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1 CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” JUSTIÇA DO TRABALHO – 70 ANOS Instrumento de Conciliação X Justiça Social AUTOR JOSÉ LUIZ PEIXOTO ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2012

CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS … · Por: José Luiz Peixoto. 3 Agradeço a Deus pela força e ... 132 Varas, além de 10 Turmas, cada qual integrada por 5 Desembargadores

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CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

JUSTIÇA DO TRABALHO – 70 ANOS Instrumento de Conciliação X Justiça Social

AUTOR

JOSÉ LUIZ PEIXOTO

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

JUSTIÇA DO TRABALHO – 70 ANOS Instrumento de Conciliação X Justiça Social

Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: José Luiz Peixoto.

3

Agradeço a Deus pela força e determinação que me fizeram caminhar até aqui, rumo à conclusão deste curso. Uma etapa vencida... Um objetivo alcançado.

4

Dedico este trabalho à minha família: Adriane, minha mulher, Gabriel, meu filho, e, especialmente, à minha mãe Nair Miqueloni Peixoto (in memorian), base de toda a minha existência e exemplo maior de todos os valores essenciais a um ser humano de qualidade.

5

RESUMO

No Brasil, as discussões sobre direitos de trabalhadores e as formas de solução

de conflitos trabalhistas tiveram início com o fim da escravidão. Foi a fase

embrionária da Justiça do Trabalho, cuja instalação oficial ocorreu em 1º de maio

de 1941. Portanto, ela completou 70 anos em 2011. Hoje, o TRT da 1ª Região,

como órgão dessa Justiça no Rio de Janeiro, tem em sua composição instaladas

132 Varas, além de 10 Turmas, cada qual integrada por 5 Desembargadores.

Uma melhor compreensão da estrutura e organização da Justiça do Trabalho se

obtém na evolução da história do Direito do Trabalho, que se identifica com a

história da subordinação, do trabalho subordinado. No Brasil, inicialmente, as

Constituições versavam sobre a forma do Estado, passando posteriormente a

tratar de todos os ramos do Direito e, especialmente, do Direito do Trabalho,

como ocorre com nossa Constituição atual, que é de 1988. Como toda obra

humana, a Justiça do Trabalho exige aprimoramentos: as regras processuais já

não respondem velozmente a demandas atuais. Uma opção para tal problema

consistiria na flexibilização do direito do trabalho, onde a redução de alguns

direitos evitaria a dispensa de empregados. E, com o decorrer dos anos, várias

vezes se falou na possibilidade de sua extinção. Contudo, a Justiça do Trabalho é

considerada o único segmento do Judiciário que conseguiu levar o direito às

classes populares. Ela representa o próprio equilíbrio entre as disparidades

sociais existentes, contribuindo para a aplicação da justiça entre os desiguais

economicamente.

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METODOLOGIA

O trabalho de pesquisa que resultou na presente monografia teve como

base fundamental o detalhamento e enfoque jurídico em suas mais diversas

manifestações acerca do Direito do Trabalho e da criação, composição e

relevância da Justiça do Trabalho, objeto principal de estudo deste trabalho.

Todo material apresentado que sustentou a monografia foi captado em

bibliografia jurídica voltada para o Direito do Trabalho, além de artigos e revistas

especializadas neste ramo do direito, que versaram sobre o assunto/tema em

questão, com conhecimento, profundidade e coerência ao que foi proposto no

plano de pesquisa, marco inicial do trabalho.

Complementando, um vasto e rico material foi importado do “mundo

virtual”, de sites jurídicos, fazendo da webgrafia um valioso meio de informação e

fundamentação do assunto proposto, com a credibilidade de publicações oficiais

da legislação e da jurisprudência.

Por fim, um acervo rico de informações, capturado informalmente,

obtido com profissionais da área jurídica e com servidores de diversos setores da

Justiça do Trabalho, complementou este trabalho de forma descritiva e

elucidativa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................... 8

CAPÍTULO I

HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO

TRABALHO.......................................................................................................... 10

CAPÍTULO II

A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NO

BRASIL................................................................................................................. 20

CAPÍTULO III

JUSTIÇA DO TRABALHO X JUSTIÇA SOCIAL............................................... 30

CONCLUSÃO....................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 42

8

INTRODUÇÃO

Todo o estudo apreendido que culminou com a apresentação desta

monografia teve seu enfoque direcionado à Justiça do Trabalho, órgão do Poder

Judiciário que completou 70 anos de existência em 2011. Neste contexto, foi

abordado toda a evolução acerca de sua criação: da fase embrionária que se deu

com o fim da escravidão no Brasil em 1888, as discussões sobre direitos dos

trabalhadores, as primeiras normas de proteção ao trabalhador e as formas de

solução dos conflitos trabalhistas. Todo o material pesquisado encontra-se

estreitamente interligado aos preceitos do Direito do Trabalho.

Desse estudo, apreendeu-se que o Direito do Trabalho fundamenta-se

nos princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações interpessoais por ocasião

do trabalho ou eventualmente fora dele, e também nos princípios e normas

jurídicas que ordenam a prestação do trabalho subordinado e os riscos que dela

se originam. Na teoria moderna, diante de sua autonomia científica, o Direito do

Trabalho constitui o conjunto de princípios, institutos e normas aplicáveis às

relações de trabalho subordinado, garantindo seu valor social, a dignidade do

trabalhador e a livre-iniciativa no desenvolvimento nacional. Têm-se assim, que a

história do Direito do Trabalho encontra-se identificada com a história da

subordinação, do trabalho subordinado. Foi verificado que a preocupação maior é

com a proteção do hipossuficiente e com o emprego típico.

No Brasil, as primeiras normas de proteção ao trabalhador surgiram a

partir da última década do século XIX. Mas foi após a Revolução de 1930, no

poder de Getúlio Vargas, que a Justiça do Trabalho realmente despontou. Foi

criado o Ministério do Trabalho e foram instituídas as Comissões Mistas de

Conciliação para os conflitos coletivos e as Juntas de Conciliação e Julgamento

para os conflitos individuais. Foi observado que com o passar do tempo, após o

fim da ditadura militar no Brasil em 1985, as conquistas dos trabalhadores foram

restabelecidas. Um exemplo disso encontra-se na Constituição de 1988 que

instituiu a lei que restabeleceu o direito de greve e a livre associação sindical e

profissional.

9

Do material pesquisado, restou evidenciado que nos dias de hoje a

Justiça do Trabalho, após 70 anos de existência, exige aprimoramentos

compatíveis com a velocidade de demandas trabalhistas. Mesmo assim, o

Conselho Nacional de Justiça a considera o mais rápido e eficiente ramo do

Poder Judiciário e único segmento que conseguiu levar o direito às classes

populares.

O presente trabalho ressalta a relevância da Justiça do Trabalho no

mundo jurídico, especialmente no que tange às relações de trabalho, e, em uma

visão mais ampla, no meio social. Na verdade, a justiça trabalhista representa o

próprio equilíbrio entre as disparidades sociais existentes. Foi por seu intermédio

que se buscou compensar a desproporcionalidade existente em uma relação de

trabalho, o que não deixa de ser uma forma de protecionismo a favor de uma

classe menos afortunada do ponto de vista econômico-social.

Adicionalmente, numa análise histórica em torno da Justiça do

Trabalho no Brasil, se percebe que os ideais que proporcionaram o seu

surgimento no seio do direito, os motivos que ensejaram a sua criação, ainda

existem e em grau e amplitude bem maiores. As desigualdades, nas relações de

trabalho sempre existiram e existirão, de onde se conclui o caráter de

essencialidade dela.

Destarte, para se dimensionar a real relevância da Justiça do Trabalho

perante o mundo jurídico e a sociedade como um todo se faz necessário o

exercício de negativização da própria existência dela, pensar nas conseqüências

advindas de sua extinção. Nessa hipotética extinção da Justiça do Trabalho, uma

grande parcela da sociedade, a mais carente por sinal, ficaria sem o menor

amparo jurídico. As relações trabalhistas a partir de então, iriam ser reguladas

pelos próprios particulares e pelas normas do direito civilista, que possuem outra

formatação e foram editadas visando a outros fins. Assim, a

Justiça do Trabalho acaba trazendo consigo essa sua importância de construir

uma justiça social no Brasil, porque o Direito que aplica tem exatamente essa

função.

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CAPÍTULO I

HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho completou em maio de 2011, 70 anos de criação.

Mas, as discussões sobre direitos de trabalhadores e as formas de solução de

conflitos entre empregadores e empregados no Brasil tiveram início em 1888, com

o fim da escravidão.

O fim da exploração da mão de obra gratuita e as conseqüentes

contratações de serviços assalariados impulsionaram os debates que, na época,

já eram assuntos em voga na Europa, que vivenciava os sabores e dissabores da

Revolução Industrial.

Foi justamente o processo de mecanização dos sistemas de produção

implantado na Inglaterra no século XVIII que desencadeou os movimentos em

defesa dos direitos dos trabalhadores. Na medida em que a máquina substituía o

homem, um exército de desempregados se formava.

As fábricas funcionavam em condições precárias, os trabalhadores

eram confinados em ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os

salários eram muito baixos e a exploração de mão de obra não dispensava

crianças e mulheres, que eram submetidos a jornadas de até 18 horas por dia,

mas recebiam menos da metade do salário reservado aos homens adultos.

Em meio a este difícil cenário eclodiram as greves e revoltas sociais.

Começavam, então, as lutas por direitos trabalhistas. Os empregados das

fábricas formaram uma espécie de sindicatos, que desencadearam movimentos

por melhores condições de trabalho. Tais manifestações serviram de inspiração

para a formação de movimentos organizados de operários brasileiros.

No Brasil, desde a abolição da escravatura, a fase embrionária da

Justiça do Trabalho perdurou por quatro décadas. As primeiras normas de

proteção ao trabalhador surgiram a partir da última década do século XIX. Em

1891, o Decreto nº 1.313 regulamentou o trabalho de menores. De 1903 é a lei de

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sindicalização rural e de 1907 a lei que regulou a sindicalização de todas as

profissões. A primeira tentativa de formação de um Código do Trabalho, de

Maurício de Lacerda, é de 1917. No ano seguinte foi criado o Departamento

Nacional do Trabalho. E em 1923 surgia, no âmbito do então Ministério da

Agricultura, Indústria e Comercio, o Conselho Nacional do Trabalho.

Mas foi após a Revolução de 1930, com a subida ao poder de Getúlio

Vargas, que a Justiça do Trabalho realmente despontou. Em 26 de novembro

daquele ano, por meio do Decreto nº 19.433, foi criado o Ministério do Trabalho.

No governo de Getulio Vargas foram instituídas as Comissões Mistas de

Conciliação para os conflitos coletivos e as Juntas de Conciliação e Julgamento

para os conflitos individuais.

O passo decisivo para a criação da Justiça do Trabalho no Brasil veio

com a Constituição de 1934 (artigo 122), mas sua regulamentação só ocorreu em

1940 (Decreto 6.596). A instalação oficial ocorreu em 1º de maio de 1941. Na

ocasião, Getúlio Vargas, em ato público realizado no campo de futebol do Vasco

da Gama, no Rio de Janeiro, num discurso inflamado, declarou instalada a Justiça

do Trabalho.

A Constituição Federal de 1934 incluiu a Justiça do Trabalho no

capítulo “Da Ordem Econômica e Social”. A função a ela atribuída era de resolver

os conflitos entre empregadores e empregados. Inicialmente integrada ao Poder

Executivo, sua passagem para o Poder Judiciário suscitou acirrados debates

entre parlamentares da época, sobretudo no que diz respeito ao seu poder

normativo.

A carta constitucional de 1934 trouxe avanços sociais importantes para

os trabalhadores: instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o

repouso semanal, as férias anuais remuneradas e a indenização por dispensa

sem justa causa. Sindicatos e associações profissionais passaram a ser

reconhecidos, com o direito de funcionar autonomamente.

Da mesma forma, a Constituição de 1937 também consagrou a

instituição. Nessa época, Waldemar Falcão, ministro do Trabalho, Indústria e

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Comércio, encabeçou uma comissão responsável pela elaboração de

anteprojetos que culminaram, em 1939, no Decreto-Lei nº 1.237, que instituiu a

Justiça do Trabalho. O Decreto-Lei nº 1.346/39 reorganizou o Conselho Nacional

do Trabalho e um ano depois os Decretos 6.596/40 e 659/40 regulamentaram a

Justiça do Trabalho e o Conselho Nacional do Trabalho, respectivamente.

Francisco Barbosa de Rezende, então Presidente do Conselho

Nacional do Trabalho, e Faria Baptista, procurador, foram designados para dirigir

a comissão responsável pela instalação dos órgãos dessa justiça especializada.

O resultado do esforço de ambos foi a efetiva instalação da Justiça do Trabalho,

em pleno funcionamento, em 2 de maio de 1941, com oito Conselhos Regionais e

36 Juntas de Conciliação e Julgamentos. Em 1943 foi promulgada a Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT), que reuniu e ampliou a vasta e dispersa legislação

produzida ao longo de duas décadas.

A Assembléia Constituinte de 1946, convocada após o fim da ditadura

de Getúlio Vargas, definiu a incorporação da Justiça do Trabalho ao Poder

Judiciário, o que deu aos juízes prerrogativas de magistratura e concedeu-lhes

independência do Poder Executivo. Nessa época, o Conselho Nacional do

Trabalho foi convertido em Tribunal Superior do Trabalho e os Conselhos

Regionais do Trabalho em Tribunais Regionais do Trabalho.

A Constituição de 1946 acrescentou à legislação uma série de direitos

antes ignorados, tais como: reconhecimento do direito de greve, repouso

remunerado em domingo e feriados e extensão do direito à indenização de

antiguidades e à estabilidade do trabalhador rural. Outra conquista importante da

época foi a integração do seguro contra acidentes do trabalho no sistema da

Previdência Social.

Mais mudanças ocorreram com a Constituição Federal de 1967.

Exemplos: aplicação da legislação trabalhista aos empregados temporários; a

valorização do trabalho como condição da dignidade humana; proibição da greve

nos serviços públicos e atividades essenciais e direito à participação nos lucros

das empresas. Limitou a idade mínima para o trabalho do menor, em 12 anos,

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com proibição de trabalho noturno; incluiu em seu texto o direito ao seguro-

desemprego (este, porém, só foi realmente criado em 1986) e a aposentadoria

para a mulher após 30 anos de trabalho, com salário integral. Fez previsão do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), da contribuição sindical e do

voto sindical obrigatório.

Com o fim do regime militar e a promulgação da Constituição de 5 de

outubro de 1988 pela Assembléia Nacional Constituinte, dá-se início a uma nova

era na vida dos trabalhadores brasileiros. A nova carta, considerada a mais

democrática de todas, reforça, em seu artigo 114, § 2º, a legitimidade do poder

normativo da Justiça do Trabalho.

Dentre os muitos avanços propostos pela Constituição de 88

(denominada Constituição Cidadã), destaca-se a proteção contra a demissão

arbitrária, ou sem justa causa; piso salarial proporcional à extensão e à

complexidade do trabalho prestado; licença à gestante, sem prejuízo do emprego

e do salário, com a duração de 120 dias; licença-paternidade; irredutibilidade

salarial e limitação da jornada de trabalho para 8 horas diárias e 44 semanais.

Destaque-se, também, a proibição de qualquer tipo de discriminação quanto a

salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência.

A Constituição de 1988, que hoje vigora, ao incorporar direitos

trabalhistas essenciais, inéditos à época no texto constitucional e já incorporados

definitivamente ao cotidiano das relações formais de trabalho, cumpriu com seu

objetivo de assegurar aos brasileiros direitos sociais essenciais ao exercício da

cidadania. A palavra “trabalho”, que na concepção antiga tinha o sentido de

sofrimento e esforço, ganhou, assim, uma roupagem social, relacionada ao

conceito de dignidade da pessoa humana.

Com a Emenda Constitucional nº 45, promulgada em 30 de dezembro

de 2004, foi promovida a chamada “reforma do judiciário”. Foi ampliada a

competência da Justiça do Trabalho para julgar todas as relações oriundas da

relação de trabalho, e não apenas as de emprego. A Justiça do Trabalho, hoje, é

composta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), sua instância máxima, por 24

14

Tribunais Regionais do Trabalho e conta com 1377 Varas do Trabalho. Sua

jurisdição abrange todo o território nacional, e todos os seus órgãos possuem

composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores,

numa expressão máxima da democracia nas relações trabalhistas.

A Justiça do Trabalho tem seu corpo estrutural subdividido em:

PRIMEIRA INSTÂNCIA - Varas do Trabalho, cuja função primordial é julgar os

dissídios individuais, passando a deter competência, também, para processar e

julgar litígios que antes eram da competência originária dos Tribunais Regionais,

a exemplo dos mandados de segurança, além de lhe ser atribuída a execução

dos executivos fiscais, decorrentes das contribuições previdenciárias e

penalidades administrativas. Têm jurisdição sobre um ou mais municípios.

SEGUNDA INSTÂNCIA - Tribunais Regionais do Trabalho, que julgam recursos

interpostos pelas partes contra decisões das Varas, além das ações originárias da

segunda instância, como os dissídios coletivos de categorias organizadas

regionalmente, com jurisdição sobre um ou mais Estados, definida em lei.

TERCEIRA INSTÂNCIA – Tribunal Superior do Trabalho, cuja competência é

julgar recursos de revista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra

decisões dos TRTs, além de dissídios coletivos de categorias organizadas

nacionalmente. Sediado em Brasília (DF), atua sobre todo o território nacional.

Com a Emenda Constitucional nº 45, o TST restabeleceu sua composição de 27

ministros, togados e vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, após

aprovação pelo Senado Federal, dos quais 21 escolhidos dentre juízes dos

Tribunais Regionais do Trabalho, 3 dentre advogados e 3 dentre membros do

Ministério Público do Trabalho, considerando que, pela Emenda Constitucional nº

24/1999, que extinguiu a representação classista, este número havia sido

reduzido para 17 ministros.

Dentro do espírito comemorativo dos 70 anos da Justiça do Trabalho,

focando no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, vale rememorar um

pouco de sua história, fundação e importância: nos seus primórdios, a Justiça do

Trabalho no Rio de Janeiro começou a operar com 6 Juntas de Conciliação e

15

Julgamento na Avenida Nilo Peçanha, nº 31, no Centro, ocupando apenas três

andares desse histórico endereço. Mais tarde, nos idos de 1946, com a vigência

da Constituição que lhe deu foros de Justiça Federal, foram criadas mais algumas

Juntas, elevando o número inicial de 6 para 9 Juntas, demandando maior espaço

físico para assentar as novas instalações.

A jurisdição do TRT da 1ª Região em 1946 abrangia, além do Distrito

Federal, o antigo estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. O primeiro grau de

jurisdição era composto pelas já citadas Juntas de Conciliação e Julgamento,

distribuídas da seguinte forma: 9 na capital e 1 nos municípios de Niterói, Campos

dos Goytacazes, Petrópolis, Cachoeiro do Itapemirim e Vitória.

As Juntas de Conciliação e Julgamento do Distrito Federal foram

instaladas na Rua Nilo Peçanha, nº 31, no Centro do Rio de Janeiro. O Tribunal

Superior do Trabalho ocupava pequena parte do edifício do Ministério do

Trabalho, Indústria e Comércio na Avenida Presidente Antonio Carlos, nº 251

(Palácio do Trabalho, inaugurado em 1938).

Neste período ainda foram criadas outras 15 Juntas de Conciliação e

Julgamento: 6 no Distrito Federal (Rio de Janeiro), através da Lei 2.694/1955 de

24 de dezembro de 1955; 1 em Volta Redonda, 1 em Nova Iguaçu, 1 em Nova

Friburgo, 1 em Duque de Caxias e mais 5 no Distrito Federal (Rio de Janeiro),

todas essas através da Lei 3.610/1959 de 11 de agosto de 1959.

O segundo edifício a abrigar as Juntas de Conciliação e Julgamento do

TRT da 1ª Região na cidade do Rio de Janeiro foi um imóvel administrado pelo

Instituto Nacional da Previdência Social (atual INSS), na Avenida Almirante

Barroso, nº 54, no Centro. Nesse período, através da Lei 5.633/1970 de 02 de

dezembro de 1970, foram criadas mais 10 Juntas de Conciliação e Julgamento: 5

no antigo estado da Guanabara (Rio de Janeiro), 1 em Duque de Caxias, 1 em

Nova Iguaçu, 1 em Itaperuna, 1 em São Gonçalo e 1 em Três Rios.

Em 1978, a Delegacia Regional do Trabalho autorizou o uso pelo

Tribunal Regional do Trabalho de mais um andar do edifício da Avenida

Presidente Antonio Carlos para a instalação de novas Juntas de Conciliação e

16

Julgamento. Em 19 de setembro de 1978, pela Lei 6.563/1978 foram criadas: 10

Juntas no Rio de Janeiro, 1 em Araruama, 1 em Barra do Piraí, 1 em Duque de

Caxias, 1 em Niterói, 1 em Nova Iguaçu, 1 em Petrópolis, 1 em São João de

Meriti, 1 em Teresópolis e 1 em Volta Redonda.

Em 30 de abril de 1986 foram criadas outras 5 Juntas no Rio de

Janeiro, 1 em Macaé e 1 em São Gonçalo, através da Lei 7.471/1986.

Um contrato de comodato foi celebrado com o Ministério do Trabalho,

em 27 de maio de 1988, pelo qual a administração do prédio-sede (Avenida

Presidente Antonio Carlos, nº 251, no Castelo) passou a ser do Tribunal Regional

do Trabalho, que veio a se instalar em doze andares dos catorze existentes, de

forma gradativa.

Em 16 de janeiro de 1989, através da Lei 7.729/1989 foram criadas: 11

Juntas de Conciliação e Julgamento no Rio de Janeiro, 1 em Angra dos Reis, 1

em Itaboraí, 1 em Itaguaí, 1 em Magé e 1 em Nilópolis. Outras vieram em 11 de

junho de 1992 (Lei 8.432/1992): 22 Juntas na cidade do Rio de janeiro, 1 em

Cabo Frio, 1 em Campos dos Goytacazes, 1 em Cordeiro, 3 em Duque de Caxias,

1 em Niterói, 2 em Nova Iguaçu, 1 em Resende, 1 em São Gonçalo e 1 em São

João de Meriti.

A Constituição de 1988 atribuiu aos representantes classistas, tanto de

empregados como de empregadores, integrantes das Juntas de Conciliação e

Julgamento, a titulação de juiz. Já a Emenda Constitucional nº 24, de 9 de

dezembro de 1999, extinguiu a representação classista na Justiça do Trabalho e

alterou a denominação das Juntas de Conciliação e Julgamento para Varas do

Trabalho, as quais passaram a ser compostas por um Juiz do Trabalho nomeado

mediante concurso público. Assim, foi igualmente alterada a composição dos

Tribunais Regionais e do Tribunal Superior do Trabalho, este último com sede em

Brasília.

A Lei 10.770/2003, de 21 de novembro de 2003, determinou a criação

de novas, agora denominadas Varas do Trabalho: 9 no Rio de Janeiro, 1 em

Barra Mansa, 1 em Cabo Frio, 1 em Campos dos Goytacazes, 1 em Duque de

17

Caxias, 1 em Macaé, 3 em Niterói, 1 em Nova Iguaçu, 1 em São Gonçalo e 1 em

Volta Redonda.

Atualmente, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, com

jurisdição no estado do Rio de Janeiro, tem em sua composição instaladas 132

Varas, sendo 82 na capital e 50 no interior, além de 10 Turmas, cada qual

integrada por 5 Desembargadores. Das sessões, sempre presididas por um

Desembargador, participa um Procurador do Trabalho, representante do

Ministério Público do Trabalho.

Ainda sem sua sede própria, o Tribunal Regional do Trabalho do Rio de

Janeiro funciona hoje em quatro endereços distintos no centro da capital

fluminense. Há Varas do Trabalho localizadas na rua do Lavradio, nº 132

(inaugurado em 23 de abril de 2004), e na rua Gomes Freire, nº 471 (Fórum

Eugenio Roberto Haddock Lobo, inaugurado em 18 de setembro de 2006); a

administração e a segunda instância têm seu endereço na Avenida Presidente

Antonio Carlos, nº 251, e a parte administrativa está estabelecida na rua Augusto

Severo, nº 84.

No TRT da 1ª Região, na gestão de sua atual presidente, Dra. Maria de

Lourdes Sallaberry, através da Secretaria de Gestão do Conhecimento (SGC) foi

criado um selo comemorativo alusivo aos 70 anos da Justiça do Trabalho exibido

em todas as páginas do seu portal eletrônico. Nesse selo figuram a representação

dos trabalhadores, da fábrica, da carteira de trabalho e do mapa do Brasil, os

temas mais significativos do mundo do trabalho, para os quais a Justiça

Trabalhista volta o seu olhar protetivo.

Estruturando-se para entrar na era do processo eletrônico, o Tribunal

Regional do Trabalho da 1ª Região também possui um planejamento estratégico

objetivando o alcance de metas. Esse planejamento estratégico é um processo no

qual a organização pensa e planeja seu futuro de forma orgânica, como um

conjunto coerente e bem estruturado, considerando as alterações no

macroambiente em que está englobada, referentes aos segmentos políticos,

18

econômicos, legais, tecnológicos, sociais e culturais, idealizando seu efetivo papel

nessa nova sociedade a porvir.

Desse modo, ao delinear o seu planejamento, o TRT/RJ pensa

estrategicamente o seu futuro, considerando os interesses, as necessidades e as

demandas da sociedade onde está inserido e define, com clareza, a MISSÃO,

VALORES, VISÃO DE FUTURO e POLÍTICA DA QUALIDADE. Desta análise,

também decorrem medidas que dizem respeito aos aspectos internos: pessoas,

procedimentos, estruturas de poder, recursos materiais e orçamento.

O planejamento estratégico serve para definir mudanças significativas

que, a médio e longo prazos, melhorem o serviço oferecido aos usuários e é

ferramenta indispensável à gestão, estando legalmente previsto em diversas

normas.

O art. 37 da Constituição Federal, por exemplo, determina que a

administração pública deve obedecer aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Por outro lado, o § 1º, art. 165 da Constituição Federal estabelece:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão... § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

Já a Resolução nº 70, de 18-3-2009, do Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) determina a elaboração de planejamento estratégico alinhado ao Plano

Estratégico Nacional, com abrangência mínima de 5 anos, submetendo-o à

aprovação pelo Órgão Especial ou Pleno, até 31-12-2009, garantida ampla

participação de magistrados e servidores.

O planejamento estratégico do TRT/RJ (para o período 2010-2014), foi

estruturado e elaborado a partir de uma visão integrada e balanceada da

organização, alinhando objetivos, indicadores e metas, de forma que as unidades

19

organizacionais planejem as iniciativas de maneira coordenada, é uma ferramenta

dinâmica de gestão, devendo ser atualizado constantemente. Assim, devem ser

realizadas reuniões de análise da estratégia para acompanhar os resultados das

metas fixadas e analisar a oportunidade de promover ajustes e outras medidas

necessárias à melhoria do desempenho, levando o TRT/RJ a fazer a coisa certa

no momento certo, de modo a solucionar as duas equações sempre presentes

nas decisões organizacionais: a importância e a urgência. Na verdade, o seu

dinamismo está fundado exatamente neste processo de análise, ajuste e melhoria

do desempenho.

A metodologia utilizada para a elaboração do Plano Estratégico tem por

fundamento a estruturação em 3 perspectivas: Sociedade, Processos Internos e

Recursos. Deste modo, em seu processo de construção, fica estabelecido na

base aquilo que a organização precisa ter com objetivo de fazer para a satisfação

das necessidades e expectativas da sociedade, com foco na missão, visão e

valores institucionais.

A pesquisa identificou que, dentro do espírito da melhor aplicação do

Direito, o Conselho Nacional de Justiça juntamente com os Tribunais Regionais

do Trabalho de todo o país tem realizado anualmente um projeto denominado:

“Semana Nacional de Conciliação”. Para tal, são selecionados processos que

tenham possibilidade de acordo onde são intimadas as partes envolvidas para

solucionarem o conflito. A medida faz parte da meta de reduzir o grande estoque

de processos na justiça brasileira. As conciliações pretendidas durante o projeto

são chamadas de processuais (pois o caso já se encontra na Justiça). No entanto,

há outra forma de conciliação: a pré-processual ou informal, que ocorre antes do

processo ser instaurado e o próprio interessado busca a solução do conflito com o

auxílio de conciliadores e/ou juízes.

20

CAPÍTULO II

A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL

Em uma concepção do ponto de vista subjetivo, o Direito do Trabalho

pode ser conceituado como o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis

às relações interpessoais por ocasião do trabalho ou eventualmente fora dele,

enquanto, sob o enfoque objetivista, como o corpo de princípios e normas

jurídicas que ordenam a prestação do trabalho subordinado e os riscos que dela

se originam.

Na teoria moderna, diante de sua autonomia científica, o Direito do

Trabalho constitui o conjunto de princípios, institutos e normas aplicáveis às

relações de trabalho subordinado, garantindo seu valor social, a dignidade do

trabalhador e a livre-iniciativa no desenvolvimento nacional.

No Direito do Trabalho, além da boa-fé e da razoabilidade, destacam-

se quatro princípios de elementar importância: proteção, primazia da realidade,

irrenunciabilidade de direitos e continuidade.

Com o foco direcionado no Direito do Trabalho, há necessidade de

lembrar de sua gênese e de seu desenvolvimento no decorrer do tempo, como

também dos novos conceitos e instituições que foram surgindo com o passar dos

anos.

O Direito tem uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo

de quaisquer de seus ramos sem que se tenha noção de seu desenvolvimento

dinâmico no transcurso do tempo.

À luz da história, pode ser compreendido com mais acuidade os

problemas atuais. Da concepção histórica foi mostrado o desenvolvimento de

certa disciplina, além das projeções que puderam ser alinhadas com base no que

se fez no passado, inclusive no que diz respeito à compreensão dos problemas

atuais. Não se pode, portanto prescindir de seu exame. É impossível ter o exato

conhecimento de um instituto jurídico sem se proceder a seu exame histórico,

21

pois se verifica suas origens, sua evolução, os aspectos políticos ou econômicos

que o influenciaram.

Ao analisar o que pode acontecer no futuro, é preciso estudar e

compreender o passado, estudando o que ocorreu no curso do tempo. É oportuna

uma citação de Heráclito, que dizia: o homem que volta a banhar-se no mesmo

rio, nem o rio é o mesmo rio nem o homem é o mesmo homem. Isso ocorre por

que o tempo passa e as coisas não são exatamente iguais como eram, mas

precisam ser estudadas para se compreender o futuro. Para se fazer um estudo

sobre o que pode acontecer no futuro é necessário não perder de vista o

passado. Não se pode romper com o passado, desprezando-o.

É impossível compreender o Direito do Trabalho sem conhecer seu

passado. Esse ramo do Direito é muito dinâmico, mudando as condições de

trabalho com muita freqüência, pois está intimamente relacionado com as

questões econômicas.

Do material pesquisado, foi verificado que dados bastante relevantes

acerca desse assunto têm na Europa, mais especificamente na França, seus

fundamentos: por volta de 1813, foi proibido o trabalho dos menores em minas.

Em 1814, foi vedado o trabalho aos domingos e feriados. Em 1839, foi proibido o

trabalho de menores de 9 anos e a jornada de trabalho era de 10 horas para os

menores de 16 anos.

A partir de 1880, passou a ser utilizada a eletricidade. Em

conseqüência, as condições de trabalho tiveram de ser adaptadas.

O Estado estava atuando para a manutenção da ordem pública. Não

intervinha nas relações privadas. Acarretava a exploração do homem pelo próprio

homem. O trabalho era considerado mercadoria. Como havia muita oferta de

trabalhadores e pouca procura, o empregado aceitava as condições impostas

pelo patrão, recebendo salários ínfimos e trabalhando 15 horas por dia, sem

descanso ou férias.

22

É interessante registrar que, em seus primórdios, o Direito do Trabalho

foi confundido com a política social. Estudavam-no cientistas sociais e outras

pessoas que mais poderiam ser chamadas de revolucionários, tanto oriundos das

faculdades, como dos parlamentos. Não havia diferença clara, até por falta de

suficiente elaboração científica, entre os dois ramos do conhecimento. Os

reformadores foram sendo, pouco a pouco, substituídos pelos juristas, voltados

para o estudo da própria norma.

A história do Direito do Trabalho identifica-se com a história da

subordinação, do trabalho subordinado. Verifica-se que a preocupação maior é

com a proteção do hipossuficiente e com o emprego típico.

A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século

XVIII, expandiu-se para o mundo a partir do século XIX, alterando profundamente

as relações sociais e econômicas no meio urbano e as condições de vida dos

trabalhadores. A substituição da manufatura pela maquinofatura provocou um

intenso deslocamento rural para a cidade, gerando enormes concentrações

populacionais, excesso de mão-de-obra e desemprego.

Além disso, as condições de trabalho naquele período eram muito

precárias. As primeiras máquinas utilizadas na produção fabril eram

experimentais, e, em razão disso, os acidentes de trabalho eram comuns. Os

operários desprovidos de equipamento de segurança, sofriam com constantes

explosões e mutilações e não recebiam nenhum suporte de assistência médica,

sem seguridade social.

Com as insatisfações dos trabalhadores em ascensão, ganharam força

os movimentos socialistas que pregavam igualdade. Por todo o mundo, a luta

pelos direitos sociais começava a dar resultados. Na América, não foi diferente: a

Constituição do México, promulgada em 1917, foi a primeira da História a prever

limitação da jornada de trabalho para 8 horas, a regulamentação do trabalho da

mulher e do menor de idade, férias remuneradas e proteção do direito da

maternidade. Logo depois, a partir de 1919, as Constituições dos países europeus

consagravam esses mesmos direitos.

23

Comprovadamente, no Brasil, no início as primeiras Constituições

versavam sobre a forma do Estado, o sistema de governo. Posteriormente,

passaram a tratar de todos os ramos do Direito e, especialmente, do Direito do

Trabalho, como ocorre com nossa Constituição atual.

A Constituição de 1824 apenas tratou de abolir as corporações de

ofício (art. 179, XXV), pois deveria haver liberdade do exercício de ofícios e

profissões.

A Lei do Ventre Livre dispôs que, a partir de 28-9-1871, os filhos de

escravos nasceriam livres. Em 28-9-1885, foi aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe,

chamada de Lei dos Sexagenários, libertando os escravos com mais de 60 anos.

Mesmo depois de livre, o escravo deveria prestar mais três anos de serviços

gratuitos a seu senhor. Em 13-5-1888, foi assinada pela Princesa Isabel a Lei

Áurea (Lei nº 3.353), que abolia a escravatura.

Reconheceu a Constituição de 1891 a liberdade de associação (§ 8º do

art. 72), que tinha na época caráter genérico, determinando que a todos era lícita

a associação e reunião, livremente e sem armas, não podendo a polícia intervir,

salvo para manter a ordem pública.

As transformações que vinham ocorrendo na Europa em decorrência

da Primeira Guerra Mundial e o aparecimento da OIT, em 1919, incentivaram a

criação de normas trabalhistas no Brasil. Existiam muitos imigrantes aqui que

deram origem a movimentos operários reivindicando melhores condições de

trabalho e salários. Começou a surgir uma política trabalhista idealizada por

Getúlio Vargas em 1930.

Havia leis ordinárias que tratavam de trabalho de menores (1891), da

organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), de férias etc. O

Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado em 1930, passando a

expedir decretos, a partir dessa época, sobre profissões, trabalho das mulheres

(1932), salário mínimo (1936), Justiça do Trabalho (1939) etc.

24

A Constituição de 1934 foi a primeira constituição brasileira a tratar

especificamente do Direito do Trabalho. Era a influência do constitucionalismo

social, que em nosso país só veio a ser sentida em 1934. Garantiu a liberdade

sindical (art. 120), isonomia salarial, salário mínimo, jornada de oito horas de

trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores, repouso semanal, férias

anuais remuneradas (§ 1º do art. 121).

A Carta Constitucional de 10-11-1937 marcou uma fase

intervencionista do Estado, decorrente do golpe de Getúlio Vargas. Foi uma

Constituição de cunho eminentemente corporativista, inspirada na Carta Del

Lavoro, de 1927, e na Constituição polonesa. O próprio art. 140 da referida Carta

foi claro no sentido de que a economia era organizada em corporações, sendo

consideradas órgãos do Estado, exercendo função delegada de poder público. O

Conselho de Economia Nacional tinha por atribuição promover a organização

corporativa da economia nacional (art. 61, a). Dizia Oliveira Viana, sociólogo e

jurista, que foi o inspirador de nossa legislação trabalhista da época, que o

liberalismo econômico era incapaz de preservar a ordem social, daí a

necessidade da intervenção do Estado para regular tais situações. A Constituição

de 1937 instituiu o sindicato único, imposto por lei, vinculado ao Estado,

exercendo funções delegadas de poder público, podendo haver intervenção

estatal direta em suas atribuições. Foi criado o imposto sindical, como uma forma

de submissão das entidades de classe do Estado, pois este participava do

produto de sua arrecadação. Estabeleceu-se a competência normativa dos

tribunais do trabalho, que tinha por objetivo principal evitar o entendimento direto

entre trabalhadores e empregadores. A greve e o lockout foram considerados

recursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os

interesses da produção nacional (art. 139).

Existiram várias normas esparsas sobre os mais diversos assuntos

trabalhistas. Houve a necessidade de sistematização dessas regras. Para tanto,

foi editado o Decreto-lei nº 5.452, de 1º-5-1943, aprovando a Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT). O objetivo da CLT foi apenas o de reunir as leis esparsas

existentes na época, consolidando-as. Não se trata de um código, pois este

25

pressupõe um Direito novo. Ao contrário, a CLT apenas reuniu a legislação

existente na época, consolidando-a.

A Constituição de 1946 foi considerada uma norma democrática,

rompendo com o corporativismo da Constituição anterior. Nela pode ser

encontrada a participação dos trabalhadores nos lucros (art. 157, IV), repouso

semanal remunerado (art. 157, VI), estabilidade (art. 157, XII), direito de greve

(art. 158) e outros direitos que estiveram na norma constitucional anterior.

A legislação ordinária começou a instituir novos direitos. Surgiu a Lei nº

605/49, versando sobre o repouso semanal remunerado; a Lei nº 3.207/57,

tratando das atividades dos empregados vendedores, viajantes e pracistas; a Lei

nº 4.090/62, instituindo o 13º salário; a Lei nº 4.266/63, que criou o salário-família

etc.

O golpe militar de 1964 representou a mais dura repressão enfrentada

pela classe trabalhadora do país. As intervenções atingiram sindicatos em todo o

Brasil e o ápice foi o Decreto nº 4.330, conhecido como lei antigreve, que impôs

tantas regras para realizar uma greve que, na prática, elas ficaram proibidas.

A Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas estabelecidos

nas Constituições anteriores, no art. 158, tendo praticamente a mesma redação

do art. 157 da Constituição de 1946, com algumas modificações. A EC nº 1, de

17-10-69, repetiu praticamente a Norma Ápice de 1967, no art. 165, no que diz

respeito aos direitos trabalhistas.

Depois de anos sofrendo cassações, prisões, torturas e assassinatos,

em 1970 a classe trabalhadora vê surgir um novo sindicalismo, concentrado no

ABCD paulista. Com uma grande greve em 1978, os operários de São Bernardo

do Campo (SP) desafiaram o regime militar e iniciaram uma resistência que se

estendeu por todo o país.

No âmbito da legislação ordinária, destacaram-se a Lei nº 5.859/72,

dispondo sobre o trabalho dos empregados domésticos; a Lei nº 5.889/73,

versando sobre o trabalhador rural; a Lei nº 6.019/74, tratando do trabalhador

26

temporário; o Decreto-lei nº 1.535/77, que imprimiu nova redação ao capítulo

sobre as férias da CLT etc.

Após o fim da ditadura militar no Brasil em 1985, as conquistas dos

trabalhadores foram restabelecidas. A Constituição de 1988 instituiu, por exemplo,

a Lei nº 7.783/89, que restabelecia o direito de greve e a livre associação sindical

e profissional.

Em 5-10-1988, foi aprovada a atual Constituição, que trata de direitos

trabalhistas nos artigos 7º a 11º. Na Norma Magna, os direitos trabalhistas foram

incluídos no Capítulo II, “Dos Direitos Sociais”, do Título II, “Dos Direitos e

Garantias Fundamentais”, ao passo que nas Constituições anteriores os direitos

trabalhistas sempre eram inseridos no âmbito da ordem econômica e social. Para

alguns autores, o art. 7º da Lei Maior vem a ser uma verdadeira CLT, tanto os

direitos trabalhistas nele albergados.

Trata o art. 7º da Constituição de direitos individuais e tutelares do

trabalho. O art. 8º versa sobre o sindicato e suas relações. O art. 9º especifica

regras sobre greve. O art. 10º determina disposição sobre a participação dos

trabalhadores em colegiados. Menciona o art. 11º que nas empresas com mais de

200 empregados é assegurada a eleição de um representante dos trabalhadores

para entendimentos com o empregador.

A pesquisa realizada identificou que no Brasil, a flexibilização do direito

do trabalho vem acontecendo de forma gradual. A Constituição Federal de 1988

já inovou neste sentido. Apesar de levar muitos preceitos de direito do trabalho ao

nível de norma constitucional, possibilitou uma maior abertura à negociação

coletiva, como o disposto nos incisos VI, XIII, XIV e XXVI do artigo 7º. Também

garantiu uma maior liberdade para os sindicatos, estes agora não mais atrelados

ao Estado, no seu artigo 8º.

Mais tarde, outras medidas foram tomadas, como a Medida Provisória

que permitiu os contratos temporários de trabalho com direitos reduzidos, já no

governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

27

A proposta de flexibilização do direito do trabalho pode ser considerada

como reflexo da ideologia neoliberal, que atinge várias partes do mundo hoje. Tal

ideologia já está em decadência, vistas as várias crises mundiais ocorridas

decorrentes dela. Restou verificado que devido às políticas ligadas à ideologia

neoliberal é que se desregulamentou os direitos dos trabalhadores em vários

países, causando ainda mais desemprego e desestabilização da economia.

Nesta política que vem sendo imposta principalmente pelo Fundo

Monetário Internacional (FMI), não interessa o fim social da lei. Interessa o livre

mercado, a abertura econômica, a riqueza produzida. Não interessa também a

forma como ela será distribuída, e quem são as pessoas que vão morrer a partir

da adoção dessas medidas. Esquece-se o valor principal do Direito. Nas palavras

de NASCIMENTO (1998, p. 36):

O direito do trabalho tende à realização de um valor: a justiça social. Não é o único meio de sua consecução, mas é uma das formas pelas quais um conjunto de medidas que envolvem técnicas econômicas de melhor distribuição de riquezas, técnicas políticas de organização da convivência dos homens e do Estado e técnicas jurídicas destinadas a garantir a liberdade do ser humano, dimensionando-se num sentido social, visa a atingir a justiça social.

No mundo das relações de trabalho, um dos principais temas em

debate é saber se as leis trabalhistas, criadas pelo Estado, devem ceder espaço

para a atuação dos sindicatos, com vistas a se fomentar o emprego para os

desempregados e, ao mesmo tempo, evitar o desemprego para os empregados.

A CLT, existente desde 1943, segundo alguns estudiosos, já não mais

se coadunaria com o mundo globalizado em que vivemos. A rigidez das normas

postas pelo Estado, ainda na visão desses estudiosos, ao invés de proteger o

trabalhador, acabaria acarretando, contraditoriamente, dispensas em massa em

certas ocasiões.

Argumenta-se que as empresas e demais entes aptos a absorver a

mão-de-obra estão expostos às incontáveis e conhecidas adversidades

econômico-financeiras, alastradas por este mundo globalizado. É fato corrente

28

que crises, a princípio exclusivas de certos países, contagiam em curto espaço de

tempo o território nacional.

A tudo isso, soma-se a própria crise brasileira, que nos acompanha de

longa data. Esse é o cenário que alimenta as críticas ao modelo trabalhista

previsto na CLT, como esta não possibilita aos empresários flexibilizar, de modo

mais abrangente, as regras entre empregadores e empregados, as dificuldades

por que passam as empresas desencadeiam, no entender de alguns estudiosos,

o fio do próprio emprego. Nessa visão, a lei criada pelo Estado, para proteger o

trabalhador, acabaria por ter o efeito perverso de, por vezes, arrancar-lhe a sua

própria fonte de renda, que é a garantia de poder trabalhar para obter o seu

sustento.

A solução, segundo certos especialistas, seria relativamente simples:

flexibilizar as normas que regem as relações de trabalho, possibilitando ao

empregador, ao invés de dispensar seus empregados, reduzir determinados

direitos.

Mesmo assim, para que os trabalhadores tenham garantidas suas

proteções nessa “quebra de braço” com o empregador, somente com a

participação dos sindicatos é que se admitiria a flexibilização dos direitos

trabalhistas. Os sindicatos de cada categoria profissional, representando os

trabalhadores nela englobados, em defesa do bem maior que é o emprego, teriam

legitimidade para negociar com empresas e sindicatos patronais, reduzindo não

só salários como outras garantias.

Nessa mesma linha, muitos assuntos relativos ao contrato de trabalho,

ao invés de serem rigidamente previstos em leis, passariam a ter previsão

preponderante nas normas estabelecidas pelos sindicatos (convenções e acordos

coletivos): trata-se, aqui, da desregulamentação do Direito do Trabalho.

Deve ser realçado, ainda, o tempo gasto para qualquer mudança na lei,

quase sempre impossível de atender às urgências surgidas no mundo do

trabalho, cuja dinâmica atropela, muitas vezes, todas as previsões. Como se não

bastasse, os sindicatos, sem as amarras de um burocrático processo legislativo,

29

estariam mais aptos a criar normas específicas para cada circunstância, sempre

por meio da negociação coletiva. Diferente da lei, genérica e abstrata por

natureza, a norma privada poderia ser constituída para abranger trabalhadores e

empresas particularizadas.

No entanto, uma outra visão do problema: a posição contrária ao

movimento de flexibilização adverte que os direitos previstos na legislação

trabalhista são uma conquista histórica de toda a sociedade. Possibilitar aos

empregadores que deixem de observá-los é, nesta visão, um verdadeiro

retrocesso social, o que seria inadmissível. A união dos trabalhadores conseguiu

do Estado, com muito esforço e lutas, a edificação de leis protetoras contra a

espoliação do capitalismo selvagem, cujo fim principal é o lucro, ainda que a custo

da miséria de muitos. Nessa visão, o que se deve buscar é o incremento das

garantias aos trabalhadores, jamais se podendo aceitar a sua exclusão ou

redução. Se crises existem, devem ser solucionadas pelo Estado e pelos diversos

organismos sociais, mas não à custa do retorno, ainda que camuflado, do

trabalho em condições precárias.

De forma sucinta, encontra-se neste trabalho, posicionamentos

conflitantes a respeito do tema que envolve a flexibilização dos direitos dos

trabalhadores. Restou evidenciado que, pode ser defendida a idéia de que a

solução para tal se encontra no meio termo. Não se discordou que se deva

fomentar a criação, por meio de negociação coletiva, de normas mais benéficas

aos trabalhadores do que a própria lei estatal.

Por outro lado, os direitos e garantias mínimas e essenciais, ou seja,

fundamentais aos trabalhadores, deverão, sim, ser expressamente garantidos

pelo Estado, não podendo ser alterados nem mesmo com a participação de

sindicatos. Fica constatado que a delimitação do que seja esse patamar, por sua

vez, requer amplo debate perante toda a sociedade, para que se cumpra o

mandamento constitucional da Democracia. Em qualquer passo deverá ser

assegurada a dignidade da pessoa humana, por meio da construção de uma

sociedade livre, justa e solidária (Constituição Federal/1988, artigos 1º, III, e 3º, I).

30

CAPÍTULO III

JUSTIÇA DO TRABALHO X JUSTIÇA SOCIAL

Como toda obra humana, a Justiça do Trabalho exige aprimoramentos:

as regras processuais já não respondem velozmente a demandas atuais.

Desde sua instalação, nestes mais de 70 anos, ela agigantou-se. Nos

dias de hoje é integrada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), por 24

Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e por 1.378 Varas do Trabalho. Só no

ano de 2010, recebeu e julgou cerca de 2 milhões de novas ações, reverteu aos

jurisdicionados cerca de R$ 11,2 bilhões e arrecadou R$ 3,2 bilhões aos cofres

públicos.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é o mais rápido e

eficiente ramo do Poder Judiciário. Barata e acessível, é o único segmento do

Judiciário que conseguiu levar o direito às classes populares.

No Brasil, que é um país heterogêneo, complexo, tenso e de elevada

conflituosidade trabalhista, desempenha papel político transcendental na

preservação da paz social. Posiciona-se cuidadosamente no conflito capital-

trabalho, buscando sempre o justo equilíbrio dos interesses em confronto.

Nos dias atuais, sob o marco dos seus 70 anos de existência, a Justiça

do Trabalho lança o Programa de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Com

base em estatísticas oficiais, pode-se afirmar que mais que duplicou o número de

acidentes de trabalho no Brasil se confrontados os números de 2001 e 2009 (mais

de 700 mil, sem considerar a economia informal e os infortúnios no serviço

público). Verdadeiro flagelo social. Como conseqüência, afora perversos e

dolorosos impactos imediatos na família, na sociedade, no erário e em empresas,

milhares de processos chegam à Justiça do Trabalho, requerendo a reparação de

danos decorrentes dessas desventuras.

Celebrando sua maturidade, a Justiça do Trabalho tem a pretensão de

sair do imobilismo e, em postura inédita no Judiciário, abandonar a sua tradicional

31

e passiva atuação pós-conflito, para promover campanha institucional e

educacional voltada à prevenção de novos litígios.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), principal base

instrumental da Justiça do Trabalho, também completará em breve 70 anos de

existência. Outrora modelo de simplicidade eficiente e inspiração dos reformistas

do processo civil, as regras processuais trabalhistas já não respondem com a

mesma velocidade às demandas atuais, notadamente na chamada fase de

execução. Como resultado, o triste fenômeno do “ganha, mas não leva” tende a

imperar, pois menos da metade dos processos definitivamente decididos são

cumpridos pelos devedores, nesta já citada fase de execução. Cerca de 2,5

milhões de trabalhadores aguardam o recebimento do crédito alimentar

reconhecido e indubitável.

João Oreste Dalazen, presidente do Tribunal Superior do Trabalho e do

Conselho Superior da Justiça do Trabalho tem seu manifesto acerca do assunto

fielmente reproduzido aqui:

Esse cenário impõe um emergencial aperfeiçoamento normativo. Sem prejuízo de importantes projetos de lei em andamento no Congresso, o TST encaminhará em breve outras propostas passíveis de modificação dessa realidade. É a velha Justiça do Trabalho que se inova e se renova, inspirada na experiência e no aprendizado do passado, com os pés firmes no presente e os olhos voltados ao futuro, firme na sua missão de realizar justiça no âmbito das relações de trabalho e contribuir para o fortalecimento da cidadania.

Com o decorrer dos anos, não foram poucas as vezes em que se falou

na possibilidade de se extinguir a Justiça do Trabalho sem, contudo, ser dado o

devido valor da gravidade de tal afirmação. O presente trabalho desta monografia

busca demonstrar, de forma sucinta, a importância da existência da mesma, dada

sua peculiaridade e princípios norteadores, sem perder de vista que a legislação,

que a rege, representa, antes de qualquer coisa, um grande avanço nas relações

trabalhistas, até mesmo porque decorrente de intensas, prolongadas e

incansáveis lutas por parte de representantes da classe mais fraca, o trabalhador.

O objetivo deste trabalho se fundamenta na tentativa de se entender a

32

importância da Justiça do Trabalho a partir do exercício mental de compreensão

do mundo sem a existência da dita instituição e de seus normativos, os efeitos e

conseqüências, tudo a partir de sua fictícia extinção.

Para se dimensionar a real relevância da Justiça do Trabalho perante o

mundo jurídico e a sociedade como um todo se faz necessário o exercício de

negativização da própria existência dela, pensar nas conseqüências advindas de

sua extinção. Um ato de tamanha complexidade.

É de suma relevância se atentar para o papel que exerce a Justiça do

Trabalho no mundo jurídico, especialmente no que tange às relações de trabalho,

e, em uma visão mais ampla, no meio social. Na verdade, a justiça trabalhista

representa o próprio equilíbrio entre as disparidades sociais existentes, o que

significa dizer, que ela contribui demasiadamente para a aplicação da tão

sonhada justiça entre os desiguais economicamente. É por seu intermédio que se

busca compensar a desproporcionalidade existente em uma relação de trabalho,

o que não deixa de ser uma forma de protecionismo a favor de uma classe menos

afortunada do ponto de vista econômico-social.

Fazendo-se uma análise histórica em torno da Justiça do Trabalho,

logo se percebe, que ideais proporcionaram o seu surgimento no seio do direito,

que motivos ensejaram a sua criação, motivos esses que ainda existem e o que é

pior, em grau e amplitude bem maiores. As desigualdades, nas relações de

trabalho sempre existiram, e sempre existirão, de onde se conclui o caráter de

essencialidade da Justiça do Trabalho.

O Direito, ciência que é, vive em constante mutação, procurando se

aperfeiçoar, de modo a acompanhar as mudanças sociais. Com o direito do

trabalho não seria diferente, à medida que as necessidades sociais foram

surgindo, ele procurou se amoldar a essas novas realidades, de modo a

resguardar o interesse maior do direito: a justiça.

Ao longo da história várias conquistas em prol dos menos favorecidos

ocorreram, o que só vem a aquilatar mais ainda a importância e relevância desse

ramo do direito; conquistas essas que foram adquiridas por intensas e ardorosas

33

lutas sociais, firmadas e concretizadas em convenções e acordos coletivos, bem

como em tratados internacionais. Não se justifica, portanto, inadvertidamente, por

fim a toda uma história de lutas e conquistas, pois assim sendo, se estaria pondo

em questão o próprio sentido real do direito perante a sociedade, que seria o de

regular as relações dos indivíduos a favor do bem comum. O que se dizer, então,

quando se quer pretender extinguir um ramo do direito que existe tão somente

com esse objetivo.

Extinguindo-se a Justiça do Trabalho, se estaria deixando uma grande

parcela da sociedade, a mais carente por sinal, sem o menor amparo jurídico,

haja vista que as relações a partir de então, passariam a ser reguladas pelos

próprios particulares e pelas normas do direito civilista, que possuem outra

formatação totalmente diversa, pois editadas visando a outros fins e lhe dando

com outro campo e objeto de atuação. Comprovadamente, nesta hipótese o

direito seria prejudicado em demasia, provocando as mais variadas formas de

desrespeito aos direitos dos trabalhadores.

Essa idéia da extinção da Justiça do Trabalho que, por vezes, se quis

implantar no seio do ordenamento jurídico, só contribuiria mais ainda para a

desvalorização e descrédito perante a sociedade da já tão propalada justiça. De

análise feita ao tema, aferiu-se que as pessoas que estiveram imbuídas com

esse propósito não podiam ser vistas como bem intencionadas, haja vista

representar esse ato uma afronta não só a princípios gerais do direito, mas

também a princípios morais, só justificando tal conduta a interesses políticos com

objetivos diversos, distantes da finalidade do bem comum.

Diante da fictícia possibilidade de extinção da Justiça do Trabalho

caberia também uma observação quanto à legalidade desse ato, ou seja, de

encontrar sustentação jurídica em torno dessa idéia. Uma vez entregues as

relações trabalhistas ao arbítrio dos particulares, princípios já tão solidificados do

direito viriam certamente a ser desrespeitados, como seria o caso de princípios

gerais, como: o da regra da aplicabilidade da norma mais favorável e o da regra

da condição mais benéfica, in dubio pro operarium, que não seriam mais

considerados, tendo em vista a igualdade pura e simples que se estabeleceria

34

entre as partes não importando a situação em particular de cada um. Portanto, ao

se deixar as relações contratuais de trabalho entre os particulares, vários outros

princípios tão consagrados seriam desprestigiados, fazendo com que os

trabalhadores ficassem cada vez mais desprotegidos desse tipo de relação.

Restou claro, é que com essa medida se pretendia beneficiar uma

pequena classe da população em detrimento e prejuízo da grande maioria, o que

não deixa de ser um desrespeito a um país que se diz democrático de direito,

bem como a seu povo que elege representantes por meio do voto direto, para que

cuidem dos seus interesses.

Ao longo desses 70 anos de existência, a Justiça do Trabalho

enquanto guardiã dos direitos sociais dos trabalhadores, fortaleceu-se junto com

eles. Mas, a demanda por justiça cresceu na sociedade e ela foi provocada a dar

respostas que nem sempre agradaram às partes direta ou indiretamente

interessadas.

O que para muitos foi uma conquista, para outros foi restrição. Nos

anos 90, marcados, no Brasil e em boa parte do mundo ocidental, por uma nova

onda de liberalismo econômico, ou “neoliberalismo”, o direito e a Justiça do

Trabalho estiveram seriamente na mira do discurso que defendia a necessidade

de desregulamentação das relações de trabalho. Pregando o “fim da era Vargas”,

o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu dois mandatos (de

1994 a 2002), investiu, com graus diferentes de êxito, contra o modelo trabalhista

tradicional e, por conseqüência, contra a Justiça do Trabalho,o maior legado de

Getúlio Vargas.

A parte mais explícita desse embate foi a Proposta de Emenda à

Constituição nº 43/1997, que propunha “a extinção dos tribunais e juízos

especializados em matéria trabalhista”, de autoria do então senador Leonel Paiva.

A idéia era acabar com a Justiça e com o Ministério Público do Trabalho,

remetendo as questões trabalhistas à Justiça Comum.

A Proposta de Emenda à Constituição nº 43/1997 (PEC 43) acabou

arquivada ao fim daquela legislatura, em dezembro de 1999. Mas, paralelamente

35

a sua tramitação, foi criada, no âmbito do Senado Federal, por iniciativa de seu

então presidente, senador Antonio Carlos Magalhães, a CPI do Judiciário.

Instalada em março de 1999 com o objetivo formal de apurar denúncias concretas

da prática de irregularidades por integrantes de tribunais superiores, tribunais

regionais e tribunais de Justiça, a CPI girou em torno, sobretudo, das denúncias

de desvio de verba na construção do Fórum Trabalhista do TRT de São Paulo. As

denúncias ali apuradas resultaram na condenação do juiz aposentado Nicolau dos

Santos Neto e na cassação do então senador Luiz Estêvão, principais envolvidos.

As denúncias, porém, acabaram servindo de pano de fundo para uma

campanha liderada por Antonio Carlos Magalhães. Na abertura da 51ª

Legislatura, em fevereiro de 1999, o senador defendeu a extinção da Justiça

Militar e da Justiça do Trabalho, órgãos que classificou como inúteis, que

beneficiam poucos e que, quando forem extintos, vão beneficiar muitos com os

recursos gerados.

A ameaça de extinção nunca se concretizou, e, numa época em que se

questionavam os custos gerados pela manutenção da Justiça do Trabalho, uma

alteração foi relevante para defender seu papel no aparato do Estado: a Emenda

Constitucional nº 20 de 1998, que incluiu em sua competência a arrecadação dos

créditos previdenciários resultantes de suas sentenças e decisões. Com isso, a

Justiça do Trabalho tornou-se uma significativa fonte de recursos para os cofres

públicos. Em 2010, por exemplo, o montante arrecadado a título de contribuição

previdenciária e fiscal foi de R$ 3,2 bilhões.

A última alteração substancial na composição e na competência da

Justiça do Trabalho ocorreu a partir de 2004, com a aprovação da Emenda

Constitucional nº 45. Em termos de estrutura, a chamada Reforma do Judiciário

devolveu ao TST sua composição original de 27 ministros, agora todos togados, e

criou o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e a Escola Nacional de

Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT). O CSJT é

responsável pelo controle e pela supervisão administrativa de todo o sistema

judiciário trabalhista, e a ENAMAT pela formação inicial e continuada e pelo

aperfeiçoamento da magistratura do trabalho.

36

Na área da competência, a ampliação introduzida foi significativa. Na

versão original, o artigo 114 da Constituição Federal limitava-se a atribuir à

Justiça do Trabalho a competência para conciliar e julgar os dissídios coletivos

entre trabalhadores e empregadores e outras controvérsias decorrentes da

relação de trabalho. Após a Emenda Constitucional nº 45, o artigo recebeu um

detalhamento que passou a incluir as relações de trabalho como um todo, e não

apenas as de emprego formal; o exercício do direito de greve, as ações sobre

representação sindical, mandados de segurança, habeas corpus e habeas data

sob sua jurisdição, conflitos de competência e ações relativas a penalidades

administrativas impostas pelos fiscais do trabalho, a execução de ofício das

contribuições previdenciárias e fiscais.

Os limites dessa nova competência ainda estão sendo definidos pela

jurisprudência tanto do Tribunal Superior do Trabalho quanto do Supremo

Tribunal Federal, mas hoje se considera pacífico, por exemplo, que compete à

Justiça do Trabalho julgar ações de reparação de danos morais e patrimoniais

decorrentes de acidentes de trabalho.

Como já frisado neste trabalho, a Constituição de 1988 determinou a

criação de um Tribunal Regional do Trabalho para cada Estado da Federação e

no Distrito Federal (art. 112 em sua redação original). Esta norma foi o marco de

ampliação e regionalização da Justiça do Trabalho, permitindo tornar mais efetivo

o princípio constitucional de acesso à justiça. Com seu procedimento simples,

privilegiando a oralidade e a concentração de atos processuais em audiência,

passou a receber um número cada vez maior de demandas, mostrando toda a

confiança depositada neste órgão

Um dos ramos mais céleres do Judiciário. O epíteto, repetido a

exaustão quando o assunto é Justiça do Trabalho, vem ganhando ar de verdade

incontestável. Hoje, ela é destino de 1 em cada 4 conflitos do país e todas as

turmas e seções do Tribunal Superior do Trabalho recebem e despacham

processos por meio totalmente eletrônico. Só no ano de 2009, de acordo com o

levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça, esse ramo da Justiça

brasileira recebeu 3.419.124 casos novos e tem 3,2 milhões de casos pendentes.

37

Em comparação com a Justiça Estadual e a Federal, a soma do número de novos

processos e do estoque é, de longe, a menor.

Especialistas no assunto, apontaram a simplicidade dos procedimentos

como característica marcante da Justiça trabalhista. Afirmaram que nela o

processo é mais dinâmico em comparação com os outros ramos do Judiciário.

Uma prova de tal fato está na existência dos chamados ritos sumaríssimos, onde

os prazos são mais curtos e os ritos menos solenes.

A Justiça do Trabalho acaba trazendo consigo essa sua importância de

construir uma justiça social no Brasil, porque o Direito que aplica tem exatamente

essa função. E é por isso que a exploração do trabalho pelo capital não se dá

apenas numa perspectiva individual, mas tem por contrapartida também devolver

à sociedade uma parcela do lucro obtido. É nessa teia de obrigações que os

direitos do Trabalho e a Seguridade Social estão envolvidos. E o que se assiste

no Brasil é uma tendência de reação a esse movimento, onde quem tem não quer

distribuir a sua riqueza.

Os direitos do Trabalho e Social só funcionam dentro dessa lógica do

capitalismo, são uma fonte de sustentação do sistema, só que não numa

perspectiva de liberalismo total. O que se concebeu a partir da metade do século

XX foi a necessidade de criação de um direito que pudesse conferir a esse

modelo capitalista uma possibilidade de produzir justiça social sob pena de se

autodestruir. Quando as pessoas atacam os direitos do Trabalho e a Seguridade

Social, estão fazendo um discurso de destruição da sociedade. Não se pode

imaginar uma sociedade completamente injusta, a qual tende a não existir, porque

o desajuste torna-se tão grande que fica insustentável. Assim, é observado o que

se começa a assistir no Brasil de uns tempos para cá: uma corrosão total, não só

do ponto de vista econômico, mas de valores morais, onde cada um cuida de si,

aquela coisa do salve-se quem puder. Há um efeito de desprezo aos direitos

sociais.

No conceito de estudiosos no assunto, é público e notório que a

maioria do que havia na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) já não existe

38

mais, por inúmeras leis publicadas posteriormente. Hoje, o Direito do Trabalho no

país não é nem sombra do que foi em 1943, época da sua criação. Se achar que

a legislação trabalhista brasileira vigente é dessa época é o primeiro equívoco

cometido. O segundo é achar que essa é extremamente rígida e impede o

desenvolvimento, quando na verdade é exatamente o contrário. Para esses

especialistas, o Direito do Trabalho no Brasil deveria caminhar para uma reforma

no sentido de recuperar aquilo que perdeu ao longo dos tempos. Como exemplo

principal, a questão da estabilidade no emprego. Com o seu fim, perdeu-se poder

de negociação. O empregado se submete mais às pressões, a fazer horas extras

sem recebê-las, a uma série de agressões aos seus direitos, porque

concretamente não pode reclamar, pois pode pôr seu emprego em risco. E a

estabilidade hoje parece fora de questão. No entanto, seria fundamental. Não é

possível que um sistema de sociedade não possa conferir a seus cidadãos aquilo

que é o mínimo, a segurança de poder programar seu futuro.

O Poder Judiciário, um dos três poderes clássicos do Estado, vem

assumindo, e a cada dia de forma mais acentuada, uma função fundamental na

efetivação do Estado Democrático de Direito. É considerado o guardião da

Constituição, cuja finalidade, basicamente, repousa na preservação dos valores e

princípios que a fundamentam - cidadania, dignidade da pessoa humana, valores

sociais do trabalho e da livre iniciativa, além do pluralismo político (art. 1º da

CF/88).

Um dos motivos da existência do Poder Judiciário é a sua função de

aplicar o direito com independência, impondo a sua observância indistinta e na

busca da pacificação social. As garantias que lhe foram atribuídas, na realidade,

foram outorgadas como prerrogativas para o imparcial, independente e seguro

cumprimento de seu mister constitucional.

Todavia, é de se salientar que as prerrogativas não foram outorgadas

como um privilégio direcionado para a pessoa do juiz, mas sim como uma

garantia e, em ultima ratio, para a própria sociedade. Um juiz independente

representa garantia do povo e da democracia.

39

Ada Pellegrini Grinover nos relata que os esforços dos processualistas

comprometidos em buscar soluções para a já mencionada “crise da Justiça” estão

se concentrando em duas vertentes:

A vertente jurisdicional, com a tentativa de descomplicação do próprio processo, tornando-o mais ágil, mais rápido, mais direto, mais acessível, com relação à qual se fala em deformalização do processo. E a vertente extrajudicial, buscando-se por ela a deformalização das controvérsias, pelos equivalentes jurisdicionais, como vias alternativas ao processo. É nesta segunda perspectiva que se insere a revisitação da conciliação (autocomposição) e da arbitragem (heterocomposição).

As temáticas referentes ao chamado “mundo do trabalho” hoje,

inequivocamente, estão sob a competência da Justiça do Trabalho que teve

ampliada a sua competência pela Emenda Constitucional nº 45/04. E, mesmo

antes de tal ampliação, sabe-se, pelos números expressivos de demandas que

são ajuizadas diariamente nos órgãos trabalhistas, que a Justiça do Trabalho tem

merecido esse lugar de confiança do jurisdicionado que a procura quando tem

seu direito lesado ou ameaçado de lesão.

Resta concluído que a Justiça do Trabalho é portadora de aptidão para

a solução barata e rápida das causas consoante seu arcabouço processual e os

dispositivos legais e principiológicos incidentes (“ius postulandi”, “oralidade”,

“concentração”, “gratuidade”, “conciliação”). A celeridade e a resolução do conflito

são “valores” para o Judiciário e magistrado trabalhista consoante se pode extrair

de suas estatísticas e, também e principalmente, da atuação de seus

magistrados.

O art.193 da Constituição Federal é o que vincula a justiça social à

ordem social. Ao tratar desta, a Constituição harmonizou os seus princípios aos

da ordem econômica. A justiça social é normatizada como um fim da ordem

social. O primado do trabalho, por outro lado, constitui-se em elemento

indispensável à sua realização. Por isso, compõe o conteúdo da justiça social. Em

síntese, expressa-se a justiça social como um direito conferido à sociedade frente

ao Estado nos artigos 3º, 170 e 193 da Constituição Federal.

40

CONCLUSÃO

Todo o material pesquisado que resultou nesta monografia teve como

ponto de partida a origem do surgimento dos conflitos oriundos das relações de

trabalho, as desigualdades e desproporcionalidades existentes entre empregados

e empregadores. A questão central constante do plano de pesquisa indagava se a

Justiça do Trabalho seria o principal meio de solução desses conflitos

trabalhistas, hipótese que de início foi conduzida a uma resposta afirmativa.

Houve um olhar de cunho otimista que direcionou a esta primeira conclusão, uma

visão ainda de forma superficial do assunto, anterior a todo o conteúdo coletado e

estudado. Este prematuro ponto de vista se baseou no notório fortalecimento da

classe trabalhadora concernente à garantia de seus direitos advindos do trabalho,

o exercício da cidadania retratado na possibilidade de se recorrer a um órgão

estruturado para tal fim, e, principalmente, pela demanda em enorme escala,

formada ao longo de décadas, fatos amplamente expostos e divulgados por todos

os meios de comunicação existentes e creditados após a criação de uma justiça

especializada, a Justiça do Trabalho.

Na presente monografia ficou demonstrado que foi após a Revolução

de 1930, tendo o país Getúlio Vargas no poder, que a Justiça do Trabalho

realmente despontou. O passo decisivo para a criação da Justiça do Trabalho no

Brasil veio com a Constituição de 1934 (artigo 122), mas sua regulamentação só

ocorreu em 1940 (Decreto 6.596). A Constituição Federal de 1934 incluiu a

Justiça do Trabalho no capítulo “Da Ordem Econômica e Social”. A função a ela

atribuída era de resolver os conflitos entre empregadores e empregados.

Como sabido, o Direito do Trabalho vive em constante mutação,

procurando se aperfeiçoar, de modo a acompanhar as mudanças sociais. À

medida que as necessidades sociais foram surgindo, ele procurou se amoldar a

essas novas realidades, resguardando o interesse maior do direito: a justiça.

Na visão de alguns estudiosos, a CLT, existente desde 1943, já não

mais se coadunaria com o mundo globalizado em que vivemos. A rigidez das

normas postas pelo Estado ao invés de proteger o trabalhador, acabaria

41

acarretando, contraditoriamente, dispensas em massa em certas ocasiões. Como

uma solução, especialistas apontam para a flexibilização das normas que regem

as relações de trabalho, possibilitando ao empregador, ao invés de dispensar

seus empregados, reduzir determinados direitos. Já, uma visão contrária ao

movimento de flexibilização, adverte que os direitos previstos na legislação

trabalhista são uma conquista histórica de toda a sociedade e possibilitar aos

empregadores que deixem de observá-los é um verdadeiro retrocesso social.

Assim, encontra-se neste trabalho, posicionamentos conflitantes a respeito da

flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Mas, uma corrente jurídica defende a

idéia de que a melhor solução se encontraria no meio termo: não se nega que se

deva fomentar a criação, por meio de negociação coletiva, de normas mais

benéficas aos trabalhadores do que a própria lei estatal. Por outro lado, os direitos

e garantias mínimas e essenciais, ou seja, fundamentais aos trabalhadores,

deverão ser expressamente garantidos pelo Estado, não podendo ser alterados

nem mesmo com a participação de sindicatos.

Destarte, numa análise histórica da Justiça do Trabalho, foi observado

que os ideais e motivos que proporcionaram o seu surgimento e criação ainda

existem e persistem nos dias de hoje, só que num grau e amplitude bem maiores.

Essas desigualdades, nas relações de trabalho sempre existiram e existirão, daí o

caráter de essencialidade da Justiça do Trabalho. E, confirmando a hipótese

primeira do plano de pesquisa apresentado para esta monografia e como prova

irrefutável à indagação sobre a Justiça do Trabalho, como sendo o principal meio

de solução de conflitos trabalhistas, é destacada a declaração do Conselho

Nacional de Justiça (CNJ), que afirmou ser esta o mais rápido e eficiente ramo do

Poder Judiciário, sentenciando-a como uma Justiça acessível e de baixo custo; e,

acrescentando ainda, ser a mesma o único segmento do Judiciário que conseguiu

levar o direito às classes populares. Ratificando, especialistas no tema,

apontaram a simplicidade dos procedimentos como característica marcante dessa

Justiça, afirmando que nela o processo é mais dinâmico em comparação com os

outros ramos do Judiciário. Um exemplo disso é a existência dos chamados ritos

sumaríssimos, onde os prazos são mais curtos e os ritos menos solenes.

42

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trabalhadores devem ser garantidos pelo Estado, pelos Sindicatos ou por

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TST. http://www.tst.jus.br. Link: Consultas/Jurisprudência. Acesso em 16/05/2011.

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ÍNDICE

RESUMO............................................................................................................... 5

METODOLOGIA.................................................................................................... 6

SUMÁRIO.............................................................................................................. 7

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 8

CAPÍTULO I

HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO

TRABALHO.......................................................................................................... 10

CAPÍTULO II

A EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NO

BRASIL................................................................................................................. 20

CAPÍTULO III

JUSTIÇA DO TRABALHO X JUSTIÇA SOCIAL............................................... 30

CONCLUSÃO....................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 42