12
Eu sou perito judicial num escritório de Direito, e já escutei e li tanta "imbecilidade" de internautas, com relação aos ENCARGOS FINANCEIROS (abusivo/ilegais) que chega doer o ouvido dos OPERADORES DO DIREITO, tamanha a desinformação de alguns. A questão é orientar-se nos Normativos do BACEN ==> Que são Atos normativos que regulam, disciplinam e padronizam o "que pode" e o que "não pode" ser cobrado dos consumidores nos contratos de financiamentos (operações de crédito e arrendamento mercantil). O CDC reveste do conceito de Lei Federal e Especial, e tem supremacia sobre estes atos normativos, em face da hierarquia das normas. Vide abaixo, as Resoluções do BACEN e comentários abalizados e pertinentes. Recentemente em 2011, o Min. LUIS FELIPE SALOMÃO (4ª Turma), proferiu uma decisão que é permitido a TAC e TEC "erroneamente", mas está prestes a ser derrubada através do REsp 1.270.174, pois a 4ª Turma do STJ não analisou profundamente as Resoluções comentadas na decisão GUERREADA, proferindo-a com base de Resoluções e Circulares REVOGADAS a muito tempo. A única TARIFA autorizada pelo BACEN é a Tarifa de Cadastro desde 2007, mas pode ser facilmente decretada como abusiva e nula, pois seu fato gerador é a consulta de dados cadastrais do consumidor aos órgão de proteção de crédito, e tal consulta não representa por um serviço solicitado ou prestado ao consumidor. DA REGULAÇÃO, DISCIPLINACÃO E PADRONIZAÇÃO DAS TARIFAS BANCÁRIAS A regulação e padronização de serviços oferecidos por instituições financeiras tiveram seu marco inicial em 06/12/2007 com a edição das seguintes normatizações do Banco Central do Brasil - BACEN, instituídas pelo Conselho Monetário Nacional - CMN, senão veja:

Calculos Judiciais- Perito

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Calculos Judiciais- Perito

Eu sou perito judicial num escritório de Direito, e já escutei e li tanta "imbecilidade" de internautas, com relação aos ENCARGOS FINANCEIROS (abusivo/ilegais) que chega doer o ouvido dos OPERADORES DO DIREITO, tamanha a desinformação de alguns.

A questão é orientar-se nos Normativos do BACEN ==> Que são Atos normativos que regulam, disciplinam e padronizam o "que pode" e o que "não pode" ser cobrado dos consumidores nos contratos de financiamentos (operações de crédito e arrendamento mercantil).

O CDC reveste do conceito de Lei Federal e Especial, e tem supremacia sobre estes atos normativos, em face da hierarquia das normas.

Vide abaixo, as Resoluções do BACEN e comentários abalizados e pertinentes.

Recentemente em 2011, o Min. LUIS FELIPE SALOMÃO (4ª Turma), proferiu uma decisão que é permitido a TAC e TEC "erroneamente", mas está prestes a ser derrubada através do REsp 1.270.174, pois a 4ª Turma do STJ não analisou profundamente as Resoluções comentadas na decisão GUERREADA, proferindo-a com base de Resoluções e Circulares REVOGADAS a muito tempo.

A única TARIFA autorizada pelo BACEN é a Tarifa de Cadastro desde 2007, mas pode ser facilmente decretada como abusiva e nula, pois seu fato gerador é a consulta de dados cadastrais do consumidor aos órgão de proteção de crédito, e tal consulta não representa por um serviço solicitado ou prestado ao consumidor.

DA REGULAÇÃO, DISCIPLINACÃO E PADRONIZAÇÃO DAS TARIFAS BANCÁRIAS 

A regulação e padronização de serviços oferecidos por instituições financeiras tiveram seu marco inicial em 06/12/2007 com a edição das seguintes normatizações do Banco Central do Brasil - BACEN, instituídas pelo Conselho Monetário Nacional - CMN, senão veja:

RESOLUÇÃO n.º 3.516/07 – 06/12/2007

Veda a cobrança de tarifa de liquidação antecipada de contratos de concessão de crédito e arrendamento mercantil financeiro e estabelece para amortização ou liquidação desses contratos.

RESOLUÇÃO n.º 3.517/07 – 06/12/2007

Dispõe sobre a informação e a divulgação do custo efetivo total correspondente a todos os encargos e despesas de operações de crédito e de arrendamento mercantil financeiro, contratadas ou ofertadas a pessoas físicas.

RESOLUÇÃO n.º 3.518/07 - 06/12/2007 (revogada)

Disciplina a cobrança de tarifas pela prestação de serviços por parte das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.

Page 2: Calculos Judiciais- Perito

CIRCULAR n.º3.371/07 de 06/12/2007 (revogada)

Institui a Tabela Padronizada de Serviços Prioritários e Pacote Básico Padronizado, na forma prevista na Resolução BACEN 3.518/07.

Devido à crescente demanda do setor, o CMN através do BACEN editou novos normativos, alterando e/ou revogando os já existentes com o escopo de “aperfeiçoar e disciplinar” a cobrança de tarifas bancárias pelas instituições financeiras, para PESSOAS FÍSICAS, estando abaixo disposto numa seqüência lógica temporal, fornecendo a exata dimensão “do que pode ou não pode” ser cobrado do consumidor, em contratos de operações de crédito e arrendamento mercantil, são eles: 

CARTA CIRCULAR n.º 3.288/07 – 14/12/2007

Define títulos e subtítulos do COSIFE para registro de tarifas bancárias.

Obs.: O BACEN criou registros contábeis no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIFE).

CARTA CIRCULAR n.º 3.349/08 – 31/10/2008

Na cláusula V alínea “a” e “b” veda a cobrança de tarifa bancária (TEC), realizado por bloquetos/boletos bancários.

RESOLUÇÃO n.º 3.693/09 – 26/03/2009 (revogada)

Veda a cobrança de despesas de emissão de boletos, alterando o art. 1º da Resolução nº 3.518, de 2007.

RESOLUÇÃO n.º 3.919/10 – 25/11/2010 

Revoga as Resoluções n.º 3.518/07 e 3.693/09)

Altera e consolida as normas sobre cobrança de tarifas pela prestação de serviços por parte das instituições financeiras, e o Anexo - Tabela I (Tabela de Tarifas de Serviços Prioritários).

Circular n.º 3.512/11 – 25/11/2010 (Revoga a Circular n.º 3.371/07)

Tabela I - Tabela de Tarifas autorizadas para Serviços Prioritários 

Page 3: Calculos Judiciais- Perito

RESOLUÇÃO n.º 4.021/11 – 29/09/2011

Altera algumas disposições da Resolução BACEN 3.919/10 e o Anexo constante na Tabela I Tabela de Tarifas Autorizadas - Serviços Prioritários)

Obs.: Mantém a vedação da TEC (tarifa de boletos bancários)

A Resolução BACEN 3.518/07 classificou em 04 modalidades os tipos de serviços prestados pelas instituições financeiras a pessoas físicas, são eles:

Essenciais; Prioritários; Especiais; e Diferenciados.

Foram considerados “Prioritários”, os serviços que envolvam operações de crédito e cadastro e arrendamento mercantil, estando as TARIFAS AUTORIZADAS dispostas nos seguintes normativos do BACEN, sena veja:

LEGISLAÇÃO NORMATIVA ATUAL:

Circular BACEN 3.512/10 (revogou a Circular 3.371/07)

Tabela I – Serviços Prioritários, disposta nas Resoluções BACEN 3.919/10 e 4.021/11 (revogou a Resolução 3.518/07)

O único encargo autorizado pelo BACEN é a TARIFA DE CADASTRO para início de relacionamento, e seu fato gerador é exclusivo para:

Realização de Pesquisa em Serviços de Proteção ao Crédito (SPC/SERASA), base de dados e informações do Relacionamento de C/C de depósitos, conta de depósitos de Poupança e Operações de Crédito e de Arrendamento Mercantil. (g.n)

Todavia, em que pese haver autorização do BACEN da cobrança para início de relacionamento, tal tarifa é abusiva; a pesquisa de dados cadastrais nos órgãos de proteção ao crédito não caracteriza serviço solicitado ou prestado ao consumidor, mas tão somente uma análise do negócio para resguardar e minimizar o risco da atividade do REQUERIDO.

Neste sentido, colaciono aresto do PARECER da Ilustre Procuradora do Ministério Público de São Paulo, Dra. Dora Bussab Castelo, in verbis:

“Quando o apelado procede à consulta de dados do consumidor, junto aos órgãos de proteção de crédito e congêneres, não está prestando, a ele, nenhum serviço, mas sim praticando ato inerente à sua atividade, visando, primordialmente, afastar o risco de contratar com um inadimplente em potencial. [...] O consumidor não está obrigado a ressarcir o Banco, de todos os custos que tem que arcar, para poder exercer sua atividade, restringindo-se, a sua obrigação, a pagar pelos que lhe estão ou serão prestados. (g.n)

Page 4: Calculos Judiciais- Perito

(TJSP, AC n.º 0042240-76.2010.8.26.0576, 17ª C. Cível, Rel. Des. RICARDO NEGRÃO, j. 14/02/2012, DJ. 23/02/2012)

O BACEN é uma autarquia federal, tendo como uma de suas competências exclusivas: autorizar e normatizar (Portarias, Circulares e Resoluções, instituídas pelo CMN) além de fiscalizar e intervir nas instituições financeiras “coibindo abusos”.

Tais dispositivos são apenas atos normativos secundários produzidos por autoridades administrativas (STJ - REsp 853.627/PR, Rel. Min. LUIZ FUX, 1ª Turma, j 06.03.2008, DJe 07.04.2008 - p. 262).

De outra banda, o CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR reveste-se do conceito de Lei Federal e Especial; ou seja, se sobrepõe aos atos normativos do BACEN em face da hierarquia das normas, por força de seu caráter Público e Social, trazendo instrumentos protetivos contra cláusulas contratuais desproporcionais e desfavoráveis em face de sua vulnerabilidade.

Nesta senda, importante trazer à baila o disposto no artigo 47 do CDC: “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.

O Colendo Superior Tribunal de Justiça – STJ, já ofertou precedente a cerca da ilegalidade e abusividade da cobrança de tarifas, in verbis:

“(...) A descaracterização da mora ocorre pela cobrança de encargos indevidos, como, no caso concreto, as tarifas de emissão de carnê, de abertura de crédito e a 'bancária', entendimento amparado na jurisprudência pacificada na 2ª Seção do STJ, nos termos do EREsp n. 163.884/RS, Rel. p/ acórdão Min. Ruy Rosado de Aguiar, e REsp n. 713.329/RS, Rel. p/ acórdão Min. Carlos Alberto Menezes Direito". (g.n)

(STJ - AgRg no REsp nº 899.287/RS, 4ª Turma, Min. Rel. ALDIR PASSARINHO JUNIOR - j. 01/03/07, DJe 07/05/2007).

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO. LEGITIMIDADE. ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE TARIFA SOB EMISSÃO DE BOLETO BANCÁRIO. (...)7 - Sendo os serviços prestados pelo Banco remunerados pela tarifa interbancária, conforme referido pelo Tribunal de origem, a cobrança de tarifa dos consumidores pelo pagamento mediante boleto/ficha de compensação constitui enriquecimento sem causa por parte das instituições financeira, pois há “dupla remuneração” pelo mesmo serviço, importando em vantagem exagerada dos Bancos em detrimento dos consumidores, razão pela qual abusiva a cobrança da tarifa, nos termos do art. 39, V, do CDC c/c art. 51, § 1°, I e III, do CDC. 10. Recursos especiais conhecidos em parte e, nesta parte, providos. (destacamos)

(STJ - REsp nº 794.752/MA – 4ª Turma, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. 18/02/2010, DJe 12/04/2010)

Page 5: Calculos Judiciais- Perito

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇAO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FUNDAMENTAÇAO. AUSENTE. DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. INTERPRETAÇAO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. VEDAÇAO. TARIFA DE EMISSAO DE BOLETO BANCÁRIO. ABUSIVIDADE. DEVOLUÇAO DO INDÉBITO EM DOBRO. DEMONSTRAÇAO DE MÁ-FÉ. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF (...) 4. O serviço prestado por meio do oferecimento de boleto bancário ao mutuário já é remunerado por meio da "tarifa interbancária", razão pela qual a cobrança de tarifa, ainda que sob outra rubrica, mas que objetive remunerar o mesmo serviço importa em enriquecimento sem causa e vantagem exagerada das instituições financeiras em detrimento dos consumidores. 5. A cobrança de tarifa dos consumidores pelo pagamento de uma conta ou serviço mediante boleto bancário significa cobrar para emitir recibo de quitação, o que é dever do credor que por ela não pode nada solicitar (art. 319 do CC/02). (...). 7. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte não provido. (g.n)

(STJ - REsp nº 1.161.411/RJ, 3ª Turma, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, j. 11/09/2011, DJe 10/10/2011)

No mesmo sentido, o Excelso Pretório – STF assentou forte e firme posicionamento, acerca da controvérsia, in verbis:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CIVIL. COBRANÇA DE TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO - TAC, DE SERVIÇOS DE TERCEIROS E DE TARIFA DE EMISSÃO DE BOLETO BANCÁRIO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 5º, XXXV, E 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO n.º 287, DA SÚMULA DO STF.1. O agravo de instrumento é inadmissível quando a sua fundamentação não impugna os fundamentos da decisão agravada. Inteligência do Enunciado 287, da Súmula do STF, de seguinte teor: “Nega-se provimento ao agravo, quando a deficiência na sua fundamentação, ou na do recurso extraordinário, não permitir a exata compreensão da controvérsia”.2. In casu, o acordão recorrido manteve decisão assim fundamentada: “(...) no tocante à cobrança do valor de R$ 234,00 (duzentos e trinta e quatro reais e quarenta e oito centavos), destinada a ‘Despesas e Serviços Prestados Por Terceiros’, entendo que assiste razão ao requerente. A cobrança das referidas despesas não encontra amparo em lei ou em atos administrativos do Banco Central do Brasil e se mostra abusiva, na medida em que transfere ao consumidor os custos que devem ser suportados pelo prestador de serviço. Em outras palavras, transfere-se diretamente ao consumidor as despesas de terceirização de serviços contratados pelo prestador. Ora, essas despesas são próprias de quem fornece o serviço e devem estar embutidas no preço contratado, jamais cobradas separadamente. Nesse contexto, configurada a abusividade da cobrança do valor a título de ‘Despesas e Serviços Prestados por Terceiros’, é de se ter como

Page 6: Calculos Judiciais- Perito

nula a disposição contratual a respeito, cuja conseqüência é a restituição do seu respectivo valor ao requerente”.

3. Agravo de que não se conhece.

(STF – ARE nº 665.593/MG – Rel. Min. LUIZ FUX, j. 15/12/2011, DJe-022 DIVULG 31/01/2012 PUBLIC 01/02/2012)

Weber F. Santana - (17) 9741 9593 / 3227 4053

Faço os cálculos da revisão de contratos bancários (financiamento de veículos) e Revisões dos Planos Bresser, Verão, Collor I e II

Atualmente ainda há espaço para recuperar os expurgos do Plano Verão, através de uma distribuição por dependência as AÇÕES CIVIS PÚBLICAS movidas pelo IDEC e que já contém o transito em julgado, podendo o consumidor mover a execução contra 05 bancos até o momento: 

NOSSA CAIXA (atual Banco do Brasil) == Execução definitiva

BANCO DO BRASIL = execução definitiva

BAMERINDUS = Execução definitiva

MERCANTIL DE SÃO PAULO (atual Bradesco) ==> Execução definitiva

ITAÚ = execução provisória.

Se alguém tiver interesse, ligue-me. Podemos combinar valores.

Aqui é um lugar de ajuda mútua, e consegui informações privilegiadas através de NETWORKING (rede de relacionamento) pelo site, indicações, pegando e-mails de muitos advogados.

Se alguém precisar de informações pode me ligar.

(17) 9741 9593 / 3227 4053 (São José do Rio Preto/SP)

Page 7: Calculos Judiciais- Perito

JURISPRUDENCIA

Atualmente quase todas as concessionárias e financeiras, no ato de assinatura de contrato de financiamento (leasing, alienação fiduciária, dentre outras modalidades) de veículo novo ou semi-novo, vem cobrando tarifas/taxas ilegais embutidas no contrato.

Exemplo de tarifas/taxas que são ilegais:

- Tarifa de cadastro ou de renovação;– Taxa de abertura de cadastro;– Seguro de proteção financeira;– Serviços de terceiros;– Gravame eletrônico;– Registro de contrato;– Promotora de vendas;– Tarifa de avaliação de bem;– Taxa de emissão de boleto;– Outras semelhante.

Caso você assine ou tenha assinado um contrato de financiamento nos últimos 3 anos, é possível entrar na Justiça e pedir a restituição do valor pago pelas tarifas acima citadas, com juros e correção monetária, conseguindo, ainda, indenização por danos morais em alguns casos.Para maiores informações entre em contato com nosso escritório e lhe informaremos todo o necessário para ajuizar esta ação.Como exemplo, mencionamos duas de muitas decisões do Tribunal de Justiça :

“0001818-57.2011.8.19.0014- CONSELHO RECURSAL CÍVEL1ª EmentaJuiz(a) FLAVIO CITRO VIEIRA DE MELLO – Julgamento: 09/06/2011Íntegra da decisão

CONSELHO RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS RECURSO: 0001818-57/2011 RECORRENTE: WILIS DA SILVA BORGES RECORRIDO: BV FINANCEIRA S/A CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO VOTO COBRANÇA INDEVIDA DA “TARIFA   DE CADASTRO”  DE R$40,00 (FLS.10) EM FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. ANALOGIA A PRECEDENTE DE ÂMBITO COLETIVO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO 2009.001.001650-4 AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PERANTE A 7ª VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TUTELA DOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – PUBLICADO EDITAL DO ART. 94 DO CDC ART. 5º PAR. 5º DA LACP – LIMINAR CONCEDIDA PARA “SUSPENDER, EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL, A EFICÁCIA DA CLÁUSULA CONTRATUAL QUE PERMITE AO BANCO ITAÚ COBRAR DE SEUS CLIENTES A TARIFA PARA RENOVAÇÃO DE CADASTRO, DETERMINAR QUE A RÉ SE ABSTENHA DA PRÁTICA DE COBRAR DE SEUS CLIENTES, EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL, A TARIFA PARA RENOVAÇÃO DE CADASTRO, NO PRAZO DE 24 HORAS A CONTAR DA INTIMAÇÃO DESTA DECISÃO, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA POR EVENTO DE R$1.000,00 (MIL REAIS) – COISA JULGADA ERGA OMNES À LUZ DO ART. 104 DO CDC. SENTENÇA DE FLS. 44/46 DO II JEC DE PETRÓPOLIS QUE JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO. RECURSO DO AUTOR COM GRATUIDADE DEFERIDA ÀS FLS. 55. merece reforma a decisão a quo que deixou de fixar indenização pedagógica, ao enquadrar a lesão como “mero aborrecimento”. É certo que, como direito fundamental, o legislador constituinte estabeleceu ao

Page 8: Calculos Judiciais- Perito

Estado a promoção da defesa do consumidor (artigo 5º, XXXII da CF). Desta forma, sendo a Constituição Federal o fundamento de validade do CODECON, o desrespeito às suas normas, mais que uma ilegalidade, tem caráter de inconstitucionalidade. Assim, o direito e a proteção ao consumidor figuram como pressupostos da construção de uma sociedade na qual se busca a diminuição das desigualdades, com vistas a caminhar-se para a construção de um Estado justo e solidário. Neste sentido, a Lei 8078/90, ao tratar da política nacional de relações de consumo, em seu artigo 4º, estabelece por objetivo ´o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo(.)´ atendidos determinados princípios. Dentre estes princípios, no caso, é pertinente citar aquele constante do inciso III, do mencionado artigo 4º, que dispõe sobre a ´harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico (.) de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores´. Ademais, o artigo 6º da mesma lei, ao elencar os direitos básicos do consumidor, destaca no inciso IV a proteção ´(.)contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços´. Prosseguindo a análise do CODECON, naquilo que seja atinente à presente demanda, tem-se ainda as disposições previstas nos artigos 39, V e 51, I, IV e § 1º, que tratam das práticas e cláusulas abusivas. Os princípios e regras acima referidos norteiam o exame da questão em julgamento, indicando a solução a ser adotada no caso em apreciação. Na   hipótese, verifica-se a ocorrência da cobrança da tarifa ilegal razão pela qual há necessidade de fixação da indenização pedagógica, porque a ausência de apenação do forncedor ou sua fixação em valor irrisório esvazia o conteúdo pedagógico da indenização. Na mensuração da indenização do dano moral, deve valer-se o julgador da lógica do razoável, evitando a industrialização do dano moral, razão pela qual arbitra-se a indenização em R$ 2.000,00, com correção e juros a contar da publicação do acórdão. Pelo exposto, voto pelo provimento do recurso para, reformando a sentença de fls. 12 fixar a condenação do Banco Santander em R$ 2.000,00 com correção e juros a contar da publicação do acórdão, valor que deverá ser corrigido e acrescido de juros do artigo 406 do CC/02 a contar da publicação do acórdão, devendo tal quantia ser depositada em até 15 (quinze) dias a contar do trânsito em julgado desta, sob pena de multa de 10% do valor fixado na forma do art. 475-J do CPC c.c Enunciado Jurídico n° 08 oriundo do VIII Encontro de Juizado Especiais Cíveis e Turmas Recursais, publicado através do Aviso nº 36/2006″. Sem custas e honorários, por se tratar de um recurso com êxito. Rio de Janeiro, 09 de junho de 2011 Flávio Citro Vieira de Mello Juiz Relator”

“0110533-72.2010.8.19.0001- CONSELHO RECURSAL CÍVEL1ª EmentaJuiz(a) EDUARDA MONTEIRO DE CASTRO SOUZA CAMPOS – Julgamento: 14/06/2011Íntegra da decisão

Relação de consumo – responsabilidade objetiva – inversão do ônus da prova – contrato de financiamento de veículo - cobrança indevida de tarifa de cadastro de serviços de terceiro e de inserção de gravame – sentença julgou extinto o feito sem julgamento de mérito – aplicação do disposto no art. 515, parágrafo 3º, do CPC – causa madura – postula a revisão das cláusulas contratuais – aplicação do disposto no art. 51, XII, do Código de Defesa do Consumidor – valores de fls. 03 indevidamente cobrados – mister a emissão de novo carnê – danos morais caracterizados. Isto posto, conheço do recurso e dou provimento ao mesmo para anular a decisão de fls. 54 e aplicando-se o disposto no art. 515, parágrafo 3º, do Código de Processo Civil para condenar a parte ré na emissão de novo carnê, excluindo as tarifas mencionadas às fls. 03, em dez dias, contados da publicação do presente, sob pena de multa diária de R$ 50,00, além de R$ 1.000,00 de danos morais, atualizados a contar desta data. Sem sucumbência.”