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  • 8/9/2019 cafezal

    1/36INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TCNICO 1

    Op-de-caf capaz de "falar", contando o que tem:se est com fome ou bem alimentado; se comeudemais ou ingeriu alguma coisa que no deveria tercomido; se est doente.

    Entretanto, para entender o que diz o p-de-caf necess-rio conhecer os sintomas de fome ou de excesso e tambm os sinaisprovocados por pragas e enfermidades. Feito o diagnstico do queest acontecendo possvel tomar as medidas indicadas, ou seja,

    dar o remdio necessrio ao "paciente".Mas, como se sabe que o cafeeiro normal ou est sadio? Ele

    deve:

    ter folhas grandes, verdes e brilhantes durante todo o ano,mesmo na poca do enchimento das cerejas;

    mostrar galhos com interndios longos e com as pontasvivas;

    no murchar demasiadamente na estao seca ou duranteo veranico, sinal de que tem razes ativas e profundas;

    florescer abundantemente e segurar a florada (Foto 1);

    dar altas produes como mdia de quatro anos; produzir caf de boa qualidade favas de peneira alta que,

    processadas, modas e torradas, bebem bem;

    dar lucro a quem dele cuida.O doutor do cafezal deve empregar todas as ferramentas

    disponveis para diagnosticar a situao e indicar o remdio ade-quado. As publicaes com fotos coloridas, a anlise do solo, aanlise de folha, o histrico da gleba devem ser usados, alm dosdados meteorolgicos.

    No se deve esquecer que o processo de produo resulta daao e da interao de muitos fatores: nutrio, pragas e molstias

    so apenas trs deles (Tabela 1), quando se busca colheitas eco-nmicas mximas (CEM).

    SINTOMAS DE DEFICINCIA OU FOME

    Para viver, produzir e, at certo ponto, agentar condiesadversas de clima ou incidncia de pragas e doenas, o cafeeironecessita de uma lista de elementos:

    macronutrientes: nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K),clcio (Ca), magnsio (Mg) e enxofre (S);

    Hlio Casale3

    Jos Peres Romero4

    Tabela 1. Principais fatores que atuam na obteno de CEM no cafeeiro.

    Fator Desdobramento

    Planta Variedade, linhagem, enxertia

    Clima Quantidade e distribuio das chuvasTemperatura (mxima, mnima, mdia)Luz (intensidade, durao, exposio)Vento

    Solo Propriedades fsicas (textura, estrutura,profundidade, densidade)

    FertilidadeCalagem Acidez (superfcie e subsuperfcie)

    Gessagem Correo da acidez de subsuperfcie

    Adubao Doses, equilbrio, interaopoca, localizao

    Plantio Espaamento, densidadeExposioCovas, sulcos

    Prticas culturais Manejo do matoTratamento fitossanitrio integradoArruao, esparramao do cisco

    Poda e conduo Tipos, poca

    Colheita e beneficiamento poca, tipos, despolpamento,

    descascamento de cerejasArmazenamento Arejamento, umidade, pragas

    Homem Conduo das operaesContabilidade de custos e rendaConhecimento de mercado de caf,insumos e mo-de-obraComercializaoPlanejamento e tomada de decises

    1 Professor, CENA/USP, Piracicaba-SP. Fone: (19) 429-4695. Fax: (19) 429-4610. E-mail: [email protected]

    2 Eng Agr, MAARA-PROCAF, Campinas-SP. Fone: (19) 3256-0200.3 Eng Agr, Consultor. Fone: (11) 3871-0380. E-mail: [email protected] Eng Agr, Cafeicultor, So Paulo-SP. Fone: (11) 3865-4622.

    micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre(Cu), ferro (Fe), mangans (Mn), molibdnio (Mo), nquel

    (Ni), selnio (Se), silcio (Si) e zinco (Zn).

    A falta de qualquer um desses elementos no solo e no adu-bo faz com que a produo seja limitada. E se houver muita "fome"o p-de-caf mostrar sintomas caractersticos para cada elemento.Os mais comuns desses sintomas so discutidos a seguir.

    Nitrognio (Fotos 3 a 5): as folhas mais velhas so asprimeiras a amarelecer, particularmente durante o crescimento dosfrutos. A vegetao rala. Os galhos podem secar da ponta para abase se a colheita tiver sido grande. Diminui a florao. Causas: faltado elemento no solo ou na adubao, solos pobres em matriaorgnica e cidos.

    Fsforo (Fotos 6 e 7): as folhas mais velhas mostram-severdes e sem brilho. Podem amarelecer e apresentar grandes manchaspardas ou violceas na ponta e no meio. Caem prematuramente. Hdimi-nuio na florao e no pegamento. Queda de folhas. Maturaoantecipada. Razes mal desenvolvidas. Causas: falta do elemento nosolo ou na adubao, solos cidos.

    SEJA O DOUTOR DO SEU CAFEZAL

    ARQUIVO DO AGRNOMO - N 32a edio - revisada e ampliada

    Eurpedes Malavolta1

    Durval Rocha Fernandes2

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    2/36 ENCARTE TCNICO INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 2

    Tabela 2. Interpretao dos teores foliares1.

    Elemento Deficiente Adequado Excessivo

    - - - - - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - -

    Nitrognio (N) < 2,2 2,7-3,2 > 3,5Fsforo (P) < 0,10 0,15-0,20 > 0,23

    Potssio (K) < 1,4 1,9-2,4 > 2,7

    Clcio (Ca) < 0,5 1,0-1,4 > 1,7

    Magnsio (Mg) < 0,26 0,31-0,36 > 0,39

    Enxofre (S) < 0,10 0,15-0,20 > 0,25

    - - - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - - -

    Boro (B) < 20 59-80 > 90

    Cobre (Cu) < 5 8-16 > 25

    Ferro (Fe) < 50 150-300 > 400

    Mangans (Mn) < 40 120-210 > 300Molibdnio (Mo) < 0,10 0,15-0,20 > 0,30

    Zinco (Zn) < 4 8-16 > 30

    1 3 e 4 pares de folhas de ramos produtivos amostrados no vero (fevereiro/maro).

    Potssio (Foto 8): como nos dois casos anteriores, as folhasmais velhas so as primeiras a ser afetadas. Mostram umamarelecimento das pontas e margens, que depois secam e ficam comcor marrom ou preta. Os ramos com frutos podem morrer da pontapara a base. Aumenta a porcentagem de frutos chochos e diminui otamanho dos gros. A planta agenta mal a seca e o frio. Causas: faltado elemento no solo ou na adubao, acidez e calagem excessiva.

    Clcio (Foto 9): neste caso, as folhas mais novas so as pri-meiras a mostrar os sintomas que quase sempre se limitam a elas: apare-ce uma colorao amarelada ao longo dos bordos a qual pode avanarentre as nervuras na direo do centro. Diminui o pegamento da florada.As razes so mal desenvolvidas. Causas: acidez, excesso de potssio.

    Magnsio (Fotos 10 e 11):as folhas mais velhas mostram coramarela e depois pardacenta entre as nervuras e caemprematuramente. Causas: acidez, excesso de potssio.

    Enxofre ( Fotos 12 e 13): os sintomas foliares so parecidoscom os provocados pela falta de nitrognio mas aparecem nas folhasmais novas. Os interndios encurtam. Causas: falta do elemento nosolo ou na adubao, solos pobres em matria orgnica e cidos.

    Boro (Foto 14): clcio e boro costumam andar juntos nospapis que desempenham na vida da planta. Quando h deficincia,as folhas so pequenas, tem formas bizarras. Em casos severos asgemas terminais podem secar ou morrer e a ponta do galho tambmo faz: estes sintomas so parecidos com os causados pelo fungoPhoma. H superbrotamento. Os interndios encurtam. O pegamentoda florada menor. As razes se desenvolvem menos. Causas: faltado elemento no solo ou na adubao, solos pobres em matria org-nica, acidez ou calagem em excesso, muitas chuvas ou muita seca emuito N na adubao.

    Cobre (Fotos 15 e 16): nas folhas mais novas as nervurassecundrias ficam salientes "costelas". Pode haver deformao dolimbo. Em plantas novas as folhas podem se encurvar para baixo apartir da base. Causas: falta do elemento no solo ou na adubao,muita matria orgnica e muita chuva, calagem excessiva.

    Ferro (Foto 17): as folhas mais novas ficam amarelas, asnervuras permanecendo verdes, depois amarelecendo. Causas: muitamatria orgnica e muita chuva, calagem excessiva.

    Mangans (Fotos 18 e 19): Aparecem no incio muitospontinhos esbran-quiados nas folhas mais novas os quais depoisse juntam tomando uma cor amarelada quase gema de ovo. Causas:muita matria orgnica, solos muito arejados, calagem excessiva.

    Molibdnio (Foto 20): nas folhas mais velhas aparecem

    manchas amareladas e depois pardas entre as nervuras. Com otempo, essas folhas se enrolam para baixo ao longo da nervuraprincipal e os bordos opostos chegam a se tocar. A principal causade deficincia a acidez do solo.

    Zinco (Fotos 21 e 22 ): os interndios vo encurtando da ba-se do ramo para a ponta e as folhinhas estreitas e amareladas ficamcada vez mais perto umas das outras. Podem haver morte dosponteiros e superbrotamento. Menor pegamento da florada. Frutosmenores. Causas: falta do elemento no solo ou na adubao, cala-gem excessiva, muito fsforo, muita luz.

    SINTOMAS DE EXCESSO OU TOXIDEZ

    Nitrognio: h muita vegetao e pouca frutificao. Amaturao atrasada. Piora a qualidade da bebida. Causas: excessodo elemento no solo ou na adubao, solos ricos em matriaorgnica.

    Fsforo: as plantas podem mostrar sintomas de falta de Cu,Fe, Mn e Zn pois o excesso de fsforo diminui a absoro ou otransporte para a parte area.

    Potssio: falta de clcio ou magnsio induzida. Piora aqualidade da bebida.

    Boro (Fotos 23 e 24): amarelecimento malhado nas folhasmais velhas e manchas secas nas bordas e na ponta. Ocorre

    principalmente aps poda drstica da planta.

    Cobre: folhas amareladas ao longo da nervura principal.Morte das razes. Desfolhamento.

    Mangans: interndios curtos, folhas pequenas e ama-reladas. Ocorre em solos cidos ou compactados.

    Alumnio:razes curtas e grossas. Sintomas de deficincia defsforo e potssio nas folhas.

    Zinco: as folhas mais velhas ficam amareladas quase da corda gema de ovo.

    PREVENO E CORREO DAS DEFICINCIASE EXCESSOS

    Freqentemente o doutor do cafezal deve retirar amostrasde folhas e, com os dados da anlise em mos, fazer a confirmaodo diagnstico visual para indicar as medidas a tomar com maiorsegurana. Por outro lado, quando o sintoma visual aparece, aproduo j pode estar prejudicada e as medidas tero que esperaro outro ano agrcola. A anlise das folhas poder fornecer um"diagnstico precoce": que a composio das mesmas modifi-cada pela deficincia ou pela toxidez antes que o sintoma aparea. Aanlise do solo, feita todos os anos, dar uma indicao mais cedo

    ainda das deficincias ou excessos que podero ocorrer, permitindoque se faa o tratamento "preventivo" em lugar do curativo. Alm daanlise do solo, o doutor pode analisar folhas de plantas normais eanormais e confrontar os nmeros, com a Tabela 2, que d ainterpretao dos teores foliares, assim como com a Tabela 3, que dum exemplo de relaes entre nutrientes foliares consideradosadequados.

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    Tabela 3. Relaes entre nutrientes foliares consideradas adequadas1.

    Relao Faixa Relao Faixa

    N/P 16-18 P/Cu 125-187

    N/K 1,3-1,4 P/Zn 125-187

    N/S 16-18 Ca/Mn 66-75

    K/Ca 1,7-2,1 B/Zn 5,0-7,3

    K/Mg 6,1-6,6 Cu/Zn 1N/B 400-457 Mn/Fe 0,73-0,85

    N/Cu 2.000-3.375

    1 3 e 4 pares de folhas de ramos produtivos, amostrados no vero (fevereiro/maro).Valores calculados.

    A Tabela 4, por sua vez, mostra como variam durante o anoos teores foliares de macro e micronutrientes.

    As informaes contida nas Tabelas 2, 3 e 4 referem-se aCoffea arabica, geralmente variedades Catua e Mundo Novo. No

    Esprito Santo, onde se cultiva muito Conilon, Coffea canephora,de acordo com EMCAPA, so considerados adequados osseguintes nveis nas folhas:

    Tabela 4. Faixas de variao nos teores foliares em cafezais produzindo 30-40 sacos/hectare, mdia de quatro colheitas.

    Ms

    Janeiro Maro Maio Julho Setembro Novembro

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    N 2,8-3,1 2,6-3,1 2,8-3,1 2,6-2,9 2,8-3,2 2,8-3,2

    P 0,17-0,19 0,15-0,19 0,14-0,19 0,12-0,16 0,14-0,16 0,16-0,19

    K 2,2-2,5 1,9-2,4 2,0-2,4 1,5-1,9 2,2-2,5 2,4-3,1Ca 1,0-1,3 1,5-1,8 1,2-1,8 1,1-1,6 1,3-1,9 1,2-1,5

    Mg 0,27-0,35 0,36-0,40 0,34-0,40 0,28-0,33 0,32-0,41 0,31-0,38

    S 0,18-0,23 0,21-0,24 0,18-0,21 0,15-0,18 0,19-0,24 0,16-0,23

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (ppm) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

    B 50-90 60-80 50-70 40-70 50-60 50-80Cu 10-15

    Fe 120-200 110-330 200-400 250-300 250-350 120-250

    Mn 100-150 120-200 110-180 110-250 170-240 90-200Mo 0,10-0,15

    Zn 10-20 12-20 10-20 8-12 10-18 10-15

    Relaes fisiolgicas

    N/P 15-18 14-21 15-22 16-24 17-23 15-20

    N/K 1,1-1,4 1,1-1,6 1,2-1,5 1,4-1,8 1,1-1,4 0,9-1,0

    N/S 12-17 11-15 13-17 14-19 12-17 12-14

    N/B 467-620 325-517 400-620 371-725 467-640 350-640

    N/Cu 1.867-3.100 1.733-3.100 1.867-3.100 1.733-2.900 1.867-3.200 1.867-3.200

    P/Mg 0,5-0,7 0,4-0,5 0,4-0,5 0,4-0,6 0,3-0,5 0,4-0,6P/Zn 85-190 75-158 70-190 100-200 78-160 107-190

    K/Ca 1,7-2,5 1,0-1,7 1,4-2,0 1,0-1,7 1,1-1,9 1,6-2,6

    K/Mg 6-9 5-7 5-7 5-7 5-8 6-10

    K/Mn 146-250 95-240 111-218 64-172 92-142 120-440

    Ca/Mg 2,8-4,8 3,7-5,0 3-4 3,3-5,7 3,2-5,9 3,1-4,8

    Ca/Mn 67-130 75-180 67-127 44-145 54-112 60-214

    Fe/Mn 0,8-2,0 0,5-0,5 1,1-3,6 1,0-2,7 1-2 0,6-3,6

    Elemento

    N 2,72% B 48 mg/kgP 0,11% Cu 11 mg/kgK 2,06% Fe 131 mg/kgCa 1,44% Mn 69 mg/kgMg 0,32% Zn 11 mg/kgS 0,24%

    CALAGEM

    A calagem neutraliza os excessos de alumnio e de man-gans e fornece clcio e magnsio. Alm disso, aumenta a dis-ponibilidade de nitrognio, enxofre e boro que resultam da mine-ralizao da matria orgnica. O excesso de cobre tambm con-trolado. A anlise de solo diz qual a dose que deve ser aplicada. Ocalcrio aplicado a lano, em rea total, e incorporado a 20-30 cmde profundidade antes do plantio. Nos cafezais formados, o corre-tivo distribudo tambm a lano depois da colheita, antes de secomear o programa de adubao ou entre um parcelamento e outro.

    Em terrenos onde no for possvel aplicar o calcrio em rea

    total e incorpor-lo mecanicamente, o remdio colocar na cova ouno sulco doses que no devem passar de 1-1,5 toneladas por hectare,misturando muito bem com a terra.

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    A dose de calcrio a aplicar pode ser calculada pela frmula:

    T (V2

    - V1)

    PRNT

    onde:N.C. = necessidade de calcrio em t/haT = (H + Al + K + Ca + Mg) em meq/100 cm3 de soloV

    2

    = saturao em bases desejada = 70%V

    1= saturao em bases encontrada no solo = S/T x 10 ou

    (K + Ca + Mg) meq/100 cm3

    T meq/100 cm3

    p = fator de profundidade de incorporao do calcriop = 0,5 para 0-10 cm;p = 1,5 para 0-20 cm;p = 1,5 para 0-30 cm;p = 2,0 para 0-40 cm.

    PRNT = Poder Relativo de Neutralizao do Calcrio.

    Em cafezais de alta produtividade recomenda-se manter oteor de magnsio no solo ao redor de 1,0 meq Mg/100 cm3 ou, ainda,Mg/CTC (%) ao redor de 12.

    GESSAGEM

    A calagem em geral no corrige a acidez em profundidade nocaso de cafezais j formados, onde invivel a incorporao docorretivo, a menos quando se procede subsolagem ou se usedoses relativamente pesadas em solos leves, empregando-se calcriode boa qualidade e se espera alguns anos. Isto se deve ao fato de

    que o nion acompanhante do clcio, CO32-, se dissipa na atmosferada superfcie do solo e acima dela. Em conseqncia, o cafeeiro (ououtra cultura qualquer) tem o seu sistema radicular concentrado nasuperfcie e, por isso, aproveita menos os nutrientes que percolam,absorve menos gua e sente mais o efeito da estiagem.

    O gesso, gesso agrcola ou fosfogesso, o CaSO4.2H

    2O

    (sulfato de clcio), subproduto da indstria do cido fosfrico. Onion acompanhante do Ca2+ o SO

    42- que, ao contrrio do

    CO32-, no se perde por volatilizao: capaz de descer no perfil,

    processo em que acompanhado pelo clcio. Disso resulta que emprofundidade aumenta a saturao em clcio do complexo de trocae o Al txico "neutralizado". A gessagem usualmente no mo-difica o pH e no substituta da calagem. Ambas se complemen-tam.

    A pesquisa agrcola ainda no publicou uma frmula paracalcular a dose de gesso a usar em funo dos dados de anlise dosolo que tenha tido comprovao prtica. Enquanto isso, pode-se,provisoriamente, usar a seguinte:

    N.G. = (0,6 CTCe - meq Ca/100 cm3) x 2,5 ou

    N.G. = (meq Al/100 cm3 - 0,2 CTCe) x 2,5

    onde:

    N.G. = necessidade de gesso

    = toneladas de gesso/haCTCe = capacidade de troca catinica efetiva

    = meq Al + K + Ca + Mg/100 cm3

    Deve-se pensar no uso do gesso quando:

    a) A anlise do solo na profundidade de 21-40 cm (e no acorrespondente a 0-20 cm) revelar uma participao do Ca na CTCemenor que 60%;

    b) A anlise do solo a 21-40 cm (e no a 0-20 cm) mostrar quea saturao em Al maior que 20%.

    Quando o solo, antes do plantio, necessitar de calcrio e degesso, primeiro se faz a calagem na forma recomendada e depois sedistribui o gesso a lano, sendo dispensada a sua incorporao.Pode-se tambm usar produtos comerciais que contm uma misturade calcrio e gesso. Nos cafezais em formao ou produo o gesso aplicado a lano, e nesse caso tambm pode-se us-lo previamentemisturado com o calcrio (se o solo necessitar de calagem) ouseparadamente.

    RECOMENDAES DE ADUBAO

    Na adubao do cafeeiro em produo importante consi-derar vrios fatores, como: elemento(s) deficiente(s), quantidadedo adubo a aplicar, poca de aplicao e localizao do adubo.

    A anlise de solo e a diagnose visual so teis para definiros elementos que esto deficientes no solo e na planta, respec-tivamente. A dose de adubo necessria depende, no caso da plantaem produo (geralmente a partir do 4 ano), do nvel de fertilidadedo solo, da adubao feita na cova (principalmente em se tratandodo fsforo), e da colheita pendente ou desejada.

    A poca de aplicao dos adubos determinada por doisfatores principais:

    Os perodos de maior exigncia do cafeeiro: depois dacolheita e do incio da vegetao; no pegamento da florada e nocrescimento dos frutos. Na prtica, entretanto, para simplificar, adose total geralmente dividida em parcelas iguais.

    O comportamento do adubo no solo: o nitrognio sujeitoa perdas por lixiviao, o fsforo muito fixado no solo e o potssioocupa posio intermediria. Por causa disso, o comum fracionar-se a dose dos trs elementos, o que determinado principalmentepelo comportamento do nitrognio.

    As duas principais "ferramentas" para a recomendao daadubao do cafeeiro so a anlise de solo e a anlise foliar.

    Anlise de solo

    a) Freqncia e profundidade da amostra:

    Anual: 0-20 cm, no meio da faixa adubada Bianual: 0-20 cm e 21-40 cm, no meio da faixa adubada.

    b) poca de amostragem: abril/maio (antes da colheita ou daarruao).

    c) Nmero de amostras: uma (1) amostra composta de, nomnimo, 10 sub-amostras, para qualquer gleba homognea de at50 hectares.

    No esquecer que: "A adubao comea com a anlise dosolo (e da folha), continua com a correo da acidez e termina coma aplicao do adubo".

    Para ajudar a "enxergar" melhor os resultados das anlisesde terra til saber que:

    1 mg/dm3 de P, S-SO4, B, Cu, Fe, Mn, Mo ou Zn equivalem

    a 2 kg/ha na profundidade de 0-20 cm;

    1 milimol(+) de K/dm3 = 39 mg/dm3 = 78 kg/ha;

    V1

    = x 100

    N.C. = x p

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    5/36INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TCNICO 5

    1 meq K/100 cm3 = 780 kg; 1 ppm K = 2 kg/ha;

    1 milimol(+) Ca/dm3 = 40 kg Ca/ha; 1 meq Ca/100 cm3 = 400 kg Ca/ha;

    1 milimol(+) Mg/dm3 = 24 kg/ha; 1 meq Mg/100 cm3 = 240 kg/ha.

    Anlise de folhas

    a) poca:

    Antes da 1 adubao Um ms depois da 1 adubao Um ms depois da 2 adubao.

    Com essas trs amostragens e anlises possvel monitoraro estado nutricional do cafezal de modo mais seguro. Alternativa-mente, pode-se fazer uma amostragem depois do 1o parcelamento, nocaso de se fazerem trs, ou depois do 2o, quando so feitos quatroparcelamentos.

    No caf conilon, multicaule, at a primeira ou segunda colheita,faz-se o mesmo tipo de amostragem do arabica, como foi descrito.Depois da poda do excesso de ortotrpicos (verticais) e plagiotrpicos(laterais), em geral sobram 3-4 ortotrpicos com ramos laterais notopo. No meio destes (3-4 topos) so colhidos os terceiro e quartopares de folhas.

    b) Amostragem: coleta do 3 e do 4 pares de folhas, na alturamdia da planta, num total de 50 pares de folhas/gleba, em 25 plan-tas, colhendo 2 pares, um de cada lado da planta (Figura 1).

    Tabela 5. Adubao corretiva.

    Teor no soloDuplo cido Resina

    - - - - - - - - mg/dm3 - - - - - - - -

    Fsforo 5 10 360

    6-10 11-20 240

    11-14 21-30 180

    15-20 31-40 90

    > 20 > 40 0

    Potssio - - - - - - - % CTC1 - - - - - - - -

    < 2 180

    2-3 120

    3,1-4 90

    4,1-5 60

    > 5 0

    Boro2 Baixo < 0,3 mg/dm3 3

    Mdio 0,3-0,6 2

    Adequado 0,7-1,0 1

    > 1,0 0

    Cobre3 Baixo < 0,5 3

    Mdio 0,5-1,0 2

    > 1,5 0

    Mangans3 Baixo < 5 15

    Mdio 5-10 10

    Adequado 10-15 5

    < 2 6

    Zinco3 Baixo < 2 6

    Mdio 2-4 4

    Adequado 5-6 2

    > 6 01

    Para CTC entre 7 e 10 meq/100 cm3

    .2 Teor em HCl 0,05 N ou Mehlich 1.3 Teor em Mehlich.

    Observao: para converso de B para gua quente e de Cu, Mn e Zn paraDTP dividir por 2.

    ElementoDosekg/ha

    ADUBAO CORRETIVA

    Finalidade: elevar o nvel de fertilidade dos solos muitopobres ou pobres. A prtica exige:

    Preos favorveis de caf, visto que as doses so relati-vamente pesadas;

    Topografia que permita a aplicao a lano em rea totale incorporao.

    A adubao corretiva indicada particularmente nos plantioadensados (10.000 covas/ha) e superadensados (15-20.000 covas oumais).

    }

    1 PAR

    2 PAR

    3 PAR

    4 PAR

    Figura 1. Amostragem das folhas para anlise: o 3 e o 4 pares socolhidos; 1 par = folhas com cerca de 2,5 cm de comprimen-to.

    A Tabela 5 mostra uma sugesto de adubao corretiva.

    ADUBAO DE PLANTIO, FORMAO E PRODUO

    Os diversos Estados produtores de caf tm suas recomen-daes oficiais que so periodicamente refeitas, devendo o cafeicultorconsult-las pois so uma garantia do xito da lavoura.

    SISTEMA DE ADUBAO MODULAR DO CAFEEIRO(SAMcaf)

    Desenvolvido h quase 20 anos, em colaborao com o Engo

    Agro J. Peres Romero, integra as trs variveis: produtividade,anlise do solo e anlise da folha. Um sofware que facilita os clculosest includo neste CD-ROM.

    Mdulo = quantidade de elementos (macros e micros)necessrios para a produo de 10 sacas beneficiadas + vegetaocorrespondente.

  • 8/9/2019 cafezal

    6/36 ENCARTE TCNICO INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 6

    Nmero de mdulos:

    Produo Mdulos

    0 a 20 sacas 2

    at 60 sacas 4

    entre 60 e 80 sacas 6

    acima de 80 sacas 8

    As doses modulares variam com a densidade de plantio, isto, quanto maior o nmero de covas por hectare, menor a dose doselementos necessria para obter 10 sacas e providenciar a vegeta-o correspondente menos perdas.

    No SAMcaf, quando so feitos trs parcelamentos, o 1o fixoe os outros dois so variveis em funo da anlise da folha e dareavaliao da safra. Se forem quatro os parcelamentos, os doisprimeiros sero fixos e os dois ltimos variveis, dependentes dareavaliao da safra e da anlise das folhas.

    As Tabelas 6 e 7 do os mdulos para densidade de plantio

    de 5.000-10.000 covas/ha. A Tabela 8 mostra como varia o mdulomximo em funo da populao (mdulo mximo, solo mais pobre).

    Tabela 6. Mdulo para N, P, K, Mg e S (densidade 5.000-10.000 co-vas/ha).

    Ago./Set. Out./Nov. Dez./Jan. Mar./Abr.

    Caracterstica Fixa Varivel

    - - - - - - - - - - - - - - - N (kg/ha) - - - - - - - - - - - - - - -

    Mat. org. g/dm3

    < 1,5 20 20 20 20

    15-40 20 20 20 0> 40 20 20 0 0

    - - - - - - - - - - - - - - P2O

    5(kg/ha) - - - - - - - - - - - - - -

    P mg/dm3(1)

    < 10 7,5 0 7,5 0

    10-20 5,0 0 5,0 0

    > 20 0 0 0 0

    - - - - - - - - - - - - - - K2O (kg/ha) - - - - - - - - - - - - - -

    K%CTC(2)

    < 3 20 20 20 20

    3-5 20 20 20 0> 5 20 20 0 0

    - - - - - - - - - - - - - - - Mg (kg/ha) - - - - - - - - - - - - - -Mg%CTC(3)

    < 6 7,5 0 7,5 0

    6-12 5,0 0 5,0 0

    > 12 0 0 0 0

    - - - - - - - - - - - - - - - S (kg/ha) - - - - - - - - - - - - - - -S-SO

    4mg/dm3

    < 5 7,5 0 7,5 0

    5-10 5,0 0 5,0 0

    > 10 0 0 0 0

    (1) P resina, P Mehlich 1: 10, 10-15, > 15.(2) K%CTC > 5 3 mmol

    c/dm3.

    (3) Mg%CTC > 12% 12 mmolc/dm3.

    Tabela 7. Mdulo para B, Cu, Fe, Mn Mo e Zn.

    Ago./Set. Out./Nov. Dez./Jan. Mar./Abr.

    Caracterstica Fixa Varivel

    - - - - - - - - - - - - - - - (kg/ha) - - - - - - - - - - - - - - - -

    B mg/dm3

    < 0,4 0,4 0 0,4 0

    0,4-0,8 0,25 0 0,25 0> 0,8 0 0 0 0

    Cu mg/dm3

    < 1 0,75 0 0,75 0

    1-2 0,5 0 0,5 0

    > 2 0 0 0 0

    Fe mg/dm3

    < 20 2 0 2 0

    21-40 1,5 0 1,5 0

    > 40 0 0 0 0

    Mn mg/dm3

    < 10 2 0 2 0

    10-15 1 0 1 0

    > 15 0 0 0 0

    Mo mg/dm3

    < 0,05 0,04 0 0,04 0

    0,05-0,15 0,02 0 0,02 0

    > 0,15 0 0 0 0

    Zn mg/dm3

    < 2 0,75 0 0,75 02-4 0,50 0 0,50 0

    > 4 0 0 0 0

    (1) B em HCl 0,05 N ou Mehlich 1. Cu, Fe, Mn, Zn em Mehlich 1. Mo emoxalato.

    Tabela 8. Doses mximas por mdulo em funo da densidade deplantio.

    Elemento < 5.000 5.000 a 10.000 > 10.000

    - - - - - - - - - - - - - - kg/mdulo - - - - - - - - - - - - - - -N 100 80 70

    P2O

    520 15 12

    K2O 100 80 70

    Mg 20 15 12

    S 20 15 12

    B 1 0,8 0,7

    Cu 2 1,5 1

    Fe 5 4 3

    Mn 5 4 2

    Mo 0,10 0,08 0,07

    Zn 2 1,5 1

  • 8/9/2019 cafezal

    7/36INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TCNICO 7

    (1) Depois da colheita

    Amostragem e anlise do solo Clculo da calagem (e gessagem)

    (2) Calagem, gessagem

    (3) Estimativa de safra

    (4) Primeiro parcelamento (fixo)

    (5) Segundo parcelamento (fixo)

    (6) Anlise de folha e reavaliao da safra(um ms depois do segundo parcelamento)

    (7) Clculo dos ajustes do programa de adubao

    (8) Terceiro parcelamento (varivel ou no)

    (9) Quarto parcelamento (varivel ou no)

    Figura 2. Operaes no sistema de adubao modular.

    Na Figura 2 v-se a srie de operaes seguidas no SAMcaf.A Tabela 9 mostra os ajustes feitos no programa graas anlisedas folhas.

    A faixa adubada tem largura igual ao raio da copa. Noscafezais formados o adubo localizado embaixo da saia onde est "aboca", a raiz.

    ADUBAO FOLIAR

    Qualquer programa ou sistema de adubao deve ter portaaberta para a aplicao foliar de nutrientes, do que a Tabela 10 dexemplos.

    ADUBAO E IRRIGAO

    Os efeitos benficos da irrgao tem sido demonstradostanto em arabica como em conilon, motivo pelo qual a prtica tendea crescer. Aumentos de produo de 11 vezes foram obtidos nocerrado de Minas. Os principais sistemas de irrigao (gotejamento,asperso convencional, auto-propelido, piv central, "tripas") emgeral comportam a introduo de adubos, que so dissolvidos na

    gua. Isso torna possvel fracionar as doses, localizar melhor o adu-bo e aumentar a produo, alm de diminuir custos operacionais. Parase obter tais vantagens, entretanto, necessrio usar adubos so-lveis e conhecer um pouco da anatomia e da fenologia do cafeeiro:adubar no lugar certo, no momento certo e na dose certa.

    Tabela 9. Ajustes nas doses de acordo com a anlise das folhas depoisdo segundo parcelamento (Nov./Jan.).

    Elemento Teor foliar Ajuste

    g/kg

    N < 25 1,5 vezes(1)

    25-35 manter> 35 cancelar

    P < 1,4 1,5 vezes(1)> 1,4-1,9 manter

    < 1,9 manter

    K < 17,5 1,5 vezes(1)

    17,5-22,5 manter> 22,5 cancelar

    Mg < 3,1 1,5 vezes(1)

    3,1-3,8 manter> 3,8 cancelar

    S < 1,5 1,5 vezes(1)

    1,5-2,3 manter> 2,3 cancelar

    mg/kg

    B < 50 2-3 aplicaes foliares

    Cu < 10 2-3 aplicaes foliares

    Fe < 75 2-3 aplicaes foliares

    Mn < 100 2-3 aplicaes foliares

    Mo < 0,5 2-3 aplicaes foliares

    Zn(2) < 10 2-3 aplicaes foliares< 20 2-3 aplicaes foliares

    (1) Aumentar 50% o programado para o 3o ou 4o parcelamentos.(2)

    Anos de alta e baixa, respectivamente.

    Tabela 10. Macro e micronutrientes via foliar(1).

    Elemento Produto e concentrao (%)

    N Uria a 0,5-2

    N + P Fosfato monoamnico 0,5-1,0

    N + K Nitrato de potssio 1-2

    N + Ca Nitrato de clcio 0,5-1

    B cido brico 0,3

    Cu Sulfato 0,3

    Fe Sulfato 0,5Mn Sulfato 1,0

    Mo Molibdato 0,01

    Zn Sulfato 0,6

    B + Zn cido brico 0,3 + Sulfato de zinco 0,6 +Cloreto de potssio 0,25

    Mn + Zn Sulfato de mangans 0,6 + Sulfato de zinco 0,6 +Cloreto de potssio 0,25

    B + Cu + Zn cido brico 0,3 + Sulfato de cobre 0,3 +Sulfato de zinco 0,6 + Cloreto de potssio 0,25

    B + Cu + Mn + Zn cido brico 0,3 + Sulfato de cobre 0,3 +Sulfato de mangans 0,6 + Sulfato de zinco 0,6 +

    Cloreto de potssio 0,25

    (1)Sulfatos podem ser substitudos por cloretos, nitratos, quelados, geralmenteem menor concentrao e sem adio de KCl. Aplicaes a alto volume,em geral duas a trs vezes, no perodo de Set./Out. a Mar./Abr.

  • 8/9/2019 cafezal

    8/36 ENCARTE TCNICO INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 8

    Foto 1. Florada em cafezais de alta produtividade. Foto 2. Colheita mecnica de caf.

    Foto 3. Deficincia de nitrognio. Foto 4. Deficincia de nitrognio ( esquerda, ramo normal).

    Foto 6. Deficincia de fsforo.Foto 5. Deficincia de nitrognio.

    Foto 8. Deficincia de potssio.Foto 7. Deficincia de fsforo.

  • 8/9/2019 cafezal

    9/36INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TCNICO 9

    Foto 9. Deficincia de clcio.

    Foto 11. Deficincia de magnsio. Foto 12. Deficincia de enxofre.

    Foto 14. Deficincia de boro ( esquerda, ramo normal).Foto 13. Deficincia de enxofre ( esquerda, ramo normal).

    Foto 10. Deficincia de magnsio.

    Foto 15. Deficincia de cobre. Foto 16. Deficincia de cobre.

  • 8/9/2019 cafezal

    10/36 ENCARTE TCNICO INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 10

    Foto 17. Deficincia de ferro. Foto 18. Deficincia de mangans.

    Foto 20. Deficincia de molibdnio.Foto 19. Deficincia de mangans.

    Foto 22. Deficincia de zinco ( esquerda, ramo normal).Foto 21. Deficincia de zinco.

    Foto 24. Toxicidade de boro (limbo inferior).Foto 23. Toxicidade de boro (limbo superior).

  • 8/9/2019 cafezal

    11/36INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TCNICO 11

    IMPORTNCIA

    At a dcada de 70, quando foi constatada pelaprimeira vez a ferrugem, temvel doena do cafeeiro,

    aqui no Brasil, no existiam grandes problemas compragas e doenas na cafeicultura brasileira. Os danos se restringiamao ataque da broca em certas reas.

    Com a ferrugem, foi necessrio mudar todo manejo da lavou-ra. Foi preciso adotar um zoneamento agroclimtico, novos sistemasde plantio, variedades e tratos adequados, tudo visando facilitar ocontrole qumico da doena.

    A abertura de novas reas, com solos pobres e em condiesclimticas mais secas, em grandes reas como as zonas de cerrados,o uso de defensivos muitas vezes sem racionalidade e mudanasambientais vrias, fizeram surgir desequilbrios nas populaes enovas pragas e doenas se tornaram importantes, especialmente o

    Bicho Mineiro, hoje to grave quanto prpria ferrugem.Em funo disso, a cafeicultura moderna e produtiva de hoje

    no pode dispensar do controle adequado de pragas e doenas, semo que muito do investimento em outras prticas, como a adubao,capinas, podas, etc. seria perdido em funo dos prejuzos ocasionadospelos problemas de ordem fitossanitria nos cafezais.

    As pragas e doenas causam perdas no desenvolvimentodas plantas, na sua produtividade e, ainda, em alguns casos levam reduo da vida produtiva do cafeeiro e causam at sua morte.

    Em termos de perdas mdias pode-se estimar para acafeicultura brasileira, como um todo, um porcentual de quebra desafra na faixa de 10-20% em funo do ataque de pragas e doenas,

    ocorrendo situaes mais ou menos graves conforme as condiesem cada regio e lavoura.

    Nos custos de produo das lavouras de caf os gastos como controle de pragas e doenas tem onerado em cerca de 15-20% ocusteio anual dos cafezais.

    CONDIES DE OCORRNCIA/GRAVIDADE

    As pragas e doenas ocorrem nas lavouras de caf comgravidade variando de regio para regio, de lavoura para lavoura ede um ano para outro, na dependncia de fatores favorveis ou no,os quais so de trs naturezas:

    a) de planta/lavourab) do ambiente (clima e solo)c) do patgeno/agente causal

    Na planta ou lavoura influem a variedade, o sistema deplantio, os tratos ou prticas culturais adotadas.

    Do ambiente so importantes o clima, influindo a temperatura,a umidade do ar e as chuvas, os ventos e a insolao/sombra.Tambm no solo, so essenciais suas condies fsico-qumicas eainda a presena de matria orgnica e de umidade.

    Do agente causal so importantes o inculo ou a populaoinicial remanescente do ano anterior.

    O conhecimento dessas condies leva determinao daspragas e doenas mais importantes em cada regio ou rea especfica.De modo geral, pode-se correlacionar a gravidade de pragas edoenas com as seguintes situaes encontradas:

    PRAGASA praga mais importante no pas o Bicho Mineiro

    (Perileucoptera coffeella), seguindo-se a Broca (Hipothenemus

    hampei) e os nematides (Meloidogyne incognita, M. exigua e M. paranaensis). Em segundo plano situam-se pragas maisocasionais, como os caros, as cochonilhas, a mosca das razes, ascigarras e as lagartas.

    As condies mais comuns associadas gravidade de pragasna cafeicultura brasileira so:

    Clima seco baixa umidade, alta insolao e altas tempera-turas problemas com bicho mineiro e caros;

    Lavouras adensadas, sombreadas ou em faces sombrias problemas com a broca;

    Lavouras de caf conillon (robusta), em reas quentes

    problemas com a broca; Lavouras novas ou em espaamento abertos problemascom bicho mineiro e caros;

    Lavouras implantadas em reas de solos de arenito,principalmente em rea antes com caf problemas comnematides e cochonilhas de razes;

    Lavouras em reas com matria orgnica e zonas frias problemas com mosca das razes;

    reas prximas a matas problemas com cigarras.

    DOENAS

    Nas condies da cafeicultura brasileira a doena mais grave a ferrugem, causada pelo fundoHemileia vastatrix, em seguidavem a cercosporiose (Cescospora coffeicola) e a seca de ramoscausada pelo ataque de Phoma e Ascochyta. Com menor importncia,tem-se, ainda, a bacteriose Mancha Aureolada, a Leprose (virose) e,mais recentemente, com sua real importncia ainda desconhecida, oAmarelinho do cafeeiro (bactriaXylella fastidiosa).

    Para facilitar o controle, deve-se escolher as reas menosfavorveis s doenas, adotar prticas que tornam a lavoura menossuscetvel, incluindo o uso de materiais genticos tolerantes, e, casohaja evoluo das doenas, a nvel prejudicial, adotar as medidas decontrole qumico de forma preventiva ou curativa.

    A combinao de condies climticas (macro e micro) e demanejo dos cafezais favorece a ocorrncia das doenas, da seguintemaneira:

    Lavouras adensadas, fechadas ou sombreadas maiorataque de ferrugem.

    Lavouras novas, muito abertas, em solos pobres ou comadubao insuficiente e em regies mais quentes problemas mais graves com cercosporiose.

    reas frias e midas, batidas por ventos frios problemascom Phoma, Ascochyta ePseudomonas.

    Lavouras com alta carga pendente problemas com ferrugeme cercosporiose.

    Observao importante: imprescindvel se proceder omonitoramento de ataque das pragas e doenas do cafeeiro para segarantir a melhor poca e eficincia do controle a ser efetuado.

    PRAGAS E DOENAS DO CAFEEIRO

  • 8/9/2019 cafezal

    12/36 ENCARTE TCNICO INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 12

    1. BICHO MINEIRO Perileucoptera coffeella

    (Fotos 25 a 27)

    O bicho mineiro na fase adulta uma pequenina mariposa decolorao branco-prateada. No final da tarde, coloca os ovos naparte superior das folhas. Com a ecloso dos ovos as larvas passama alimentar-se do tecido existente entre as duas epidermes da folha,formando reas vazias (minas), o que caracteriza o nome de praga.

    Temperaturas mdias elevadas e grandes perodos de estia-gem so condies climticas que favorecem a evoluo dessapraga.

    Diversos fatores podem agravar ainda mais os prejuzoscausados, como: deficincia de adubao, capinas insuficientes,cobertura morta, espaamentos muito largos, culturas intercalares,uso de fungicidas cpricos, lavouras expostas poeira, etc.

    Os danos causados ao cafeeiro se referem reduo da reafoliar fotossinttica e queda de folhas, com reflexos no pegamentoda florada e portanto na produo do ano seguinte e na longevidadeda planta. A desfolha sempre se d do topo para a base da planta.

    A poca de ocorrncia do bicho mineiro varivel nas

    diversas regies cafeeiras do pas. Pode-se afirmar que a tempera-tura apresenta uma correlao positiva com a incidncia da praga, ouseja, quanto maior a temperatura maior o ataque. J a chuva e a umi-dade relativa apresentam correlao negativa com a incidncia dapraga, ou seja, quanto maior a chuva e a umidade relativa, menor oataque.

    Convm salientar, contudo, que mesmo nos cafeeiros irriga-dos por sistemas de asperso convencional ou piv central noocorre diminuio da infestao da praga.

    De maneira geral, a partir de abril/maio, quando se inicia operodo seco, as condies ficam mais favorveis ao ataque da praga,

    fazendo com que a populao aumente consideravelmente, atingindoo mximo de folhas atacadas de julho a setembro. justamente nestapoca que o cafeeiro precisa de maior rea foliar para garantir opegamento da florada. Poder haver reduo de at 50% da produoquando a desfolha intensa no perodo de julho a setembro/outubro.

    Sabe-se tambm que o cafeeiro suporta uma desfolha de 30a 40% em determinadas pocas do ano, sem prejuzo na produo.

    Em certas regies como a Bahia e o Esprito Santo, e mesmonas demais reas, quando ocorrem veranicos em janeiro, o ataquepode ocorrer mais cedo, no perodo quente de dezembro a fevereiro.

    Em regies irrigadas, com temperaturas mdias mensais noinverno superiores a 19 oC, como no oeste da Bahia, norte e noroestede Minas Gerais, etc., a praga ocorre o ano todo, em surtos seqen-ciais, exceto nos meses de novembro a dezembro, quando as chuvasultrapassam 250 a 300 mm por ms.

    CONTROLE

    O controle pode ser cultural, biolgico ou qumico.

    Controle cultural

    feito atravs de capinas oportunas, adubao racional,conservao do solo, espaamentos adequados e uso racional defungicidas cpricos.

    Controle biolgico

    Feito atravs de inimigos naturais do bicho mineiro: parasitase predadores.

    Os parasitas so microhimenpteros que introduzem o ovonas lagartas do bicho mineiro. O ovo eclode e a larva do parasitapassa a alimentar-se da lagarta, destruindo-a. Proporcionam umcontrole do bicho mineiro entre 18 e 35%. Os parasitas maisencontrados so:

    Colastes letifer

    Mirax sp

    Eubadizon punctatus

    Closterocerus coffeellae

    Horisnemus sp Tetrastichus sp

    Proacria sp

    Cirrospilus sp

    Os predadores so vespas sociais que dilaceram a leso foliare retiram a lagarta do bicho mineiro para se alimentar.

    Os predadores mais encontrados so:

    Protonectarina sylveirae

    Brachygastra lecheguana

    Brachygastra augusti

    Polybia scutellaris

    Polybia paulista

    Synoeca surinama cyanea

    Apoica pallens

    Eunemes sp

    Proporcionam um controle do bicho mineiro entre 33 e 69%.

    Para beneficiar a ao dos inimigos naturais deve-se reduzirao mnimo o uso de defensivos agrcolas, s os aplicando nas altasinfestaes e selecionando produtos, doses e mtodos que tenhammaior eficincia para o bicho mineiro e menor ao sobre os inimigosnaturais.

    importante observar que esses inimigos naturais noconseguem, na maioria dos casos, controlar sozinhos o bichomineiro. Em reas de altitude elevada e boa pluviosidade

    PRINCIPAIS PRAGAS NA CULTURADO CAFEEIRO

  • 8/9/2019 cafezal

    13/36INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 ENCARTE TCNICO 13

    perfeitamente possvel dispensar o uso de inseticidas para o con-trole do bicho mineiro.

    Controle qumicoPode ser realizado atravs de dois sistemas bsicos:

    pulverizao foliar e aplicao via solo.

    a) Pulverizao foliar

    Uso de produtos inseticidas organo-fosforados, carbamatos,derivados de uria, piretrides ou suas misturas.

    Inseticidas organofosforados:

    Ethion - Ethion 500 Rhodia Agro: 1,0 a 1,2 l/ha

    Triazophos - Hostathion 400 BR: 1,0 a 1,2 l/ha

    Fenthion - Lebaycid 500: 1,0 a 1,5 l/ha

    Fenitrothion - Sumithion 500 CE: 1,5 a 2,0 l/ha

    Clorpyrifs-etil - Lorsban 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha- Clorpirifs Fersol 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha

    - Vexter: 1,0 a 1,5 l/haPyridaphenthion - Ofunack 400 CE: 1,5 a 2,0 l/ha

    Parathion metlico - Folidol 600: 1,0 a 1,5 l/ha

    Dimetoato - Tiomet 400 CE: 1,0 a 1,5 l/ha

    Inseticidas carbamatos:

    Cartap - Cartap BR 500: 0,8 a 10 l/ha- Thiobel 500: 0,8 a 1,0 l/ha

    Inseticidas derivados de uria:

    Teflubenzuron - Nomolt 150: 200 a 250 l/haInseticidas piretrides:

    Permethrin - Ambush 500 CE: 100 a 150 ml/ha- Piredan: 120 a 150 ml/ha- Pounce 384 CE: 120 a 150 ml/ha- Valon 384 CE: 120 a 150 ml/ha- Talcord 250 CE: 100 a 200 ml/ha

    Cypermethrin - Ripcord 100: 100 a150 ml/ha- Sherpa 200: 50 a 80 ml/ha- Arrivo 200 CE: 50 a 70 ml/ha- Cyptrin 250 CE: 40 a 70 ml/ha

    - Nortrin 250 CE: 40 a 70 ml/haAlfacypermethrin - Fastac 100: 100 a 150 ml/ha

    Zetacypermethrin - Fury 180 EW: 35 ml/ha

    Deltamethrin - Decis 25 CE: 150 a 250 ml/ha

    Fenvalerate - Sumicidin 200: 200 a 300 ml/ha- Belmark 300: 70 a 100 ml/ha

    Esfenvalerate - Sumidan 250 CE: 400 ml/ha

    Cyfuthrin - Baytroid CE: 150 a 200 ml/ha

    Betacyfluthrin - Bulldock 125 SC: 30 a 40 ml/ha

    - Turbo: 80 a 100 ml/haFenpropathrin - Danimen 300 CE: 250 a 400 ml//ha

    - Meothrin 300: 250 a 400 ml/ha

    Lambdacyhalothrin - Karate 50 CE: 100 a 150 ml/ha

    Misturas de inseticidas fosforados e piretrides:

    Triazophs + deltamethrin - Deltaphos CE: 200 a 300 ml/ha

    Profenofs + cypermethhrin - Polytrin 400/40 CE: 200 a 400 ml/ha

    Nesse sistema o controle pode ser usado de forma maiscurativa, iniciando as aplicaes com ndices de ataque (% de folhasminadas) ao redor de 20%. Em reas problemas 5% de minas vivas

    no tero superior da planta j indica o incio de controle.As doses dos produtos so indicadas numa faixa variando de

    acordo com a idade e a rea foliar da plantao e o nvel de ataque,devendo-se usar doses maiores em lavouras adultas, com plantasaltas, enfolhadas e maior densidade.

    Para plantas jovens pode-se considerar a regra de uso damesma concentrao de calda inseticida, ou seja diluindo-se a doseindicada para a lavoura adulta em 400 litros de gua.

    O controle via foliar feito basicamente atravs da mortalidadedas larvas, dentro das minas nas folhas, embora os tratamentospossam acarretar tambm a morte parcial das mariposas (adultos).

    Deste modo, importante que os produtos possuam ao sistmicaou mesmo de profundidade, para atingir as larvas dentro das folhas.Alguns produtos apresentam ao ovicida (Cartap).

    Normalmente so necessrias duas a trs aplicaes, comintervalo de 30 a 40 dias para um controle eficiente do bicho mineiro,em condies normais de ataque para os inseticidas organofos-forados, carbamatos e derivados de uria. Para os piretrides umaou duas aplicaes com aplicaes com intervalo de 50 a 60 dias. Emregies quentes onde o ciclo evolutivo da praga bem mais curto,esse intervalo pode cair pela metade.

    O acompanhamento da praga, pela verificao da presena deminas com larvas vivas, a base para avaliar a necessidade de novasaplicaes.

    O perodo residual de controle via foliar normalmente pequeno. Os inseticidas fosforados e carbamatos tm uma timaao de profundidade, matando as lagartas no interior das leses(efeito de choque) mas apresentam curto efeito residual (25 a 30dias).

    Os inseticidas peretrides, ou suas misturas, ao contrrio,apresentam maior efeito residual (50-60 dias) e nenhuma ao deprofundidade. Por esta razo, quando a praga j estiver instalada ecom nveis elevados de infestao, recomenda-se o uso de misturasde inseticidas fosforados ou carbamatos com inseticidas piretrides

    em pulverizao. sempre bom lembrar que quando se usam inseticidas

    piretrides recomenda-se associar um inseticida fosforado paraevitar desequilbrio que favorea o aparecimento de caros.

    O uso de leos emulsionveis na dosagem de 0,5 a 1,0%proporciona alta adesividade dos produtos nos tecidos vegetais,aumentando a eficincia das pulverizaes e diminuindo as perdaspor lavagem da gua das chuvas.

    b) Aplicao via solo

    Uso de produtos organofosforados ou carbamatos,

    formulados em grnulos e veiculados em argila ou areia.Podem tambm ser usados inseticidas sistmicos via lquida.

    Nesse sistema o controle deve ser feito preventivamente,pois necessrio um perodo de 30 a 40 dias para a liberao,

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    14/36 ENCARTE TCNICO INFORMAES AGRONMICAS - N 64 - DEZEMBRO/93 14

    absoro e translocao dos ingridientes ativos, em nveis adequados,at a folhagem.

    A aplicao deve ser cuidadosa pelo fato de os produtos,no geral, serem extremamente txicos.

    Alguns produtos novos, derivados do cido nicotnico,esto apresentando bons resultados e menor toxicidade ao meioambiente. Exemplo: Imidacloprid (Premier) e Thiametoxan (Actara).

    Para facilitar a exposio, vamos dividir esse item em trstpicos:

    a) Inseticidas granulados sistmicos

    Terbufs - Counter 50 G: 60 a 80 kg/ha- Counter 150 G: 15 a 20 kg/ha

    Carbofuran - Carboran Fersol 50 g: 60 a 80 kg/ha- Diafuran 50: 60 a 80 kg/ha- Furadan 50 G: 60 a 80 kg/ha- Furadan 100 G: 20 a 30 kg/ha- Ralzer 50 GR: 60 a 80 kg/ha

    Phorate - Granutox 50 G: 60 a 80 kg/ha- Granutox 150 G: 20 a 30 kg/ha

    Aldicarb - Temik 150: 20 a 25 kg/ha

    Thiametoxan - Actara: 25 a 40 kg/ha

    Esses produtos devem ser enterrados sob a saia do cafeeiro,em sulcos, dos dois lados da planta quando se usam granuladeirasmecnicas, em dois ou quatro pontos quando se usa matraca, noperodo de novembro a fevereiro, pois o uso desses produtos exigeumidade do solo que garanta a sua absoro pela planta. Podem serfeitas uma ou duas aplicaes no intervalo de 60 a 90 dias. O solo de-

    ve estar livre de ervas daninhas e de alta porcentagem de matriaorgnica no decomposta na regio de aplicao.

    O inseticida Aldicarb, devido sua alta solubilidade, pode seraplicado no final da estao chuvosa, dilatando assim o perodo decontrole. Os demais inseticidas devero ser aplicados at dezembro,pois so menos solveis e necessitam de maior umidade e tempo paraserem absorvidos e distribudos pela seiva das plantas para toda aparte area do cafeeiro. Nos cafezais irrigados no h restries.

    b) Inseticidas sistmicos via lquida

    Carbofuran - Furadan 350 SC: 9 a 12 l/ha

    Imidacloprid - Premier: 1,3 a 1,6 kg/ha (produto emformulao GRDA)

    Esses produtos devem ser diludos em gua e aplicadossobre a saia dos cafeeiros dirigidos s proximidades do caule.Quando se pretende controlar as cigarras ou mosca das razesconcomitante ao bicho mineiro, aplicar no perodo de outubro adezembro. Quando se quer estender o controle do bicho mineiroexclusivamente us-lo no ms de fevereiro.

    c) Controle associado da ferrugem e bicho mineiro

    feito atravs da mistura de fungicidas e inseticidas

    granulados sistmicos em aplicao nica, no perodo de outubro adezembro, enterrado sob a saia do cafeeiro, da mesma maneira comofoi recomendado para os inseticidas granulados sistmicos:

    Disulfoton + triadimenol - Baysiston: 30 a 70 kg/ha

    Disulfoton + Cyproconazole - Altomix: 103,2: 30 a 70 kg/ha- Altomix 104: 30 a 70 kg/ha

    Thiametoxan + Cyproconazole - Verdadero 20 GR: 30 kg/ha

    At pouco tempo se utilizava apenas uma aplicao degranulados por ciclo agrcola, em poca varivel conforme a regio,sendo indicada em novembro para o leste da Bahia, Esprito Santo,

    Zona da Mata de Minas e Paran, onde a infestao do bicho mineiroocorre mais cedo, em dezembro/fevereiro, e usando produtos commenor solubilidade e maior efeito residual como o Dissulfoton emsuas formulaes mistas com Triadimenol ou Cyproconazole. Pararegies como o Tringulo Mineiro e Sul de Minas, onde a infestaoda praga evolui mais tarde, a poca ideal de aplicao ocorre emfevereiro/maro, no final das chuvas, usando produtos mais solveiscomo o Aldicarb. Neste caso, a aplicao pode se prolongar at abrilnos cafeeiros irrigados, semelhana do realizado no leste da Bahia,norte e noroeste de Minas Gerais e reas limtrofes de Minas Geraiscom Gois.

    Atualmente, em regies problemas, como o Alto Paranaba e

    Tringulo Mineiro, em Minas, e certas reas da Bahia, est sendonecessrio o uso de granulados, em dois parcelamentos, um maiscedo, em novembro e, outro mais tarde, em (fevereiro). Normalmente,esse procedimento indicado para regies onde a temperatura m-dia anual superior a 21,5C.

    Em certos casos, dependendo da poca de ocorrncia dapraga e da umidade do solo, conveniente associar aplicaes desolo com uma complementao foliar mais tarde.

    Como ao complementar, tem-se observado que, nos mesesde preparo para a colheita, a operao de soprao tem apresen-tado reduo considervel de pupas do bicho mineiro nas folhascadas.

    As doses recomendadas variam conforme a densidade deplantio e idade do cafezal. A dose correta deve ser orientada por umengenheiro agrnomo.

    O monitoramento da praga essencial para a tomada dedecises para o seu controle.

    extremamente vantajosa a integrao dos mtodos culturais,biolgicos e qumicos para que se tenha maior sucesso no controledo bicho mineiro.

    A alternncia no uso de inseticidas sempre recomendvelpara se evitar o aparecimento de resistncia da praga a esses

    produtos.

    2. BROCA DO CAF

    Hypothenemus hampei

    (Fotos 28 e 29)

    O inseto na fase adulta um pequenino besouro de cor escurae brilhante.

    A fmea fecundada perfura o fruto na regio da coroa atatingir a semente onde faz uma pequena galeria onde realiza apostura. As lavras nascidas, ao se alimentarem, vo destruir parcialou totalmente a semente.

    A broca ataca o gro do caf em vrios estdios dedesenvolvimento: preferencialmente o verde (chumbo), o maduroe o seco.

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    Algumas condies favorecem a evoluo da praga como aantecipao do perodo chuvoso, floradas precoces, colheita anteriormal feita, lavouras com problemas de fechamento, espaamentosreduzidos, fundos de grotas, terrenos mais midos, lavourassombreadas, terrenos de exposio voltada para leste ou sul etambm lavouras prximas a terreiro ou cafezais abandonados.

    No caf robusta o ataque da broca muito mais srio.

    Os prejuzos causados pela broca podem ser assimrelacionados:

    Derrubada de frutos verdes (chumbinhos ou chumbes)onde a broca perfura, mas no penetra, pois a semente ain-da est aguada;

    Perda de peso: a broca destri as sementes. Quando maioro ataque maior a perda. Boa parte do caf perdida nobeneficiamento (gros quebrados);

    Depreciao do tipo do caf: o caf brocado, alm de teraspecto ruim, considerado defeito grave na sua classi-ficao: um lote de caf pode passar do tipo 2 para o tipo

    7 a 8 devido exclusivamente ao ataque da broca. proibidaa exportao de caf com mais de 10% de broca.

    Depreciao da bebida: os frutos brocados ficam suscetveisao ataque de fungos do gnero Fusarium e Penicilliumque alteram a qualidade da bebida;

    Reduo do preo do produto: quanto maior a infestao,maior a quantidade de escolha e, portanto, menor quanti-dade de caf perfeito;

    Reduo na colheita: o ataque da broca promove grandequeda de frutos que pode ser superior a uma chuva depedras ou vento muito forte.

    CONTROLE

    O controle da broca pode ser cultural, biolgico ou qumico.

    Controle cultural:

    feito atravs da colheita bem feita, comeando pelos ta-lhes mais atacados e evitando-se deixar frutos na rvore e no cho.Fazer o repasse da colheita quando necessrio. Fazer o repasseda colheita quando necessrio. Quando a colheita, por ser pequenase tornar antieconmica, proceder a pulverizao especfica. Lavouras

    abandonadas devero ser erradicadas e o fechamento de lavourasdeve ser evitado.

    A colheita seletiva em duas ou trs passadas, colhendo osfrutos maduros e a colheita precoce reduz o ataque e as perdas pelabroca. Isto tambm possvel quando se usam colhedeiras mecnicasem duas ou trs passadas.

    A broca do caf sobrevive e continua a sua reproduo nosfrutos remanescentes da colheita. O repasse ou o controle tardioexerce extrema funo na reduo da populao da broca, diminuindoassim a infestao inicial da safra seguinte. Os frutos que ficam narvore so mais importantes para manter a populao da broca do queaqueles que ficam no cho.

    Controle biolgico:

    Realizado atravs de inimigos naturais da broca como osmicrohimenpteros Prorops nasuta (vespa de Uganda) o

    Heterospilus coffeicolla ou Cephalonomia stephanoderis e fungosentomopatognicos como aBeauveria bassiana , aSpicaria javanicae o Metarhizium anisopliae.

    Esse tipo de controle pouco usado no Brasil uma vez quea florao e a frutificao so concentradas, havendo necessidadede criao artificial de inimigos a serem introduzidos na pocaoportuna. Por outro lado, o uso de inseticidas contra a broca eliminatambm os inimigos naturais.

    A formiga Crematogaster curvispinosus um predadorocasional da broca do caf, podendo destruir grande nmero deformas imaturas da broca.

    Controle qumico:

    Feito atravs do inseticida Endosulfan:

    - Thiodan CE

    - Thionex 350 CE

    - Disulfan CE

    - Endosulfan Ag

    - Endosulfan Fersol 350 CE- Endosulfan 350 CE Milnia

    Esses produtos devem ser aplicados no perodo de trn-sito da broca, ou seja, na poca em que as fmeas abandonam osfrutos remanescentes da safra anterior para atacar os frutos da novasafra. Isto ocorre geralmente entre novembro e janeiro.

    A primeira pulverizao deve ser feita quando se constatarinfestao de 3 a 5% de frutos da primeira florada para o caf arbicae 2 a 3% para o caf robusta. A segunda pulverizao dever ser feita30 a 40 dias aps a primeira. Para o caf conillon, o controle deve-se

    iniciar mais tarde, em fevereiro/maro, quando ocorre o incio damaturao dos frutos.

    Produtos base de Cloripirifs (Lorsban, Vexter - 1,5 a 2,0 l/ha), apesar de apresentarem menor eficincia, tambm podem serusados.

    Deve-se salientar que o inseticida no mata a broca presenteno interior do fruto. A seca do caf em secadores mecnicos controlaeficientemente a broca no caf colhido.

    Convm salientar que a sobrevivncia e prejuzos da brocacontinuam no caf colhido, cujos danos so proporcionalmentemaiores quanto maior for a umidade do caf no terreiro ou armaze-

    nado. O caf convenientemente seco no fica sujeito broca.

    3. LAGARTAS

    (Fotos 30 a 33)

    So pragas que aparecem devido a desequilbrio na popu-lao de inimigos naturais provocados por fatores climticos, mauuso dos defensivos agrcolas ou proximidade do cafezal de culturassuscetveis ao ataque.

    Esses fatores promovem um aumento substancial napopulao de lagartas que por sua voracidade causam grandesprejuzos ao cafeeiro. Elas se alimentam de folhas, pontas de ramose casca de plantas jovens, provocando desfolha e at morte deplantas.

    Dentre as diversas lagartas que atacam o cafeeiro pode-secitar:

    }1,5-2,0 l/ha

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    Lagarta dos cafezais - Eacles imperialis magnifica

    Lagarta militar - Spodoptera frugiperda

    Lagarta urticante -Lonomia circunstans

    Taturana verde -Automeris complicata

    Taturana -Automeris coresus- Automeris ilustris

    Lagarta de fogo - Megalopyge lanata

    Taturana bezerra -Podalia sp

    Lagarta gelatinosa -Dalcera abrasa- Zadalcera fumata

    Lagarta mede palmo - Oxydia saturniata

    Bicho cesto - Oiketicus kirbyi

    Bicho charuto - Oiketicus geyeri

    Lagarta rosca - Agrotis ipsilon

    Lagarta aranha - Phobetron hipparchia- Euclea sp

    Lagarta das rosetas ( ligeirinha) - Cryptoblabes qnidiella

    Outras - Tryrinteina arnobia- Bertholdia braziliensis

    - Thalesa citrina

    O controle das lagartas pode ser feito atravs de inseticidasorganofosforados como o Triclorfon (Dipterex 500: 1 l/ha) insetici-das biolgicos como oBacillus thuringiencis (Dipel PM: 250-500 g/ha) e mais comumente atravs de inseticidas piretridesusados nas mesmas dosagens recomendadas para o controle dobicho mineiro.

    Especificamente para a lagarta rosca, a aplicao do inseti-cida dever ser dirigida para a regio do colo da planta, local visadopela praga.

    O controle deve ser praticado somente nos casos de ataquesignificativo ou em focos, pois em ataques leves o controle natural suficiente para manter a praga em equilbrio.

    4. COCHONILHAS DA PARTE AREA

    (Fotos 35 e 36)

    Elas atacam esporadicamente o cafeeiro sob condiesclimticas favorveis. As mais comumente encontradas so:

    Cochonilha verde - Coccus viridis

    Cochonilha parda - Saissetia coffeae

    Cochonilha de cadeia - Cerococcus catenarius

    Cochonilha branca - Planococcus citri

    Cochonilha de placa - Orthezia praelonga

    Os ataques dessa praga so sempre localizados, nuncaatingindo a lavoura toda.

    As cochonilhas verde e parda so encontradas nos ramos efolhas novas ao longo da nervura principal.

    A cochonilha de cadeia costuma fixar-se no tronco e ramos,em fileiras de onde lhe veio o nome.

    A cochonilha branca ataca ramos novos, folhas, botesflorais e preferencialmente frutos no estdio de chumbinho a maduro,instalando-se na base dos mesmos e nos pednculos. O ataque reconhecido pela secreo de uma substncia lanuginosa de corbranca. Esta cochonilha tem se tornado um apraga muito sria decafezais conillon, causando prejuzos graves e controle muito difcil.

    A cochonilha de placa ataca ramos, folhas e frutos masapresenta pouca importncia em caf devido a sua ocorrnciaespordica. Ocorre com maior freqncia em caf robusta.

    Os danos causados por essa praga caracterizam-se pelasuco contnua de seiva que leva ao depauperamento e mesmomorte da planta, dependendo da gravidade do ataque. Causam aindao chochamento ou a seca total dos frutinhos na roseta.

    Em cafeeiros irrigados por sistema localizado ou piv centraltem-se observado maior ocorrncia de cochonilha verde e parda. Emsistemas de irrigao por asperso em turnos espaados a ocorrncia menor.

    Esses insetos secretam um lquido aucarado que serve demeio de cultura para o desenvolvimento da fumagina ou "p de caf"- Capnodium sp, fungo que reveste a folhagem com uma camadapreta, prejudicando a fotossntese e a respirao da planta. Apresena de formigas uma constante nas reas atacadas.

    H um controle biolgico natural dessas cochonilhas atravsde joaninhas ( Azya luteites e Pentilea egena), do fungoVerticillium lecanii e dos Crisopas (bicho lixeiro).

    O controle qumico pode ser feito atravs de inseticidasfosforados aos quais se adiciona leo mineral miscvel ou emulsio-nvel a 1,0-1,5% (Assist, Spinner, Sunspray E, Triona, Dytrol, Iha-rol, Naturl leo, Nimbus, etc.). Esse leo ajuda a penetrao doinseticida e a matar a cochonilha por asfixia. No caso de cochonilhabranca deve-se dar preferncia a inseticidas com efeito fumigante.Formas mais eficientes de controle dessa cochonilha esto emestudo.

    Como as cochonilhas iniciam seus ataques em reboleiras, aspulverizaes para o seu controle devem se restringir somente sreas atacadas e pequena rea adjacente.

    5. COCHONILHA DA RAIZ

    Dysmicoccus cryptus

    (Fotos 34, 37 e 38)

    Essa cochonilha ataca as razes do cafeeiro em pequenasreboleiras dispersas pela lavoura aumentando rapidamente se medidasde controle no forem efetuadas a tempo. Sua ocorrncia maisfacilmente percebida nos meses mais secos do ano.

    O ataque percebido com facilidade pelo amarelecimento dasplantas, semelhante ao ataque de nematides, e a existncia de umafenda no solo e montes de terra ao redor do tronco por onde ocorreo trnsito de formigas que vivem em simbiose com essa praga epromovem o alastramento do ataque aos cafeeiros vizinhos.

    Este inseto apresenta colorao rosada ou cinza esverdeada,envolvido por uma cerosidade branca. Secretam uma substnciaaucarada que propicia o aparecimento do fungo Bornetina, queocasiona o aparecimento de um envoltrio coricio de coloraoinicial amarelada passando depois a marrom escura. Esses envolt-

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    rios chamados de criptas ou pipocas servem de proteo e alojamentopara o inseto. As razes apresentam uma srie de nodosidadesconstitudas pela sucesso de criptas ou pipocas. Os danos causa-dos por essa cochonilha decorrem da suco contnua da seiva dasrazes causando o definhamento das plantas caracterizado peloamarelecimento e queda das folhas, com seca de ramos. As razes sorapidamente destrudas. Haver morte das plantas se medidas decontrole no forem tomadas a tempo.

    CONTROLE

    O melhor controle dessa cochonilha feito atravs do uso defosfeto de alumnio, equivalente em fosfina (Gastoxin, Phostec),colocado ao redor do tronco das plantas, a 20 cm de profundidade,por meio de um cano de polegada. Como o produto fumigante,dever ser aplicado na poca da seca.

    O controle tambm poder ser feito atravs de inseticidasgranulados sistmicos indicados para o controle do bicho mineiro,nas dosagens superiores, aplicado durante o perodo chuvoso.

    Tambm podero ser usados inseticidas sistmicos lquidos

    como o Carbofuran (Furadan 350 SL) - 6 ml do produto comercial porcova, ou o Vamidothion (Kilval 300) - 0,5 a 0,8 l/ha, ou o Imidacloprid(Premier: 1,3 a 1,6 kg/ha), diludos em gua e aplicados sob a saia doscafeeiros.

    6. CIGARRAS

    (Fotos 39 a 41)

    Quesada gigas

    Quesada sodalis

    Fidicina mannifera

    Fidicina pronoe

    Fidicina pullata

    Dorisiana drewseni

    Dorisiana viridis

    Carineta fasciculata

    Carineta matura

    Carineta spoliata

    uma praga que h muito tempo tem causado problemas ao

    cafeeiro.As cigarras do gnero Quesada so maiores e causam danos

    mais graves ao cafeeiro. A sua revoada acontece no perodo deagosto a dezembro.

    As outras espcies so menores, causam menores problemasao cafeeiro e a sua revoada acontece no perodo de novembro amaro.

    As fmeas, depois de fecundadas, colocam os ovos nointerior dos ramos de cafeeiros, arbustos e rvores. Um ms depoisnascem as ninfas, que caem no solo onde penetram, fixando-se nasrazes do cafeeiro. A chegando, introduzem o estilete sugando a

    seiva das razes.Essas ninfas vivem no solo cerca de 12 meses ao fim dos quais

    cavam galerias at a superfcie do solo de onde saem por meio deorifcios indo se fixar nos troncos at se transformarem novamenteem adultos, recomeando o seu ciclo evolutivo.

    Os orifcios de sada dessas ninfas o sinal mais facilmenteperceptvel da presena da praga na lavoura.

    Os prejuzos so causados pela suco contnua da seiva dasrazes onde comum a presena de 300 a 400 ninfas por cova de caf,embora o nmero mdio seja de 150.

    O sistema radicular vai sendo destrudo, ficando reduzida acapacidade da planta em absorver gua e nutrientes.

    A planta apresenta clorose nas folhas e aspecto de deficin-cia nutricional. H perda de folhas, queda precoce de flores e frutosnovos, seca de ramos, perda gradativa do vigor e sensvel diminuioda produo.

    Mesmo adubadas, as lavouras atacadas vo definhando epodem morrer se no for providenciado o controle.

    CONTROLE

    O controle atravs de fungo entomopatognicoMetarhizium spapresenta eficincia somente em condies de laboratrio. No campoainda existem problemas a serem contornados.

    Controle qumico

    o mais eficiente. Deve ser feito atravs do uso de inseticidaslquidos ou granulados sistmicos de solo, como foi recomendadopara o controle da cochonilha da raiz. Tambm poder ser usado oinseticida Ethoprofos (Rhocap): 80-100g/cova.

    A poca da aplicao muito importante para o sucesso docontrole. Para as espcies do gnero Quesada as aplicaes devemser feitas a partir de setembro, estendendo-se at dezembro. Para asespcies menores o controle deve ser iniciado em dezembro,estendendo-se at maro. Iniciar o controle quando se constatar a

    presena de aproximadamente 15 a 20 ninfas por cova de caf. importante observar que a eficincia desses produtos

    depende da umidade do solo. Na ocasio da aplicao o solo deverestar livre de ervas daninhas.

    7. MOSCA DAS RAZES

    Chiromyza vittata

    Barbiellinia bezzi

    (Fotos 42 e 43)

    Esta praga uma pequena mosca (berne) com 1,5 a 2,5 mm

    de comprimento, cuja revoada ocorre em fevereiro/maro e maio/junho.

    uma praga polfaga que ataca vrias culturas.

    Encontra-se disseminada nas principais regies cafeeiras dopas, especialmente na Zona da Mata, Jequitinhonha, Sul e Oeste deMinas Gerais, Sul do Esprito Santo e Bahia. Recentemente foiconstatada em caf conillon.

    Os maiores problemas ocorrem em regies de altitudeselevadas e solos hmicos.

    As larvas, de colorao branca, creme e escura, locomovem-se rapidamente no solo, atacando as razes finas e grossas do

    cafeeiro, fazendo furos e alimentando-se da casca das razes.A abertura de ferimentos facilita a penetrao de fungos

    (Fusarium) e outros microrganismos, agravando o problema.

    comum encontrar-se 300 a 500 larvas por cova de caf.

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    O ataque promove o rpido definhamento do cafeeiro comreduo do crescimento, seca de ramos e acentuada queda deproduo.

    CONTROLE

    O controle o mesmo recomendado para cigarras.

    A maior eficincia do controle poder ser obtida com aplica-

    es efetuadas no perodo chuvoso, quando as larvas emergem doperfil do solo, mantendo-se mais prximas superfcie devido aoencharcamento do solo, entrando mais facilmente em contato com osprodutos inseticidas.

    Observao: O uso de misturas de inseticidas e fungicidasgranulados sistmicos no controle simultneo do bicho mineiro eferrugem reduz a infestao de cochonilha, cigarras e mosca da raiz.

    8. CAROS

    8.1. CARO VERMELHO

    Oligonychus ilicis

    (Foto 44)

    um pequeno aracndeo de aproximadamente 0,5 mm decomprimento. As fmeas so de colorao vermelho-escura e osmachos mais claros e menores.

    Atacam as folhas do cafeeiro, especialmente os ponteiros dasplantas e podem ser vistos a olho nu, movimentando-se rapidamentesobre as folhas.

    O ataque ocorre geralmente em reboleiras e as plantasatacadas se apresentam com as folhas de colorao bronzeada, sem

    brilho, observando-se finas teias tecidas na face superior das folhas.Se no houver controle poder tomar a lavoura toda.

    A maior incidncia ocorre nos meses de inverno e veranicos(perodos secos). Chuvas intensas diminuem sensivelmente apopulao dessa praga.

    O uso de inseticidas piretrides e o excesso de fungicidascpricos contribuem para o aumento da populao desse caro.

    As regies mais quentes e secas apresentam maioresproblemas de ataque do caro vermelho. As folhas diminuem detamanho, h reduo da atividade fotossinttica da planta, queda defolhas e perdas na produo. O caf conillon tem se mostrado mais

    suscetvel ao ataque do caro vermelho, que ocorre tambm sobreos frutos.

    8.2. CARO BRANCO

    Polyphagotarsonemus latus

    (Foto 45)

    vulgarmente conhecido como caro da rasgadura ou carotropical. uma praga polfaga que ataca tambm o algodo, o mamo,a batatinha e a seringueira, alm de outras culturas de menorimportncia econmica.

    de colorao branco leitosa, muito pequeno (0,15-0,20 mmde comprimento) e dificilmente visto a olho n.

    uma praga fotossensvel, vivendo por isso na pgina infe-rior das folhas, principalmente nas mais novas. Ataca viveiros eplantas no campo. Movimenta-se com extrema rapidez e a sua

    populao atinge altos nveis na poca do vero.

    As folhas atacadas ficam recurvadas e encrespadas pelocrescimento desuniforme do limbo foliar, evoluindo para necroses,fendas e rasgaduras: folhas deformadas e speras. H pequenaqueda e reduo do tamanho de folhas.

    8.3. CARO PLANO OU CARO DA LEPROSE

    Brevipalpus phoenicis(Fotos 46 e 47)

    Este caro pode ser confundido com o caro vermelho porapresentar a mesma colorao. So, no entanto, menores (0,30 mm decomprimento) e achatados dorso-ventralmente, apresentando umamancha prata no centro das costas. Escondem-se da luz.

    Vivem em ambas as faces da folha, mas no tecem teias.Atacam tambm os ramos e os frutos.

    uma praga cosmopolita e polfaga que ataca mais de 100 es-pcies vegetais. Nos citros transmite a leprose e a clorose zonada.Transmite tambm a mancha anular doLigustrun.

    Este caro vetor do patgeno da mancha anular, causadapor vrus do grupo Rhabdovirus Coffee Ringspot Virus (CoRSV),tendo sido constatado com maior freqncia no Tringulo Mineiroe Alto Paranaba, embora tenha sido encontrado nas diversasregies cafeeiras do pas atacando caf arbica e robusta.

    Nas folhas aparecem manchas clorticas em forma de anisconcntricos e manchas estreitas alongadas junto s nervuras, quepodem ficar necrosadas.

    Nos frutos essas manchas se tornam deprimidas e hdeformao do pericarpo. Aparecem leses em forma de cortia.Ataques severos causam grande desfolha, mumificao e queda de

    frutos. comum encontrar-se caros e ovos no pednculo e coroado fruto.

    Nos ramos que no apresentam folhas encontram-se carose grande nmero de ovos.

    A maior quantidade de caros encontrada no tero inferiore interno das plantas, para onde deve ser direcionado o controle.

    Esses caros predispem a planta ao ataque de fungos:Colletotrichum, Phoma e Fusarium, agravando o problema.

    Normalmente h ocorrncia de caros predadores EuseiusalatuseIphiseiodes zuluagaique promovem um aumento na eficinciado controle. Por esta razo deve-se dar preferncia a produtosseletivos em favor do controle biolgico no manejo integrado de

    pragas.Como a maior infestao se d no perodo seco, com grande

    quantidade de ovos nos ramos e frutos, o controle deve ser feitonessa poca com produtos de ao ovicida e seletivo aos carospredadores. Inseticidas base de Dissulfotom, Ethion e Parathionmetlico so seletivos aos caros predadores. Inseticidas base deClorpyrifs so txicos a eles.

    CONTROLE QUMICO

    feito atravs de inseticidas-acaricidas:

    Calda sulfoclcicaDicofol - Dicofol Agripec: 200 ml/100 l gua

    - Dicofol Fersol 185 SC: 200 ml/100 l gua

    - Dicofol Fersol 480 SC: 75 ml/100 l gua

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    Dicofol - Dicofol Milenia CE: 200 ml/100 l gua

    - Dicofol Nortox: 200 ml/100 l gua

    - Dicofol Nortox 480 CE: 75 ml/100 l gua

    - Dik 185 CE: 200 ml/100 l gua

    - Kelthane CE: 200 ml/100 l gua

    - Kelthane 480: 77 a 100 ml/100 l gua

    - Tricofol CE: 77 a 100 ml/100 l gua

    Clorpyrifs-etil - Lorsban 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha

    - Clorpyrifs Fersol 480 BR: 1,0 a 1,5 l/ha

    - Vexter: 1,0 a 1,5 l/ha

    Dicofol + Tetradifon - Carbax: 200 ml/100 l gua

    Tetradifon - Acardifon: 200 ml/100 l gua

    - Tedion 80: 300 ml/100 l gua

    Enxofre - Enxofre Fersol 520 SC: 240 ml/100 l gua

    - Enxofre PM Agripec: 3 a 4 kg/ha

    - Kumulus DF: 300 a 500 ml/100 l gua- Microsulfan 800 PM: 5 l/ha

    - Microzol: 1,5 a 3,0 l/ha

    - Nutrixofre 800: 3 a 5 kg/ha

    - Sulficamp: 700g /100 l gua

    - Sulflow SC: 250 a 300g/100 l gua

    - Thiovit Sandoz: 3 a 6 kg/ha

    Endosulfan - Dissulfan CE: 1,5 l/ha

    - Endosulfan AG: 1,5 l/ha

    - Endosulfan Fersol 350 CE: 1,5 a 2,0 l/ha

    - Endosulfan 350 CE Milenia: 1,5 a 2,0l/ha- Thiodan CE: 1,5 l/ha

    Organofosforado - Ethion 500 Rhodia Agro: 1,5 a 2,0 l/ha

    - Hostathion 400 BR: 300 a 500 ml/100 l gua

    - Curacron 500: 0,75 a 1,0 l/ha

    - Dimexion: 0,40: 0,75 l/ha

    Cyhexatin - Hokkocyhexatin 500: 50 g/100 l gua

    - Sipcatin 500 SC: 50 ml/100 l gua

    Fenpropathrin - Danimem 300 CE: 200 a 400 ml/l00 l gua

    - Meothrin 300: 200 a 250 ml/100 l gua

    Fenbutatin xido - Tanger: 60 a 80 ml/100 l gua

    - Torque 500 SC: 60 a 80 ml/100 l gua

    - Partner: 60 a 80 ml/100 l gua

    Fenpyroximate - Ortus 50 SC: 100 ml/100 l gua

    - Kendo 50 SC: 100 ml/100 l gua

    Propargite - Omite 300 PM: 250 a 300 ml/100 l gua

    - Omite 720 CE BR: 100 ml/100 l gua

    - Propargite Fersol 720 CE: 100 ml/100 l gua

    Flufenoxuron - Cascade 100: 30 a 100 ml/100 l gua

    Chlorfenapyr- Citrex: 32 a 63 ml/100 l gua

    - Pirate: 1,0 a 1,5 l/100 l gua

    Dinocap - Karathane CE: 50 ml/100 l gua

    Carbosulfan - Marshal 200 SC: 50 ml/100 l gua

    Quinomethionate - Morestan 700: 50 g/100 l gua

    Bromopopilate - Neoron 500 CE: 20 a 40 ml/100 l gua

    Pyridaphenthion - Ofunak: 1,0 a 1,5 l/ha

    Formamidina - Parsec: 150 a 175 ml/100 l guaAzocyclotin - Peropal 250 PM: 100 g/100 l gua

    Diafentiuron - Polo 500 PM: 10 a 15 g/100 l gua

    Acrinathrin - Rufast 50 SC: 10 ml/100 l gua

    Pyridaben - Sanmite: 50 a 75 ml/100 l gua

    Hexythiazox - Savey PM: 3g/100 l gua

    Bifenthrin - Talstar 100 CE: 20 ml/100 l gua

    Prothiofs - Tokuthion 500 CE: 150 ml/100 l gua

    Abamectin - Vertimec 18 CE: 20 a 30 ml/100 l gua.

    Para o caro vermelho podem ser usados acaricidas espe-cficos ou inseticidas comumente usados contra o bicho mineiro.So eficientes tambm as formulaes com enxofre.

    Para o caro branco o produto mais usado o endosulfan.

    Fazer uma aplicao no incio do ataque e repetir, se necessriovinte a trinta dias aps.

    Para o caro da leprose so indicados acaricidas usadospara a mesma praga em citrus. Destes a maioria no est registradapara caf.

    Duas ou trs aplicaes so necessrias, de novembro amaro devendo-se usar pulverizaes em alto volume. O Carbax, oMeothrin e o Morestan so comprovodamente eficientes para ocontrole do caro da leprose.

    9. NEMATIDES

    Meloidogyne exigua

    Meloidogyne coffeicola

    Meloidogyne incognita

    Meloidogyne paranaensis Meloidogyne goeldii

    Meloidogyne hapla

    Pratylenchus brachyurus

    Pratylenchus coffeae

    (Fotos 48 a 50)

    Esta praga tem uma importncia destacada na cafeiculturanacional. A sua influncia na produo do caf bastante varivele depende das condies edafoclimticas da regio, das prticasculturais adotadas e das espcies presentes.

    Os nematides so pequenos vermes que atacam o sistemaradicular do cafeeiro, reduzindo sua eficincia na absoro de guae nutrientes, com isso reduzindo o desenvolvimento e a produtivi-dade do cafeeiro.

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    O ataque normalmente ocorre em reboleiras e os sintomas naparte area ficam mais evidentes no perodo seco, devido a menorcirculao de seiva causada pela menor quantidade de gua no solo.

    Apresentam ataque mais severo em regies de solo arenoso,solos degradados por manejo inadequado e com baixos teoresde matria orgnica, principalmente com referncia s espciesM. incognita eM. paranaensis em solos de arenito.

    Existem muitas espcies de nematides atacando o cafeeiro,porm as mais disseminadas so as do gneroMeloidogyne e quevm causando os maiores danos. As espcies de maior importnciaso oM. exigua , o M. coffeicola, o M. incognita (quatro ra-as) e oM. paranaensis.

    O M. exigua encontra-se amplamente disseminado nacafeicultura brasileira e tem como plantas hospedeiras o ch, opimento, a melancia, a cebola, a trapoeraba, a tiririca, a guanxuma,a azedinha e a maria pretinha. No um nematide muito agressivoem lavouras bem conduzidas, racionalmente adubadas e localizadasem regies com pouca ou nula deficincia hdrica.

    Produz pequenas galhas nas razes mais finas, com reduodo sistema radicular e a parte area pode mostrar decadncia, comfolhas clorticas e queda de folhas nos perodos mais secos e frios.

    OM. coffeicola causa engrossamento e fendilhamento dasrazes, havendo descolamento dos tecidos corticais. A casca destaca-se e esfarela-se com facilidade, apresentando pontuaes escuras easpecto de cortia. Pode haver morte das razes. No h formao degalhas. Os sintomas na parte area so idnticos aos causados porM.exigua. Este nematide no apresenta problemas em cafeeirosnovos. Os danos comeam a ocorrer em cafeeiros a partir dos 8 anosde idade.

    O M. incognita ataca o caf arbica e o robusta. Alguns

    robustas so tolerantes e outros resistentes a esse nematide. Asgalhas produzidas por esse nematide so menores que as doM.exigua. H engrossamento das razes, com rachaduras e aspectode cortia. Existem quatro raas desse nematide.

    OM. paranaensis apresenta as mesmas caractersticas, osmesmos sintomas e danos doM.incognita.

    O M. incognita e o M. paranaensis so nematides quecausam os maiores prejuzos ao cafeeiro. Sua ocorrncia particularmente importante nas regies de arenito de So Paulo eParan. praticamente impossvel formar cafezais em reas infestadaspor esses nematides quando se usam materiais suscetveis noplantio. A ocorrncia de mais de uma centena de plantas hospedeirasimpede que se faa um controle efetivo desses nematides atravsda rotao de cultura ou controle qumico.

    OM. goeldii foi descrito recentemente e h pouca informaosobre a espcie.

    OM. hapla no tem grande importncia na cultura cafeeira eataca tambm abbora, soja, tomate, alface, fumo, feijo, batata, etc.

    Os nematides do gnero Pratylenchus (P. brachyurus eP. coffeae) so migratrios. Os adultos e larvas entram e saem dostecidos, no se estabelecendo permanentemente. Podem permanecerno solo sem vegetao por cerca de 21 meses. Proliferam em razesde gramneas como o jaragu, o gordura e o pangola. Reduzem osistema radicular, causam clorose foliar, paralisam o crescimento e,em alguns casos, podem matar a planta.

    A disseminao dos nematides feita atravs de mudas decaf infestadas, gua das chuvas, implementos agrcolas e mudas

    de rvores de sombra ou quebra-ventos contaminados, alm docalado dos trabalhadores, principalmente em dias de chuva.

    O controle dos nematides do cafeeiro uma operao difcilde ser realizada. praticamente impossvel erradicar os nematidesde uma rea contaminada. O que se deve fazer mant-los com umapopulao reduzida, que no cause dano econmico.

    Neste aspecto, dois elementos so essenciais: a observao

    e a utilizao de fatores que limitam os nematides e a tolerncia docafeeiro a certos nveis populacionais de algumas espcies denematides.

    Mais dois aspectos so importantes: tanto o caf como ogrande nmero de plantas hospedeiras propiciam um aumentopopulacional dos nematides como oM. incognita , oM. paranaensise oM. caffeicola.

    CONTROLE

    Atravs do conhecimento das espcies e raas presentes nocafezal, da conduo da lavoura e do nvel tecnolgico do cafeicultor

    pode-se programar estratgias de manejo que nos permita apossibilidade de xito na guerra contra os nematides.

    As principais estratgias deste programa so as seguintes:

    MTODOS FITOSSANITRIOS

    a) Uso anterior da rea

    Ao se instalar um cafezal deve-se dar preferncia a reas ondeno se cultivou caf recentemente, ou onde no existiam plantashospedeiras de nematides parasitas do cafeeiro. De qual-quermaneira, convm retirar amostras de solo e razes do cafeeiro (sehouver) e plantas daninhas para anlise nematolgica.

    Deve-se evitar tambm a utilizao de reas que, pela sualocalizao, recebam enxurradas e trnsito de mquinas provenientesde cafezais infestados. No caso de cafezais irrigados, evitar o uso degua que passe por cafezais infestados. Quando o ataque se restringira pequenas reboleiras conveniente a destruio dos focos,eliminando-se as plantas atacadas, e o manejo das plantas vizinhascom matria orgnica e uso de nematicidas.

    b) Mudas sadias

    Como o meio mais eficiente de disseminao dos nematidesa longas distncias atravs de mudas contaminadas, seria ideal que

    cada cafeicultor fizesse as suas prprias mudas. Isto subentende aescolha correta do local do viveiro e da coleta de terra para oenchimento dos recipientes, a desinfeco do substrato e o uso degua de irrigao de boa qualidade. No sendo possvel, procuraradquirir mudas de viveiristas registrados e idneos. Em caso dedvidas, realizar anlise nematolgica nas mudas, mesmo naquelasde produo prpria.

    MANEJO CULTURAL

    O manejo cultural dos nematides pode ser realizado atravsde alguns sistemas como:

    a) Alqueive ou pousio

    uma prtica de uso limitado na cafeicultura. Ela consiste emmanter o solo isento de vegetao por algum tempo, atravs dearaes, gradagens ou uso de herbicidas, visando a eliminao de

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    plantas hospedeiras dos nematides e, com isso, o declnio dapopulao ou erradicao pela falta de alimento, calor excessivo e luzsolar.

    OM. exigua no persiste no solo sem vegetao alm de seismeses. OM. incognita sobrevive no solo sem vegetao alm de seismeses. Experimentos realizados comprovaram que houve apenas27% de reduo desses nematides no perodo de seis meses. Essesistema, portanto, no eficiente para esta espcie.

    No caso doM. coffeicola possvel manter o cafezal com boaprodutividade at a idade de oito anos com rotao mnima ou semdescanso da rea.

    De qualquer maneira, o plantio dos cafezais em reasanteriormente ocupadas por cafeeiros infestados por nematidesno deve ser feita sem descanso.

    b) Conduo do cafeeiro

    Foi comprovado que possvel manter boa produtividadedos cafeeiros atacados porM. coffeicola durante seis anos aps a

    recepa, em lavouras conduzidas racionalmente .No caso de cafezais infestados por M. incognita e M.

    paranaensis, a recepa agrava ainda mais o problema, com os danossensivelmente aumentados.

    O mesmo dever ocorrer para cafezais infestados porM. exigua em solos arenosos, com baixo teor de matria orgnica,localizados em regies com acentuada deficincia hdrica.

    c) Rotao de culturas

    o uso de plantas antagonistas aos nematides visando asua reduo populacional. So plantas-armadilha (o nematide entra

    na raiz, mas no completa o ciclo), ms hospedeiras ou resistentes(o nematide entra mas poucos completam o ciclo) ou plantas comcompostos nematicidas ou nematostticos liberados quandoincorporados ao solo. O uso dessas plantas depende do conheci-mento da espcie de nematide que est presente no cafeeiro e dasplantas hospedeiras presentes. Bons resultados foram obtidos comessa prtica em relao aoM. exigua.

    Algumas espcies de leguminosas e gramneas so anta-gnicas aos nematides do cafeeiro, podendo ser usadas comoadubo verde e incorporadas ao solo. Essas plantas melhoram ascondies fsico-qumicas do solo e a decomposio da matriaorgnica (relao C/N) e favorecem a atividade biolgica, aumentando

    a proliferao de inimigos naturais do nematide. O exemplo tpicode uma boa planta para essa finalidade a mucuna preta, que alia to-das as vantagens acima citadas ao fato de conter nos seus tecidoscompostos nematicidas, quando incorporada ao solo.

    Em reas infestadas peloM. exigua a rotao com culturas demilho, algodo, soja e capim gordura reduzem drasticamente apopulao desse nematide. No caso de infestao porM. coffeicolarecomenda-se a rotao com cultura de milho. Quanto aoM. incognitaa rotao de culturas no tem dado os resultados esperados, apesarda existncia de plantas antagnicas a esse nematide, como a aveia,a Crotalaria spectabilis, a Crotalaria striata, as mucunas preta,cinza e an, o guandu e o cravo de defunto.

    Fatores como a longa persistncia desse nematide no solona ausncia de plantas hospedeiras, o grande nmero de plantashospedeiras e a existncia simultnea de outras espcies denematides devem estar contribuindo para o insucesso dessa pr-tica. As mucunas so suscetveis aos nematides do gnero

    Pratylenchus que, em algumas regies, causam grandes danos aoscafeeiros. J as crotalrias so antagnicas a esses nematides.

    A melhor prtica a integrao de variedades resistentes aM. exigua ,M. incognita eM. paranaensis com a rotao de culturasde leguminosas e gramneas antagnicas a esses nematides.Recomendam-se ciclos de rotao com mucunas e crotalrias durantea primavera/vero e gramneas no outono/inverno, com a finalidadede reduzir drasticamente a populao desses nematides.

    d) Matria orgnica

    um importante instrumento na reduo de nematidesparasitas, no s pela liberao de cidos graxos e amnia(decomposio microbiana), como pelo incremento da populao defungos predadores e outros inimigos naturais, proporcionando ocontrole biolgico, sem falar na melhoria das condies fsico-qumicas do solo, favorecendo o bom desenvolvimento das plantas.

    A adio de 1,5% de torta de mamona no substrato usado nopreparo de mudas p roporcionou um bom controle doM. exiguae do M. incognita.

    A adio de palha de caf no substrato de mudas de caf, naproporo de 3:1 (terra + palha), contribui para a reduo do nmerode galhas por M. exigua.

    Em lavoura infestada porM. incognita eM. paranaensiss a matria orgnica no suficiente para o controle devido altapatogenecidade desses parasitas ao cafeeiro.

    MANEJO GENTICO

    Normalmente se diz que uma planta resistente quando inibea reproduo do nematide. No caso do gnero Meloidogyne, a

    resistncia pode ser especfica a raas ou espcies de nematides.Para trabalhos de melhoramento e enxertia tem-se usado as

    espcies de Coffea canephora (caf robusta), Coffea congensis eCoffea dewevrei, algumas segregando para a resistncia.

    Alguns cruzamentos entre Coffea canephora e Coffeaarabica (Icatu, Sarchimor, Catimor e outras) apresentam plantasresistentes a M. exigua, M. incognita e M. paranaensis, pormsegregantes para essa caracterstica. Algumas plantas do Hbrido deTimor e Catimor so homozigotas para a resistncia aM. exigua.

    Atualmente se usa a enxertia hipocotiledonar com sucesso.Normalmente se usa como porta-enxerto o cultivar de caf robusta

    2258 (IAC - Apoat) com o cavaleiro do caf arbica mais adaptado regio. Embora este porta-enxerto no seja totalmente imune aosnematides citados, a prtica da enxertia propicia um controlesuficiente para uma boa produtividade. O sucesso da enxertia estna dependncia do conhecimento das espcies e raas dos nemati-des presentes na rea.

    Para a espcie M. exigua qualquer robusta pode ser usadocomo porta-enxerto. A linhagem Catuca 785 pode ser indicada aoplantio de p franco.

    MANEJO BIOLGICO

    Os nematides possuem muitos inimigos naturais comofungos, bactrias, protozorios, artrpodes e nematides nema-tfagos, que podem fazer algum controle natural. Destes inimigos,os fungos e as bactrias apresentam maior potencialidade de con-trole.

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    Os fungos do gnero Arthrobotrys, Paecilomyces eVerticillium, que se desenvolvem saprofiticamente no solo,podem reduzir significativamente a populao de nematides,principalmente quando se usa matria orgnica e rotao comleguminosas.

    MANEJO QUMICO

    Tm sido usados nematicidas sistmicos granulados ou decontato (organo-fosforados e organo-carbamatos) para a reduodo nvel populacional de nematides.

    Esses produtos controlam tambm outras pragas do cafezalcomo o bicho mineiro, as cigarras, a cochonilha da raiz e a mosca daraiz. Produtos como o Aldicard, o Corbofuran e o Terbufos tm sidoefetivos no decrscimo da populao de nematides por um perodode trs a quatro meses. Notou-se um aumento considervel naprodutividade de cafezais decadentes e infestados porM. incognita .Deve-se ressaltar, contudo, que essas produtividades so inferioresquando comparadas a de cafezais implantados em solo sem apresena de nematides.

    O uso de produtos qumicos no controle aos nematidesdeve considerar sempre a relao custo/benefcio (produtos caros)e o