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Camila Muritiba Tenório
IN: COELHO, VERA.; NOBRE, MARCOS (ORGS.) PARTICIPAÇÃO DE DELIBERAÇÃO. TEORIA
DEMOCRÁTICA E EXPERIÊNCIAS INSTITUCIONAIS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO. SÃO PAULO: ED. 34,
2004, P.210-238.
PÚBLICOS PARTICIPATIVOS: SOCIEDADE CIVIL E NOVAS INSTITUIÇÕES NO BRASIL
DEMOCRÁTICO
Brian WamplerLeonardo Avritzer
Camila Muritiba Tenório
Objetivos
Analisar a democratização do Brasil por meio do conceito de Públicos Participativos;
Reduzir o distanciamento entre o institucionalismo e a teoria da sociedade civil ;
Demonstrar, a partir do conceito de Orçamento Participativo, a contribuição decisiva de Públicos Participativos para a criação de formatos institucionais.
Camila Muritiba Tenório
Introdução
O Brasil é exemplo no que se refere à participação civil no processo de produção de políticas públicas em esfera municipal/local, havendo coalizão entre OSC e atores políticos.
OSC buscam soluções imediatas para os problemas locais e ampliação do acesso dos cidadãos ao processo de tomada de decisões.
Atores políticos, na maioria integrantes de partidos de esquerda, liderados pelo PT, buscam modificar o modo de distribuição de bens públicos.
Camila Muritiba Tenório
Introdução
Conceitos-chave:
Orçamento Participativo (OP): forma institucional singular que “incorpora cidadãos em processos deliberativos de formação de decisão” (2004, p.211).
Públicos Participativos (PP): “cidadãos organizados que buscam superar a exclusão social e política por meio da DELIBERAÇÃO PÚBLICA, promoção de transparência e responsabilização (accountability) e da implementação de suas preferências políticas” (2004, p.215).
Camila Muritiba Tenório
Orçamento participativo
Características:
Participação ampliada e sustentada no processo de produção e decisão política;
Deliberação pública e negociação;Resoluções em curto prazo de
problemas sociais locais;Distribuição de recursos públicos para
as regiões mais pobres.
Camila Muritiba Tenório
Processo de democratização
Campos teóricos:
Institucionalismo: ênfase na sociedade política formal e nas instituições, pois a mobilização popular era vista como fator de desestabilização da democracia.
Sociedade civil: ênfase no papel dos movimentos sociais (análise empírica), os quais teriam autonomia frente à sociedade política.
Camila Muritiba Tenório
Públicos Participativos
“Nova esfera de deliberação e negociação” (2004, p.212), que surge a partir da conexão entre sociedade civil e atores políticos.
Destacam-se a idéia de Habermas de que o público é o local da renovação social e política e a obra de Dahl que observa que uma forte dimensão pública ameniza os abusos de poder numa sociedade estratificada.
Camila Muritiba Tenório
Histórico
Séc. XX e XXI: clientelismo e patrimonialismo.
1977-1985: novas práticas de engajamento cívico de forma a combater o autoritarismo militar.
1988: promulgação da Constituição Cidadã, conferindo maior independência política e financeira aos municípios (descentralização política), em prol da efetivação dos direitos sociais.
1989: marco inicial do OP em Porto Alegre.
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Públicos Participativos: três estágios de desenvolvimento
No início da década de 80, com as reivindicações por direitos sociais que envolviam movimentos sociais, Comunidades Eclesiais de Base, sindicatos e partidos políticos, surgiu a idéia de Públicos Participativos.
Camila Muritiba Tenório
Públicos Participativos: três estágios de desenvolvimento
Primeiro estágio: proliferação de novas associações voluntárias (associativismo – e deliberação face a face-deslocamento de questões privadas para a esfera pública, ocorrendo promoção de novos valores)
Segundo estágio:introdução de novas práticas (contraposição ao tradicional clientelismo por meio do conceito do “direito a ter direitos”)
Terceiro estágio: o desenvolvimento de novas instituições de produção de políticas públicas (CF/88 e coalizão formada entre sociedades civil e política)
Camila Muritiba Tenório
Orçamento Participativo: as regras do jogo
Participação do cidadão nas deliberações sobre destinação da receita pública.
Primeira rodada de assembléias (nível regional): divisão do município em regiões; apresentação das informações sobre recursos; exame dos relatórios anuais; deliberações públicas.
Segunda rodada de assembléias (nível sub-regional): definição de prioridades gerais; deliberações em cada bairro; eleição de representantes (delegados).
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Questões empíricas
Porto Alegre: 1,2 milhão de habitantes. Governo controlado pelo PT. Caso bem-sucedido.
Belo Horizonte: 2 milhões de habitantes. Governo controlado por coalizão PSB-PT. Caso bem-sucedido.
Recife: 1,8 milhão de habitantes. Governo do PMDB e PFL. Crescimento da sociedade civil não possibilitou o fortalecimento da deliberação pública. Caso não tão bem-sucedido.
Camila Muritiba Tenório
Questões empíricas
Gráfico 1 – Participantes das Assembléias do OP de 1994 a 2000
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Questões empíricas
Aumento gradual da participação em Porto Alegre e Belo Horizonte e estagnação da participação em Recife.
Explicações possíveis (Nylen):Cidadãos filiados a partidos de esquerda (PT
e PSB) freqüentavam as reuniões para apoiar seus partidos;
Incorporação dos cidadãos previamente engajados pelo OP.
Camila Muritiba Tenório
Questões empíricas
Ponto importante:
Experiências e resultados afetam as taxas de participação: “efeito demonstração” positivo resultante das deliberações face a face e implementação dos projetos selecionados pelos participantes.
Camila Muritiba Tenório
Questões empíricas
Variação de taxas iniciais de participação no interior dos municípios (vide tabela 2, p. 226);
Regiões com forte tradição associativa possuem índices iniciais maiores;
Incremento maior, gradativamente, ocorre nas regiões com fraca tradição associativa, sugerindo um combate efetivo do clientelismo;
Exceção: Recife. Apesar das negociações nos moldes do OP, a implementação política ainda se cerca do clientelismo.
Camila Muritiba Tenório
Resultados
Porto Alegre Belo Horizonte
Recife
Total de gastos através do OP (R$)
259.161.563,00
88.325.557,00 15.563.041,00
Total de gastos per capita (R$/hab)
201 42 11
Gastos de investimentos aprovados como projetos de OP (tabela 3 –p.231)
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Resultados
Porto Alegre: 100% da parcela de gasto discricionário é negociada (apenas pelo OP tomam-se decisões sobre investimentos);
Belo Horizonte: 50% da parcela de gasto é negociada;
Recife: 10% do recurso para investimento é negociado via OP e apenas parte deste valor é implementado.
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Resultados
Fatores que influenciam no sucesso dos OP:
Determinação de líderes de OSC a promover deliberações públicas;
Habilidade das OSC para formar coalizões com partidos políticos (mesmo projeto de empoderamento).
Camila Muritiba Tenório
Resultados
O Orçamento participativo aparece, então, como uma forma democrática de decisão acerca da distribuição de recursos que potencializa políticas públicas especialmente em cidades governadas por partidos de esquerda e com OSC atuantes.