Camila Fernandes - Verde Efemero Do Eden

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    VerdeEfmero do den

    escrito eilustrado por

    CamilaFernandes

    Maio de2004

    Respeite o direito autoral. No utilize este texto sem o prvio

    consentimento daautora. Caso desejefazer uso do referido texto, entreemcontato:[email protected]

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    Introduo

    Uma pitada de Fico Cientfica, muita Fantasia e Aventura a gostorecheando uma deliciosa massa de Histria Alternativa. Junte a isso umgrupo de escritores e ilustradores criativos e a est uma das facetas doProjeto Slev Sistema Literrio Experimental Virtual: a srie NaveProfana.

    Em 2004, fui convidada a participar dela. Minha misso era ilustrarcapas e ajudar a criar o visual de personagens em constante desenvolvi-mento. Mas quando o Segundo Concurso de Contos Slev se realizou eutambm entrei com meu texto. Tive a honra de participar da competiofechada com autores mais experientes e a alegria de ficar com o segundolugar. O contoeraVerdeEfmero do den.

    Quando o escrevi minha nica pretenso era criar uma histria quefizesse sentido dentro do universo sleviano mas tambm fora dele quepudesseser apreciadaporleitoresno familiarizadoscomasregrasdo jogo.Aqueles que posteriormente a leram e o Glossrio no final deste livro

    megarantiramquesim.Se ao final destaaventura sua curiosidade tiver crescido, visite o site

    do Projeto Slev:www.slev.orge saiba mais sobre os personagens quehabitam esse universo mirabolante e suas histrias. A coleo NaveProfana, commaisde25livrosvirtuais, esperaporvoc.

    Minha gratido vai para David Hoffmann, primeiro leitor defora,Richard Diegues, que estimulou a publicao desta histria, e RogrioAmaral, coordenadordo Slev, quegentilmentemeorientounaexecuo.

    Espero que voc, leitor, possa se aventurar com a protagonistaZandra em seu den particular e absorver, como ela, todos os cheiros esaboresdo VerdeEfmero.

    Camila Fernandes escritora e ilustradora, co-autora dos livrosNecrpole histriasdevampirose Necrpole histriasdefantasmas(www.necropole.com.br). Conheaseu

    portflio em: www.camilailustradora.ubbi.com.br

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    Captulo 1

    Acordei. Ou no. s vezes, difcil ter certeza. Mas reconheo quemeus sentidos so acariciados por sensaes muito prazerosas: o cho deterra mida e folhas macias sob meu corpo; a serenata dissonante dosinsetos, queexibem seus dotes musicais duvidosos s possveis parceiras; eosodoresfrescosdefloresefrutas osperfumesdamata.

    Olho minhavolta. A belezadolugar assombrosa: orqudease begnias se reclinam, majestosas, por sobre os galhos das rvores, quemergulham suas razes na gua escura, enquanto lepidpteros que eudesconheo agitam asas deouro e turquesa e ervas rasteiras lanam garrasverdespelo solo.

    Aprendi queos seres humanos so capazes deverter lgrimas,fios de um suco transparente produzido por pequenas glndulas situadas

    junto aos olhos, quando tomados por emoes muito fortes. Chamam a

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    isso chorar. E minha emoo tamanha que, fosse humana, estariachorandocopiosamente. Tudo aqui vegetal. como estardevoltaao lar.

    Uma enorme borboleta azul, atrada pelo aroma das minhasflores latentes, volitadiantedosmeus bulbos oculares antesdepousar logoabaixo deles. Suaminscula tromba tateia, ansiosa, asuperfcie. madeira,meubem. Nenhumlucroparavoc.

    Sei queno fuimandadaaesteparaso apenasparaserfeliz poralguns momentos. O Zelador1, esse deus-demnio-cientista, costumasoltar pequenos gruposdeseus brinquedos vivosnum lugar e numa pocaestranhos, a fim decumprir misses que nunca revela; com alguma sorte,

    seus agentes involuntrios so capazes decompreend-las ao seu termo. Eeu, como joguetedemadeira que sou, s posso ter sido escalada paraumadessas tarefas. Passado meu entusiasmo inicial, portanto, ponho-mealerta,buscandodivisar napaisagemafiguradealgumdosmeus companheiros. quasecerto queno estousozinha. Quase.

    Masno detecto nenhumsinal devidainteligente nempercorrendoo ambiente, nem consultando meucasulo localizador2, o que indica,suponho, quenenhumdemeus colegas foi enviado a estelugar. A maioriaarrasadora dos indivduos do meu grupo da espcie humana, ou Homosapiens, na sua prpria designao cientfica. So mamferos com poucoplo, razoavelmente inteligentes, oriundos do planeta Terra ou de algumadesuas incontveis verses, ondeno h vegetais sapientes. Para eles, souuma rvore que pensa, fala e anda, algo entre um sonho e um pesadelo.Anseio pelo dia em que poderei retornar a Girondha3, o planeta ondenasci, e narrar minha gente as incrveis descobertas que tenho feito.

    Talvez eu d continuidade s minhas Memrias Vegetais4, enfocando ocomportamento humano.

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    Captulo 2

    den... Richards5, um filhote de homem, me falou, uma vez, sobreesse lugar onde os justos encontram o deleite eterno e os maus no tmentrada. A moradafinal dos virtuosos era assimque eleo chamava. Umlugar encantado onde as almas cansadas das vicissitudes do universoencontramrepouso etudo o quehdebelo prosperaefrutifica.

    Setal lugarexistir, deveseraqui.Sinto um laivo de gratido por ter sido deixada numa terra to

    parecida com a minha, dominada conforme me parece ao cabo de doisdias de inspeo por plantas. Encontro insetos, aracndeos, moluscos euma srie de outros invertebrados, alm de anfbios, rpteis, aves emamferosdepequenoporte. Masnadamaisevoludodo queisso.

    Evoludo... As flores so exuberantes, as trepadeiras, fartas, e as

    rvores, frondosas mas nenhuma dessas plantas pode me fazer com-

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    panhia. So to diferentes de mim. Coisas primitivas, inconscientes einertes, ano ser poralgunsexemplaresdevoradoresdeinsetos, capazes decerrar folhas-mandbulas denteadas sobresuas vtimas. Nenhumanovidadeparamimnisso. A no ser...

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    Captulo 3

    no terceiro diada minha verde solido que eu a encontro. Precisode nutrio. O solo do pntano parece muito rico em minerais, dada aquantidade de espcies que viceja na superfcie. Procuro por um localconfortvel onde me assentar. Ento, sintoo cheiro. Um buqu complexo,forte, denotasvariadas, estonteantes... Carnia.

    Atravesso um pequeno bosque em direo sua origem, esperandoencontrar um animal morto. O odor, queenojariameus colegas, atraentepara mim: se for uma criatura qualquer em decomposio, podereiconsumi-laeobter os nutrientes dequenecessito. Mas, quando termino deabrir caminho porentreasrvores, descubro algo muito diferente.

    Calculo que tenha cerca de 1,60 metro de altura e a metade dessamedida delargura. No uma rvore, nem um arbusto, mas uma enorme

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    flor afunilada. Brota de um caule atarracado, que se subdivide em ramosmenores,agarradosterra.

    A flor em funil se abre em duas ptalas grossas, ligeiramenteenroladas para fora, luzidias, cor de carne. Esse nico par de ptalasbordeja um tnel mido e escuro guisa de boca, fazendo um convitemudo, pormexplcito. Grandeslbiosvermelhos.

    Devo estar passando tempo demais com Raimundo6. Estoucomeando apensarcomo umanimal.

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    Captulo 4

    Seuperfumetemqualquer coisadehipntico. agradvel ficar pertodessa estranha planta. Acomodo-me num conveniente espao ao seu lado,lanando minhas razes solo adentro, em busca de minerais, enquantoaprecio abelezainslitadaflor.

    umaplantacarnvora.A definio inapropriada, jquedevorainsetos eno animais. Mas

    sua ttica predatria admirvel. Seu buqu de morte atrai grandevariedade de moscas desejosas de botar seus ovos num corpo em decom-posio; atacor e atexturadeseus lbios vegetais lembram carnemorta.As moscas penetram, ansiosas, no seu recinto ntimo; uma vez l, nuncamais saem. E a grande flor ali permanece, imvel, acolhendo vtimasvoluntrias. Mquinadematarorgnicacomgasto mnimo deenergia.

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    Captulo 5

    Venho absorvendo ricaquantidadedevitaminasegua. Pergunto-mepor que, tendo sua disposio um solo to frtil, meu colega vegetalprecisou desenvolver seu mecanismo gluto. No vejo nele estruturas deplen, o que me levaa supor que se reproduz de formaassexuada, atravsdemudas.

    Isso no possui sexo. No possui entendimento. No como eu.Minhacuriosidade grande. Imagino, um tanto sonhadora, como seriamecomunicar com semelhanteespcime. Se pudesse falar. Se pudesse pensarcomo eu...

    Um pequeno choque toma conta do meu corpo. No seio da terra,suas razes tocam as minhas. E sei que no me engano quando sinto queelasseentrelaaram... Voluntariamente.

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    Essa no uma plantaprimitiva comum. Posso sentir sua menteseesforando para travar contato comaminha! Exulto comessesinal de suaconscincia. Muito rudimentar, claro, e imperceptvel primeira vista,mas,aindaassim, umaconscincia!

    Olho para ela, ansiando por uma confirmao. E duvido de minhasanidade quando julgo que os imensos lbios parecem curvar-seligeiramentenumsorriso.

    Enchendo-me de coragem, locomovo minhas razes superficiais emsuadireo edeixo queseramifiquem, envolvendo as daplanta. O choque ainda maior, crescente. Sinto nos meus prprios sensores gustativos o

    sabor das moscas imersas no seu caldo de enzimas proteolticas. Sintosobre meus galhos os minsculos conjuntos de seis patas que pisoteiamcomlevezasuasptalas, rumo mortelenta.

    Essa mente que qualifiquei como inferior mostra-se poderosa. Emlugar de eu a trazer ao meu mundo, ela me transporta ao dela. E todos osmeus sentidos so embotados pelo seu perfume ptrido, enquanto percoalegrementearazo.

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    Captulo 6

    Sem noo do tempo. De que me importa a passagem das horas? Afotossnteseto automticaquanto o nascer do diaeo cairdanoite. Nosei maisquantasvezeso sol cruzouaquelecu. Nemmeinteressasaber.

    Na macia cavidade recm-desenvolvida em meu corpo, estoudigerindo o prato do dia. Devagar e sempre. Insetos acorrem, em polvo-rosa, ao meu regao, e eu recebo seus corpos e ovas sem pestanejar. Asmes poedeiras, contudo, no deixam o ninho, interceptadas pela rededecliosquesefechasuaentradaeno maisseabreatqueeudeseje. Ouoo zumbido de suas asas dentro de mim. Aps muito se debater, cada umadelas, fatalmente, cai, derrotada, no banho enzimtico. Suas larvas, quenotardaro airromper das ovas coladas s paredes do meu tnel, encontraroo mesmo fim.

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    Boca, gargantaeestmago nums aparato. perfeito. E eudevo talmelhoramento singular criaturaque to generosamente me ofereceu suatecnologianatural.

    Elacomo eu. Eusoucomo ela. Escolhi s-lo.SouZandradeHarboor,umaplantasapiente.No sou Zandra de Harboor. Sou uma planta semi-consciente,

    absortaemsuaperfeio.Sou... Zandra... O queZandra?

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    Amanhece. Claridadeagradvel esutil. Ouo os dilogos distantes deaves e batrquios. Mas h algo maculando os sons nativos. Algo brusco erpido.

    Meusolhos, hmuito cerradosemcompletasatisfao, seabrem. Eucontemplo o autor do rudo profano. um... humano? Pequeno e gil,parece agitado. Ser que foge de alguma fera? No hgrandes predadorespor aqui, a no ser eu e minha companheira ou companheiro, noimporta. Por que eu deveria prestar ateno ao destino desse mamferodesajeitado?

    Eletem algo curioso numadas mos. fogo. Uma tocha. Seu calormeincomoda. O quepretendeelecomisso?

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    No comigo... Ele no me viu. Olha para os lados, desnorteado, eseu olhar, finalmente, sedetmemmim. Elecobreasnarinas eabocacomumadasmosantesdeseaproximar. o perfumedacarnia.

    Por que me encara dessa forma? Decifro sua expresso: de nojo esurpresa.

    Zandra?Esse nome... Eu no preciso mais dele. Deixe-me em paz, coisinha

    frgil. Zandra, voc?Ora, fico felizporencontr-la! Suavozabafada

    pelamo que protege o rosto. Estou neste lugar h pouco mais de uma

    semanaeathojeno haviaencontradonenhumdosnossos.Umdosnossos?Nossosquem? Vejo que criou razes, literalmente. Folgo tambm em encontr-la

    se banqueteando direto no solo e no... bem,Dimitri7 me contou sobreumaocasio no muito agradvel emquevocusoudeoutros meios pararepor suas energias8. Desculpe, Zandra, mas h coisas que ns nocompreendemos bem e, quando senti esse cheiro de longe, pensei quefossemesmo um... Droga, porquequeo Zelador no jogouDimitri aquiconosco? A experinciaque acabo de ter iriaacabar de uma vez por todascomaquelaconversadeAdo esuaesposa, acostela.

    Zelador. Euconheoalgumcomessenome, no? Bem, no exatamente acabeide ter essa experincia. Foi na noite

    passada. Preciso lhe contar tudo desde o comeo, voc no vai acreditar.No sei o que h de to diferente, historicamente, nesta realidade em queestamos, mas acredito que este planeta seja a minha prpria Terra, alguns

    milhares de anos antes da minha poca. S gostariade saber qual a nossaexata localizao geogrfica. Eu os vi, Zandra... Fiquei observando-osdurantecinco ouseisdias, nemsei ao certo. Demonstramgrandefacilidadepara assimilar novidades, mas no para interpret-las, pois ficaramapavorados quando me encontraram prximo ao seu acampamento. Atribo ainda no adquiriu hbitos sedentrios. Droga, quero um caderno deanotaes... Entende o que estou dizendo?Travei contato com os avs da

    minha espcie, Zandra! Posso estar delirando, eu sei. Mas tal experincia,para mim, constitui a provade que aEvoluo fez do homem o que ele

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    hoje, digo, na minha poca. O que temos aqui so indivduos de baixaestaturaegrandequantidadedeplos pelo corpo. Comunicam-sepormeiode gestos e um vocabulrio limitado de grunhidos e estalos. Dimitri iriagostar depesquisar essa linguagem. Eu os estava estudando s escondidas,mas so espertos e me pegaram desprevenido. Levei algumas horas parafazer comqueacreditassem queeu erainofensivo. Deveter sido por causadas minhasroupas9. Veja, o Zelador me largou aqui vestido como umcavaleiro daIdadeMdia.

    Ele abre os braos, exibindo uma grotescavestimentaconstituda depequenos anis demetal entrelaados. Levanas costas, preso ao corpo por

    uma tira de couro, uma grossa placa circular, tambm de metal. Vestesprimitivasdeguerra.

    Pensei que fosse gozao continua, imbatvel. Mas isso seriaatpico da partedele. Deveter sido paraaminhasegurana, pois o escudome protegeu contra as pedras que eles jogaram. Resolvi que seria bommanter estes apetrechos; se eu os largasse por a, daqui a muito tempo osarquelogos ficariamboquiabertos ao encontrar artefatosmedievais junto aferramentas de pedra. Enfim, nada disso importa, nem mesmo que meusfuturos colegas de profisso venham a ter material esprio para suaspesquisas. Se este um plano alterado daHistria, como sempre acontecequando somos sacadosdaNave10 paraessas grotescas misses, tudo o queaqui se faa ou se observe j foi modificado... como nos disse oBarqueiro11, pelasmosdeOutros12. Mas, voltando ao queeulhecontavah pouco, consegui fazer com que eles, os homens primitivos, meaceitassem. So pssimos barbeiros, veja: picaram meu cabelo com lascas

    de pedra afiadas. As crianas queriam mechas, acho que nunca viramcabelos limpos.

    Ele abaixa a cabea e aponta para os arranhes no seu courocabeludo depredado. Mas logo volta a cobrir a boca. Poderia aproveitar eparar depapaguear. Se eu estivesse em minha forma humanide... no melembrava da minha capacidade de me antropomorfosear. Assim transfor-mada, eu poderiaresponder comigual flunciaao discurso em ingls desse

    ano. No sei sequero manchar apurezado verdecomaimitao deumaforma humana... E esse animal parece ter engolido outro, pois vale por

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    meio, mas fala por dois! Seria to bom se parasse de me metralhar comseusperdigotos...

    Pelo menos, no peguei piolhos acrescentaele. Eles cessavamsuas atividades cedo demais em razo do escuro edo frio da noite. Ento,acendi fogo... Estupidamente, no calculei o impacto dessegesto sobreeles.No sei se lhes fiz um grande benefcio ou uma baita cagada, como diriaRaimundo. Perdo. Euinterferi drasticamenteemseudestino no que, dealguma forma, isso j no tenha sido alterado antes da minha chegada;ainda sou ctico quanto premissa de que tudo tocado por ns no terrepercusso.

    Elepraetomaflego; ento, voltaao seudesinteressanterelato: incrvel, masessaspessoasnuncahaviamvisto umanicachama!

    Gritaramfeito macacos, correram, gargalharam, mas logoperceberamasuautilidade... e o seu potencial destrutivo. Passaram todo o dia de ontemconhecendo-o, dominando-o. Nessabrincadeira, dois indivduos morreramqueimados. Tive de jogar areia sobre eles, e o fogo se extinguiu, mas asvidasseperderam. O grupo no seabalou. Pelo contrrio, sefortaleceu. Demanh, brincavamdefazer fogueiras eapag-las comterraegua. tarde,j marchavam juntos, tochas na mo, cruzando a plancie. Eu os segui atuma caverna. S ento conheci as dimenses do meu erro. Ou acerto. Umoutro grupo se encolhialdentro no sei se de seres humanos ou coisainferior, mas, do lado de fora, eu ouvi seus gritos. E eram gritos bemhumanos... Era tarde demais. A primeira guerra, Zandra; a guerra doadaptado contra o obsoleto. Ainda estou bestificado. Eu me enfiei mataadentro e vim para c duranteanoite; acampei namatae fiz uma fogueira

    para espantar os animais selvagens, embora no tenha visto nenhum queme parecesse ameaador, salvo algumas serpentes. Vim com essa tochapara iluminar meu caminho e me defender do que quer que fosse. O quepresenciei na plancie foi suficiente para me deixar desconfiado... Meucasulo denunciou sua presena h pouco julgo que no o fez antes emrazo da distncia que nos separava e c estou. J fiz o papel dePrometeu, entregando o fogo aos homens, mas no vejo nisso nenhuma

    relao com qualquer desvio que tenha ocorrido, historicamente, nestarealidade. esteo problemaemseanalisar aHistriaremotado mundo: a

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    faltadedadosparaumaconcluso acertada. Continuo semsabero queestacontecendo de to diferente aqui que no tenha acontecido, digamos, naminha linha cronolgica. E no h sinal dos nossos portais, o que querdizerquenossatarefa, qualquerqueseja, estpendente...

    Ele pra. Finalmente. Entendo o que diz muito mais do que eugostaria. Quemele?Eumelembro... no...

    Zandra? ele murmura no que deve ser um tom gentil. Desculpe-me por t-la bombardeado com tantas informaes. Eu meentusiasmeisobremaneira... Sente-sebem?

    Silncio...

    Zandra?Digaalgumacoisa. No mereconhece?Sou eu... Andreas,lembra-se?Vamos, falecomigo. No seacanhe. Eucompreendo seussilvose farfalhares talvez no bem quando Dimitri, mas certamentemelhor doqueamaioria.

    Ele me toca com as duas mos. Parece crer que capaz de mesacudir. Frgil etolo... Porqueseincomodatantocommeumutismo?

    Contato. Comunicao. isso que ele quer. Exige. Eu me esforopara recordar como reproduzir os rudimentos do idioma que ele fala.Idioma. Pormuito tempo, no precisei disso.

    Paz consigo assoviar. Deixe-mepaz. No entendo, Zandra. O que h com voc? E... que fedor

    desgraadoesse, afinal decontas?!Estvindo devoc! No... pergunte... veja.Ele se inclina, novamente a mo sobre o nariz, sobre meu regao.

    Meu prspero regao. Fervilhante devida e morte. Ser capaz deperceber

    o quanto mudei, Andreas?O quanto evolu?Seu olhar me examina por um longo tempo. Depois, passeia

    demoradamentepelasformasdemeucompanheiro. Hquanto tempovocestassim? S... sempre. Querdizer, desdequechegouaqui? Desde... sempre.

    Bem, queacha de se levantar da e nsdois tentarmos descobrir oquequeo grandetitereiro nosreservou?

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    Nun...Nunca. Euevolu.O homenzinho me fita, mais uma vez, de forma estranha.

    trabalhoso decodificar os msculos franzidos no seu rosto. Acho que decepo.

    Zandra... compreendo que os girondhenses se alimentem pormeios muito diferentes dos queaminhaespcieutiliza, eprocuro respeitarsuas peculiaridades, mas isso... No considero deforma alguma que tenhaevoludo. Ao contrrio: o que fez foi involuir. Como voc, com suaextraordinria inteligncia, regrediu para essa forma limitada, esttica,despropositada? O que acha que estfazendo a, olhando o tempo passar?

    Quando o Zelador puxar as cordinhas das suas marionetes, minha amiga,tudo isso no ter passado de um sonho. Nauseabundo, alis. Se h umamisso a ser cumprida, e sempre h, no acredito que tenha qualquerconexo comesseprocesso doentio no qual vocseenvolveu. Ficar paradaa no nosajudaremnada.

    Esta... minhamisso respondo-lhe. O que, essapasmaceira?Tenhad,Zandra.Agora, chega. Estou irritadacomsuainterminvel verborragiaecom

    as respostas insuficientes quesou capaz dedar. Num esforo concentrado,comeoabuscaraformahumana.

    Masdi. Queestranho; nuncadoeuantes. Tenho aimpresso dequemeucorpono desejaessaconfigurao. E meucompanheiro, tampouco.

    Mesmo assim, minhas fibras se rearranjam. Consigo talhar, no meutronco, o rostodeumafmeahumanaeo aparatovocal necessrio paramecomunicar oralmente. Encarando-me, o homenzinho recuaumpasso. Seus

    olhos no parecem gostar da fuso demulher e plantacarnvora queagorasou. E seusouvidos, comcerteza, gostammenosaindadoqueeulhedigo:

    Acredita que sua forma bpede supera a minha? O nvel deadaptao que alcancei escapa sua compreenso. Pudera. Voc apenasum primata. Animais superiores a voc teriam dificuldade em assimilar aidia; mesmo assim, aceite-a... Sou uma planta. As possibilidades que meucorpo ofereceso incontveis. Umdia, escolhi assemelhar-mesuaespcie

    e imitei sua aparncia, esculpindo em mim mesma a caricatura de umamulher; agora, porm, escolho assumir minhas folhas, minha casca, minha

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    condio vegetal em sua plenitude. Insetos vm afoitos ao meu corpo eseperdem nele, nutrindo-o, sem que eu precise mover um nico ramo paraisso. E devo tal entendimento a esse espcime maravilhosamente bem-sucedidoao meulado.

    Essacoisahorrvel efedorenta? Dobresualnguacarnosa! Muito bem, Zandra, voc livre para arremedar plantas papa-

    moscas.Mas olheparasi mesma... suaaparnciadistorcida, suaestagnao.At mesmo seus modos se alteraram; seu rosto est empedernido, e suavoz, spera. Como queseu nmade13 permitiu quesedesfigurassetanto?

    Eledeveriaterdetectado essasmudanascomo umestadodoentio! Sou dona de meu ser, Andreas. Se voc prefere passar sua vida

    contando comasvantagensdeumintruso emseucorpo, faa-o, masdeixe-meempaz. Euno solicitei suainterveno, nemmesmo suaaprovao.

    Meusargumentosso imbatveis. Sempreforam. Porisso queelesecala, os olhos baixos, observando as minhas razes amorosamente entrela-adassdo meucompanheiro. Abenoado silncio. Penaqueno dura:

    Bem, minhaamiga, minhaeducao meadvertedequeno tenho odireito de interferir nas suas escolhas. Mas meu bom-senso, muito maisconfivel, me diz que voc est fora de si. Arriscaria afirmar que o fedormata-tudo no anicapropriedadeindigestadessacoisaa...

    Perco acalma. Essa coisa qual voc se refere com tanto desdm um ser

    conscienteesereno!Voc, poroutro lado... Sereno!Vamosver!

    Eu no estava preparada para a ferocidade do grito, a rapidez dogolpe. A tocha na mo do homem se aproxima perigosamente de meucompanheiro vegetal. Chamusca suas ptalas carmim. E eu o vejo, pelaprimeira vez, mover-se; no com a lenta sutileza das gavinhas em cresci-mento, mas com uma brusquido que s encontrei nos indivduos maisgeis demeu prprio povo. Suas razes se arrancam brutalmente da terra,abandonando meu contato, enquanto ele procura se defender do ataque.

    Elesemove... como umgirondhenseperfeitamentemaduro.

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    Sua velocidade, mesmo assim, no faz frente do humano Andreas,que investe repetidamente contra ele. Meu companheiro se ergue do solo,seusramos eriados,contorcendo-se. Suagrandebocaseescancara, furiosa,terrvel. Larvas e moscas adultas biam em seu suco digestivo, parecendoprontas a serem vomitadas. Vejo a face de Andreas empalidecer por uminstante, vtimado enjo. Umamo defendeasnarinas. A outraempunhaatocha.

    O rompimentosbito do contatomealarma. Euo quero devolta! No!No o tiredemim!Mastarde...

    Ele companheiro, vegetal-irmo, flor jaz ao meulado, reduzido aumtio como osquesobramdasfogueiras. Eulamento... lamento tanto...

    Agora, sim! Andreas. Levaamo livreao corpo; parecevitimado por umador

    nas costelas. Eu me lembro dador14. Ela anuncia a hora da partida.Quando um do grupo comea asentir essas pontadas, pode ter certezadequeirencontrarnasproximidadeso portal queo levadevolta...

    Devoltaaonde? Nave. Como sei disso?Minhamenteestconfusa.Idias demais. Lembranas. Como se, subitamente, o vu que escondiaminha memria fosse erguido e eu pudesse acess-la em toda a suaextenso.

    Ele apaga a tocha numa poa dgua prxima e segue procura deseu portal, queno tardaasurgir. A poucosmetrosdens, vejo umagran-de espiral luminosa. Andreas corre ao seu encontro. Seu corpo engolidopelaimensido deanisazuiseverdes.

    aminhavez. Sinto a fisgadaqueme chamadevolta realidade. Acontragosto, retiro minhas razes j acostumadas ao contato com a terrafecunda. s minhas costas, encontro meu prprio portal, chamariz multi-colorido.

    Lano um ltimo olhar planta carbonizada e ao paraso que, poralgumtempo, amei. Sentirei faltadissotudo.

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    Eplogo

    Hoje, senti-memaisbem-dispostaefui procurarporAndreas. Queriajustificar meucomportamento eagradecer-lheo seu ato brutal, pormade-quado. Elenotou meu embarao eafirmou, parameu alvio, queno tinhao hbito detorrarvegetaisinofensivos.

    Esclareceu que as alteraes segundo ele, desagradveis emminha aparncia, conduta e entonao o levaram a suspeitar que eu noestava no controle total de meus atos. estranho examinar o caso dessaforma, pois, durante todo o tempo que passei arraigada quele planeta equela situao, estava certa de que agia segundo meus prprios critrios.Ele no refutou essa idia. Apenas julgou que esses critrios bsicosdeveriam ter sido afetados pelo meu contato com aquele estranho ser.Confessou, tambm, terencontrado certo prazeremtorraracoisafedida.

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    Isso noslevouaespeculaes mais minuciosas, porminconclusivas.Andreas sustentou que aquele lugar deveria ser a Terra e que ele presen-ciara o alvorecer da raa humana. Explicou que, em seu planeta natal,existiam diversos tipos de plantas especializadas na captura e digesto deinsetos. Mas nenhuma espcie vagamente sapiente, como aquela. Seu sis-tema nervoso parecia ser quase to complexo quanto o meu, capaz deresponder prontamente a estmulos como o toque ou o calor, conformecomprovamos poucoantesdo seuextermnio.

    Contei ao colega os pormenores da relao que desenvolvi com oespcime, o que me permitiu recapitular todo o ocorrido. Na falta de

    maiores informaes, suponho que uma substncia qualquer por elesegregadadevater penetrado emmeu organismo juntamentecom os nutri-entes queabsorvi daterra da avvidasensao decomunho queexperi-mentei desdenosso primeiro contato. Merailuso narctica.

    Mas, se no encontrei outros exemplares dessa espcienaregio queexplorei, nemAndreas viuqualquer sinal deles navastareaquepercorreu,seriaaqueleo nico emtodo o planeta?Emcaso afirmativo,como teriaidoparar l? Seriaproduto deumamutao natural oudaao deterceiros? Eessesterceiros... quem, como, porqu?

    (Andras, diga-se de passagem, perdeu-se em elucubraes sobreuma possvel raa de plantas sapientes povoando o planeta Terra muitoantesdoaugedacivilizao humana.)

    Qual seria seu verdadeiro nvel de conscincia, camuflado sob aaparncia primitivae manifesto diante daagresso deAndreas? Se possuauma mente avanada, por que no procurou comunicar-se comigo por

    tcnicas menos invasivas?Mas, seseuintelecto erasimples, como foi capazde influenciar to profundamente meu comportamento e at minhas lem-branas? Forma de vida adiantada ou no, o mrito todo seu. E a jaz,talvez, aperguntaquemais meatormenta: quetipo decriaturaseespeciali-zaria na habilidade de dominar, mental e fisicamente, uma mulher-rvoredeGirondha?

    Essa questo ficar por tempo indeterminado no topo da minha

    pirmide dedvidas. Aguardando respostas que no encontrarei to cedo,ocultas, talvez, noverdeefmero do den.

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    Glossrio

    1. Zelador: Personagem polmico, misterioso, responsvel pelaestada dos abduzidos na Nave, forando-os a uma srie de experinciascontrasuasvontades.

    2. Casulo localizador: Dispositivoacoplado aosabduzidos, permiteaeles verificarem seexistem (eondeesto) seus companheiros, bem comolocalizarseusPortais pessoais, quandoabertos.

    3. Giron dha: Girondha uma lua de propores considerveisque orbita um astro colossal ao lado de outros cinqenta e dois corpos-satlites, no sistema TKion, conhecido pelos humanos como EpsilonEridani. A lua-planeta o bero de uma civilizao de paravegetais inte-ligentes que no dependem mais de solo ou qualquer condio climtica,possuindo meios portteis, genticos, desuportedevida.

    4. Memrias Vegetais:documento no qual Zandra relata uma desuas experincias como abduzida e fala sobre o comportamento humano.VerMahavira: MemriasV egetais.

    5. Richards: Richards Bartollo Meredith, adolescenteaustraliano deforteinclinao religiosa. Tetraplgico, foi curado desuas limitaes fsicasquando desuaabduo, fato queatribui ProvidnciaDivina.

    6. Raimundo:Benedicto Raimundo Alves da Silva. As iniciais deseu nome formam seu apelido, Brasil. Esteve envolvido em um golpeparasolapardo foragido juiz Nicolauboapartedesuafortunailcita. A partirdogolpefrustrado, suavidadeveriateracabadoao sechocarcomo WTC.

    7. Dimitri: Dimitri Diogovitch Rosenkovski, lingistae arquelogorusso deorientao criacionista, amigo erival ideolgico do grego Andreas

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    Nikolos Papandriou, tambm arquelogo, porm de tendncia evolucio-nista.

    8. Meios para repor suas energias:Zandra capaz de deglutircorpos em decomposio, dos quais retira valiosos nutrientes para suaestrutura vegetal. J ingeriu corpos humanos. Ver Tempo dos AnimaiseMahavira: MemriasV egetais.

    9. Roupas:ao serem enviados em misses, os abduzidos podemdespertar nusoutrajadosconformeadeciso doZelador.

    10. Nave:veculo milenar que transporta os abduzidos atravs derealidades alternativas. Pode ser entendido como um megamundo em cujointerior encontram-semltiplas dimenses, que podem ser acessadas pelosabduzidos.

    11.Barqueiro: o principal contato dos abduzidos dentro da Nave e,algumas vezes, fora dela tambm. Apesar deser uma inteligncia artificial,eleno costuma ser frio, pois um diatevecorpo e, s vezes, no coadunaos planosmirabolantesdo Zelador.

    12. Outros: foras responsveispelas drsticas alteraesnaHistriado universo, originando linhastemporaisbizarras.

    13. Nmade: praticamentetodos os abduzidos deste grupo especial

    so portadores de Nmades: criaturas que os usam como hospedeiros eoferecemumagamadepoderesehabilidadesdistintasaseusportadores.

    14. Dor: caracteriza o aviso para que o abduzido retorne nave, deacordo comavontadedo Zelador, atravsdeumportal individual.