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Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências Avaliação de Tecnologias em Saúde Sumário das Evidências e Recomendação para a Utilização de Angiotomografia Computadorizada das Artérias Coronárias na Doença Arterial Coronariana e na avaliação da Dor Torácica. Porto Alegre, outubro de 2012.

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências Avaliação ... · serviço de emergência por dor torácica aguda inicialmente com eletrocardiograma e troponina normais. Os pacientes

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Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências

Avaliação de Tecnologias em Saúde

Sumário das Evidências e Recomendação para a Utilização de Angiotomografia Computadorizada das Artérias Coronárias na Doença Arterial Coronariana e

na avaliação da Dor Torácica.

Porto Alegre, outubro de 2012.

Câmara Técnica de Medicina Baseada em

Evidências – Unimed RS

Avaliação de Tecnologias em Saúde

Título: Sumário das Evidências e Recomendações

para a utilização de Angiotomografia

Computadorizada de Artérias Coronárias.

Revisores e Consultores: Jonathas Stifft, Fernando H.

Wolff, Michelle Lavinsky, Mariana V. Furtado, Dr. Luis

E. Rohde, Dra. Carísi A. Polanczyk.

Coordenador: Dr. Alexandre Pagnoncelli

Data da Revisão: Setembro/Outubro de 2012

Síntese da Recomendação

Objetivo: Avaliar qual o papel da angiotomografia

computadorizada das artérias coronárias no manejo da

doença arterial coronariana? Em que situações clínicas

as evidências justificam o seu uso, tendo em vista os

exames diagnósticos atualmente utilizados na

cardiologia?

Introdução: A doença arterial coronariana (DAC) é

uma das principais causas de mortalidade e morbidade

nos países do ocidente. A tomografia computadorizada

(TC) é uma forma de imagem radiológica que tem sido

utilizada na realização da angiotomografia coronária para

avaliação do lúmen e de estenoses coronárias com

objetivo de detectar indivíduos assintomáticos mas com

risco elevado de eventos coronarianos. Estudos mais

recentes, avaliaram o papel da Angio TC de coronárias na

avaliação da dor torácica.

Sumário das evidências

1. Stein P and col publicaram em 2008 uma revisão

sistemática utilizando apenas estudos com TCMD de

64 detectores ou superior comparando com

angiografia coronariana como padrão ouro no

diagnóstico de DAC. Em 23 estudos incluindo

resultados de 2045 pacientes, a sensibilidade da Angio

TC coronárias para detecção de estenoses (≥ 50%) foi

de 98% (88 a 100%) e especificidade foi de 88 % (59

a 100%). Em 21 estudos, a sensibilidade por

segmento foi de 90% (73 a 100%) e especificidade

de 96% (90 a 99%); 4 estudos avaliaram estenoses

criticas ou de alto grau ((≥ 70%) e a sensibilidade foi

de 91% com especificidade de 88%.

2. Paech DC and col publicaram em 2011 uma

revisão sistemática de 28 estudos num total de 3.674

pacientes; todos os estudos realizaram CT

angiotomografia de 64 detectores ou superior e

angiografia coronária invasiva como padrão ouro. A

população selecionada para o estudo eram pacientes

com suspeita de DAC que tiveram indicação de

realizar angiografia coronariana para detecção de

estenoses significativas (≥ 50%). A sensibilidade da

TCMD para detecção de estenoses significativas em

comparação com o padrao ouro foi de 98,2% e

especificidade de 81,6% . A sensibilidade media foi

de 94,9% e especificidade 89,5% na análise por

vaso.

3. Mowatt G and col publicaram uma ATS (Health

Technol Assess 2008) avaliando a efetividade clinica e

custo-efetividade, em diferentes grupos de pacientes,

com o uso da TCMD de 64 detectores ou superior no

lugar de procedimento invasivo (angiocoronariografia).

Cerca de 2500 pacientes foram analisados. A

sensibilidade para detecção de DAC significativa (≥

50%) foi de 99% com Valor Preditivo Negativo de

100% Nenhum estudo de custo-efetividade com

TCMD de 64 detectores foi encontrado.

4. Guideline American Heart Association (AHA) para

uso de AngioTC de 2008; relata que ANGIOTC não

deve ser usada para rastreamento de DAC em pacientes

que não tenham sinais ou sintomas sugestivos de DAC.

Angiografia coronária não invasiva é aceitável em

pacientes sintomáticos com risco intermediário após

estratificação inicial, incluindo pacientes com teste de

stress duvidosos ou inconclusivos. Angio TC não é

recomendado em pacientes com baixa probabilidade pré

teste de DAC ou alta probabilidade pré Teste de DAC.

Pacientes com calcificação nas coronárias muito

pronunciada pode causar artefato e reduzir acurácia

diagnostica da Angio TC.

5. Diretriz de Ressonância e Tomografia

Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia publicada em 2006 recomenda uso de Angiotomografia

na avaliação de coronárias anômalas (Grau I) e avaliação

de estenoses coronárias em pacientes com probabilidade

intermediária de DAC e teste de isquemia duvidoso ou

conflitante (Grau IIa) ou baixa probabilidade de DAC e

testes de isquemia positivos (Grau IIa).

6. Dois ensaios clínicos randomizados publicados

recentemente avaliaram o papel da angiotomografia de

coronárias na dor torácica aguda. Hoffmann U and col

publicaram ECR com 1000 pacientes que procuraram

serviço de emergência por dor torácica aguda

inicialmente com eletrocardiograma e troponina normais.

Os pacientes foram randomizados para realizarem

AngioTC coronárias precocemente ou seguirem o

protocolo padrão de dor torácica aguda. A média de

permanência no hospital foi reduzida em 7,6 horas no

grupo da AngioTC (P < 0.001) e mais pacientes foram

“liberados” diretamente do departamento de emergência

( 47% vs 12%). Não houve redução significativa nos

custos globais comparando as duas estratégias. Litt H

and col publicaram outro ECR com 1370 pacientes ( 908

grupo Angio TC e 462 grupo manejo “tradicional”). Dos

640 pacientes com AngioTC negativa para DAC nenhum

paciente morreu ou teve IAM até 30 dias de seguimento

pós episódio de dor torácica aguda. A taxa liberação da

emergência foi de 49,6% vs 22,7% com média de

permanência hospitalar menor 18 horas vs 24,8 horas

com maior taxa detecçãoo de DAC (9% vs 3,5%) no

grupo da AngioTC.

Recomendações

1. A Angiotomografia de artérias coronárias não deve

ser usada para rastreamento de DAC em pacientes

que não tenham sinais ou sintomas sugestivos (baixa

probabilidade) de DAC.

Grau de Evidência A

2. Angiotomografia de coronárias com 64 detectores

ou superior possuiu acurácia elevada (sensibilidade e

especificidade > 90% na maioria dos estudos) no

diagnostico de DAC sendo um bom exame para

excluir estenoses coronarianas significativas (≥ 50%)

em pacientes com fatores de risco para DAC e testes

de isquemia duvidosos ou conflitantes ou Baixa

Probabilidade para DAC com testes de isquemia

positivos.

Grau de Evidência A

3. Estudos recentes mostram que o uso precoce da

AngioTC na sala de emergência em pacientes com

baixa a intermediária probabilidade de Síndrome

Coronariana Aguda diminui significativamente o

tempo de permanência hospitalar do paciente (de 7 a

6 horas) e o número de internações hospitalares

(quase metade dos pacientes avaliados receberam alta

da sala de emergência e não foram internados).

Grau de Evidência A

Obs 1: Pacientes com calcificação nas coronarias muito

pronunciada pode causar artefato e reduzir a acurácia

diagnostica da AngioTC.

Obs 2: Embora exame não invasive, mas envolve uma

dose de radiação relativamente alta, principalmente com

os aparelhos de múltiplas colunas de detectores e para

sua realização é necessário a utilização de contrastes a

base de iodo que possuem potencial para nefrotoxicidade

e reações adversas.

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências

Revisão da Literatura e Proposição da Recomendação

Dr. Jonathas Stifft Dra. Mariana Vargas Furtado

Dr. Fernando H.Wolff, Dra. Michelle Lavinsky

Consultores Metodológicos

Dr. Luis Eduardo Rohde

Dra. Carísi Anne Polanczyk

Coordenador

Dr. Alexandre Pagnoncelli ([email protected] )

Cronograma de Elaboração da Avaliação

Setembro - 12

Reunião do Colégio de Auditores: escolha do tópico para avaliação e perguntas a

serem respondidas.

Setembro -12

Início dos trabalhos de busca e avaliação da literatura.

Análise dos trabalhos encontrados e elaboração do plano inicial de trabalho.

Agosto-12

Reunião da Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências para análise da

literatura e criação da versão inicial da avaliação.

Elaboração do protocolo inicial da Avaliação.

Reunião da Câmara Técnica com Médico Especialista para apresentação dos

resultados e discussão.

Revisão do formato final da avaliação: Câmara Técnica, Médico Especialista e

Auditor.

Outubro-12

Encaminhamento da versão inicial das Recomendações para os Médicos

Auditores e Cooperados.

Apresentação do protocolo na reunião do Colégio de Auditores.

Encaminhamento e disponibilização da versão final para os Médicos Auditores e

Médicos Cooperados.

MÉTODO DE REVISÃO DA LITERATURA

Estratégia de busca da literatura e resultados

1. Busca de avaliações e recomendações referentes à utilização da ANGIOTC de coronárias no

manejo da Doença Arterial Coronariana por entidades internacionais reconhecidas em

avaliação de tecnologias em saúde:

National Institute for Clinical Excellence (NICE)

Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (CADTH)

National Guideline Clearinghouse (NGC)

2. Busca de revisões sistemáticas e metanálises (PUBMED, Cochrane e Sumsearch).

3. Busca de ensaios clínicos randomizados que não estejam contemplados nas avaliações ou

metanálises identificadas anteriormente (PUBMED e Cochrane). Havendo metanálises e ensaios

clínicos, apenas estes serão contemplados.

4. Na ausência de ensaios clínicos randomizados, busca e avaliação da melhor evidência

disponível: estudos não-randomizados ou não-controlados (PUBMED).

5. Identificação e avaliação de protocolos já realizados por comissões nacionais e dentro das

UNIMEDs de cada cidade ou região.

Foram considerados os estudos metodologicamente mais adequados a cada situação. Estudos

pequenos já contemplados em revisões sistemáticas ou metanálises não foram posteriormente

citados separadamente, a menos que justificado. Descreve-se sumariamente a situação clínica e a

questão a ser respondida, discutem-se os principais achados dos estudos mais relevantes e com

base nestes achados seguem-se as recomendações específicas.

Para cada recomendação, será descrito o nível de evidência que suporta a recomendação.

Níveis de Evidência:

A Resultados derivados de múltiplos ensaios clínicos randomizados ou de metanálises ou

revisões sistemáticas.

B Resultados derivados de um único ensaio clínico randomizado, pequenos ensaios clínicos de

qualidade científica limitada, ou de estudos controlados não-randomizados.

C Recomendações baseadas em séries de casos ou diretrizes baseadas na opinião de

especialistas.

1. INTRODUÇÃO

A doença arterial coronariana (DAC) é uma das principais causas de mortalidade e

morbidade nos países do ocidente. A tomografia computadorizada (TC) é uma forma de

imagem radiológica que pode detectar depósitos de cálcio nas artérias coronárias e,

mais recentemente, tem sido utilizada na realização da angiotomografia coronária para

avaliação do lúmen e de estenoses coronárias. Tem sido proposto que a calcificação é

um marcador prognóstico da DAC e, portanto, a TC poderia ser uma maneira de

detectar indivíduos assintomáticos, mas com risco elevado de eventos coronarianos 2.

Sucessivas gerações de tecnologia de TC têm sido aplicadas a imagem cardíaca desde

o início dos anos 80 com a TC convencional; em 1987 com a TC por feixe de elétrons

(“Electron beam computed tomography” EBTC) mais utilizada para avaliar o escore de

cálcio e a TC com múltiplas colunas de detectores (na literatura em inglês usa-se

“multiple detector row computed tomography” – MDCT, e também com a denominação

“multislice”) a partir de 1999 para avaliação tanto do escore de cálcio como do lúmen da

artéria coronária. A TC é um exame rápido e não invasivo, mas envolve uma dose de

radiação relativamente alta, em especial com os aparelhos de múltiplas colunas de

detectores (16 a 64 detectores) 3. Além disso, para sua realização é necessário a

utilização de contrastes a base de iodo que possuem nefrotoxicidade e reações

adversas.

Score de Cálcio

Nota dos revisores : o escore de cálcio quantifica a calcificação arterial coronária

(CAC), um marcador da presença e extensão da doença aterosclerótica. A calcificação é

definida como uma lesão acima de 130 HU e pode ser calculada a partir da soma ponderada

das densidades acima de 130 HU (escore de Agatston) ou por métodos de cálculo do volume

ou massa de cálcio. Este documento visa avaliar as evidências para o uso de

AngioTomografia no manejo da DAC e não vai abordar estudos que avaliaram apenas o

escore de risco cardiovascular (escore de cálcio).

3. OBJETIVO

O objetivo dessa revisão é avaliar a acurácia da angiotomografia computadorizada das

artérias coronárias no manejo da doença arterial coronariana com ênfase especial para 3

situações distintas: rastreamento de DAC; confirmação diagnóstico de DAC e no paciente

sala de emergência com Dor Torácica Aguda.

4. RESULTADOS

4.1Revisão Sistemática e Metanálises

Stein and col [2] publicaram em 2006 uma estudo com TCMD (Tomografia

computadorizada com múltiplos detectores) no diagnóstico da Doença Arterial

Coronariana (DAC). Critérios de inclusão: estudos que comparassem a MDCT com

angiografia coronária invasiva como padrão ouro.Resultados: Trinta e três estudos

primários preencheram os critérios sendo 29 estudos cegos (os profissionais que

interpretaram a TC não tinham conhecimento da angiografia coronária) e 4 não cegos. Dos

29 estudos cegos, 11 eram com TC de 4 detectores; 2 estudos com 8 detectores; 15

estudos com 16 detectores e um estudo com TC de 64 detectores. Os 4 estudos não cegos

envolveram TC com 4 detectores.

Número

Detector

es

Sensibilidade para Dx

estenoses

significativas (≥ 50%)

N

4 83% 429/514

16 88% 1023/11

60

64 94% 165/176

Setenta e oito por cento dos segmentos puderam ser avaliados com a TC de 4 detectores,

91% dos segmentos com a TC de 16 detectores e todos os segmentos com a TC de 64

detectores. Prevalência e severidade da calficação das coronárias e história de stent prévio

diminui a acurácia da AngioTC de coronárias.Os dados sugerem que a TC com múltiplos

detectores tem potencial de ser utilizada como teste de screening em pacientes apropriados:

não obesos, em ritmo sinusal e a frequência cardíaca pode ser reduzida com drogas

cronotrópicas,

pacientes sem stents coronarianos e com baixos níveis de calcificação coronária.

Comentários dos revisores : foi incluído apenas um estudo com a TC de 64 detectores com

um n de 67 pacientes e com uma análise por segmentos arteriais e não por pacientes para o

cálculo da sensibilidade e especificidade.

Em 2008 o mesmo autor; Stein P and col [3] publicou outra revisão sistemática

utilizando apenas estudos que usaram TCMD de 64 detectores. A AngioTC de 64 detectores

foi comparada com angiografia coronariana

Em 23 estudos incluindo resultados de 2045 pacientes, a sensibilidade da

Angio TC coronária para detecção de estenoses (≥ 50%) foi de 98% (88 a

100%) e especificidade foi de 88 % (59 a 100%).

Em 21 estudos, a sensibilidade por segmento foi de 90% (73 a 100%) e

especificidade de 96% (90 a 99%).

4 estudos avaliaram estenoses criticas ou de alto grau (≥ 70%) e a

sensibilidade foi de 91% com especificidade de 88%.

Conclusão dos autores é que AngioTC negativa exclui DAC significativa com segurança

na grande maioria dos pacientes.

Paech DC and col [4] publicou em 2011, uma revisão sistemática de 28 estudos

num total de 3.674 pacientes; todos os estudos realizaram CT angiotomografia de 64

detectores ou superior e angiografia coronária invasiva como padrão ouro. A População

selecionada para o estudo eram pacientes com suspeita de DAC que tiveram indicação de

realizar angiografia coronariana para detecção de estenoses significativas (≥ 50%).

Resultados: A sensibilidade da TCMD para detecção de estenoses significativas em

comparação com o padrão ouro foi de 98,2% (IC 97,4 % a 98,8%) e especificidade de

81,6% (IC 79% a 84%). A sensibilidade foi de 94,9% (IC 93,9 a 95,8%) e especificidade

89,5% (IC 88 a 90,2%) na análise por vaso. Os autores concluem que TC de 64

detectores é um bom exame para excluir estenose coronariana significativa em pacientes

com fatores de risco para DAC.

4.2 Mowatt G and col publicaram uma ATS (Health Technol Assess 2008) mostrando

a efetividade clinica e custo-efetividade, em diferentes grupos de pacientes, com o

uso da TCMD de 64 detectores ou superior no lugar de procedimento invasivo

(angiocoronariografia).

21 estudos completos e 20 resumos foram analisados

N = 2500 pacientes foram incluídos nos estudos de acurácia diagnóstica. A

sensibilidade para detecção de DAC significativa (≥ 50%) foi de 99% (IC de 97 a

99%) com Valor Preditivo Negativo de 100% (IC de 86 a 100%). Nenhum estudo de

custo-efetividade com TCMD de 64 detectores foi encontrado.

Comentários dos revisores: a alta sensibilidade da Angio TC pode evitar

coronariografia desnecessária em pacientes com resultados negativos devido seu

valor preditivo negativo muito alto.

4.3 Descrição sumária da acurácia da detecção de DAC nos principais estudos

encontrados na literatura.

Autores

Objetivos População Resultados Comentários

Moscariello A et al4

Avaliar a eficácia da AngioTomografia para decisão terapêutica em pacientes com alta probabilidade de DAC e a capacidade da AngioTC em diferenciar pacientes com ou sem necessidade de revascularização e determinar a melhor estratégia de revascularização (angioplastia versus cirurgia cardíaca) em comparação com o padrão ouro (angioplastia percutânea).

185 pacientes, 121 homens, idade média 59 anos com alto risco para DAC

Dos 185 pacientes, 113 (61%) não submeteram a revascularização E 42 (23%) não tinham DAC. EM 178 PACIENTES (96%) MESMA ESTRATEGIA TERAPEUTICA (conseradora vs revascularização) foi escolhida com base na CT angiotomografia e cateterismo. Todos os pacientes com necessidade de revascularização foram identificados com angiotomografia. Quando revascularização foi indicada; o mesmo procedimento (Angioplastia vs CRM) foi escolhida em 66 dos 72 pacientes (92%)

Em pacientes com alta probabilidade de DAC, angioTC coronariana foi tao eficaz quanto cateterismo cardíaco em diferenciar pacientes com e sem necessidade de revascularizaçãoo bem como em selecionar o tipo de revascularizaçãoo mais apropriada para o paciente (angioplastia percuânea ou CRM).

Budoff MJ Accuracy Trial10 J Am Coll

230 (94%) dos 245 pacientes incluídos no estudo completaram o

Sensibilidade 95% especificidade de 83%

4.4 Diretriz de Ressonância e Tomografia Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia1 publicada em 2006 recomenda uso de Angiotomografia na avaliação de coronárias anômalas (Grau I) e avaliação de estenoses coronárias em pacientes com probabilidade intermediária de DAC e teste de isquemia duvidoso ou conflitante (Grau IIa) ou baixa probabilidade de DAC e testes de isquemia positivos (Grau IIa).

Guideline American Heart Association (AHA) para uso de ANgioTC e ANgio RNM 20085

Nem ANGIOTC nem ANGIORNM devem ser usados para rastreamento de DAC em pacientes que não tenham sinais ou sintomas sugestivos de DAC.

Angiografia coronária não invasiva é aceitável em pacientes sintomáticos com risco intermediário após estratificação inicial, incluindo pacientes com teste de stress duvidosos ou inconclusivos. A acurácia diagnóstica favorece Angio TC sobre Angio RNM neste subgrupo de pacientes.

Angio TC não é recomendado em pacientes com baixa probabilidade pré teste de DAC ou alta probabilidade pré Teste de DAC.

Pacientes com calcificação nas coronárias muito pronunciada pode causar artefato e reduzir acurácia diagnostica da Angio TC.

Avaliação de anormalidades congênitas ou adquiridas nas coronárias é outra indicação do uso de ANGIO TC, sendo ANGIO RNM preferencial em pacientes mais jovens para reduzir risco de radiação ou em pacientes com alergia a contraste iodado.

4.5 TC angiotomografia de coronárias na dor torácica aguda Dois ensaios clínicos randomizados publicados recentemente avaliaram o papel

da AngioTC na dor torácia aguda. Hoffmann U and col7 publicaram ECR com 1000

Cardiol 2008 52(21) 1724

estudo. A sensibilidade e especificidade da

Especificidade cai para 53% quando score de cálcio foi >400 Agastston units.

Miller JM Core trial9 NEJM 2008; 359 (22) 2324

291 (72%) dos 405 pacientes incluídos foram elegíveis para análise

Sensibilidade 85% especificidade de 90%

Meijboom WB11 J Am Coll Cardiol 2008; 52(25):2135

360 (97%) dos 371 pacientes incluídos foram elegíveis para análise

Sensibilidade 99% especificidade de 64%

pacientes que procuraram serviço de emergência por dor torácica aguda inicialmente com eletrocardiograma e troponina normais. Os pacientes foram randomizados para realizarem AngioTC coronárias precocemente ou seguirem o protocolo padrão de dor torácica aguda. A média de permanência no hospital foi reduzida em 7,6 horas no grupo da AngioTC (P < 0.001) e mais pacientes foram “liberados” diretamente do departamento de emergência ( 47% vs 12%). Não houve redução significativa nos custos globais comparando as duas estratégias. Litt H and col8 publicaram outro ECR com 1370 pacientes ( 908 grupo Angio TC e 462 grupo manejo “tradicional”). Dos 640 pacientes com AngioTC negativa para DAC nenhum paciente morreu ou teve IAM até 30 dias de seguimento pós episódio de dor torácica aguda. A taxa liberação da emergência foi de 49,6% vs 22,7% com média de permanência hospitalar menor 18 horas vs 24,8 horas com maior taxa detecçãoo de DAC (9% vs 3,5%) no grupo da AngioTC.

5. RECOMENDAÇÕES

Obs 1: Calcificação nas coronarias muito pronunciada e história de múltiplos stents

1. A Angiotomografia de artérias coronárias não deve ser usada para rastreamento de DAC em pacientes que não tenham sinais ou sintomas sugestivos (baixa probabilidade) de DAC.

Grau de Evidência A

2. Angiotomografia de coronárias com 64 detectores ou superior possuiu acurácia elevada (sensibilidade e especificidade > 90% na maioria dos estudos) no diagnostico de DAC sendo um bom exame para excluir estenoses coronarianas significativas (≥ 50%) em pacientes com fatores de risco para DAC e testes de isquemia duvidosos ou conflitantes ou Baixa Probabilidade para DAC com testes de isquemia positivos.

Grau de Evidência A

3. Estudos recentes mostram que o uso precoce da AngioTC na sala de emergência em pacientes com baixa a intermediária probabilidade de Síndrome Coronariana Aguda diminui significativamente o tempo de permanência hospitalar do paciente (de 7 a 6 horas) e o número de internações hospitalares (quase metade dos pacientes avaliados receberam alta da sala de emergência e não foram internados).

Grau de Evidência A

cardíacos, pode causar artefato e reduzir a acurácia diagnostica da AngioTC.

Obs 2: Embora exame não invasivo, mas envolve uma dose de radiação relativamente alta, principalmente com os aparelhos de múltiplas colunas de detectores e para sua realização é necessário a utilização de contrastes a base de iodo que possuem potencial para nefrotoxicidade e reações adversas.

6. BIBLIOGRAFIA 1. I Diretriz de Ressonância e Tomografia Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2006 set 87(3). Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2006/8703034.pdf Acessado em 22/09/12. 2. Stein PD Beemath A, Kayali F, Skaf E, Sanchez J, Olson RE. Multidetector computed tomography for the diagnosis of coronary artery disease: a systematic review. Am J Med. 2006 Mar;119(3):203-16. 3. Stein PD, Yaekoub AY, Matta F, Sostman HD. 64-slice CT for diagnosis of coronary artery disease: a sistematic review. Am J Med 2008 Aug;121(8):715-25. 3. Paech DC, Weston AR. A systematic review of the clinical effectiveness of 64-slice or higher computed tomography angiography as an alternative to invasive coronary angiography in the investigation of suspected coronary artery disease. BMC Cardiovascular Disorders 2011; 11:32 4.Mowatt G, Cummins E, Waugh N, Walker S, Cook J, Jia X, et al . Systematic review of the clinical effectiveness and cost-effectiveness of 64-slice or higher computed tomography angiography as an alternative to invasive coronary angiography in the investigation of coronary artery disease. Health Technol Assess 2008;12 (17). 5. Taylor AJ, Cerqueira M, Hodgson JM, et-al. ACCF/SCCT/ACRA/ApHprAo/pArSiEat/eASUNseC/CNrAitSeCriIa/SCAI/SCMR 2010 Appropriate Use Criteria for Cardiac Computed Tomography, A Report of the American College of Cardiology Foundation Appropriate Use Criteria Task Force, the Society of Cardiovascular Computed Tomography, the American College of Radiology, the American Heart Association, the American Society of Echocardiography, the American Society of Nuclear Cardiology, the North American Society for Cardiovascular Imaging, the Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and the Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. Circulation. 2010; 122:e525-55. 6. Moscariello A, Vliegenthart R, Schoepf UJ, Nance JW Jr, Zwerner PL, Meyer M, Townsend JC, Fernandes V, Steinberg DH, Fink C, Oudkerk M, Bonomo L, O'Brien TX, Henzler T. Coronary CT angiography versus conventional cardiac angiography for therapeutic decision making in patients with high likelihood of coronary artery disease. Radiology. 2012 Nov;265(2):385-92. doi: 10.1148/radiol.12112426. Epub 2012 Aug 8. 7. Hoffmann U, Truong QA, Schoenfeld DA, Chou ET, Woodard PK, Nagurney JT, Pope JH, Hauser TH, White CS, Weiner SG, Kalanjian S, Mullins ME, Mikati I, Peacock WF, Zakroysky P, Hayden D, Goehler A, Lee H, Gazelle GS, Wiviott SD, Fleg JL, Udelson JE; ROMICAT-II Investigators. Coronary CT angiography versus standard evaluation in acute chest pain. N Engl J Med. 2012 Jul 26;367(4):299-308.

8. Litt HI, Gatsonis C, Snyder B, Singh H, Miller CD, Entrikin DW, Leaming JM, Gavin LJ, Pacella CB, Hollander JE. CT angiography for safe discharge of patients with possible acute coronary syndromes. N Engl J Med. 2012 Apr 12;366(15):1393-403. 9. Miller JM, Rochitte CE, Dewey M, Arbab-Zadeh A, Niinuma H, Gottlieb I, Paul N, Clouse ME, Shapiro EP, Hoe J, Lardo AC, Bush DE, de Roos A, Cox C, Brinker J, Lima JA. Diagnostic performance of coronary angiography by 64-row CT. N Engl J Med. 2008 Nov 27;359(22):2324-36. 10. Budoff MJ, Dowe D, Jollis JG, Gitter M, Sutherland J, Halamert E, Scherer M, Bellinger R, Martin A, Benton R, et al.Diagnostic performance of 64-multidetector row coronary computed tomographic angiography for evaluation of coronary artery stenosis in individuals without known coronary artery disease: results from the prospective multicenter ACCURACY (Assessment by Coronary Computed Tomographic Angiography of Individuals Undergoing Invasive Coronary Angiography) trial.J Am Coll Cardiol. 2008 Nov 18; 52(21):1724-32. 11. Meijboom WB, Meijs MF, Schuijf JD, Cramer MJ, Mollet NR, van Mieghem CA, Nieman K, van Werkhoven JM, Pundziute G, Weustink AC, de Vos AM, Pugliese F, Rensing B, Jukema JW, Bax JJ, Prokop M, Doevendans PA, Hunink MG, Krestin GP, de Feyter PJ. Diagnostic accuracy of 64-slice computed tomography coronary angiography: a prospective, multicenter, multivendor study. J Am Coll Cardiol. 2008 Dec 16;52(25):2135-44.