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Relatório do projeto Caminhos do Cuidado – ano de referência: 2014
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Formação em Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas) para agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem da Atenção Básica
Relatório 20142ª versão
Expediente
Edição:
Maria Cristi na S. Guimarães
Coordenação de Comunicação:
Cristi na Ruas
Programação Visual:
Vera Lucia Fernandes de Pinho
Fotografi as:
Sthepanie Saramagofreeimage.com
Infográfi cos das págs. 26-30:
Renato Carvalho
Mosaicos das págs. 14/15 e 31:
Vinicius Guimarães
Redação e edição: Auracom Assessoria de Comunicação
Revisão: Cristi na Araújo
Ficha catalográfi ca elaborada pela
Biblioteca de Ciências Biomédicas/ ICICT / FIOCRUZ - RJ
F823c Fundação Oswaldo Cruz. Insti tuto de Comunicação e Informação Tecnológica em Saúde
Caminhos do cuidado: formação em saúde mental (crack, álcool e outras drogas) para agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem da Atenção Básica: relatório 2014 / Insti tuto de Comunicação e Informação Tecnológica em Saúde. – Rio de Janeiro: Fiocruz / ICICT, 2014.
54 f. : il.
1. Saúde mental. 2. Atenção básica. 3. Atenção integral. 4. Educação permanente. I. Título.
CDD 362.29
5Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Grupo Condutor
Alcindo Antônio Ferla
Alexandre Medeiros
Cláudio Barreiros
Marcelo Pedra
Maria Cristina S. Guimarães
Mônica Diniz Durães
Quelen Tanize Alves da Silva
Coordenação Executiva
Edelves Vieira Rodrigues
Maria Conceição de Carvalho
Maria Cristina S. Guimarães
Régis Cunha de Oliveira
Ruy Casale
Equipe Pedagógica
Coordenação: Renata Peckelman e Odete Torres
Alexandre Ribeiro
Andréia Silveira de Souza
EQUIPE NACIONAL
Regionalização:
Angelita Mendes
Carolina Feitosa
Ena Galvão
Celia Santana
Walesca Pereira
Técnicos do DEGES que acompanham o Caminhos do Cuidado:
Bethânia Ramos Meireles,
Daniel Márcio Pinheiro de Lima
Felipe Farias da Silva
Israel Dias de Castro
Marco Aurélio de Rezende
Raquel Martinho Ciancio
6
Equipe de Infraestrutura & Logística
Coordenação: Ruy Casale
Aline Borges
Clara Almado
Daniela Ladeira
Danielle Borges
Deborah Freire
Flavia Cotilha
Flavio Peixoto
Jaqueline Dias
EQUIPE NACIONAL Angélica Bomm
Antonio Lancetti
Denis Petuco
Filipe Caldeira Furlan
Giulia Caruline Lima Costa
Juliana Escobar
Karina Sirangelo
Luis Carlos Nunes Vieira de Vieira
Maria Beatriz de Miranda Matias
Natale Oliveira de Souza
Odete Messa Torres
João Luís Tavares Silva
Marco Aurelio Jorge
Marise Ramoa
Nilva Lucia Rech Stedile
Aline Cescon
Pilar Belmonte
Rafael Gil Medeiros
Renata Veloso Vasconcelos de Andrade
Rita Pereira Barboza
Rossana Almeida
Sandra Regina Soares Arôca
Sergio Alarcon
Stefanie Kulpa
7Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
EQUIPE NACIONAL
Equipe de Comunicação Social
Coordenação: Cristina Ruas
Flávia de Carvalho
Luciana Mendes Ribeiro
Maria Léa Aguiar
Nelma Pinto Cezário
Rosana Melo
Stephanie Saramago
Thiago Oliveira
Gestão Acadêmica
Coordenação: Lucas Wilig Quadros e Marielly de Moraes
Fabiana Marques
Equipe Macrorregional
Anna Letícia Ventre
Desiree dos Santos Carvalho
Felipe Wachs
Francéli dos Santos
Kaciely de Lima Jacino
Lenice Inês Koltermann
Laís Pinto
Leo Leuback
Lorene
Marcelle Faria
Maria Helena Hallais
Paulo Monteiro
Rachel Carvalho
Vanessa Debossan
Vanessa Mendes
8
Amélia Cristina Santos Alcoforado (RO)
Beatriz dos Santos (SE)
Carolina Feitosa (SP)
Cecilia Alonso Correa Forte (MT)
Claudia Cristiane Moura Silva Souza (BA)
Elzimar Evangelista Peixoto Pinto (ES)
Emilene Donato (AL)
Ewângela Aparecida P. da Cunha (MS)
Izabel Cristina Borges C. Oliveira (PA)
José Carlos Lima de Campos (RJ)
Juliana Rodrigues da Costa (AM)
Rosângela Silveira (MG)
Livia Milena B. de Deus e Méllo (PE)
Lorilei Stefanello Seccon (AP)
Luciana Freitas dos Santos (RR)
Maria Auri Gonçalves (TO)
Maria Helena dos Santos (PR)
Miriã Alves Coutinho (GO)
Naia Corrêa (RS)
Nazaré Figueiredo (AC)
Patrícia Samara Portela Oliveira (PI)
Paulo Ricardo Rodrigues da Silva (PB)
Raimunda Felix de Oliveira (CE)
Rosana Líbano Alves Santos Ruzene (SC)
Sara Fiterman Lima (MA)
Tereza Leite (DF)
Valéria de Queiroz D. Negreiros (RN)
Coordenação EstadualNÚCLEO ESTADUAL
Lucenira Kessler
Paula Adame
Pedro Augusto Papini
Renata Gusmão
EQUIPE NACIONAL
9Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Aos caminhantes, o nosso muito obrigada!
No início, eram um verbo e um desafio: cuidar! De um núcleo restrito de pessoas
que assumiu a responsabilidade de dar forma, substância e consistência a um
curso de Formação em Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas) para 290.197
agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem da Atenção
Básica, chegamos, ao final de dois anos, com um conjunto de centenas de pes-
soas, parte delas listadas anteriormente nos créditos dessa publicação. E todos
nós somos, apenas, os nós centrais de uma vasta rede que se infiltrou pelo país,
de norte a sul, de leste a oeste, mobilizando milhares de pessoas e outras estru-
turas locais, macro e micro, para dar conta de ofertar, até dezembro de 2014,
226 mil vagas para formação, distribuídas em 6.102 turmas de 40 alunos, que
foram montadas para os encontros presenciais e o acompanhamento à distância
da formação, em, virtualmente, todos os municípios do Brasil. Por terra, por ar
e por mar, foram cobertos cerca de 5.470.400 km de deslocamento para fazer
chegar tutores, material didático e alimentação aos alunos. Esses são alguns dos
números que testemunham a trajetória do Caminhos do Cuidado, que só é cami-
nho porque apostamos em trilhá-lo. Melhor, “Caminhos” no plural, em respeito
à autonomia e às escolhas pessoais. Todos os caminhos, entretanto, convergem
para o cuidado, essa sim é a aposta radical feita pelos caminhantes. A todos eles,
o nosso muito obrigada!
Maria Cristina Soares Guimarães e Quelen Tanize Alves da Silva
SUMárIO
11Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
ApRESEnTAção prefáCio — Caminhos e caminhares para o cuidado inclusivo ..17 Caminhos do Cuidado .............................................21
Capítulo 1 — Retratos do Caminho A construção do Caminhos do Cuidado ...................25
Capítulo 2 — Falas do Caminho Caminhos do Cuidado, uma gigantesca marcha .....35 Acre .........................................................................38 Alagoas ...................................................................40 Amapá .....................................................................42 Amazonas ...............................................................44 Bahia .......................................................................46 Ceará .......................................................................48 Distrito Federal .......................................................50 Espírito Santo ..........................................................52 Goiás .......................................................................54 Maranhão ...............................................................56 Mato Grosso ...........................................................58 Mato Grosso do Sul ................................................60 Minas Gerais ...........................................................62 Pará .........................................................................64 Paraíba ....................................................................66 Paraná .....................................................................68 Pernambuco ...........................................................70 Piauí ........................................................................72 Rio de Janeiro .........................................................74 Rio Grande do Norte ...............................................76 Rio Grande do Sul ...................................................78 Rondônia .................................................................80 Roraima ...................................................................82 Santa Catarina .........................................................84 São Paulo ................................................................86 Sergipe ....................................................................88 Tocantins .................................................................90 Histórias do caminho ..............................................92 Capítulo 3 — Caminhos a seguir Caminhos a seguir ...................................................101 Projeto ganha às ruas .............................................104 A inclusão do território ...........................................107
.................................................................................13
13Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Formar trabalhadores do Sistema Único de Saúde para acolher, atender
e encaminhar aqueles que fazem o uso prejudicial de álcool e outras
drogas é, sem dúvida, um desafio permanente para usuários, familiares,
profissionais de saúde e sociedade. No Brasil, o estudo “Estimativa do
número de usuários de crack e/ou similares nas capitais do país”, enco-
mendado à Fiocruz1 pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
(SENAD), indica que cerca de 80% das pessoas que fazem uso prejudicial
gostariam de ter acesso a tratamento de saúde, mas não sabem como
nem onde procurar ajuda. Para auxiliar na resposta a essa complexa de-
manda, e contribuir para o fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde e
seus processos de cuidado, nasceu o Caminhos do Cuidado.
APrESENTAçãO
14 Apresentação
Mobilizados pelo Ministério da Saúde, o Instituto de Co-
municação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde
(ICICT) da Fiocruz, o Centro de Educação Tecnológica e
Pesquisa em Saúde, do Grupo Hospitalar Conceição (Escola
GHC) e a Rede Governo Colaborativo em Saúde da Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aceitaram o
desafio de desenvolver uma estratégia de educação per-
manente para àqueles profissionais de saúde que, em sua
essência, representam a porta de entrada para o Sistema
Único de Saúde: os agentes comunitários de saúde (ACSs)
e os auxiliares e técnicos de enfermagem (Atenfs) das equi-
pes de atenção básica em todo o país. A meta: acolher e
cuidar. O contexto: saúde integral no território. O dispositi-
vo: a escuta e o olhar cuidadoso para o outro.
Enquanto projeto FNS 2422, orientado para a formação e
o desenvolvimento de trabalhadores do SUS, o Caminhos
do Cuidado mobilizou um amplo, diverso e complemen-
tar grupo de apoio pedagógico. Consultores, educadores,
orientadores e tutores assumiram a responsabilidade de,
vivenciando o território, conduzir uma formação em Saúde
Mental, crack, álcool e outras drogas, articulada em 60
horas, sendo 40 presenciais.
Para garantir a formação de 290.197 alunos, segundo a
previsão inicial, foi necessário montar uma infraestrutura
gigantesca, que desse conta de capilarizar essa estratégia.
A logística foi fundamental, por exemplo, para a distribui-
ção de material pedagógico e o deslocamento de pessoas
que atendessem, até o momento, a 2.518 municípios, em
todos os estados do Brasil, além do Distrito Federal.
Em cada unidade federativa, com a valiosa parceria das
escolas técnicas do SUS, foi montada uma coordenação
estadual, que compartilhou a responsabilidade pela regio-
nalização da ação. A premissa era integrar o Caminhos do
Cuidado às diversas outras iniciativas de formação em cur-
so no território. No total, cerca de 226 mil alunos e 2.320
profissionais, se mobilizaram e se comprometeram, de
Norte a Sul, de Leste a Oeste, para viabilizar essa estratégia.
Após um período de organização que tomou cerca de seis
meses, o Caminhos do Cuidado iniciou sua trajetória em 26
estados e no Distrito Federal, em outubro de 2013. A meta
era formar um total de 290.197 alunos, sendo que destes
24.545 na Região Centro-Oeste; 114.532, no Nordeste;
28.552, no Norte; 86.998 no Sudeste; e 35.570, na Região
Sul. A partir daí, foram montadas 6.102 turmas de 40
15Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
alunos, em média, e ofertadas, no total, 226 mil vagas para
formação, alcançando cerca de 78% da meta inicial.
Este relatório apresenta os resultados até aqui, mostra
como o projeto se desenvolveu em cada estado e aponta
os caminhos a seguir. São retratos e falas que foram bro-
tando ao longo do Caminho; são mais do que memórias,
são potências para o futuro.
1 Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras? /organiza-dores: Francisco Inácio Bastos, Neilane Bertoni. Rio de Janeiro: Editora ICICT/FIOCRUZ, 2014.
2 FNS TC:242/2012.Programa de Formação de Profissional de Nível Médio para Rede de Atenção Psicossocial, enfrentamento do crack e outras drogas.
17Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Ao fim de 2014, comemoramos a travessia de uma grande parte do percurso do projeto
Caminhos do Cuidado, que iniciou sua primeira etapa em outubro de 2013. Chegamos até
aqui com uma execução de 78% da meta prevista, com a oferta de 6.102 turmas e de 226
mil vagas de um total de 290.197 agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de
enfermagem das equipes de Atenção Básica em todo o país.
A coordenação do Projeto Caminhos do Cuidado – Formação em Saúde Mental (crack,
álcool e outras drogas) para agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos em
enfermagem da Atenção Básica é, no Ministério da Saúde, de responsabilidade do Depar-
tamento de Gestão da Educação em Saúde (DEGES) da Secretaria de Gestão da Educação
e do Trabalho em Saúde (SEGETS), em parceria com as áreas de Atenção Básica e Saúde
Mental da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS). A realização é através do Instituto de Co-
municação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fiocruz, do Centro
de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição (Escola
GHC) e da Rede Governo Colaborativo em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS).
É com satisfação, mas também com um enfático reconhecimento a todos os parceiros
institucionais e a todos os sujeitos que se envolveram nesse grande desafio, que podemos
reconhecer o êxito da execução do Projeto Caminhos do Cuidado até o momento, conside-
rando que essas ações terão e serão de relevância para o Sistema Único de Saúde poten-
cializando a Rede de Atenção à Saúde e seus processos de cuidado. Um reconhecimento
especial às equipes das Secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação e de Atenção à
Saúde do Ministério da Saúde, que em 2012 e início de 2013, apostaram que esse seria um
projeto possível. Assim como às equipes da Fiocruz/ICICT, da Escola GHC e da UFRGS/Rede
Governo Colaborativo em Saúde que, não somente acreditaram nessa possibilidade, mas a
viabilizaram nesses pouco mais de dois anos de desenvolvimento.
Várias dimensões do projeto descrevem sua complexidade e demonstram que o desafio de
torná-lo viável no cotidiano foi uma ação que envolveu determinação e resultou exitosa.
Em primeiro lugar, a execução deste projeto envolveu a articulação entre instituições do
SUS de grande relevância para a formação, como as Escolas de Saúde Pública, as Escolas
Técnicas do Sistema Único de Saúde (SUS), as áreas de Saúde Mental e Atenção Básica dos
três entes federativos e os Conselhos Estaduais de Secretários Municipais de Saúde. Uma
dupla articulação se fez necessária aí: vertical, entre instituições de diferentes esferas de
governo e vinculação institucional, e horizontal, com diferentes áreas e serviços de uma
mesma esfera de governo. Nossa vivência cotidiana no SUS mostra que a fragmentação en-
tre serviços, áreas técnicas e instituições somente é superada com grande determinação.
Caminhos e caminhares para o cuidado inclusivo
PrEfáCIO
18 prefácio
Enfim, um terceiro grande desafio enfrentado, foi ofertar
ações de educação permanente aos agentes comunitários,
auxiliares e técnicos de enfermagem da Atenção Básica.
A educação permanente, nem sempre compreendida na
sua capacidade de apoiar o desenvolvimento dos serviços
e sistemas de saúde, envolvendo trabalhadores com uma
marca de trabalho técnico e operacional, requereu superar
ceticismos e resistências. Mas o compromisso e o envol-
vimento desses atores já estão produzindo mudanças no
cotidiano das instituições e territórios. Vemos ampliar as
possibilidades de atuação desses profissionais no acolhi-
mento, embasando suas práticas de cuidado em Saúde
Mental nos problemas relacionados ao uso de crack, álcool
e outras drogas. Essa se mostrou uma tarefa desafiadora,
mas também uma aposta certeira.
Essa fragmentação nasce no conhecimento especializado
e atravessa os cotidianos institucionais. Mas que, uma vez
superada essa tendência, os resultados são demonstrativos
da própria potência do SUS na mudança das condições de
vida e saúde dos brasileiros e das brasileiras.
Superar as tendências de fragmentação interinstitucional
e da especialização das organizações e instituições não foi
o máximo do desafio necessário à execução do projeto. O
segundo desafio foi interconectar a Atenção Básica com a
Saúde Mental, duas políticas inovadoras do SUS, mas com
identidades bem marcadas pelas suas especificidades,
também foi um desafio necessário para o caminhar do pro-
jeto. Sabemos que o conteúdo das políticas – e aqui temos
duas que foram atualizadas nos últimos anos e que detém
o reconhecimento de sua inovação – sempre é posto em
cheque no cotidiano das instituições e dos territórios onde
vivem as pessoas. Saúde Mental – em especial o cuidado
com pessoas usuárias de crack, álcool e outras drogas – e
Atenção Básica – em particular quando reescrita pela Estra-
tégia de Saúde da Família e vivencia o cotidiano dos territó-
rios de vida das pessoas – devem estar articuladas e ofertar
atenção integral a essas pessoas nesse Brasil. A Atenção
Básica tem a marca de uma enorme expansão de cobertura
e de ampliação de qualidade nos últimos anos, incluindo
e cuidando de pessoas nas mais longínquas localidades do
Brasil, se tornou a principal porta de entrada dos brasileiros
e brasileiras ao maior sistema de saúde universal do plane-
ta. A Saúde Mental, marcada pela acumulação do processo
de reforma psiquiátrica na discussão de uma saúde mais
generosa com todos e todas, ousou propor serviços e pro-
cessos de trabalho com a marca da superação do modelo
manicomial/asilar, ainda muito constituído no imaginário
de amplos segmentos da população. Duas políticas com
inovações similares e tempos distintos, com caminhadas
que podem se fortalecer. Mas, esse é um caminho que
ainda é traçado em paralelo em muitas localidades. Além
da formação propriamente dita o projeto Caminhos do
Cuidado precisou construir pontos de contato entre ambas,
abrindo porteiras para a produção de linhas de cuidado
nesse grande problema da saúde pública contemporânea.
19Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Não é só o encerramento do projeto, com o alcance das
metas previstas, o que nos desafia agora. Um percurso
caminhado aponta para novos rumos. É necessário siste-
matizar o conhecimento produzido até agora nas diferen-
tes localidades, produzir formas de sustentabilidade das
iniciativas locais, tornar a problemática do cuidado com
usuários de crack, álcool e outras drogas em acolhimento
nos serviços e equipes e mobilizar ainda mais a educação
permanente em saúde no cotidiano das equipes, envolven-
do todos os trabalhadores e o olhar cuidadoso ao território
de abrangência desses profissionais. Que esse caminho
continue incluindo e qualificando o cuidado!
Heider Aurélio Pinto, Diretor do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e Alcindo Antônio Ferla
“A execução deste projeto envolveu a
articulação entre instituições do SuS
de grande relevância para a formação,
como as Escolas de Saúde pública, as
Escolas Técnicas do Sistema Único de
Saúde (SUS), as áreas de Saúde Mental
e atenção Básica dos três entes federati-
vos e os Conselhos Estaduais de Secretá-
rios Municipais de Saúde”
21Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
O Caminhos do Cuidado nasceu de uma demanda sensível ao contexto que, nos últimos
anos, passou a se impor no campo da saúde – a de oferecer formação em Saúde Mental,
crack, álcool e outras drogas para um contingente de mais de 290 mil agentes comunitários
de saúde, auxiliares e técnicos em enfermagem.
Encerramos o ano de 2014, superando as expectativas e alcançando a marca de 226 mil
vagas ofertadas a agentes comunitários de saúde e auxiliares e técnicos em enfermagem,
resultado que só se tornou possível em virtude do compromisso assumido por todos os
parceiros desta empreitada.
A formação proposta pelo projeto tornou-se inovadora por sua estratégia de articulação
entre profissionais da Atenção Básica e da Saúde Mental, permitindo ampliar o acolhimen-
to e o cuidado do usuário levando em consideração o contexto do território ao qual está
inserido. Nesse sentido, a Rede de Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (RET-SUS),
por meio das instituições que a compõe, tem sido parceira incansável neste processo de
expansão da formação. Sua presença em todas as regiões do país marcada por uma atuação
descentralizada e, ao mesmo tempo, articulada, permite compreender as diversidades
territoriais e suas consequentes demandas de saúde, o que resulta no rico compartilhamen-
to de metodologias e conteúdos pedagógicos. Esta rede se amplia a cada instante e inclui,
ainda, espaços virtuais que contemplam as trocas de experiências e conhecimentos dos
alunos, tutores e orientadores.
Para cada profissional envolvido na formação, o Caminhos do Cuidado representou uma
oportunidade de reflexão, aperfeiçoamento de suas habilidades, expansão de seus horizon-
tes e incorporação de novas práticas em sua dinâmica de trabalho, repercutindo no Sistema
Único de Saúde um novo modo de se promover o cuidado à população que enfrenta dificul-
dades com álcool, crack e outras drogas.
Os desdobramentos registrados até o presente momento possibilitam registrar avanços nos
movimentos de Educação Permanente em Saúde e propõem iniciativas locais que trazem
em si grande potencial de reflexão e transformação das práticas de atenção aos usuários de
crack e outras drogas.
Mais que a merecida comemoração, esta vitória inicial deve nos estimular a buscar mais e
melhores resultados. Temos diante de nós um contexto favorável de riquezas e potenciali-
dades que o Caminhos do Cuidado já iniciou. Esperamos que a formação dos profissionais
que ainda faltam para atingir a meta proposta de mais 290 mil pessoas percorra caminhos
de sucesso em todo o território nacional, a exemplo da primeira etapa que, com muito
mérito e trabalho em rede, foi concluída.
Que os caminhos sejam de cuidado e sucesso!
Equipe Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)
Caminhos do Cuidado
Retratos do Caminho
25Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
O passo a passo da construção do Caminhos do Cuidado será apresenta-
do numa linha do tempo, que traz os principais fatos, datas e dados que
marcaram o projeto. A gigantesca e capilarizada estrutura montada para
realizar os treinamentos em todas as unidades federativas também está
representada nos gráficos a seguir.
Do início das discussões, em julho de 2013, à formação de 290.197 alu-
nos, concluída em dezembro de 2014, o projeto passou por diversas eta-
pas, que incluíram a estruturação de equipes, a elaboração do material
pedagógico e a criação de um modelo acadêmico de ensino. Em outubro
de 2013, os seis estados piloto lançaram oficialmente o Caminhos do
Cuidado, iniciando os treinamentos.
A partir dai, 2.518 municípios abrigaram aulas do projeto. De barco ou
avião, os alunos e tutores discutiram novas ferramentas de acolhida às
pessoas com uso problemático de drogas. Nesta missão, foram ofere-
cidas 1,2 milhão de refeições e realizadas 27 mil operações financeiras
(como pagamento de diárias ou de bolsas às equipes), entre outros
números que destacam a grandiosidade do Caminhos do Cuidado.
A construção do Caminhos do Cuidado
Formação de agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de rnfermagem da saúde da família – Saúde Mental, ênfase em crack, álcool e outras drogas, que consta entre as prioridades da presidência da república no plano de enfrentamento ao crack.
MARÇO2013
Desenho do Projeto com plano de Trabalho e
cronograma de Execução
A meta é oferecer formação para os agentes comunitários de saúde do país e um auxiliar/técnico de enfermagem por equipe de saúde da família totalizando
OUTUBRO2012
CONVIDA O
PARA EXECUTAR A
O Ministério da Saúde através da Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde
Instituto de Comunicação e
Informação Cientí�ca e Tecnológica em
Saúde da Fundação Oswaldo Cruz
(FIOTEC)
Escola do Grupo Hospitalar Conceição
10EDUCADORES
80ORIENTADORES
1.200TUTORES (META)
1.875MOBILIZADOS
290.197ALUNOS
300.000280.000260.000240.000220.000200.000180.000160.000140.000120.000100.000
80.00060.00040.00020.000
0
META E TOTAL DE VAGAS OFERTADAS (ACUMULADO)
Outubro2013
Janeiro2014
Abril Julho Outubro
Meta mensal
Vagas ofertadas
Equipepedagógica
Capacita
26 Capítulo 1 • Retratos do Caminho
Formação de agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de rnfermagem da saúde da família – Saúde Mental, ênfase em crack, álcool e outras drogas, que consta entre as prioridades da presidência da república no plano de enfrentamento ao crack.
MARÇO2013
Desenho do Projeto com plano de Trabalho e
cronograma de Execução
A meta é oferecer formação para os agentes comunitários de saúde do país e um auxiliar/técnico de enfermagem por equipe de saúde da família totalizando
OUTUBRO2012
CONVIDA O
PARA EXECUTAR A
O Ministério da Saúde através da Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde
Instituto de Comunicação e
Informação Cientí�ca e Tecnológica em
Saúde da Fundação Oswaldo Cruz
(FIOTEC)
Escola do Grupo Hospitalar Conceição
10EDUCADORES
80ORIENTADORES
1.200TUTORES (META)
1.875MOBILIZADOS
290.197ALUNOS
300.000280.000260.000240.000220.000200.000180.000160.000140.000120.000100.000
80.00060.00040.00020.000
0
META E TOTAL DE VAGAS OFERTADAS (ACUMULADO)
Outubro2013
Janeiro2014
Abril Julho Outubro
Meta mensal
Vagas ofertadas
Equipepedagógica
Capacita
ABRIL2013
Apresentação do Plano de comunicação (Produção, circulação e apropriação)
JUNHO2013
Oficina de validação do material didático pela equipe de consultores do Projeto, com a preocupação de ser uma
tecnologia de educação permanente para as equipes de saúde
ESBOÇO DO PLANO DE CURSO, COM MATRIZ CURRICULAR E QUESTÕES DE APRENDIZAGEM
A construção da matriz curricular está comprometida com a atenção gerida na perspectiva da Linha de Cuidado em Saúde Mental, para tanto tem como base os princípios do SUS, a Política Nacional de Saúde Mental, Política de Atenção Básica e a Política de Atenção Integral aos usuários de álcool e outras drogas.
PRODUÇÃOCriação da identidade visual, das peças institucionais e didáticas (cartilha, caderno, mochila, pasta, bloco, vídeos, manual tutorial) e eventos públicos como aula inaugural, formação de orientadores e tutores, formatura de alunos.
CIRCULAÇÃOCriação de estratégias para fazer circular as informações dos Caminhos do Cuidado para a comunidade interna e externa através da intranet www.caminhosdocuidado.com, do site www.caminhosdocuidado.org, e.mail marketing e mídia espontânea.
APROPRIAÇÃOApropriação da mensagem pelos alunos e tutores com a organização de Mostras regionais, produção de vídeos formativos e informativos, publicação da fala dos alunos e depoimentos das equipes regionais no território no site.
ELABORARAM E VALIDARAM O MATERIAL DIDÁTICOOFERECIDO NO CURSO
como no acompanhamento das oficinas de aprendizado para
orientadores e tutores. Eles trocam experiências e esclarecem dúvidas dos alunos e também propõem e
compartilham estratégias educativas junto aos profissionais da equipe de
apoio pedagógico.
Eixo temático 1Conhecendo o território, as redes de atenção, os conceitos, políticas e as práticas de cuidado em saúde mental
MATRIZ CURRICULAR
Fonte: Elaboração própria
CARGA HORÁRIA
24horas
presencial
12horas dedispersão
Eixo temático 2A caixa de ferramentas dos ACS e ATENF na Atenção Básica
Eixo transversalReforma Psiquiátrica, Redução de Danos e Integralidade do cuidado como diretrizes para intervenção em saúde mental e no uso de álcool, crack e outras drogas
16horas
presencial
8horas dedispersão
40horas
presencial
20horas dedispersãoTotal
EDUCADORES CONSULTORES
COORDENAÇÃOPEDAGÓGICA DO
PROJETO CAMINHOSDO CUIDADO
27Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
JULHO2013
Construção do mapa das atribuições dentro da
estrutura organizacional
Planejamento do Lançamento Nacional em
23 de outubro nos seis estados pilotos, e até o fim
do ano, em todos os estados do país.
Regionalização
Cronograma e infraestrutura necessária à
execução do projeto
Meta de lançamento das
primeiras turmas de
alunos: outubro
Oficina de validação do caderno do aluno por agentes comunitários de saúde (ACS) e auxiliares e técnicos de enfermagem (ATENFs) de cada região do país. Processo de avaliação do caderno envolveu linguagem, dinâmica, técnica, relação entre teoria e prática, compreensão dos textos vídeos e formatação. Ao fim foram elaboradas propostas para qualificação do material didático.
AGOSTO2013
SETEMBRO/OUTUBRO2013
Oficina de planejamento
para organização do trabalho
Estrutura organizacional
da equipe nacional
A execução deste projeto pressupõe a articulação entre as instituições do SUS que protagonizarão
essa formação no território
As bases do projeto: Engajar as equipes que compõem a rede de cuidado; fazer a descentralização autárquica e os pactos
entre os entes federados; construir a integralidade e criar um sistema
regionalizado
Escolas de Saúde Pública
e Escolas Técnicas do
SUS
Conselho de Secretários
Municipais de Saúde
Saúde mentalAtenção básica
dos três entesfederativos
Em agosto, aconteceu o primeiro encontro
com Escolas Técnicas do SUS/ETSUS dos estados definidos
como pilotos para o lançamento das
primeiras turmas: Pernambuco, São
Paulo, Acre, Paraná, Distrito Federal e Rio
Grande do Sul.
Acre
Paraná
Rio Grandedo Sul
São Paulo
DistritoFederal
Pernambuco
PERNAMBUCO
ACRE
DISTRITOFEDERAL
SÃO PAULO
PARANÁ
RIO GRANDEDO SUL
Caminhos do Cuidado é oficialmente lançado em seis estados
28 Capítulo 1 • Retratos do Caminho
JULHO2013
Construção do mapa das atribuições dentro da
estrutura organizacional
Planejamento do Lançamento Nacional em
23 de outubro nos seis estados pilotos, e até o fim
do ano, em todos os estados do país.
Regionalização
Cronograma e infraestrutura necessária à
execução do projeto
Meta de lançamento das
primeiras turmas de
alunos: outubro
Oficina de validação do caderno do aluno por agentes comunitários de saúde (ACS) e auxiliares e técnicos de enfermagem (ATENFs) de cada região do país. Processo de avaliação do caderno envolveu linguagem, dinâmica, técnica, relação entre teoria e prática, compreensão dos textos vídeos e formatação. Ao fim foram elaboradas propostas para qualificação do material didático.
AGOSTO2013
SETEMBRO/OUTUBRO2013
Oficina de planejamento
para organização do trabalho
Estrutura organizacional
da equipe nacional
A execução deste projeto pressupõe a articulação entre as instituições do SUS que protagonizarão
essa formação no território
As bases do projeto: Engajar as equipes que compõem a rede de cuidado; fazer a descentralização autárquica e os pactos
entre os entes federados; construir a integralidade e criar um sistema
regionalizado
Escolas de Saúde Pública
e Escolas Técnicas do
SUS
Conselho de Secretários
Municipais de Saúde
Saúde mentalAtenção básica
dos três entesfederativos
Em agosto, aconteceu o primeiro encontro
com Escolas Técnicas do SUS/ETSUS dos estados definidos
como pilotos para o lançamento das
primeiras turmas: Pernambuco, São
Paulo, Acre, Paraná, Distrito Federal e Rio
Grande do Sul.
Acre
Paraná
Rio Grandedo Sul
São Paulo
DistritoFederal
Pernambuco
PERNAMBUCO
ACRE
DISTRITOFEDERAL
SÃO PAULO
PARANÁ
RIO GRANDEDO SUL
Caminhos do Cuidado é oficialmente lançado em seis estados
Oficinas de Orientadores de Aprendizagem do Projeto Caminhos do Cuidado
Formação dos alunos
Certificação e Mostras
Para atender as pessoas com uso problemático de crack, álcool e outras drogas transmitindo os conceitos de redução
de danos, da área de Saúde Mental para Atenção Básica
Durante três dias, os futuros orientadores participaram de aulas, dinâmicas e receberam conhecimentos de educação a aistância (EAD) para atuar junto aos tutores, que serão responsáveis pela formação dos agentes comunitários de saúde (ACSs) e auxiliares e técnicos de enfermagem (ATENFs)
Curso de 40 horas presenciais e 20 horas de dispersões, com turmas de 40 alunos. São cinco encontros presenciais para a formação em saúde mental, com ênfase em crack, álcool e outras drogas do Caminhos do Cuidado.
Os estados promovem mostras dos alunos do
Caminhos do Cuidado com a produção desde o seu início e no
decorrer da formação, de uma série de trabalhos criativos, que remontam
à temática da formação em saúde mental, álcool, crack e outras drogas.
NOVEMBRO-SETEMBRO2013 2014
“Nunca antes da História do país houve uma formação tão abrangente para a atenção básica com o tema da saúde mental”, assim o diretor de Articulação e Coordenação de Politicas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Leon Garcia definiu a oportunidade. Ele palestrou sobre saúde mental, atenção básica e crack durante a oficina de formação de orientadores realizada em Brasília, no Distrito Federal.
DEZEMBRO2014
TOTAL
1875
OFICINAS DE FORMAÇÕES DE TUTORESOs tutores vão formar
Agentes comunitáriosde saúde(ACSs)
Auxiliares/técnicos emenfermagem
(ATENFs)
AcreAlagoasAmapá
AmazonasBahiaCeará
Distrito FederalEspírito Santo
GoiásMaranhão
Mato GrossoMato Grosso do Sul
Minas GeraisPará
ParaíbaParaná
PernambucoPiauí
Rio de JaneiroRio Grande do Norte
Rio Grande do SulRondoina
RoraimaSanta Catarina
São PauloSergipe
Tocantins
TUTORES FORMADOS POR ESTADO26
4710
44157
10810
5156
9433
55222
72828885
6882
5269
2420
76179
3431
de trabalhos criativos, que remontam à temática da formação em saúde
mental, álcool, crack e outras drogas.
O projeto Caminhos do Cuidado disponibiliza no site os certificados para os agentes comunitários de saúde (ACSs) e auxiliares e técnicos em enfermagem (ATENFs) que concluíram a formação em saúde mental, álcool, crack e outras drogas do projeto Caminhos do Cuidado. Os estados promovem solenidade de formatura para entrega de certificados.
METAS E VAGAS OFERTADAS (de out/2013 a dez/2014)
Metas: 290.197TOTAL DO BRASIL
NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL
Vagas ofertadas: 228.287
32.440 114.532 20.657 86.998 35.570
21.647 95.314 23.827 54.446 33.053
29Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
NÚMEROS DO PROJETO
NÚMERO DE TURMAS REALIZADAS E VAGAS OFERECIDAS
NÚMERO DE PESSOAS ENVOLVIDAS NO PROJETO DIRETOS
NÚMERO DE REFEIÇÕES CONTRATADAS
Mobilizou uma equipe de 1.200.000refeições até 31/12/2014 para atender
238.000pessoas entre alunose tutores
2.320 profissionais
226.000 alunos
2.780 fornecedoresde serviços (indiretos)
SOLICITAÇÕES ENVIADAS ATÉ 31/12/2014EXEMPLOS DE TIPOS DE TRANSPORTES
NÚMERO DE KITS DO ALUNO DISTRIBUIDOS
TRANSPORTEFLUVIAL
QUANTIDADE 42
TOTAL
5.470.400km
AC27.000
AL209.800
AM75.000
AP34.000
BA822.400
CE495.200
DF18.600
ES146.400
GO196.400
MA323.000
MG469.400
MS70.400
MT141.400
PA357.000 PB
145.800
PE278.000
PI211.600
PR214.600
RJ164.600
RN114.800
RO90.600
RR17.800
RS292.200
SC201.800
SE121.400
SP155.800
TO75.400
Estão programadas até 31/12/2014 um total de 6.102 turmas, com um total de 226.000 vagas ofertadas
(Kits composto de caderno do aluno, guia, mochila, camiseta e caneta)Até 31/12/2014 foram distribuidos
226.000 kits de material para os alunos no Brasil todo, fazendo com que fossem percorridos 8.950.000km para que todo este material chagasse a seu destino, o equivalente a mais de 223 voltas na terra.
NÚMERO DE FORNECEDORES PARCEIROS ENVOLVIDOS NO PROJETO
Até 31/12/2014 tivemos
54 parceiros estratégicos, fornecendo os materiais e serviços necessários para a realização do projeto.Tivemos ainda
2.720 fornecedores locais, provendo, cada um em sua cidade ou região, alimentação, sitemas de multimidia, local para a realização das aulas e outro serviços.
OPERAÇÕES FINANCEIRASForam realizadas até 31/12/2014 mais de
27.000 operações financeiras no projeto
A distância média percorrida pelo tutor para chegar de sua residência ao local das aulas foi de
45km
do total da meta78%
NÚMERO DE ENVOLVIDOS NOS EVENTOS DE LANÇAMENTO DO PROJETO
Em 23/10/2013 (6 estados)DFACPEPRRSSP
120200
350150150
800
LOCAISEstado do ParáOBSERVAÇÃOMais situações como estas ocorreram, entretanto, a contratação foi feita diretamente pelo usuário do transporte e este foi reembolsado por ajuda de custo.
TAXI AÉREO
QUANTIDADE 12
OUTROS
LOCAISEstados do Acre e Amazonas
QUANTIDADEA grande maioria dos deslocamentos dos tutores se deu via transporte coletivo, além de taxi e condução própria.LOCAISTodos os estados brasileiros.
16.600 pagamentos de diárias
3.900 pagamentos de bolsas às equipes e tutores participantes
NÚMEROS DE BOLSISTAS Tivemos um total de
449bolsistas que passaram pelo projeto compondo a aquipe até 31/12/2014
Tivemos um total de
1.869tutores contratados como bolsistas nestes períodos, totalizando 2.318 bolsistas envolvidos com o projeto até 31/12/2014
30 Capítulo 1 • Retratos do Caminho
31Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Falas do Caminho
35Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Um desafio de proporções continentais. Assim foi a marcha do Caminhos
do Cuidado para capacitar agentes comunitários de saúde, auxiliares e
técnicos de enfermagem num país com 26 estados e um Distrito Federal.
A formação em saúde mental, álcool, crack e outras drogas chegou a
2.518 municípios brasileiros, com a premissa de que, em cada unidade
básica de saúde, todos os agentes comunitários e pelo menos um técni-
co ou auxiliar de enfermagem participassem do treinamento.
Edelves Rodrigues, da equipe de coordenação pedagógica do projeto,
explica que o objetivo principal era ampliar as práticas do cuidado,
acolhimento e escuta. Para isso, foi preciso pactuar a formação nos
estados, descentralizando a gestão. O apoio das Escolas Técnicas do SUS
(ETSUS), dos Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) e
das áreas de atenção básica e saúde mental, nas diferentes esferas de
governo, mostrou-se decisivo nesse processo de articulação. Na avalia-
ção de Edelves, foi possível buscar o real sentido da educação perma-
nente, que signifique, na prática, um atendimento mais humanizado
– e livre de preconceitos – às pessoas que incorporam o uso abusivo e
dependente de drogas.
Caminhos do Cuidado, uma gigantesca marcha
36 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Coube aos coordenadores macrorregionais planejar e
monitorar a execução da formação dos alunos na área
sob sua responsabilidade. Eles também acompanharam
e avaliaram os cronogramas de formação e promoveram
a divulgação, a negociação e as pactuações necessárias
com os atores nos territórios, para a realização dos
cursos. Essas articulações em cada unidade federativa
tiveram ainda a participação dos coordenadores estadu-
ais e de seus apoios.
Waleska Pereira, diretora da Escola Estadual de Educação
Profissional em Saúde do Estado do Rio Grande do Sul
(ETSUS/RS), afirma que o Caminhos do Cuidado fortaleceu
a relação entre os trabalhadores de saúde, as escolas dos
SUS e os gestores, ampliando o debate sobre a questão do
cuidado e acolhimento da pessoa com uso problemático de
drogas. Janaína Duarte, diretora da ETSUS de Alagoas, acre-
dita que o projeto proporcionou um novo olhar em torno
das questões de Saúde Mental E uso abusivo de drogas e
isso renderá frutos na prática dos territórios.
Para Anna Letícia Ventre, coordenadora macrorregional
do Sudeste, o projeto permitiu importantes aproximações
entre saúde mental e atenção básica, no sentido de fo-
mentar um cuidado cada vez mais voltado ao cidadão nos
territórios. Kaciely de Lima Jacino, coordenadora macror-
regional – Nordeste 1 e Acre, diz que a articulação entre
as três esferas de governo (federal, estadual e municipal)
e o envolvimento dos atores convocados a participar do
projeto possibilitou cumprir a missão de formar a totalida-
de dos alunos.
Já Renata Gusmão, coordenadora macrorregional do
Sul, afirma que, numa avaliação retrospectiva, é impos-
sível não se surpreender com o alcance do Caminhos do
Cuidado. Ela acredita que o projeto espalhou sementes
de práticas de saúde mais humanizadas, acolhedoras e
integrais. Na avaliação de Renata, o grande desafio agora
é garantir a água e o sol necessários para que as semen-
tes floresçam e resistam às dificuldades do cotidiano.
Pedro Papini, coordenador macrorregional de Maranhão,
Roraima e Rondônia, aponta um caminho: contar e com-
partilhar as histórias do Caminhos do Cuidado, com seus
erros, acertos e curiosidades.
E não faltarão mesmo histórias a serem difundidas. No
Acre, foi preciso alugar um barco para garantir o treina-
mento de alunos em cidades de difícil acesso. A logística de
alimentar batalhões de agentes comunitários, auxiliares e
técnicos de enfermagem incluiu criar um cardápio e forne-
cer quentinhas, em municípios onde praticamente não há
restaurantes. Entregar o material do projeto – livros, cader-
nos, camiseta e mochila – também exigiu uma estratégia
de guerra, desde a escolha dos fornecedores até o armaze-
namento, para garantir a melhor relação custo-benefício.
Tantos desafios foram recompensados pela maneira caloro-
sa como os alunos, de Norte a Sul, abraçaram o Caminhos
do Cuidado. Nas aulas, não faltaram demonstrações de
entusiasmo com o projeto, por meio de homenagens aos
tutores, músicas, poesias, vídeos. Mais do que isso, a práti-
ca no território passa agora pelo uso de novas ferramentas,
garantindo às pessoas com uso problemático de crack,
álcool e drogas uma perspectiva de mudar seu futuro.
o apoio das Escolas Técnicas do
SUS (ETSUS), dos Conselhos de
Secretarias Municipais de
Saúde (Cosems) e das áreas de
atenção básica e saúde mental,
nas diferentes esferas de governo,
mostrou-se decisivo nesse proces-
so de articulação
37Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
38 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
A distância entre os municípios não foi obstáculo para que
o estado do Acre se tornasse a primeira unidade da federa-
ção a cumprir sua meta do projeto Caminhos do Cuidado.
O sucesso pode ser atribuído, entre outros fatores, a um
pacto fi rmado antes mesmo de o treinamento começar no
Acre, um dos seis estados-piloto do projeto.
Esse pacto começou a ser trilhado na Escola Técnica em
Saúde Maria Moreira da Rocha (ETSUS/Acre), enti dade
responsável por negociar as parcerias com os municípios,
sempre com o objeti vo de fortalecer os processos de saúde,
do cuidado e da educação permanente a parti r dos núcleos
locais. A bem sucedida experiência possibilitou, inclusive,
parti r para uma nova missão: formar mais 400 agentes, em
sete municípios, alguns acessíveis apenas de barco ou avião.
Os responsáveis pelo Caminhos do Cuidado estão confi an-
tes, até porque o processo inicial permiti u criar formas de
engajar os alunos de maneira mais efi ciente. Domisy Vieira,
tutora do projeto, observa que num primeiro momento, as
informações do projeto foram recebidas com apreensão
pelos alunos, que acreditavam tratar-se apenas de apren-
der mais sobre drogas lícitas ou ilícitas. Porém, logo eles
perceberam que o tema em questão era a abordagem à
pessoa em situação de vulnerabilidade e como isso deveria
ser feito em termos de cuidado, acolhimento e escuta.
Para Domisy, eles compreenderam que já desenvolviam
ações nesse senti do e, ao comparti lhar suas experiências,
melhoraram o processo de aprendizagem como um todo.
A tutora diz que os alunos entenderam também que, mui-
tas vezes, a solução depende de um gesto simples. Numa
visita, por exemplo, precisaram buscar socorro médico para
uma dependente de drogas que estava prestes a enfartar.
Engajados em uma nova visão de acolhimento e cuidado,
os alunos de Rio Branco, a capital do Acre, foram além e
criaram um questi onário para a abordagem de pessoas
que incorporam o uso abusivo de drogas. O objeti vo era
pacto pioneiroACrE
Área do Estado .......164.123 km²
População ...............709.101 habitantes
• Início do projeto ..................... Julho de 2014
• Tutores mobilizados ............... 26
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 56
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
1.7362.221 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
39Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
saber, principalmente o que levara o indivíduo a se tornar
dependente de drogas como crack, cocaína, maconha e
merla, entre outras.
A parti r daí, alguns alunos começaram a olhar as pessoas
que estavam em situação de vulnerabilidade de outra
forma, em vez da visão tradicional de que essas pessoas
estavam apenas por escolha própria. Eles perceberam e
entenderam que, por trás daquela opção, existi a um sofri-
mento e que muitas vezes, esse sofrimento foi o causador
do vício, conta a tutora Érica Fabíola Araújo da Silva Faria.
A técnica de enfermagem Clarice dos Santos Espinosa,
de Xapuri, também acredita que o mais importante do
Caminhos do Cuidado é dar aos profi ssionais da área uma
nova visão do problema. No curso, Clarice lembra que eles
aprendem a identi fi car a pessoa em situação de vulnerabi-
lidade, a conversar com ela de maneira correta e, se for o
caso, a orientá-la para buscar um atendimento. Os agentes
e profi ssionais de saúde precisam estar mais integrados
para tratar dos problemas. Se cada um fi zer a sua parte, o
resultado é melhor, afi rma a técnica de enfermagem.
Para Nazaré Figueiredo, coordenadora estadual do
Caminhos do Cuidado, os bons resultados estão direta-
mente relacionados ao engajamento de todos os atores
envolvidos no projeto. Ela conta que os tutores são muito
comprometi dos com o projeto e a equipe estadual é
responsável e sempre esteve empenhada em cumprir o
cronograma do projeto.
os agentes e profi ssionais de saú-
de precisam estar mais integrados
para tratar dos problemas. Se
cada um fi zer a sua parte, o resul-
tado é melhor”
“Clarice Espinosa
40 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Uma celebração marcou o encerramento do Caminhos do
Cuidado em Alagoas. O estado, que alcançou a meta de
formar 100% dos agentes comunitários de saúde, auxilia-
res e técnicos de enfermagem, reuniu tutores e alunos na
Universidade Federal de Alagoas, para fazer um balanço
do projeto no estado. Segundo a coordenadora estadual,
Emilene Donato, a ideia foi aproveitar esse encontro para
a troca de experiências entre os parti cipantes, de uma
forma leve, democráti ca e signifi cati va.
Em Alagoas, a equipe estadual trabalhou em parceria com
a Escola Técnica de Saúde Professora Valéria Hora (Etsal),
que disponibilizou contatos e conhecimento. Emilene
Donato conta que o Caminhos do Cuidado foi prontamen-
te aceito pelos gestores, que destacaram a importância
de qualifi car seus profi ssionais, em especial no interior do
estado. E não faltaram solicitações dos municípios para
incluir profi ssionais de nível superior como assistentes
sociais, psicólogos, médicos, enfermeiros, apoiadores ins-
ti tucionais da Atenção Básica e trabalhadores dos Centros
de Atenção Psicossocial.
Avaliação permanenteALAGOAS
Área do Estado .......27.768 km²
População ...............3,322 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Fevereiro de 2014
• Tutores mobilizados ............... 47
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 168
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
6.2056.815 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
41Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Para tornar ainda mais produti vo o treinamento oferecido
pelo projeto, a coordenação estadual criou uma Comis-
são de Educação Permanente em Saúde do Caminhos
do Cuidado, ligada à Secretaria de Saúde de Maceió. Foi
elaborado um questi onário de avaliação dos profi ssionais
formados, para análise da uti lidade do curso em suas
práti cas de saúde.
Todo esse empenho se refl eti u na dedicação dos alunos.
Emilene lembra que a maioria fez diferença ao longo do
processo, produzindo cordel, depoimentos em vídeos,
peças de teatro e músicas, com muito envolvimento e
criati vidade. Esse comprometi mento fez com que, diver-
sas vezes, a equipe estadual do Caminhos do Cuidado se
emocionasse com a riqueza dos resultados.
A tutora Adriana Paes Castro, diz que parti cipar do treina-
mento contribuiu para mudar o olhar da Atenção Básica
sobre a Saúde Mental. Ela acredita que o projeto será um
facilitador e abrirá portas para aprimorar os tratamentos
de álcool e drogas realizados por intermédio do SUS.
A agente comunitária de saúde Josenilda Portela, que
atua em Coruripe, que fi ca a cerca de 100 quilômetros da
capital Maceió, afi rma que o curso foi muito produti vo.
Mesmo em pouco tempo, ela conta que pôde passar a ter
uma visão diferente das pessoas com uso problemáti co de
drogas. Ela acrescenta que o receio que ti nha em traba-
lhar com esses pacientes foi superado com a capacitação
teórica e práti ca do curso.
elaboramos um questi onário de
avaliação dos profi ssionais forma-
dos, para análise da uti lidade do
curso em suas práti cas de saúde”
“Emilene Donato
42 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
No Amapá, agentes comunitários de saúde, auxiliares e
técnicos de enfermagem navegaram ao sabor do Cami-
nhos do Cuidado, muitas vezes, literalmente. É que, para
parti cipar do treinamento, muitos alunos precisaram
enfrentar jornadas de até 18 horas de barco de casa à ci-
dade onde as aulas aconteceram. Em alguns casos, o aviso
sobre o curso em Saúde Mental, crack, álcool e outras
drogas foi feito por intermédio da rádio local. Mas, mesmo
quem morava em vilarejos no meio da mata fechada, cujo
único transporte é fl uvial, fi zeram questão de parti cipar.
Não sem moti vos: o projeto foi a única ação de Saúde Mental
no estado nos últi mos anos. Com uma rede de atendimento
psicossocial ainda frágil – ou até inexistente – os agentes
comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
ti veram uma oportunidade pouco comum de aprender,
trocar experiências e refl eti r sobre a problemáti ca do uso
abusivo e dependente de álcool, crack e outras drogas.
Mudança de comportamento
Tornou-se possível ter uma forma
mais humana de ver e trabalhar
o cuidado ao paciente de saúde
mental”
“Lorilei Stefanello Seccon
AMAPá
Área do Estado .......142.815 km²
População ...............751 mil habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de 2014
• Tutores mobilizados ............... 10
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 38
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
1.2151.382 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
43Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
A coordenadora estadual, Lorilei Stefanello Seccon, expli-
ca que o treinamento também fortaleceu a autoestima
dos alunos, que ganharam novas ferramentas para atuar
em seus territórios. Com isso, ela afirma que o compor-
tamento desses profissionais em relação à população em
situação de vulnerabilidade vai mudar. Tornou-se possível
ter uma forma mais humana de ver e trabalhar o cuidado
ao paciente de saúde mental. A expectativa agora é que o
Caminhos do Cuidado se torne um instrumento de educa-
ção permanente no estado e que os demais profissionais
da rede sejam capacitados.
A tutora Larissa Marques Cabral trabalhou com alunos
das comunidades mais afastadas e ficou surpresa com
a receptividade. Ela afirmou que agentes comunitários,
auxiliares e técnicos de enfermagem deram depoimentos
emocionantes e saíram do treinamento com a certeza da
importância do trabalho em equipe. Mais do que isso,
foram informados sobre a maneira certa de abordar as
pessoas com uso problemático de drogas e a encaminhá-
-las aos serviços públicos de saúde.
Os relatos dos alunos foram marcantes. O agente comu-
nitário de saúde Igor emocionou sua turma ao contar
que foi criado em uma boca de fumo e que a maioria
dos seus amigos está presa ou morta. O rapaz disse que
teve contato com várias drogas, mas que optou por ser
um promotor de saúde. A experiência de vida, porém,
garantiu-lhe uma habilidade para acolher, ouvir e respei-
tar a pessoa que incorpora o uso abusivo e dependente
de drogas. Já a agente comunitária de saúde Maria de
Lourdes observou que é preciso atender também às
famílias que sofrem com o problema.
44 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
No Amazonas, nem a Copa do Mundo nem as eleições atra-
palharam o processo Caminhos do Cuidado. Difí cil mesmo
foi criar uma logísti ca para distribuir o material pedagógico
a todos os municípios, já que muitos só são acessíveis de
barco ou avião. A coordenadora estadual, Juliana Rodrigues
da Costa, explica que a saída foi concentrar todo o material
em Manaus e, a parti r da capital, criar rotas de escoamen-
to. Isso encurtou o tempo e permiti u que o projeto ati ngis-
se as regiões mais afastadas do estado.
Com o equipamento em mãos, os alunos abraçaram a
causa do Caminhos do Cuidado e, segundo Juliana, já há
relatos de como estão aplicando o que aprenderam em
sua práti ca coti diana nos territórios. A coordenação esta-
dual está agora planejando como atender a demanda de
outras categorias, que também querem parti cipar do trei-
namento. É o caso de enfermeiros e agentes indígenas.
A tutora Carla Regina Lopes da Silva, diz que o curso
abriu um leque de ações sobre como lidar e abordar o
problema de álcool e outras drogas. Ela acha que a Saúde
Mental ganhou um senti do mais humano em sua vida e
acredita que os profi ssionais cuidadores podem reverter
a situação de dependentes gradati vamente com outra
forma de abordagem apresentada pelo projeto.
A técnica de enfermagem Eliane Lopes, que trabalha no
município Manacapuru, a cerca de 80 quilômetros de
Manaus, diz que o curso abriu a sua mente para a forma
práti ca de atuar. E, que agora sabe abordar, atender e
acolher o paciente de uma maneira diferente.
Metodologia diferenciadaAMAZONAS
Área do Estado .......1.570.746 km²
População ...............3,874 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de 2014
• Tutores mobilizados ............... 44
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 141
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
6.526
4.813 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
45Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Já há relatos de como os alunos
estão aplicando o que aprende-
ram em sua práti ca coti diana nos
territórios”
“Juliana Rodrigues da Costa
46 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
A primeira etapa do treinamento do Caminhos do Cui-
dado mal acabou e os baianos já querem mais. A coor-
denadora estadual do projeto, Claudia Silva, conta que
tem recebido pedidos de profi ssionais de nível superior,
como assistentes sociais, enfermeiros e funcionários dos
Centros de Assistência Psicossocial (CAPS) para que eles
também possam parti cipar da formação. O sucesso do
trabalho também pode ser atribuído a pactuação com os
municípios proposta pela Escola Técnica do SUS da Bahia,
executora do projeto no estado.
Na Bahia, a formação em Saúde Mental, com ênfase em
crack, álcool e drogas tem mobilizado tutores e alunos.
Segundo Claudia Silva, antes do Caminhos do Cuidado,
havia muito preconceito em relação às pessoas que fazem
Semente do futuroBAHIA
Área do Estado .......564.733.177 km²
População ...............15.126.371 habitantes
• Início do projeto ..................... Janeiro de 2014
• Tutores mobilizados ............... 157
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 650
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
28.933
25.304 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
47Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
uso dependente e problemáti co de drogas. Agora, essa
visão mudou. Agentes comunitários de saúde, auxilia-
res e técnicos de enfermagem estão voltando aos seus
territórios de atuação com a intenção de ouvir, acolher e
encaminhar essa parcela da população.
O interesse no curso também pode ser medido em
versos. Diversas turmas expressaram a importância do
Caminhos do Cuidado em poesia. Uma turma de Igrapiú-
na, que teve as tutoras Myrian do Carmo e Maria Karine
Fernandes organizou um jogral: “Ao lidar com o usuário /
Não devemos tratá-lo com indiferença / Pois o vínculo, o
acolhimento e a escuta / São ferramentas essenciais para
tais experiências”.
Agentes comunitários de saúde,
auxiliares e técnicos de enferma-
gem estão voltando aos seus terri-
tórios de atuação com a intenção
de ouvir, acolher e encaminhar
essa parcela da população”
“
Claudia Silva
Já em Caeti té, a homenagem ao projeto surgiu em forma
de cordel. Segundo a tutora Marinês Oliveira, muitos
alunos ti nham vocação para lidar com pessoas que
incorporam o uso abusivo e dependente de drogas, mas
precisavam de ferramentas para transformar esse conhe-
cimento empírico num acolhimento efi caz. Ela afi rma que
os alunos, após o treinamento, fi caram muito moti vados
e se senti ram em condições de enfrentar o desafi o.
48 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Ideias criati vas não faltaram no treinamento do Caminhos
do Cuidado no Ceará. Em sala de aula, os agentes comu-
nitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
usaram poesia, teatro e artesanato para aprender novas
ferramentas de acolhida e comparti lhar seus conheci-
mentos em Saúde Mental, crack, álcool e outras drogas. O
objeti vo foi mudar a visão do problema e encontrar uma
abordagem mais humana para as pessoas que incorporam
o uso abusivo e dependente das drogas.
Criatividade em cena
os alunos gostam do que fa-
zem e sentem desejo de se
tornarem multiplicadores do
Caminhos do Cuidado”
“Rossana Vasconcellos
CEArá
Área do Estado .......148.826 km²
População ...............8,779 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de 2014
• Tutores mobilizados ............... 108
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 333
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
16.463
12.934 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
49Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
A coordenadora estadual do projeto, Raimunda Félix
de Oliveira, a Rane, explica que o Caminhos do Cuidado
teve uma acolhida muito positiva entre os profissionais
de saúde. Ela diz que a experiência do treinamento será
levada para a Escola de Saúde Pública do Ceará, fortale-
cendo a qualificação em Saúde Mental no estado.
Para muitos alunos e tutores, o projeto deixa uma doce
saudade. Em Pedra Branca, os tutores Sergio Diógenes e
Francisco Sidynei foram surpreendidos, no último dia de
aula, com um bolo confeitado com as cores e a logo-
marca do projeto. Dois bonequinhos simbolizavam os
tutores. Em Juazeiro do Norte, uma turma das tutoras
Daiana Leite e Edlane Martins também levou um bolo
para marcar o encerramento do projeto.
Para a tutora Rossana Vasconcellos, que atuou em Ara-
cati, ideias assim deixam claro que os atores do Cami-
nhos do Cuidado já se apropriaram do projeto e pre-
tendem realmente adotá-lo em sua prática cotidiana.
Rossana diz que trata-se de profissionais que gostam do
que fazem e que sentem desejo de se tornarem multi-
plicadores do projeto.
O agente comunitário de saúde Firmino de Souza, de
Apuiarés, conta que, em sua cidade, os alunos do Cami-
nhos do Cuidado vão realizar oficinas sobre o tema para
os moradores. Segundo Firmino, a iniciativa, que tem
o apoio de médicos e enfermeiros, alcançará 80% da
população do município.
50 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
No Distrito Federal, o projeto Caminhos do Cuidado já
está com seu futuro garantido. A temática da Saúde
Mental, crack, álcool e outras drogas foi integrada à
Escola Técnica de Saúde de Brasília (ETESB). A partir de
2015, quem ingressar no curso de formação em agente
comunitário de saúde aprenderá o conteúdo e os con-
ceitos abordados pelo projeto.
Para os que ainda não fizeram, a formação estará garan-
tida no ano que vem, reitera a coordenadora do projeto
no Distrito Federal, Tereza Cristina Lyra Leite. A ETESB
vai receber os auxiliares e técnicos de enfermagem que
não foram atendidos pelo Caminhos do Cuidado.
O processo de formação de turmas e a execução do cur-
so foram possíveis por meio da articulação feita pelas
diretorias de Atenção Primária. Em cada regional uma
diretoria de Atenção Primária coordenou as equipes de
Saúde da Família. No ano que vem, está prevista uma
exposição dos trabalhos realizados por essas regionais.
Tereza Cristina afirma que o Caminhos do Cuidado tem
Efeito multiplicador
o curso ajuda os profi ssionais
a terem outra visão, respeitar
quem quer que seja e se sensibili-
zar com o outro”
“Maria José de Jesus
DISTrITO fEDErAL
Área do Estado .......5.802 km²
População ...............2.852.372 habitantes
• Início do projeto ..................... outubro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 10
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 27
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
fEDErAL
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
1.0041.063 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
51Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
sido extremamente importante no treinamento dos
agentes comunitários de saúde.
Para a enfermeira Rossana Pontes, mestre em Ciências
da Saúde, o conceito inovador do projeto transformou
totalmente sua maneira de ver as questões das pessoas
em situação de vulnerabilidade. Rossana iniciou seu tra-
balho no Caminhos do Cuidado como tutora, atuou na
formação da primeira turma de agentes comunitários
de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem e, poste-
riormente, foi aprovada na seleção para orientadora.
Ela conta que tinha um olhar preconceituoso sobre as
pessoas em situação de vulnerabilidade e com transtor-
no mental, mesmo que esses pacientes fizessem parte
do seu dia a dia na assistência. Hoje ela diz que tem
outro olhar, outra acolhida. E consegue entender as
escolhas e respeitá-las.
A mesma transformação, na avaliação de Rossana,
aconteceu com tutores e alunos, num processo que
tende a multiplicar as boas práticas no acolhimento e
atendimento aos usuários. Segundo ela, o olhar mudou
e foi notória a sensibilização de novos multiplicadores.
Aluna da primeira turma de formação em Saúde Men-
tal, crack, álcool e outras drogas, a agente comunitária
Maria José de Jesus percebeu, durante o treinamento,
o papel essencial que exerce na questão do acolhimen-
to e da Redução de Danos. Ela considera fundamental
olhar nos olhos do usuário, perceber suas condições,
conversar, escutar e, depois, repassar à equipe do
atendimento todos os problemas constatados durante
o encontro. Segundo ela, o curso ajuda os profissionais
a terem outra visão, respeitar quem quer que seja e se
sensibilizar com o outro.
52 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
As diferentes realidades dos 78 municípios do Espírito
Santo não impediram o Caminhos do Cuidado de produzir
resultados positi vos no estado. Lidando no coti diano com
estruturas e serviços diversos, agentes comunitários de
saúde e auxiliares e técnicos de enfermagem puderam
comparti lhar suas experiências e dúvidas, criando novas
condições para a acolhida das pessoas que incorporam o
uso abusivo e dependente de drogas.
A coordenadora estadual do Caminhos do Cuidado,
Elzimar Evangelista Peixoto Pinto, conta que o projeto
possibilitou ainda criar um canal de comunicação entre a
Saúde Mental e a Atenção Primária, por meio de iniciati -
vas como telessaúde, mapeamento/aproximação de reali-
dades locais com as coordenações regionais e a discussão
de ações de conti nuidade.
Outro ponto importante foi aproximar os alunos da
temáti ca da Saúde Mental. Segundo a coordenadora es-
tadual, os conteúdos trabalhados são importantes para o
coti diano da ação de acolhida, escuta e encaminhamento
nos territórios. O próximo passo, na opinião de Elzimar
é garanti r a conti nuidade das formações e estender esse
Experiências compartilhadas
o projeto possibilitou criar uma
comunicação entre a saúde men-
tal e a atenção primária”
“Elzimar Evangelista Peixoto Pinto
ESPÍrITO SANTO
Área do Estado .......46.078 km²
População ...............3,885 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Março de 2014
• Tutores mobilizados ............... 51
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 153
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
SANTO
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
5.8035.889 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
53Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
treinamento a todos os profissionais de saúde, além de
estruturar redes de serviço.
Para a tutora Daniele Stange, o Caminhos do Cuidado foi
especial durante todo o curso de formação. Ela afirma
que muitas pessoas puderam transformar o olhar sobre o
transtorno mental e especialmente sobre pessoas em so-
frimento devido ao uso de crack, álcool ou outras drogas.
Ela disse que ouviu dos ACSs e ATENFs o quanto é neces-
sário informar sobre os temas tratados no curso também
para os colegas de nível superior. Muitos apontavam
essa necessidade por acreditar que esses profissionais
desconhecem a história da loucura, a rede de atenção
psicossocial ou outras saídas que seja não a internação
para dependentes de drogas. Outros, por outro lado,
pediam por essa extensão do projeto àqueles colegas
como um pedido de socorro, para aplacar a solidão que
sentem diante dos casos que conhecem nas visitas, mas
não fazem eco – e portanto, ficam sem cuidado – quan-
do levados às equipes das unidades de saúde. Com a
experiência no projeto, ela disse que resgatou forças
para continuar provocando, a partir de seu trabalho, que
os caminhos do cuidado abram-se cada vez mais para a
inclusão das pessoas com sofrimento psíquico, na utopia
de um mundo mais justo e acolhedor.
A agente comunitária de saúde Ana Beatriz Tomasi, que
atua em Colatina, a 130 quilômetros de Vitória, diz que
já tinha feito outras capacitações nessa área, mas o
Caminhos do Cuidado foi marcante, pois passou a ver as
pessoas que incorporam o uso abusivo e dependente de
drogas como doentes e não como delinquentes. Ela diz
que o curso lhe deu outra perspectiva de conceito para a
questão da dependência de drogas.
54 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Em Goiás, o Caminhos do Cuidado completou um ano
com a marca do sucesso. No primeiro momento, a for-
mação em Saúde Mental, crack, álcool e outras drogas
surpreendeu os alunos. Eles precisaram rever seus con-
ceitos para entender a nova proposta e ouvir, acolher e
encaminhar as pessoas que incorporam o uso abusivo e
dependente de drogas.
A coordenadora estadual, Miriã Alves Couti nho, explica
que, ao longo do treinamento, os alunos foram gradati va-
mente impactados e que isso tornou o processo grati fi can-
te. Segundo ela, apesar de árduo, o trabalho renderá fru-
tos, o que fi ca claro nos depoimentos de alunos e tutores.
O tutor Joaquim Lino Suarte Neto, destaca que o compro-
meti mento dos atores envolvidos no Caminhos do Cuida-
Impacto positivoGOIáS
Área do Estado .......340.086 km²
População ...............6,523 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Dezembro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 56
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 239
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
9.5399.918 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
55Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
do é uma das razões para a boa acolhida que o projeto
obteve em Goiás. Ele acredita que, após o treinamento,
os alunos voltam ao território com um olhar e um senti -
mento livres do véu do preconceito. Com isso, na opinião
do tutor, será possível adotar uma abordagem mais éti ca
e um cuidado mais humanizado na atenção às pessoas
com uso problemáti co de drogas.
A agente comunitária de saúde Rejane de Fáti ma Silva diz
que assumiu uma nova postura na abordagem de pessoas
com uso problemáti co de drogas depois do treinamento.
Atuante no município de Caldas Novas, ela conta que
ganhou experiência para lidar com a Redução de Danos,
adequada à situação e à demanda de cada paciente.
Será possível adotar uma abor-
dagem mais éti ca e um cuidado
mais humanizado na atenção às
pessoas com uso problemáti co
de drogas”
“Joaquim Lino Suarte Neto
56 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
No Maranhão, além da capacitação de agentes comuni-
tários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem, o
projeto sensibilizou outros profi ssionais da Atenção Básica
para as questões da Saúde Mental, com ênfase no enfren-
tamento das drogas. Na práti ca do dia a dia, aproximou as
áreas de Saúde Mental e Atenção Básica, proporcionando a
construção de novas pontes para o atendimento às pessoas
que incorporam o uso abusivo e dependente de drogas.
A coordenadora estadual, Sara Fiterman, explica que a for-
mação em saúde mental, crack, álcool e outras drogas pro-
porcionou a desconstrução e a reformulação de conceitos
sobre a assistência a essa parcela da população. Segundo
ela, a parti r do curso, a escola técnica do SUS percebeu a
relevância destes conteúdos. Sara listou ainda outras duas
conquistas do Caminhos do Cuidado: a refl exão sobre a
possibilidade de cuidados em espaços variados, insti tucio-
nais ou comunitários; e o fomento a transformações que
irão superar o treinamento proporcionado pelo projeto.
Para a tutora Amanda Gracielle de Oliveira Cutrim, o
treinamento ofereceu uma nova abordagem para o trata-
mento das pessoas com uso problemáti co de drogas. Ela
afi rma que, a parti r do Caminhos do Cuidado, os alunos
passaram a ter novos meios na busca pela redução de
danos e, principalmente, um novo olhar para essa parcela
da população e para suas famílias.
Já a aluna Cleane Damasceno, que atua em Buriti cupu, a
310 quilômetros da capital, São Luís, disse ter aprendido
muito com o projeto e na troca de conhecimentos e vivên-
cias com outros alunos. Cleane conta que o treinamento
serviu para ti rar uma venda dos olhos, já que, agora, ela
tem uma nova visão em relação aos pacientes. A aluna
também explica que, após o Caminhos do Cuidado, mudou
sua forma de trabalhar, abordando as pessoas com uso
problemáti co de drogas da forma correta.
Conquistas e transformaçõesMArANHãO
Área do Estado .......331.983 km²
População ...............6,851 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Junho de 2014
• Tutores mobilizados ............... 94
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 215
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
17.191
8.788 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
57Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
o Caminhos do Cuidado pro-
porcionou a desconstrução e a
reformulação de conceitos sobre
a assistência a essa parcela da
população”
“Sara Fiterman
58 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Qualificação continuada
Já há muitos relatos sobre a
uti lização dos conceitos compar-
ti lhados no treinamento no dia a
dia dos profi ssionais de saúde em
seus territórios”
“Cecília Alonso Corrêa Fortes
MATO GrOSSO
Área do Estado .......903.357 km²
População ...............3,224 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Julho de 2014
• Tutores mobilizados ............... 33
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 113
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
5.366
3.725 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
59Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
A Escola Técnica do SUS de Mato Grosso vai encampar
o Caminhos do Cuidado e continuar com o trabalho de
formação de agentes comunitários de saúde, auxiliares e
técnicos de enfermagem em Saúde Mental, crack, álcool e
outras drogas. No estado, o projeto teve ótima aceitação,
segundo a coordenadora estadual Cecília Alonso Corrêa
Fortes. Ela conta que já há muitos relatos sobre a utiliza-
ção dos conceitos compartilhados no treinamento no dia
a dia dos profissionais de saúde em seus territórios.
A tutora Claudia Cristina Zuanazzi também considera o
resultado ótimo. Na avaliação dela, não apenas os alunos
foram beneficiados, mas também os tutores e orientados,
que puderam crescer pessoalmente e profissionalmente
com as informações compartilhadas no treinamento do
Caminhos do Cuidado. Claudia Cristina classifica o progra-
ma como bem extenso e muito bem desenvolvido.
Técnica de enfermagem em Sinop, cidade que fica a 500
quilômetros de Cuiabá, a capital do Mato Grosso, Mar-
lene Seco conta que os alunos de sua cidade já foram
além do Caminhos do Cuidado. Eles criaram o projeto
Borboleta, voltado para o apoio e atendimento do público
LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e
transgêneros). O programa ganhou o apoio da prefeitura.
Marlene afirma que, graças ao treinamento, a equipe
mudou o olhar em relação às pessoas que incorporam o
uso dependente e abusivo de drogas e que, com isso, foi
possível reduzir danos na região.
60 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Com dez turmas a mais do que a previsão inicial, o Ca-
minhos do Cuidado deixa, em Mato Grosso do Sul, uma
semente para o futuro. Graças ao sucesso do projeto, já
existe a perspecti va de elaboração de um novo processo
de qualifi cação em Saúde Mental para os enfermeiros e
demais profi ssionais de nível superior da rede pública em
diversas cidades. Na avaliação da coordenadora estadual,
Ewângela Aparecida Pereira da Silva, o treinamento de
agentes comunitários, auxiliares e técnicos de enferma-
gem serviu para fortalecer a rede psicossocial, tanto nos
79 municípios quanto no próprio estado.
Ewângela conta que o Caminhos do Cuidado ajudou a
desmisti fi car tabus, quebrar paradigmas e apontar novas
alternati vas para a Redução de Danos. Segundo a coorde-
nadora estadual, já é possível observar que, após o trei-
namento em Saúde Mental, crack, álcool e outras drogas,
os alunos fi caram mais bem preparados para acolher e
encaminhar as pessoas em situação de vulnerabilidade.
Fortalecimento da rede
A qualidade do serviço prestado
às pessoas com uso problemáti co
de drogas mudou para melhor”
“Ewângela Aparecida Pereira da Silva
MATO GrOSSO DO SUL
Área do Estado .......357.125 km²
População ...............2,62 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... outubro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 55
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 137
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
DO SUL
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
4.7484.946 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
61Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Ou seja, a qualidade do serviço prestado às pessoas com
uso problemáti co de drogas mudou para melhor.
Para a tutora Lucimar Torres da Silva Souza o projeto
preparou os profi ssionais envolvidos para trabalhar com
uma área que ainda é esquecida, mas que merece muita
atenção da saúde pública. Ela espera que o Caminhos do
Cuidado cresça, para que possa oferecer capacitação a
outros profi ssionais.
A agente comunitária de saúde Maria Izabel Quinhões,
que atua em Campo Grande, diz que no curso que apren-
deu o quanto a paciência e a dedicação são importantes
para o resultado do trabalho. Na formação, ela observou
que trabalhar a autoesti ma dos pacientes é uma iniciati va
que vale sempre ser levada em conta. Além disso, o cui-
dado com os familiares das pessoas que incorporam o uso
abusivo e dependente de drogas é fundamental.
62 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Com 853 municípios, o Caminhos do Cuidado representou
uma missão de fôlego em Minas Gerais. Com um terri-
tório grande e fragmentado, uma série de arti culações
foi necessária para que o projeto tomasse corpo. Este
processo teve a pactuação do Grupo Condutor de Minas
Gerais formado por representantes da Saúde Mental,
Atenção Básica, Conselho de Secretarias Municipais de
Saúde, Centro de Integração de Educação e Saúde e pelas
duas escolas de saúde, que cuidaram da gestão das tur-
mas nas regiões.
A coordenadora estadual do projeto, Rosângela Silveira,
informa que a aceitação do curso pelos alunos foi exce-
lente. Segundo ela, os agentes comunitários de saúde,
auxiliares e técnicos de enfermagem destacaram que a
humanização proposta pelo Caminhos do Cuidado come-
ça já na formação. Rosângela avalia que, ao se senti rem
acolhidos, os alunos acabam tendo mais facilidade para
entender que o treinamento em Saúde Mental, crack,
álcool e outras drogas é uma políti ca humanizada.
E não faltam interessados em conhecer o projeto. A
coordenadora estadual conta que já está sendo pensada
ao se senti rem acolhidos, os alu-
nos acabam tendo mais facilidade
para entender que o treinamento
é uma políti ca humanizada”
Desafio da distância
“Rosângela Silveira
MINAS GErAIS
Área do Estado .......586.528 km²
População ...............20,59 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de
• Tutores mobilizados ............... 222
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 567
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
33.137
20.188 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
63Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
uma estratégia para atender aos profi ssionais de nível
superior que pedem para fazer o treinamento. Muitos,
inclusive, frequentam às primeiras aulas, para entender
do que se trata.
Entender e traduzir de forma bem popular, como fi zeram
os alunos de uma turma de Guaxupé. Ao fi m do treina-
mento, eles apresentaram uma versão da música “Pássaro
de fogo”, em que externaram sua experiência no projeto.
A letra modifi cada, de autoria da aluna Angélica Paulino
Rabelo, foi interpretada pelas também alunas Rosimeire
Tavares Silva e Sirlene Valéria Silva Prado. “A droga de
antes / te tornou um dependente / existe sim um jeito /
com a Redução de Danos / ter bem mais que um abrigo”,
diz a versão.
A tutora Isaura Lucas Bomtempo destaca que o conteúdo
do curso ofereceu conteúdo pedagógico inovador em
relação a outras capacitações. Ela observa ainda que o
treinamento valorizou os agentes, fundamentais para o
sucesso do projeto na práti ca coti diana nos territórios.
64 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Num estado que tem o tamanho de um país, implantar
o Caminhos do Cuidado foi um desafio monumental. A
grandiosidade do projeto e a logística complicada, já que
muitos municípios são de difícil acesso, não impediram,
porém, que o treinamento em Saúde Mental, crack,
álcool e outras drogas no Pará se tornasse uma experi-
ência enriquecedora.
A coordenadora estadual do projeto, Izabel Cristina Oli-
veira, ex-gerente pedagógica da ETSUS do Pará, explica
que o Caminhos do Cuidado foi muito bem aceito pelos
alunos. A tutora Odineide da Silva Souza afirma que eles
são os alicerces da Atenção Básica, já que fazem a liga-
ção da comunidade com o sistema. Segundo Odineide,
tantos os tutores quanto os alunos foram privilegiados
por poderem enriquecer os respectivos currículos com
um trabalho de prevenção tão bem elaborado.
A agente comunitária de saúde Isabel da Costa Mora-
es, que atua em Santa Bárbara do Pará, na periferia de
Belém, diz que os alunos levam do treinamento uma nova
visão sobre as pessoas que incorporam o uso abusivo e
dependente de drogas e suas famílias. Para ela, graças ao
curso, é possível acolher, escutar e encaminhar essa par-
cela da população sem preconceito e sem medo, o que
trará bons resultados na práti ca coti diana dos territórios.
Desafio monumental
os alunos levam do treinamen-
to uma nova visão sobre as
pessoas que incorporam o uso
abusivo e dependente de drogas
e suas famílias”
“Isabel da Costa Moraes
PArá
Área do Estado .......1.247.690 km²
População ...............8,074 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Março de 2014
• Tutores mobilizados ............... 72
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 262
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
15.072
10.489 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
65Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
66 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Na Paraíba, o Caminhos do Cuidado teve a marca da
união. Para garanti r o atendimento do maior número de
agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de
enfermagem, os gestores reuniram três ou quatro municí-
pios pequenos para formar as turmas. Nesta arti culação,
a parti cipação do Conselho de Secretarias Municipais de
Saúde foi decisiva.
O coordenador estadual do projeto, Paulo Ricardo Rodri-
gues da Silva, afi rma que todo ti po de recurso foi usado
para que o Caminhos do Cuidado alcançasse seus objeti -
vos. Nos lugares mais afastados, os gestores se valeram
até das rádios locais para informar aos agentes comunitá-
rios de saúde sobre a realização do curso em Saúde Men-
tal, crack, álcool e outras drogas. Segundo o coordenador
estadual, os alunos, após o treinamento, reconhecem o
problema em seu território e identi fi cam formas de atuar
no acolhimento à pessoa que incorpora o uso abusivo e
dependente das drogas.
Identificação de problemasPArAÍBA
Área do Estado .......56.585 km²
População ...............3,914 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Março de 2014
• Tutores mobilizados ............... 82
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 200
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
9.547
7.674 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
67Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Paulo informa ainda que há demanda para estender o
treinamento aos demais profi ssionais dos Centros de
Atenção Psicossocial, dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família e da Estratégia de Saúde da Família. Neste caso,
uma proposta é ampliar o atendimento por meio de ensi-
no à distância.
Em Pombal, a 370 quilômetros de João Pessoa, os alunos
encontraram uma forma diferente de comparti lhar o que
aprenderam no treinamento do Caminhos do Cuidado.
Eles realizaram um debate com profi ssionais de saúde e
pacientes de um dos centros de atendimento psicossocial
do munícípio. Os tutores Vanderlan Andrade de Souza e
Christi anne Urti ga Rocha planejam fazer os encontros,
bati zados de “Jornal Debate”, periodicamente.
os alunos, após o treinamento,
reconhecem o problema em seu
território e identi fi cam formas de
atuar no acolhimento à pessoa
que incorpora o uso abusivo e
dependente das drogas”
“
Paulo Ricardo Rodrigues da Silva
68 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
O Caminhos do Cuidado começou no Paraná em outubro
de 2013. De lá para cá, o projeto engrenou e parceria foi
a palavra de ordem. A coordenadora estadual do Cami-
nhos do Cuidado, Maria Helena dos Santos, conta que as
enti dades estaduais e municipais de referência em Saúde
Mental e em Saúde da Família prontamente aderiram ao
Caminhos do Cuidado. O Conselho de Secretarias Muni-
cipais de Saúde também foi um parceiro relevante, tanto
para ajudar a negociar com os municípios quanto para
propor ferramentas de avaliação do projeto.
Pouco mais de um ano após ser iniciado, o Caminhos
do Cuidado conquistou de tal forma os profi ssionais de
saúde do Paraná que já é possível pensar nos próximos
passos, segundo Maria Helena.
Desde o início, ela diz que a coordenação percebeu
uma forte demanda por formação de profissionais e
pela implementação de políticas de saúde mental. A
coordenação recebeu muitos pedidos para dar continui-
dade ao projeto, oferecendo treinamento para outros
profissionais, da rede hospitalar e de nível superior.
Maria Helena considera que é preciso também tornar
interdisciplinar essa discussão sobre as drogas. Além da
área de saúde, o problema envolve educação, justiça e
representações sociais/organizações não governamen-
tais, entre outros atores.
Paralelamente às discussões sobre novas etapas para o
projeto, tutores e alunos aproveitam o treinamento para
disseminar um novo olhar sobre a temáti ca das drogas.
O tutor Daniel Marti ns do Nascimento enumera algumas
conquistas do Caminhos do Cuidado: minimizar “pré-con-
ceitos” quanto ao uso das drogas; dar novas ferramentas
aos profi ssionais de saúde; difundir a ideia de Redução
de Danos; desmisti fi car o poder do hospital psiquiátrico
e fortalecer o papel da rede enquanto mecanismo de
acolhimento comunitário.
parceria bem-sucedidaPArANá
Área do Estado .......199.315 km²
População ...............11,08 milhão habitantes
• Início do projeto ..................... outubro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 88
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 294
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
14.189
11.279 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
69Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Ele diz que foi possível alcançar os objetivos em relação
aos agentes comunitários de saúde e aos auxiliares e
técnicos de enfermagem. Agora, considerando os ganhos
obtidos nas formações realizadas, será de fundamental
importância dar continuidade ao Caminhos do Cuidado,
principalmente no sentido de expandi-lo para os demais
profissionais da Atenção Básica, observa o tutor.
Entre os alunos, esse novo olhar já é perceptí vel. Em
Orti gueira, uma turma foi convidada a descrever suas
impressões após o treinamento. O agente comunitá-
rio de saúde Elvis Ricardo Viana, do bairro de Franças,
defi niu de maneira simples: com o Caminhos do Cuidado,
ele aprendeu a se esforçar para não fazer julgamento
e ter amor para que seu trabalho seja completo e com
qualidade. Com o curso, ele percebeu a importância do
acolhimento e da atenção. E conta que quebrou alguns
paradigmas, ti rando dos olhos a cegueira do preconceito.
Já a aluna Judith Quadros descobriu na formação do Ca-
minhos do Cuidado um instrumento para dar novo rumo
à sua profissão. Tanto que tem procurado outros cursos
em saúde mental e atendimento ao usuário de drogas
para poder dar um acolhimento mais completo.
Judith diz que o projeto foi uma porta que se abriu
para ela. Aprendeu um novo ponto de vista em relação
aos usuários de drogas ilícitas e em relação à Redução
de Danos. Ela acrescenta que também foi importante
conhecer e entender como funcionam as entidades
ligadas ao assunto.A coordenação recebeu muitos
pedidos para dar conti nuidade ao
projeto, oferecendo treinamento
para outros profi ssionais, da rede
hospitalar e de nível superior”
“Maria Helena dos Santos
“Abordar não é invadir / é criar vínculos / é estreitar rela-
ções / é gerar confi ança”
Os versos do agente comunitário de saúde Leonardo
Mello, aluno do Caminhos do Cuidado em Itapissuma,
deixam claro o sucesso da proposta em Pernambuco,
um dos seis estados piloto. A coordenadora estadual do
projeto, Lívia Méllo, conta que o trabalho rendeu frutos
além dos esperados: a Secretaria Nacional de Políti cas
sobre Drogas aprovou três projetos para a ampliação dos
centros regionais de referência sobre drogas, construídos
em parceria entre a Escola de Governo em Saúde Pública
de Pernambuco, a Universidade Federal de Pernambuco
e a Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Lívia conta que os centros oferecerão cursos para todo
o interior de Pernambuco. São direcionados ao nível su-
perior nas áreas de saúde, educação e assistência social
e terão uma abordagem interdisciplinar da questão do
uso de drogas.
Em Pernambuco, o Caminhos do Cuidado teve sua aula
inaugural em outubro de 2013, em Recife, e contou com
Frutos renovados
70 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
PErNAMBUCO
Área do Estado .......98.312 km²
População ...............9,278 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... outubro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 85
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 432
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
17.233
16.403 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
a rápida adesão dos municípios, destaca a coordenadora
estadual. Ela atribui a aceitação do projeto ao fato de
haver uma combinação entre a área de saúde mental e o
atendimento ao dependente de drogas.
A coordenadora acredita que é um desafio para qual-
quer gestor compreender a problemática das drogas e
desenvolver ferramentas de acolhimento. Os tutores
também observaram o crescimento deles e o envolvi-
mento dos alunos.
Esse envolvimento levou os alunos a terem novas
maneiras de lidar com o problema em seu cotidiano. O
Caminhos do Cuidado assegurou um novo olhar e uma
nova abordagem, sempre pensando na possibilidade
de redução de danos. Assim, em vez de tratados como
cidadãos à margem da sociedade, os dependentes de
drogas passam a ser vistos como indivíduos que preci-
sam ser acolhidos e atendidos.
Para expressar seus novos conhecimentos, muitos alunos
e tutores recorreram à popular arte do cordel. Além do
grupo de Itapissuma, a enfermeira Anne Karolynne Negrei-
ros, especialista em saúde mental, neurocienti sta e autora
do blog Cordelando, transformou sua experiência como
tutora em versos. “Segregar não é o caminho / mas aco-
lher e escutar / promover a inclusão / pra ressocializar”.
“A pessoa em sofrimento já foi muito excluída e esqueci-
da. O caminho é incluir, ouvir e cuidar”, diz a tutora.
A agente comunitária de saúde Conceição Tereza de
Jesus, de Gravatá, concorda com sua tutora e também
acredita que é preciso acolher com carinho quem vive no
mundo das drogas. É importante que a população faça
uso da rede de cuidados em saúde, para minimizar os
danos das drogas e ampliar as possibilidades de cuidado,
afi rma a agente comunitária de saúde.
71Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
A pessoa em sofrimento já foi
muito excluída e esquecida. o
caminho é incluir, ouvir e cuidar”
“Anne Karolynne Negreiros
72 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Últi mo estado a embarcar no Caminhos do Cuidado, o
Piauí aproveitou uma trilha aberta pela Escola Técnica do
SUS para formar agentes de saúde, auxiliares e técnicos
de enfermagem em Saúde Mental, crack, álcool e outras
drogas. Esses profi ssionais já estavam parti cipando de
outra capacitação, o que facilitou a mobilização, segundo
a coordenadora estadual Patrícia Samara Portela Oliveira.
Com isso, foi possível driblar algumas dificuldades de
logística, principalmente no interior do estado, onde
muitos gestores não têm acesso à internet ou à tele-
fonia. Problemas resolvidos, o treinamento foi rapida-
mente adotado pelos tutores e alunos, que contaram
com a participação dos Consultórios de Rua e dos
Centros de Atenção Psicossocial. Segundo Patrícia, o
Caminhos do Cuidado tem recebido muitos pedidos
para que o curso seja estendido a outros profissionais
de saúde, principalmente enfermeiros.
Outra novidade é que os conceitos do projeto devem
ser incorporados à matriz curricular da ETSUS do Piauí.
Em sua grade do curso técnico, a escola já oferece a te-
mática “álcool e outras drogas” e a proposta é aumen-
tar a carga horária para compartilhar os ensinamentos
do Caminhos do Cuidado.
Conteúdo incorporado
os conceitos do Caminhos do
Cuidado devem ser incorpora-
dos à matriz curricular da ETSUS
do piauí”
“Patrícia Samara Portela Oliveira
PIAUÍ
Área do Estado .......251.529 km²
População ...............3,195 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de 2014
• Tutores mobilizados ............... 68
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 187
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
8.164
6.745 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
73Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
O mais importante é ver que os próprios alunos estão
incorporando essas novas ferramentas de acolhida à pes-
soa com uso problemático de drogas ao cotidiano de seus
territórios. Em Entre Rios, Teresina, um grupo de alunos
fez uma paródia sobre o significado do curso, registrada
em vídeo. “O crack e o álcool são realidade em qualquer
lugar / o acolhimento em primeiro lugar / a escuta é im-
portante / vai agradar”, dizem os versos.
A tutora Cândida Maria de Figueiredo Mota conta que o
curso permitiu que os agentes soubessem como abordar
os dependentes de drogas de uma forma mais humaniza-
da. Ela lembra que o projeto também proporcionou uma
boa reciclagem dos profissionais.
Já a agente comunitária de saúde Marina Ferreira, da
cidade de Caracol, interior do Piauí, a 600 quilômetros
da capital Teresina, observa que mudou a forma de olhar
os para os dependentes químicos. Ela destaca que a
capacitação fez com que ela passasse a abordá-los já com
a iniciativa de orientá-los sobre a prevenção e o trata-
mento. Além disso, Marina aprendeu como dar apoio aos
familiares que, em sua opinião, são os que mais sofrem
com o vício do dependente de drogas.
74 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Culturas diferentes, realidades diferentes e uma mesma
proposta: quebrar os paradigmas no atendimento às pes-
soas com uso problemáti co de drogas. No Rio de Janeiro,
o Caminhos do Cuidado signifi cou conciliar experiências
diversas para proporcionar aos agentes comunitários de
saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem um novo
olhar sobre o problema da Saúde Mental, crack, álcool e
outras drogas.
O coordenador estadual do projeto no Rio de Janeiro,
José Carlos de Lima Campos, diz que foi preciso um traba-
lho de arti culação e engajamento para que o Caminhos do
Cuidado ti vesse um bom resultado. Ele afi rma que o re-
torno em sala de aula mostra que a troca de experiências
foi muito intensa, mas, ao mesmo tempo, grati fi cante.
A tutora Lilian Magalhães Costa Lima, que atuou em
Valença, Barra Mansa e Quati s, afi rma que o treinamento
trouxe um novo paradigma em relação ao cuidado com as
pessoas que incorporam o uso abusivo e dependente de
drogas. Ela destacou o fato de as aulas derrubarem mitos
em relação, por exemplo, à internação ou aos efeitos da
medicação psiquiátrica. Segundo a tutora, os alunos, ao
longo da formação, se mostraram interessados em com-
parti lhar as vivências dos territórios e em levar propostas
diferenciadas para o coti diano de acolhida nas ruas.
A agente comunitária de saúde Katarina Amaral, que
atua na área do Grande Méier, no Rio de Janeiro, já fez
uso das ferramentas comparti lhadas no treinamento. Em
suas visitas, ela atende uma família que tem uma pessoa
com uso problemáti co de drogas em seu contexto. Katari-
na conta que a abordagem mudou e que compreendeu
que deve acolher essa parcela da população de forma
mais humanizada, evitando até usar palavras carregadas
de preconceito, como “drogado” e “cracudo”.
Articulação em pautarIO DE JANEIrO
Área do Estado .......43.696 km²
População ...............16,4 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Dezembro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 82
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 248
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
JANEIrO
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
16.699
9.115 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
75Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
os alunos se mostraram interes-
sados em comparti lhar as vivên-
cias dos territórios e em levar
propostas diferenciadas para o
coti diano de acolhida nas ruas”
“Lilian Magalhães Costa Lima
76 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
No Rio Grande do Norte, o Caminhos do Cuidado teve
início em abril de 2014 e cumpriu sua proposta de trazer
a questão do uso abusivo de álcool, crack e outras drogas
para o centro da discussão. Ao longo do ano, orientadores,
tutores e os que passaram pelo treinamento – entre agen-
tes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfer-
magem – aprenderam novas formas para abordar, escutar
e acolher pessoas com uso problemáti co de drogas.
A coordenadora estadual Valéria Negreiros considera que
a temáti ca da Saúde Mental deve estar cada vez mais inse-
rida nos processos de formação para profi ssionais da área
de Atenção Básica. Ela explica que, com isso, é possível
criar uma nova mentalidade e fazer com que pessoas que
incorporam o uso abusivo e dependente de drogas sejam
acolhidas de outra forma, principalmente no que se refere
à Redução de Danos. Ainda segundo Valéria, o projeto
contribuiu para a qualifi cação da práti ca, ampliando o
olhar sobre a questão do uso de drogas. Isso permiti rá que
as pessoas em situação de vulnerabilidade atendidas na
atenção básica tenham benefí cios com relação à escuta e
ao acolhimento de suas demandas.
Mudança de atituderIO GrANDE DO NOrTE
Área do Estado .......52.797 km²
População ...............3,409 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de 2014
• Tutores mobilizados ............... 52
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 156
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
NOrTE
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
6.2236.225 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
77Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Essa nova mentalidade aparece nos versos do cordel da
agente comunitária de saúde Tânia de Araújo Lima, de
Natal, capital do Rio Grande do Norte: “O caminho do
cuidado / veio para resgatar / despertando nas equipes /
o gosto por atuar / com mais desejo e afi nco”. Ao longo do
poema, ela destaca a importância do treinamento e se diz
preparada para voltar ao território com um novo olhar. “Se
despir do preconceito/ Não julgar ou ofender / Esses são
alguns segredos / Para se poder viver / Em harmonia com o
próximo / O vínculo fortalecer.
A tutora Maria José da Silva, enfermeira de formação e atu-
ando em Nova Cruz, município a 90 quilômetros da capital,
diz que histórias como a da aluna cordelista mostram que É possível criar uma nova menta-
lidade e fazer com que pessoas
que incorporam o uso abusivo e
dependente de drogas sejam aco-
lhidas de outra forma, principal-
mente no que se refere à Redução
de Danos”
“
Valéria Negreiros
os profi ssionais de saúde já se apropriaram do Caminhos
do Cuidado. Segundo ela, a formação foi importante para
mostrar que a pessoa que incorpora o uso abusivo e de-
pendente de drogas é um cidadão com direitos e opções e
precisa ter sua individualidade respeitada. Como profi ssio-
nal de saúde, ela lamenta que essa parcela da população
ainda seja esti gmati zada, mas acredita que o projeto deu
um passo fi rme para diminuir o abismo entre as áreas de
Atenção Básica e Saúde Mental e as pessoas com uso pro-
blemáti co de drogas.
78 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Estado-piloto do projeto Caminhos do Cuidado, o Rio
Grande do Sul alcançou um resultado expressivo, fruto
da conexão entre todos os atores envolvidos no proces-
so. Para a coordenadora estadual, Naia Cloé Corrêa, de
maneira geral, a proposta pedagógica do Caminhos do
Cuidado foi bem recebida por tutores, alunos, secretá-
rios de saúde, gestores municipais, coordenadores da
Atenção Básica, da Saúde Mental, do Núcleo Regional
de Educação em Saúde Coletiva e referências parceiras
para a execução das atividades nos municípios. Com
misto de apreensão e curiosidade pela temática aborda-
da na capacitação, todos colaboraram para que as aulas
acontecessem, explica Naia.
A colaboração resultou num amplo painel de discus-
sões sobre a temática da Saúde Mental, crack, álcool
e outras drogas, envolvendo os diversos setores que
acolhem e atendem os dependentes de drogas. Nos
treinamentos, tutores e alunos falaram sobre o consu-
mo de substâncias lícitas e ilícitas, a relação de serviços
oferecidos às pessoas em situação de vulnerabilidade e
as diferentes práticas de cuidado.
Naia observa que esse tema ainda é tabu em nossa
sociedade. Por isso, é fundamental um projeto que
busca orientar os agentes a intervir no território e a
romper com morais preconceituosas em relação ao uso
de álcool e outras drogas. O Caminhos do Cuidado é um
projeto transformador das práticas de atenção e cuida-
do na saúde, destaca a coordenadora.
A assistente social Janaíra Quadros, tutora do projeto,
vai além: ela considera o Caminhos do Cuidado uma das
mais potentes estratégias de produção de Saúde Mental
pensada até hoje em nosso país. Na avaliação de Janaí-
ra, o maior resultado dos encontros é o cuidado com o
outro, rompendo com estigmas e rótulos que só faziam
fragilizar sujeitos. O impacto dessa produção de cui-
Quebrando o taburIO GrANDE DO SUL
Área do Estado .......281.748 km²
População ...............11,16 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Setembro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 69
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 299
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
10.14211.263 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
79Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
dado vai muito além do campo uso de álcool e outras
drogas. Ela conta que nesses encontros se produziu a
necessidade de cuidar do outro, sendo ele uma pessoa
em situação de vulnerabilidade ou não.
A agente comunitária de saúde Débora Figueiredo
também acredita que o projeto abre novos caminhos
para quem trabalha na área. Para ela, todos os agentes
comunitários devem fazer o curso. Ela considera que o
Caminhos do Cuidado nos faz refletir sobre uma nova
maneira de cuidar das pessoas com Saúde Mental. Es-
pero que o projeto continue no Rio Grande do Sul e que
um número maior de pessoas tenha a oportunidade de
conhecer mais sobre Saúde Mental.
o Caminhos do Cuidado é um pro-
jeto transformador das práti cas
de atenção e cuidado na saúde”
“Naia Corrêa
80 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Em Rondônia, o Caminhos do Cuidado precisou superar
desafi os das mais variadas ordens para conseguir garan-
ti r a formação em Saúde Mental, crack, álcool e outras
drogas de agentes comunitários de saúde, auxiliares e
técnicos de enfermagem. A enchente do Rio Madeira, as
distâncias entre as cidades, a falta de comunicação e a
internet precária, porém, não impediram que o projeto
acontecesse e ti vesse um saldo positi vo.
A coordenadora estadual, Cristi na Alcoforado, afi rma que,
apesar das difi culdades, os alunos ti veram a oportunida-
de de aprender novas maneiras de lidar com as pessoas
que incorporam o uso abusivo e dependente de drogas.
Segundo ela, após o treinamento, agentes comunitários
de saúde, auxiliares e técnicos de saúde se declaram mais
úteis e mudam o perfi l do atendimento que fazem em
seus territórios. Além disso, eles agem como multi plica-
dores, levando enfermeiros e assistentes sociais a deman-
darem vagas para também parti cipar do curso. Alguns,
inclusive, assisti ram às aulas como ouvintes.
Mudança de perfilrONDÔNIA
Área do Estado .......237.590 km²
População ...............1,749 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Maio de 2014
• Tutores mobilizados ............... 24
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 66
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
3.297
2.107 vagas
META
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
81Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Para a tutora Andreia Marques de Oliveira, o treinamento
potencializou a vontade de os alunos ajudarem às pesso-
as com uso problemáti co de drogas. Andreia conta que
eles passaram a olhar o tema de outro modo e entende-
ram que podem mudar a vida dessa parcela da população
por meio de seu trabalho.
A agente comunitária de saúde Osana Soares acredita que
o treinamento vai proporcionar o acompanhamento mais
abrangente às pessoas com uso problemáti co de drogas.
Osana, que trabalha na cidade de Alto Paraíso, a 200
quilômetros da capital de Porto Velho, diz que gostaria
de ver o projeto se expandir para que mais profi ssionais
possam ser capacitados.
os alunos passaram a olhar o
tema de outro modo e enten-
deram que podem mudar a vida
dessa parcela da população por
meio de seu trabalho”
“Andreia Marques de Oliveira
82 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Em Roraima, o Caminhos do Cuidado representou a
integração e a aproximação entre os atores envolvidos na
acolhida e no atendimento às pessoas com uso proble-
máti co de drogas. A coordenadora estadual do projeto,
a pedagoga Luciana Freitas, destaca que foi importante
abrir à discussão sobre um tema que ainda é tabu na
sociedade. Segundo Luciana, nos treinamentos, tutores,
orientadores, agentes de saúde, auxiliares e técnicos de
enfermagem puderam trocar experiências sobre a melhor
forma de lidar com essa parcela da população, sempre na
perspecti va de trabalhar com a Redução de Danos.
Além de quebrar o paradigma da questão do álcool, crack
e outras drogas, o projeto serviu para apresentar novas
ferramentas de acolhida às pessoas que enfrentam esse
ti po de problema. Luciana Freitas afi rma ainda, que há
uma expectati va no estado de que o treinamento se
estenda tanto aos demais profi ssionais que compõe a
equipe de estratégia da família quanto aos profi ssionais
que trabalham em áreas indígenas.
Agentes em cena
pelo resultado é possível concluir
que os alunos serão multi plicado-
res do Caminhos do Cuidado em
seu território”
“Simone Lopes de Almeida
rOrAIMA
Área do Estado .......224.299 km²
População ...............488.072 habitantes
• Início do projeto ..................... Março de 2014
• Tutores mobilizados ............... 20
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 21
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
706META 635 vagas635 vagas
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
83Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Num dos treinamentos, que reuniu profissionais de saúde
das áreas rural e urbana, o tutor Ananias Filho Noronha
registrou em vídeo o momento em que os alunos com-
partilhavam suas experiências. Noronha observa que os
grupos enfrentam problemas diferentes em seus territó-
rios e que reuni-los possibilitou um intercâmbio maior de
ideias. O tutor também filmou uma dramatização, na qual
os agentes comunitários de saúde interpretaram papéis
diferentes (médico, enfermeira, adolescente e mãe). O
objetivo era mostrar a forma de ideal de atendimento
para as pessoas em situação de vulnerabilidade.
Em Boa Vista, a capital de Roraima, outra turma tam-
bém se valeu de recursos dramatúrgicos para divulgar as
propostas do Caminhos do Cuidado. As tutoras Simone
Lopes de Almeida e Milca Nascimento trabalharam com o
grupo de 11 alunos que encenou o Caso Ueslei (uma das
ferramentas do material pedagógico do projeto) e deu um
desfecho à história. Simone afirma que, pelo resultado, é
possível concluir que os alunos serão multiplicadores do
Caminhos do Cuidado em seu território.
84 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Em Santa Catarina, o Caminhos do Cuidado proporcio-
nou aos tutores e alunos um olhar diferenciado para as
questões de Saúde Mental e dependência química. O
treinamento para agentes comunitários de saúde, auxilia-
res e técnicos de enfermagem ati ngiu todo o estado e o
resultado já pode ser conferido nos territórios, na práti ca
do dia a dia. O sucesso pode ser medido ainda pelo fato
de profi ssionais de nível superior estarem reivindicando a
extensão do curso.
olhar ampliado
os alunos ampliaram o olhar
profissional, otimizando o
atendimento e adquirindo
novas ferramentas para ouvir,
acolher e encaminhar essa
parcela da população”
“
Rosana Libano Ruzene
SANTA CATArINA
Área do Estado .......95.346 km²
População ...............6,727 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... Janeiro de 2014
• Tutores mobilizados ............... 76
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 304
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
11.239META
10.511 vagas
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
85Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
A coordenadora estadual Rosana Libano Ruzene, afirma
que, antes do projeto, os alunos já lidavam com pessoas
que incorporam o uso abusivo e dependente de drogas,
mas sem preparo adequado para ajudá-las. Após a forma-
ção em Saúde Mental, crack, álcool e outras drogas, eles
ampliaram o olhar profissional, otimizando o atendimen-
to e adquirindo novas ferramentas para ouvir, acolher e
encaminhar essa parcela da população.
A tutora Terezinha Mendes da Silva Sulenta conta, que
muitos alunos, ao iniciarem as aulas, ainda tinham receio
de lidar com pessoas com uso problemático de drogas.
Após o treinamento, eles ganharam novas competências
e, muitos, segundo Terezinha, revelam a vontade de fazer
novas capacitações em Saúde Mental e drogas.
Já a técnica de enfermagem Sara Helena Porto, que atua
em São José, região metropolitana de Florianópolis, acha
que um dos destaques do curso foi ter recebido suporte
psicológico para o atendimento das pessoas que incorpo-
ram o uso abusivo e problemático de drogas. Ela destaca
ainda o fato de ter conhecimento dos locais para onde
essa parcela da população deve ser encaminhada quando
necessita de tratamento. Sara afirma que está ansiosa
para colocar em prática tudo que aprendeu.
86 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
O projeto Caminhos do Cuidado chegou a São Paulo com
um desafi o: disseminar ferramentas para acolher e aten-
der aos dependentes de drogas no estado mais populoso
do país. Um estudo da Fiocruz, divulgado em setembro de
2013, apontou a existência de 350 mil usuários frequen-
tes em São Paulo. Na avaliação da coordenadora estadual
do Caminhos do Cuidado, Carolina Feitosa, esse número
indica que a droga está se tornando cada vez mais presen-
te até em lugares menos prováveis.
A gravidade do problema fez com que um grande número
de municípios abraçasse o projeto. Carolina observa que
os municípios buscam, a parti r da formação de seus agen-
tes comunitários, transformar as ações da Atenção Básica
para o cuidado em Saúde Mental nos territórios.
O fato de São Paulo já possuir uma das maiores redes
de escolas técnicas de saúde do país, com sete unida-
des (seis estaduais e uma municipal) também facilitou
bastante a aceitação ao projeto. Essa rede permitirá,
agora, que o conteúdo de formação em Saúde Mental,
crack, álcool e outras drogas se torne parte integrante
da grade de aprendizado.
A coordenadora estadual afirma que o projeto sobrevi-
verá enquanto conteúdo com a metodologia já testada.
Ela acrescenta que é preciso atender aos pedidos das
Desafio crescente
A gravidade do problema fez com
que um grande número de muni-
cípios abraçasse o projeto”
“Carolina Feitosa
SãO PAULO
Área do Estado .......248.209 km²
População ...............44,04 milhões de habitantes
• Início do projeto ..................... outubro de 2013
• Tutores mobilizados ............... 179
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 558
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
31.359META
19.254 vagas
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
87Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
equipes para que o Caminhos do Cuidado seja estendi-
do a outras categorias profissionais.
Orientadora do projeto na região de São José do Rio
Preto, num total de 102 municípios, Valéria Mastrange
Pugin considera que o Caminhos do Cuidado trouxe
novas propostas para o debate sobre o uso de drogas. Ela
lembra que a região onde atua é a chamada rota caipira
do tráfi co e que, mesmo nas cidades menores, já come-
çam a surgir pontos de concentração de pessoas com uso
problemáti co de drogas. Valéria acrescenta que gostou
muito da abordagem do curso no que se refere à redução
de danos e de olhar o problema a parti r do território.
A troca de experiências entre tutores e alunos ajuda a ali-
mentar a trajetória do projeto em São Paulo. A tutora Rita
Aparecida Kieti s Vivolo, que atua na Zona Norte da capital,
conta que um dos momentos mais marcantes dos treina-
mentos que fez até agora foi quando uma agente comuni-
tária de saúde revelou ter sido dependente de crack.
Rita destaca que a temática Saúde Mental, crack, álcool
e outras drogas gera muito interesse nas pessoas, por-
que está na ordem do dia. Ela constata que os profissio-
nais que atuam na saúde se sentem ansiosos para fazer
a sua parte na educação, prevenção e tratamento das
pessoas que apresentam problemas de abuso ou uso
nocivo destas substâncias. A tutora conta que os alunos
trazem suas contribuições, pesquisam na internet e
contribuem com sugestões de filmes que abordam o
assunto, e deixam claro seu interesse pela continuidade
do projeto e pela realização de novos cursos.
O interesse tem lá sua razão: segundo a agente comuni-
tária de saúde Regina Célia Lopes da Silva, que atua em
Parapuã, a 560 quilômetros da capital, até o Caminhos
do Cuidado surgir ela não dispunha de muito acesso a
informações sobre o assunto. A aluna diz que quer che-
gar às casas dos pacientes e saber o que falar, como agir
e principalmente como lidar com as diversas situações
sem julgar, sem preconceitos.
Colega de turma de Regina Célia, a auxiliar de en-
fermagem Ângela Gonçalves também acredita que o
resultado da formação em Saúde Mental, crack, álco-
ol e outras drogas será visto na prática do cotidiano.
Para Ângela, foi ótimo participar de um curso tão
rico em conteúdo e destaca que o aprendizado vai
mudar a sua prática profissional.
88 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Em Sergipe, o Caminhos do Cuidado reforçou a necessida-
de de que para lidar com a questão de álcool, crack e ou-
tras drogas é fundamental permiti r a arti culação entre as
áreas de Saúde Mental, Atenção Básica e Educação Per-
manente. Desta forma, os atores envolvidos no processo
de acolhida e atendimento conseguem discuti r formas de
ampliar a discussão sobre a políti ca de Redução de Danos.
Em outras palavras, o projeto abriu caminho para que a
problemáti ca das pessoas que incorporam o uso abusivo
e dependente de drogas seja tratada sob uma perspecti va
de direitos humanos.
A coordenadora do projeto no estado, Beatriz dos Santos,
diz que o treinamento foi recebido de forma muito positi va
pelos alunos. Ela explica que há uma clara perspecti va
de mudanças de processo de trabalhos. Ainda segundo a
coordenadora, a parti r do Caminhos do Cuidado é possível
imaginar que as pessoas com uso problemáti co de drogas
terão uma melhoria na qualidade e no acesso ao SUS.
Neste senti do, os tutores desempenharam um papel
fundamental, por permiti r a interlocução entre o conteúdo
do projeto e os alunos. A tutora Kizza Rocha conta que os
agentes comunitários de saúde e os auxiliares e técnicos de
enfermagem precisam ser municiados com as informações
necessárias para que tenham um olhar diferenciado sobre
o problema. Kizza explica que, durante o treinamento, os
alunos aprendem a fazer a abordagem adequada, infor-
mando às pessoas em situação de vulnerabilidade e quais
os serviços de assistência à saúde elas podem recorrer.
Agente comunitário de saúde em Monte Alegre de
Sergipe, que fi ca a cerca de 160 quilômetros da capital,
Flávio Ernesto da Silva diz que o curso mudou sua forma
de abordar e tratar as pessoas que incorporam o uso
abusivo e dependente de drogas. Ele conta que, desde o
treinamento, passou a encaminhar melhor os casos dos
pacientes em seu município.
Direitos humanosSErGIPE
Área do Estado .......164.123 km²
População ...............709.101 habitantes
• Início do projeto ..................... Abril de 2014•
Tutores mobilizados .................. 34
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 132
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
4.573META
4.426 vagas
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
89Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
É possível imaginar que as pes-
soas com uso problemáti co de
drogas terão uma melhoria na
qualidade e no acesso ao SUS”
“Beatriz dos Santos
90 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Abordagem diferenciada
os caminhos se constroem con-
forme a singularidade de cada
indivíduo”
“Maria Auri Rodrigues
TOCANTINS
Área do Estado .......277.621 km²
População ...............1,497 milhão de habitantes
• Início do projeto ..................... Julho de 2014
• Tutores mobilizados ............... 31
• Turmas fi nalizadas 12/2014 ... 106
VAGAS oFERTADAS
Dados coletados do SAGU* em 16/11/2014
Dados do IBGE - ano 2014
Perfi l: agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem
3.888META 4.175 vagas
Não existe fórmula pronta: a sensibilidade e a vivência de
cada um tem papel decisivo no aprendizado. Essa foi uma
das lições que o Caminhos do Cuidado deixou para os
alunos em Tocanti ns. Mais do que dar ferramentas para
a acolhida e o encaminhamento de pessoas que incor-
poram o uso abusivo e dependente de drogas, o projeto
permiti u aos agentes de saúde, auxiliares e técnicos e
enfermagem criarem suas próprias maneiras de lidar com
o problema no território em que atuam.
Neste processo, duas palavras foram fundamentais:
escuta e sensibilização. Os alunos do treinamento em
Saúde Mental, crack, álcool e outras drogas, entenderam
que, sem uma nova abordagem, aumentam difi culdades
para encontrar soluções e reduzir os danos. A coordena-
dora estadual, Maria Auri Rodrigues, conta que, ao serem
convidados a parti cipar, os profi ssionais de saúde acredi-
tavam que encontrariam uma receita pronta. Ao longo do
treinamento, entenderam que os caminhos se constroem
conforme a singularidade de cada indivíduo.
A parti r daí, a atuação no território já está mudando.
Maria Auri afi rma que muitos alunos verbalizaram a
mudança do olhar no que diz respeito às pessoas com uso
problemáti co de drogas. E, no estado, existe a cobrança
*Sistema Acadêmico de Gestão Unifi cada
91Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
dos profissionais que não participaram do treinamento e
que também querem ter acesso ao conteúdo do Cami-
nhos do Cuidado.
A tutora Antônia de Souza Viana diz que os alunos abra-
çaram a causa e logo se envolveram com o projeto. Ela
ressalta que a sua continuidade em seu estado é muito
importante pela inovação de humanizar o tratamento e
integrar as equipes de saúde.
A importância de saber abordar pessoas com uso proble-
mático de drogas é destacada como diferencial no projeto
pela agente comunitária de saúde Viviana Sales. Ela diz,
ainda, que com o curso passou a observar pequenos
detalhes, mas que fazem toda a diferença na relação com
o dependente de drogas, como se dedicar com muita
atenção ao primeiro contato, para que ele sinta confiança
para dar continuidade ao tratamento. Moradora e atu-
ante na cidade de Santa Rita do Tocantins, Viviana conta
que o treinamento também foi uma oportunidade para
compartilhar experiências com colegas de sua profissão,
diversificando o seu conhecimento.
92 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Histórias do caminho
Ao longo do caminho, muitas histórias de alunos e tutores foram
contadas em verso e prosa, por todo o Brasil. A vivência nos terri-
tórios, somada às novas ferramentas apresentadas pelo Caminhos
do Cuidado, inspirou poesias, músicas, vídeos e dezenas de outras
formas de expressão, comparti lhados no site. Algumas dessas re-
presentações originais do conteúdo do projeto estão apresentadas
também neste relatório.
As representações culturais mais tí picas de cada estado se sobres-
saem no momento em que os alunos se apropriam do projeto para
levá-lo às ruas. É possível perceber que, seja num cordel ou no
ritmo do martelo agalopado, os agentes comunitários de saúde,
auxiliares e técnicos de enfermagem compreenderam a importância
de olhar de forma mais humana para as pessoas que incorporam o
uso abusivo e dependente de drogas.
para limpar o preconceito
O técnico de enfermagem Josoéverton Ramos Lopes, de 30 anos, de Porto
Alegre, encontrou uma maneira diferente de aproveitar o que aprendeu no
Caminhos do Cuidado. Com um grupo de agentes comunitários de saúde – todos
alunos da formação em Saúde Mental, crack, álcool e outras drogas – ele criou
o projeto Chuveiro Social. Trata-se de um chuveiro, instalado no posto de saúde
onde trabalharam, e que poderá ser usado por moradores de rua ou pessoas
que incorporam o uso abusivo e dependente de drogas. Josoéverton explica
que a ideia surgiu da constatação de que muitas doenças podem ser prevenidas
com um simples banho e que, após o Caminhos do Cuidado, ele e seus colegas
entenderam que precisavam de novas formas para dar visibilidade à parcela da
população com uso problemáti co de drogas.
93Caminhos do Cuidado • Relatório 2014 93Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
na maquete, o território de atuação
Das mãos da agente comunitária de saúde Conceição Tereza
Das mãos da agente comunitária de saúde Conceição Tereza
de Jesus, de Gravatá, Pernambuco, surgiu umas das repre-
sentações mais interessantes do Caminhos do Cuidado. Du-
rante a formação em Saúde Mental, crack, álcool e outras
drogas, Conceição, que é artesã, reproduziu, numa maque-
te, o território onde atua, o Síti o Rucinha. O capricho na
cenografi a incluiu construir igreja, escola, unidade de saúde
e até os mercadinhos onde os moradores se encontram
para jogar dominó. Aos colegas de curso, Conceição contou
que faz artesanato desde criança – na infância, criava os
próprios brinquedos com papelão, madeira e jornal. A ma-
quete do Caminhos do Cuidado ajudou a visualizar a área
onde ela atua e o que falta para atender melhor às pessoas
que incorporam o uso abusivo e dependente de drogas.
94 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Caminhos da música e da poesia
Os alunos da Região dos Mananciais, na Grande São Paulo,
que engloba os municípios de Coti a, Embu das Artes,
São Lourenço da Serra e Taboão da Serra, expressaram a
importância do Caminhos do Cuidado em versos. A aluna
Adriana, da Unidade Básica de Saúde Jardim Margaridas, de
Taboão da Serra, escreveu a poesia “Os senti dos”, narrando
o sofrimento de uma pessoa com uso problemáti co de dro-
gas: “Para conseguir as drogas eu roubei, apanhei, chorei,
gritei, briguei, me humilhei, e até me prosti tui / Sempre que
fi cava muito doente, ou quando as surras que tomava / me
machucavam muito, eu buscava a minha família e fi cava
apenas o tempo de me recuperar / para novamente, voltar
àquela amarga vida”. Já o aluno Elton, da Unidade Básica de
Saúde Dom José, de Embu das Artes, fez o “Rap da corres-
ponsabilização”. Na letra, ele narra o drama de uma pessoa
que incorpora o uso abusivo e dependente de drogas e cita
as iniciati vas para acolher essa parcela da população. “A
auxiliar o acolhe / pegando informações / “pra” na reunião
de equipe trazer ações”, afi rma a canção.
Receita para ouvir e acolher
A agente comunitária de saúde Meire das Mercês Santana,
do bairro Cachoeira, em Belo Horizonte, temperou os ensi-
namentos do Caminhos do Cuidado com muita criati vidade
e ti rou do forno uma “receita de bolo” que bati zou de “Re-
dução de Danos”. No passo a passo da massa, ela propõe
identi fi car no território as pessoas com uso problemáti co
de drogas: colocar uma dose de amor; pegar uma rede de
apoio nas regionais; acrescentar os princípios básicos de
integralidade do cuidado e nunca adicionar preconceitos à
massa, para não “correr o risco de perder todo o trabalho”.
Já para o recheio, ela sugere fazer diversas intervenções
em Saúde Mental: “adoçando com promoções de muitas
possibilidades para modifi car, qualifi car condições de novas
formas de vida”. Por fi m, a criati va receita de Meire Mercês
indica que os profi ssionais de saúde devem “acreditar em
camadas que a vida tem várias formas de ser percebida,
experimentada e vivida”.
95Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Martelo agalopado para quebrar tabus
Num ritmo tí pico da Paraíba, o martelo agalopado, o agente
comunitário de saúde Sebasti ão Araújo de Macedo descre-
veu a importância da formação em saúde mental, álcool,
crack e outras drogas do Caminhos do Cuidado. Numa das
turmas, ele apresentou seus versos, explicando aos cole-
gas de classe que uma das característi cas do esti lo é ter
um mote, que pode ser inverti do, para não repeti r a rima.
Sebasti ão escolheu os versos “fi zemos um curso de Saúde
Mental / para trilharmos o Caminhos do Cuidado” como
Redução de danos em cordel
O Caminhos do Cuidado inspirou o agente comunitário de saúde Ricardo Oliveira,
de Boavista, capital de Roraima, a escrever um cordel em homenagem a um ami-
go, que fazia uso problemáti co de drogas, e acabou se perdendo no mundo. Nos
versos, Ricardo conta a história do amigo Geraldo e afi rma que se ele ti vesse sido
acolhido por um projeto como o Caminhos do Cuidado, sua vida poderia ter sido
diferente, graças às ferramentas de Redução de Danos que o projeto apresentou
aos alunos. “O tempo foi passando e ele mais dependente / Geraldo meu amigo
estava tão diferente, / Se não tomava uma dose tremia até os dentes / Alcoólatra
assumido vivia isolado / se afastavam os amigos, e foi abandonado / pela esposa,
enteada e pelo fi lho amado / Nos dias de hoje existem muitos Geraldos / larga-
dos em praças públicas ou prédios abandonados/ na esperança de encontrar um
dia o Caminhos do Cuidado”.
marca de seu martelo agalopado.
Nas estrofes, ele brincou com a difi culdade de entender os
novos conceitos na acolhida às pessoas com uso problemá-
ti co de drogas, falou sobre a importância da família e pediu
o fi m da cultura do preconceito, que trata essa parcela da
população como “doido e drogado”. “Se a droga e o álcool
causam tanto mal / mais o sujeito gosta e não quer deixar /
nós também aprendemos a políti ca de Redução de Danos”,
escreveu o agente comunitário.
96 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Animação e teatro nos territórios
Duas turmas de Minas Gerais se destacaram pela origi-
nalidade com que comparti lhar o treinamento em Saúde
Mental, crack, álcool e outras drogas do Caminhos do
Cuidado. As alunas Dariane Raelita, Euripedes Aparecida,
Michele Santos, Palloma Soares e Rosilaine Santos, de
Veríssimo, fi zeram uma animação em stop moti on, edi-
tando fotografi as, para mostrar um atendimento em uma
unidade de saúde. Já as alunas Iara Gonçalves, Jessica
Cassiano, Mariene Barbosa, Thayana Ribeiro, Juscilene
Goveia e Luciana Brant, de Conceição de Alagoas, criaram
um texto teatral a parti r dos instrumentos de intervenção,
escuta, acolhimento, vínculo, corresponsabilização e apoio
matricial que foram explicados no projeto. Elas encenaram
o texto e registraram a produção em vídeo.
Quem sabe faz a hora de ajudar
Uma das canções mais conhecidas da MPB, “Pra não dizer
que não falei das fl ores”, de Geraldo Vandré, ganhou uma
nova versão numa das turmas do projeto Caminhos do Cui-
dado em Anápolis, em Goiás. Os versos escritos pela aluna
Patrícia da Silva Alves, com a ajuda dos colegas, trocaram o
célebre refrão “Vem / vamos embora / que esperar não é
saber / quem sabe / faz a hora / não espera acontecer” por:
“Hei / vamos com força / e coragem meu irmão / construir /
um bom futuro / para o futuro cidadão”. A versão, bati zada
de “O ACS no Caminhos do Cuidado” prega ainda que os
profi ssionais de saúde “abracem a causa” da Redução de
Danos no atendimento às pessoas que incorporam o uso
dependente e abusivo de drogas. “Nas escolas / nas ruas
/ nas casas verão / trabalharemos unidos em prol redução
/ A Redução de Danos é um projeto em construção / são
palestras e ações junto à população”.
97Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Jogral contra o preconceito
A união faz a força até na hora de encontrar uma manei-
ra original de compartilhar suas experiências na forma-
ção do Caminhos do Cuidado. Basta ver o jogral que os
alunos Aline Elidiane, Karla, Joseane, Anelita, Michele,
Joacy, Manoel Cardoso, Joelma e Jamile apresentaram
ao fim do treinamento, em Igrapiúna, na Bahia. “Há tan-
tas coisas que sinceramente não vejo graça / mas agora
acho normal / mundo das drogas e alcoolismo / sem
esquecer da saúde mental. / Tudo isso é preocupante / e
para muitos / a pessoa tem defeito / vão logo subjugan-
do / com tamanho preconceito. / Ao lidar com o usuário
/ não devemos tratá-lo com indiferença”, recitou o gru-
po, deixando uma lição de esperança para a turma.
Letras que resgatam vidas
A agente comunitária de saúde Fabiana Pereira de Souza
Bastos, da Bahia, está usando sua própria experiência de
vida para ouvir, acolher e encaminhar pessoas com uso pro-
blemáti co de drogas. Durante a sua parti cipação no projeto
Caminhos do Cuidado, ela começou a montar uma biblio-
teca no território que atua, em Pajeú, município de Xique-
-Xique. A ideia é simples: a cada visita, Fabiana deixa um
livro com a pessoa atendida. Na visita seguinte, ela conversa
sobre a obra com o paciente. A paixão pela leitura começou
quando a ACS superou um transtorno de pânico. Após o
Caminhos do Cuidado, Fabiana percebeu que já fazia uma
importante ação de Saúde Mental, que ajuda no primeiro
contato com a parcela da população que precisa de mais
atenção. Também graças ao projeto, ela conseguiu doações
de livros e revistas.
Caminhos a seguir
101Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
O êxito do Caminhos do Cuidado pôs o debate sobre o uso abusivo de
substâncias ilegais na ordem do dia. Mais do que um simples processo
de capacitação, o projeto permiti u uma ampla discussão sobre a necessi-
dade de um atendimento mais humanizado – e efi caz – para as pessoas
com uso problemáti co de drogas. Aproveitar a trilha aberta pelo progra-
ma torna-se uma ação fundamental e, por todo o Brasil, já surgem inicia-
ti vas para prosseguir no rumo de garanti r a essa parcela da população o
direito de ser ouvida, acolhida e encaminhada para um tratamento.
Tocanti ns já deu mais um passo nesse senti do. A formação será es-
tendida, num primeiro momento, aos enfermeiros e, em seguida, a
médicos e denti stas. O objeti vo é ampliar o alcance do projeto. Os
cadernos do aluno e do tutor serão reformulados e o Estado conduzirá
o novo treinamento. Caberá a Escola Técnica do SUS, juntamente com
os tutores e orientadores, defi nir a metodologia da formação. A ETSUS
Tocanti ns, por sinal, já incorporou a temáti ca do Caminhos do Cuidado
à sua grade curricular. O mesmo aconteceu nas escolas técnicas do
Acre e do Distrito Federal.
Caminhos a seguir
102 Capítulo 3 • Caminhos a seguir
De maneira geral, todas as ETSUS estão discutindo tanto a
inclusão do conteúdo em seus currículos quanto à exten-
são do treinamento aos demais profissionais de saúde.
Com isso, além de atender à demanda das áreas de saúde
mental, atenção básica e saúde da família, estará garantido
que novos profissionais iniciem suas atividades já de posse
das ferramentas proporcionadas pelo Caminhos do Cuida-
do. O processo de educação continuada se torna perma-
nente. A regionalização permite ainda aproveitar a capilari-
dade da rede de saúde para difundir o conhecimento, com
cada estado se apropriando da proposta e a adequando
melhor às suas necessidades.
Mas as iniciativas não param por aí. Em Pernambuco, a
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) apro-
vou três projetos para a ampliação dos Centros Regionais
de Referência sobre Drogas (CRR Drogas), construídos em
parceria entre Escola de Governo em Saúde Pública de
Pernambuco (ESPPE), a Universidade Federal de Pernam-
buco (UFPE) e a Universidade do Vale do São Francisco
(UNIVASF). Esses centros, instalados nas universidades,
ofertarão cursos voltados para o nível superior, nas áreas
de Saúde, Educação e Assistência Social, para todo o inte-
rior de Pernambuco e terão uma abordagem intersetorial
da questão do uso de drogas.
Do Paraná, vem a proposta de organizar a avaliação do
projeto em três dimensões: análise individual dos alunos,
relato das modificações no atendimento e pesquisa qua-
litativa, a longo prazo, sobre a importância do projeto no
cuidado com as pessoas que incorporam o uso abusivo e
dependente de drogas. Esses indicadores podem servir de
103Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
base para construir uma nova política de saúde mental.
Organizar o compartilhamento dos dados produzidos, ao
longo desse treinamento de dimensões continentais, é
outra proposta que surge ao fim do Caminhos do Cuidado.
As equipes pedagógica e acadêmica acreditam que o farto
material produzido durante as aulas poderá não apenas
orientar políticas públicas de saúde mental e combate às
drogas, mas também inspirar outros programas na área de
saúde que exijam a logística e a mobilização que embasa-
ram o projeto. Os cadernos do aluno e do tutor, o plane-
jamento e a organização das aulas são experiências que
podem e devem ser replicadas.
Até dezembro de 2014, nove estados terão cumprindo
sua meta de formação. São eles Amazonas, Ceará, Mato
Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Piauí, Santa Catarina e
As equipes pedagógica e aca-
dêmica acreditam que o farto
material produzido durante as
aulas poderá não apenas orien-
tar políticas públicas de saúde
mental e combate às drogas, mas
também inspirar outros progra-
mas na área de saúde que exijam
a logística e a mobilização que
embasaram o projeto
Rondônia. Outros 13 completarão o treinamento até mar-
ço: Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Goiás,
Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Roraima, Sergipe, Tocantins e Distrito
Federal. Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Mara-
nhão ainda estão no processo de adequar a formação e
acelerar a criação de turmas.
O fato é que Caminhos do Cuidado completa sua missão
inicial com a certeza de que os profissionais de saúde
treinados têm agora ferramentas para enfrentar o grave
problema do uso problemático, abusivo e dependente das
drogas. Seguir adiante é a tarefa que se impõe a cada es-
tado, cada município, cada unidade básica de saúde, cada
tutor, cada aluno.
104 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
Projeto ganha às ruas
O Caminhos do Cuidado conseguiu fazer a ponte com
a saúde mental e, ao ganhar às ruas, trouxe o desafio
de incorporar esses conteúdos à educação permanen-
te, de acordo com a área de Atenção Básica do Minis-
tério da Saúde.
105Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
Desde o início o projeto traz a qualidade do debate da Saúde Pública ou
da Saúde Mental na interface com a Atenção Básica, que rapidamente
começou a se revelar dentro das secretarias das capitais e dos estados.
Quando o curso foi para rua, ganhamos 100% de insti tucionalidade na
rede da Atenção Básica que incorporou o tema do uso abusivo e depen-
dente de drogas.
Não adianta apenas expandir a rede da Atenção Básica, precisamos
avançar na qualifi cação. Esse debate depois do Caminhos do Cuidado
torna presente na nossa agenda, legiti mar a rede considerada a porta
de entrada para acolher e atender essa parcela da população que faz o
uso abusivo e é dependente de drogas.
106 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
utilizada pelo projeto para troca de práticas entre profes-
sores e alunos no território. Em 2015, a Atenção Básica
incorporará esta expertise, de modo que esta plataforma,
efetivamente se torne um espaço de troca de experiências
dos trabalhadores do SUS. A partir da Comunidade de Prá-
ticas do Caminhos do Cuidado, o profissional de saúde po-
derá entrar também na Comunidade de Práticas da Saúde
Mental e da Atenção Básica. Fomentar o debate que surge
como um grande desafio de continuidade deste projeto.
Para isso, o Caminhos do Cuidado foi um grande projeto e
fundamental para o primeiro passo que foi transferir tecno-
logias para as escolas técnicas do SUS. Para se mudar a
pauta de educação permanente para educação continuada,
são necessárias estratégias claras de estado e de empo-
deramento das escolas técnicas, além de agregar o que
houver de oferta nas secretarias estaduais. Isso tem que
refletir no território.
Neste aspecto, temos um espaço importante, que é a Co-
munidade de Práticas, plataforma de educação à distância Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde
107Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
A inclusão do território
A área de Saúde Mental do Ministério da Saúde acredita
que o Caminhos do Cuidado construiu um novo paradig-
ma para as discussões em relação ao álcool e outras dro-
gas, principalmente no sentido de dar mais ferramentas a
quem trabalha diretamente nos territórios.
O projeto Caminhos do Cuidado é uma das iniciativas mais importantes
de aproximação da saúde mental com a atenção básica na gestão fede-
ral. Ele se junta ao “Consultório na Rua” e ao “Caderno de Atenção Bási-
ca nº 34” que, por sinal, serviu de subsídio teórico para o Caminhos, no
sentido de promover uma aproximação entre as áreas de saúde mental
e atenção básica. Neste aspecto, tornou-se uma ferramenta valiosa para
a formulação de um paradigma que pretendemos atribuir às discussões
em relação ao álcool e a outras drogas.
Com relação aos conteúdos, o projeto cumpriu plenamente sua pro-
posta. Deixamos de pensar apenas na especificidade do cuidado e da
ação relativa às drogas para entender que é preciso também cuidar do
território e permitir que a população se aproprie do tema. Ao longo do
processo, o Caminhos do Cuidado revelou-se bastante rico em termos de
troca de experiências e de pontos de vista.
108 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos108 Capítulo 2 • Falas dos Caminhos
109Caminhos do Cuidado • Relatório 2014 109Caminhos do Cuidado • Relatório 2014
de informações para a população em geral. Precisamos
analisar os dados do projeto, fazer estudos que mostrem
seus impactos e resultados.
Sabemos que o processo iniciado pelo Caminhos do
Cuidado é irreversível. Ele precisa ser caracterizado como
uma formação permanente. Também temos que garantir,
a curto prazo, e a continuidade dessa aproximação entre
a Saúde Mental e a Atenção Básica. O projeto funcionou
como um disparador e agregador de uma mudança cultural
que precisa, cada vez mais, refletir no território.
O projeto mexeu com as bases do cuidado. Hoje, contabili-
zamos muitas iniciativas de agentes de saúde que querem
provocar mudanças na gestão para compatibilizá-la com os
conhecimentos técnicos que absorveram. É uma mudança
cultura e geográfica, que pode ser percebida, pós-treina-
mento, nos territórios. Também nesse aspecto, o Cami-
nhos do Cuidado atingiu de maneira bastante interessante
o objetivo que pretendia.
Agora, é pensar nos próximos passos. A avaliação do pro-
jeto é uma questão a ser desenvolvida. Também reunimos
uma imensa base de dados, que deverá ser compartilhada,
não apenas como subsídio para gestão, mas, como fonte Área de Saúde Mental do Ministério da Saúde.