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Calendário Sindibancários 2015 - Lutas e revoluções populares na América Latina

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O Calendário 2015 - Lutas e revoluções populares na América Latina foi desenvolvido pelo Estúdio Cosmonauta para o Sindicato dos bancários do Espírito Santo. Os povos da América Latina compartilham, desde a invasão dos europeus, uma história semelhante de resistência e luta. Primeiro, resistência à dominação cultural, à extração de seus recursos naturais e ao genocídio de seu povo; Depois, resistência à submissão política e econômica ao capital estrangeiro. Infelizmente, nos documentos oficiais essa história muitas vezes nos é negada, subtraída de nossa memória individual e coletiva. Foi lutando que o povo latino-americano se forjou, no Brasil e nos demais países do continente. Por isso, em 2015, o calendário do Sindibancários/ES relembra momentos e pessoas que ajudaram a construir essa história, com o intuito de que o exemplo diário dos lutadores e lutadoras do passado nos ajude a construir a narrativa do presente sob o olhar da classe trabalhadora.

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Capa

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Calendário 2015 – Lutas e Revoluções Populares na América Latina

Os povos da América Latina compartilham, desde a invasão dos europeus, uma história semelhante de resistência e de luta. Primeiro, resistência à dominação cultural, à extração de seus recursos naturais e ao genocídio de seu povo; Depois, resis-tência à submissão política e econômica ao capital estrangeiro.

Infelizmente, nos documentos oficiais essa história muitas vezes nos é negada, subtraída de nossa memória individual e coletiva. Foi lutando que o povo latino-americano se forjou, no Brasil e nos demais países do continente. Por isso, em 2015, o calendário do Sindibancários/ES relembra momentos e pessoas que ajuda-ram a construir essa história, com o intuito de que o exemplo diário dos lutadores e lutadoras do passado nos ajude a cons-truir a narrativa do presente sob o olhar da classe trabalhadora.

Esse calendário tem como referência principal a publica-ção do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) – Agenda NPC 2014: Lutas e Revoluções Populares na América Lati-na –, instituição para a qual deixamos nosso agradecimento.

Page 3: Calendário Sindibancários 2015 - Lutas e revoluções populares na América Latina

1 - Ditaduras e resistência2 - Revoluções Populares3 - Mulheres na luta4 - Resistências dos indígenas e povos originários5 - Resistência dos trabalhadores 6 - Arte e cultura de resistência7 - Revoltas populares8 - A Força dos estudantes9 - Greves dos trabalhadores10 - Combate ao imperialismo11 - Resistência negra12 - Governos populares

Eixos mensais:

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Capa janeiro

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Calendário janeiro

1 – Dia mundial da Paz Triunfo da Revolução Cubana12 – Aniversário do Sindibancários/ES – 81 anos24 – Dia do aposentado

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Nos anos de 60 e 70, com a influência e o apoio dos EUA, vários paí-ses latino-americanos sofreram duros golpes civis-militares. Os regimes ditatoriais foram caracterizados por repressão, perseguição política e assassinato de milhares de pessoas. Foi a resistência do povo latino-americano que derrubou os ditadores. Alguns dos países que sofreram com a ditadura foram:

Brasil – Em 01 de abril de 1964 iniciou a ditadura civil-militar no Brasil com a deposição do presidente João Goulart. Durante 21 anos, oposi-tores do regime foram perseguidos, presos, exilados ou assassinados, e a forte censura fechou veículos de comunicação. Em 28 de março de 1968, a polícia assassinou à queima roupa o estudante Édson Luis, no Rio. Sua morte deu início a manifestações contra a ditadura em todo Brasil, que foram violentamente reprimidas. Em 83 teve início a cam-panha das Diretas Já, exigindo eleições diretas para presidente. A dita-dura chegou ao fim em 1985.

Argentina – O início da ditadura no país foi em 24 de março de 1976, com o terrorismo de Estado e genocídios até 1983. A luta contra a opressão resultou no desaparecimento de cerca de 30 mil pessoas, segundo defensores dos direitos humanos. Em 1977, teve início o mo-vimento das Mães da Praça de Maio. As corajosas manifestantes or-ganizavam atos semanalmente em frente à Casa Rosada para exigir notícias dos filhos desaparecidos na ditadura, e muitas também desa-pareceram meses depois. Os atos se repetem até os dias de hoje.

Paraguai – Por 35 anos o Paraguai viveu sob o regime da ditadura militar. O golpe foi em 04 de maio de 1954, quando sob o poder do

Ditaduras e resistência

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general Stroessner, quase 20 mil paraguaios foram detidos por luta-rem pela democracia e liberdade. Cerca de 430 foram executados ou ficaram desaparecidos. Os principais grupos armados de resistência foram o Movimento 14 de maio e a Frente Unida de Libertação Na-cional.

Guatemala – Financiado pela CIA, o golpe de Estado forçou o pre-sidente Jacobo Arbenz a renunciar em 27 de junho de 1954. Assumiu o ditador Castillo que, imediatamente, extinguiu o direito ao voto dos analfabetos e cancelou a Lei da Reforma Agrária, obrigando os cam-poneses a abandonarem suas terras recém adquiridas. O golpe pro-vocou a reação de diversos movimentos populares no país.

Uruguai – Em 26 de junho de 1973, teve início a ditadura militar, que durou até 1985. No primeiro dia do regime ditatorial, 5 mil pessoas fo-ram presas. O período foi marcado pela proibição de partidos políticos e sindicatos, perseguição, tortura e execução dos opositores ao regi-me. Em 12 anos de ditadura, cerca de 200 militantes desapareceram.

Chile - Em 02 de julho de 1973, cerca de 800 mil pessoas realiza-ram uma manifestação em Santiago do Chile para pedir ao presidente Salvador Allende que decretasse o Estado de Sítio, impedindo o gol-pe militar. O golpe veio em 11 de setembro daquele ano e pôs fim às transformações democráticas e ao caminho de soberania trilhado pelo povo chileno. Allende morreu no Palácio de La Moneda, que foi cercado e bombardeado pelo exército golpista. Milhares de pessoas morreram e desapareceram nos meses seguintes.

Cuba - A ditadura de Fulgêncio Batista teve início em 1953. Em 26 de julho do mesmo ano, rebeldes comandados por Fidel Castro assaltaram o Quartel Moncada, em Santiago de Cuba, para tomar as armas e distribuí-las à população. O levante foi reprimido e fracassou. Em 01 de janeiro de 1959, os trabalhadores cubanos, liderados por Fi-del, Che Guevara, Raúl Castro, Camilo Cienfuegos, tomaram o poder, derrubando a ditadura de Batista e derrotando o projeto de dominação dos EUA sobre as Américas.

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El Salvador – Desde a década de 30, o povo salvadorenho enfren-tou a opressão de vários ditadores. Nos anos 60 e 70, iniciou no país uma ditadura militar apoiada pelos EUA. Dentre os movimentos de luta contra esse regime, destacaram-se a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, criada em 1980 a partir do assassinato do arce-bispo Osca Romero pelo Exército. A ditadura terminou em 1992, com a vitória da guerrilha organizada pela Frente, que forçou um acordo de paz que incluiu uma nova Constituição e a desmilitarização do regime.

Bolívia – O país sofreu o golpe militar em 21 de agosto de 1971. Or-questrado pelo coronel Hugo Bánzer, o golpe derrubou o governo po-pular de Juan José Torres, acusado de ser comunista pelo governo dos EUA. Dezenas de trabalhadores e estudantes foram massacrados e as liberdades civis e sindicais foram limitadas.

Peru – Liderado pelo general Juan Velasco Alvarado, o golpe militar foi em 1968. Mas esse regime, que seguiu até 1975, teve características peculiares, como um governo anti-imperialista e que iniciou a reforma agrária. Em abril de 1992, o então presidente Alberto Fujimori deu gol-pe no Estado, dissolveu o Congresso e prendeu os líderes da oposição, iniciando uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina. Em meio a intensas manifestações, Fujimori fugiu para o Japão em 2000. Em 2005 ele aparece no Chile, mas é extraditado e condenado a 25 anos de prisão por violação de direitos humanos e corrupção.

República Dominicana – Com apoio dos EUA, o país, que estava sob o governo de Juan Bosch, sofreu um golpe de Estado em 25 de setembro de 1963. O governo de Bosch pretendia favorecer os cam-poneses e os trabalhadores. Além de ter sido afastado do poder, Bosch foi levado para o exílio em Porto Rico.

Operação Condor – Foi uma articulação entre as ditaduras milita-res da América do Sul orientada pela CIA. A função foi exterminar os grupos de esquerda de países como Brasil, Uruguai, Argentina e Chi-le. O projeto resultou no assassinato e desaparecimento de inúmeros

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combatentes pela democracia e liberdade.

Escola das Américas – Na Guerra Fria, foi criada em países da América Latina a Escola Superior de Guerra, para dar continuidade à política dos EUA. Em 1946, os EUA criaram a Escola das Américas, no Panamá, que em 1984 foi transferida para a Georgia, nos EUA. Em quase 70 anos, a instituição treinou mais de 60 mil soldados na América Latina, ensinando técnicas de tortura, inteligência militar e preparação para golpes militares no continente. Hoje, a escola é chamada de Insti-tuto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação de Segurança e treina por ano mais de mil soldados, além de agentes de sabotagem e de propaganda, de diversos países.

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Capa fevereiro

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Calendário fevereiro

17 – Carnaval

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No século XX, vários países latino-americanos vivenciaram longos períodos de governos ditatoriais. O enfrentamento do povo a esses poderes dominantes foi por meio de revoluções armadas e com ações de cunho político, sendo as principais:

Cuba – Em 01 de janeiro de 1959, os trabalhadores cubanos, li-derados por Fidel Castro, Che Guevara, Raúl Castro, Camilo Cien-fuegos, tomaram o poder, derrubando a ditadura de Batista e der-rotando o projeto de dominação dos EUA sobre as Américas. O exemplo da Revolução Cubana se espalhou por todo mundo e deu novas forças à luta popular no continente.

México – Iniciada em 20 de novembro de 1910, a Revolução Me-xicana foi em defesa do direito dos indígenas e camponeses de acesso à terra. O líder inicial do movimento foi Francisco Madero, que recebeu apoio popular dos líderes revolucionários, como Emi-liano Zapata, Pancho Villa e Pascual Orozco. Nesta primeira fase, a Revolução saiu vitoriosa em 1911, com a renúncia do ditador Por-fírio Díaz, há 36 anos no poder. Madero assumiu o poder, mas não

Revoluções populares

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fez as reformas esperadas pelo povo e enfrentou a oposição dos revolucionários, liderados por Zapata, Villa e outros. Após a morte de Zapata, em abril de 1919, e de Villa, em 1923, o processo revo-lucionário chegou ao fim.

Nicarágua – Em 1961, nasceu a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que liderou a Revolução Sandinista na Nicarágua contra a ditadura da família Somoza, com ações armadas e políti-cas. O triunfo da Revolução foi em 1979, com a derrota de Somo-za. O objetivo da Revolução foi de promover mudanças profundas na Nicarágua, como a reforma agrária, o fim do analfabetismo e a criação de sistemas públicos de saúde e educação.

Bolívia – Camponeses e mineiros bolivianos, em 1952, derru-baram o governo de Hugo Ballivian, representante dos grandes magnatas das minas de estanho no país, no movimento que ficou conhecido como Revolução Boliviana. As primeiras medidas após a vitória dos revolucionários foram a reforma agrária e a nacionali-zação dos recursos naturais.

Guatemala – Em junho de 1944, teve início uma série de ações populares contra o governo do General Ponce Vaides. Em outubro daquele mesmo ano, as ações resultaram na Revolução de Outu-bro e os revolucionários derrubaram o poder do General Vaides. Uma junta assumiu o governo do país e instituiu direito ao voto a mulheres e a analfabetos. O novo governo teve um caráter nacio-nalista, que pretendia combater as oligarquias e monopólios esta-dunidenses.

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capa março

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calendário março

8 – Dia Internacional da Mulher 19 – Insurreição de Queimado – 166 anos 21 – Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial

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As mulheres se organizaram pelo fim da opressão de gênero e lutaram lado a lado com os homens em prol da libertação do povo latino-americano. Muitas deram a vida pela classe trabalhadora.

Equador - Manuela León, ao lado de Fernanda Daquilema, foi uma das principais dirigentes da revolta de milhares de índios contra a cobrança de dízimos e a exploração de sua força de trabalho. Em 1872, ela foi fuzilada por ordem do presidente Moreno.

Nicarágua - Em 14 de janeiro de 1988 morreu a nicaragüense Nora As-torga, integrante da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). As mu-lheres tiveram um importante papel na derrota da ditadura de Somoza. Em 1987, 67% delas estavam nos comitês de defesa sandinista e 26,8% filiadas à FSLN.

Porto Rico - No dia 1º de março de 1954, Lolita Lebron e outros três na-cionalistas abriram fogo contra o prédio do Congresso Parlamentar dos EUA para chamar a atenção para a situação colonial de Porto Rico. Antes de atirar, gritaram “Porto Rico Livre”. Como consequência, passaram 25 anos presos.

Brasil - Em 08 de março de 2006, mulheres da Via Campesina ocuparam as instalações da multinacional Aracruz Celulose em Barra de Ribeiro/RS para denunciar as conseqüências da monocultura e da exploração predatória dos recursos naturais pela empresa.

Mulheres na luta

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Brasil - Em Alagoa Grande/PB, nas terras que foram palco das Ligas Cam-ponesas, foi assassinada, em 12 de agosto de 1983, a mando dos latifundi-ários, Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

Costa Rica - Em 1842, Francisca Carrasco se destacou nas rebeliões con-tra o governo ditatorial de Francisco Morazán. Conhecida como Pancha, também lutou pela expulsão das tropas estadunidenses da Costa Rica. Em 1994 foi considerada Defensora das Liberdades Pátrias pelo governo cos-tarriquenho.

Colômbia - Policarpa Salvarrieta, aos 21 anos, foi fuzilada em 14 de no-vembro de 1817 pela Coroa Espanhola durante o processo de independên-cia na Nueva Granada. A jovem dedicou a vida à libertação da Colômbia. O dia de sua morte se tornou o Dia da Mulher Colombiana. Rosa Peña, Mercedes Reyes, Carlota Armero e Antonia Santos também foram mortas por lutar pela liberdade de seu país.

Rep. Dominicana - As irmãs Mirabal, conhecidas como “Las Maripo-sas”, lideraram um grupo de oposição à ditadura de Trujillho. Elas foram assassinadas em 25 de novembro de 1960, o que provocou uma reação popular que culminou no assassinato do ditador. A data se tornou o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulher.

Cuba - Criado em Sierra Maestra em setembro de 1958, o pelotão “Ma-riana Grajales” foi formado por mulheres guerrilheiras e participou dos com-bates que levaram à Revolução Cubana. Integraram o movimento Haydée de Santamaria, Celia Sánchez, Melba Hernández e outras.

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Capa Abril

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Calendário Abril

3 – Paixão de Cristo13 – Nossa Senhora da Penha17 – Dia do Massacre de Eldorado de Carajás

19 – Dia de Luta dos Povos Indígenas21 – Tiradentes

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A invasão e domínio dos europeus na América Latina resultaram em um verdadeiro etnocídio dos povos, língua e cultura indígenas que já habitavam o território latino-americano. A resistência desse povo foi marcada por lutas e movimentos, alguns atuantes ainda hoje. Entre eles, destacam-se:

Brasil – Ocorrida em 1834, no Pará, a Cabanagem foi uma revolta de negros, índios e mestiços contra a elite política de ascendência portuguesa e diante da situação de extrema pobreza em que os cabanos viviam. O movimento durou cinco anos.

México - O Exército Zapatista de Libertação Nacional, inspirado nos exemplos do herói nacional Zapata, defende a reforma agrária e os direitos dos indígenas. O movimento também se opõe às políticas neoliberais e ao Nafta, acordo econômico que submete o país aos interesses estrangeiros.

El Salvador - Em 22 de janeiro de 1932, ocorreu a insurreição dos cam-poneses e indígenas. De inspiração socialista, a insurreição se alastrou pelo oeste do país. Cerca de 25 mil pessoas foram mortas e houve o desapare-cimento de povos e línguas da região.

Bolívia - Comandados por Tupac Katari, cerca de 40 mil indígenas cerca-ram La Paz, em 22 de março de 1781. A luta foi pelo fim da escravidão e por um governo eleito pelo povo.

Resistência dos povos indígenas

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Equador - Em 11 de abril de 1992 foi realizada a Marcha dos Indígenas até Quito. Durante 20 dias, cerca de dois mil indígenas marcharam das selvas de Puyo até a capital. Eles conquistaram os títulos legais de 148 comunidades, garantindo a posse de 1,2 milhão de hectares.

Peru - A maior rebelião indígena da América Latina foi em 04 de no-vembro de 1780. Liderados por José Gabriel Condorcanqui, o Tupac Ama-ro II, milhares de mestiços, indígenas, escravos e colonos empobrecidos decidiram desobedecer às exigências e tributos da Coroa Espanhola. A repressão foi brutal e, em 18 de maio de 1781, Tupac Amaro II foi morto pelo governo colonial.

Bolívia - Pelo fim do domínio colonial, 500 fuzileiros e 20 mil indígenas armados com pedras e estilingues e organizados pelos irmãos Ângulo tomaram a cidade de La Paz, em 24 de setembro de 1814. Dois meses depois, os espanhóis retomaram o controle da região.

Guatemala- Em 12 de outubro de 2004, Dia Nacional da Resistência Indígena, cerca de 30 mil índios e camponeses marcharam pelas ruas da cidade da Guatemala exigindo o cumprimento dos acordos de paz e uma política de desenvolvimento rural.

Peru - Em junho de 2009, milhares de indígenas foram reprimidos pelo go-verno Alan Garcia na região de Bagua, norte do país, lutando contra o Tra-tado de Comércio Livre, que concedia o direito de exploração dos recursos naturais a grandes corporações. Mais de 20 manifestantes foram mortos.

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Capa Maio

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calendario maio

1 – Dia do Trabalhador 13 – Abolição da Escravidão no Brasil

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Na luta por libertação, os trabalhadores latino-americanos pegaram em armas e se mobilizaram para enfrentar a opressão dos dominadores. Dentre os movimentos e líderes revolucionários que mais se destacam estão:

Nicarágua – o nicaraguense Augusto César Sandino foi responsável por comandar uma insurreição popular no país, que resultou na primeira derrota das forças invasoras dos Estados Unidos na América, em 1926.

Colômbia - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), criada em 1964, lutou por um país com terra para os camponeses e jus-tiça para todos. Em 1965, foi criado o Exército de Libertação Nacional da Colômbia, uma organização guerrilheira inspirada no sucesso da Revo-lução Cubana. Uruguai - O Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, organiza-do por Raúl Sendic, José Mujica e militantes comunistas, em 1960, lutou contra a desigualdade social no país. O MLN ocupou fábricas, expropriou depósitos de alimentos para distribuição aos pobres, entre outras ações. Brasil - Iniciada em 1912 por caboclos rebeldes nas regiões entre Pa-raná e Santa Catarina, a Guerra do Contestado foi uma luta por terra, trabalho e contra a desigualdade social. A guerra acabou em 1916 com o massacre de milhares de sertanejos.

Resistência dos trabalhadores

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Brasil - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), criado em 1984, é um marco na luta pela reforma agrária. Em março de 1996, cerca de 3 mil famílias acamparam na Fazenda Macaxeira, em Curionópolis/PA, na maior ocupação do MST. Em uma marcha, em abril, as famílias foram brutalmente reprimidas pela polícia de El Dourado dos Carajás, com 19 trabalhadores mortos. O fato ficou co-nhecido como o Massacre de Eldorado de Carajás e a data se tornou o Dia Nacional pela Reforma Agrária.

Peru - A Frente Revolucionária de Ação Socialista, organizada no Peru, lutou pelo estabelecimento de um poder popular e a construção de uma sociedade socialista. Em 1982 a Frente adotou o nome de Mo-vimento Revolucionário Tupac Amaro.

Argentina - o argentino Che Guevara foi um dos grandes líderes revolucionários na América Latina e lutou ao lado de Fidel Castro na Revolução Cubana de 1959. Che liderou o Exército de Libertação Na-cional (ELN) e sonhava com insurreições em toda a América Latina. Foi morto em 08 de outubro de 1967, após ser rendido na Quebrada de Yuro, na Bolívia.

Brasil - A Coluna Prestes, liderada pelo revolucionário comunista Luíz Carlos Prestes, atravessou boa parte do território brasileiro defendendo reformas políticas e sociais no país.

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Capa Junho

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Calendário Junho

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A história de resistência da América Latina também pode ser co-nhecida pelos seus artistas e intelectuais. Através da música, arte, literatura e cinema, muitos protestaram e enfrentaram a opressão social, política e econômica no continente.

Chile - Violeta Parra, nascida em 04 de outubro de 1917, foi com-positora, cantora e artista plástica. Violeta dedicou sua vida e arte à valorização da cultura popular chilena e das lutas populares.

Cuba - A Casa de Las Américas foi criada em 28 de abril de 1959, em Havana, com o objetivo de desenvolver e ampliar as relações culturais entre os povos latino-americanos.

Colômbia - Gabriel García Márquez nasceu em 06 de março de 1927. Foi um ativista político e um dos principais escritores latino-a-mericanos do século XX. Dentre as suas principais obras está “Cem anos de solidão”.

México - Frida Kahlo e Diego Rivera foram importantes pintores mexicanos e ativistas do Partido Comunista, a partir dos anos de 1920.

Chile - Pablo Neruda nasceu em 1904. Foi importante poeta e mili-tante comunista. Em 1950 publicou Canto Geral, coletâneas de poe-mas que apresentam forte conteúdo social e político.

Arte e cultura de resistência

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Uruguai - Eduardo Galeano é jornalista e escritor, nascido em Montevidéu, em 1940. Autor de inúmeras obras literárias, Galeano aborda principalmente temas políticos no contexto histórico da Amé-rica Latina. Uma de suas principais obras é o livro “As Veias Abertas da América Latina”.

Argentina - Mercedes de Souza nasceu em 1935 na Argentina. Apelidada de La Negra, resgatou canções do folclore argentino e da cultura indígena. La Negra também impulsionou o Movimento do Novo Cancioneiro, de inspiração social e críticas às ditaduras do continente.

Argentina - Mafalda, personagem criada pelo argentino Quino, ficou conhecida no mundo inteiro por suas preocupações sociais e políticas. A primeira tirinha de Mafalda apareceu em 1964 na revista Primera Plana.

Brasil - Cândido Portinari, um dos maiores pintores do Brasil, nasceu em 1903, em São Paulo. Suas obras retratam a pobreza e o mundo do trabalho em cores fortes. Foi um militante do PCB e participou da elite intelectual brasileira.

Chile - Victor Rara, músico e ativista político, foi preso em 1973 no Estádio Chile junto com outros professores e estudantes. Membro do Partido Comunista Chileno, foi assassinado no dia seguinte após ser barbaramente torturado. Suas músicas de cunho social são hinos de resistência às ditaduras latino-americanas.

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capa julho

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calendário julho

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O Brasil viveu séculos de dominação colonial e, mesmo após a in-dependência, a elite branca de origem colonial continuou no poder. Diante da situação de opressão econômica, social e política, o povo brasileiro promoveu várias revoltas, dentre elas:

Revolta do Vintém – Ocorreu em 04 de janeiro de 1880, no Rio de Janeiro. O movimento durou quatro dias e foi o primeiro protesto por transporte público no Brasil. Cerca de 4 mil pessoas ocuparam as ruas, ergueram barricadas e incendiaram bondes para protestar contra o reajuste das passagens. Três manifestantes morreram e centenas fica-ram feridos. Após a manifestação, o reajuste foi cancelado.

Revolta do Caldeirão – Foi um movimento dos camponeses, nos anos de 1930, no Ceará. Eles estavam desesperados pela miséria e pela seca, situação agravada pela crise mundial de 1929. A revolta foi brutalmente reprimida em 14 de janeiro de 1938 e estima-se que 400 pessoas foram mortas e que crianças foram raptadas e entregues como domésticas a famílias ricas da Bahia.

Revoltas Populares

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Revolta dos Canudos – Ocorreu de 1896 a 1897 e foi um forte movimento da população que vivia em situação precária, sem terra e explorada por coronéis, no interior da Bahia. Os sertanejos, liderados por Antônio Conselheiro, fundaram o vilarejo de Canudos. O gover-no instituiu várias empreitadas militares contra Canudos, mas foram derrotadas. Em 05 de outubro de 1897, doze mil soldados do Exército invadiram Canudos e massacraram a comunidade matando cerca de 25 mil pessoas, entre elas crianças e idosos.

Revolta Balaiada - Iniciada em 1839, no Maranhão, foi um movi-mento de escravos aquilombados, caboclos e pobres livres mestiços contra os privilégios econômicos da elite dominante da época. A Ba-laiada foi duramente reprimida por tropas comandadas por Duque de Caxias, em 1841. Revolução Praieira - Iniciada em 1848, em Recife, a Revolução se espalhou por toda a província de Pernambuco até a Paraíba. Os revoltosos lançaram um manifesto exigindo voto universal e trabalho como garantia de vida. Após a tentativa de tomar Recife, os revolu-cionários resistiram nas matas até 1850.

Revolta da Chibata – Ocorreu em 1910 na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Militares da Marinha se rebelaram contra as violências cometidas contra os marinheiros rasos. O líder mais conhecido foi o marinheiro João Cândido, imortalizado como Almirante Negro.

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Capa Agosto

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Ao longo da história de resistência, os estudantes também foram impor-tantes e ativos atores, liderando grandes manifestações. Dentre elas, al-gumas marcaram a história pela violenta repressão dos governos e pela força do movimento.

Equador - Massacre contra estudantes secundaristas de Guayaquino, em 02 de junho de 1956. O protesto contra o governo conservador de Camilo Ponce terminou no massacre de cerca de dois mil estudantes, que foram enterrados em valas comuns.

México – O Massacre de Tlatelolco ocorreu dez dias antes do início dos Jogos Olímpicos, no México, em 02 de outubro de 1968. Cerca de cinco mil estudantes protestaram na capital contra o governo e a ocupação militar da Universidade Nacional Autônoma. Mais de 300 estudantes fo-ram mortos.

Brasil – As Jornadas de Junho no Brasil foram uma onda de protestos que cresceu em junho de 2013 nas principais capitais do país. As mani-festações mobilizaram, inicialmente, estudantes contra o aumento das

A força dos estudantes

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tarifas do transporte público. O movimento cresceu e milhares de pes-soas ocuparam as ruas. O movimento conquistou a redução das tarifas de ônibus e no Espírito Santo houve ainda o fim do pedágio na Terceira Ponte. Em 11 de julho, as centrais sindicais e setores organizados da classe trabalhadora promoveram uma grande greve geral.

México – Em dezembro de 2011, dois estudantes mexicanos foram assassinados pela polícia na estrada que leva à cidade de Acapulco. Os estudantes bloqueavam o caminho exigindo uma série de melhoria na qualidade do ensino e dos recursos destinados aos estudantes.

México – Na noite do dia 26 de setembro de 2014, policiais da cidade de Iguala, a mando do prefeito José Luis Abarca, metralharam o ôni-bus em que estavam 43 estudantes, que logo após o fato foram dados como desaparecidos. Indignadas com a falta de reposta do governo diante do caso, milhares de pessoas ocuparam as ruas em várias ci-dades do México, em uma onda de manifestações que tomou conta do país. Os 43 estudantes estavam a caminho da marcha do dia 02 de outubro, em memória do massacre de Tlatelolco, em 1968, e dos estudantes assassinados em 2011. Até início de dezembro de 2014, os estudantes continuavam desaparecidos e não havia resposta do gover-no sobre o caso.

Panamá - Em 09 de janeiro de 1964, estudantes tentaram levantar a bandeira panamenha na Zona do Canal, território que foi cedido aos Estados Unidos. Centenas de pessoas foram mortas pela repressão. A data ficou conhecida como Dia dos Mártires, importante episódio de defesa da soberania do Panamá frente à presença militar dos EUA.

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Capa Setembro

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As greves também foram importantes instrumentos na conquis-ta de direitos dos trabalhadores. Em toda a América Latina, em diferentes momentos, os trabalhadores pararam as atividades e foram às ruas por melhores condições de trabalho e respeito. Dentre os principais movimentos grevistas destacam-se:

Brasil - Greve dos operários paulistas da Fábrica Ford de São Bernardo do Campo/SP, em 22 de junho de 1990. Os grevistas ocuparam a fábrica e reivindicavam o cancelamento das 100 de-missões de ferramenteiros que participaram dias antes da “greve das golas vermelhas”.

Greves dos trabalhadores

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Peru - Greve geral no Peru, no dia 11 de julho de 2007, por me-lhores salários e contra o governo neoliberal de Alan Garcia e a corrupção. O movimento grevista teve início no dia 05 de julho, quando, em várias regiões do país, trabalhadores rurais marcha-ram reivindicando reforma agrária e subsídios para a compra de adubos.

México - Greve de mais de sete mil operários, em 1907, da fá-brica têxtil de Río Blanco, em Veracruz, no México. O movimento grevista foi pela redução da carga horária de trabalho de 13 horas e por melhores condições de trabalho.

Brasil – A primeira greve geral no Brasil foi em 21 de julho de 1983, ainda no período da Ditadura Militar. O movimento teve a adesão de cerca de dois milhões de trabalhadores.

Panamá - O Canal de Panamá, inaugurado em 1914, foi cons-truído ao longo de dez anos e nesse período mais de cem greves e paralisações foram realizadas pelos trabalhadores panamenhos. Os movimentos foram violentamente reprimidos pelos EUA. Em 1977, após vários protestos, foi acordada com os EUA a transfe-rência da soberania do canal para o Panamá em 1999.

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calendário outubro

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Depois de vencer o colonialismo, a luta contra o imperialismo pas-sou a fazer parte da resistência dos povos latino-americanos, de norte a sul do continente. Nicarágua - Em 1926, os EUA invadiram a Nicarágua para instalar no país uma Guarda Nacional. O revolucionário Augusto Sandino se propôs a criar um exército popular para combater os invasores, influenciado pelas ideias da Revolução Mexicana de va-lorização da herança indígena no continente.

Paraguai - Na década de 1860, enquanto Brasil e Argentina importavam até pregos da Europa, o Paraguai estava em pleno desenvolvimento independente do capitalismo inglês e era um “péssimo exemplo” para as demais nações latino-americanas. Por isso, em 1864, foi atacado por Brasil, Argentina e Uruguai a serviço dos interesses da Inglaterra. Os três países assinaram o Tratado da Tríplice Aliança. Foi montada a farsa de que o Paraguai era uma ditadura ameaçadora. A Guerra do Paraguai pôs fim a uma série de reformas sociais em curso no país, como o combate ao analfabetismo, a reforma agrária e a independência econômica e política. Foram seis anos de conflito.

Combate ao Imperialismo

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Cuba - Depois de 12 anos de ocupação, em 1903 os EUA insta-laram uma base militar em Guantânamo após um contrato de ar-rendamento perpétuo. A base se tornou uma terrível prisão com constantes violações de direitos humanos.

Porto Rico - Em 30 de outubro de 1950 ocorreu a Revolução Nacionalista de Porto Rico, que defendia a soberania da ilha frente aos EUA. O Partido Nacionalista organizou o levante em diversas cidades. Alguns manifestantes foram mortos e outros detidos e condenados. Na cidade de Jayuya, os nacionalistas proclamaram a “República de Porto Rico”. Três dias depois, a Guarda Nacional dos EUA atacou a cidade com bombardeios aéreos e pesada ar-tilharia.

Brasil - Durante a Semana da Pátria, em 2002, ocorreu o gran-de plebiscito popular pelo “Não à Alca”. Foram 41.758 urnas e 10.149.542 votos, dos quais 98,5% contra a Alca. O plebiscito foi resultado de uma forte mobilização popular.

Costa Rica - No dia 12 outubro de 2004, ocorreram as Jorna-das de Luta e Resistência dos povos da América Latina contra o neoliberalismo, o FMI e as privatizações. Mais de 30 mil costar-riquenhos saíram às ruas para protestar contra a impunidade, a corrupção e o Tratado de Livre Comércio com os EUA.

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Capa Novembro

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A resistência do povo negro à escravidão e a luta pela igualdade marcou a história da formação brasileira e dos demais países do continente. Brasil - Em 1835, ocorreu a maior revolta urbana de escravos do Brasil, a Revolta dos Malês. Cativos e libertos ligados pela fé islâmica tomaram parte de Salvador/BA e entraram em confronto com as tropas oficiais. Dezenas morreram em combate, outros foram condenados à morte, ao degredo e a castigos físicos.

Haiti - Em 1791, inspirados pela Revolução Francesa, escravos de Saint Domingue (Haiti) iniciaram rebeliões que se estenderam por mais de uma década até conquistar, em 1804, a independên-cia do país. Um dos comandantes do movimento foi Toussaint Louverture, autodidata e filho de escravos domésticos. Em 1804, o exército popular venceu o poderoso exército de Napoleão. O Haiti foi o primeiro país a se tornar livre na América latina após corajosas rebeliões de escravos.

Resistência negra

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Barbados - A Insurreição de Bussa, na Ilha de Barbados, em 1846, foi considerada a primeira rebelião escrava de grandes pro-porções no Caribe, envolveu quase mil revoltados, dos quais 140 foram executados e 123 deportados. A revolta foi assim chamada por causa de seu líder Bussa, africano livre capturado por trafican-tes de escravos e levado para trabalho forçado na América.

Guadalupe - Em 28 de maio de 1802 terminou a maior rebelião de negros contra a tentativa da França de restabelecer a escravi-dão na ilha de Guadalupe. Louis Delgrés e mais 300 companheiros se suicidaram em Matouba para não se entregarem às tropas na-poleônicas. Eles morreram pelo lema “Viva livre ou morra”.

Jamaica - Após várias insurreições de negros jamaicanos, em 1833 foi abolida a escravidão no país. Em 1865 aconteceu a Re-belião de Morant Bay, que exigiu respeito e melhores condições de vida aos escravos libertos. Liderado por Paul Bogle, um grupo marchou até a sede do governo em protesto contra a prisão ilegal de dois negros. A repressão foi violenta: cerca de 440 pessoas foram executadas e 600 condenadas a castigos físicos.

Cuba - Em 1868, o fazendeiro Manoel de Céspedes liberou seus escravos e forneceu armas para lutarem contra o domínio espanhol. Comandando cerca de 200 homens ele proclamou a independência da ilha, iniciando a Guerra dos Dez Anos. Os prin-cipais objetivos foram independência e a abolição da escravidão. O movimento foi derrotado, mas serviu de inspiração a outras lutas por emancipação.

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Capa Dezembro

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Nas últimas duas décadas, a América Latina tem sido palco de ascensão de governos populares que colocam o continente como importante foco de resistência ao imperialismo às políticas neo-liberais. Entre as experiências que se destacam estão os gover-nos de Rafael Correa, no Equador, de Evo Morales, na Bolívia, de Rafael Mujica, no Uruguai, e de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, na Venezuela. Apresentamos a seguir a experiência Venezuelana:

A Venezuela passou por importantes mudanças desde a eleição de Hugo Chávez à presidência, em 1998. Uma de suas primeiras medidas foi a convocação de uma nova Assembleia Constituinte, aprovada por 70% dos venezuelanos em referendo popular, que estabeleceu uma nova ordem constitucional no país.

O setor petroleiro, de grande importância na economia, sofreu intervenção a fim de descentralizar a riqueza gerada pelo pe-tróleo. O governo ampliou o controle público sobre o petróleo e criou um Fundo para o Desenvolvimento Econômico e Social do País (FONDESPA), diretamente ligado ao dinheiro da esta-tal PDVSA (Petróleos da Venezuela), para potencializar sua po-lítica social, fazendo com que os recursos do petróleo fossem destinados à população.

O governo de Cháves também regulamentou a Reforma Agrária,

Governos populares

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distribuindo até 2012 mais de 6,4 milhões de hectares de terra entre 168 mil famílias. As medidas foram seguidas por políticas de financiamento e incentivo à produção agrícola, que envolveram bancos públicos e privados. O volume de produção cresceu 44% desde o início do governo até 2010. Além disso, a partir da renda do petróleo, foram criados programas de alimentação escolar e de distribuição subsidiada de alimentos nas cidades, abastecidos pela reforma agrária.

As políticas sociais tiveram resultado direto na diminuição da po-breza. Segundo dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), entre 2002 e 2011 o percentual da po-pulação em situação de pobreza caiu de 48,6% para 29,5%; e o de indigentes de 22,2% para 11,7%.

Desde 2005, a Venezuela é reconhecida pela Unesco como um Território Livre do Analfabetismo, resultado obtido por meio do Plano Nacional de Alfabetização, que adotou em 2003 o método cubano “Yo, si puedo”, envolvendo mais de 125 mil voluntários venezuelanos no combate ao analfabetismo.

Após a morte de Hugo Cháves, em 2013, Nicolás Maduro, que era ministro do governo, ganha as eleições presidenciais e assume o desafio de dar continuidade ao projeto de luta anti-imperialista e à integração latino-americana.

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