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Canário 15

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“A luta de um canarinho amarelinho em defesa de todos os pássaros aprisionados em gaiola”. Corujinha, o menino corajoso que desafiou seu melhor amigo abrindo as gaiolas e libertando os pássaros....

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Canário AmarelinhoMorro do Camapuã - Mirahy - Minas Gerais

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Emidio Vargas Pita

Canário AmarelinhoMorro do Camapuã - Mirahy - Minas Gerais

São Paulo 2014

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Copyright © 2014 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Natália Silveira

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________P758c

Pita, Emidio Vargas Canário amarelinho / Emidio Vargas Pita. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2014.

ISBN 978-85-437-0101-1

1. Poesia Brasileira. I. Título.

14-16814 CDD: 869.91 CDU: 821.134.3(81)-1________________________________________________________________13/10/2014 13/10/2014

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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Nota: Agradecimentos a minha querida filha Cristina Chaves Pita que fez esta capa para o livro com todo carinho e dedicação.

Cris, muito obrigado.

E, tambem, agradecimentos a minha querida filha caçula Luciana pela revisão e comentarios a respeito deste conto .

Lu, Muito Obrigado

EMIDIO VARGAS PITA

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Prefácio

Na Varanda da minha casa em Mirahy, comecei a pensar na minha infância e resolvi escrever este conto, lembrando-se dos meus tempos de criança, escutando a música de Ataulpho Alves “Meus tempos de criança”:

“Eu daria tudo que tivesse pra voltar aos tempos de crianças, eu não sei por que a gente cresce, se não sai da gente esta lembrança”

Este conto deve-se à lembrança de minha infância na minha pequena cidade de Mirahy, Zona da Mata, em Minas Gerais, onde quando criança, gostava muito de caçar passarinhos, pegando e às vezes até matando, usan-do estilingues e alçapões. Tive uma infância e juventude muito boa no interior de Minas, mas agora já com mais idade, vezes eu fico pensando o porquê de a gente fazer isso. Para que prender os passarinhos em gaiolas e vivei-ros para ouvi-los cantar se podíamos ouvi-los cantar em

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liberdade? Talvez o convívio com pessoas que faziam este tipo de coisa, tornando normal esta prática.

Devo confessar que cacei e prendi muitos passari-nhos e que matei muitas rolinhas usando espingarda de pressão, sendo muito incentivado por proprietários de terrenos, onde havia plantação de arroz, que as rolinhas comiam os para matarem a fome, impedindo os grãos de germinarem e produzirem.

É verdade que a quantidade de rolinhas era muito grande e a gente matava e comia. Não era simplesmente pelo prazer de matar! Mas isto não justifica, pois pode-riam usar outro tipo de atitude como colocar “espanta-lho” para espantá-las.

Acredito que as pessoas que lerem este conto e que ainda continuam caçando e prendendo passarinhos selva-gens devem pensar e deixar esta atitude de lado. Vamos colaborar com a natureza e ver como é muito bom ouvir os passarinhos cantarem em liberdade.

Se quiserem que os passarinhos fiquem próximos de vocês, coloquem comida para atraí-los e alguma coi-sa onde possam fazer seus ninhos. Ou tenham pássa-ros como Canário Belga, Canário do Reno, Periquito Australiano, que somente sobrevivem no Brasil quando estão aprisionados por não conseguirem sobrevivência em liberdade na natureza. Com referência àqueles que criam pássaros considerados em extinção para evitar que desapareçam, devemos incentivar sim, mas que sejam para a procriação e devidamente autorizados pelos Ór-gãos responsáveis.

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Parabéns a todas estas pessoas que visam o bem es-tar dos pássaros para que quem sabe um dia, possamos voltar a vê-los na natureza. Casos como Curió, Azulão, Bicudo, Sofrê, Trinca-Ferro e muitos outros que estão em risco de extinção.

Fico alegre quando vou à Mirahy e vejo a quantida-de de canarinhos em liberdade. Já é difícil vê-los presos em gaiolas como antigamente. No muro de frente da casa de várias pessoas, por exemplo, eles colocam quirela de milho e dá para a gente ver os canarinhos comendo como é o caso da casa do Antonio Alonso (Tõe Alonso).

Parabéns ao povo Mirahyense.Obs.: Os nomes aqui colocados são homenagens

a pessoas da minha família e amigos.

Agradeço infinitamente a minha esposa Idalena, a meus filhos Fábio, Cristina e Luciana, a meu neto Fer-nando, e a todos que muito me incentivaram a escrever contos. Não poderia deixar de lembrar os conterrâneos e amigos Mirayhenses que sempre me incentivaram, como Maria Aparecida e Silva Jappe ( a Perê), Jose Geraldo de Almeida e Milton Miranda.

Agradeço também a meus amigos colegas da Ford: João Guimarães, Taiana Santos, Leonardo Canaan, a nos-sa amiga Vera da Silva Luz (mãe do meu querido neto Fernando), a minha amiga comadre Neusa Amaral Mau-ro (madrinha da minha filha Cristina) e meu sobrinho Ernani Pita Ferreira pelo incentivo em escrever contos.

Emidio Vargas Pita - o contador de estórias de Mirahy

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O Canário Amarelinho

Cidade de Mirahy - Zona da Mata - Minas Gerais

O Casal de Canários da terra (liberdade)

Do alto de um pé de ipê florido, estava um Canari-nho amarelinho observando a natureza, vendo os pássa-ros voando. Viu também uma Canarinha muito bonita dando seus voos rasantes.

Sabendo que as canarinhas adoravam ouvir os caná-rios cantarem, ele começou a cantar cada vez mais alto. Por um bom tempo ele continuou cantando, chamando a atenção de todos os pássaros da redondeza.

Um dia, uma canarinha amarelinha, escutando o canto e vendo aquele canário amarelinho, com aquelas

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penugens lindas, todo charmoso no pé de ipê, sentiu que o seu coraçãozinho bateu forte e se dirigiu até ele, pou-sando bem ao seu lado.

Os dois ficaram se olhando um para o outro e entre uma cantada e outra. Naquele momento iniciou o ro-mance entre os dois.

Casa do João de Barro - casamento (Liberdade)

Namoro daqui, namoro dali, resolveram se casar e procuraram o João de Barro, para padrinho. Convida-ram o casal de Coleirinhas (Nondas e Lecira) e o casal de Sanhaços (Lauri e Ana). O casamento foi realizado na Casinha do João de Barro conforme o procedimento da religião dos Pássaros e depois procuraram um canto para morarem.

O local escolhido foi mesmo: aquele pé de Ipê.Normalmente o local escolhido pelo casal de caná-

rios é uma árvore, e ali eles dominam, brigando com to-dos os outros canários que venham pousar ali, somente permitindo o pouso de outros pássaros.

Um fato interessante é que cada casal de canários tem sua região e ali eles mandam, com fama de serem muitos briguentos.

O casal Niceto (o Canário) e Prupru (a Canária) era visto voando juntos por toda a mata do Morro do Cama-puã na cidadezinha de Mirahy (Zona da Mata de Minas Gerais), mas sempre voltando para sua casa.

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O Morro do Camapuã é um dos lugares mais boni-tos de Mirahy. Tem uma vista linda, de onde dá para ver quase toda a cidade e lugares da redondeza. Voando até a ponta da Torre de Rádio e Televisão que tem no topo do Morro, dá para ver até as cidades vizinhas. É um lugar muito bonito onde vivem vários tipos de pássaros selva-gens. Dá gosto ir e escutar eles cantarem. Parece até uma Orquestra Sinfônica.

Já por algum tempo juntos, o casal resolveu que es-tava na hora de ter seus filhotes e começaram a fazer o ninho. Em cada voo que eles faziam, traziam capim seco no bico e o ninho foi se formando.

Com o ninho pronto, a Prupru botou três ovos e ficou toda contente. Ela então se acomodou em cima de-les para chocá-los e somente saía para beber água, pois comida o Niceto levava para ela. Mesmo assim, quando ela saía ele ficava no lugar dela chocando os ovos.

Era um casalzinho de canários muito bonito e com-binavam muito bem, sempre fazendo carinhos um ao ou-tro. Era beijinho prá lá, beijinho pra cá, melhor dizendo, bicadinha pra lá, bicadinha pra cá. Viviam muito felizes.

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Os Filhotes de Canários da terra (Liberdade)

O tempo foi passando e tiveram na primeira ninha-da três filhotes: A Tezinha, a Teté, e a Olgá. Estes filhotes cresceram e foram embora. Mais tarde, em uma ninha-da de mais três ovos, nasceram dois lindos filhotes., O terceiro ovo dava a impressão que ia gorar (termo usado quando do ovo não nasce o filhote). Niceto e Prupru fica-ram preocupados, mas passado algum tempo nasceu um canarinho muito pequeno, todo peladinho, sem nenhu-ma penugem, muito feio e bastante debilitado.

E foi assim que eu nasci, num ninho, na árvore de Ipê. Se sobrevivi foi graças aos cuidados de meu pai e mi-nha mãe, que davam um tratamento especial para mim, devido a meu pequeno tamanho.

Quando meus pais chegavam com a comida, era aquela alegria e todos nós fazíamos um barulho danado, mas como eu era muito pequeno não conseguia acompa-nhar meus irmãos e meus pais tinham que afastá-los a fim de que eu pudesse me alimentar.

Dessa forma que a minha família canário se formou.Meu irmão chamava Nicetinho, minha irmã Berná e

eu Midio. Eles já estavam empenados e eu ainda somente tinha penugens. Eu sentia não conseguir acompanhar o crescimento dos meus irmãos, mas meus pais sempre me incentivaram e aos poucos eu ia desenvolvendo.

Os outros pássaros que nos visitavam me viam e era sempre a mesma conversa:

— Olha como ele é pequenininho, tão bonitinho, não é???

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Eu ficava danado de bravo, mas fazer o quê, não é??? Era mesmo verdade.

Já com todas as penas formadas, meus irmãos come-çaram a sair do ninho e a aprenderem a voar junto com meus pais. Eu ficava quieto dentro do ninho esperando eles voltarem.

Minha irmã Berná era minha defensora quando al-gum pássaro se aproximava de mim no ninho. Ela bri-gava com qualquer um, não tinha medo do tamanho e enfrentava até gavião. Era danadinha.

Já o Nicetinho era mais tranquilo e estava sempre ajudando qualquer pássaro que precisasse de ajuda. Era muito bom.

Me lembro bem do dia em que eles já estavam se alimentando sozinhos e voando para todos os lados, des-pediram dos meus pais e de mim, e bateram as asas para bem longe. Acho que foram para o morro da Pitanga. Meu irmão já cantava igual ao meu pai, e já estava todo empenado com aquelas penas verdes pardas. Fiquei sozi-nho no ninho e com meus pais dando total apoio, fui me desenvolvendo.

Minhas penas foram desenvolvendo, mas nada de crescimento. Estava mesmo predestinado a ficar mesmo pequeno. Com muito custo comecei a bater as asas, mas nada de voar.

Um belo dia estava eu batendo as asas na beirada do ninho quando meu pai me deu um empurrão e caí do ga-lho. Vendo que eu ia bater no chão, fiquei desesperado e bati as asas com mais força, conseguindo sair voando até