questiona Vanda Cerejo. A ideia deixar perguntas em aberto, completa Sophie Pinto.Na realidade, todo o homem uma ilha, escreveu Jos Saramago e nesta pea o individualismo, em que cada um de ns se protege, mostra a sua fora. As questes vo surgindo ao longo de toda a pea, questes que vo revelando os elefantes privados que existem em cada ser humano: O que que digo? Quem que me ouve? Para quem que me queixo? Para quem que eu tenho uma voz?Quem ser o elefante? Na verdade, a grande questo esconde-se numa personagem ingnua, que se identica com todos ns. A sua identidade secreta e ser desvendada no m.O colectivo SophieMarie composto pelas trs actrizes, intrpretes desta pea, licenciadas em 2007 pela Escola Superior de Teatro e Cinema. O trio tem na sua base a convico de que se poder prescindir de uma direco artstica hierarquizada, trabalhando assim autonomamente. O colectivo SophieMarie funciona sem subsdios, h dois anos, desde a sua fundao.Theres an elephant in the room acaba amanh DRE o seu elefante, sabe qual ?Andrea MontezP2 Sbado 7 Maio 2011 17PessoasCartas Piaf amava o ciclista Louis GrardinExcessiva, como sempre, Edith Piaf declarou o seu amor ao campeo de ciclismo Louis Grardin em 54 cartas, escritas entre Novembro de 1951 e Setembro de 1952, e que foram agora publicadas no livro Mon Amour Bleu. Je taimmmmmmmmmmmmmme, escreve a cantora numa das cartas, enquanto noutras declara que, por amor a Grardin, quer mudar de vida e que, se os dois se casarem, ela nunca mais tocar numa gota de lcool, que na altura consumia em quantidades exageradas. Quero tornar-me melhor, quero ser digna de ti, tens de me ajudar a transformar-me, sers o meu pequeno professor, querido, e eu escutar-te-ei cegamente como um mestre adorado. Alis, confessa ainda Piaf, o seu sonho nessa altura (tinha 36 anos, e ele 39) era casar-se, ter lhos e uma casa com cortinas bonitas e um lindo servio de mesa. No foi assim. Havia, conta o Independent, dois problemas que impediam este quadro de felicidade domstica: Grardin j era casado e sentia-se exausto com o aair com Piaf. Consta que ter mesmo dito, num desabafo, que 48 horas com ela eram mais cansativas do que a Volta Frana. A relao resistiu mais do que 48 horas, mas no chegou a durar um ano. Em Setembro de 52, Piaf escreve uma ltima carta, de Nova Iorque, e anuncia: Quando receberes esta carta, j estarei casada [com o cantor Jacques Pills].O estilo discreto da herdeira da ZaraDiscretssima este o estilo de Marta Ortega, lha de Amancio Ortega, o dono do imprio Zara. Mas, mesmo que tente reduzir as aparies pblicas ao mnimo (aparece sobretudo em concursos hpicos, alguns nanciados pelo pai), s vezes os fotgrafos esto l, e Marta acaba por aparecer nas pginas das revistas. E o que tm a dizer sobre ela? Bem, o ABC garante que Marta Ortega tem uma preferncia por culos escuros Ray-Ban e que veste tambm Chanel e Yves Saint Laurent. Penlope Cruz fala (pouco) do filho LeoPenlope Cruz e Javier Bardem no gostam j se sabe de mostrar o seu lho Leo. Alis, apesar dos esforos dos fotgrafos, at agora apenas a revista Diez Minutos mostrava o casal com o beb, devidamente recolhido e com a cabea coberta, ao colo da me. Agora, numa entrevista revista britnica GQ, Penlope fala (muito pouco, verdade) de Leo. A actriz espanhola, que capa da revista numa pose de diva do cinema italiano dos anos 50, diz mais ou menos aquilo que todas as mes costumam dizer. Mas aqui vai o que diz Penlope: Toda a gente te diz que as coisas mudam. Todos esses clichs sobre ter um beb e a maternidade... so todos verdade. Desde o segundo em que vs aquela carinha, a tua vida muda para sempre. Carlos Pimenta, antigo secretrio de Estado do Ambiente, 56; Nomia Costa, actriz, 47; Fernando Jdice, msico, 57; Tony Leblanc, actor, 89; John Irvin, realizador de cinema, 71; Tracy Lords, actriz, 43; Eagle Eye Cherry, msico, 43Hoje fazem anos DRPippa Middleton em roupa interiorSer o centro das atenes num casamento real, quando no se a noiva, pode ser um problema, como est a descobrir Pippa Middleton. A irm de Kate despertou tanta curiosidade pela elegncia com que se apresentou que as revistas se precipitaram em busca de tudo o que tivesse a ver com ela. A mais recente revelao uma foto em que aparece de soutien a danar com um rapaz de boxers pose menos elegante, certo, do que as do casamento. Canalis despe-se por uma boa causaA namorada de George Clooney defensora convicta dos direitos dos animais e considera a causa sucientemente importante para ter aceite participar na campanha da organizao Peta contra o uso de peles. [Este ] um bom motivo para nos despirmos, disse Elisabetta Canalis. A modelo italiana, que pousou sem roupas para a campanha, conta que odeia as torturas inigidas aos animais desde que, quando era pequena, viu um documentrio sobre o tema.PPPPP18 P2 Sbado 7 Maio 2011FicarRetiramos do site www.receitasemenus.net a sugesto gastronmica da semana. Para esta receita moambicana de Caril de camaro em anans so precisas 750 g de camaro fresco cozido, sumo de um limo, 2 colheres de sopa de leo, 1 cebola cortada, l colher de sopa de coentros cortados, 2 tomates cortados, 2 colheres de ch de p de caril, 1 chvena de caldo de peixe, 2 colheres de sopa de manteiga, 2 colheres de sopa de farinha de trigo e 2 ananases pequenos. Preparao: numa panela refoga-se a cebola em leo e adiciona-se o tomate, os coentros e o p de caril. Cozinha-se durante cinco minutos. Adiciona-se o caldo e os camares salpicados com sumo de limo e deixa-se ferver em lume brando durante 15 minutos. Mistura-se a manteiga e a farinha de trigo e adiciona-se esta mistura ao camaro aos poucos para engrossar o molho at se tornar macio. Deixa-se cozer por mais alguns minutos e retira-se do lume. Corta-se o anans ao meio ao comprido e tiram-se algumas partes da polpa. Recheiam-se os espaos ocos com a mistura de camaro e decora-se com os coentros e a casca de um limo torcida.Caril de camaro em [email protected] minha TVA explicao do mau feitioa A verdade que, pelos vistos, ser poltico hoje em dia em Portugal implica estar disponvel 24 horas por dia para aparecer na televiso e o papel da informao televisiva, tenho eu para mim, no andar atrs de todos os directos em que os lderes partidrios expressam as suas posies falsamente irredutveis, como se a poltica no fosse a arte do compromisso. Infelizmente, isso em que muita da nossa informao televisiva se tornou: mera correia de transmisso de declaraes ou discursos ou tomadas de posio, em nome de uma suposta imparcialidade jornalstica que atinge as raias do absurdo com a introduo dos partidos sem representao parlamentar nos debates das legislativas. No porque eles no tenham direito a serem cobertos pelas televises (evidentemente que tm), mas porque o princpio da informao televisiva (ou deveria ser) a sntese, a descodificao, a contextualizao impossveis de fazer quando se passa o tempo a saltar de um directo para outro, de uma interveno para outra em nome de uma representatividade democrtica que rapidamente perde todo o sentido.http//blogs.publico.pt/[email protected] MourinhaPecados IntimosSriesMiami MedicalFOX, 22h00Compacto com os trs primeiros episdios da primeira temporada da srie. No primeiro, a Alpha Team ajudada por um novo cirurgio, o Dr. Matthew Proctor, depois de o lder desta unidade tirar uma licena. No segundo, um dos membros da equipa descobre um segredo sobre o passado de Dr. Proctor enquanto tentam salvar as vtimas de um tiroteio num hotel. No terceiro, quando os convidados de um casamento so enviados de urgncia para o hospital, a Alpha Team descobre surpreendentes conexes entre eles e os seus pacientes.Especial Raising HopeFOX Life, 21h25Especial com os quatro primeiros episdios de Raising Hope. No episdio piloto, quando Jimmy Chance (Lucas Neff ), de 23 anos, tem um caso de uma noite com uma assassina procurada, acaba por ser pai de uma pequena e endiabrada beb. Motivado para fazer o mais correcto para a sua filha, Jimmy tem de convencer os seus nada entusiasmados pais e a sua av a ajudarem-no a educar a criana assim comea a srie.Os mais vistos da TVCabo/VideoFONTE: MARKTEST2: SIC TVIProgramaShare dirio por canaisRTP1Aud. Canal SharePercentagemQuinta-feira, 0522,914,714,714,612,78,68,27,97,17,0SICTVISICSICTVITVISICRTP1TVITVI55,441,134,835,030,731,222,320,330,617,422,7 4,2 29,6 23,9 19,6Futebol - liga europaEsprito indomvelLiga Europa...Liga Europa...Anjo meuMorangos com acar...Laos de sangueTelejornalSeduoJornal nacionalDiary of FacebookMTV, 22h50O que preciso para manter uma rede social na qual mais de 500 milhes de utilizadores confiam? Quem so as pessoas que trabalham para que cada pgina do Facebook no s funcione e se mantenha actual, mas que tambm se inove e transforme constantemente? Este documentrio visita a sede do Facebook em Palo Alto, na Califrnia (EUA), e d a conhecer a cultura da empresa e a sua evoluo.Experincia TribalOdisseia, 18h00Bruce Parry acredita que o nico modo que existe para entender uma cultura diferente infiltrar-se nessa cultura. Em sries anteriores, Bruce conviveu com canibais na Nova Guin ou tomou perigosas poes nas selvas africanas. Agora, dar outra volta aos limites da antropologia de imerso com seis longas expedies aos confins da Terra. Neste episdio, no Buto, Bruce conviver com os Layap, uma comunidade budista e pastores de yaks que vivem isolados do mundo durante meio ano devido aos fortes neves.cones Hillary Rodham ClintonBiography, 22h30A maioria das primeiras-damas dos Estados Unidos gosta ou gostou de ficar na sombra dos maridos, os presidentes. Mas Hillary Clinton no encaixa neste perfil. A antiga primeira-dama ficou conhecida pelo seu compromisso com os temas sociais e a sua capacidade de lutar pelos seus ideais. Esta postura permitiu-lhe uma eleio como senadora por Nova Iorque, em 2001. Actualmente, a secretria de Estado da nao mais poderosa do mundo.ActualidadeA Torto e a DireitoTVI24, 23h00Constana Cunha e S recebe Eduardo Ferro Rodrigues, ex-secretrio-geral do PS e actual cabea de lista do partido por Lisboa. Juntamente com os habituais comentadores Francisco Jos Viegas, Joo Pereira Coutinho e Francisco Teixeira da Mota, Eduardo Ferro Rodrigues analisa o acordo negociado entre o Governo e a troika.Futebol: Liga EspanholaSportTV1, 19h0021h00SportTV2, 17h00Transmisso, em directo, do Atltico de Madrid Mlaga, s 19h00, e Sevilha Real Madrid, s 21h00, na SportTV1; Valncia Real Sociedad, s 17h00, na SportTV2. Todos em directo.Futebol: Premier LeagueSportTV1, 14h10 - 15h00Magazine e anteviso da jornada, seguidos da transmisso, em directo, do Everton Manchester City, s 15h00.Futebol: Varzim Gil VicenteSportTV1, 17h00Jogo da 27. jornada da Liga Orangina, em directo.Futebol: Roma AC MilanSportTV2, 19h35Jogo da Srie A italiana, em directo.Tnis: Torneio de MadridSportTV3, 15h00 - 18h00Transmisso, em directo, das duas meias-nais.RdiosEncontros Com o PatrimnioTSF, 12h00A histria da relao entre a sociedade e a sade, numa visita ao patrimnio farmacutico, com uma conversa entre o jornalista Manuel Vilas-Boas e Joo Neto, Isabel Yglsias, Jos Medeiros e Madalena Esperana Pina.Raising HopeDocumentriosDesportoP2 Sbado 7 Maio 2011 19RTP1 RTP2 SIC TVIDisney TV Cine 1 Histria Odisseia15.25 Carros Toon: Os Contos de Mate 15.30 O Segredo de Uma Estrela 16.55 Phineas e Ferb 17.10 Phineas e Ferb 17.23 Phineas e Ferb 17.34 Phineas e Ferb 17.46 Phineas e Ferb 18.00 Kid Vs Kat 18.12 Kid Vs Kat 18.25 Os Feiticeiros de Waverly Place 18.50 Boa Sorte, Charlie! 19.15 Zack e Cody: Todos A Bordo 19.40 Zeke e Luther 20.05 Sunny Entre Estrelas 20.30 Hannah MontanaAXN Hollywood FOX Life FOX7.15 Kill Bill - A Vingana Vol 2 9.35 A Inveno Da Mentira 11.15 O Hspede Suspeito 12.55 Mortal Kombat 2 - Combate Mortal 2 14.30 1408 16.20 Kill Bill - A Vingana Vol 2 18.40 Robin Hood 21.00 Repo Men: Os Cobradores 22.55 O Hspede Suspeito 0.35 Mortal Kombat 2 - Combate Mortal 2 2.10 140817.00 A Tecnologia da Comida: Cozinha Chinesa 18.00 Alto Karabaj: na Guerra e na Paz 19.30 A Semente de um Consenso 20.00 Arranha-cus: World Financial Center, Xangai 20.30 Arranha-cus: 375 Park Avenue, Nova Iorque 21.00 102 Minutos que Mudaram os EUA: Ep. 1 22.00 102 Minutos que Mudaram os EUA: Ep. 2 23.00 Objectos Perdidos: Lembranas da Guerra de Secesso 23.30 Objectos Perdidos: Smbolos da Histria Americana16.00 Expedio Oceanos: O Mar de Corts 17.00 Ecodestinos: Buenos Aires 17.30 Loucos pelo Orgnico: Moda 18.00 Experincia Tribal III: Layap 19.00 Podemos Prever os Terramotos? 20.00 Medo dos Tubares: Ep. 1 21.00 Bando de Mangustos: Ep. 5 21.30 Pegadas Transumantes: A Vereda das Reses Bravas 22.00 Caadores de Vrus 23.00 Hollywood no Tapete Verde 00.00 Louis Theroux nas Ruas de Filadla10.13 Os Pilares da Terra 11.17 C.S.I. 12.06 E.R. Servio de Urgncia 12.54 Castle 13.43 Mentes Criminosas: Conduta Suspeita 14.33 Juiz sem Causa15.22 Insert Coin 15.52 Hospital Central 17.16 C.S.I. Nova Iorque 18.04 C.S.I. Nova Iorque 18.54 C.S.I. Nova Iorque 19.44 C.S.I. Nova Iorque 20.33 Mentes Criminosas 21.30 C.S.I. Nova Iorque 22.30 O Comboio das 3 e 10 00.44 O Pacicador 2.55 Insert Coin8.50 A Cor do Dinheiro 10.45 Um Porquinho Chamado Babe 12.20 Stars 01: Rosario Dawson 12.25 Limite Vertical 14.30 O Guru do Sexo 16.05 Jnior 17.55 Stars 01: Ron Howard 18.00 A Mexicana 20.00 Bean 21.30 Como Ces E Gatos 23.00 Jovem Procura Companheira 0.45 Prossional, A 2.45 Onde Est a Verdade?15.25 Rita Rocks 15.46 Rita Rocks 16.10 Vida Inesperada 16.55 Eli Stone 17.40 Tudo Por Um Sonho 19.30 Chicago 21.25 Raising Hope 23.00 So You Think You Can Dance 1.30 American Idol 2.13 American Idol12.39 Cleveland 13.00 Cleveland 13.22 Cleveland 13.44 Cleveland 14.08 Family Guy 14.32 Family Guy 14.56 Os Simpson 15.21 Os Simpson 1